Bem-vindo ao desafio do TFI: A Maldição!
O desafio começou por iniciativa da leitora do blog Baby Suh, que propôs um início de história para que qualquer pessoa que passasse por nosso fórum pudesse continua-lo. Desde então, toda e qualquer pessoa que teve uma ideia qualquer de continuação escreveu. E assim, uma fic maravilhosa e surpreendente foi se formando.
Mistérios e uma deliciosa surpresa se somam a cada capítulo criado por uma autora diferente! Venha conhecer esta história de autoria interativa, mais e mais surpreendente a cada mente que se soma na construção deste enredo!
Agora, o postaremos aqui, no TFi, não como um desafio, mas como uma fanfic! Cada capítulo uma autora... e a continuação da história pode depender de você! Quer participar? Você pode, qualquer um com uma boa ideia pode! Para isto, basta dar uma olhada nas regras AQUI!
Com vocês, uma fic interativa de autoria também interativa! Boa leitura!
Capítulo 1 - by Baby Suh
São 15h, quando eu estou passeando impaciente pelo Parque que tem perto da minha casa, esperando que a louca da minha amiga chegue logo para o tal encontro que ela marcou com uns caras que ela conheceu pela net. Eu já tinha visto vários pares de rapazes passando por mim e me olhando, e eu estava odiando estar ali sozinha sob os olhares curiosos.
Furiosa, resolvi ir embora, mas como sempre acontecia, eu me perdi no parque e acabei indo parar à saída mais longe da minha casa.
Estava passando pelo labirinto verde, quando choquei com um rapaz alto vestindo um blusão quente para uma tarde bastante quente, por sinal, um boné e uns óculos estilo aviador.
-Me desculpe. – Pedi, mas ele se afastou de mim apressado, se enfiando pelo labirinto. - Eu hem, que cara mais grosso! - Bufei, mas quando olhei para o chão vi que ele tinha deixado cair seu celular. - EI! Volte aqui. Você deixou seu celular para trás. Ei, moço! - Eu gritei, o vendo se embrenhar pelo labirinto.
Bufando para o alto, desci a rampa e entrei no labirinto também. Já não entrava nele há alguns anos, mas ainda me lembrava bem de todas as bifurcações.
Cedo o consegui avistar e apertei o meu passo para alcançá-lo sempre chamando por ele.
-Moço, oh moço. O seu celular. - Eu gritei, mas ele não me escutava.
Por fim cheguei no centro do labirinto mas não havia sinal dele. Subi na cruz de pedra e procurei por ele, o avistando indo para o lado contrário da saída do labirinto.
-Está indo para o lado errado! Aí não tem saída! Ei! - Mas ele não me respondeu e continuou seguindo.
Profundamente irritada, eu olhei para o celular em minha mão e pensei atirá-lo na sua direção xingando ele de vários nomes, mas daí vi uma foto de uma menina, em seu celular, e pensei que esta pudesse ser sua filha.
Tinha visto na noite anterior o primeiro episódio de Touch e agora eu estava achando que esse cara podia estar passando algo semelhante a um dos personagens que perdeu o celular e que fez de tudo para o recuperar pois tinha nele fotos da sua filha morta.
Credo, menina, você está tão negativa. Isso aqui não é Touch e sim a vida real!
Bufei para o alto, o vendo chegar ao fim da trilha e dando de frente com uma vedação. Ele não teria como sair, então eu desci da cruz e cruzei o restante do labirinto atrás dele.
Assim que cheguei na vedação, notei ela arrancada bem perto do chão, fazendo uma pequena passagem para o outro lado.
-Cara, isso está muito estranho. - Olhei em volta para as saídas tentando ver se o cara tinha passado por mim e achado a saída, mas nem sinal dele.
Curiosa em saber para onde aquele doido tinha ido, me enfiei na pequena passagem de arame farpado e xinguei o mundo quando alguns deles arranharam minha pele e meu rosto.
Era bom que esse celular fosse bem importante para esse cara, ou eu juro que destruiria ele bem na sua frente!
Do outro lado, vi uma ponte de madeira, bem atrás de um muro, e ao longe avistei o vulto do cara entrando em uma gruta.
Corri até lá, mas não havia nada dentro da gruta. Apenas umas escadas para descer e uma escuridão perturbante.
-Onde esse louco pode ter ido? - Me perguntei, retirando o meu celular do bolso e apontando a luz para o interior.
Me obriguei a descer, apesar do galopar do meu coração e, assim que alcancei o final da gruta, senti uma brisa vindo de trás de mim, mas que não vinha do topo. Segui a brisa, iluminando cautelosa o chão, para não tropeçar em nada e me machucar, e depois de alguns metros, avistei uma saída.
Me surpreendi ao ver uma casa do outro lado e, sem hesitações, atravessei o pequeno lago e me aproximei dela.
Capítulo 2 - by Kelly
Pousei meus pés sobre a poça de água que contornava a entrada daquele lugar, mal me importando que meu par de tênis preferido fosse encharcar, e absorvi cada detalhe daquele lugar com exatidão.
Não sabia exatamente dizer o que me levara a fazer aquilo. Mesmo que tivesse concluído que fosse apenas por minha curiosidade, minha mente irritante começava a indagar se eu estaria enganando a mim mesma com esse pensamento. Afinal, havia algo naquele cara estranho que me puxou para cá, como um imã. E mesmo não tendo tempo de reparar em suas feições, o pouco que vi já fora suficiente para considera-lo terrivelmente atraente.
Balancei a cabeça e bufei indignada. Desde quando tenho esse tipo de pensamento? Sempre fui uma garota comportada que não tinha desespero em arrumar namorado, quanto mais correr atrás de um estranho por que ele era atraente! Era minha curiosidade, minha pura e simples curiosidade. Bom, ao menos é isso que estou tentando me convencer.
Tentei caminhar o mais silenciosamente possível, mesmo não sabendo exatamente o porquê. Logo comecei a sentir meu coração aumentando o ritmo conforme os passos eram dados – como se seguir aquele estranho naquele lugar fosse muita adrenalina para mim.
Senti os dedos de minhas mãos começarem a suar e apertei mais o celular em minhas mãos, começando a ouvir vozes sussurrando ao longe. Mas não era como se eu ouvisse alto o suficiente para entender o que diziam, apenas para perceber que dois homens conversavam com frustração.
Avistei-os próximos a mim e, num instinto que não pude controlar, escondi-me atrás duma árvore e os observei. Instantaneamente eles pararam de conversar e olharam em direção a onde eu estava.
escondida. Um deles era o homem que eu seguia e o outro era um senhor de mais ou menos 50 anos, que se vestia com roupas antiquadas parecidas com ás do século XIX.
- Há alguém aqui – disse o mais velho. O outro apenas assentiu, tentando enxergar algo no lugar onde eu estava. – Certifique-se disso, não podemos continuar esse assunto á presença de alguém!
Senti um tremor amedrontado me dominar ao pensar em ser descoberta, e tentei desesperadamente pensar numa maneira de sair dali sem que nenhum deles me visse, pois não tinha um bom pressentimento do que eles poderiam fazer caso me encontrasse escondida ali. Eles pareciam perigosos, muito perigosos.
Afastei-me delicadamente da árvore, começando a ser absorvida pela escuridão á minhas costas conforme me afastava dali e dei graças á Deus por nenhum deles notar meu movimento sutil. Ou ao menos eu pensava que sim.
Assim que virei-me para voltar por onde tinha vindo, dei-me de cara com um par de olhos cintilantes e sombrios, mas, de certa forma, reconfortantes e intensos.
- Quem é você? – murmurou num tom assustador, enquanto aproximava-se vagarosamente, como uma onça prestes a capturar sua presa. Assustada, comecei a dar passos pra trás á cada que ele dava em minha direção.
Mas como foi que ele conseguiu chegar ali tão rápido? Será que calculei mal nossa distância? Ou ele era rápido e silencioso demais e eu sonsa demais pra perceber?
- E-e-eu – tentei ao menos pronunciar meu nome, mas seu olhar ríspido e sua postura ameaçadora eliminaram qualquer coragem que eu poderia reunir.
- O que faz aqui? – sibilou.
- V-você deixou... cair – murmurei, receosa com sua reação, deixando o objeto em minha mão visível para ele.
Num bote o celular já estava em suas mãos, tão rápido e agilmente que recuei mais ainda para longe dele.
- Saia – rosnou e eu o encarei sem entender. Ele não me mataria? – E esqueça que um dia viu este lugar.
Sem esperar que ele mudasse de ideia, corri o máximo que minha velocidade permitia, mas fui impedida de continuar, pois uma mão circulou meu pulso fortemente, parando meus movimentos e puxando-me.
- Ela não irá a lugar algum – disse a pessoa que me segurava, que notei ser o senhor mais velho. – Ela nos escutou. Você sabe o que temos que fazer quanto a isto.
- Como quiser, senhor.
Capítulo 3 by Déh
Antes que eu pudesse pensar, piscar ou até ter medo do que aquele homem disse, senti uma pancada forte na minha nuca. A dor se alastrou em minha cabeça, parecia que meu crânio estava sendo partido ao meio. Depois de um momento rápido e agudo de dor, tudo desapareceu e eu não vi mais nada.
Eu não fazia a mínima ideia de quanto tempo eu passei assim, desacordada. Poderia ter sido dias, horas ou só alguns minutos, mas quando eu voltei a tomar consciência de meu corpo novamente, a primeira coisa que eu senti foi, de novo, aquela dor insuportável na cabeça.
Quando eu finalmente consegui abri os olhos eu... não vi nada! Estava tudo completamente escuro. Cheguei a cogitar que eu estivesse ficado cega, mas depois desconsiderei isto. Eu, realmente estava em um lugar sem iluminação alguma, tudo estava em um completo e angustiante breu. Pra piorar a situação eu não escutava nenhum som sequer, nem mesmo o barulho do vento ou algo que me desse um sinal de vida de algo ali. Nada! Parecia até que meus ouvidos estavam tampados.
Não me mexi, procurei sentir as coisas ao redor. Eu estava deitada, minhas costas repousadas em algo macio, algo definitivamente macio e confortável. Minha cabeça estava recostada no que pareciam ser travesseiros. Não era qualquer travesseiro, porém, porque minha cabeça nunca se encostou em algo tão macio. Ao menos isto amenizava a dor. Na pele nua dos meus braços eu sentia um tecido suave e acetinado.
Mas apesar de eu estar deitada em um lugar muito aconchegante, eu não estava me sentindo assim. Aos poucos, conforme eu fui ficando mais desperta e menos preocupada com a dor, meu interior começava a gelar, uma inquietação estranha dominava meu coração, fazendo ele bater mais rápido e pesado do que o natural. Eu não estava com um bom pressentimento. Aquilo ali não parecia nada bom.
E por quê? Por que eu estava naquela situação?
Só pelo maldito ataque de solidariedade e honestidade que tive quando saí correndo igual uma louca atrás de um estranho. Um estranho bonito e misterioso.
Maldição!
Com raiva eu soquei a cama, ou o que quer que fosse que eu estivesse deitada, e comecei a brigar comigo mesma:
- Sua imbecil! Você é uma imbecil, idiota de uma figa! Burra, burra e burra! O que te deu pra sair desembestada atrás de um estranho? Ah! Que sorte infeliz, só acontece comigo estas coisas e...- De repente eu parei de esbravejar comigo mesma e socar a coisa macia que eu estava deitada. Eu tinha ouvido um som, um som que eu não fiz! Fiquei quieta e, por um momento, só escutei minha respiração alterada pelo nervoso e pela raiva.
O som se repetiu, parecia uma risada.
_ Tem alguém aí? - pergunta idiota, eu sei, mas era a única coisa que me veio a mente.
_ Vamos com calma garota. Não precisa ficar tão nervosa... ainda… - De imediato eu reconheci a voz daquele homem que eu segui, nem havia percebido que eu havia gravado o timbre da sua voz, mas eu tinha certeza: era ele!
A luz acendeu como mágica, ofuscando minhas retinas com a intensidade. Me levantei rapidamente enquanto tentava tapar meus olhos. Quando eu consegui me sentar e tirar a mão dos olhos, ele, o homem, estava bem na minha frente, a quase um palmo do meu nariz.
Eu queria gritar, mas minha voz ficou presa. Os olhos mais misteriosos que eu vi olhavam pra mim e eu sentia que eles me devoravam. Ele sorriu e... eu fiquei em dúvida se aquele sorriso me provocou mais medo ou deslumbramento... eu estava em dúvida se o ser na minha frente era a aparição mais bela e perfeita de um deus ou de um demônio. Eu não era capaz de definir nada disto.
_ O que você vai fazer comigo? - Eu sussurrei, presa no olhar dele, petrificada no lugar.
_ Você estava certa. Para o seu bem, você não devia ter me seguido. Mas ao contrário da sua má sorte, a nossa foi boa... hoje. - Outra vez ele deu aquele sorriso lindo e terrível.
_ Me deixe ir embora. Eu juro que eu não escutei nada, juro que vou esquecer que estive aqui!
Ele balançou a cabeça, com ar debochado.
_ Acho que isto não vai ser.... - ele se aproximou mais de mim e eu não consegui mover nenhum músculo para longe dele. Parecia que ele estava mantendo o absoluto controle do meu corpo. - ... possível... - Ele terminou e já estava muito perto de mim. Perto demais!
Meu corpo começou a ter reações malucas, surreais. Repentinamente eu tomei consciência que meu corpo clamava por uma proximidade ainda maior com aquele homem, ele estava me atraindo e muito. Eu não parecia ter controle das minhas ações. Meus músculos saíram da paralisia e eu, impensadamente, me inclinei para ele, sugada pelo sorriso e pelos olhos de abismo. Eu estava louca.
Eu escutei o som do riso dele tinir cristalino nos meus tímpanos e depois senti mais dor, muito mais dor na nuca. Ele agarrou meus cabelos e me puxou para ele. Tentei gritar, mas minha boca foi tampada pela boca dele. Levei um choque: minha temperatura e a dele eram absurdamente diferentes.
Eu poderia sentir pânico naquela hora, mas a confusão aumentou. Eu senti uma sensação maravilhosamente inexplicável com a língua dele invadindo minha boca inescrupulosamente, fazendo a minha se mover também, de um jeito que eu não pensei que soubesse fazer. A dor da mão dele puxando meus cabelos e enlaçando minha cintura com braços de aço era equilibrada com o prazer colossal que estava sentindo com aquele beijo. O gosto dele era inédito, parecia pecado provar um sabor daquele, proibido.
Mais eis que uma espécie de rugido atinge violento os meus ouvidos, fazendo uma consciência adormecida gritar dentro de mim. Não! Eu não devia estar fazendo aquilo! O rugido era doloroso, raivoso e muito alto...
Meu raciocínio começava a mudar e eu percebi que não estava tendo controle de mim. Tentei me afastar do beijo rudemente bom. Forcei os meus braços num peito forte... mas então eu percebi... era tarde, eu estava presa!
Capítulo 4 by Jess
Apesar da sensação de pânico querendo dominar minha mente, continuei a me debater em seus braços, lutando contra uma força que parecia ser cem vezes maior que a minha. Entre tentar me livrar de seu corpo e de sua boca voraz, quase não me dei conta de que suas mãos não estavam mais em meus quadris. Oh não... Elas encontraram um caminho proibido por si só. Abri bem os olhos, totalmente apavorada, quando ele apertou minha bunda com vigor.
Não sei de onde tirei tamanha coragem, mas antes que pudesse me dar conta, já tinha levantado o punho e socado sua cara. O que - obviamente - jamais teria sido boa ideia. Gritei de dor quase que instantaneamente. Eu não estaria exagerando se dissesse que aquele maníaco tinha quebrado TODOS os meus dedos.
Por apenas um átimo de segundo, vi em seus olhos o que eu chamaria de preocupação. Mas foi embora tão rápido quanto veio. A única coisa que perdurou por muito tempo foi o som de sua risada divertida.
- Humanos... - Ele revirou os olhos e voltou a sorrir. - Mas não posso dizer que você é previsível, garota. Quem diria? Foi um belo soco.
A realidade me atingiu em cheio. Eu tinha me machucado feio tentando agredi-lo. Foi exatamente como se eu tivesse tentado bater numa pilastra. Seu rosto não se moveu nem milímetros, sua pele perfeita não ganhara o tom avermelhado de uma pancada.
- O que... Que tipo de... - As palavras ficaram presas em minha garganta.
- O que eu sou?
Comecei a ligar os pontos, lentamente. Ele era rápido, forte, sumia de uma hora para a outra e não sentia dor física. Continha em si uma aura de mistério que me assustava. Tinha os olhos mais enigmáticos que eu já tinha visto na vida. E estava fazendo aquilo de novo... Puxando-me para ele, como um imã.
- Pare com isso! - empurrei seus ombros. - Que tipo de poder é esse?
- Eu não estou te seduzindo. - ele gargalhou. - Ainda não percebeu que o seu corpo quer o meu a todo momento? Seus hormônios estão gritando, estou ouvindo seu coração acelerar... Eu nada tenho haver com isso. É você.
- Acabou de dizer que escutou meus batimentos cardíacos? - ignorei seu ponto de vista sobre meu incontrolável desejo, principalmente porque o psicopata poderia estar certo. – Falou sobre mim como se fossemos de espécies diferentes... Diga-me, que criatura é você?
- Não vá querer se envolver nesse mundo, amor.
- Já que não vai me soltar por ser "tarde" demais para mim... Então não custa nada esclarecer algumas coisas. - ele arqueou a sobrancelha.
- Me dê um bom motivo.
- Você me machucou!
- Eu não movi um músculo sequer para isso. Quem bateu em quem? - ele desdenhou divertido, eu bufei.
- Me beijou a força!
- Ora, que justificativa inválida. Não finja que não retribuiu.
Minha boca se abriu. Simplesmente não acreditei na petulância daquele infeliz. Tudo culpa minha... Eu e minha bondade excessiva. Se eu encontrasse aquele maldito celular novamente, juro que o faria em milhões de pedaços com os meus próprios pés.
- Não importa... Não vai acontecer de novo.
- O que? Outro beijo? - ele se fingiu de triste. - Como se eu precisasse pedir.
- Como é?
- Posso facilmente roubar um de você. Aqui és apenas a caça, e eu sou o caçador.
Seus olhos se tornaram felinos novamente, como quando estávamos no escuro da caverna. Eu lembro do brilho que vi neles, e de como me fascinavam e amedrontavam ao mesmo tempo. Mais difícil ainda era definir como eu me sentia agora, sendo observada tão minuciosamente. Ele estava me analisando.
- Duvida? - sua voz se tornou rouca.
- Não ousaria...
Fui calada com um selinho gelado, inesperado e macio. Minha pele se arrepiou imediatamente com tal desafio.
- Seu idi... - outro beijo súbito. - MISERÁVEL!
Outro selinho, dessa vez mais forte. Comecei a falar mais alto, a pedir nervosamente que ele parasse. Para cada súplica minha, um encostar de nossos lábios contra a minha vontade. Mais freqüentes, rápidos e fortes, seus beijos estavam me fazendo reclinar cada vez mais. Se eu estivesse de pé, estaria cambaleando.
De qualquer forma, não sei quando foi que seus beijos começaram a ficar mais agressivos e nem ao menos a partir de que ponto comecei a gostar demais do que estava acontecendo. Senti o lençol entrar em contato com minhas costas e me atentei ao fato de que o corpo dele colou-se ao meu, e eles se moldaram perfeitamente.
Ele cobriu meu lábio inferior com sua boca, deixando-me extremamente sensível. Quando parei de relutar, quando deixei que sua língua encontrasse a minha, quando finalmente parei de oferecer resistência, uma voz já conhecida (e temida por mim) o fez pular metros de distância para longe do colchão.
- Ainda Brincando com nossa prisioneira? Achei que já tivesse se livrado dela.
Capítulo 5 by Camy
Olhei para a porta e vi aquele senhor que conversava com o estranho, anteriormente encostado a porta, de onde vinha uma iluminação escassa, mas que era melhor do que aquela escuridão absoluta anterior.
-Quis aproveitar o brinquedinho antes de descarta-lo. –respondeu o homem misterioso encarando meus olhos profundamente e me causando indignação.
-Brinquedinho? –sussurrei raivosa, mesmo que minha respiração demonstrasse completamente o contrário, ao sair rápida e supérflua.
O senhor soltou uma risada seca.
-Tem cinco horas para acabar com ela. –disse o senhor começando a se afastar do batente da porta. –Ou terá o mesmo fim.
O homem misterioso apenas assentiu antes daquele senhor fechar a porta e nos deixar naquela escuridão novamente.
-Brinquedinho? –repeti por cima da respiração.
-Não fique ofendida querida. Isso tudo vai passar em algumas horas. –ele sussurrou se aproximando novamente. –Onde paramos?
Ele tentou me beijar novamente, mas cerrei os lábios com toda a força, mesmo sabendo que ele era muito mais forte que eu e que poderia me obrigar a qualquer coisa.
Ele colou seu corpo ao meu mais forte ainda, em um abraço quase sufocante e meu coração acelerou ansiando por um toque mais intimo. Ele parou e se separou de mim ao perceber minha relutância.
-Vamos, aproveite! São suas ultimas horas de vida mesmo. –ele disse com aqueles olhos intensos e misteriosos queimando nos meus.
Ofeguei quando ele se juntou a mim novamente, dando a oportunidade que ele precisava para invadir minha boca com sua língua. Foi então que joguei tudo para o ar e tomei a decisão mais insana de minha vida.
Que seja! –pensei – Nunca fiz nada por mim mesmo! Uma loucura antes de morrer é o mínimo que posso fazer. – era o que me invadia o pensamento ao me entregar a aquele homem misterioso.
Subi minhas mãos por seu peitoral definido em busca dos botões de sua camisa. Suas mãos passeavam por meu corpo com uma suavidade imensurável. Nossas peles de diferentes temperaturas me causavam um arrepio prazeroso nunca sentido antes. O ar já me ficava escasso quando ele desceu seus beijos por meu pescoço e para meu colo exposto pelo pequeno decote daquela blusa que parecia uma barreira entre nós.
Arranquei sua camisa e a joguei em um canto qualquer do quarto. Ele estava quase tirando minha blusa quando um estalido foi ouvido ao longe, fazendo com que nos separássemos ofegantes.
-Quietinha aqui. –ele disse colocando um dedo em meus lábios antes de sair porta afora como um vulto. Eu queria ficar, queria aguardar a volta dele para que ele tomasse meu corpo para si. Mas também queria que essa loucura acabasse logo.
Olhei para os lados tentando ver se algo me delataria se eu fugisse. Fiquei feliz ao não encontrar nada a não ser a porta que ele havia deixado aberta. Então me levantei silenciosamente e disparei em direção a porta.
Me desesperei ao ver que o corredor onde se localizava aquele quarto era grande e confuso, exatamente como um labirinto. Então corri... corri sem rumo em busca da saída. Aquela era minha única chance.
-Não adianta fugir. –ouvi a voz do homem misterioso chegar até mim.
Eu corri pelo corredor, tentando abrir as portas que estavam a minha frente, mas estavam todas trancadas.
-Eu vou te achaaaar. -o homem misterioso cantarolou fazendo com que meu desespero aumentasse.
Para a minha sorte, consegui abria a próxima porta a minha frente.
Entrei no cômodo me fechando em uma escuridão novamente.
Prendi a respiração ao máximo para que não desse indício algum para que ele me achasse. Com medo de que isso me acontecesse, dei dois passos a frente para me afastar da porta e senti meu corpo cair e rolar por uma escada.
Capítulo 6 by Myh
A escada parecia não ter fim. Meu corpo doía muito e cada vez mais eu queria que a escada acabasse. E quando eu achei que ficaria rolando sem parar, senti meu corpo parar em cima de algo gelado. Antes de me levantar, tateei o lugar e percebi que estava num lugar molhado.
Aos pouco fui conseguindo me levantar, mas com varias dores e com certeza com vários machucados. Fui levantando e xingado a mim mesma.
-Eu sou uma desastrada mesmo. Não consigo ficar um minuto sem me machucar e ainda tem um monstro atrás de mim.
Parei de falar no mesmo minuto que escutei um barulho vindo da ponta da escada. Me levantei o mais depressa possível e fui para um canto, ou era isso que eu achava, já que o lugar era uma escuridão só.
Com medo que fosse aquela criatura atrás de mim, comecei andar pelo lugar. Eu precisava sair dali, seria questão de segundos ate que ele me achasse. Fui andando me amparando na parede e a cada passo, meus pés caiam numa poça, eu torcia muito para que fosse só água. Mas o cheiro ali era insuportável e minha mente maluca começou a imaginar varias coisas.
Dei mais um passo e senti a parede que me apoiava acabar, parei ali e tentei enxergar alguma coisa.
Minha respiração era alta, eu tentava de tudo faze-la ficar normal, mas com o pânico que se encontrava meu corpo, isso era uma tarefa difícil. Pensei a onde poderia dar o corredor a minha frente e decidi continuar seguindo a parede, poderia ser uma ideia idiota, mais o que eu poderia fazer. Eu não sabia a onde estava e eu já sabia que ia morrer mesmo, o que me impedia de seguir por ali.
Voltei a andar, fui andando o mais lerda possível, tinha medo do que poderia me acontecer, se desse mais alguns passos. Só que comecei a escutar barulho vindo em minha direção, como eu estava nervosa, não sabia da onde vinha, então a única solução foi correr por aquele corredor.
E esse tinha sido um erro enorme. Meu corpo foi de encontro a algo duro, de primeira achei que era uma parede, mas ao mesmo tempo que era duro, também era quente. Meu corpo doeu mais um pouco com o baque e senti minha roupa se molhar toda quando encontrou com o chão. A pessoa - que eu torcia muito para que fosse do bem - se abaixou na minha frente e ficou com o rosto a centímetros do meu, mas a única coisa que eu enxergava era seus olhos negros e brilhantes.
Tremi dos pés a cabeça e me encolhi ao sentir sua mão passar pelo meu cabelo, então ele chegou mais perto e falou:
-Você não faz ideia da onde se meteu, garota!
...
Capítulo 7 - Baby
Ok, eu estava ferrada. Eu estava fugindo de um psicopata paranormal para os braços de outro ser que eu nem me atrevia a adivinhar quem ou o que era.
Respirei profundamente.
Uma vez li em algum site maluco que eu achei na net que deveríamos receber a morte de braços abertos, pois não havia maneira de fugir dela. Pois bem, já que eu corri atrás dela, que o serviço seja cumprido.
-Façam logo o que tem a fazer. Estou me cansando desse joguinho. - Cuspi raivosa, mesmo que por dentro eu estivesse puramente amedrontada.
O cara soltou um risinho sardônico e em seguida levantou o rosto na direção onde eu tinha vindo.
-Ok, não tenho tempo para servir de babá. Corra sempre em frente e vire na primeira à direita. Vá até ao fim onde irá encontrar um portão enferrujado entre aberto. - Ele indicou me deixando completamente confusa. - Só duas coisas muito importantes. Não pare de correr nem olhe para trás. Independentemente dos sons que escutar. E por favor, não faça como as mocinhas dos filmes que quando pedem para que façam uma coisa elas fazem exatamente o contrário. - Eu assenti rapidamente e ele olhou de novo para trás de mim, franzindo o cenho. - Agora corra! - Ele incitou, me puxando pelo braço e me dando impulso para eu iniciar uma corrida desenfreada pela minha vida.
Como prometido e indicado, eu não parei ou sequer olhei para trás quando sons estranhos ecoaram por aquele corredor infinito.
Um rugido alto e um rosnar feroz soaram ameaçadores e uma sucessão de baques e traques, como se algo chocasse e quebrasse, incitaram minha curiosidade, mas eu preferi não saber o que significavam ou a quem pertenciam.
Se manter na ignorância, por vezes é uma das suas maiores virtudes. E eu já tinha sido esperta demais nessas - quantas horas se passaram mesmo? - certo, eu estava perdida. Se eu não morresse aqui iria COM CERTEZA morrer quando chegasse em casa.
Como eu ia explicar para minha mãe tudo o que aconteceu hoje. E mesmo que eu contasse, acham mesmo que ela iria acreditar?
Respirei de alívio quando girei no corredor à direita e uma fraca luz despontava lá do fundo. Sinal de que este não era tão longo quanto o outro.
Afobada, eu alcancei o portão o puxando para trás o suficiente para me dar espaço para passar.
Assim que cheguei do lado de fora percebi que ainda era de dia. Pela posição do sol, praticamente final de tarde ou pouco para isso.
Me permiti a um segundo de descanso, parando a alguns metros de distância do local onde saí, mas antes me certifiquei que a porta ficava fechada atrás de mim.
O que será que teria acontecido àquele cara que acabou de me salvar? Bom, melhor não saber. Lembre-se, se manter na ignorância. Afinal não precisava me preocupar tanto. Ele parecia forte e inteligente o suficiente para se cuidar.
Esperava sinceramente que ele se safasse.
Me voltei para a floresta atrás de mim e suspirei... como eu iria achar o caminho de volta para casa?
Capítulo 8 - Clau
E agora já não sabia por qual caminho seguir, nem mesmo sabia se onde aquela floresta iria dar. Mas, entre ficar aqui e ter que enfrentar a morte ou ir desbravar uma floresta desconhecida, óbvio que escolhi ir em frente e enfrentar a incerteza daquela mata fechada.
Também, depois de tantas coisas loucas que enfrentei neste dia, só me faltava encontrar os sete anões e o caçador na floresta, treinando lutas para enfrentar a rainha malvada. Como a minha mente fértil podia pensar tanta asneira depois de tudo que passei hoje? Mas é assim mesmo, sempre uso o humor como válvula de escape pelo que estou sentindo e, nesse momento, estou tremendo de medo.
A tarde continuava caindo e a floresta estava ficando escura, parecia que estava andando em círculos, já nem sabia mais por onde estava andando, nem em que direção ia. Começava a sentir frio e fome, sem dizer no cansaço que me assolava... Resolvi parar um pouco, pois já deveria estar fora do alcance do monstro que me enclausurou.
Comecei a olhar em volta, mas a escuridão e os barulhos estranhos começaram a me assustar, ou melhor, amedrontar. Já não sabia se tremia de frio ou de pavor, por não saber onde eu estava, nem que rumo deveria seguir.
Decidi ficar neste ponto onde me encontrava e fazer uma fogueira e na manhã seguinte seguir meu caminho, pois com a luz do dia seria mais fácil adentrar na mata e procurar alguma trilha.
Fazer uma fogueira parece ser bem mais fácil em filmes, já que demorei séculos para começar a fazer uma fumacinha no mato seco friccionando os gravetos que encontrei. Também quem mandou não entrar para o grupo de bandeirantes, como minha mãe queria?
Agora não adianta chorar pelo leite derramado... Falando em leite, que fome que me bateu, eu poderia comer um lobo agora. Foi só eu pensar no animal que ouvi um uivo muito perto donde eu estava. Bateu um desespero, já que lobos não andam sozinhos e essa minúscula fogueira que havia conseguido fazer não os espantaria.
Comecei a ouvir o barulho de algo se aproximando e chegando cada vez mais perto. Agora sim eu estava perdida. Acho que hoje era mesmo o dia em que minha vida chegava ao fim, não adiantava fugir do destino.
Os passos estavam bem próximos, bem atrás de mim. Ordenei-me virar e quando o fiz fiquei estática, pois jamais pensei em ver o que meus olhos testemunhavam agora.
Capítulo 9 – Nannah
Ele era enorme e me encarava de uma forma que me deixava em duvida entre correr e ficar ali parada o olhando. Porque apesar de ele ser bem grande, ele era incrivelmente lindo, mas meu instinto de autopreservação soou dentro de mim, me dizendo que talvez eu não tivesse outra chance como a de momentos atrás, algo me dizia que se eu não fugisse agora, não fugiria mais.
Afastei um passo pra trás e no mesmo instante ele se aproximou um passo, que, devido ao tamanho dele era um passo bem grande.
Ficamos cara a cara, ou melhor, cara a focinho. Eu nunca na minha vida imaginei estar de frente para um lobo, principalmente com esse sendo duas vezes o meu tamanho. Nossos olhares se cruzaram, os dele eram negros e intensos... Poderosos. Os meus, bom provavelmente amedrontados, mas eu sabia que eles estavam refletindo também algo que crescia no meu peito... pode parecer loucura, mas eu começava a me sentir atraída por aquele olhar. Como se aquele animal grande, estranho - e perigoso diga-se de passagem - chamasse pelo meu nome.
Podia até ser um ato suicida, mas como eu já havia decidido me entregar de braços abertos à morte uma vez, não me custa repetir o ato e se eu ia mesmo morrer que diferença faria uma loucura a mais? Devagar, eu levantei minha mão até sentir seu pelo negro sob minha palma. Era macio e suave e me fazia lembrar a sensação de ter a textura dos lençóis de seda sob minhas costas horas atrás. Isso me fez lembrar do cara estranho que me deixou fugir e de como minha vida tinha virado de ponta cabeça em menos de um dia.
- Eu só queria não ter achado aquele maldito celular - sussurrei pra mim mesma.
Então de repente o lobo se afastou e voltou correndo floresta adentro.
Capítulo 10 – Myh
Fiquei encarando a floresta não sei quanto tempo, esperando que o grande lobo voltasse, mas nem sinal dele. Eu não sabia mais o que fazer, só sabia que ficar naquela floresta era extremamente perigoso.
Sentei perto da fogueira que estava começando a apagar e me encolhi. A noite estava fria e o medo de ficar naquela floresta começou a fazer o meu corpo tremer, só que isso não era importante, pois a única coisa que passava pela a minha cabeça, era a imagem daquele lobo enorme.
Ele parecia perigoso, mas ao mesmo tempo ele me passava uma segurança, como se com ele ali perto estaria protegida, – era uma coisa bem louca de se pensar – mas que no estado que eu me encontrava e no que passei no dia de hoje, nada mais me assustava.
Olhei novamente para a floresta tentando ver se enxergava o lobo, mas nem um sinal dele ou de alguma alma viva. Eu não sabia se isso era bom ou não. Para falar a verdade eu já não sabia de mais nada, não sabia se estava num sonho ou não, se tudo o que eu vivi foi verdadeiro... A única coisa que eu sabia era que se eu saísse viva daquela floresta, viveria a minha vida plenamente, sem medo de nada.
Olhei para o céu e vi que as estrelas brilhavam, então deitei na grama e tentei dormir. Meu corpo pedia para um descanso e, ao fechar os olhos, escutei um barulho de passos. Abri os olhos e me deparei com o cara que tinha me salvado, me levantei na mesma hora e comecei a encará-lo, mas ao olhar em seus olhos, senti um arrepio passar pelo o meu corpo. Só não sabia se era de medo ou de excitação.
Seus olhos eram selvagens e ao mesmo tempo carinhosos, eles me faziam sentir bem. Eu queria me aproximar, mas tinha medo de sua reação e quando eu dei o primeiro passo, pensei que ele ia se afastar, mas para a minha surpresa, ele também deu um passo, fomos dando vários passos, ate estarmos colados. Eu podia sentir seu hálito quente batendo em meu rosto, o que me fazia ter vontade de beijá-lo e só foi pensar nisso, que como se lesse a minha mente, ele juntou nossos lábios.
O beijo era quente, todo o corpo dele era quente, mas eu não me importava, era muito bom estar naqueles braços. Meus braços se encontravam em seu pescoço e as mãos dele estavam em minha cintura, o beijo foi ganhando força e eu queria estar mais perto dele, – como se isso fosse possível – então apertei meus braços em seu pescoço e senti-o apertar a minha cintura, uma mão sua foi subindo por minhas costas e quando achei que as coisas iam esquentar mais, escutamos um barulho e paramos o beijo, me virei e do meio das arvores, saiu o monstro que estava tentando me matar algumas horas atrás.
Capítulo 11 – Juubs
Era tudo uma bagunça enorme, eu queria me afundar nos fortes braços do homem que me salvara, mas minha maldita mente gritava para que eu não fizesse isso, porque por mais charmoso, selvagem e atrativo que ele fosse, ele era tão perigoso quanto o psicopata.
- Roubando minha diversão? - o monstro perguntara.
Eu não sei em qual exato momento eu fui colocada para trás do homem que me salvara, mas lá estava eu, tentando olhar por cima do ombro dele com a maior cara de medo. A tensão emanava de cada poro dos dois, era como se a qualquer momento, sem aviso nenhum, eles fossem se atracar ali na minha frente e só um sairia vivo.
Bom, eu não estava nem um pouco ansiosa para este desfecho.
- Não vejo diversão nisto. - respondeu seco, rude e a nota de raiva despontando em sua voz, porém suas feições perfeitamente controladas.
- Isso é uma questão de opiniões, não acha? - sorriu maroto, os olhos misteriosos se cravando nos meus. - Vamos, amor, vamos nos divertir mais um pouquinho.
Porque a indecisão tomou conta de mim? Novamente aquele impulso, aquele imã, porém agora eu tinha clara ideia de que ele me mataria... Entretanto o maldito não deixava de ser tentador. E ainda havia o ser estranho que se encontrava a minha frente, protegendo-me mais uma vez... Ou ele só queria me matar no final das contas?
Involuntariamente eu dei um passo para trás, com medo, hesitação, mas foi um passo falho, onde minha duvida se mostrava clara. O psicopata sorriu charmoso.
Desviei meus olhos dos dele, sabia que não me traria bem algum o encarar, isso só mexeria com meus pensamentos e meus hormônios.
- Ela sabe demais. - o misterioso disse a meu salvador selvagem - Não pode fazer nada com isso. - em suas palavras havia algo mais, algo escondido, como se não fosse apenas este o motivo.
- Não me diga o que eu posso ou não fazer. - rugiu. Meu corpo estremeceu pelo tom raivoso em sua voz.
O instinto foi como de qualquer outro diante a uma situação de risco extremo. Correr.
Vire-me de costas e desatei em uma corrida atrapalhada - tanto pelos vários galhos quebrados no chão dificultando minha passagem, quanto pela iluminação escassa. Os galhos rasgavam minhas roupas já detonadas, machucavam meu rosto.
Passos. Rápidos e letais, como de animais perseguindo suas presas. Uma mão quente tocou meu braço, parando-me abruptamente, sacudi os braços e voltei a correr, agora outra mão mais fria tocava o meu, parando-me, debati e tornei na minha corrida. Eu sabia que se eles quisessem de fato me parar já o teriam feito, porém era um joguinho interessante para eles.
Ou talvez eles não queiram te machucar, sua burra - minha mente ajudando muito em meu raciocínio sobre o que fazer.
A floresta não tinha fim, não tinha luz, não tinha absolutamente nada além de obstáculos que pudessem me prender eternamente a ela. O pânico cresceu absurdamente dentro de mim, desenfreado e limpando cada pensamento são que eu pudesse ter. Onde tudo isso iria parar? Onde eu iria parar? Onde eles iriam parar?
Vários modos de como esta noite acabaria se passaram pela minha mente, nenhum de fato para me tranquilizar.
Todos os meus músculos doíam, latejavam e protestavam. Eu sentia que estava mais lenta, a queda da escada, os tropeços que eu tive na corrida, o cansaço, a fome, todos juntos conspirando contra mim.
Imaginei, por último, o que minha mãe estaria pensando sobre meu sumiço... Será que eles não se importariam com isso? Maluca do jeito que ela é já deve ter chamado a policia. Mas... Parando para ver, eu não achava que estava nem nos arredores da minha casa, isso parecia um mundo completamente alternativo ao meu... Com entrar no mundo de Nárnia através do Guarda Roupa, só que desta vez não foi um guarda roupa... E o motivo não foi se esconder no pique-esconde, foi aquele maldito celular que eu espero que queime no fogo do inferno.
- O tempo acabou. - a voz do velho soou alto e claro atrás de mim.
Uma dor latente me cegou e então eu soube o exato momento em que meu corpo caiu no chão e quando eu caí no abismo de escuridão. Eu havia desmaiado ou morrido.
Capítulo 12 - Kelly
- Talvez ela não tenha nos ouvido – a voz masculina flutuou em minha mente, num murmúrio distante e baixo. Podia perceber minha consciência voltando aos poucos, mas ainda sim não conseguia deduzir onde estava ou o que me acontecera para minha cabeça estar latejando tanto. – A audição dela não é tão boa, sabe disso.
- Não podemos nos arriscar – outra voz sibilou rispidamente. Senti meus olhos tremularem fechados, mas algo em minha mente alertou-me a não abri-los.
- Talvez não estejamos nos arriscando.
- Está me desafiando, por acaso? – a outra voz soou mais alta e um frio amedrontado subiu por minha espinha ao escutá-la.
- Não... Apenas não quero ser injusto.
- E desde quando você liga para justiça? Desde quando liga para... alguém? – agora o tom da voz era desconfiado, insinuante.
Trinquei os dentes e tentei manter minha respiração relaxada, pois algo me dizia que eles poderiam notar facilmente meu despertar.
- Não me importo com ela – a voz cuspiu e um leve incomodo se instalou em meu peito, mas não entendi a razão. – É provável que nem se lembre do que aconteceu com aquela pancada que você a deu.
- Era necessário. Se não vocês dois continuariam correndo atrás dela feito dois tontos. Afinal, o que deu em vocês dois?
- Ele estava roubando minha diversão! Eu a vi primeiro! – queixou-se. – Ainda por cima, ele a ajudou a escapar, deveria ser punido por isso.
- Ora, ele fez aquilo apenas para conseguir a confiança da garota – disse a voz mais velha, com descaso. – Ainda não entendo o que viram nela. Parece tão normal... sem-graça.
Controlei a raiva e reprimi o impulso de cerrar os punhos, pois qualquer movimento revelaria minha real condição: consciente das coisas ao meu redor. Na verdade, estava bem consciente de tudo, pois minha memória estava começando a revelar os fatos passados.
- Mas tem um fogo... – a voz mais rouca disse com malicia e meu corpo esquentou-se involuntariamente. – Mas aquele idiota tem sempre que tentar roubar minha diversão! Que obsessão comigo!
- Ah cale a boca! Você não é o centro do Universo para tudo que faço estar relacionado a você – outra voz adentrou o local e meu corpo enrijeceu ao reconhecê-la. O homem que me salvara... – Mas, então, o que farão com ela?
- O de sempre – disse o mais velho, entediado.
- Ainda não foi decidido – vociferou a outra. – Pra quê tudo isso?! Apenas apague a mente dela e tudo ficará bem!
- Sabe que nem sempre a perda de memória é eficaz, ela pode se lembrar com o passar do tempo – a voz mais velha respondeu irritada.
- E o que isso importa? Ela não ouviu muito, de qualquer forma. Isso é estúpido e desnecessário!
Um estrondo se fez e o barulho assemelhava-se á um corpo sendo jogado contra a parede, acompanhado de um sonoro espatifar de vidro. Prendi a respiração, assustada.
- Quem dá as ordens aqui sou eu, não quero nenhum rebelde me desafiando por causa de um brinquedo. Entendeu bem?
- Er... – a voz do que me salvara soou, próxima a mim. – Desculpe interromper a briguinha dos dois aí, mas parece que o brinquedo está acordado.
Capítulo 13 – Nannah
Eu tinha sido descoberta... Que ótimo... Pelo menos essa confusão ia acabar logo. Abri meus olhos dando de cara com as orbes negras do meu salvador.
- Vamos acabar logo com isso então. - O mais velho falou - Menina, você se meteu num buraco onde não devia.
Culpa da porcaria do celular - pensei enquanto me sentava. Os três me olhavam intensamente. O velho tinha uma cara nada amigável, meu salvador parecia perturbado e o monstro tinha um olhar de quem queria me comer viva, e não era no bom sentido...
- Então vocês vão me matar de uma vez, certo? - perguntei já cansada dos joguinhos de gato e rato deles.
- Nem vai implorar por sua vida? - O monstro me perguntou.
- Vai adiantar? - rebati cansada.
- Não - foi o velho quem respondeu - mas também não vamos te matar, não agora.
- É, eu ainda tenho meus cinco minutos - o monstro falou arqueando as sobrancelhas, na hora eu me lembrei do nosso momento juntos horas atrás e do quanto eu queria me entregar a ele, mas agora, eu queria distancia daquele olhar amedrontador.
- Cala a boca! - meu salvador vociferou - Eu acho que devíamos conversar sobre esse assunto, em particular.
- Não tem mais o que conversar. Eu decido as coisas aqui. Já chega das confusões de vocês. E eu já decidi o que fazer com ela. - o velho se aproximou de mim e me puxou pelo braço.
Meu sangue gelou. Tudo bem que eu já tinha me preparado várias vezes pra minha morte, mas quando ela chega, não é simples...
- Pra onde você vai me levar? - perguntei morrendo de medo da resposta.
- Você já vai ver.
Saímos andando depressa, os outros dois - meu salvador e o monstro - atrás de nós.
Paramos na frente de uma porta grande que dava pra um salão vazio e escuro - como tudo mais nesse lugar. O velho me jogou pra frente me fazendo parar no meio do salão.
- Então, qual dos dois vai ser? Se nenhum dos dois se dispuser a fazer o serviço, eu mesmo faço.
- Eu vou - meu salvador falou dando um passo à frente, mas foi barrado pela mão do monstro.
- Por que você? Eu a vi primeiro. - o monstro falou - Por que não pode ser eu?
- Por que você? Eu a vi primeiro. - o monstro falou - Por que não pode ser eu?
- Por que você é um idiota. - meu salvador empurrou a mão do monstro e continuou andando na minha direção. O monstro fez menção de impedi-lo outra vez, mas foi impedido pelo velho.
- Deixe-o ir - o velho falou.
- Você vai se arrepender de tê-lo escolhido. - o monstro falou saindo do salão.
O meu salvador - que eu não sabia se podia continuar a ser chamado assim, afinal ele estava caminhando para me matar - parou na minha frente e me olhou fundo com aqueles olhos
negros.
- Se segure firme - ele sussurrou antes de me jogar nas suas costas e começar a correr.
Ouvi o velho gritar qualquer coisa, mas não me ative a isso, apenas me apertei firme ao pescoço do meu salvador - sim, parecia que ele ia continuar sendo chamado assim.
Passamos por um portão, ou melhor, por cima de um portão velho. Eu já suspeitava que ele não era humano, mas agora eu tinha certeza, afinal ninguém era capaz de pular um portão em plena corrida e ainda com uma garota nas costas.
- Não se solte, de maneira alguma. - ele gritou no meio da corrida. Eu queria dizer pra ele que não se preocupasse, pois eu não tinha a menor intenção de soltá-lo, mas não encontrei minha voz.
Mantive meus olhos fechados, ele corria rápido e eu já estava fraca demais com tudo que tinha me acontecido, se eu continuasse olhando para a paisagem ao meu redor passando como um borrão eu com certeza iria passar mal. Alguns segundos depois, eu senti um tremor embaixo de mim, e minhas mãos de repente tocavam algo peludo. Abri meus olhos e vi que eu não estava mais nas costas do meu salvador, e sim no lombo de um lobo preto enorme...
Capítulo 14 - Camy
Não podia ser. Será que meu salvador havia mesmo se transformado neste lobo? Eu queria acreditar que tudo era fruto da minha imaginação fértil, mas tudo conspirava dizendo que era real.
Olhei para frente só para ver um borrão de marrom e verde passar rapidamente. Gritei com medo de bater em alguma árvore, e o lobo abaixo de mim bufou contrariado e diminuiu um pouco a velocidade.
-Ok, eu não quis saber o que vocês eram e o que estava acontecendo comigo, mas agora eu EXIJO uma resposta. –gritei acima do vento causado pela corrida.
O lobo freou com brusquidão e eu “voei” para o chão de terra cheio de raízes e galhos que me arranharam. E observei assustada o lobo ir se esconder atrás de uma árvore. Depois do susto, veio a indignação, como ele poderia fugir daquele jeito?
-ÓTIMO... FUJA SEU COVARDE! ME DEIXA AQUI DANDO SOPA PARA QUE AQUELES LOUCOS ME MATEM DE VEZ! SE FOR PARA SER ASSIM, POR QUE ME SALVOU?
E assim, do nada, aparece um vulto e me pega no colo antes de começar a correr em uma velocidade um pouco menor que a do lobo que me carregava. Olhei sem ar para o rosto de quem havia me pego e reconheci a face de meu salvador.
-Me escondi porque apesar de tudo, eu acho que você não quereria me ver nu. –ele disse com as sobrancelhas unidas emoldurando os profundos olhos negros.
Senti o sangue subir a meu rosto e minha face ferver apesar do vento gelado da corrida. Vi um sorrisinho mínimo aparecer em seu rosto, o que me fez corar mais ainda.
-O que é você? –perguntei querendo desviar a atenção.
-É melhor não falar sobre isso aqui. –ele respondeu começando a correr mais rápido. – O que quer te matar tem controle sobre todo esse lugar, ele poderá ver ou ouvir tudo o que dissermos sobre nossa condição sobrenatural.
-Será que ele está ouvindo nossa conversa? –perguntei com a voz fraca. A mínima esperança que meu salvador havia me dado de sobreviver fez com que eu desistisse da ideia de que iria morrer de qualquer maneira.
-Provavelmente. –isso foi tudo que ouvi sair de seus lábios antes que eu o calasse com um beijo impulsivo.
Ele parou de correr antes de começar a me corresponder, eu sabia disso pela falta do vento.
-ELA É MINHA! –a voz da criatura que me atraia rugiu pouco antes de eu me sentir sendo arrancada dos braços de meu salvador.
Capítulo 15 - Nannah
- Onde está escrito isso? - meu salvador perguntou.
- Eu a vi primeiro, eu a atrai pra cá!
- WHAT? - gritei, não me importando nem um pouco com a briga de leões que acontecia ao meu redor - VOCÊ O QUÊ?
- Eu a atrai você pra cá. Eu sabia que você me seguiria no momento que te vi naquela praça.
- Seu filha da mãe miserável. Eu quase morri aqui. - berrei avançando na direção dele, mas meu salvador me segurou.
- Deixa-a vir - o monstro falou - Ela pode berrar, mas se sente atraída por mim, eu sei, eu sinto...
- Eu me sinto atraída por quebrar sua cara, seu imbecil miserável. - menti, pois cada vez que ele falava sua voz me chamava.
- Não era isso que parecia quando estávamos juntos mais cedo. - ele falou com a voz baixa e rouca - quando você queria arrancar minha roupa e gemia embaixo de mim.
Foi rápido, muito rápido. Num minuto meu salvador estava do meu lado, no outro ele estava quebrando o queixo do idiota na nossa frente.
Eu queria beijar meu salvador de novo por fazer isso por mim, afinal eu não me arriscaria a bater no monstro de novo, eu me lembro bem de como doeu tentar a primeira vez.
- Não fale dela assim outra vez. - meu salvador rosnou.
- Por quê? Você fica nervosinho? - o outro riu - Então da o fora daqui e deixa a gente terminar o que começamos...
- Por quê? Você fica nervosinho? - o outro riu - Então da o fora daqui e deixa a gente terminar o que começamos...
- Você vai ter que me matar se quiser encostar nela.
- Ahhh isso vai ser bom demais. - o outro rosnou se colocando em posição de ataque, meu salvador copiou seu ato.
- NÃO! - gritei me colocando entre os dois - Ao que parece, os dois me querem viva, pelo menos por enquanto, então é melhor sair daqui. Se o que você me disse é verdade, quem me quer morta pode muito bem estar ouvindo essa discussão aqui.
- Você está certa. Exceto por uma coisa - meu salvador falou me pegando em seus braços - Eu te quero viva pra sempre.
Então ele me beijou e voltou a correr. Nós éramos seguidos pelo outro de perto, eu podia sentir a energia dele nos rondando. Me apertei mais nos braços do meu salvador, escondendo meu rosto em seu pescoço e sentindo ali um perfume incrível que me fez adormecer.
Acordei em um campo de lavandas lindo. Já era dia e eu estava no colo do meu salvador, que estava sentando debaixo de uma árvore.
- Bom dia - falei encarando seu olhar negro, agora, com o dia claro, eu podia ver seus traços melhor. Ele era lindo. Tinha um tipo meio malvado, daqueles que à primeira vista nos faz tremer de medo, mas seu olhar transmitia certa tranquilidade.
- Boa tarde. - ele me respondeu sorrindo - Você dormiu a manhã toda.
- Nossa. - foi só o que eu falei.
- Você estava cansada. - ele me puxou para que eu voltasse a deitar em seu peito.
- Onde o outro está? - perguntei quando vi que o outro não estava por perto e nem eu sentia sua energia fria me rodear.
- Foi procurar algo pra você comer.
- Eu estou faminta. - falei sem pensar.
- Eu imagino, você passou por muita coisa. - ele me encarou – Por que você se meteu nisso tudo? - ele fez um gesto abrangendo tudo ao seu redor.
- Culpa de uma porcaria de celular. - falei e me sentei melhor para poder explicá-lo - Eu o vi deixar um celular no labirinto, e corri para entregá-lo, mas ele era rápido. Eu comecei a segui-lo e fui parar naquele lugar, onde tudo começou a ficar estranho...
- E você não ouviu a conversa deles dois?
- Não. Eu não ouvi nada...
Ficamos um tempo em silêncio, até que vimos o outro aparecer por entre as flores de lavanda.
- Eu não quero morrer. - sussurrei pro meu salvador.
- E eu não vou permitir isso. - ele falou se aproximando e me roubando um selinho. - Mas você tem que ficar comigo.
- Eu não quero me afastar de você - falei.
- Aqui está - o outro se aproximou colocando uma sacola na minha frente - Se alimente bem, vai precisar de forças. - ele sussurrou perto do meu rosto, jugando seu hálito frio na minha direção.
- Fique longe dela - meu salvador o empurrou longe.
- ELA É MINHA! - o outro gritou - Eu já disse isso a você. Ela é minha e eu não saio daqui sem ela!
- Bom, eu não vou deixar você tirá-la daqui. - meu salvador se colocou na minha frente. O outro se afastou um pouco.
- Não vou brigar com você... agora. Logo você verá com quem quer disputar a garota.
- Não vou disputá-la com você porque ela não é um sanduiche!
- Não... Ela é um prato mais suculento.
Meu sangue gelou com aquele comentário. Por que ele falava de mim como se eu fosse de comer? Meu salvador se aproximou novamente me sussurrando um 'pode comer tranquila'.
E foi exatamente o que eu fiz. Comi como uma desesperada, mas tanto tempo sem me alimentar tinha deixado meu estomago tão vazio, a ponto de doer. Não demorou muito e não tinha sobrado nada da refeição.
E foi exatamente o que eu fiz. Comi como uma desesperada, mas tanto tempo sem me alimentar tinha deixado meu estomago tão vazio, a ponto de doer. Não demorou muito e não tinha sobrado nada da refeição.
- Agora que ela está alimentada - o outro falou - podemos resolver nossa situação.
- Não na frente dela. - meu salvador falou se afastando.
Eu queria gritar pra que ele não fosse. Eu tinha muito medo que ele não voltasse mais. Os dois sumiram por entre as lavandas.
Eu sabia que eles não queriam brigar na minha frente, mas eu não ia ficar sentada esperando meu salvador morrer e o outro vir aqui se aproveitar de mim e depois me matar. Tudo bem que ele era gostoso e me atraia muito - o que era uma coisa que me instigava bastante - mas eu não queria mais morrer. Eu tinha encontrado uma chance de fugir dali com meu salvador, então agora eu lutaria por minha vida com unhas e dentes.
Ouvi o barulho dos dois antes mesmo de vê-lo. Eles estava lutando, isso era claro. Continuei me aproximando devagar e os vi. Os dois estavam lutando alguma dessas artes marciais, eu não sabia dizer qual, pois pra mim, eram todas iguais. Fiquei observando eles, era difícil dizer que estava ganhando, os dois eram muito bons.
Meu salvador deve ter percebido minha presença, pois ele se distraiu um segundo, levando em seguida um chute na cara. Ele se recuperou rápido e voltou sua concentração pra luta. Um soco rápido acertou a cara do outro na altura da maça do rosto.
Mais chutes e socos, meu salvador voava para um lado, mas levantava e acertava um chute, um soco ou mesmo fazia o outro voar longe.
Foram horas, ou apenas minutos de briga, até que o outro se levantou visivelmente abalado, mas sem um único arranhão, e correu pra longe, sem nem mesmo olhar pra mim.
Meu salvador se aproximou de mim, mas eu me afastei dando dois passos pra trás. O rosto dele também estava sem um mínimo arranhão. Ele me olhou confuso, então eu fiz a pergunta que tanto me incomodava, e agora ele não teria outra escolha se não me contar.
- Quem ou o que é você?
Capítulo 16 – Myh
Fiquei olhando para ele, mas nada de resposta, então tornei a perguntar:
-Quem ou o que é você?
Só que ele continuava a me encarar e não responder. Quando eu ia repetir a pergunta – agora sem paciência – o vi sair da minha frente e andar para dentro da floresta.
-Aonde você vai?
Mas ele não me respondeu e continuou andando e como eu não queria ficar ali sozinha, porque sabia que podia ser morta, fui atrás dele.
Ele era muito rápido e como eu estava cansada, a nossa distancia era enorme. Já ofegante eu tentei chama-lo:
-Hei, espera. Eu não quero ficar aqui.
Como eu não tinha força para gritar, achei que ele não ouviria, só que pra minha surpresa, ele parou e se virou pra mim. Aumentei os passos e cheguei a sua frente. Antes que eu falasse qualquer coisa, ele me pegou no colo e começou a correr e claro que eu não reclamei nada, só me aconcheguei naqueles braços e curti o caminho.
Eu devo ter pegado no sono, porque de uma hora pra outra não senti ou ouvi mais nada. E quando acordei senti algo macio embaixo de mim, abri meus olhos e percebi que estava num quarto e diferente dos outros que eu estive, esse era claro e bonito.
O sol ainda estava no céu, então levantei da cama e fui ate a janela. De cara eu vi a floresta, olhei pros lados e vi uma rua e do outro tinha o mar. Mar?! Onde eu estava?
-Acordou?!
Virei-me e coloquei a mão no peito, meu coração batia freneticamente.
-Que susto!
-Desculpe.
Ele estava diferente. Suas roupas eram limpas e seus cabelos estavam molhados. Fiquei encarando ele, que com certeza ele estava mais lindo ainda.
-Está com fome?
-Sim.
Ele esticou sua mão em minha direção e, em um ato involuntário, eu a peguei. Saímos daquele quarto e entramos num corredor, eu consegui enxergar duas portas ali, depois descemos as escadas e chegamos numa sala, ele me puxou até a cozinha. A casa era toda arrumada e clara, muito bonita por sinal e ao entrarmos na cozinha, senti um cheiro muito bom de comida. Em cima da mesa tinha de tudo: pães, bolo, torrada, geleia, suco, leite, café e frutas. Eu sentei numa cadeira e ele sentou em minha frente.
-Pode comer o que quiser.
Acenei com a cabeça e comecei a comer. Tudo estava uma delicia e enquanto eu comia, ele me encarava, o que me fazia ficar envergonhada. Comecei a encará-lo também e isso não foi uma ideia muito boa. Aqueles olhos me fascinavam e seu jeito de olhar me arrepiava inteira, ainda tinha sua boca carnuda, que deu uma vontade de beijá-lo novamente.
Eu acabei passando minha língua nos lábios e mordendo em seguida, só de pensar em seu beijo. Vi ele sorrir de lado e acabei ficando vermelha, abaixei o rosto e terminei de comer.
-Acabou?
-Sim.
Ele se levantou e me puxou pra sala e antes que ele se sentasse, eu perguntei:
-Você não vai me contar o que você é?
-Vem.
Ele sentou e me puxou pra sentar também, com o puxão dele, quase cai sentada em seu colo.
-É melhor você esquecer...
-Esquecer? Como eu posso fazer isso? Não dá! O que eu vivi não dá para esquecer. Eu vi você e aquele monstro travaram uma briga diante dos meus olhos e nenhum dos dois saiu machucado. Nenhum arranhão, corte, sangue ou osso quebrado. Não peça para eu esquecer...
No fim respirei fundo e o encarei, ele tinha um sorriso no rosto e eu não entendi nada.
-Você é louca!
-Depois do que eu passei também acho.
Vi sua expressão mudar e ficar séria, ele parou de me encarar e começou a falar:
-Eu sou um lobo.
-Jura? Eu nem tinha percebido.
-Você quer ou não saber?
-Quero.
Fiquei quieta e só o ouvindo falar:
-Eu sou um lobo e aquele monstro como você diz, é um vampiro, ou como eu gosto de chamar sugador de sangue. Nós vivíamos no submundo, todas as criaturas sobrenaturais viviam em paz lá, com suas famílias. Até que, numa brincadeira estúpida, um vampiro e lobo morreram. As famílias não aceitaram e travaram uma guerra entre espécies. Todos do submundo se envolveram nessa guerra, teve muitas mortes e o lugar ficou destruído. Com o nosso mundo destruído, tivemos que procurar outro lugar para viver e muitos vivem entre os humanos. Aquele senhor que você conheceu, ele era o que mandava no submundo, ele é o mais forte das criaturas, porque ele é um hibrido, metade vampiro e metade lobo. Ele ficou muito triste com o que aconteceu e desde então ele tenta reerguer nosso mundo.
-Era por isso que você e aquele vampiro estavam juntos?
-Sim. Ele me encontrou e disse o que queria, como eu não tinha onde viver, achei legal a ideia. Com o vampiro foi a mesma coisa. E como nós ainda não tínhamos encontrado um lugar para montar nosso mundo, ficamos vivendo naquela floresta.
-E essa casa?
-Depois de séculos vivendo com aquele sugador de sangue, eu não aguentava mais o seu jeito, então construí essa casa, para me refugiar às vezes.
-Por que aquele hibrido queria me matar?
-Nós temos muitas regras e a principal é que não podemos nos revelar para os humanos, temos que manter segredo.
-O que aquele vampiro queria comigo?
-Ele te atraiu ate lá, porque queria sugar seu sangue. Esse foi um dos motivos para que eu construísse essa casa. Eu não aceitava o que ele fazia com os humanos.
Aquela historia me deixou um pouco assustada. Com certeza eu tinha me metido numa enrascada. E será que eu sairia viva dessa? Mas tinha uma coisa que eu queria saber e muito.
-Por que você me ajudou?
Capítulo 17 – Baby
Aquela historia me deixou um pouco assustada. Com certeza eu tinha me metido numa enrascada. E será que eu sairia viva dessa? Mas tinha uma coisa que eu queria saber e muito.
-Por que você me ajudou?
-Porque estava destinado.
Eu fiquei encarando o seu olhar perdido em mim e sorriso acalentador tão perto de mim que eu nem mais lembrava sobre o que estávamos falando.
-Como assim? - Perguntei meio perdida meio lúcida.
-As coisas não deviam ter acontecido desse jeito, mas não se pode mexer com a ordem do Universo. Não era suposto você ter me conhecido nesses termos. Não era suposto você ter descoberto sobre nós. Não nessa vida. Há tanto que precisa ser desvendado ainda. - Ele suspirou depois de um relato confuso e misterioso. - Quando voltar procure por uma Lenda sobre o Submundo. Talvez você descubra algo que eu ainda não desvendei.
-Do que você está falando? Quando eu voltar para onde? Onde eu vou procurar se eu nem sei o que vou procurar? Eu não estou entendendo... - Meu Salvador colocou um dedo em meus lábios e de seguida senti duas mãos sobre os meus ombros, atrás de mim, me segurando com firmeza, enquanto uma mão gelada tapava o meu rosto, não por completo, me dando plena visão do Híbrido perigoso e assustador de mais cedo.
-Mas o que...
-Me desculpe. - Ainda vi o rosto do meu Salvador se contorcer de dor e tristeza, antes de uma luz cegante me fazer perder os sentidos.
*****
-Você fez o que era certo. - O Mestre falou colocando uma mão no meu ombro.
-Ah, eu ainda podia ter aproveitado um pouquinho. Ah reencarnação da Eleonora é bem gostosa! Oh menininha arredia.
-Veja lá como fala da minha Eleonora!!! - Eu me exaltei tremendo de raiva e rosnando.
-Se você bem se lembra, ela me escolheu a mim e não a você. - Ele falou triunfante, me fazendo ferver.
-Ela me amava. Você só foi a solução mais rápida para acabar com essa lenda. Agora que ela reencarnou, ela poderá quebrar essa Maldição.
-Vocês sabem que os Tenebrus virão atrás dela se descobrirem que Eleonor reencarnou. Temos de nos manter afastados dessa moça e ao mesmo tempo perto o suficiente para protegê-la. - O Mestre falou.
-Você tem certeza de que ela não vai se lembrar de nada do que se passou aqui? - O vampiro chato perguntou pertinente.
-Absoluta. Ela só se recordará do que é importante. Só ela pode achar O Pergaminho. - O Mestre falou. - Agora levem-na de volta que eu retornarei a contagem do Tempo antes que os Tenebrus percebam.
Nós assentimos e acordamos que seria melhor o branquelo levar ela de volta. Afinal, tinha de ocorrer tudo exatamente igual, sem a parte dele usar seus poderes para atraí-la para o Covil.
*****
-Ei, ! - Escutei uma voz longe, mas que se aproximava cada vez mais.
Forcei meus olhos a se abrirem, mas eles pesavam. Minha cabeça explodia em dor e então eu gemi.
-Garota, te procurei por todo o parque e você está aqui, dormindo tranquila debaixo da sombra de uma árvore. - Diana parou na minha frente, se colocando entre a luz forte do sol, me permitindo olhar para ela.
-O quê? - Olhei em volta meio confusa. Minha cabeça latejava e um zunido irritante ecoava no meu ouvido.
-Nós tínhamos combinado às 14h na ponte e você não apareceu. Fiquei lá te esperando uma hora.
-Diana, espera! Fala um pouco baixo, minha cabeça está latejando. - Massageei as têmporas, comprimindo os olhos e me erguendo a custo.
-Você está bem?
-Não! - Respondi mal humorada, tentando entender como eu tinha ido parar ali, debaixo daquela árvore, e ainda por cima dormindo. - Eu acho que desmaiei. - Falei o mais óbvio e minha amiga arregalou os olhos.
-Vem, senta aqui. - Ela me segurou firmemente, me guiando até um banco. - Tome essa água. - Ela me estendeu sua garrafa dentro da bolsa.
Flashes começaram passando em minha mente, mas eu não conseguia visualizar tudo. Era como se fossem borrões, imagens por de trás de uma cortina translúcida.
"Quando voltar procure por uma Lenda sobre o Submundo. Talvez você descubra algo que eu ainda não desvendei."
Essa frase ficou ressoando na minha cabeça como um eco sussurrado numa igreja. Não entendi o significado, mas por hora eu não conseguia mais pensar no assunto. Doía demais.
-Eu vou ligar para meu pai nos vir buscar. - Diana falou e eu assenti.
Esperamos 15 minutos depois da ligação até Mr. Tamagako chegar.
-O que aconteceu, Diana? - Perguntou à filha, mas quando eu olhei para sua cara, para dizer que estava tudo bem, outros flashes de reconhecimento me vieram.
"Mestre"
"Híbrido"
Senti uma tontura e desmaiei.
-Porque estava destinado.
Eu fiquei encarando o seu olhar perdido em mim e sorriso acalentador tão perto de mim que eu nem mais lembrava sobre o que estávamos falando.
-Como assim? - Perguntei meio perdida meio lúcida.
-As coisas não deviam ter acontecido desse jeito, mas não se pode mexer com a ordem do Universo. Não era suposto você ter me conhecido nesses termos. Não era suposto você ter descoberto sobre nós. Não nessa vida. Há tanto que precisa ser desvendado ainda. - Ele suspirou depois de um relato confuso e misterioso. - Quando voltar procure por uma Lenda sobre o Submundo. Talvez você descubra algo que eu ainda não desvendei.
-Do que você está falando? Quando eu voltar para onde? Onde eu vou procurar se eu nem sei o que vou procurar? Eu não estou entendendo... - Meu Salvador colocou um dedo em meus lábios e de seguida senti duas mãos sobre os meus ombros, atrás de mim, me segurando com firmeza, enquanto uma mão gelada tapava o meu rosto, não por completo, me dando plena visão do Híbrido perigoso e assustador de mais cedo.
-Mas o que...
-Me desculpe. - Ainda vi o rosto do meu Salvador se contorcer de dor e tristeza, antes de uma luz cegante me fazer perder os sentidos.
*****
-Você fez o que era certo. - O Mestre falou colocando uma mão no meu ombro.
-Ah, eu ainda podia ter aproveitado um pouquinho. Ah reencarnação da Eleonora é bem gostosa! Oh menininha arredia.
-Veja lá como fala da minha Eleonora!!! - Eu me exaltei tremendo de raiva e rosnando.
-Se você bem se lembra, ela me escolheu a mim e não a você. - Ele falou triunfante, me fazendo ferver.
-Ela me amava. Você só foi a solução mais rápida para acabar com essa lenda. Agora que ela reencarnou, ela poderá quebrar essa Maldição.
-Vocês sabem que os Tenebrus virão atrás dela se descobrirem que Eleonor reencarnou. Temos de nos manter afastados dessa moça e ao mesmo tempo perto o suficiente para protegê-la. - O Mestre falou.
-Você tem certeza de que ela não vai se lembrar de nada do que se passou aqui? - O vampiro chato perguntou pertinente.
-Absoluta. Ela só se recordará do que é importante. Só ela pode achar O Pergaminho. - O Mestre falou. - Agora levem-na de volta que eu retornarei a contagem do Tempo antes que os Tenebrus percebam.
Nós assentimos e acordamos que seria melhor o branquelo levar ela de volta. Afinal, tinha de ocorrer tudo exatamente igual, sem a parte dele usar seus poderes para atraí-la para o Covil.
*****
-Ei, ! - Escutei uma voz longe, mas que se aproximava cada vez mais.
Forcei meus olhos a se abrirem, mas eles pesavam. Minha cabeça explodia em dor e então eu gemi.
-Garota, te procurei por todo o parque e você está aqui, dormindo tranquila debaixo da sombra de uma árvore. - Diana parou na minha frente, se colocando entre a luz forte do sol, me permitindo olhar para ela.
-O quê? - Olhei em volta meio confusa. Minha cabeça latejava e um zunido irritante ecoava no meu ouvido.
-Nós tínhamos combinado às 14h na ponte e você não apareceu. Fiquei lá te esperando uma hora.
-Diana, espera! Fala um pouco baixo, minha cabeça está latejando. - Massageei as têmporas, comprimindo os olhos e me erguendo a custo.
-Você está bem?
-Não! - Respondi mal humorada, tentando entender como eu tinha ido parar ali, debaixo daquela árvore, e ainda por cima dormindo. - Eu acho que desmaiei. - Falei o mais óbvio e minha amiga arregalou os olhos.
-Vem, senta aqui. - Ela me segurou firmemente, me guiando até um banco. - Tome essa água. - Ela me estendeu sua garrafa dentro da bolsa.
Flashes começaram passando em minha mente, mas eu não conseguia visualizar tudo. Era como se fossem borrões, imagens por de trás de uma cortina translúcida.
"Quando voltar procure por uma Lenda sobre o Submundo. Talvez você descubra algo que eu ainda não desvendei."
Essa frase ficou ressoando na minha cabeça como um eco sussurrado numa igreja. Não entendi o significado, mas por hora eu não conseguia mais pensar no assunto. Doía demais.
-Eu vou ligar para meu pai nos vir buscar. - Diana falou e eu assenti.
Esperamos 15 minutos depois da ligação até Mr. Tamagako chegar.
-O que aconteceu, Diana? - Perguntou à filha, mas quando eu olhei para sua cara, para dizer que estava tudo bem, outros flashes de reconhecimento me vieram.
"Mestre"
"Híbrido"
Senti uma tontura e desmaiei.
Fim da Primeira Parte
Segunda Fase
Capítulo 18 – Kelly
Por que me sinto tão estranha? Parece que não estou no lugar certo... Me sinto deslocada. Mas no sentido geral da palavra, pois há algo em minha mente que me faz pensar que este mundo não é o meu, que essa não é a minha realidade... Apertei os olhos fortemente, tentando reprimir esse tipo de pensamento, e focalizei minha atenção em Diana, que me encarava preocupada. Nesse momento, encontrávamos sentadas lado a lado no banco de carona do carro de seu pai e nos dirigíamos, pelo que eu podia notar, ao hospital. Droga.
- , o que há com você? – perguntou.
- Só estou... Me sentindo mal – murmurei, não tendo certeza se seria certo contar toda a verdade. Mesmo sendo minha melhor amiga de toda a vida, ela me acharia louca com todos esses pensamentos insanos, não?
- Desmaiou, está se sentindo mal... Desde quando começou a se sentir assim? – perguntou desconfiada, e se ela não soubesse que eu era uma garota comportada, eu poderia ter me ofendido.
- Não sei, foi repentino. Mas não dê tanta importância, aposto que logo isso passa.
- Mas ainda acho melhor leva-la ao hospital – disse o pai de Diana, preocupado. – E ligar para sua mãe.
- Não. Já estou me sentindo bem melhor – menti, com medo de que preocupassem minha mãe, ela era muito neurótica. – Além disso, tenho que ir à biblioteca... Fazer uma pesquisa.
- Mas que pesquisa? – indagou Diana.
- Er... Para um projeto que estou preparando – menti. A verdade era que eu tinha que entender mais o que acontecia comigo, e se minha mente me deu uma brecha para entender isso com aquilo de “lenda do Submundo”, eu não hesitaria em pesquisar para saber o que acontecia.
- Eu vou com você, não tenho nada para fazer mesmo.
- Nã...
- Ah, nem vem, você me deu um bolo, depois me fez ficar preocupada com aquele desmaio e ainda quer me deixar para trás? Não senhora. Além disso, estou com meu notebook na mochila talvez seja útil.
Revirei os olhos. Diana e esse seu apego pelo computador. Onde quer que fosse o levava na bolsa, para sempre que tivesse um tempo livre pudesse atualizar seus blogs, redes sociais... Enfim, uma perfeita viciada em internet. Mas até que me seria útil. Ok, talvez essa simples – e esquisita – pesquisa, não a faça imaginar que eu esteja louca.
- Tudo bem. – suspirei em rendição, mas não era como se eu fosse conseguir convencê-la a mudar de ideia. Essa era teimosa feito uma mula.
Ela sorriu.
- Ok, papai, pode nos deixar na biblioteca pública da cidade. E, não se preocupe, se se sentir mal novamente eu te ligo no mesmo instante!
- É bom que ligue mesmo – resmungou. Eu sorri. Ele sempre teve um carinho enorme por mim, e agora não era diferente, mas, apesar da familiaridade, eu ainda me sentia deslocada.
Não demorou muito para que ele nos deixasse na biblioteca, resmungando várias vezes para que eu aceitasse ir ao médico, mas apenas garanti que nem estava me sentindo mal mais – apesar da dor de cabeça que sentia e o enorme buraco instalado em minhas memórias.
- Então, sobre o que é essa pesquisa? – Diana perguntou, assim que entramos na biblioteca.
- Sobre lendas. Lendas do Submundo. Procure algo como... Híbridos.
Ela arregalou os olhos, estranhando.
- Que tipo de projeto é esse que você está preparando?!
- Er... Logo você vai entender, agora vai logo!
- Espera aí, mas que tipo de híbridos eu procuro? Hibrido do que?
Pensei um pouco e suspirei, sem nenhuma ideia do que poderia ser. Cavei no mais profundo de minha memória e senti minha cabeça latejar mais do que antes, surgindo com algumas memórias estranhas... Não memórias, mas sim meus pensamentos quanto a algo... Não entendi muito bem, mas isso me ajudou a dar uma resposta certa à Diana.
- Hibrido de vampiro e lobo – respondi confiante, fazendo-a franzir o cenho, confusa, mas assentir de qualquer forma, afastando-se.
Suspirei e caminhei até uns livros antigos nas prateleiras, enquanto ela abria o notebook e procurava no Google. Quanto tempo será que teríamos para essa pesquisa? A biblioteca fecha, se não me engano, às 16h30min e agora devia ser umas... Olhei para meu pulso e arregalei os olhos. Onde estava meu relógio? Ah, ele foi tão caro! Quando que o perdi que não vi?
Outra lembrança surgiu em minha mente, não muito nítida, de alguém me agarrando pelo pulso fortemente, e meu coração acelerou de pavor. O que diabos havia me acontecido? Por que alguém me seguraria tão agressivamente?
Suspirei e passei as mãos pelo cabelo, tentando me acalmar. Ok, talvez seja apenas minha imaginação maluca. É, definitivamente estou começando a ficar louca.
Bufei e levei o olhar até a enorme janela de vidro da biblioteca, tentando deduzir que horas seriam. Porém, um par de olhos azuis me observando me fez perder completamente o fôlego e a linha de raciocínio.
Antes que eu pudesse deixar suas feições – estranhamente familiares – fixas em minha mente, um ônibus passou à sua frente e, depois, não havia mais ninguém ali. Desapareceu. Feito mágica. Feito... Um fantasma. Me escorei numa das prateleiras e respirei aceleradamente, sentindo o coração na garganta.
Apesar de parecer surreal de mais uma pessoa desaparecer em apenas um segundo, de uma coisa eu tinha certeza... Aquele sorriso torto e malicioso não fora fruto de minha imaginação.
- , o que há com você? – perguntou.
- Só estou... Me sentindo mal – murmurei, não tendo certeza se seria certo contar toda a verdade. Mesmo sendo minha melhor amiga de toda a vida, ela me acharia louca com todos esses pensamentos insanos, não?
- Desmaiou, está se sentindo mal... Desde quando começou a se sentir assim? – perguntou desconfiada, e se ela não soubesse que eu era uma garota comportada, eu poderia ter me ofendido.
- Não sei, foi repentino. Mas não dê tanta importância, aposto que logo isso passa.
- Mas ainda acho melhor leva-la ao hospital – disse o pai de Diana, preocupado. – E ligar para sua mãe.
- Não. Já estou me sentindo bem melhor – menti, com medo de que preocupassem minha mãe, ela era muito neurótica. – Além disso, tenho que ir à biblioteca... Fazer uma pesquisa.
- Mas que pesquisa? – indagou Diana.
- Er... Para um projeto que estou preparando – menti. A verdade era que eu tinha que entender mais o que acontecia comigo, e se minha mente me deu uma brecha para entender isso com aquilo de “lenda do Submundo”, eu não hesitaria em pesquisar para saber o que acontecia.
- Eu vou com você, não tenho nada para fazer mesmo.
- Nã...
- Ah, nem vem, você me deu um bolo, depois me fez ficar preocupada com aquele desmaio e ainda quer me deixar para trás? Não senhora. Além disso, estou com meu notebook na mochila talvez seja útil.
Revirei os olhos. Diana e esse seu apego pelo computador. Onde quer que fosse o levava na bolsa, para sempre que tivesse um tempo livre pudesse atualizar seus blogs, redes sociais... Enfim, uma perfeita viciada em internet. Mas até que me seria útil. Ok, talvez essa simples – e esquisita – pesquisa, não a faça imaginar que eu esteja louca.
- Tudo bem. – suspirei em rendição, mas não era como se eu fosse conseguir convencê-la a mudar de ideia. Essa era teimosa feito uma mula.
Ela sorriu.
- Ok, papai, pode nos deixar na biblioteca pública da cidade. E, não se preocupe, se se sentir mal novamente eu te ligo no mesmo instante!
- É bom que ligue mesmo – resmungou. Eu sorri. Ele sempre teve um carinho enorme por mim, e agora não era diferente, mas, apesar da familiaridade, eu ainda me sentia deslocada.
Não demorou muito para que ele nos deixasse na biblioteca, resmungando várias vezes para que eu aceitasse ir ao médico, mas apenas garanti que nem estava me sentindo mal mais – apesar da dor de cabeça que sentia e o enorme buraco instalado em minhas memórias.
- Então, sobre o que é essa pesquisa? – Diana perguntou, assim que entramos na biblioteca.
- Sobre lendas. Lendas do Submundo. Procure algo como... Híbridos.
Ela arregalou os olhos, estranhando.
- Que tipo de projeto é esse que você está preparando?!
- Er... Logo você vai entender, agora vai logo!
- Espera aí, mas que tipo de híbridos eu procuro? Hibrido do que?
Pensei um pouco e suspirei, sem nenhuma ideia do que poderia ser. Cavei no mais profundo de minha memória e senti minha cabeça latejar mais do que antes, surgindo com algumas memórias estranhas... Não memórias, mas sim meus pensamentos quanto a algo... Não entendi muito bem, mas isso me ajudou a dar uma resposta certa à Diana.
- Hibrido de vampiro e lobo – respondi confiante, fazendo-a franzir o cenho, confusa, mas assentir de qualquer forma, afastando-se.
Suspirei e caminhei até uns livros antigos nas prateleiras, enquanto ela abria o notebook e procurava no Google. Quanto tempo será que teríamos para essa pesquisa? A biblioteca fecha, se não me engano, às 16h30min e agora devia ser umas... Olhei para meu pulso e arregalei os olhos. Onde estava meu relógio? Ah, ele foi tão caro! Quando que o perdi que não vi?
Outra lembrança surgiu em minha mente, não muito nítida, de alguém me agarrando pelo pulso fortemente, e meu coração acelerou de pavor. O que diabos havia me acontecido? Por que alguém me seguraria tão agressivamente?
Suspirei e passei as mãos pelo cabelo, tentando me acalmar. Ok, talvez seja apenas minha imaginação maluca. É, definitivamente estou começando a ficar louca.
Bufei e levei o olhar até a enorme janela de vidro da biblioteca, tentando deduzir que horas seriam. Porém, um par de olhos azuis me observando me fez perder completamente o fôlego e a linha de raciocínio.
Antes que eu pudesse deixar suas feições – estranhamente familiares – fixas em minha mente, um ônibus passou à sua frente e, depois, não havia mais ninguém ali. Desapareceu. Feito mágica. Feito... Um fantasma. Me escorei numa das prateleiras e respirei aceleradamente, sentindo o coração na garganta.
Apesar de parecer surreal de mais uma pessoa desaparecer em apenas um segundo, de uma coisa eu tinha certeza... Aquele sorriso torto e malicioso não fora fruto de minha imaginação.
Capítulo 19 – Clau
POV Will
Que dura a minha função vigiar aquela que me deixa louco. Foi assim com Eleonora, linda, singela, casta... Até que ela se apaixonou por Nathan, esse ser inescrupuloso que se aproveitou da ingenuidade dessa donzela e a tomou para si.
Mas engana-se quem achou que me dei por vencido, a hipnotizei e fiz dela minha, pude não ser o primeiro, mas fui o seu último com absoluta certeza.
Me vinguei de Nathan e ao mesmo tempo tive em meus braços aquela que mais amava. Agora estou aqui dando uma de babá da reencarnação daquela que um dia tanto amei e odiei na mesma intensidade.
Vê-la naquele parque foi como levar um soco no meu estômago, seus olhos tinham o mesmo brilho e cor de sua última encarnação e atraí-la foi tão fácil que mais parecia que estava tirando doce de criancinha. Como sempre ela continua nesta vida tão altruísta que tinha certeza que ela me seguiria para me dar o celular perdido... Tão previsível...
Agora estou aqui incumbido de vigiá-la e protegê-la daqueles que querem nos impedir de encontrar o pergaminho que é a chave para a quebra da maldição, só que ficar tão próximo a ela sem tocá-la é muito difícil para mim, e pelo visto para Nathan também, já que ele não conseguiu se afastar dela também. Será que ele realmente a amava? Nãããão. Ele não era capaz de amar uma só mulher. Ele sempre teve qualquer uma que quisesse e Eleonora era só mais um troféu de conquista na sua prateleira. Ela, um dia, mais cedo ou mais tarde, descobriria seu real valor na vida daquele Lobo e se decepcionaria.
Pelo menos era assim que eu gostava de imaginar que seria a realidade, pelo menos justificava a minha ação de hipnotizá-la forçando a me adorar e ficar comigo e abafar o que ela sentia pelo Lobo fétido. Era por uma boa causa, pelo menos ela não sofreria depois. Eu nunca a abandonaria.
Estava tão absorto em meus pensamentos que fiquei parado olhando para a biblioteca sem nem ao menos esconder-me. Quando dei por mim lá estava ela me olhando pela grande janela com uma cara de assustada, que me cortaria o coração, se tivesse um batendo no peito ainda.
Acho que tinha exagerado na maneira de tratá-la com desprezo, fazendo com que ela tivesse medo de mim. Isso era nítido naquele rosto lindo e assustado.
Seria melhor assim, ela realmente deveria se manter longe desse submundo se quisesse ter uma chance de viver e curtir a normalidade do mundo que hoje ela conhece.
Nessa fração de segundo percebi um ônibus vindo à minha direção, então resolvi me tornar “invisível”, correndo para a penumbra de um beco abandonado próximo dali. Resolvi então, me tornar mais cauteloso e acompanhá-la de longe, já que há muito em jogo e sua vida é muito preciosa para que a tornemos muito visível e consequentemente vulnerável. Se ela conseguir desvendar o segredo do pergaminho, estaremos à salvo e poderemos “viver” em paz, com nosso segredo totalmente seguro.
Fui embora pensando em avisar Nathan, para que ele assuma agora o turno de Salvador da Pátria, ou melhor, da .
Mas engana-se quem achou que me dei por vencido, a hipnotizei e fiz dela minha, pude não ser o primeiro, mas fui o seu último com absoluta certeza.
Me vinguei de Nathan e ao mesmo tempo tive em meus braços aquela que mais amava. Agora estou aqui dando uma de babá da reencarnação daquela que um dia tanto amei e odiei na mesma intensidade.
Vê-la naquele parque foi como levar um soco no meu estômago, seus olhos tinham o mesmo brilho e cor de sua última encarnação e atraí-la foi tão fácil que mais parecia que estava tirando doce de criancinha. Como sempre ela continua nesta vida tão altruísta que tinha certeza que ela me seguiria para me dar o celular perdido... Tão previsível...
Agora estou aqui incumbido de vigiá-la e protegê-la daqueles que querem nos impedir de encontrar o pergaminho que é a chave para a quebra da maldição, só que ficar tão próximo a ela sem tocá-la é muito difícil para mim, e pelo visto para Nathan também, já que ele não conseguiu se afastar dela também. Será que ele realmente a amava? Nãããão. Ele não era capaz de amar uma só mulher. Ele sempre teve qualquer uma que quisesse e Eleonora era só mais um troféu de conquista na sua prateleira. Ela, um dia, mais cedo ou mais tarde, descobriria seu real valor na vida daquele Lobo e se decepcionaria.
Pelo menos era assim que eu gostava de imaginar que seria a realidade, pelo menos justificava a minha ação de hipnotizá-la forçando a me adorar e ficar comigo e abafar o que ela sentia pelo Lobo fétido. Era por uma boa causa, pelo menos ela não sofreria depois. Eu nunca a abandonaria.
Estava tão absorto em meus pensamentos que fiquei parado olhando para a biblioteca sem nem ao menos esconder-me. Quando dei por mim lá estava ela me olhando pela grande janela com uma cara de assustada, que me cortaria o coração, se tivesse um batendo no peito ainda.
Acho que tinha exagerado na maneira de tratá-la com desprezo, fazendo com que ela tivesse medo de mim. Isso era nítido naquele rosto lindo e assustado.
Seria melhor assim, ela realmente deveria se manter longe desse submundo se quisesse ter uma chance de viver e curtir a normalidade do mundo que hoje ela conhece.
Nessa fração de segundo percebi um ônibus vindo à minha direção, então resolvi me tornar “invisível”, correndo para a penumbra de um beco abandonado próximo dali. Resolvi então, me tornar mais cauteloso e acompanhá-la de longe, já que há muito em jogo e sua vida é muito preciosa para que a tornemos muito visível e consequentemente vulnerável. Se ela conseguir desvendar o segredo do pergaminho, estaremos à salvo e poderemos “viver” em paz, com nosso segredo totalmente seguro.
Fui embora pensando em avisar Nathan, para que ele assuma agora o turno de Salvador da Pátria, ou melhor, da .
Capítulo 20 – Déh
Eu corria, corria o máximo que podia. As arvores passavam por mim como borrões, aquilo estava me deixando tonta, eu não era preparada pra correr tanto, embora pudesse fazê-lo mais do que um humano qualquer. Eu tinha sido treinada para isto, desde pequena, desde quando sai do ventre da minha mãe haviam eles em volta de mim, dizendo que eu devia ser preparada, que eu deveria saber me proteger.
"Ela é a salvação, só ela pode acabar com esta maldição!" era o que os oráculos diziam e só agora eu entendia o porque. Mas eu tinha fracassado... Fracassado! Não mereci a confiança de Nathan, eu me deixei levar por Willian e agora eu corria para tentar salvar um ultimo resquício de esperança. Eu esperava, no fundo do meu coração, que ainda tivéssemos chance, que a maldição fosse quebrada em algum tempo. Porque eu não ia mais conseguir, eu não podia mais...
Eu corria pela floresta escura, eu tinha que fugir deles e esconder aquilo que eu carregava. Eles não podiam saber daquele segredo, eu morreria, mas os Tenebrus não colocariam as mãos naquilo! Era o mínimo que eu poderia fazer diante do meu fracasso.
Eu já sabia onde esconderia. Fui até lá, rasgando meu vestido nas pedras enquanto escalava o morro. A caverna era profunda e úmida, havia limbo por toda parte, deixando meu caminho escorregadio. Minhas botas ficaram verdes. Algum lugar ali, eu tinha que esconder em algum lugar ali! Apertei a caixa de madeira tão preciosa em minhas mãos. Eu teria de enterrar!
Um cheiro ruim veio de repente, um arrepio me estremeceu o corpo. Eram eles, os Tenebrus, eles iriam me encontrar... Me matar! Meu coração se acelerou, eu corri e fiz logo o que tinha que fazer.
Saí dali o mais rápido que pude, dei mil voltas por aquela floresta, para despistá-los do lugar certo. Eles estavam cada vez mais próximos e eu cada vez mais longe do esconderijo.
Eu tinha que arrumar um jeito de deixar um recado, um sinal de onde eu escondi para que outros pudessem achar...
Mas não houve tempo, eles me cercaram de repente, o fedor se espalhando, seus olhos asquerosos me paralisando. Eu não poderia fugir... não mais...
A única coisa que eu consegui me lembrar foi do calor do corpo de Nathan na nossa noite de amor... Foi a ultima...
"Te amo" ... Pensei, para depois sentir dor por cada célula de meu corpo... Era o fim...
"Ela é a salvação, só ela pode acabar com esta maldição!" era o que os oráculos diziam e só agora eu entendia o porque. Mas eu tinha fracassado... Fracassado! Não mereci a confiança de Nathan, eu me deixei levar por Willian e agora eu corria para tentar salvar um ultimo resquício de esperança. Eu esperava, no fundo do meu coração, que ainda tivéssemos chance, que a maldição fosse quebrada em algum tempo. Porque eu não ia mais conseguir, eu não podia mais...
Eu corria pela floresta escura, eu tinha que fugir deles e esconder aquilo que eu carregava. Eles não podiam saber daquele segredo, eu morreria, mas os Tenebrus não colocariam as mãos naquilo! Era o mínimo que eu poderia fazer diante do meu fracasso.
Eu já sabia onde esconderia. Fui até lá, rasgando meu vestido nas pedras enquanto escalava o morro. A caverna era profunda e úmida, havia limbo por toda parte, deixando meu caminho escorregadio. Minhas botas ficaram verdes. Algum lugar ali, eu tinha que esconder em algum lugar ali! Apertei a caixa de madeira tão preciosa em minhas mãos. Eu teria de enterrar!
Um cheiro ruim veio de repente, um arrepio me estremeceu o corpo. Eram eles, os Tenebrus, eles iriam me encontrar... Me matar! Meu coração se acelerou, eu corri e fiz logo o que tinha que fazer.
Saí dali o mais rápido que pude, dei mil voltas por aquela floresta, para despistá-los do lugar certo. Eles estavam cada vez mais próximos e eu cada vez mais longe do esconderijo.
Eu tinha que arrumar um jeito de deixar um recado, um sinal de onde eu escondi para que outros pudessem achar...
Mas não houve tempo, eles me cercaram de repente, o fedor se espalhando, seus olhos asquerosos me paralisando. Eu não poderia fugir... não mais...
A única coisa que eu consegui me lembrar foi do calor do corpo de Nathan na nossa noite de amor... Foi a ultima...
"Te amo" ... Pensei, para depois sentir dor por cada célula de meu corpo... Era o fim...
_ Ah! - Eu gritei, me levantando bruscamente e olhando para o lado. Ainda esperava encontrar a floresta escura e fria ao meu redor... Mas não havia nada, era só um sonho, o mesmo sonho de quase duas semanas!
Depois daquele maldito dia no parque eu não consegui ter uma noite de paz, estes sonhos e visões estranhas ficavam me atormentando. Uma coisa ficava rondando minha cabeça, provocando um zumbido de abelha irritante: "Submundo, submundo... lenda do submundo" ... Eu havia enlouquecido!
Para variar, minha mãe, minha preciosa mãe havia decidido me levar a um psicólogo depois que a Diana, boca aberta, deixou "escapar" que eu estava que nem doida pesquisando sobre coisas sobrenaturais na internet e nas bibliotecas da cidade! Eu ainda estava com vontade de matá-la depois disto!
Mas talvez eu tivesse ficado louca mesmo! Talvez eu devesse ir direto para o hospício ao invés do psicólogo!
Tinha vezes que eu podia jurar que tinha alguém no meu quarto de noite, me observando. A todo o momento eu sentia um olhar cravado nas minhas costas. Uma vez eu acordei com a sensação maluca de que tinha sido beijada por lábios quentes. E não tinha sido sonho não! Eu acordei justamente por causo do calor na minha boca, dava até pra sentir um gosto bom, que parecia que eu já conhecia... Mas eu olhava ao redor e nada! NÃO HA-VIA NA-DA!
E agora este sonho! Eu tinha certeza, certeza que aquilo não era só um sonho, eu sentia aquilo tão de dentro e eu via mãos que não pareciam as minhas cavando a terra, mas no sonho era como se fossem minhas mesmo. Eu acordava com a sensação de que aquela era uma lembrança viva, não um pesadelo sem noção!
Eu me sentei na cama e respirei fundo, tentando por minha cabeça em ordem. O que eu deveria fazer?
De repente a certeza me veio mais rápido do que o esperado, me fazendo saltar apressada da cama.
Eu, , tinha que desvendar este mistério! Eu tinha certeza que não eram apenas sonhos.
E eu já sabia por onde começar! A escola que se danasse, hoje eu ia tirar esta história a limpo!
Depois daquele maldito dia no parque eu não consegui ter uma noite de paz, estes sonhos e visões estranhas ficavam me atormentando. Uma coisa ficava rondando minha cabeça, provocando um zumbido de abelha irritante: "Submundo, submundo... lenda do submundo" ... Eu havia enlouquecido!
Para variar, minha mãe, minha preciosa mãe havia decidido me levar a um psicólogo depois que a Diana, boca aberta, deixou "escapar" que eu estava que nem doida pesquisando sobre coisas sobrenaturais na internet e nas bibliotecas da cidade! Eu ainda estava com vontade de matá-la depois disto!
Mas talvez eu tivesse ficado louca mesmo! Talvez eu devesse ir direto para o hospício ao invés do psicólogo!
Tinha vezes que eu podia jurar que tinha alguém no meu quarto de noite, me observando. A todo o momento eu sentia um olhar cravado nas minhas costas. Uma vez eu acordei com a sensação maluca de que tinha sido beijada por lábios quentes. E não tinha sido sonho não! Eu acordei justamente por causo do calor na minha boca, dava até pra sentir um gosto bom, que parecia que eu já conhecia... Mas eu olhava ao redor e nada! NÃO HA-VIA NA-DA!
E agora este sonho! Eu tinha certeza, certeza que aquilo não era só um sonho, eu sentia aquilo tão de dentro e eu via mãos que não pareciam as minhas cavando a terra, mas no sonho era como se fossem minhas mesmo. Eu acordava com a sensação de que aquela era uma lembrança viva, não um pesadelo sem noção!
Eu me sentei na cama e respirei fundo, tentando por minha cabeça em ordem. O que eu deveria fazer?
De repente a certeza me veio mais rápido do que o esperado, me fazendo saltar apressada da cama.
Eu, , tinha que desvendar este mistério! Eu tinha certeza que não eram apenas sonhos.
E eu já sabia por onde começar! A escola que se danasse, hoje eu ia tirar esta história a limpo!
Capítulo 21 – Jess
Tirei o pijama rapidamente e procurei por algo que pudesse me aquecer nas ruas frias, tão tarde da madrugada. Poderia até pegar o carro da minha mãe, mas não queria explicar porque estava saindo antes que o sol nascesse. Isso só a faria achar que estou realmente psicótica.
- Vou naquela droga de parque, sei que aquela caverna é real e que ainda esta lá. – murmurei sozinha, enquanto vestia uma camiseta larga.
- Você não vai. – aquela voz firme me fez estancar automaticamente.
Estava de costas, petrificada. Eu sabia que ele não existia só em meus sonhos, mas definitivamente, não estava pronta para ficar cara a cara com meu salvador. Senti uma mão em minha cintura alguns segundos depois. Aquele calor me fez perder o medo, então me virei lentamente.
- Eu sabia!
Sussurrei ainda surpresa. Ele era tão lindo, alto e forte. Seus olhos sagazes, aquela postura protetora. Ainda melhor do que em meus sonhos.
- Se voltar até aquele lugar, não poderei cuidar de sua segurança.
- Segurança? – parei de admirá-lo e franzi a testa. – Do que está falando?
Ele abaixou a cabeça e suspirou longamente. Cruzei os braços e bati o pé no chão repetidamente, aquela calma dele estava me tirando do sério. Mas isso mudou quando o rapaz foi erguendo o rosto devagar, se demorando em minhas pernas nuas. Enrubesci de maneira assustadoramente embaraçosa.
- Não se lembra de muita coisa, não é mesmo? – ele deu um meio sorriso. – Existem pessoas querendo te matar, estou aqui para assegurar que você viva.
- O que? – balancei a cabeça, prendendo o riso. – Olha, eu sei que você é diferente, sei que não é totalmente humano... Eu lembro um pouco mais a cada vez que sonho contigo. Mas... Eu não tenho nada haver com isso. Sou uma garota normal, com notas medianas, nenhum namorado, certa propensão à loucura e só.
- Não, não é uma garota comum. Você é a reencarnação de Eleonora, uma mulher que tinha certos... Poderes. Em breve também desenvolverá seus dons, faz parte da profecia.
- Dons? Profecia? Tá ficando louco? – tinha certeza absoluta que minha voz havia se elevado alguns oitavos.
- Minha missão inicial era te matar, . Você tem a chave para destruir todo o mundo sobrenatural. Vampiros, licantropos, metamorfos, fadas, feiticeiros. Eu estou incluído nesse meio, e mesmo assim não... Não conseguirei te fazer qualquer mal. Então mudei de lado, de agora em diante, te protegerei.
- Eu não sei se você sabe, mas ainda estou no ensino médio, não estou pronta para lutar contra o mundo. – Soltei uma risada nervosa, que veio acompanhada de uma vontade terrível de roer as unhas.
- É contra o submundo que vai declarar guerra. O relógio já está rodando, falta pouco para completar seus 18 anos.
- E o que tem essa idade? – arregalei os olhos, apreensiva.
- É o seu despertar.
- Vou naquela droga de parque, sei que aquela caverna é real e que ainda esta lá. – murmurei sozinha, enquanto vestia uma camiseta larga.
- Você não vai. – aquela voz firme me fez estancar automaticamente.
Estava de costas, petrificada. Eu sabia que ele não existia só em meus sonhos, mas definitivamente, não estava pronta para ficar cara a cara com meu salvador. Senti uma mão em minha cintura alguns segundos depois. Aquele calor me fez perder o medo, então me virei lentamente.
- Eu sabia!
Sussurrei ainda surpresa. Ele era tão lindo, alto e forte. Seus olhos sagazes, aquela postura protetora. Ainda melhor do que em meus sonhos.
- Se voltar até aquele lugar, não poderei cuidar de sua segurança.
- Segurança? – parei de admirá-lo e franzi a testa. – Do que está falando?
Ele abaixou a cabeça e suspirou longamente. Cruzei os braços e bati o pé no chão repetidamente, aquela calma dele estava me tirando do sério. Mas isso mudou quando o rapaz foi erguendo o rosto devagar, se demorando em minhas pernas nuas. Enrubesci de maneira assustadoramente embaraçosa.
- Não se lembra de muita coisa, não é mesmo? – ele deu um meio sorriso. – Existem pessoas querendo te matar, estou aqui para assegurar que você viva.
- O que? – balancei a cabeça, prendendo o riso. – Olha, eu sei que você é diferente, sei que não é totalmente humano... Eu lembro um pouco mais a cada vez que sonho contigo. Mas... Eu não tenho nada haver com isso. Sou uma garota normal, com notas medianas, nenhum namorado, certa propensão à loucura e só.
- Não, não é uma garota comum. Você é a reencarnação de Eleonora, uma mulher que tinha certos... Poderes. Em breve também desenvolverá seus dons, faz parte da profecia.
- Dons? Profecia? Tá ficando louco? – tinha certeza absoluta que minha voz havia se elevado alguns oitavos.
- Minha missão inicial era te matar, . Você tem a chave para destruir todo o mundo sobrenatural. Vampiros, licantropos, metamorfos, fadas, feiticeiros. Eu estou incluído nesse meio, e mesmo assim não... Não conseguirei te fazer qualquer mal. Então mudei de lado, de agora em diante, te protegerei.
- Eu não sei se você sabe, mas ainda estou no ensino médio, não estou pronta para lutar contra o mundo. – Soltei uma risada nervosa, que veio acompanhada de uma vontade terrível de roer as unhas.
- É contra o submundo que vai declarar guerra. O relógio já está rodando, falta pouco para completar seus 18 anos.
- E o que tem essa idade? – arregalei os olhos, apreensiva.
- É o seu despertar.
Capítulo 22 – Déh
Balancei minha cabeça... Apertei e cocei meus olhos! Lentamente os abri, primeiro um e depois o outro. Desisto! Era real, não havia nada que pudesse me convencer que aquele lindo homem a minha frente era uma ilusão. Ele me olhava seriamente, suas íris negras mais pareciam adagas na minha direção, perfurando até minha alma.
_ O que você está me dizendo? - eu sussurrei. De alguma forma aquilo que ele disse me fez estremecer por dentro, como se algo se convulsionasse, ansiando por libertação. Ele disse "o seu despertar" como evocasse algo... Ou chamasse alguém!
No olhar dele eu encontrei um tipo de esperança que me angustiou e que pareceu ser muito errado que estivéssemos a centímetros de distância. Não perecia certo haver qualquer tipo de distância entre nós.
_ Eu estou dizendo que a vida normal de estudante americana, preenchendo fichas de admissão de universidade, não é sua Samantah. Você é muito mais do que isto, tem muito mais importância do que isto, sua vida é mais preciosa e seu coração tem caminhos mais profundos que o de qualquer jovem humana.
Ele disse, seus olhos sempre intensos... E a voz... Ah aquela voz! Era quente, envolvia minha cabeça em uma nuvem de sedução... Uma voz rouca e grave que me fazia arrepios constantes percorrer minha pele. Eu não conseguia pensar com ele agindo desta forma.
_ Quem é você? - minha voz saiu mais firme do que pensei que sairia diante do meu estado emocional e mental ... Tão confuso.
Ele suspirou, deu um passo a frente. Ele ergueu a mão forte e grande em minha direção me fazendo encolher. Delicadamente seus dedos deslizaram pela pele do meu rosto, deixando uma trilha férvida que parecia querer me consumir. Sorriu e eu engoli em seco.
_ É uma pena que você não se lembre... Mas você vai se lembrar, Samantah... Já está começando, você se lembrará de tudo e eu prometo que iremos continuar... - sua boca se encostou em minha orelha - .... De onde paramos...
Eu me afastei, assustada com o teor que senti naquela promessa. Havia algo erótico... E havia algo amoroso, profundamente amoroso...
_ Isto não é uma resposta satisfatória! Aliás, você não me deu nenhuma merda de resposta satisfatória sequer! - Eu rugi de repente, minha voz a beira do histerismo. Tudo aquilo acabou me enervando. Ele... Sei lá que nome tinha aquele imbecil impertinente, misterioso e gostoso... Suspendeu as sobrancelhas e me olhou com surpresa. - E que motivo eu tenho para fazer o que você me pediu então? Eu preciso descobrir o que me atormenta e se eu sinto que tenho que ir aquela caverna pra isto, é pra lá que eu vou!
Virei as costas, e segui marchando em direção ao carro a despeito de tudo. Eu acabei decidindo pegar o carro da minha mãe escondido, a noite estava muito fria e ela não ia acordar tão cedo. Eu teria tempo.
Mas ele agarrou minha cintura e senti minhas costas se chocaram contra seu peito. Ele circundou seus braços ao meu redor e sua voz saiu como um rugido ameaçador, animalesco.
_ Não! Você não vai!
Eu deveria ter medo, afinal ele era um homem, desconhecido, macabro, com certeza muito mais forte que eu. Mas eu apenas suspirei cansada.
_ Me deixe Nate... - Eu disse aquilo e estaquei. De onde aquele nome tinha vindo? Mas isto fez efeito imediato. Seus braços se afrouxaram e logo depois penderam, me libertando. Não olhei para trás, não procurei seus olhos novamente, com medo do que poderia encontrar. Peguei a chave do carro com mãos tremulas e enfiei na porta com dificuldade. Mas antes que eu pudesse entrar uma das mãos que antes estava na minha cintura agarrou minha nuca com firmeza, dedos se entranharam no meu cabelo e meu corpo foi virado para ele. Não tive tempo de respirar antes que lábios macios e másculos pressionassem os meus com desespero e... Saudade?
Meu corpo reagiu com espanto e algo mais. Meus poros protestaram, fazendo meus pelos se tornarem espécies de espinhos e se eriçarem dolorosamente. Meu coração batia forte fazendo um baque grave que quase me ensurdecia. Foi um segundo, só um segundo em que tentei assimilar o que acontecia antes de sentir uma língua quente se insinuar na divisão dos meus lábios despertando uma necessidade de ter o máximo que eu pudesse daquela boca. Separei os lábios com um suspiro e com um gemido ele levou a sua língua de encontro a minha.
Eu conhecia! Eu conhecia aquele sabor, eu conhecia aquela boca eu conhecia aquele beijo... E de repente tomei consciência do quanto aquele toque íntimo me fazia falta. O beijo durou menos do que eu queria... Ele separou nossos lábios e colou a testa na minha.
_ Não posso ir contra sua vontade... Nunca fui capaz disto... Mas tenha cuidado, não haverá ninguém para te defender onde você deseja ir... - Ele olhou nos meus olhos, franziu o cenho parecendo angustiado. - Lute pra viver! Nunca mais se deixe morrer!
A voz grave e revoltada da ultima frase ficou ecoando nos meus ouvidos enquanto eu encarava o vazio. Na minha frente não havia mais ninguém!
_ O que você está me dizendo? - eu sussurrei. De alguma forma aquilo que ele disse me fez estremecer por dentro, como se algo se convulsionasse, ansiando por libertação. Ele disse "o seu despertar" como evocasse algo... Ou chamasse alguém!
No olhar dele eu encontrei um tipo de esperança que me angustiou e que pareceu ser muito errado que estivéssemos a centímetros de distância. Não perecia certo haver qualquer tipo de distância entre nós.
_ Eu estou dizendo que a vida normal de estudante americana, preenchendo fichas de admissão de universidade, não é sua Samantah. Você é muito mais do que isto, tem muito mais importância do que isto, sua vida é mais preciosa e seu coração tem caminhos mais profundos que o de qualquer jovem humana.
Ele disse, seus olhos sempre intensos... E a voz... Ah aquela voz! Era quente, envolvia minha cabeça em uma nuvem de sedução... Uma voz rouca e grave que me fazia arrepios constantes percorrer minha pele. Eu não conseguia pensar com ele agindo desta forma.
_ Quem é você? - minha voz saiu mais firme do que pensei que sairia diante do meu estado emocional e mental ... Tão confuso.
Ele suspirou, deu um passo a frente. Ele ergueu a mão forte e grande em minha direção me fazendo encolher. Delicadamente seus dedos deslizaram pela pele do meu rosto, deixando uma trilha férvida que parecia querer me consumir. Sorriu e eu engoli em seco.
_ É uma pena que você não se lembre... Mas você vai se lembrar, Samantah... Já está começando, você se lembrará de tudo e eu prometo que iremos continuar... - sua boca se encostou em minha orelha - .... De onde paramos...
Eu me afastei, assustada com o teor que senti naquela promessa. Havia algo erótico... E havia algo amoroso, profundamente amoroso...
_ Isto não é uma resposta satisfatória! Aliás, você não me deu nenhuma merda de resposta satisfatória sequer! - Eu rugi de repente, minha voz a beira do histerismo. Tudo aquilo acabou me enervando. Ele... Sei lá que nome tinha aquele imbecil impertinente, misterioso e gostoso... Suspendeu as sobrancelhas e me olhou com surpresa. - E que motivo eu tenho para fazer o que você me pediu então? Eu preciso descobrir o que me atormenta e se eu sinto que tenho que ir aquela caverna pra isto, é pra lá que eu vou!
Virei as costas, e segui marchando em direção ao carro a despeito de tudo. Eu acabei decidindo pegar o carro da minha mãe escondido, a noite estava muito fria e ela não ia acordar tão cedo. Eu teria tempo.
Mas ele agarrou minha cintura e senti minhas costas se chocaram contra seu peito. Ele circundou seus braços ao meu redor e sua voz saiu como um rugido ameaçador, animalesco.
_ Não! Você não vai!
Eu deveria ter medo, afinal ele era um homem, desconhecido, macabro, com certeza muito mais forte que eu. Mas eu apenas suspirei cansada.
_ Me deixe Nate... - Eu disse aquilo e estaquei. De onde aquele nome tinha vindo? Mas isto fez efeito imediato. Seus braços se afrouxaram e logo depois penderam, me libertando. Não olhei para trás, não procurei seus olhos novamente, com medo do que poderia encontrar. Peguei a chave do carro com mãos tremulas e enfiei na porta com dificuldade. Mas antes que eu pudesse entrar uma das mãos que antes estava na minha cintura agarrou minha nuca com firmeza, dedos se entranharam no meu cabelo e meu corpo foi virado para ele. Não tive tempo de respirar antes que lábios macios e másculos pressionassem os meus com desespero e... Saudade?
Meu corpo reagiu com espanto e algo mais. Meus poros protestaram, fazendo meus pelos se tornarem espécies de espinhos e se eriçarem dolorosamente. Meu coração batia forte fazendo um baque grave que quase me ensurdecia. Foi um segundo, só um segundo em que tentei assimilar o que acontecia antes de sentir uma língua quente se insinuar na divisão dos meus lábios despertando uma necessidade de ter o máximo que eu pudesse daquela boca. Separei os lábios com um suspiro e com um gemido ele levou a sua língua de encontro a minha.
Eu conhecia! Eu conhecia aquele sabor, eu conhecia aquela boca eu conhecia aquele beijo... E de repente tomei consciência do quanto aquele toque íntimo me fazia falta. O beijo durou menos do que eu queria... Ele separou nossos lábios e colou a testa na minha.
_ Não posso ir contra sua vontade... Nunca fui capaz disto... Mas tenha cuidado, não haverá ninguém para te defender onde você deseja ir... - Ele olhou nos meus olhos, franziu o cenho parecendo angustiado. - Lute pra viver! Nunca mais se deixe morrer!
A voz grave e revoltada da ultima frase ficou ecoando nos meus ouvidos enquanto eu encarava o vazio. Na minha frente não havia mais ninguém!
Capítulo 23 – Baby
Assenti com a cabeça tentando lhe passar alguma tranquilidade, mas nem mesmo eu estava segura se eu conseguia me manter viva nesta aventura tão louca.
O dia ainda despontava lentamente no horizonte, fazendo com que o céu ainda tivesse uma tonalidade escura e sombria, carregada de nuvens. Meu passo acelerado acompanhava o ritmo dos batimentos do meu coração. Havia em mim uma urgência para entender tudo o que estava me acontecendo, mas ao mesmo tempo eu só queria que tudo isso não passasse de um estranho e louco pesadelo.
Poderes... Profecia... Submundo... O que eu tinha a ver com isso? Era exatamente isso que eu precisava descobrir. O que eu tinha a ver com esse mundo sobrenatural e como eu iria contribuir para destruí-lo.
Parei em frente ao bendito Parque em que eu desmaiara no outro dia. Envolvi meus dedos no portão enferrujado e empurrei o ferro, fazendo ranger as dobras, mas nem com toda a minha força ele se abria por completo. Forcei o meu corpo a passar pela fresta entre os portões e respirei fundo, pronta a desbravar todo aquele mistério.
Com passos calculados e a mente desperta para qualquer coisa de anormal que pudesse se atravessar à minha frente, caminhei em direção ao labirinto. Atravessar por ele deixava na minha pele um rastro úmido do orvalho matinal, mas mesmo assim não senti frio ou qualquer arrepio que me fizesse travar, apenas uma sensação incomoda de que aquilo era errado e que eu deveria voltar imediatamente para casa, no meu lar seguro, perto de Nate.
Mas então me lembrei da garota dos meus sonhos. Destemida e guerreira e busquei nela forças para continuar. Logo achei a passagem por entre as grades e segui o caminho que meus instintos guiavam.
Estava prestes a entrar numa gruta lúgubre quando senti uma presença negra e arrepiante perto de mim. Olhei em volta, mas tudo o que vi foram sombras que as árvores faziam no chão e pássaros voando baixo. O som que os animais faziam era tenebroso e fúnebre, como que se prevendo algo de ruim. Estremeci desencorajada a ficar ali mais um segundo sequer, mas minhas pernas não se moviam.
Então uma fumaça negra, intensa e densa, surgiu à minha frente, vinda de não sei onde e antes que eu pudesse saber no que aquela fumaça se ira tornar, mãos fortes e geladas me rodearam e me puxaram para dentro da gruta.
Não lutei ou tentei gritar. Estava petrificada demais para tomar uma atitude. Talvez eu não fosse tão brava ou lutadora quanto a garota dos meus sonhos, ou talvez fosse a familiaridade daquele cheiro e daquela moldura de corpo.
-Você não deveria de estar aqui! O idiota do cabeludo não sabe te proteger. É um trouxa! - William esbravejou tornando em minha mente, clara as lembranças apagadas sobre ele.
-Ele não podia me impedir de vir desvendar esse mistério que sonda minha mente. - Falei calma.
-Claro que podia! Era só te amarrar, porra! - Esbravejou. - Por pouco os Tenebrus não te descobriam! Sua essência está se tornando mais forte. - Ele falou me olhando como se eu fosse comida, quase salivando de desejo.
Dei dois passos para trás me afastando dele, mas ele sorriu sem humor.
-Eu sei onde está o pergaminho. - Falei despreocupada.
-Me diga onde está! - Pediu urgente, pegando em meu braço com força desnecessária.
-Não! Primeiro vocês têm de me explicar DIREITINHO toda essa história de submundo, guerra, despertar, híbridos, Tenebrus, reencarnação... E porque na primeira vez que aqui estive me fizeram acreditar que eu tinha mesmo de morrer, quando na verdade vocês me queriam bem viva para achar essa porra de pergaminho. - Falei decidida, cruzando os braços e olhando altiva para William.
-Eita que agora a coisa complicou. - Revirou os olhos.
-Estou esperando. - Exigi. -Melhor reunir a cambada. - Bufou inconformado, me pegando no colo e correndo numa velocidade anormal para dentro daquele casarão onde antes eu estivera aprisionada.
Capítulo 24- Raquel
-O que diabos você está fazendo com ela aqui, seu idiota?!- o velho assustador resmungou assim que eu e William entramos no casarão.
-Cansei dessa porra toda! Não aguento mais essa garota me fazendo perguntas que não sei até aonde posso responder. Ela está bem mais decidida, então se vamos precisar dela é melhor contarmos logo tudo de uma vez. -William soltou em resposta.
-Você só pode estar brincando!
-Não, Kenichi, ele tem razão. - Nate apareceu de repente. Primeiro ele me deu uma olhada de cima a baixo, como se quisesse verificar que eu ainda estava inteira, logo após passou a encarar o velhinho. -A personalidade dela já está começando a se sobrepor... Ela está despertando. Eu tenho certeza. - ele me deu mais uma olhada que ao mesmo tempo me deu arrepios internos, mas me trouxe uma satisfação que eu não sabia explicar da onde vinha.
Eu não estava entendendo o que estava se passando ali, não que isso seja novidade, e estava ficando cada vez mais irritada por isso. Os dois olhavam sérios para o senhor, e este lhes devolvia o olhar do mesmo modo. Após alguns instantes, ele suspirou e começou a coçar seu cavanhaque.
-Está bem.- começou a andar de um lado para o outro.- , você é a reencarnação de Eleanora, uma mulher com grandes poderes. Poderes estes capazes de um feito poderoso. Eleanora morreu tentando esconder um pergaminho muito especial. Nele contêm as citações capazes, no momento certo e pela pessoa certa, livrarmo-nos da grande maldição. Só uma pessoa especial como Eleanora, seria capaz de trazer á tona o poder contido naquelas citações. Caso, o pergaminho caia em mãos erradas, todos os seres sobrenaturais sucumbiram aos Tenebrus, e este será o fim do que você chama de mundo.
-Ta legal, você falou, falou, falou, mas pra mim não diz porra nenhuma! Explica isso direito. - pude ver de canto de olho, Nate segurando uma risada. O senhor Kenichi me olhou enfezado, entretanto, suspirou.
-Há muitos séculos atrás, houve uma grande briga entre os Deuses que teve como resultado a maldição e a criação de nossas existências: Vampiros, Lobos, Híbridos, Metamorfos, Fadas, Feiticeiros, entre outros seres sobrenaturais que você pode imaginar.-a partir dali que o velho começou a caducar... - A maldição...
O dia ainda despontava lentamente no horizonte, fazendo com que o céu ainda tivesse uma tonalidade escura e sombria, carregada de nuvens. Meu passo acelerado acompanhava o ritmo dos batimentos do meu coração. Havia em mim uma urgência para entender tudo o que estava me acontecendo, mas ao mesmo tempo eu só queria que tudo isso não passasse de um estranho e louco pesadelo.
Poderes... Profecia... Submundo... O que eu tinha a ver com isso? Era exatamente isso que eu precisava descobrir. O que eu tinha a ver com esse mundo sobrenatural e como eu iria contribuir para destruí-lo.
Parei em frente ao bendito Parque em que eu desmaiara no outro dia. Envolvi meus dedos no portão enferrujado e empurrei o ferro, fazendo ranger as dobras, mas nem com toda a minha força ele se abria por completo. Forcei o meu corpo a passar pela fresta entre os portões e respirei fundo, pronta a desbravar todo aquele mistério.
Com passos calculados e a mente desperta para qualquer coisa de anormal que pudesse se atravessar à minha frente, caminhei em direção ao labirinto. Atravessar por ele deixava na minha pele um rastro úmido do orvalho matinal, mas mesmo assim não senti frio ou qualquer arrepio que me fizesse travar, apenas uma sensação incomoda de que aquilo era errado e que eu deveria voltar imediatamente para casa, no meu lar seguro, perto de Nate.
Mas então me lembrei da garota dos meus sonhos. Destemida e guerreira e busquei nela forças para continuar. Logo achei a passagem por entre as grades e segui o caminho que meus instintos guiavam.
Estava prestes a entrar numa gruta lúgubre quando senti uma presença negra e arrepiante perto de mim. Olhei em volta, mas tudo o que vi foram sombras que as árvores faziam no chão e pássaros voando baixo. O som que os animais faziam era tenebroso e fúnebre, como que se prevendo algo de ruim. Estremeci desencorajada a ficar ali mais um segundo sequer, mas minhas pernas não se moviam.
Então uma fumaça negra, intensa e densa, surgiu à minha frente, vinda de não sei onde e antes que eu pudesse saber no que aquela fumaça se ira tornar, mãos fortes e geladas me rodearam e me puxaram para dentro da gruta.
Não lutei ou tentei gritar. Estava petrificada demais para tomar uma atitude. Talvez eu não fosse tão brava ou lutadora quanto a garota dos meus sonhos, ou talvez fosse a familiaridade daquele cheiro e daquela moldura de corpo.
-Você não deveria de estar aqui! O idiota do cabeludo não sabe te proteger. É um trouxa! - William esbravejou tornando em minha mente, clara as lembranças apagadas sobre ele.
-Ele não podia me impedir de vir desvendar esse mistério que sonda minha mente. - Falei calma.
-Claro que podia! Era só te amarrar, porra! - Esbravejou. - Por pouco os Tenebrus não te descobriam! Sua essência está se tornando mais forte. - Ele falou me olhando como se eu fosse comida, quase salivando de desejo.
Dei dois passos para trás me afastando dele, mas ele sorriu sem humor.
-Eu sei onde está o pergaminho. - Falei despreocupada.
-Me diga onde está! - Pediu urgente, pegando em meu braço com força desnecessária.
-Não! Primeiro vocês têm de me explicar DIREITINHO toda essa história de submundo, guerra, despertar, híbridos, Tenebrus, reencarnação... E porque na primeira vez que aqui estive me fizeram acreditar que eu tinha mesmo de morrer, quando na verdade vocês me queriam bem viva para achar essa porra de pergaminho. - Falei decidida, cruzando os braços e olhando altiva para William.
-Eita que agora a coisa complicou. - Revirou os olhos.
-Estou esperando. - Exigi. -Melhor reunir a cambada. - Bufou inconformado, me pegando no colo e correndo numa velocidade anormal para dentro daquele casarão onde antes eu estivera aprisionada.
Capítulo 24- Raquel
-O que diabos você está fazendo com ela aqui, seu idiota?!- o velho assustador resmungou assim que eu e William entramos no casarão.
-Cansei dessa porra toda! Não aguento mais essa garota me fazendo perguntas que não sei até aonde posso responder. Ela está bem mais decidida, então se vamos precisar dela é melhor contarmos logo tudo de uma vez. -William soltou em resposta.
-Você só pode estar brincando!
-Não, Kenichi, ele tem razão. - Nate apareceu de repente. Primeiro ele me deu uma olhada de cima a baixo, como se quisesse verificar que eu ainda estava inteira, logo após passou a encarar o velhinho. -A personalidade dela já está começando a se sobrepor... Ela está despertando. Eu tenho certeza. - ele me deu mais uma olhada que ao mesmo tempo me deu arrepios internos, mas me trouxe uma satisfação que eu não sabia explicar da onde vinha.
Eu não estava entendendo o que estava se passando ali, não que isso seja novidade, e estava ficando cada vez mais irritada por isso. Os dois olhavam sérios para o senhor, e este lhes devolvia o olhar do mesmo modo. Após alguns instantes, ele suspirou e começou a coçar seu cavanhaque.
-Está bem.- começou a andar de um lado para o outro.- , você é a reencarnação de Eleanora, uma mulher com grandes poderes. Poderes estes capazes de um feito poderoso. Eleanora morreu tentando esconder um pergaminho muito especial. Nele contêm as citações capazes, no momento certo e pela pessoa certa, livrarmo-nos da grande maldição. Só uma pessoa especial como Eleanora, seria capaz de trazer á tona o poder contido naquelas citações. Caso, o pergaminho caia em mãos erradas, todos os seres sobrenaturais sucumbiram aos Tenebrus, e este será o fim do que você chama de mundo.
-Ta legal, você falou, falou, falou, mas pra mim não diz porra nenhuma! Explica isso direito. - pude ver de canto de olho, Nate segurando uma risada. O senhor Kenichi me olhou enfezado, entretanto, suspirou.
-Há muitos séculos atrás, houve uma grande briga entre os Deuses que teve como resultado a maldição e a criação de nossas existências: Vampiros, Lobos, Híbridos, Metamorfos, Fadas, Feiticeiros, entre outros seres sobrenaturais que você pode imaginar.-a partir dali que o velho começou a caducar... - A maldição...
Aguardando Continuação...
Já do amando essa fic pois é bem diferente e original.
ResponderExcluirBjs
Ain nossa, eu tô tão orgulhosa que o Desafio virou fic!
ResponderExcluirE que tenha mto sucesso!!!!
Que idéia genial, transformar o desafio em fic. E merecido, pois a estória é magnífica. Também, com tantas mentes brilhantes trabalhando em conjunto só poderiam trazer à tona um enredo surpreendente. E a estória só mostra o quão harmoniosas as mentes estão... com certeza é sucesso na certa.
ResponderExcluirParabéns a todas as meninas!!! A fic está esplêndida.
Ameeei *-------* Ate queria ajudar a escreve - la mais pelo que eu vi so tem gente esperiente ai nem me arrisco u_u Mais a Fic ja esta incrivel *u*
ResponderExcluirAmeeei *-------* Ate queria ajudar a escreve - la mais pelo que eu vi so tem gente esperiente ai nem me arrisco u_u Mais a Fic ja esta incrivel *u*
ResponderExcluirEXTREMANENTE MISTERIOSA.....GOSTEI.....
ResponderExcluirNão precisa ter experiência, Invisible Girl e sim inspiração, criatividade e vontade de escrever!!!
ResponderExcluirAlgumas meninas que participaram não têm fics e esta foi a sua primeira experiência. Os textos são pequenos e não há obrigatoriedade, por isso vc pode soltar um monte de palavras num texto e esperar que alguém complete. Vai ver que irá criar gosto!
Estou amando!
ResponderExcluirEsse capítulo da Jess ficou mto maneiro!! Na verdade, o capítulo de todas estava (e ainda estão) perfeitos!!! Me doem um pouco dessa criatividade por favor. E eu nem to ansiosa para a próxima att COF COF mentira COF COF nem vou matar um caso demore demais COF COF outra mentira COF COF e por causa do tapa na cara que a Kelly me deu na att anterior, eu queria fazer um comentário maior SÓ QUE eu não quero dar pitaco e acabar fazendo vocês mudarem de idéia... Sla, não gosto de saber o que vai acontecer. Então, acho que é isso... Na próxima eu tento um comentário maior e boto alguma ameaça *risada maléfica* Mas por enquanto é só isso...
ResponderExcluirMutio bom, quero mais
ResponderExcluirAdorei a ideia.
ResponderExcluirIsso e d +
por favor n para
Ai meu Deus!!
ResponderExcluirA fic só melhora!!
Olha eu aqui,novata nos comentários heim...me chamem de Andy galera!
Tô louca pra próxima att...
Meninas, vcs estão arrasando e surpreendendo! Esse desafio está ficando TOP! Vcs são todas umas divas - incluindo eu, kkkkk
ResponderExcluirKisses da Baby
Essa fic tá muito perfeita (acho que já disse isso) eu quero mais!!! ATT! ATT! Acho qu estou sem criatividade para comentários grandes e ameaças... *cara triste*
ResponderExcluirADOREI!!!!
ResponderExcluirO capitulo de quando ela caiu da escada então... fiquei com o maior medo rsrsrs.
Quero mais!
POXA!!! como pára nessa hora??? Será que era Jake que tinha aparecido O.O kkkk
ResponderExcluirTo curiosa pra saber quem foi o cara q me ajudou a sair dali...Tenho que agradecer a ele! E essas aproximação hein? Acho q é o Nate! Resta saber se ele é bom ou mal... Postem logo meninas! bj
ResponderExcluirPor favor, posta outro capitulo. O que acontece com ela?Não aguento mais esperar
ResponderExcluirNem estou amanado tantas autoras maravilindas escrevendo a mesma fic né?! Só posso dizer que u7ma fã vocês já tem. Amando o desafio, super empolgante. Cada uma com o seu jeitinho de demonstrar as coisas, uma completando a outra e todas vocês me viciando u.u
ResponderExcluirParabéns girls ;D
*ooooooo* mto foda caraaaaaa!
ResponderExcluirEsse desafio é mega foda hahahaha
O Will quer transar cmg, mas e o Nate? Tem q ter um motivo para ele me querer viva "para sempre". Estou morrendo de curiosidade. Só queria pedir pras autoras escreverem os caps um tikinho maiores... Tem cap q n tem um quarto da pagina =/ Escrevam mais, plis *---* bjinhos e quero a continuação LOGO! hahaha
Vcs estão de parabéns acompanhando aqui *--*
ResponderExcluirSó eu fiquei mega confusa com essa att? Vei... na boa, sei nem o q comentar... acho q apagaram a minha memoria tbm hahahahahaha quero mais, bjs
ResponderExcluirEngraçado...O modo como o Will poe o q aconteceu, o modo como ele faz parecer q o Nate que é o filho da puta,mas ele quem age como um...
ResponderExcluirPostem mais, plis bjs
Eitaaaaaaaaaa Raquel, danadinha!! Deixou uma bomba pra mão da próxima autora hein??? Complicadis pra caramba criar uma lenda tão magnânima feito esta q vc deu "Indícios".
ResponderExcluirFicou bem clara a sua personalidade na PP, embora vc tenha escrito um trecho curto!
Amei!!!....
Quem será que continua agora???