9 de fevereiro de 2011

Sun or Moon

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Sun or Moon








Prologo




Naquele instante, olhando a luz da Lua nos iluminando, entendi o que sentia por aquele garoto sentado ao meu lado.
Assim como a Lua não possui luz própria, apenas reflete a luz do Sol, meus sentimentos por ele não passavam de um reflexo do imenso amor que eu sentia por Jacob.
Não adiantava buscar meu Jake naquele garoto de aparência tão parecida. Sua luz e calor eram únicas. O resto em comparação se tornava pálido e frio, como o luar que nos iluminava fracamente.

Capitulo 1





Cheguei na porta de casa e girei a chave e a maçaneta de leve. Entrei na pontinha dos pés. Olhei para o relógio da sala: três e meia da madrugada. Fechei a porta fazendo o mínimo de barulho possível. Mas meu esforço foi todo em vão. Quando me virei de volta para a sala percebi que minha mãe estava me esperando, sentada no sofá, com aquela cara de transtornada que ela ficava sempre que eu aprontava uma das minhas. Merda!

- , você sabe que horas são? Você acha justo deixar sua mãe sem dormir até uma hora dessas? São Três e meia!

- Não pedi para ninguém me esperar – respondi de forma mal educada.

- E você acha que eu iria conseguir dormir sabendo que você estava no meio da rua uma hora dessas, e ainda por cima numa cidade violenta como o Rio de Janeiro!

- Calma, mãe... Eu estava com meus amigos – comecei a me explicar, tentando manter a calma - Cheguei bem, não cheguei?! Então pronto, sem escândalo, pelo amor de Deus! – mas ultimamente tinha se tornado impossível me controlar, e a gente sempre acabava brigando em momentos como esse.

- Sabe qual é o seu problema? É a falta de um pai! Fiz o melhor que pude para criar você, mas acho que não foi o suficiente, você precisava mesmo era de um pulso firme aqui em casa, coisa que eu não te dei! – nesse momento eu me irritei de verdade, minha mãe tinha a mania de usar esse argumento para tentar me deixar culpada, mas acabava me irritando ainda mais.

- Não, não é esse o meu problema! Sabe qual é? Amanhã vou embora para uma merda de uma cidadezinha nos Estados Unidos, longe de tudo e de todos que eu amo, por um motivo qualquer que a senhora se nega a me explicar!

Não esperei minha mãe me responder. Saí correndo para o meu quarto, batendo a porta com força atrás de mim, mas ainda escutei ela dizendo “você vai entender, é para o seu bem”. Naquele momento só pensava que ela queria acabar com a minha vida.

Quando cheguei no meu quarto, percebi que meu corpo todo tremia. Encostei minhas mãos uma na outra e vi que também estavam muito quentes. Agora era assim, toda vez que eu ficava irritada com algo, sentia esses tremores e esse calor repentino. Na verdade, não era só isso que tinha mudado nos últimos tempos...

Sempre fui meio problemática, essa é a verdade. E também era verdade o que minha mãe dizia a respeito da falta do meu pai, apesar de eu não querer aceitar.

A história deles era muito bonita, mas muito triste também. Minha mãe, Regina Bluebird, é pesquisadora da UFRJ. Formada em História, com mestrado em História indígena e nativa da América, não sei por qual motivo, mas ela iniciou sua tese para o doutorado a respeito dos Índios Quileutes do Condado de Washington, nos Estados Unidos. Talvez as suas lendas lhe tivessem chamado atenção... O certo é que ela embarcou de mala e cuia para a reserva, onde passaria um ano coletando todos os dados possíveis. Mas o destino tinha reservado muito mais para ela...

Ao chegar na reserva, ela se apaixonou perdidamente por um dos chefes da tribo, Phill Bluebird, meu pai. Ele era lindo: alto, forte, cabelos negros, longos e lisos, pele acobreada, e olhos negros, vivos e inteligentes. Phill tinha ficado encarregado de auxiliá-la nas pesquisas, já que a tribo havia achado uma honra o trabalho da minha mãe, pois permitiria que o mundo conhecesse mais a sua história.

A cada dia que passava ao lado de Phil; a cada história que ele contava, sempre com tanto respeito e solenidade; toda vez que percebia seu jeito elegante de andar, ou a autoridade em sua voz; o cuidado com que tratava a natureza; a atenção que dedicava à minha mãe; cada vez mais ela se encantava por ele e por aquele lugar.

Sobre os sentimentos do meu pai não tenho muito a dizer, pois o que sei foi contado por minha mãe, mas, enfim, após seis meses de convívio, ambos se descobriram apaixonados e iniciaram um relacionamento.

Apesar das diferenças entre ambos, não só de origem, mas também físicas - minha mãe é loura, muito pálida e tem os olhos verdes - decidiram se casar. O conselho da tribo não fez objeção, e em pouco tempo eles viviam a época mais feliz de suas vidas. Minha mãe estava satisfeitíssima, como se vivesse em uma das muitas lendas que lera.

E quando pensavam que não podiam ser ainda mais felizes, eu nasci. Herdei os cabelos do meu pai e os olhos da minha mãe, meu tom de pele, bem, digamos que houve uma mistura de ambos.

Como nem tudo dura para sempre, principalmente quando se é tão perfeito, no meu aniversário de dois anos meu pai faleceu, atacado por um animal. Minha mãe ficou desolada, e só se recuperou, tenho certeza, porque tinha uma filha para criar. Não agüentando mais todas as recordações daquele lugar, ela voltou para o Brasil comigo, e nunca mais voltou à La Push.

Minha mãe não se envolveu com mais ninguém. Apesar de tudo, ela sempre me mostrava fotos de La Push, do meu pai, me contava todas as histórias deles e da tribo, da qual, “com muita honra eu descendia”, como ela sempre dizia. Acho que ela tentava fazer com que meu pai, de alguma forma, fosse presente em minha vida.

Na verdade, eu não sentia tanto quanto ela pensava a falta de um pai, já que não me recordava dele, ou da sensação de ter um, mas me acostumei aos mimos de minha mãe, que tentava suprir essa lacuna de qualquer forma.

Eu era uma criança bastante geniosa, como minha mãe sempre me falava, e como às vezes me recordo. Na adolescência as coisas pioraram um pouquinho. Mas de uns tempos pra cá se tornaram insuportáveis. Eu mesma já não me agüentava mais.

E não era só o meu humor que tinha mudado. Em questão de meses cresci 15 centímetros, tinha 1,75 m agora, e desenvolvi um corpo de mulher, nada correspondente à minha idade – 17 anos.

Coitada, da minha mãe... não sabia o que fazer. Vivia preocupada com as minhas saídas, monitorava as minhas companhias, xeretava as minhas conversas, o que só me deixava cada vez mais irritada. Até porque eu não fazia nada de errado, quer dizer, nada de mais.

Assim que toda essa “transformação” começou a acontecer, eu passei do anonimato para a popularidade em uma fração de segundos. As meninas do colégio tinham inveja, os meninos me paqueravam, e era tudo muito, muito esquisito.

De repente eu me tornei “linda” e passei a me dar bem nas aulas de educação física. Mas ao mesmo tempo me tornei ainda mais geniosa, e toda essa atenção só me irritava. Tinha suas vantagens, é claro, por exemplo quando eu ficava com o gato mais gato do colégio, mas só até ele agir como um idiota e eu quebrar o seu nariz com um saco, o que ocorreu hoje à noite.

Minhas amigas combinaram de fazer uma despedida para mim em uma boate badalada da cidade. Eu tinha apenas duas amigas de verdade, Manoela e Lany, todas as outras não suportaram minhas hostilidades e fugiram a tempo. Lany era a mais próxima a mim, e só de pensar que iríamos nos separar amanhã sentia um aperto no peito.

Um tempo depois de chegarmos à boate elas iniciaram uma conversa:

- , mulher, não acredito que você vai embora amanhã – disse Lany.

- É verdade, o que vai ser da gente sem todo esse bom humor e educação durante as manhãs? – brincou Manoela, irônica.

- Engraçadinha! Vocês já estão morrendo de saudades de mim, que eu sei! – e mostrei a língua para elas. Em seguida elas me lançaram um olhar meio suspeito e começaram o assunto.

- É o seguinte, como somos as melhores amigas do mundo preparamos uma surpresinha pra você – falou Manoela.

- É verdade! Imagina o que você mais tinha vontade de fazer, mas não teve coragem durante esse ano – perguntou Lany.

- Gente, se eu matar a Érika talvez eu não consiga embarcar pra os Estados Unidos amanhã – respondi sarcástica – mas talvez essa seja uma idéia brilhante! - Érika era uma cretina que vivia me difamando pelo colégio por ter perdido alguns admiradores por minha causa. Pensando bem, acho que La Push ainda era melhor que a FEBEM.

- Não banque a palhaça! Não estamos falando disso, estamos falando “daquilo”! – Manoela falou e apontou para um rapaz que acabava de entrar na boate. Ele sorriu pra mim e percebi de quem se tratava: Rodrigo! O garoto mais lindo do colégio, que por sinal era comprometido, até onde eu sabia. Sorri de volta sem jeito. Lany olhou pra mim sorrindo e começou a falar:

- É o seguinte, nós ligamos pra ele e dissemos que estávamos fazendo a sua despedida aqui, porque você ia embora amanhã, e o convidamos. E ele aceitou na mesma hora!

- Vocês são loucas? Ele tem namorada! – reclamei.

- Ora, você vai embora de vez amanhã! Não é hora de bancar a certinha, ok?! Além disso ele veio porque quis! – disse Manoela.

- É verdade, e você não passou o ano todo babando nele pra não dar em nada, não é mesmo? É a sua última chance! – completou Lany.

Olhei para as duas meio insegura, enquanto via ele caminhando na nossa direção com seu sorriso encantador de sempre, e mexendo os cabelos loiros e cacheados para trás. Ele enfim chegou até nós, e piscou um daqueles olhos cor de mel pra mim, com uma carinha safada, que me fez decidir na hora o que iria fazer.

- Oi, ! Ainda bem que cheguei a tempo de me despedir de você! Não acredito que você ia embora sem me falar. – disse ele me abraçando e dando um beijo de leve em meu rosto.

- Oi! Desculpe, é que só avisei às pessoas mais próximas – disse, apontando para as meninas, que incrivelmente já haviam sumido.

- Só não ficamos mais próximos porque você não quis! – ele soltou, me olhando com uma cara ainda mais safada, me fazendo corar - Quer dançar?

- Claro! – eu respondi, sem saber o que fazer.

Procurava as meninas entre as pessoas, mas parecia que elas haviam evaporado. Ele me levou para o meio da multidão e começamos a dançar. A música era animada e todos se mexiam no ritmo da dança.

De repente ele me puxou mais pra perto dele e me beijou. O beijo foi muito bom, é verdade, mas bem menos do que eu esperava. Depois de algum tempo, ele se separou de mim, encostou os lábios no meu ouvido e falou:

- Não acha melhor irmos para outro local?

- Outro lugar? Como assim? – respondi confusa.

- Algum lugar mais reservado. A gente podia ir para o meu carro, ou outro lugar, se você preferir. – ele disse isso e me olhou dos pés à cabeça, fazendo com que eu me sentisse despida. Entendi na hora o que ele estava falando, e principalmente pensando em fazer.

- Não quero ir a lugar algum! Quem você acha que eu sou? – falei irritada.

- Ora, uma santa é que não é! Por acaso você vai ficar só de beijinhos com um cara que tem namorada? – respondeu ele debochado.

Não me controlei e acertei um soco no meio das fuças do sujeito, que ficou caído no chão, sangrando. Com certeza lhe dei uma ótima aula de boas maneiras. As meninas viram o tumulto e correram atrás de mim até a saída.

- Muito obrigada pela ótima última noite – falei ironicamente, me virando para encarar as duas, que me olhavam com as caras confusas.

- , o que aconteceu? - Lany perguntou.

- Eu não disse que ele tinha namorada!? O safado só queria me levar para o carro dele e fazer sabe-se lá Deus o quê! – respondi irritada. Aliás, eu sabia muito bem o que ele queria fazer.

- Desculpa, . A gente não imaginava que ele era tão idiota. – Falou Manoela.

- Tudo bem, vocês tem menos culpa do que eu, que fui na onda de vocês... Vou indo pra casa, vou viajar amanhã à tarde e estou muito cansada. – falei mais calma, e elas me olharam aliviadas.

- Ok, a gente se vê no aeroporto amanhã então! – disse Lany, com uma carinha triste.

Despedi-me das meninas e fui pra casa de táxi, pensando em como meus últimos encontros tinham acabado quase sempre do mesmo jeito: eu sempre descobria que os meninos tinham interesses escusos em mente. As meninas me diziam que era por causa do meu “corpão”, mas isso me deixava bastante irritada e decepcionada. Será que eles só pensavam naquilo?!. Talvez os americanos fossem mais educados, talvez eu encontrasse alguém que me tratasse com respeito, talvez...

Eu estava numa floresta. Podia dizer pelas imagens de milhares de árvores passando em volta de mim como num borrão, iluminadas pela luz da lua que penetrava pela copa das árvores. Eu estava correndo, mas muito, muito veloz. Me sentia diferente, mais pesada, ainda mais quente do que eu me sentia agora, e não estava sozinha, sentia outras presenças em minha mente enquanto corria pela floresta. Avistei uma claridade entre as árvores e passei por ela, chegando em uma praia totalmente cinza. A água do mar era escura, o céu estava totalmente nublado, e ao invés de areia o chão era coberto por pedras de cascalhos. Aquela praia era totalmente diferente das praias do Rio que eu tanto amava, sempre tão coloridas e tão cheias de vida. Mas eu conhecia aquele lugar, me lembrava vagamente de fotos. Aquele lugar era La Push.

Acordei-me com o despertador tocando. Oito horas da manhã. Em quatro horas estaria embarcando no avião. Me levantei, lavei o rosto e fui tomar meu café-da-manhã. Minha mãe já havia acordado, e estava na cozinha.

-Bom dia! Já preparou tudo, não foi? Não está esquecendo nada? – perguntou ela.

- Não. Só preciso saber de uma coisa: porque diabos estamos indo embora mesmo? – perguntei, com meu mau-humor matinal de costume.

- Filha, eu já lhe expliquei. A adolescência das crianças Quileutes às vezes é um pouco mais difícil. Eu entrei em contato com o pessoal da reserva e eles me aconselharam a enviar você para lá, já que eles têm mais conhecimento no assunto, e um grupo, como posso dizer, “de apoio” pode ajudar você lá.

- “Apoio”! Eu sou o que? Alguma drogada, por acaso? Já disse que isso vai passar, a não ser que tenha mais algum problema e você não queira me contar! – com certeza havia algo mais, ou minha mãe nunca voltaria a morar em La Push.

- Não, filha! Não há nada demais. Eu apenas não sei como lidar sozinha com o que está acontecendo com você. Ou você acha normal seu desenvolvimento precoce, seus tremores, suas febres, e principalmente toda essa irritação?

- A senhora não estudou tanto sobre eles? Como é que não sabe de nada agora? – perguntei, provocando-a. Tinha certeza que ela sabia mais do que estava me dizendo.

- Eu já falei mais de mil vezes que este assunto está encerrado e ponto final! Além disso, vai ser muito bom para você desenvolver contato com suas raízes. Tome seu café e apronte tudo! Chega de conversa! Não adianta reclamar!

- Argh! – tinha vontade de partir a mesa da cozinha ao meio.

Depois de milhares de horas de vôo, e outras milhares de escalas, chegamos à cidade de Port Angels, já que, é óbvio, não havia aeroporto próximo à La Push. Ao descer do avião percebi estranhamento que sentia menos frio do que deveria. Talvez a minha febre fosse se tornar permanente por aqui...

Já estava preparada para praticar meu Inglês por tempo indefinido. Minha mãe havia me obrigado a fazer aulas de inglês durante toda a minha vida, e isto se tornou bastante útil no momento. Quem sabe eu não poderia praticar o meu inglês em outras partes do país, já que eu iria completar 18 anos no ano que vem... talvez minha mudança para cá não fosse, no fim, o pesadelo que eu imaginava.

Um rapaz nos esperava no aeroporto, com uma placa na mão com os nossos nomes. Ele era alto e forte, sua pele acobreada e seus traços me faziam lembrar do meu pai. Parecia ter uns vinte e poucos anos.

- Olá! Meu nome é Sam. Espero que tenham feito uma boa viajem.

- Olá! Fizemos sim. Muito obrigada! – minha mãe o cumprimentou apertando sua mão – eu sou Regina e esta é minha filha, .

- Oi! Prazer! – apertei sua mão e dei os nossos tradicionais “dois beijinhos “ na bochecha. Notei que ele também tinha a temperatura do corpo alta, como eu. Ele me olhou um pouco assustado, mas depois sorriu um pouco.

- Desculpe, é costume no Brasil cumprimentarmos as pessoas desse modo – me expliquei.

- Ah! Desculpe-me, é que não estou acostumado – ele sorriu novamente. Mas apesar do seu jeito simpático percebi que ele era muito sério, na verdade.

Levamos nossa bagagem para o seu carro, uma caminhonete antiga – não sei ano nem marca, pois não me ligo muito em carros – e seguimos rumo à La Push.

No meio do caminho paramos em um sinal de trânsito. Chamou minha atenção um cartaz pendurado em um poste da rua. O cartaz tinha a frase “alguém viu esse garoto?”, com um número de contato e uma foto de um garoto, talvez mais velho do que eu, muito bonito. Fiquei imaginando se, por acaso, aquele garoto tivesse se enchido de ter sua vida conduzida por outros, e tivesse fugido de casa, para tomar suas próprias decisões. Se fosse esse o caso, eu morreria de inveja da coragem dele.

Minha esperança inicial de talvez gostar da mudança sumiu no mesmo instante em que cheguei à reserva. Apesar de tudo ser verde, a paisagem ser muito bonita, as pessoas bastante simpáticas e a reserva ser cercada de praias, senti falta de uma coisa quase que instantaneamente: Sol. Será que seria assim todos os dias, ou eu havia chegado em um dia de mau tempo? Afinal, estávamos em pleno verão americano...

Pelo jeito com que todos estavam vestidos era um dia normal. As pessoas nas ruas não usavam casacos ou coisas do tipo. E eu iria surtar em dias se não tivesse de volta o calor e o céu claro do Rio. Apesar de tudo, como eu já havia percebido, eu não sentia nenhum pouco de frio. Do contrário, a temperatura estava bastante agradável. Mas, ainda assim, não ver o azul do céu era terrível.

Fiquei um pouco mais feliz ao ver a nossa casa. Era linda! Pintada de verde, com um jardim na frente, parecia uma casinha de boneca. Ao entrar nela, vi que tinha uma cozinha americana espaçosa, uma boa sala de estar, dois quartos e um banheiro. Já estava mobiliada, mas de forma impessoal. Com certeza não permaneceria assim por muito tempo.

Perguntei à minha mãe qual seria o meu quarto e ela me permitiu escolhe-lo, como bônus por meu bom comportamento durante a viajem. Fiquei com o último, menor, com a janela para a floresta. Era uma bela vista.

Descarregamos as malas com a ajuda de Sam, o agradecemos por tudo e nos despedimos. Neste momento, tive a impressão de que ele havia me lançado um olhar estranho. Não tinha nada a ver com paquera, do contrário, parecia meio preocupado, ou um pouco triste, não sei. Talvez fosse apenas coisa da minha cabeça, que teimava em suspeitar de que todos escondiam algo de mim.

Depois de comer alguma coisa, tomei banho e desabei na cama em um sono, graças a Deus, sem sonhos.

Acordei com o som da chuva batendo nas árvores. Me surpreendi ao perceber que era um jeito bastante agradável de se acordar. Me levantei e olhei o relógio. Onze e meia da manhã. Uau! Dormi desde as cinco da tarde de ontem. Fui procurar minha mãe pela casa, mas ela havia saído. Preparei um sanduíche, troquei de roupa e aproveitei o momento sozinha para organizar nossas bagagens.

Apesar de ser uma “aborrescente”, na melhor expressão da palavra, eu odiava bagunça, e minha mãe era a rainha dela, já que vivia para os livros e suas aulas. Então me acostumei com a arrumação da casa, afinal não queria ninguém xeretando as nossas coisas. Depois de todos os cômodos arrumados, e todas as nossas coisas no devido lugar, fui tomar um banho.

Quando saí do quarto, minha mãe estava na sala, examinando a casa com uma cara surpresa e um sorriso enorme no rosto.

- Bem vinda de volta, minha filha! Parece que a mudança lhe fez muito bem, e aquele monstro raivoso em quem você havia se tornado foi embora.

- Haha! O que é que eu mais podia fazer nesse fim de mundo? Morrer de tédio? Um “muito obrigada, você é a melhor filha do mundo” seria bem melhor do que essa piadinha sem graça – e depois ela reclamava, sabendo que eu não resistia a uma provocação.

- Ok! Me desculpe, . Muito obrigada, você é a melhor filha do mundo! Agora troque de roupa, vamos sair para jantar e conhecer algumas pessoas.

Chegamos a uma casinha bastante parecida com a nossa, distante apenas uns dez minutos a pé. Quando entramos, tive uma surpresa. A casa estava abarrotada de pessoas!

Permanecemos na porta, meio sem jeito, mas minha mãe parecia já conhecer alguns deles, pois a vi cumprimentando algumas pessoas com acenos. Logo o rapaz que havia nos buscado no aeroporto, chamado Sam, como me lembrava, veio nos cumprimentar e iniciou a apresentação.

- Boa noite, sejam bem vindas – acho que a casa era de Sam, então. Ele virou-se para o pessoal e continuou – essas são Regina e Bluebird – e nos apontou respectivamente.

Ouvimos um “boa noite” em coro e respondemos o cumprimento. Logo uma moça que deveria ter sido muito bonita, com uma cicatriz enorme no rosto, veio me cumprimentar.

- Olá! Me chamo Emily, sou noiva do Sam. É um prazer conhecer vocês! – ela era muito simpática, e apesar do incômodo de desviar os olhos de sua cicatriz parecia ser uma pessoa bastante agradável.

- Olá! O prazer é meu – e a cumprimentei ao modo brasileiro. Ela sorriu um pouco encabulada.

- Sam já havia me falado sobre o comprimento mais, digamos, afetivo, dos brasileiros – disse ainda sorrindo.

- É verdade, talvez seja o clima dos trópicos que nos deixe mais calorosos – falou minha mãe, no auto de sua sabedoria de pesquisadora renomada. Eu rolei os olhos.

- Bem, deixe-me lhe apresentar ao restante do pessoal, mas, por favor, não cumprimente os meninos desse modo. Eles são uns amores, mas ás vezes são bastante atirados.

- Tudo bem – respondi, sorrindo. Pelo jeito iria me dar muito bem com Emily.

Nos aproximamos de um grupo enorme de garotos. Todos riam, conversavam, gesticulavam, e todos juntos ao mesmo tempo.

- Olá, meninos, essa é – ela me apontou – esses são Embry, Quil, Seth, Brad, Collin, Calleb, Jared e Kim, Paul e Rachel – ela os mostrou um a um, mas não consegui memorizar o nome de todos.

Os meninos eram assustadoramente parecidos. Todos altos, fortes, o mesmo tom de pele acobreada, os mesmos traços indígenas, muito bonitos. Pareciam ser todos irmãos.

Apenas um deles, um pouco mais afastado do grupo, se destacava entre os demais, por seus cabelos cumpridos, quase do tamanho dos meus - que passavam um pouco da cintura - ao contrário dos demais, que tinham o cabelo bem curto. Lembrei-me que ele se chamava Calleb. Me pareceu um pouco deslocado do grupo, o que me fez sentir certa solidariedade.

- E cadê os nossos dois beijinhos? – perguntou o último menino que ela havia apontado. Corei na hora, e vi a menina ao seu lado dar-lhe um beliscão, meio escondido.

- Ai! Calma, amor! Estava só brincando! – disse ele, dando um beijo na testa da garota, que me lançou um olhar de poucos amigos.

- Não ligue para o Paul, ele tem essa mania de bancar o engraçadinho – falou o menino que me lembrei se chamar Embry, sorrindo. Ele, Calleb e outro menino se aproximaram mais de mim.

- Sem problemas, sei me defender dos engraçadinhos muito bem – falei com um sorriso presunçoso olhando para Paul. Ele retribuiu o sorriso, e a garota ao seu lado o puxou dali no mesmo instante, indo em direção a uma mesa cheia de comida. O resto dos garotos os acompanhou, e devoravam a mesa, pelo que eu percebia.

- Não me lembro de ter lhe visto por aqui antes. Você tem um sotaque engraçado. Não é daqui, não é mesmo? – perguntou Calleb.

- Cheguei ontem do Brasil - respondi - Nossa! Pensei que o meu inglês era ótimo, mas pelo visto vou passar vergonha aqui! – falei, fingindo ficar ofendida.

- Não! Não foi isso que eu quis dizer. Seu inglês realmente é muito bom! É só que... você tem um jeito diferente de falar... achei até muito bonitinho – Calleb se explicou, sorrindo sem jeito.

- Bem que Emily havia me avisado que vocês eram atiradinhos – falei sorrindo de volta, e ele pareceu um pouco encabulado com o que eu disse.

- Não acredito que Emily falou essa calunia a nosso respeito! – disse o menino mais novo, que acredito se chamava Seth, fingindo ficar ofendido.

Passei o resto da noite conversando com os outros meninos e comendo. Eles me perguntavam sobre tudo. Como era o Brasil, as comidas, o clima, as pessoas... Incrivelmente eu me senti muito à vontade com eles, e novamente tive esperanças de não querer fugir daqui em uma semana.

De vez em quando via minha mãe me olhar de longe, com um sorriso nos lábios. Acho que ela estava satisfeita por eu estar me dando bem com o pessoal.

- Filha, deixe eu lhe apresentar alguns velhos amigos. Esses são Billy Black e Sue Cleawater – ela falou, apontando para um senhor muito simpático em uma cadeira de rodas, e uma senhora com um rosto cansado. Os cumprimentei, sorrindo. O rosto de Billy, de alguma forma, me era familiar.

- Espero que se dê bem aqui, . Todos nós estamos muito felizes com sua vinda. Seu pai era um grande amigo meu – Billy disse, com um sorriso sincero no rosto. Não pude deixar de notar que sua voz grave tinha uma autoridade parecida à descrita por minha mãe quando falava do meu pai.

- Obrigada – respondi.

- Mas onde estão seus outros filhos, Billy? Reconheci apenas uma das meninas aqui. – perguntou minha mãe.

- É verdade, a Rachel voltou a poucos dias da faculdade e é a única que mora comigo atualmente. Rebecca mora no Havaí com o marido, e Jacob, bem... ele anda passando por uma época difícil. Está viajando, mas deve voltar em breve – parecia que ele tentava se convencer disso - Acho que ele tem a sua idade, . Espero que vocês façam amizade quando ele voltar – apenas assenti com a cabeça.

Neste momento me lembrei porque achava Billy familiar. Billy Black, pai de Jacob Black, o garoto que eu vira no cartaz hoje cedo. Talvez a minha teoria sobre seu sumiço estivesse certa, então, o que me fez simpatizar com o garoto antes de conhecê-lo.

- Seria ótimo! Mas que pena que ele esteja passando por uma má fase. Esses adolescentes Quileutes são mesmo bem problemáticos... – minha mãe disse, lançando um olhar para mim. Rolei os olhos e comecei a me afastar, com medo de ser mal-educada com ela na frente dos outros, mas Sue me deteve.

- Espere , por falar em adolescentes problemáticos, gostaria de te apresentar à minha filha, Leah. Quem sabe com você por aqui ela possa fazer uma amiga e melhorar seu comportamento.

- Isso seria ótimo! – minha mãe acrescentou, dando a perceber que esperava o mesmo de mim.

Sue me aproximou de uma moça, com aparência de mulher, muito bonita. Apesar de estar sentada, com uma cara fechada, pude perceber seu corpo esbelto e ao mesmo tempo anguloso, seus traços bem definidos, e um olhar meio selvagem, que lhe dava um certo charme. No resto, ela tinha o mesmo tom de pele e características dos meninos, apesar de seu cabelo ser um pouco mais comprido do que o deles.

- Leah, essa é , você ainda não a conheceu – disse sua mãe.

- Oi! – ela me olhou dos pés à cabeça antes de me cumprimentar. Depois me lançou um olhar azedo e voltou a olhar em direção ao nada, como antes.

Não me dei ao trabalho de puxar qualquer conversa. Olhei meio encabulada para a Sue e voltei para perto dos meninos. Minha mãe tinha que levantar as mãos para o céu e agradecer. Perto de Jacob e Leah eu era a filha mais obediente e doce do mundo!

Passei o resto da noite conversando com os meninos. Definitivamente eles eram os mais legais que já tinha conhecido! As meninas também eram muito simpáticas, inclusive Rachel, a namorada de Paul. Pelo menos não teria dificuldade de fazer novas amizades.

Quando chegamos em casa, eu ainda não tinha sono, pelo tempo que passei dormindo durante o dia. Então sentei na sala e comecei a puxar conversa com minha mãe, coisa que eu não fazia desde que ela havia me dito que íamos nos “exilar” aqui.

- Mãe, e sobre o meu colégio? Só faltavam quatro meses para eu terminar o último ano. Que eu saiba a carga horária e as disciplinas daqui são totalmente diferentes – esse era um assunto que estava me preocupando, principalmente quando lembrava que minha mãe seria professora no mesmo colégio. Saco!

- , tenho que ter uma conversa sério sobre isso com você. E foi bom mesmo você puxar esse assunto. Passei a tarde na escola da reserva conversando com a equipe de ensino. Realmente, as disciplinas são totalmente diferentes, e o ano letivo se iniciará em setembro. Infelizmente você só conseguiu aproveitar algumas matérias do currículo... Você vai ter que estudar um ano a mais aqui.

- Que droga! Não acredito que além dos amigos, da cidade, vou perder um ano de estudos da minha vida! Realmente a senhora conseguiu acabar com a minha vida! – aos gritos soquei a parede e vi se abrir uma pequena rachadura no local.

Minha mãe olhou para mim com uma cara assustada, enquanto os tremores tomavam conta do meu corpo. Num impulso, saí correndo de casa em direção à floresta. Minha vista estava embaçada pela raiva que sentia, e o calor percorria todo o meu corpo de uma forma quase explosiva. Aquilo era muito estranho, afinal eu não tinha motivos para reagir tão exageradamente.

De repente, não sei ao certo como, assim que alcancei as primeiras árvores, ouvi um barulho de algo se rasgando, e uma sensação estranha passando por todo o meu corpo. Senti meu corpo extremamente pesado, o ar passando em jorros pelo meu pulmão, o som da floresta, de cada mínimo movimento, gritando em meus ouvidos.

Quando olhei para baixo, percebi que estava muito alta, e o pior, em cima de quatro patas, coberta de pêlos num tom bege! O que estava acontecendo comigo? Quando tentei gritar, um uivo saiu pela minha garganta e me senti ainda mais assustada.

No momento seguinte ouvi uma voz em minha cabeça. “Calma, . Está tudo bem. Não fique com medo”. Neste momento um lobo preto e enorme passou por entre as árvores e se aproximou de mim. Por instinto me posicionei defensivamente, mostrando meus dentes... e grunhindo para ele? O que estava acontecendo comigo? “Calma, . Sou eu, o Sam. Vou te explicar o que está acontecendo. Mas antes você tem que se acalmar. Se concentre um pouco. Vou pedir algumas roupas para a sua mãe. Não saia daqui”.

Roupas? Foi aí que percebi que aquele som de algo se rasgando que eu tinha escutado, na verdade, era das minhas roupas. No momento seguinte Sam apareceu novamente, agora não mais como lobo, segurando uma sacola.

- Vou deixar essas roupas para você se vestir quando retornar à sua forma humana. Estarei esperando em sua casa. Se esforce um pouco, deixe toda a raiva e medo passarem, e se concentre em sua forma humana. Se você não conseguir dê algum sinal, ok?

Eu apenas assenti. Não sabia o que estava acontecendo, então era melhor confiar nele. Tentei esvaziar a minha mente da raiva e do medo que sentia, me concentrando, como ele falou.

Mas uma coisa muito estranha aconteceu. De repente senti a presença de outra pessoa em minha mente. Olhei para os lados procurando, mas não havia ninguém. As imagens que vinham na minha cabeça eram confusas, árvores cobertas de neve passando uma após outra. Fechei os meus olhos e me concentrei completamente naquilo.

Havia muita dor em seus pensamentos, e senti por um instante como se aquela dor fosse minha. Em uma fração de segundos vi a dor que eu havia sentido refletida nos pensamentos dessa outra pessoa, e no mesmo instante as imagens se apagaram, como se tivéssemos nos desconectado. Senti uma sensação muito estranha. Uma angústia profunda. Mas eu sabia que isso era apenas um eco fraco do que aquele outro alguém estava sentindo.

Depois de alguns minutos consegui me recuperar do que tinha acontecido. Concentrei-me novamente e finalmente voltei ao normal. Vesti as roupas que Sam havia deixado, e caminhei para a minha casa, deixando que todo o medo anterior retornasse ao seu lugar em minha mente, tomando o lugar daquela tristeza desconhecida.


Capitulo 2- Revelaçãoes



Entrei em casa um pouco desconfiada, e fiquei surpresa quando vi sentados na minha sala, não só a minha mãe e Sam, mas todos os outros meninos que havia conhecido à noite. Minha mãe me lançou um olhar, ao mesmo tempo assustado e preocupado. Não agüentei mais segurar, e deixei que as lágrimas fluíssem livremente.

- Que merda é essa que aconteceu comigo? – perguntei aos soluços, olhando fixamente para a minha mãe.

- Eu sinto muito, . Sam irá lhe explicar – respondeu ela.

- , você se lembra das lendas de nossa tribo que sua mãe lhe contava? – perguntou Sam.

- Claro que me lembro – ela me contava todas as noites durante a minha infância – o que diabos isso tem a ver comigo?

- De que histórias exatamente você se lembra?

Eu me lembrava de todas, é claro. Não nos mínimos detalhes, mas achava incrível o fato de eles acreditarem realmente naquelas histórias tão absurdas. Havia lendas sobre espíritos guerreiros que saiam de seus corpos para enfrentar os inimigos. Outras lendas sobre homens que se transformavam em lobo para defender a tribo. E foi aí que a ficha caiu!

- Eu virei um lobisomen?! – perguntei em voz alta, apesar de já saber a resposta. Que outra explicação haveria? – Não pode ser!

- Bem, de homem você não tem nada... – disse Paul, com aquele ar de provocação novamente. Eu estava tão nervosa que acabei rindo da gracinha. Sam lançou um olhar fulminante para Paul e continuou.

- Sinto muito, , mas você está certa. Todas as histórias que sua mãe lhe contava são verdadeiras. Alguns descendentes da nossa tribo carregam esse gene, que é passado de geração à geração. Quando a tribo está em perigo os jovens começam a se transformar, como uma forma de proteção.

- Mas eu não faço parte da tribo, morava a milhares de quilômetros de distância, nem mesmo tenho sangue “puro”. Porque isso aconteceria comigo?

- Infelizmente não sei responder à sua pergunta. Quando sua mãe nos telefonou e explicou o que estava ocorrendo, ficamos chocados. Primeiro, havia todos os fatos que você apontou, depois, como Paul falou, você é uma mulher, e houve apenas um caso de transformação feminina até hoje, pelo que sabemos.

- Mas se vocês estão se transformando, então a tribo está passando por algum problema.

- É verdade. Você se lembra quem eram os inimigos de nossos ancestrais nas lendas?

Refleti por um minuto, e me lembrei de outra lenda: os frios. Mas eu não poderia acreditar nisso. Será que eu estava apenas tendo um daqueles sonhos bem malucos, que parecem ser reais?

- Vampiros?! – eu soltei de uma vez. Quando as palavras saíram percebi como eram absurdas – não posso acreditar!

- Você é um lobisomen, meu bem! Ainda duvida de alguma coisa? – disse um dos meninos, acho que Jared ou Quil. Senti aquilo como um insulto e estirei o dedo do meio para ele. Todos me olharam surpresos. Depois os meninos caíram na risada.

- , minha filha, isso são modos! – reclamou minha mãe.

- Ah, mãe, Nem vem! Como ele mesmo falou, virei um lobisomem! A senhora ainda acha que posso bancar a mocinha educada? – retruquei - Voltando ao que interessa, existem vampiros em La Push?

- Não em La Push. Uma família de vampiros vive na cidade de Forks. Nossa tribo fez um trato com ela a muitos anos atrás, já que eles eram diferentes dos outros, não caçavam pessoas, se alimentavam apenas de animais. Há alguns anos eles retornaram à Forks, e o surto de transformações se iniciou novamente.

Uma família de vampiros? Imaginei se havia algum castelo do Conde Drácula em Forks. Do jeito que aquela cidade parecia morta, como reparei quando passamos por lá, não era de se surpreender.

- Mas porque diabos vocês não expulsam esses idiotas de lá? Afinal o mundo é enorme, eles que virem chupa-cabra de outra cidade qualquer! – vi os meninos rindo. Acho que eles também se agradavam da idéia.

- Não é assim tão simples. O pacto nos impede de agir contra eles, a menos que eles ataquem uma pessoa. E isso eles não fizeram, pelo menos não até hoje.

- Que vampiros retardados! Porque ninguém explica a situação a eles? Talvez eles percebam o quanto é injusto imputar uma coisa dessas à tribo. Eles por acaso não teriam outro lugar para ir?

- Bem, essa poderia ter sido uma alternativa, mas algumas complicações ocorreram há alguns meses e acho difícil que eles aceitem se retirar de Forks por livre e espontânea vontade.

Olhei para Sam confusa, e ele começou a me explicar a situação, pelo que eu percebia, a contra-gosto.

- Os vampiros se envolveram com pessoas da cidade e da nossa tribo, por isso demos uma trégua. Sofremos um ataque em massa de outros vampiros, e nos unimos para combatê-los. Agora a tribo não está mais em perigo, mas mantemos nossas terras sob vigilância constante.

- Caramba! Lobisomens, amigos de vampiros bonzinhos... e a senhora dizendo que eu era uma pessoa complicada – falei à minha mãe. Ela me olhou com ar de reprovação e todos riram. Apesar da situação, o ambiente parecia mais leve.

- Bem, e no meu caso? Afinal eu estava muito longe daqui! - indaguei.

- É verdade. Talvez houvesse vampiros onde você morava, e o nosso gene proteja não só a tribo, mas a nós mesmos. No entanto isso é apenas uma teoria.

- E a outra mulher que se transformou? O que aconteceu com ela? – perguntei.

- Virou uma bruxa! – disse Paul. Sam lhe lançou outro olhar de censura, e os outros meninos pararam de rir.

- Você a conheceu hoje. É a Leah. Ela é um pouco, digamos, temperamental. Eu gostaria que ela estivesse aqui explicando tudo a você, mas ela não pôde vir.

Puxa, a Leah era pior pessoa do que eu havia pensado. Será que ela estava com medo de algum tipo de concorrência da minha parte?

- Será que as lobas vivem em eterna TPM? Se for esse o caso estamos ferrados, cara! – cochicharam entre si os meninos mais novos, mas pude ouvir nitidamente

- Vai se ferrar! – soltei. Todos riram novamente da minha reação e minha mãe ficou com uma cara confusa. Acho que ela não havia escutado o comentário dos meninos.

- Falando nisso – continuou Sam assim que a bagunça cessou - há algumas mudanças que ocorrem com as mulheres, mas prefiro que Leah lhe explique depois – esperava mesmo que ela me explicasse – mas para todos nós há vantagens e desvantagens.

- Há a velocidade... a força... nunca sentimos frio... nos curamos rápido... não envelhecemos mais... – os meninos começaram a enumerar as vantagens animados.

- Como é? Não vou envelhecer mais? – perguntei.

- Não enquanto estiver se transformando. Assim que o perigo cessar, e deixar de se transformar, você voltará a envelhecer e terá uma vida normal - explicou Sam.

- Uau! Parece que não é tão ruim quanto eu imaginava – exclamei animada.

- Mas também há o perigo de lutarmos contra vampiros. E o fato de lermos os pensamentos uns dos outros, como você percebeu quando estava transformada. É uma forma de nos comunicarmos com facilidade.

Na mesma hora me lembrei daquela sensação que tive antes de voltar ao normal.

- Então todos os... lobos estão presentes aqui? Há mais algum de nós, além de Leah? – não iria dizer lobisomem, pois me fazia sentir um monstro.

- Há mais um, o nome dele é Jacob Black. Ele está fora, nas bandas do Canadá, mas às vezes nos conectamos com ele sem querer. Por isso não se surpreenda se isso acontecer.

Então isso explicava o que havia ocorrido. Eu havia me conectado à Jacob. Será que aquela tristeza que ele sentia tinha relação à sua fuga? Desviei o meu pensamento do assunto. Na verdade, nem sei porque estava pensando naquilo. Tinha coisas muito mais importantes para ocupar minha mente.

- Bem, você já tem muita informação para digerir por hoje. E até que lidou melhor com a situação do que a maioria de nós... – sorri convencida – Amanhã passo aqui à tarde para iniciar seu treino, ok? Também passo na sua casa, Calleb – Sam falou, olhando para Calleb, que estava sentado no lugar mais afastado da sala.

Assenti com a cabeça e Calleb fez o mesmo. Depois de uns minutos refletindo, entendi que ele era tão novato nessa “coisa” de lobos quanto eu, por isso parecia deslocado dos demais. Alguns instantes depois, todos começaram a se despedir de nós.

- Pode contar conosco para qualquer coisa, ok? Somos como uma família, afinal dividimos até nossos pensamentos – disse Embry, me abraçando com força.

- Valeu! Vou adorar um bando de lobos correndo atrás de mim – respondi sorrindo, e dei um beijo em seu rosto. Ele se surpreendeu um pouco, mas depois deu um sorriso enorme e se despediu.

- Não se preocupe, amanhã quando a ficha cair de verdade vai ser muito pior – me surpreendi com Calleb, parado atrás de mim.

- Nossa, muito obrigada pelo incentivo. Agora vou dormir bem mais tranqüila! – respondi sarcasticamente, mas em tom de brincadeira.

- De nada, garota, só estou lhe precavendo – ele disse sorrindo, e percebi que não havia prestado atenção no quanto ele era bonito. Ele tinha os mesmos traços dos outros meninos, é verdade, mas alguma coisa no seu jeito de falar e de agir o destacava dos demais. Despedi-me dele e dos outros, e desabei no sofá.

- , me perdoe por ter escondido isto tudo, mas queria que você soubesse da melhor maneira possível. Além disso, não esperava que iria acontecer tão rápido – começou minha mãe, em meio a lágrimas, assim que todos foram embora. Percebi que ela estava tão confusa com a situação quanto eu.

- Tudo bem, mãe. E me desculpe também por ter agido como uma idiota durante todo esse tempo – respondi, abraçando-a com força. Nem me lembrava da última vez que tinha feito isto.

Fui para o meu quarto e me joguei na cama, pensando em tudo que havia ocorrido. Minha vida havia virado de pernas para o ar, e eu não tinha a mínima idéia do que me esperava o dia de amanhã.

Pelo incrível que pareça, não passei muito tempo divagando sobre o que havia ocorrido antes de pegar num sono profundo. Meu corpo estava incrivelmente cansado. Parecia que eu tinha jogado três partidas de futebol seguidas. Talvez fossem os efeitos físicos e psicológicos da minha primeira transformação.

Meu inconsciente, entretanto, continuou trabalhando enquanto eu dormia, e passei a noite tendo sonhos estranhos. Lobos enormes, com dentes e garras afiadas. Vampiros com presas expostas e olhos vermelhos. Tudo se misturava em meus sonhos de maneira confusa. Lembro vagamente apenas do rosto triste de um garoto muito bonito, o garoto do cartaz.

Acordei tarde da manhã, novamente com o barulho da chuva, desta vez associado aos roncos da minha barriga. Levantei-me faminta, preparei uma omelete e a devorei em segundos. Depois, tomei um banho e fui me vestir para a minha primeira aula de “guia fácil de como ser um lobisomem”.

O que eu deveria usar? Talvez um colar de dentes de alho, ou um coletinho da moda em aço... Não adiantava quanto tempo passasse ou quantas vezes eu refletisse sobre isso, cada vez parecia mais bizarro, como Calleb havia dito ontem à noite.

Enfim, vesti um jeans, uma regata azul e um tênis, torcendo para que essa roupa não se rasgasse também, como a de ontem à noite, ou logo eu teria que ir às compras, coisa que eu adorava fazer – e que minha mãe detestava.

- Mãe, posso fazer um pergunta para a senhora?

- Claro, filha! – minha mãe respondeu da mesa da sala, onde estava sentada debruçada sobre um monte de livros.

- Meu pai... ele era um lobisomem também? – perguntei de forma cuidadosa, pois sabia que esse era um assunto delicado. Mas aquela idéia surgiu em minha mente ontem à noite. E se ele realmente tivesse sido? E se tivesse morrido por causa disso? Talvez a coisa toda fosse mais perigosa do que eu imaginava.

- Não, filha. Os relatos dos últimos transformos em La Push são muito anteriores ao nascimento do seu pai.

- Transformos? – agora eu realmente me sentia um ET, apesar da palavra ser mais, como digamos, branda.

- Na verdade vocês não são lobisomens. A condição de vocês não é permanente, nem transmitida como uma doença. Faz parte do que vocês são.

Eu sempre me senti estranha mesmo, não era de me surpreender que isto fizesse parte de mim. Mesmo assim fiquei aliviada em relação ao meu pai.

No comecinho da tarde, Sam apareceu lá em casa, com Calleb. Despedi-me da minha mãe, que parecia incrivelmente tranqüila, enquanto eu saia com os garotos. Acho que no fundo ela estava até um pouco feliz. Finalmente ela via a comprovação de todas as histórias que pesquisara. Pena que eu havia me tornado a cobaia dos estudos.

- Preparada, garota? – perguntou Sam, enquanto caminhávamos pela rua. Eu caminhava ladeada por ele e Calleb.

- Claro que não! Mas o que eu posso fazer? Não pode ser pior do que enfrentar um monte de garotas invejosas em uma sala de aula... – os dois riram divertidos.

- Na verdade não vamos começar o treinamento hoje. Gostaria que você conversasse com Leah primeiro. Enquanto isso, explico as coordenadas do bando ao Calleb. Ele se transformou a dois dias atrás, mas já vai começar a integrar a patrulha.

- E eu? – perguntei.

- Bem, você vai treinar comigo durante mais ou menos um mês, e depois vamos analisar a necessidade.

- Se os homens já são machistas, imagine lobisomens?! – disse dramaticamente, e os dois riram novamente. Apesar de reclamar, fiquei aliviada com aquilo. Não me sentia nem um pouco preparada para participar da “ação”.

- E você, porque só se transformou a dois dias? Seus genes são preguiçosos ou o que? – indaguei a Calleb, num tom de brincadeira. Não gostava de percebê-lo excluído da conversa.

- Eu estava em um intercâmbio, no México. Voltei a uma semana, comecei a me sentir estranho, e a coisa toda aconteceu – ele disse, parecendo ainda mais insatisfeito do que eu.

- Debe ser lo siento de estar de vuelta, ¿eh? (voce deve estar arrependido de ter voltado, hein?) – perguntei a ele em espanhol. Ele sorriu divertido pra mim e respondeu da mesma maneira.

- No tienes idea de cuánto! (voce não faz idéia do quanto).

Sorri satisfeita com a resposta, e Sam nos lançou um olhar confuso, mas não fizemos a mínima questão de explicar. Era melhor não demonstrarmos o quanto estávamos chateados com a situação, apesar de, muito provavelmente, ele ler isso em nossos pensamentos em breve.

Era reconfortante dividir esses momentos com alguém que estava sentindo o mesmo que eu. Agradeci, egoisticamente, a volta de Calleb em momento tão oportuno, pelo menos para mim.

Quando chegamos à casa de Leah Sam pareceu meio sem jeito de entrar, mas logo Seth apareceu na porta para nos cumprimentar com um sorriso espontâneo no rosto. Percebi que ele era sempre assim.

- Oi, galera! Pode entrar, . Minha irmã está te esperando na sala – não podia acreditar que uma criatura tão doce poderia ser irmão de outra tão rabugenta.

- Obrigada – respondi e entrei meio sem jeito.

- Vou estar lá fora com Calleb, assim que você terminar pode ir nos encontrar.

Assenti com a cabeça e fui caminhando para perto de Leah, que estava sentada despreocupadamente no sofá.

- Olá, Leah!

- Então você é o novo centro das atenções do bando, hein?! – não era uma pergunta. Isto confirmou o que eu havia pensando a respeito dela de iniciou. Para ela tratava-se de competição. Não respondi, então ela continuou.

- Bem, o Sam me pediu para lhe explicar algumas coisas, então eu vou dizer tudo de uma vez. Não me interrompa de forma alguma! Quando eu acabar de explicar, você tira suas dúvidas, ok?! - assenti novamente e ela iniciou as explicações.

- Os meninos já devem ter falado ontem sobre as partes que deixam eles todos abanando os rabinhos de felicidade como cachorrinhos. A força, velocidade, caçar vampiros, etc – sorri com o início da explicação - mas para nós mulheres, como tudo no mundo, as coisas são um pouco mais complicadas. Antes de nos transformarmos, o nosso corpo se desenvolve rapidamente até estarmos, digamos, completos. Quando a transformação acontece, esse desenvolvimento estaciona, e deixamos de envelhecer. Nós, mulheres, não menstruamos mais. Isto significa que não podemos ter filhos. Não sei nem se poderemos voltar a ter...

Refleti um pouco sobre aquelas informações. O fato de não menstruar enquanto estivesse me transformando era, de certa forma, um alívio, não só por causa do incômodo normal desses dias, mas, imagine só: uma loba fazendo patrulha menstruada... Não ia dar! Teríamos que usar fraudas descartáveis gigantes. Quanto a isso, então, não haveria problema algum. Como só pensava em ter filhos daqui a, vejamos, uns dez anos, deixei esse outro problema para me preocupar na hora certa. Já tinha problemas demais no presente. Ela continuou:

- Além dessa diferença, há a questão das roupas. Para os meninos, não há tanto problema. Mas para mim, tenho que estar sempre controlada. Caso eu me transforme sem uma muda de roupas por perto, não posso pedir ajuda mentalmente para algum deles sem me lembrar que estou nua. E aqueles pirralhos todos na puberdade... aí já viu! Por isso ande sempre com um short e uma camisa numa bolsa, caso não queira sair nua por aí ou se ver pelada na mente daqueles idiotas. Antes de me transformar intencionalmente, sempre amarro as roupas com um cordão frouxo em minha perna. Depois que volto ao normal é só vesti-las novamente.

- Intencionalmente? Como assim?

- Aqueles retardados não lhe explicaram o principal? É claro que não! – ela rolou os olhos, depois continuou - sempre que sentimos muita raiva, perdemos o controle e nos transformamos. Por isso temos que vigiar nosso grau de irritação, se não quisermos nos transformar em lugares públicos.

Meditei naquilo por um momento. Acho que com meu temperamento difícil, esta ia ser uma tarefa quase impossível. Mas se até a Leah conseguia...

- Se você quiser algumas roupas emprestadas... – ela me olhou com uma expressão confusa – acho que você já perdeu todas as suas – soltei, junto com um risinho irônico. Ela me lançou um olhar tão raivoso, que achei que iria se transformar naquela hora.

- Desculpe! Tenho uma boca muito grande.

- Pois feche-a, se quiser continuar com todos os dentes.

- Sabe de uma coisa, você é muito mais legal do que eu pensava! – constatei, surpresa.

- E você é mais estranha do que eu imaginava... – ela me olhou meio confusa.

Finalmente eu havia achado uma companhia tão agradável quanto eu. Imaginei, por um instante, como deveria ter sido muito mais difícil para Leah, sem nenhuma mulher para ajudá-la como ela fazia agora comigo. Definitivamente, desculpei-a por não ter ido à minha casa ontem, e fiquei grata, mais uma vez de forma egoísta, por eu não ser a única mulher do bando.

- Esqueci-me de outro detalhe importante – Leah voltou a falar depois de uns minutos - os meninos não lhe falaram sobre o imprinting, acredito – balancei minha cabeça negativamente, e ela prosseguiu – é mais uma baboseira de lobos. Às vezes encontramos alguém, e sentimos instantaneamente algo muito forte por essa pessoa, ficamos irremediavelmente presos a ela. Alguns chamam de alma gêmea, amor à primeira vista, essa coisas, eu chamo de “algema à primeira vista” – percebi que Leah falava naquele assunto ainda com mais raiva que dos demais, e não pude deixar de imaginar o que havia de errado com aquilo. Afinal, parecia até romântico...

- Você sentiu isso por alguém? – perguntei.

- Claro que não! Não quero estar presa a alguém, a não ser por minha própria vontade.

Havia muito ressentimento em sua voz, e eu não deixaria que o assunto se encerrasse.

- Aconteceu com algum dos meninos, então?

- As lendas diziam que era um fenômeno muito raro, mas quatro dos meninos já sofreram um imprinting. Jared e Kim, Paul e Rachel – me lembrei das meninas com eles ontem à noite, e do modo como eles às olhavam. Não parecia ser nada ruim - Quil e Clair, uma sobrinha de Emille de quatro anos de idade – nesse momento olhei para ela horrorizada, mas ela continuou – Não, não é nada disso que você está pensando. Por enquanto ele a vê como a irmãzinha mais querida do mundo, quando ela crescer, eles poderão ficar juntos de outra forma, já que ele não vai envelhecer até lá.

- Você disse que eram quatro meninos. Quem é o outro? – nesse momento, pela expressão em seu rosto, percebi que tinha acertado em cheio.

- O outro é o Sam – olhei-a, esperando que ela continuasse, demonstrando que sabia que havia algo mais, e ela desistiu de resistir – Ele era meu noivo, até conhecer minha prima, a Emily, e sofrer o imprinting – acho que nessa hora meu queixo bateu no chão. Que coisa horrível tinha acontecido com Leah!

Como os meninos ainda tinham coragem de censurá-la pelo seu comportamento? Ela com certeza tinha todas as razões para ser como era. Em meio aos meus devaneios, Seth entrou em casa aos pulos.

- , como as pessoas costumam se vestir para um casamento lá no Brasil? – perguntou Seth. Olhei-o confusa e comecei a responder.

- Bem, depende do horário e do local. Você vai a um casamento? Quando? – foi Leah quem respondeu.

- Ele vai a um casamento hoje, na cripta dos sanguessugas – olhei-os espantada, mas Seth apenas rolou os olhos, então era verdade.

- Casamento de vampiros? Desculpe-me... Nunca fui a nenhum desse tipo lá no Brasil. Mas acho que uma capa preta e presas falsas iam lhe cair muito bem! Imaginem o cardápio: “o que deseja, senhor, A+ ou B-?” – Leah gargalhou alto, e Seth estirou a língua para mim.

- Mas não é um casamento entre vampiros, . É entre um vampiro e uma garota humana – disse Leah, e eu a olhei ainda mais espantada.

- Mas quem em sã consciência poderia se casar com um morto-vivo?! Que garota mais estúpida.

- Finalmente alguém aqui pensa como eu! – disse Leah, levantando as mãos para o céu teatralmente.

- É claro, Leah, você era única que tinha cérebro no bando! Já viu algum homem pensar?! – ela gostou ainda mais da brincadeira. Seth pareceu não gostar nem um pouco dos meus comentários.

- Agora eu entendi! Então é por causa dessa garota que os vampiros ainda continuam em Forks! – exclamei, e Leah concordou com a cabeça – então que se case com o Conde Drácula, e volte para a Transilvânia, ou vá para o raio que a parta!

- Não fale assim de Bella, ! Ela tem muitos fãs aqui na reserva, inclusive o meu irmãozinho – disse Leah com sarcasmo.

- Se você a conhecesse não falaria assim dela – soltou Seth, um pouco chateado com as nossas brincadeiras.

- Não fique com raiva, querido. E os vampiros, como eles são? – não queria que Seth ficasse com raiva de mim.

- São muito legais! São fortes, rápidos, e muito, muito bonitos – respondeu Seth, mais alegre denovo.

- Mas também são frios, duros como pedra, e fedem tanto que nossas narinas ardem – completou Leah.

- Bem, eles podem ser muito bonitos, mas você com certeza ficará bem mais que eles! – exclamei, e fui ajudar Seth a escolher a roupa para o casamento.

Enquanto nós três analisávamos todas as roupas de Seth, fazendo-o de modelo, um modelo muito lindo, mas muito novinho, diga-se de passagem, me esqueci totalmente que Sam e Calleb me esperavam.

- Gente, perdi a noção do tempo completamente. O Sam irá me matar! – apesar de isso agora ser bem difícil – Muito obrigada por tudo. Adorei conhecer vocês melhor.

- Que nada, . Volte sempre que quiser, a Leah parece que finalmente gostou de alguém – ela deu um cascudo nele – Ai! E obrigado pela ajuda – acrescentou Seth.

- Vou voltar sim. E você tire milhares de fotos hoje à noite. Principalmente dos vampiros! Quero ver se eles vão aparecer ou não nas fotografias – disse sem conseguir prender o riso - mas cuidado com eles, hein?! Soube que se alimentam apenas de animais, e um lobinho lindo como você seria irresistível! – Leah gargalhou novamente e Seth jogou uma almofada na minha direção, mas eu me desviei rapidamente. Meus reflexos haviam melhorado ainda mais, pelo que percebi. Despedi-me dos dois, e segui atrás dos garotos.


Capitulo 3- Encontro


- Então, como foi a conversa? – perguntou Sam, quando os alcancei na frente da casa de Leah.

- Maravilhosa! Leah é uma ótima pessoa, adorei conhecê-la! – disse, olhando-o meio de lado. Acho que a solidariedade feminina falou mais alto. Eles me olharam com um ar surpreso.

- Bem... Que bom! – ele exclamou meio sem graça - vou para casa, tenho que resolver algumas coisas, e vocês dois podem ir juntos ao Fred – continuou Sam, apontando para mim e Calleb.

- Fred? – indaguei-o, confusa.

- Leah não lhe falou sobre isso? – neguei com a cabeça, então ele continuou – não sei se você percebeu, mas todos nós temos o cabelo curto, inclusive a Leah. Cortamos os cabelos porque os nossos pêlos ficam mais curtos quando nos transformamos.

- Ninguém vai tocar no meu cabelo! – soltei, exaltada. E ninguém ia mesmo! Ele era a parte do meu corpo que mais tinha cuidado. Que história é essa de cortar o cabelo? Não bastava tudo que eu já havia perdido?!

- , não fique assim, é para o seu bem! Cabelos crescem novamente. É por uma boa causa... é mais confortável, e mais seguro também. – explicou Sam.

- Se você quiser parecer com o Primo Hiti da Família Adams, tudo bem. Porque é assim que fico quando me transformo – disse Calleb, me olhando com um ar triste também.

- Isso não é justo! – protestei, já sentindo as lágrimas se acumulando no canto dos meus olhos.

- A vida não é justa, linda – falou Calleb, me abraçando de lado. Apoiei-me em seu abraço, encostei o rosto em seu peito e deixei aquelas lágrimas rolarem.

- Tudo bem, pode ir. Eu levo-a ao Fred – disse Calleb a Sam, que se afastou devagar e foi embora. Acho que ele não sabia lidar com a situação.

- Só corto os meus cabelos se você cortar os seus mais curtos. E só corto, no máximo, na altura do pescoço! – falei, depois de chorar um pouquinho, ainda encostada ao peito de Calleb. Ele começou a alisar os meus cabelos, me abraçou um pouco mais forte e respondeu.

- Se você preferir, posso raspar a minha cabeça!

- Não precisa. Odeio carecas! – ele sorriu um pouco em meus cabelos, me puxou para o seu lado, passando os braços pela minha cintura e começou a me conduzir.

Quando chegamos de volta à minha casa, já havia anoitecido a algum tempo. Parei em frente à porta, sem nenhuma vontade de entrar. Calleb também não parecia muito disposto a ir embora.

- Essa vida é muito injusta mesmo! – observei - Você ficou ainda mais bonito de cabelo curto... – Realmente, pensei que não era possível, mas Calleb havia ficado ainda mais lindo com o cabelo baixo e repicado. Tinha lhe dado um ar meio bad boy.

- Já você, não sei porquê se preocupou tanto ou fez aquele escândalo... – ele falou, e olhou bem dentro dos meus olhos antes de continuar - você é linda de qualquer jeito!

Corei de vergonha, não só pelo que ele havia dito, mas pelo escândalo que tinha dado no cabeleireiro. Calleb cortou o cabelo primeiro. Depois de eu desistir umas dez vezes, e ele me convencer novamente em todas elas, me sentei na temida cadeira. Instruí Fred a cortar não mais que até o pescoço, mas mesmo assim não consegui conter as lágrimas. A cada mecha do meu cabelo que caía, eu chorava e soluçava compulsivamente, enquanto Calleb segurava firme a minha mão. Pensando agora, me lembrei de uma novela que havia assistido no Brasil, onde a protagonista sofria de leucemia e tinha que raspar a cabeça. Ela se comportou bem melhor na cena do que eu.

- Obrigada por hoje. Não sei o que seria de mim se estivesse sozinha – eu queria agradecer, não só pela companhia, mas por ele ter compartilhado aquele momento comigo, sentindo o mesmo que eu estava sentindo.

- Não se lembra do que Embry lhe disse ontem? Agora estamos juntos em todos os momentos... – Calleb falou, se aproximando mais de mim. Eu me lembrava do que Embry havia dito, mas não era bem isso... ele falou que éramos uma família. Acho que Calleb adaptou o discurso para não dar a entender que me via como uma irmã.

Apenas sorri e me aproximei ainda mais dele, abraçando-o com força. Era muito bom sentir-se amparada em um momento tão complicado. Nesse exato instante, minha mãe, com seu ótimo senso de oportunidade, abriu a porta, fazendo com que nos afastássemos, surpresos.

- , você cortou o cabelo? Está linda, filha!

- Menos, mãe, bem menos – ela sabia que eu estava sofrendo com aquilo, e não pôde evitar de me lançar um olhar de pena.

- Eu já disse isso a ela, Sra. Regina, mas ela não quer acreditar.

- Só eu sei o quanto essa menina é teimosa, Calleb!

- Ok, vamos parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui? – os dois trocaram olhares, sorrindo. Espantei-me um pouco, afinal minha mãe odiava quando eu levava garotos para casa. Acho que até agora nenhum deles havia cumprido o primeiro requisito da sua lista: ser um nativo. Virei-me em direção a Calleb para me despedir, meio a contra-gosto.

- Boa noite, então.

- Boa noite. Posso passar aqui de manhã para te acompanhar até o treino? – ele falou, com uma carinha pidona.

- Claro! Até amanhã – abracei-o novamente e dei um beijo em seu rosto. Também não tinha percebido como Calleb tinha um cheiro bom. Já estava me acostumando a toques e abraços de corpos mais quentes que o normal. A sensação era ótima.

Quando entrei em casa, minha mãe me lançou um olhar suspeito. Fingi não perceber, e corri para a cozinha.

- Mãe, o que tem para o jantar?

- Pizza. Está no forno – minha mãe, ao contrário de mim, era uma negação na cozinha.

Comi a pizza toda, apressadamente. Estava morrendo de fome. Tomara que lobas, além de não menstruar, também não engordem... Seria o paraíso!

Minha mãe estava entretida com seus livros, então corri para o quarto. Tomei um bom banho, sentindo uma falta enorme dos meus cabelos compridos ao lavá-los, o que me fez chorar mais um pouquinho, vesti um short e uma camiseta e liguei o computador.

Com toda essa bagunça que havia se transformado a minha vida, havia esquecido de dar o ar da graça para as meninas. Acessei a internet, mas nenhuma das duas estava on line. Ligação, nem pensar! Ou minha mãe teria um ataque do coração quando a conta telefônica chegasse. Mandei mensagem para Manoela, dizendo que estava com saudades, e para Lany, pedindo que respondesse assim que recebesse a mensagem.

É óbvio que não iria falar sobre o lance de lobos, mas já sentia abstinência de falar com minha melhor amiga. Queria lhe contar sobre a cidade, como havia gostado da casa, como aqui os meninos eram realmente legais, sobre a minha aproximação com Calleb, enfim... Senti meus olhos enchendo de água de novo, mas não queria mais chorar. Calcei minhas Havaianas (brasileiras legítimas!) e decidi dar uma caminhada até a praia.

Se minha mãe me visse saindo àquela hora da noite, iria me encher de perguntas e ficar preocupada como de costume, monitorando a minha volta. Então preferi pular a janela e sair de fininho, como fazia algumas vezes quando morávamos em uma casa, no Rio. Minha mãe logo descobriu minhas fugas, e se mudou para um apartamento no 16º andar. Mas agora os perigos da noite a que ela sempre se referia não mais me assustavam, e não me senti nenhum pouco culpada.

A praia não era muito distante da minha casa. Fui me guiando pelo cheiro de sal da maresia, e encontrei um tronco enorme à beira do mar. Sentei-me ali e fiquei observando as ondas do mar indo e voltando, percebendo que, de certa forma, aquela praia tinha sua beleza.

Pensei em como meus pais teriam sido felizes neste lugar, e como eu também poderia ser, se perdesse a minha teimosia. Apesar do stress da mudança, gostei realmente de La Push e de todos que conheci. Até o frio, que pensei inicialmente que iria me incomodar, do contrário, já não fazia efeito.

Quando minha mãe decidiu se mudar para cá, odiei-a com todas as minhas forças. Mas em dois dias percebi que, talvez, se meu pai ainda estivesse vivo, e eu tivesse passado a minha vida inteira aqui, talvez eu tivesse sido mais feliz, quem sabe.

Olhando a lua lançar as sombras das nuvens sobre as ondas, sentindo a brisa do mar balançar os meus cabelos curtos, que roçavam em meu queixo, e o cheiro de maresia, todas as sensações tão intensificadas pelos meus super-sentidos recém adquiridos, decidi que aproveitaria todos os momentos a partir dali, o máximo que eu pudesse.

Chega de resmungos e lamentos, ! Se a sua vida virou de cabeça para baixo, pendure-se em uma árvore, você agora é uma lobisomem! Cheia de confiança, me levantei de uma vez, girando o meu corpo ao mesmo tempo, quando tropecei em alguém e quase caí no chão. Quase...

Olhei para cima e vi o garoto mais lindo que já havia visto em toda a minha vida. As maçãs do rosto altas, lábios cheios, cabelos mal cortados na altura dos olhos, e por falar nos olhos... olhos negros, um pouco puxados, marejados. Talvez ele estivesse chorando... Que conjunto perfeito!

Sua mão estava apoiada com força sobre as minhas costas, impedindo que eu caísse, ao mesmo tempo me segurando contra o seu peito. Ele era muito alto e forte, e também muito, muito quente. Seu cheiro amadeirado era delicioso!

Ele continuou me olhando profundamente, e parecia que aqueles olhos tinham tanta coisa a dizer... Não conseguia me lembrar de como me mexer, não conseguia me desprender daqueles olhos tristes ou daqueles braços fortes. Nossos corações batiam acelerados. Um segundo tão longo e ao mesmo tempo tão curto se passou, e ele se endireitou, firmando-me com o braço.

- Desculpe-me, não vi que tinha alguém aqui – ele falou um pouco sem jeito. Meu Deus! Seria possível ele ainda ter essa voz rouca tão linda...

- Não... eu que peço desculpas. Tenho mania de esbarrar em tudo e em todos – falei um pouco encabulada. Ele me lançou um sorriso triste, e ia se virando, para ir embora.

- Espere, pode ficar, eu já estava de saída – me antecipei, tocando em seu braço. Quando ele se virou novamente, a luz da lua clareou o seu rosto e eu reconheci quem ele era. Mas aqueles cartazes com certeza não lhe faziam justiça.

- Eu sei quem você é! Jacob Black, o lobo perdido, não é?! – ele me olhou assombrado, e eu percebi que ele não sabia que eu fazia parte do bando. Na verdade, ele não tinha a mínima idéia de quem eu era.

– Oh! Desculpe, não precisa ficar preocupado. Meu nome é Bluebird, eu sou a nova lobisomem do bando – disse sorrindo, estendo-lhe a mão. Ele sorriu fracamente aliviado e apertou a minha mão de volta.

- Nossa! Perdi muita coisa enquanto estive fora, não foi? É um prazer lhe conhecer. Você é daqui? Não me lembro de você? – lembrei-me que Calleb havia feito a mesma pergunta.

- Nasci aqui, mas morei no Brasil desde os dois anos de idade. Cheguei há dois dias – não me lembro de ter respondido ao Calleb com todos esses detalhes...

- Puxa! Você chegou a dois dias e já se transformou? Rapidinha, não?! – parecia que ele estava menos triste. Eu sorri com o seu comentário.

- Na verdade eu voltei justamente porque minha mãe percebeu que eu estava em processo de transformação.

- Você disse que me reconheceu... de onde?

- A cidade está cheia de cartazes com fotos suas, não viu? Do jeito que esse lugar é parado, acho que você virou a nova celebridade do pedaço!

Ele sorriu com o meu comentário, e com meus movimentos exagerados, o sorriso mais lindo que ele havia dado durante a nossa conversa. Como não queria ficar babando feito uma idiota, achei melhor me despedir.

- Acho... acho que você ia fazer alguma coisa, ou esperar alguém. Desculpe por atrapalhar. Já vou indo – e fui me virando para seguir para casa.

- Não! Espere. Na verdade só estava caminhando... Não quer me inteirar das últimas fofocas de La Push? – ele me perguntou com uma cara divertida, e se sentou no tronco, esticando as pernas e cruzando os braços sobre o peito. A cada nova expressão ou movimento ele parecia ainda mais lindo!

- Na verdade não sou a pessoa mais qualificada para isso. Como disse a você, só estou aqui há dois dias.

- Não sei se vou parecer enxerido, mas você não é um pouco branquinha demais para ser da tribo, não?

- Meu pai era um Quileute, seu pai o conheceu. A minha mãe é brasileira, por isso sou uma mistura dos dois.

- Uma mestiça, a milhares de quilômetros de distância, e ainda assim... você é azarada, não, garota?!

- Nem me fale... – mas no momento eu me achava a pessoa mais sortuda do mundo.

- E o que a azarada estava fazendo uma hora desses, num lugar desses e ainda por cima sozinha?

- Estava só pensando na vida... – comecei a falar, depois me toquei de que a pergunta dele havia sido um pouco intrometida - bem que Emily me avisou. Vocês lobos são todos enxeridos! Mal me conheceu e já está se metendo na minha vida?!

- A Emily sabe das coisas... – ele falou, com um sorriso debochado – sério, só falei isso porque nós cuidamos uns dos outros, e não é bom uma garota ficar andando por aí sozinha. – apesar de ter flutuado com o pensamento de ter aquele deus grego cuidando de mim, odiava quando me tratavam como uma bebê, principalmente por motivos machistas.

- Quantas vezes eu vou ter que repetir? Eu não sou mais uma garota indefesa, virei um lo-bi-so-mem! Além disso, sei cuidar muito bem da minha vida, obrigada.

Ele deu uma gargalhada alta com minha resposta. Aquilo mexeu com meu gênio, e eu me levantei indo embora. Senti alguns leves tremores percorrendo o meu corpo, então me concentrei em sair pisando firme na areia.

- Ei, aonde pensa que vai? – ele me deteve, segurando meu braço.

- Vou para a minha casa, posso? – me soltei do seu braço, apesar de ter adorado o seu toque, e continuei andando. Ele continuou caminhando ao meu lado, em silêncio, e eu decidi ignorá-lo. Logo desisti de não fitar aquele rosto tão lindo, e olhei-o meio de lado. Ele estava prendendo um sorriso, com a cara divertida. O safado estava rindo às minhas custas!

- O que é tão engraçado, posso saber? – exigi, com a voz um pouco mais elevada.

- Nada de mais, na verdade estava imaginando qual trote seria mais divertido para aprontarmos com você. Quanto mais bravinha, mais divertido... – ele disse, sem agüentar prender o riso.

- Êpa! Que novidade é essa? Chega agora e já vai inventando estorinha?

- Os meninos não lhe avisaram? Acho que estavam esperando eu voltar. As minhas idéias são as melhores... – ele falou, me lançando um olhar que deveria ser ameaçador, mas me parecendo ainda mais charmoso. Assim que chegamos à frente da minha casa parei de caminhar.

- Cheguei. Pode ir embora! – cruzei os braços e esperei ele ir embora.

- Não vai entrar? – ele perguntou, sorrindo. Nem parecia mais aquele garoto triste que esbarrei na praia.

Mas eu não podia simplesmente entrar pela porta da frente e dizer “boa noite, mãe! Saí pela janela do meu quarto, mas já voltei”. E pelo visto ele não iria embora. Rolei os olhos e caminhei em direção aos fundos. Não é que Jacob continuou atrás de mim?

- Onde você vai? – ele pareceu confuso.

- Argh! Como você é intrometido, garoto! Minha mãe não iria deixar eu sair, então pulei a janela do meu quarto – disse, a contra-gosto, e ele caiu na maior gargalhada.

- Cala a boca, idiota! Quer acordar a minha mãe?

- Desculpe-me – Jacob falou e colocou a mão na boca, segurando os risos.

Abri a janela, e ele ainda estava esperando que eu entrasse. Fala sério! Entrei em um pulo, e quando me virei para fechá-la, ele estava de bruços sobre a janela, sorrindo, o sorriso mais lindo do mundo! Se ele soubesse o que causou em mim, não faria aquilo nunca mais.

- Não vou ganhar nenhum beijinho de boa noite por ter trazido a donzela para casa sã e salva? – ele perguntou com uma cara zombeteira, e eu estirei o dedo do meio para ele – você tem uns modos, hein? Por falar nisso, nada de sair com esse shortinho de novo, ok?! – comecei a insultá-lo novamente, mas ele me interrompeu.

- Boa noite pra você também! – ele disse ainda sorrindo, soltou um beijo pra mim e foi embora.

Eu fiquei com uma cara de boba, olhando para a janela sem saber o que fazer. Fechei-a com força, e me joguei na cama. Com certeza não conseguiria dormir. Maldito Jacob Black! Porque tinha voltado? Para tirar o meu sossego? Fechei os meus olhos, mas só me lembrava daquele sorriso maravilhoso. Não seja idiota, . Tá na cara que esse menino só vai te trazer problemas! Tentei espantar ele da minha mente, mas sentia que aquela ia ser uma noite daquelas...


P.O.V. Jacob

Também entrei pela janela do meu quarto. Não queria encontrar meu pai e estragar aquela sensação boa que eu sentia agora, apesar de estar morrendo de saudades dele e da minha irmã. Deitei na cama, fazendo o mínimo de barulho possível, e comecei a pensar no que tinha acontecido...

Quando Sam e os garotos me arrastaram da festa de casamento de Bella, tudo o que eu queria fazer era voltar lá e acabar com aquele sanguessuga nojento. Como é que ele tinha coragem de arriscar a vida dela por um motivo tão fútil?! Sexo! Eu com certeza não faria isso.

A raiva e a tristeza ocupavam a minha mente ao mesmo tempo, mas eu não queria me transformar, já bastava de vozes gritando na minha cabeça o que eu tinha ou não de fazer. Saí andando sem direção, e quando dei por mim estava próximo ao salgueiro onde eu e Bella costumávamos conversar.

Estava tão fora de mim que acabei tropeçando em alguém que já estava lá. Senti seu corpo quente em meus braços e aquele perfume tão delicioso. Era uma garota. Uma garota linda. O que mais me chamou a atenção foram seus olhos. Verdes e muito vivos. Ela parecia ser uma pessoa muito feliz, seus olhos brilhavam com alguma emoção que eu não conhecia. Não era justo perturbá-la com minhas angústias, então comecei a me afastar.

Mas ela me interrompeu. Seu nome era . Nome muito bonito, bem diferente. Para completar, ela fazia parte do bando. Como eu não tinha percebido, pelo seu toque quente, ou pela batida forte do seu coração?

começou a falar, de um jeito tão lindo, confuso e engraçado... não consegui deixá-la ir embora. Eu queria saber mais sobre ela. Quando comecei a provocá-la, e ela ficou irritada... Nossa! Ela ficou ainda mais bonita com aquela cara de bravinha!

De repente me esqueci do que havia ocorrido hoje, na verdade me esqueci de todo o resto. Só pensava nela, e em como não queria que fosse embora. Acho que ficou pensando que eu era maluco, ou coisa do tipo. Como é que eu tratava uma estranha de forma tão soltinha? Eu mesmo me surpreendi com algumas coisas que havia falado. Mas o que eu podia fazer? Sentia-me totalmente à vontade com ela. Parecia que nos conhecíamos desde sempre...

Voltei pra casa correndo, com o coração batendo forte. Justo hoje, quando pensei que seria a noite mais triste da minha vida, quando fecho os olhos só consigo ver um par de olhos verdes e lindos.

Capitulo 4- Distração


Levantei sobressaltada com as batidas fortes da minha mãe na porta do quarto. Havia esquecido de destrancá-la quando voltei do meu passeio noturno. Abri a porta e a encarei, sonolenta.

- Onde é o incêndio? – perguntei com a voz irritada.

- Em lugar nenhum. Já são quase onze horas da manhã, e o coitado do Calleb não agüenta mais te esperar.

Levei um susto quando minha mãe disse isso. Com tudo o que havia acontecido ontem à noite, tinha me esquecido completamente que havia marcado com Calleb, na verdade não me lembrava nem mesmo que ele existia.

- Já saio em um segundo! – falei um pouco mais alto, tendo certeza que ele havia escutado.

Tomei um banho rápido, apenas para tirar o cansaço da noite mal dormida – passei a noite repassando cada fala e movimento de Jacob em minha mente – vesti um short jeans e uma baby look, calcei o tênis e saí correndo para a sala.

- Desculpe por ter feito você esperar, demorei a pegar no sono esta noite – sonhando com o meu príncipe encantado, diga-se de passagem – falei com uma carinha pidona. Ele sorriu com a minha expressão.

- Sem problemas, sua mãe me fez companhia enquanto eu te esperava – ele falou com um jeito meio desconfiado. Eu não queria nem saber o que os dois andaram conversando, com certeza era sobre mim, e talvez não fosse nada bom. Então fomos embora em silêncio.

- Trouxe uma surpresa pra você – ele me interrompeu, enquanto minha mente teimosamente voltava para os mesmos pensamentos da noite anterior.

- Pra mim? Adoro surpresas! – exclamei, pulando entusiasmada.

- Não é nada de mais... acho que você nem percebeu quando eu peguei isso ontem de tarde – ele falou, e me estendeu uma tiara muito bonita de couro. Vi que ela estava trançada com... cabelos?

- Que lindo! São meus cabelos, não são? Adorei! – falei e me joguei sobre ele, beijando o seu rosto. Ele me segurou, sorrindo surpreso pela minha reação exagerada.

- Na verdade são os nossos cabelos misturados. Eu fiz uma igualzinha pra mim também – ele me mostrou uma tiara, realmente igual à minha. Mas para quê ele usaria uma tiara? O olhei confusa, depois entendi para quê as tiaras serviam.

- “Mochilas de lobos”, hein? – sorri convencida pela minha esperteza. Lembrei-me que Leah havia dito que os lobos amarravam suas roupas na perna com tiras enquanto estavam transformados. Nem me toquei de providenciar um cordão para a primeira aula. Mas este seria bem melhor... As nossas tiras seriam personalizadas.

- Exatamente! – ele retribuiu meu sorriso.

- Gostei ainda mais! Muito obrigada – Amarrei a tiara em minha testa, e já me sentia o próprio Rambo indo em direção à luta.

- Você ficou linda! Agora sim, se parece com uma nativa – dei um meio sorriso encabulada. Ontem não me incomodei com os elogios de Calleb, mas hoje me sentia mais envergonhada, já que havia outra pessoa em minha mente...

Só me dei conta de que já havíamos entrado na floresta quando Calleb me deteve pela cintura, impedindo que eu tropeçasse em um tronco enorme que estava caído no meio do caminho.

- Obrigada! – soltei, enquanto me recuperava do susto.

- De nada. Você está muito distraída hoje, hein? – ele reclamou. Sorri um pouco sem graça. Realmente, depois que recebi a tiara, mal troquei duas palavras com Calleb. Minha mente voltava para uma certa praia...

- Onde será o treino de hoje? – começamos a andar um pouco mais devagar. Calleb segurou a minha mão, e eu não me importei em continuar caminhando daquele jeito.

- Sempre treinamos em uma clareira, bem no meio da floresta. Assim impedimos que as pessoas nos vejam.

- E você já aprendeu o caminho tão rápido?

- Você vai aprender também. Acho que é algo meio instintivo. Pelas cores e sons, a gente consegue memorizar cada parte da floresta de modo diferente – refleti sobre aquilo por um momento, e realmente ele tinha razão. Até o cheiro das árvores se distinguia.

- Calleb, você tem quantos anos? – pelo seu jeito de falar, mais maduro, e pela sua aparência, acreditava que ele tivesse uns vinte e poucos anos.

- Dezenove... mas por que a pergunta?

- Nada demais. É que você parece ser bem mais velho do que os outros garotos... não mais do que o Sam, é claro! – sorri para ele.

- Sou mesmo um pouco mais velho do que os outros meninos. Eles têm entre treze e dezessete anos. Meu irmão é um dos mais novos, o Collin.

Além de Seth, que parecia ter uns quinze anos, lembrei-me que havia mais dois garotos novinhos, mas não me lembrava qual dos dois era o irmão de Calleb. Tão novos e já com tanta responsabilidade, refleti comigo mesma.

- Então é por isso que você parece meio deslocado? Por que é mais velho do que eles?

- Em parte sim. Quando morava na reserva, não tinha muito contato com nenhum deles, exceto com o Sam. E não era só pela idade. Sempre me senti sufocado vivendo nesse fim de mundo – ele falava com uma expressão chateada, e senti que mais do que me contando, ele estava desabafando - mas todos os outros garotos pareciam orgulhosos e satisfeitos com a vida que levavam – ele os imitou, com uma expressão exagerada - então fui embora na primeira oportunidade que tive. Acho que você me entende, não?!

Não respondi à sua pergunta. Fiquei pensando no que acabara de descobrir sobre Calleb. Desde o primeiro momento havia me identificado com ele. Assim como eu, ele parecia um estranho no ninho, além de, como descobri depois, estar passando pela mesma situação que eu. Como ele, eu sempre tive o sonho de sair por esse mundo a fora, descobrindo tudo que eu ainda não conhecia. Lembro-me das milhares de vezes que eu e Lany planejávamos nossas futuras viagens...

Mas, para minha surpresa, quando ele fez aquela pergunta, com aquelas palavras, percebi que não sentia mais a mínima vontade de estar, nesse momento, em outro lugar.

- Deve estar sendo muito difícil pra você, não?! Ter que ficar em La Push a força? – indaguei.

- Na verdade, alguém vem facilitando um pouco as coisas... – ele disse, e me lançou um olhar sugestivo. Corei um pouco – além disso, não sou obrigado a permanecer aqui. Posso completar o treinamento, para aprender a me controlar melhor, e depois volto para a minha vida de antes. Talvez lá no México nem existam vampiros... Você sentiria se eu fosse embora?

- É claro! Nem brinque com isso! – disse um pouco exaltada, e Calleb sorriu satisfeito. Dei um tabefe de leve no ombro dele. É óbvio que eu sentiria muito sua falta, ninguém no bando me entendia tão bem quanto ele. E justo agora que estávamos tão próximos.

- Não se preocupe! – ele continuou, ainda sorrindo – não pretendo deixar o meu irmão sozinho no meio dessa confusão. E talvez La Push não esteja mais tão sem graça... – ele disse, me olhando como antes. Fingi não perceber o que havia mudado desta vez.

- Até que enfim os dois chegaram! Já estava pensando que tinham sido comidos por um urso, ou algo do tipo – disse Sam, que nos esperava sentado sobre um tronco na entrada da clareira, com uma cara nada boa.

- Ele não seria páreo para mim! – fiz uma pose com as duas mãos puxadas em punho, tentando faze-lo rir. Mas ele não esboçou nenhum sorriso, certamente adivinhando a minha intenção - desculpe! A culpa foi toda minha. Eu não consegui dormir direito esta noite – falei, endireitando-me.

- Tudo bem, Pocahontas, vamos logo com isso. Já perdemos tempo demais! – estirei a língua para ele, entendendo a piadinha sobre a minha tiara na testa.

- Calleb já sabe essa primeira parte, então pode indo na frente – Calleb o obedeceu, desaparecendo entre as árvores.

- Primeiro você tem que aprender a se transformar e voltar ao normal. No começo não é fácil, mas com o tempo passa a ser natural.

Escutei um som de algo se partindo, um pouco alto aos meus ouvidos potentes, e em seguida um enorme lobo prateado adentrou a clareira. Meu primeiro impulso foi sair correndo dali. Mas olhei-o nos olhos e reconheci Calleb.

- Uau! – foi a única coisa que consegui dizer. O lobo pareceu dar um meio sorriso pra mim, mas com aqueles dentes enormes pareceu mais uma ameaça.

- Agora é a sua vez – começou Sam, tirando a minha atenção de Calleb – bem, primeiro você tem que tirar a sua roupa – ele disse, meio sem jeito – procure um lugar o mais escondido possível... depois amarre-a no tornozelo e pense em algo que lhe deixe muito irritada – algo que me deixe irritada? Eu teria muitas opções – deixe a raiva tomar conta de você, e a transformação ocorrerá – eu já seguia em direção às árvores, quando Sam me chamou – ei, não se esqueça que poderemos ler os seus pensamentos.

Nesse momento eu me preocupei. Apesar desse meu jeito brincalhão, odiava dividir meus segredos com as outras pessoas, principalmente quando não as conhecia bem.

Encontrei uma árvore bastante larga, e fiz o que Sam havia mandado. Mas na hora de me concentrar em algo, só me lembrei da última pessoa que havia me deixado irritada: Jacob. Eu não poderia pensar nele, justo agora, quando Sam e Calleb poderiam ver.

Então puxei na memória um certo idiota, que eu havia socado a alguns dias atrás, e foi tiro e queda! Em um segundo explodi no ar, caindo sobre quatro patas. Adentrei a clareira meio encabulada, e Sam e Calleb pareciam se divertir em meus pensamentos. “Belo soco, baixinha!” pensou Calleb. Percebi que eu era bem menor do que os dois. “Acho que você realmente já sabe se defender”. Rolei os olhos “isso vai ser pior do que eu imaginava”, pensei. “Com o tempo você se acostuma”, refletiu Sam.

Quando cheguei à frente deles, Sam começou a nos dar as coordenadas. Passamos a tarde testando nossa velocidade e força. Apesar de quebrar algumas árvores, eu era a mais lenta e fraca dos três, e Calleb estava adorando ver como isso me chateava. Também treinamos a velocidade da transformação, e nisso, pelo menos, superei Calleb. Nem precisava mais me concentrar tanto.

Só paramos quando nossos estômagos começaram a reclamar. Quando já estava chegando em casa, percebi, com alívio, que a tarde havia sido tão divertida, que não pensei em nada constrangedor.

Sam e Calleb me acompanharam até em casa, e minha mãe os convidou para ficarem para o almoço - quase jantar, diga-se de passagem. Calleb não pôde ficar, tinha que buscar o irmão em algum lugar. Nos despedimos rapidamente, e percebi que ele era bem mais soltinho quando estávamos sozinhos. Sam entrou rapidamente, apenas para cumprimentar minha mãe.

- Sra. Regina, Billy pediu para convidá-la pessoalmente para uma festa que haverá na casa dele hoje á noite – começou Sam.

- Festa? Que ótimo! È aniversário dele? – indagou minha mãe.

- Não. É uma festa de boas-vindas para o seu filho, Jacob, que acabou de voltar. Billy está muito feliz! – um frio desceu em minha espinha. Tinha esquecido que Jacob era filho de Billy

- Estaremos lá, com certeza – exclamou minha mãe, empolgada. Sam se despediu e foi embora. Fiquei observando minha mãe divagando sobre a roupa apropriada, ou se deveria levar algo...

Nunca havia visto minha mãe agindo desse jeito. La Push realmente tinha mexido com sua personalidade. Imaginei como minha mãe seria diferente se meu pai ainda fosse vivo, ou, ao menos, se ela tivesse encontrado outra pessoa.

- Que felicidade toda é essa, dona Regina? Arranjou algum paquera, ou o quê?
- minha mãe me olhou com a cara raivosa e respondeu.

- Me respeite, senhorita! Apenas estou feliz por poder rever velhos amigos... – tá certo, até parece...

Com essa, corri para o quarto. Fiquei tão nervosa com a notícia da festa, que perdi totalmente a fome. Só de pensar que veria Jacob novamente em poucas horas, sentia aquele frio na barriga de novo. OMG! O que está acontecendo comigo?


P.O.V. Jacob

Acordei meio desorientado, com minha irmã pulando aos gritos, ou melhor, aos berros, em cima de mim.

- Maninho! Acooorda! Todo mundo quer matar as saudades.

- Cala a boca, Rachel! Ou quem vai morrer aqui é você! Me deixa dormir em paz – coloquei o travesseiro em cima da minha cabeça, mas vi que não adiantava mais. Desisti, levantando-me de uma vez, e Rachel caiu no chão. Eu dei uma gargalhada alta com a cena, e meu pai entrou no quarto, com uma cara surpresa. Acho que ele esperava que eu estivesse com um humor mais sombrio.

- Não vai dar um abraço no seu velho, filho? – ele pareceu muito feliz, quando me viu suspendendo Rachel e pondo-a em meus ombros.

- Senti sua falta – falei, jogando minha irmã na cama, e abraçando-o com força.

- Essa casa fica grande demais sem você – apesar do tom de brincadeira, percebi a emoção em sua voz.

- Falando em tamanho, o que tem pra comer? – segui em direção à cozinha, morrendo de fome, mas parei assim que vi os garotos amontoados na sala. Estavam lá Embry, Quil, Jared e Seth.

- Que bagunça é essa? Só foi eu virar as costas que vocês já fizeram a festa?! – soltei, com as mãos na cintura e uma falsa expressão brava no rosto.

Todos me olharam surpresos, não pela minha presença, eles com certeza haviam percebido até o momento que eu tinha acordado, mas o meu humor pegou todos eles de surpresa. Ontem, quando me despedi deles, eu estava transtornado. Agora, bem, não esqueci o que havia acontecido, mas pelo menos não sentia mais como se fosse o fim do mundo.

- E aí, bela-adormecida, até que enfim se levantou! – Embry falou, e veio me cumprimentar.

- Estava esperando o meu príncipe encantado – falei, tentando beijá-lo, de mentira. Ele tentou me dar um soco e eu desviei. Todos riram juntos.

- E as novidades? – perguntei, e na mesma hora me lembrei que alguém, ontem à noite, não pôde responder a essa pergunta... Achei um doritos na cozinha, e voltei à sala.

- Cara, você precisa conhecer a gata que entrou para o bando! – falou Embry. Espiei para ver se Rachel estava por perto, mas, ao que parecia, ela ainda estava no meu quarto – uma brasileira, o nome dela é – parecia que ele havia lido meus pensamentos anteriores.

- Notícia velha – falei, de forma debochada - até já conheci a garota ontem na praia... – eles se entreolharam, surpresos.

- Você é rápido, mano! Mas e aí, é gata ou não é? – perguntou Embry, parecendo um pouco animadinho demais para o meu gosto.

- E como! – me lembrei, no mesmo instante, daqueles olhos verdes tão lindos, com os quais sonhei a noite inteira, o motivo do meu atual bom-humor - mas ela é muita areia para o seu caminhãozinho, por isso nem se empolgue.

- A gente dá duas viagens, cara... – respondeu ele, se divertindo.

- Ou três... – falou Seth.

- Até você, pirralho! – reclamei.

- Fazer o que? Até a Leah a garota conquistou! – o olhei com descrença, e todos pareciam igualmente espantados com o que ele havia dito. Não estava gostando nada do jeito que eles falavam de . Estranhei isso um pouco, mas decidi mudar de assunto.

- Mas e aí? Não aconteceu realmente nada de novo? Eu não disse que eu era a graça desse lugar... – falei presunçoso, e me joguei no sofá. No mesmo instante Paul entrou, ou melhor, emburacou porta a dentro.

- E aí, cunhado! Já se recuperou da dor de cotovelo? – ele indagou, com aquela cara irônica de sempre.

- Cunhado? Como assim? – perguntei, confuso. Rachel apareceu na sala de repente e pulou no pescoço de Paul. Olhei para o meu pai, perplexo, mas ele só girou a cadeira com uma cara insatisfeita, e foi para o quarto.

- Não pode ser! De todas as garotas de La Push, você tinha que ter um imprinting logo com a minha irmã?! Fala sério, cara! – realmente, era ruim demais para ser verdade.

E lá se foi todo o meu bom-humor... Enquanto os garotos me contavam das últimas brigas, geralmente entre Paul e algum deles, e das últimas adesões - além de , um tal de Calleb, o irmão mais velho do Collin, de quem me lembrava vagamente, havia se transformado - voltei a pensar no que havia acontecido ontem. Não a parte boa, a parte ruim.

Bella tinha mesmo se casado com o sanguessuga, e pior, talvez já estivesse morta uma hora dessas. Pude perceber que já tinha me acostumado à idéia de ela virar um deles, mesmo sendo bastante ruim. Mas a idéia de ela morrer... de nunca mais poder vê-la novamente... realmente, era muito, muito pior. Acho que nessa hora meu pai percebeu que meu estado de espírito estava mudando.

- Jake, vamos fazer uma festa de boas vindas para você hoje à noite, que tal? – Billy perguntou, parecendo animado, até um pouco demais, com a idéia.

- Não precisa, pai. Esses garotos já comem o bastante sem uma festa como pretexto – e lancei-lhes um olhar provocativo.

- Como se você vivesse de dieta – falou Quil, jogando um objeto que não identifiquei em minha direção. O segurei e lancei-o novamente, pegando ele de surpresa. Todos riram da sua cara aborrecida, quando o acertei em cheio.

- Já está decidido, só queria que você ajudasse sua irmã com os preparativos – assenti com a cabeça.

Depois de todo esse tempo fora, não podia negar um pedido dele. Pelo menos isso me distrairia da tristeza, que teimava em voltar. Se ao menos visse de novo. Parecia que só ela conseguia fazer com que eu me esquecesse de tudo...


Capitulo 5- Festa


Dei uma última olhada no espelho, e fiquei satisfeita. Estava usando uma calça jeans bem colada - assim como todas as demais que eu tinha se tornaram - uma blusa tomara que caia preta, uma sandália de saltinho preta, e argolas prateadas. Percebi que as argolas combinavam bastante com meus novíssimos cabelos curtos. Fiz uma maquiagem básica – lápis de olho, rímel, blush e gloss - e pronto.

Minha mãe estava me esperando na sala, vestida com um sobretudo preto. Percebi que em baixo havia diversas camadas de roupa. Até que era bom ser loba de vez em quando...

- Vamos, mãe?! – chamei-a, indo em direção à porta, mas ela não se moveu.

- Esqueci de perguntar onde era a casa de Billy – minha mãe confessou, um pouco constrangida - as ruas aqui parecem ser todas iguais, não me lembro de forma alguma onde fica... – soltei uma gargalhada alta. Minha mãe, se esquecendo de algo? Era muito, muito estranho...

- Já tentou ligar para ele? – ela me olhou como se eu tivesse feito uma descoberta genial. Apenas rolei os olhos. O que estava acontecendo com ela?

Mas, nesse momento, escutei um assobio vindo do lado de fora. Fomos olhar o que era, e estavam parados na frente da casa Embry e Quil – lembrei-me do nome do segundo – parecendo um pouco envergonhados.

- Boa noite, meninos! – os cumprimentei de longe.

- Boa noite! Imaginamos que vocês não deveriam saber onde seria a casa de Billy, então viemos acompanhá-las – falou Embry, sorrindo um pouco constrangido.

- Achei que só podíamos ler a mente uns dos outros quando estivéssemos em forma de lobos?! – exclamei, com a cara falsamente intrigada. Um segundo depois eles entenderam a brincadeira e sorriram satisfeitos.

- Muito obrigada! É bastante gentil da parte de vocês – disse minha mãe, já fechando a porta da casa. Fui para perto dos meninos, abracei-os e dei um beijo no rosto de Embry.

- Pensei que você havia se esquecido de mim! – falei olhando para ele, com a expressão falsamente ressentida.

- É claro que não! Só estive um pouco ocupado esses dias... – ele se justificou, um pouco sem jeito.

- Sem problemas! Hoje matamos as saudades – sorri para ele, que pareceu satisfeito. Vi Quill o cutucando, enquanto me virava em direção à minha mãe. Sorri um pouco com aquilo. Acho que tenho que controlar o meu jeito de ser tão, digamos, espontâneo. Mas gosto tanto dos meninos... me posicionei entre os dois, apoiando-me em seus braços, e seguimos em direção à festa.

De longe, podíamos ver as luzes e os sons vindos da casa de Billy. Já havia bastante gente do lado de fora, aproveitando o calor de uma fogueira que havia sido preparada, então fiquei imaginando como estaria abarrotado dentro da casa, com todos aqueles meninos enormes.

Quando chegamos, minha mãe foi a primeira a entrar. Não podíamos passar os três pela porta, então Quill entrou primeiro, e eu entrei apoiada ao braço de Embry. Quill logo correu para perto de Emilly, que segurava uma garotinha nos braços - acho que era a Claire.

Billy veio nos cumprimentar alegremente. Minha mãe e ele começaram a conversar, mas eu não prestei atenção, estava muito ocupada, procurando um certo alguém...

Jacob estava encostado em uma parede, do outro lado da sala, de costas para a porta, conversando com os outros garotos. Assim que entramos, ele se virou casualmente, e eu prendi a respiração no momento em que nossos olhos se encontraram.

Não me lembrava que Jacob era tão lindo! Será que os meninos podiam ouvir o meu coração batendo tão forte?! Ele vestia uma blusa preta um pouco colada em seu corpo, calça jeans e tênis – mas parecia um artista de cinema. Depois de me encarar por um instante, ele passou os olhos, levemente estreitados, entre mim e Embry, que ainda permanecia segurando o meu braço. Desviei o rosto, meio constrangida, e prendi minha atenção em Billy e na minha mãe.

- Onde está o seu filho, Billy? Deve estar enorme, como todos os outros garotos... – observou minha mãe.

- Nem cabe mais na cama, para falar a verdade – respondeu Billy, sorrindo. Na mesma hora Jacob apareceu ao lado do seu pai, como num passe de mágica.

- Boa noite! – Jacob nos cumprimentou com um sorriso no rosto. Ele não tirou os olhos de mim.

- Filho, queria que você conhecesse nossas mais novas amigas. Na verdade conheço Regina há muitos anos... – Billy se corrigiu, um pouco perdido. Os mais velhos pareciam muito confusos hoje à noite... – e essa é sua filha, .

- Nós já nos conhecemos – começou Jacob, apertando minha mão e me olhando sugestivamente. Um calor percorreu todo o meu corpo com seu toque, e eu larguei o outro braço de Embry, permanecendo paralisada – ontem à noite na... – nessa hora apertei a mão dele com o máximo de força possível e ele gemeu – Ai! Na... na reunião – lancei-lhe um olhar aliviado.

- Que bom, então! Espero que se dêem bem. Vamos deixar as crianças à vontade – falou Billy à minha mãe, acompanhando-a enquanto lhe mostrava o resto da casa.

- Seu tapado! – dei um tapa no ombro de Jacob - eu podia ficar de castigo, se minha mãe soubesse que fugi de casa ontem à noite, sabia?! – exclamei, com raiva.

- Desculpe, – ele disse, um pouco surpreso - não tenho culpa se você é uma filha desobediente – completou, com uma cara debochada. - Falando em desobediência... – ele me olhou dos pés a cabeça, fazendo com que eu me arrepiasse. Tomara que Jacob não tenha percebido – no Brasil eles só usam roupas indecentes, ou o quê?

- Indecente, eu? – o olhei com falsa indignação - Não tem nada de indecente na minha roupa, meu filho! O que você acha, Embry? – lembrei-me que ele ainda permanecia calado, no mesmo lugar. Dei uma voltinha para que ele, e principalmente Jacob, pudesse me examinar melhor. Eu sabia que havia puxado da minha mãe um certo atributo característico das brasileiras...

- Eh... está ótima! – Embry falou, quando conseguiu recuperar a voz, com a face corada. Jacob apenas rolou os olhos com a expressão dele e me lançou um olhar... muito, muito safado.

- Vou falar com o restante do pessoal, garotos. Com licença – e saí de lá antes que fizesse alguma besteira. Cumprimentei os outros garotos apenas de longe.

Como não tinha comido nada em casa, parti em direção à mesa de comidas, e me agarrei a dois sanduíches enormes e um copo de refrigerante. Lembrei-me de como na outra noite havia censurado internamente esse comportamento dos meninos. Agora eu os entendia perfeitamente. Nem percebi que alguém estava se aproximando.

- Está fugindo mim, ou é impressão minha? – me virei, reconhecendo aquela voz rouca que falava perto demais do meu ouvido, e me dei conta de que ficamos ainda mais próximos. Apesar da minha altura, eu batia abaixo do pescoço de Jacob. Ele devia ter quase dois metros de altura. Ah se eu pego esse pescoço...

- Claro que não! Porque estaria?! – me recuperei daqueles pensamentos nada saudáveis – só estava morrendo de fome - ele me olhou, parecendo não acreditar muito na minha resposta.

Jacob se aproximou ainda mais de mim, sem desviar seus olhos dos meus, nossos corpos quase se tocando. Quando ia começar a ofegar, ele estirou o braço de lado e pegou algo na mesa, jogando na boca. Nesse instante, Leah apareceu do meu lado, e Jacob se afastou, meio aborrecido. Eu respirei aliviada, mas ainda sentia um calor percorrendo todo o meu corpo, como se ansiasse pelo contato físico entre nós dois.

- Olá, ! Então você já conheceu o cachorrinho abandonado do bando, hein?! – soltou Leah, lançando um olhar sarcástico para Jacob. Ele rolou os olhos para ela e se afastou mais um pouco.

- Oi, Leah – respondi secamente. Não gostei do jeito que ela se referiu a Jacob. Apesar de soltar piadinhas com as pessoas, eu não gostava de atingi-las desse jeito. Ela notou minha reação e deu de ombros, pegando um refrigerante sobre a mesa. E lá se foi o clima entre mim e Jacob... Ficamos os três apenas comendo, em silêncio.

Vi Calleb chegando à festa com o seu irmão, parecendo procurar alguém entre as pessoas. Acho que ele me procurava, pois veio caminhando em direção a mim, com uma cara insatisfeita.

- Passei em sua casa para lhe buscar, mas você já tinha vindo – ele disse, um pouco descontente, se pondo na minha frente, sem cumprimentar Leah ou Jacob. Não gostei do seu tom de voz, parecia um pouco possessivo.

- Embry e Quill me acompanharam até aqui. Não sabia que você também vinha – não gostei de estar lhe dando explicações. Ele ia falar algo, mas Leah o interrompeu.

- Acho que você já pode abrir um canil, . Com todos esses cães abanando o rabinho atrás de você... – ela soltou essa e saiu aos risos. Não achei nada engraçado novamente. Jacob olhou-nos, meio sem jeito, e foi embora também.

- Você é estranho, sabia?! – disse a Calleb, meio irritada.

- Estranho, por que? – ele perguntou, surpreso com a minha reação.

- Uma hora você quase me ignora, e um tempo depois age como se... – refleti, lembrando da sua distancia em uns momentos, e da sua aproximação repentina em outros.

- Como se? – perguntou ele confuso.

- Não sei, como se fossemos mais próximos – respondi, sem saber explicar direito como me sentia em relação ao seu comportamento.

- Podemos ficar mais próximos... – ele falou, se aproximando mais de mim, mas eu o detive, com a mão em seu peito.

- Prefiro o meio termo – expliquei, me afastando dele.

Dei uma olhada rápida pela casa, mas não achei Jacob em lugar nenhum. Quando cheguei do lado de fora, o avistei sentado em um tronco, na beira da fogueira, ao lado de Seth. Ele parecia meio chateado, enquanto segurava uma vareta com um hot-dog sobre o fogo.

- O típico churrasco americano, an?! – falei, sorrindo para ele e me sentando ao seu lado. Ele pareceu mais satisfeito com a minha presença.

- Os churrascos brasileiros são diferentes? – ele me perguntou.

- Muito! Assamos praticamente um boi inteiro! – respondi, meio exagerada.

- Uau! Vou experimentar, qualquer dia desses – ele disse, sorrindo um pouco.

Roubei um pedaço do seu hot-dog, e ele o puxou de volta, fingindo não gostar. Permanecemos conversando sobre amenidades. Jake dizia em voz baixa o nome das pessoas da reserva que passavam por nós, mas eu os esquecia no mesmo instante. Estava ocupada demais apreciando o movimento dos lábios de Jacob para prestar atenção em qualquer outra coisa. Cada vez que sentia seu hálito quente próximo de mim, sensações estranhas percorriam meu corpo.

- Acho que voltei um pouco atrasado, não foi? – ele disse de repente, e eu o olhei com uma expressão confusa, então ele continuou – Parece que se formou uma fila enorme de garotos atrás de você... – Jacob parecia chateado ao dizer isso, mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Seth nos interrompeu.

- E eu sou o primeiro da fila! – disse Seth, divertido, com a mão estendida para cima.

- Você não vale, Seth... até os dezesseis anos todos são café-com-leite! – o expliquei, e ele me olhou com uma expressão ressentida, cruzando os braços sobre o peito.

- Toma essa, pirralho! – disse Jacob, sorrindo satisfeito, e dando um tapa na nuca de Seth. Apenas sorri com a situação. Seth e Jacob pareciam irmãos, ainda mais que os demais. Ambos eram naturalmente felizes, e nos passavam isso também.

- Mas e o casamento na casa dos vampiros, Seth? Você não me disse como foi? – lembrei-me que não tinha visto Seth desde aquele dia.

Nesse momento Seth me encarou, sobressaltado, olhando para Jacob meio de lado, com uma expressão preocupada. Jacob, por sua vez, parecia que havia levado um beliscão ou algo do tipo. Se levantou, sem dizer nada, e saiu.

- Eh... foi muito legal... Acho que vou ali e já volto – falou Seth, e saiu, pelo que eu entendi, atrás de Jacob.

Eu fiquei sentada, sem compreender o que eu havia dito de errado. Leah me viu de longe e se sentou perto de mim. Como ela era a pessoa mais sincera que conhecia, tinha certeza que me explicaria o que houve, então decidi pergunta-la.

- Leah... queria lhe perguntar uma coisa – comecei, meio sem jeito, e ela fez sinal que eu continuasse. Falei de uma só vez – Perguntei ao Seth sobre o casamento, e ele e Jacob fizeram as expressões mais estranhas do mundo, me deixando sozinha com a cara de tacho - Leah me olhou com um sorrisinho irônico antes de responder.

- Você foi ainda mais má do que eu, garota – a olhei, ainda mais confusa. Ela me explicou – Jacob é apaixonado por Bella, a garota que se casou com o vampiro.

A encarei, chocada. Parecia que eu havia levado um soco bem no meio do estômago. “Eu não disse, ? Esse menino só lhe traria problemas... “, pensei. Isso explicava a dor que ele sentia, quando nos conectamos. Por que, ou essa garota morreria, ou se tornaria uma vampira, e não sei o que seria pior para Jacob. Por isso ele caminhava tão triste na praia, no dia do casamento, quando nos conhecemos. O coração de Jacob já estava ocupado, e pela intensidade da sua dor, ou pela sua reação de ainda a pouco, com Registro e firma reconhecida em cartório.

- As pessoas às vezes gostam de uma complicação, não?! – Leah falou, pondo o braço sobre o meu ombro. Eu sabia que ela se referia, não só a Jacob, mas também a mim. Então ela havia percebido o meu interesse por ele.

Permaneci em silêncio, e ela me deixou sozinha. Senti uma lágrima escorrendo. Enxuguei o rosto rapidamente, e fui procurar minha mãe. Não queria mais permanecer naquele lugar. Ela estava na cozinha de Billy, ajudando Rachel e Emily com os comes e bebes. Por um momento me esqueci da tristeza que eu sentia.

- Quem é você e o que fez com a minha mãe? – indaguei-a, surpresa.

- Só estou ajudando um pouco, filha – ela respondeu, um pouco constrangida.

- Vamos para casa, mãe? Estou muito cansada – fiz uma cara de pidona, com as mãos juntas.

- Agora, filha?! Está tão cedo! – cedo? Cada vez a reação dela era mais suspeita.

- Tudo bem. Vou andando, então. E você já sabe que não precisa se preocupar comigo – completei, antes que ela protestasse. Mas para minha surpresa ela apenas assentiu com a cabeça, e voltou à cozinha. Segui para a porta, e vi Calleb caminhando em minha direção.

- Já está indo embora? – ele perguntou. Eu assenti com a cabeça – eu levo voce, então.

Em cinco minutos já havia chegado em casa, pois Calleb estava de carro. Ele estacionou na frente da casa e ficou me olhando, com uma expressão indecifrável. De repente, ele pegou uma mecha do meu cabelo e colocou atrás da minha orelha. Não sei bem se gostei ou não do seu toque. Do jeito que estava confusa, não conseguia entender os meus sentimentos.

- Desculpe pelo jeito idiota que agi hoje à noite – ele começou a conversa com um ar culpado – mas você não sabe como é ruim ver aqueles pirralhos pensando em você o tempo todo – o encarei surpresa. Por essa eu não esperava – é claro que você não tem culpa de ser tão linda, mas se não desse tanta corda para eles...

- Você não pode cobrar nada de mim, Calleb. Nós nos conhecemos a menos de uma semana, e ainda somos apenas amigos – não queria que ele agisse desse jeito, mas também não queria que ele se afastasse. Com o que havia acabado de descobrir, era bom tentar gostar de alguém que podia sentir o mesmo por mim. - Além disso, não vou mudar o meu jeito de ser por causa de seu ninguém – completei, um pouco chateada.

- E nem eu vou lhe cobrar isso! Desculpe-me de novo, não quero estragar tudo com meu ciúme idiota, e muito menos apressar as coisas.

- Tudo bem! – dei um sorriso pra ele – já vou indo, então. Obrigada pela carona – me despedi dele, com um beijo demorado em seu rosto, e saí do carro. Ele pareceu mais satisfeito quando deu a partida no carro e foi embora.

Entrei correndo em casa, vesti minha roupa de dormir – uma blusa branca de alcinhas e uma boxer, e me joguei na cama. Queria esquecer tudo o que havia acontecido. As coisas com Calleb pareciam estar se complicando cada vez mais. Estávamos nos envolvendo mais rápido do que eu pensava... Quanto a Jacob, não queria nem me lembrar do assunto.

Vi que havia duas mensagens de Lany no meu celular, que eu tinha deixado em casa. Ela perguntava como estavam as coisas e dizia que estava com saudades. Respondi rapidamente: “preciso de você mais do que nunca, amiga. Dá um toque se receber a mensagem”. Esperei em vão, mas ela não respondeu. O jeito, então, era tentar dormir e não pensar em mais nada. Quando estava quase cochilando, escutei umas batidas na minha janela.

Levantei-me um pouco sonolenta, e fiquei olhando para a janela, confusa. Será que eu estava sonhando? Jacob me olhava do outro lado da janela com uma expressão divertida. Acho que ele percebeu que eu estava semi-acordada. Aproximei-me da janela devagar, e a abri.

- Pensei que você iria me deixar aqui fora pra sempre! – reclamou ele, enquanto entrava pela janela. Eu ainda o olhava sem acreditar no que estava acontecendo.

- O que você está fazendo aqui, Jacob? – indaguei, confusa.

- Vim lhe ver, sua mal educada. Foi embora sem nem se despedir... – reclamou ele, se aproximando de mim.

- Eu sou a mal educada? Você me deixa sentada naquele tronco com cara de boba e eu sou a mal educada?

- Desculpe, . É que... eu me senti um pouco mal, só isso – ele explicou, meio desconfiado. Eu sabia muito bem o porquê, o que me fez ficar ainda mais na defensiva, com os braços cruzados em meu peito.

- Já me viu, não?! Pode me deixar dormir agora?

- Não enquanto você não me disser por que veio embora mais cedo da festa – ele falou, e segurou-me pelos braços, que continuavam na mesma posição.

- Estava cansada, só isso – respondi, sem olhá-lo nos olhos. Estava delirando com o aperto firme das suas mãos.

Ele levantou o meu rosto de leve, e posicionou o outro braço em minhas costas, puxando-me um pouco mais para perto de si. Eu não pude reagir. Meu corpo necessitava daquele contato. Ele foi abaixando-se devagar, como se testando se eu concordava com aquilo ou não. Como eu iria me opor, se era o que eu mais queria desde que tínhamos nos conhecido?! Senti sua respiração cada vez mais próxima, e seus lábios encostaram minimamente nos meus...

Mais uma vez minha mãe entrou na hora exata! Quando ela abriu a porta, Jacob sumiu, e eu quase caí no chão.

- Acordada, filha?

- Estava dormindo, mas escutei um barulho e me levantei para checar o que era – falei, um pouco sobressaltada, e ela pareceu não acreditar - e a senhora... isso são horas, mocinha? – indaguei, com as mãos na cintura, tentando enrolá-la.

Funcionou. Ela rolou os olhos e fechou a porta, gritando um “boa noite” do corredor. Jacob já estava atrás de mim, me abraçando.

- Onde estávamos mesmo? – ele perguntou em meu ouvido. Tive que invocar todo o meu auto-controle para resistir.

- Eu estava indo dormir. E você – me virei, e fui o empurrando até a janela – pode ir embora.

- Você é muito má, , sabia? – ele reclamou, enquanto pulava a janela de volta.

- Você não faz idéia do quanto! – exclamei, enquanto me preparava para fechar a janela.

Nesse momento percebi que Jacob me analisava detalhadamente do lado de fora da janela, e me lembrei de como estava vestida. Fiquei tão sem reação que ele me deu um selinho rápido antes de dar as costas e ir embora, sorrindo. Permaneci paralisada, fitando a janela com os dedos em meus lábios, sentindo um pouco do gosto da boca de Jacob. Esse garoto queria me tirar mesmo do sério! Se ele gostava de outra, o que vinha fazer aqui? Me torturar? Ou talvez, quem sabe, ele realmente só quisesse mesmo me ver... esse pensamento me deu uma certa esperança, e não consegui mais espantá-la.


P.O.V Jacob

O dia, graças a Deus, passou rápido, enquanto eu me dividia entre fazer compras, limpar a casa, e chamar o pessoal para a festa. Sentia-me quase uma doméstica! E quase sempre me distraía de certos pensamentos tristes...

Ouvi meu pai no telefone com Sam, pedindo que ele convidasse uma senhora que eu não conhecia. Pelo visto, a festa ia ser um acontecimento. Dito e feito! No começo da noite a casa já estava lotada, e era bom poder rever todo mundo.

Estava distraído, conversando com Seth e Brady, quando um perfume delicioso invadiu a sala. Eu conhecia aquele cheiro de algum lugar... Quando me virei, reconheci a dona do cheiro, que acabava de chegar: ! Todo o trabalho que tive para organizar a festa valeria a pena, então.

Ela me encarou de volta, parecendo envergonhada. Estava muito linda! Na verdade acho que nunca havia visto uma garota tão linda na vida. Quando comecei a analisá-la, percebi que alguém estava segurando o seu braço: Embry. Como não pensei em convidá-la e trazê-la pessoalmente? Na verdade, pensei na possibilidade, mas meu pai não me deu folga o dia todo.

Estreitei os olhos quando vi o contato entre e Embry. Não gostava nada daquilo. “Que é isso, cara? Você nem conhece a garota direito e já está com ciúme?”, pensei comigo mesmo. desviou os olhos, mas eu continuei prestando atenção nela e na conversa ao seu redor.

Na primeira oportunidade que tive, aproximei-me dela. Um simples toque em suas mãos fez com que eu me esquecesse de todos que estavam ao nosso redor. Eu só queria puxá-la para os meus braços... Ela me fitava, parecendo confusa. Quase que eu a colocava em apuros com sua mãe, mas ela reagiu de forma engraçada. Quanto mais brava, mais linda ela ficava, então não podia deixar de provocá-la, reclamando de suas roupas. Falando nisso, já a tinha achado gata ontem, com aquela roupa de hoje, então...

Para completar, a danada deu uma volta para que eu e Embry a analisássemos. Meu, com o perdão da palavra, que bunda era aquela! Ela não percebeu que estava me deixando louco? “Se controla, cara”, repeti mentalmente para mim mesmo. Coitado do Embry, parecia que ia ter um ataque do coração... Assim que ela saiu, pude descontar minha raiva dele. Dei um tapa com força na sua cabeça.

- Ai, cara! Ta louco? – Embry reagiu, alisando o local atingido.

- E eu é que sou rápido, hein? – falei, com os olhos estreitados. Ele me olhou, sorrindo em provocação.

Mas eu não podia perder tempo. Fui atrás de , que estava na mesa de comidas. Quando me aproximei do seu corpo, minha vontade era voar em seu pescoço e beijá-la ali mesmo. Mas eu não podia agir desse jeito. O que ela pensaria de mim?

Infelizmente Leah chegou, e estragou o clima que rolava entre a gente. Para complicar de vez, o outro garoto que havia se transformado chegou e veio correndo atrás dela. Agora me lembrava dele. Calleb era um metidinho que morava em outro país. Gostei dele menos ainda quando percebi o jeito possessivo com que ele a tratava. Ela também não parecia à vontade, então preferi me afastar para não terminar brigando com o idiota.

Me sentei de frente para a fogueira, chateado. Acho que não tinha mais jeito, os garotos já estavam a disputando antes que eu chegasse. Mas porque isso me chateava tanto? Por que eu me importava? O que eu queria com essa garota?

Como se lesse meus pensamentos, se aproximou, e se sentou ao meu lado. Em um minuto meu aborrecimento já havia passado. Parecia que tinha o dom de espantar tudo de ruim que se passava em minha mente. Mas ela tinha que falar logo sobre o casamento de Bella?

Não agüentei disfarçar a dor que eu senti quando me lembrei que Bella poderia estar morta uma hora dessas. Me levantei e saí de lá. Não queria que me visse desse jeito. Seth veio atrás de mim.

- Você não pode ficar assim, cara – ele falou, com a mão em meu ombro – já está na hora de superar.

- Não posso, Seth. Só de imaginar o que pode acontecer com Bella... – não consegui nem terminar a frase.

- Ela está feliz, Jake. Você não viu no casamento? – Seth me indagou. Refleti um pouco sobre aquilo antes que ele continuasse. Era verdade, Bella estava feliz, pelo menos até nós discutirmos.

- Então, mano? Você também parecia feliz a alguns minutos – eu parecia? Pelo menos me sentia feliz enquanto conversava com – não perde essa oportunidade, Jake!.

- Você tem razão, Seth. Obrigado! – ele sorriu satisfeito com minha resposta. Seth às vezes parecia mais maduro do que todos nós.

Corri para procurar e me desculpar por ter agido daquele jeito, mas ela não estava mais no mesmo lugar. Procurei-a pela casa, mas não a achei. Perguntei por ela a Embry, e ele disse que já teria ido embora. Será que ela ficou magoada com a minha atitude? Não pensei duas vezes e corri até sua casa.

Para minha sorte havia deixado a janela do seu quarto descoberta, então pude observá-la dormindo. Ela parecia ainda mais linda do que antes... como isso era possível?!

Eu precisava conversar com ela, então comecei a bater na sua janela. se levantou, olhando-me com a expressão confusa. Ela estava muito engraçada! Abriu a janela e eu pude entrar.

Percebi que ela tinha ficado realmente aborrecida com o meu comportamento. Apesar da vontade de explicá-la o que havia acontecido, não pude resistir. Me aproximei dela, com uma vontade enorme de beijá-la. A sensação de tê-la tão próxima foi inexplicável. Mas sua mãe entrou bem na hora e estragou a minha festa. Merda!

conseguiu despistá-la, e eu não perdi tempo. Corri para abraçá-la por trás. Adorei ainda mais aquele contato entre nós dois... Mas ela estava mais controlada. Não cedeu á minha tentativa, e me expulsou do seu quarto. Antes de ir embora, enquanto ela se preparava para fechar a janela, pude observar melhor. Ela usava uma blusa quase transparente e uma boxer. Aquela garota era uma tentação! Que corpo era aquele, meu Deus!

Aproveitei sua falta de reação quando ela me viu secando-a e lhe dei um selinho. Apesar de o contato entre nossos lábios ter sido rápido, pude sentir que sua boca era macia e deliciosa, o que me deixou querendo mais, muito mais... Mas não fiquei para ver sua reação, do jeito que era nervosinha, poderia quebrar a minha cara, ou tentar, como Bella fez uma vez e não conseguiu...

Me transformei e corri para a patrulha. Embry, Seth e os outros mais novos já estavam me esperando. Não pude deixar de me mostrar, pensando em onde e com quem eu estava.



Capitulo 6- Surpresa



Acordei-me no outro dia bem cedo, estranhamente animada. O dia parecia um pouco mais quente – comparado ao tempo fechado de costume – o que contribuiu ainda mais para o meu bom-humor. Minha mãe não estava em casa, então resolvi ir ao mercado que tinha visto perto da nossa casa. Chega de biscoitos e sanduíche!

Fiquei um pouco perdida durante as compras. Senti falta de vários produtos tipicamente brasileiros, mas consegui me virar. Voltei para casa abarrotada de sacolas, apesar de elas não pesarem nem um pouco. Assim que cheguei, joguei tudo em cima da mesa e liguei o som no último volume, deixando rolar o CD que já estava dentro dele.

Entreguei-me alegremente aos prazeres da culinária. Eu adorava cozinhar! Preparei os ingredientes para montar duas lasanhas, pois não sabia o grau da minha fome de hoje. Enquanto as panelas estavam no fogo, comecei a guardar o resto da feira. Uma música de axé começou a tocar, e não pude conter o riso ao escutar a letra da música:

Eu sou o lobo mau au au (4X)
Vou te comer (6X)

Comecei a dançar, lembrando-me dos pacinhos que fazia com as meninas nas festas, quebrando até o chão, com o gingado que só as brasileiras possuem. No auge da minha empolgação, escutei alguém limpando a garganta, e virei constrangida. Queria um buraco para me enterrar! Os meninos – incluindo Jacob – estavam na entrada da cozinha, com expressões espantadas.

- Cara, as brasileiras sabem mesmo como nos cumprimentar – disse Quill, e Jacob lhe deu uma cotovelada forte. Ele gemeu, com a mão na barriga.

- Que invasão é essa na minha casa, posso saber?- questionei-os, tentando disfarçar a vergonha.

- Só viemos te convidar para aproveitar o dia de sol. Não esperávamos que você estivesse dando um showzinho particular – falou Jacob, um pouco chateado.

- Não tenho culpa se vocês são tão intrometidos... – respondi, encarando-o. Pelo riso sem-vergonha, ele entendeu que também me referi a ontem de noite.

- Que música é essa? É do Brasil? – questionou Jared. Eu assenti com a cabeça, e cantei-a em inglês. Todos explodiram em risos!

- Hum! Que cheirinho bom! – observou Seth, vindo em direção à cozinha – estou morrendo de fome.

- Como se isso fosse novidade... Estou fazendo o almoço. Fora daqui! – o empurrei de volta.

Preparei uns sanduíches e distribuí para os meninos, que já estavam espalhados pela sala. Voltei para a cozinha e deixei mais duas lasanhas preparadas, sem saber se iriam ser suficientes. Vi Jacob se aproximando, mas continuei o que estava fazendo.

- Adoro garotas que sabem cozinhar! – ele falou, escorado no balcão da cozinha, me observando trabalhar. Apenas sorri com a informação. Ponto para mim, então.

- Aonde vamos? – perguntei.

- Você vai ver. É surpresa – ele falou, animado. O olhei com uma expressão suspeita – não se preocupe, você vai gostar.

Assim que terminei o almoço, corri para o quarto, vesti um biquíni, um short e uma blusa por cima – dia de sol, para mim, era sinônimo de praia. Quando saímos de casa, vi que havia uma caminhonete e uma moto estacionadas.

- Você vem comigo – disse Jacob, me puxando pela mão, indo em direção á moto. Não me opus nenhum pouco. O restante dos meninos correu para o carro.

Andar de moto com Jacob foi a melhor coisa do mundo! Colei o meu corpo no dele, apertando sua cintura com força, enquanto ele partia em alta velocidade. Encostei minha cabeça em seu ombro, sentindo seu cheiro, e tentei aproveitar ao máximo aquele momento.

De vez em quando ele descansava sua cabeça na minha, ou alisava meus braços presos á sua cintura, e eu flutuava em reação. Sentia um formigamento estranho em algumas partes do meu corpo quando ele me tocava. “Se controle, !”, repetia para mim mesma, mas como poderia, sentindo nossos corpos tão próximos...

Chegamos antes dos meninos a uns penhascos do outro lado da praia. Eram paredes imensas, onde as ondas batiam raivosamente. Quando desci da moto, Jacob me lançou um olhar pidão, e me puxou para um abraço. Eu não o recusei.

- Jake, você me ensina a andar de moto? – perguntei, alisando seus cabelos bagunçados pelo vento da estrada, enquanto continuávamos escorados na moto, ainda abraçados.

- Com todo prazer, gata! – ele falou, e roçou seu nariz no meu. De onde veio toda essa intimidade entre nós dois?

Ouvi a caminhonete dos garotos se aproximando, então me virei de costas para Jacob, puxando seus braços sobre a minha cintura e entrelaçando nossas mãos, para ver a reação deles quando nos vissem desse jeito. Eles não pareciam nem um pouco surpresos. Estavam todos os meninos do bando, menos Calleb e Sam.

- Sam não vem? – me virei para perguntar a Jacob. Calleb com certeza se quer havia sido convidado. Ele apenas fez um sinal negativo com a cabeça.

- E aí, novata?! Se arrisca? – Paul perguntou, com tom de provocação, apontando para o penhasco. Não o entendi, então Jacob me virou para explicar o que faríamos.

- Hoje será o seu batismo, ... Vamos pular do penhasco! – ele falou, como se dissesse que íamos bater uma bolinha.

- Você está louco? Virou suicida? – falei, horrorizada.

- Ficou medrosa de repente, foi? Cadê toda aquela coragem? – Jacob me questionou, parecendo se divertir ainda mais.

- Bem que você disse que suas prendas eram as piores... – lembrei-me do que ele havia dito quando nos conhecemos, e sorri com a recordação. Parecia que havia se passado tanto tempo...

- Na verdade, eu disse que eram as melhores – ele falou, e se aproximou mais do meu ouvido antes de continuar – mas esta eu deixo para mais tarde... – um frio passou pela minha espinha, e Jacob alisou meu braço arrepiado, sorrindo satisfeito com o efeito que havia causado a sua declaração.

- Os meninos vão primeiro. Preste bastante atenção, e pularemos em seguida – assenti com a cabeça, afinal me sentia muito segura com Jacob.

Collin tomou uma certa distância, depois correu em direção ao penhasco, se jogando de braços abertos com um grito de euforia sobre as ondas. Imaginei como Calleb ficaria preocupado se o visse fazendo isto. Seth e Brad foram em seguida.

Quando chegou a nossa vez, tomamos a mesma distância do penhasco. Jacob tirou a camisa, e eu não pude deixar de secá-lo um pouquinho. Seu abdômen definido e seus braços fortes acabaram me desorientando. Aquele garoto era uma delícia!

- Pronta? – perguntou-me Jacob. Acho que ele pensou que a minha reação havia sido medo. Eu neguei com a cabeça, ainda sem fala. Como me sentiria pronta para uma coisa dessas?

Mesmo assim me preparei para o salto, tirando o short e a blusa. Escutei alguns assobios dos garotos e corei de vergonha. Havia esquecido que os biquínis brasileiros são um pouco mais ousados. Jacob me analisou, talvez do mesmo modo que eu o tenha analisado, e depois lançou um olhar bravo para os garotos. Eles se calaram no mesmo instante.

Comecei a correr, com Jacob me acompanhando. Quando me joguei, a sensação de liberdade foi indescritível. Afundei no mar, sentindo-me em êxtase. Sempre gostei de praia desde criança, e costumava ficar longos minutos submersa, testando meu fôlego. Minha mãe quase enlouquecia à minha procura, mas eu sempre imergia de uma vez, dando-lhe um susto. Será que agora, nessa nova condição, eu teria mais fôlego? Deixei que meu corpo continuasse afundando, mas uma mão muito forte me puxou de uma vez para a superfície.

- Bella! Você está bem? – Jacob indagou, me segurando pelos ombros, e me examinando com uma expressão preocupada. Recuperei o fôlego antes de responder.

- Meu nome não é Bella! – respondi, de forma grosseira, soltando-me dele, e mergulhei de novo, nadando em direção à praia.

Alcancei a areia e continuei andando. Sentia uma frustração enorme. Como pude me iludir com tão pouco? Eu costumava ser mais esperta. Quando já estava entre as árvores que encobriam o caminho de volta ao penhasco, Jacob me deteve, girando-me devagar em sua direção.

- Desculpe, ! É que... – ele começou, parecendo tentar entender os seus próprios sentimentos.

- Não precisa se explicar. Eu sei muito bem quem é a garota – falei, olhando-o séria. Ele pareceu surpreso, e deixou cair a mão que ainda segurava o meu braço. Me virei, para ir embora.

- Espere! Eu não queria te chatear... – disse Jacob, com uma expressão triste – eu só estou um pouco confuso... – fiquei com um dó danado quando ele soltou um suspiro longo, antes de continuar a se explicar - Às vezes me sinto meio perdido. Você mudou tanta coisa aqui dentro, em tão pouco tempo – ele falou, segurando minha mão em seu peito. Seu coração batia acelerado. E o meu também – não quero que você se afaste de mim...

- Eu também não quero me afastar de você, Jake! Mas tenho muito medo de me machucar. Eu não sou a Bella. Não posso substituí-la em sua vida – falei, sentindo as lágrimas se acumularem nos meus olhos, e o peso da verdade daquelas palavras.

- E eu gosto de você justamente por isso, por você ser quem é...

Nesse momento, Jacob me puxou pela cintura, colando nossos corpos. Com uma mão tocou de leve os contornos do meu rosto, e a outra permaneceu entrelaçada à minha, contra seu peito. Algumas lágrimas escorreram dos meus olhos, antes de ele enxugá-las, e tocar seus lábios nos meus de leve.

O beijo começou delicado, sem pressa alguma, mas logo posicionei a minha mão livre em sua nuca, o puxando mais para mim. Ele correspondeu ao meu movimento, abrindo nossos lábios um pouco, roçando sua língua na minha. Jake me pressionou ainda mais contra seu corpo, posicionando suas duas mãos nas minhas costas nuas, enquanto eu puxava seus cabelos de leve com as duas mãos, agora livres.

Ele foi me guiando, sem quebrar aquele beijo sensacional, até encostar-me contra uma árvore. Mordiscou meu lábio inferior, e continuou me beijando até o queixo, passando pelo pescoço, enquanto apertava minha cintura ainda com mais força. Parecia que uma corrente elétrica passava por todo o meu corpo! Puxei seus cabelos com força, e ele entendeu a minha intenção, levantando seu rosto na minha direção. Colei nossos lábios novamente, com urgência. Sentia umas sensações estranhas com o contato entre nossas peles, sensações que nunca havia experimentado antes. Enquanto explorava todos os cantos da minha boca com a língua, Jake pressionava seu corpo cada vez mais contra o meu, mas eu só queria que ele usasse ainda mais força. Já estava com medo de derrubarmos aquela árvore. Ainda bem que meu corpo não era mais tão delicado.... Infelizmente, tivemos que separar nossos lábios para recuperar o fôlego, mas continuamos abraçados do mesmo jeito.

- Acho melhor voltarmos, Jake. Os garotos vão começar a desconfiar... - falei, tentando recuperar o fôlego. Não me importava muito com o que eles pensariam, mas não queria ouvir piadinhas na volta. Jacob me lançou um olhar malicioso.

- Não precisa se preocupar com isso. Provavelmente eles já compreenderam o que está acontecendo – ele disse, sorrindo, enquanto brincava com uma mexa do meu cabelo. Eu o mirei, sem entender, então ele explicou – ontem à noite, quando saí da sua casa, corri para a patrulha. Acho que alguém não saiu da minha cabeça... – ele me lançou um olhar insinuante, e me deu um selinho. Congelei.

- Jacob Black! Você pensou em mim com aqueles trajes que eu vestia ontem? – falei um pouco exaltada. Ele pareceu um pouco envergonhado.

- Desculpe-me. Acho que vou ter que controlar meus pensamentos daqui pra frente!

- Acho bom! – o encarei, fingindo estar com raiva. Depois puxei-o pelo braço, seguindo em direção ao penhasco, e ele permitiu que eu o guiasse, a contra-gosto.

Quando chegamos de mãos dadas, assim como eu havia previsto, escutamos milhares de gracinhas dos garotos. Depois que Jacob atirou uma pedra, e acertou o olho de Embry em cheio, todos se aquietaram. Fiquei um pouco preocupada, mas Jacob me lembrou que nos recuperávamos rápido, então descansei. Continuamos os mergulhos durante o resto da manhã. Já me sentia uma profissional!

A volta de moto com Jacob foi ainda melhor. Enquanto minhas roupas secavam contra as suas costas nuas, com ajuda do vento e do nosso calor corporal, distribui alguns beijos no seu pescoço e mordidinhas de leve na sua orelha. Ele ficava rígido, e às vezes apertava meu braço com força. Mas eu estava adorando provocá-lo!

- Você está brincando com fogo, garota! – disse ele, quando descemos da moto em frente à minha casa, me puxando para perto de si.

- Não tenho medo de me queimar! – respondi, mirando seus lábios com uma expressão insinuante.

Ele me puxou, me beijando com vontade. A sensação do contato entre nossas línguas era indescritível. O gosto da sua boca era maravilhoso! Ele entrelaçou uma mão nos meus cabelos, enquanto a outra continuava me puxando contra si. Eu joguei meus braços sobre o seu pescoço, e aproveitei todas as sensações corporais que aquele momento me proporcionava. Jacob era quente, muito quente, e fazia com que meu corpo inteiro incendiasse em reação ao seu toque. Permanecemos assim, escorados em sua moto nos beijando, até ouvirmos as brincadeiras dos meninos. Nem percebi que eles já haviam chegado!

- Vão procurar um quarto! – reclamou Seth. Eu nem me desprendi do beijo enquanto estirava o dedo do meio para ele. Os outros garotos bolaram de rir.

Depois do almoço, fiquei observando a bagunça na minha casa, sentada no sofá enquanto Jacob cochilava tranquilamente em meu colo. Os meninos devoraram quatro lasanhas inteiras, e disseram que minha casa seria a nova sede do bando. Os mais novos agora se revezavam acessando a internet no meu laptop, e os outros disputavam na queda de braço. Por enquanto, era Paul quem ganhava. Quando o volume da bagunça aumentou, Jacob acordou num pulo, um pouco assustado. Sorri com a sua expressão confusa.

- E aê, Jake! Tava fingindo dormir para não perder de mim também, hein?! – provocou Paul.

- Até parece! Você vai me pagar por ter me acordado... - Jake ameaçou. Ele se levantou, me deu um selinho e se posicionou para ganhar de Paul na queda de braço. Eu aproveitei o momento para ir tomar banho.

Enquanto a água escorria sobre mim no chuveiro, escutei Embry reclamando: “porque essas mulheres tem mania de limpeza?”. Sorri, e me lembrei da louça gigante que havia se formado.

- Porque vocês homens são todos uns porcos! – exclamei do banheiro, e todos riram alto – por falar nisso, quando sair daqui quero a louça lavada e enxugada!

Ouvi os resmungos deles, e terminei o banho satisfeita. Pelo que ouvi, quem perdesse lavaria a louça. Os gritos eufóricos de todos evidenciaram que Jacob havia ganhado de Paul na queda de braço. Homens...

De repente, todos ficaram em silêncio. Alguém havia chegado, reconheci pelo som do sapato, já que os meninos estavam todos descalços. A pessoa que entrou não disse nada, então terminei de me vestir e saí do quarto para ver quem era, ainda secando os cabelos com uma toalha.

- Calleb?! – ele estava parado, ainda na porta, olhando com uma expressão indiferente para os meninos.

- Esqueceu do treino de hoje, ? – Calleb perguntou, com a voz chateada. Ele nunca havia me chamado pelo meu apelido. Não fui eu quem o respondeu.

- Hoje é nosso dia de folga, cara – Jacob falou do sofá, me puxando para sentar no seu colo. Eu me esquivei um pouco, sentando-me no braço do sofá. Jake me olhou de lado, parecendo não gostar.

- Mano, você perdeu a lasanha deliciosa que fez no almoço! – Disse Collin, indo cumprimentar o irmão.

- Não fui convidado – Calleb falou, me lançando um olhar de acusação - já estou indo, vai comigo? – ele perguntou ao irmão, e Collin concordou, se despedindo de todos. Calleb apenas virou-se para ir embora, lançando-me um olhar triste ao passar pela porta. Aquilo partiu o meu coração! Não queria fazê-lo sofrer...

- , an? – Jacob resmungou ao meu lado. Eu escorreguei para o seu colo, beijando-o no rosto.

- Já foi tarde! Mauricinho idiota... Acha que é melhor do que a gente – reclamou Paul. Eu joguei uma almofada em seu rosto.

- Não fale assim! Calleb é meu amigo – Jacob bufou, recostando a cabeça no sofá - e já para a louça! – apontei a cozinha para Paul, que saiu resmungando.

- Não gosto do jeito que esse idiota fala com você... – confessou Jacob olhando em meus olhos, depois de um tempo em silêncio – como se fosse seu dono, ou algo do tipo... – eu também tinha essa impressão às vezes, mas não ia dizer isso a ele.

- Calleb me ajudou muito nesses primeiros dias, só isso... – puxei o seu rosto de leve para encará-lo.

- Cada vez me arrependo mais de ter demorado tanto...

Não resistia àquele ar abandonado de Jacob. Esqueci que estávamos em uma sala cheia de garotos, e colei sua boca na minha com intensidade. Ele abriu seus lábios devagar, permitindo que minha língua se deliciasse com o seu gosto, enquanto eu segurava o seu rosto delicadamente entre as minhas mãos. Escutei alguém tossindo, e me virei para ver Paul com um pano de prato na mão, vestindo o avental da minha mãe.

- O casal vinte pode parar com a agarração?! Não sei onde guardar a louça – todos morreram de rir com a cena.

Eu me levantei e fui organizar a cozinha. Quando estava terminando o serviço, senti aqueles braços, que agora reconhecia tão bem, me abraçando por trás.

- Os garotos já estão indo. Você vai me expulsar, ou posso ficar mais um pouco? – virei-me para ver sua expressão pidona.

- Deixa eu pensar... – cruzei os braços, mordendo o lábio inferior – é claro, seu bobo! – e dei-lhe um selinho.

Eu e Jacob nos despedimos de todos, e decidimos caminhar até a praia. Era tudo muito novo para mim: passar o dia todo juntos; beijar alguém em minha casa; trocar carinhos com essa pessoa na frente de todos, sem qualquer receio; caminhar de mãos dadas na praia. Eu estava adorando tudo!

Nos sentamos em um tronco – que não era o mesmo onde nos conhecemos – e ficamos abraçados, a observar o mar. Vi que Jacob estava um pouco agitado, balançando as pernas rapidamente.

- Acho que você não me trouxe aqui por acaso, não foi? – perguntei-lhe. Ele se virou para mim e entrelaçou nossas mãos, sob o seu colo.

- Não. Na verdade queria lhe explicar algumas coisas – Jake falou, sério.

- Não estou lhe cobrando nada, Jake! – expliquei, alarmada.

- Eu sei disso. Mas eu queria esclarecer tudo, antes que as coisas andem ainda mais rápido, se é que isso é possível... - assenti com a cabeça, e Jake respirou fundo antes de começar.

Jacob me contou tudo, sem que eu o interrompesse. Ele disse como reencontrou Bella e começou a sentir algo por ela; a decepção quando descobriu que ela estava namorando com outro; como ficou feliz, quando ela o procurou, e como o relacionamento deles começou a se desenvolver; a frustração que sentiu, quando Edward voltou, e eles reataram; como decidiu lutar por ela, mesmo sabendo que seria em vão; o quanto valeu a pena saber que ela sentia algo por ele, mas a tristeza por ela ter escolhido Edward; por fim, a angústia de não saber se a veria de novo.

Eu havia me enganado. Ele era muito mais apaixonado por ela do que eu imaginava, ou pelo menos teria sido. Cada vez que percebia as emoções passando em seu rosto, um ciúme monstruoso tomava conta de mim. Senti um ódio imenso daquela pessoa que machucou tanto o meu Jake. Mas, ao contrário dela, eu poderia fazê-lo feliz do jeito que ele merecia. E eu iria lutar por isso com todas as forças.

- Não achei justo que a gente se envolvesse ainda mais sem que você soubesse de tudo isso – Jacob finalizou.

- Mas você não me disse o mais importante – ele me olhou, parecendo confuso – o que você ainda sente por Bella hoje? – Jake parecia não querer responder, de cabeça baixa, mas eu continuei esperando.

- Não posso mentir pra você. Ainda penso muito nela, como você já deve ter percebido... – “era isso que você queria ouvir, não era? Parece até que gosta de sofrer!”, pensei comigo mesma. Não consegui falar nada. - Mas não sinto o mesmo que antes. Ela fez a escolha dela, e eu tenho que seguir a minha vida...

- Eu não quero ser a sua tábua de salvação, Jacob! – não agüentei mais me segurar.

- E não é isso que eu quero! – ele se explicou, um pouco alarmado – você acha que eu me esforço pra me sentir feliz com você? Na maioria do tempo que estamos juntos, nem me lembro que Bella existe! – fiquei só um pouco aliviada.

- Mas às vezes alguma coisa lhe faz lembrar-se dela, e você sente tudo de novo... – completei.

- Não é bem assim. Já disse que meus sentimentos mudaram. Quando penso em Bella, não sinto mais aquela vontade de tê-la para mim... apenas medo de que algo de ruim aconteça com ela, o que eu sei que será inevitável – refleti um pouco. Era assim que eu me sentia em relação aos meus amigos. Será que o que ele sentia por ela estava se transformando em amizade?

- Tenho muito medo, Jake. E se você me vê como um prêmio de consolação? “Bella não me quis, então vou ficar com aquela garota nova...” – falei, imitando sua voz.

- Nem brinque com isso! – ele pareceu irritado, e me puxou com força, obrigando-me a olhar nos seus olhos – Prêmio de consolação? Você é muito mais do que eu merecia! Mais do que eu poderia sonhar...

Derreti-me toda com aquela declaração, e cansei de prender a vontade de chorar, deixando que as lágrimas corressem livremente. Ele me envolveu em seus braços e me pôs no seu colo. Eu me aninhei em seu peito, enquanto continuava a chorar.

- Sua boba, não sei por que todo esse choro! Eu me declaro e você reage desse jeito? – ele falou, enquanto enxugava minhas lágrimas.

- Mas... e se você nunca esquecê-la? E se sempre gostar menos de mim do que gostou de Bella? – perto daquele monumento, não tinha como conter a insegurança.

- Não se preocupe! – ele parecia mais divertido – acho que isso não vai acontecer. Você levou dois dias para fazer o que Bella conseguiu em quase um ano! – não entendi aquilo, então analisei o seu rosto tentando decifrá-lo - Acho... – ele começou, um pouco inseguro - acho que estou me apaixonando por você!

Eu não podia acreditar no que acabara de ouvir. Olhei em seus olhos surpresa, mas antes que eu pudesse responder, ele me beijou. Um beijo realmente apaixonado e cheio de sentimentos.

Agora eu entendia o que se passava em seu coração. Ele ainda sentia algo por Bella, é verdade, por isso ainda se importava tanto com ela. Mas Jake estava se apaixonando por mim, eu percebia a verdade nas suas palavras, e não perderia por nada a chance de fazer seu sentimento crescer.

- Não preciso dizer que sinto o mesmo, não é?! – falei, olhando-o meio sem jeito.

- Até que é bom ouvir de vez em quando... – disse Jake, com a expressão desconfiada.

- Bem... você não sai da minha cabeça desde aquele primeiro momento na praia. Não tenho como negar. Estou apaixonada por voce, Jacob Black! – falei, um pouco envergonhada. Nunca tinha me declarado desse jeito para ninguém. Ele abriu um sorriso enorme e nos beijamos novamente. Como já estava escurecendo, decidimos voltar para casa.

- O dia passou rápido, não foi?! – comentei, enquanto estávamos abraçados na porta da minha casa.

- Eu podia ficar mais um pouquinho... – ele me pediu, fazendo charme. Mas escutei minha mãe se movimentando dentro de casa.

- Eu iria adorar, mas minha mãe está em casa, e eu prefiro que a gente vá com calma – não queria assumir nenhum compromisso com Jake, ainda.

- Eu poderia pular uma certa janela... – Jake soltou, com uma expressão safada.

- Calma, Jake, vamos com calma...

- Tudo bem – ele falou, ressentido.

Nos despedimos com mais um beijo daqueles, e ele foi embora. Esperei alguns segundos segurando a maçaneta da porta, enquanto me recuperava da reação que os beijos de Jacob me causavam. Quando entrei em casa, minha mãe estava sentada despreocupadamente no sofá, como se não tivesse nos espiando.

- Jacob, an? – ela insinuou, sorrindo.

- Só estamos nos conhecendo, mãe – e nos pegando de vez em quando, acrescentei mentalmente.

- Ele é um ótimo garoto! – realmente, eu poderia me envolver com qualquer um dos meninos, ou com todos eles, que minha mãe parecia não se importar.

Corri para o quarto, troquei de roupa e me deitei, sentindo que meu peito poderia explodir de tanta felicidade, mas me lembrei do olhar triste de Calleb antes de pegar no sono.


P.O.V. Jacob

Cheguei em casa ainda de madrugada e desabei na cama. Me acordei no outro dia, com Paul me sacolejando.

- Ficou doido, cara? – o indaguei com raiva, enquanto me acordava.

- Acorda, preguiçoso! Já são dez da manhã e todo mundo está te esperando lá fora – o olhei sem entender e ele continuou – não viu o sol que está fazendo não? Vamos para a praia.

De repente passou pela minha cabeça que eu poderia levar uma certa pessoa com a gente... Me levantei num pulo, tomei um banho para espantar o sono, e fomos buscar em casa. É claro que eu não perderia a oportunidade de tê-la abraçadinha a mim, então fui de moto. Os garotos me olharam de lado, mas Embry pareceu entender as minhas intenções, e com certeza explicou aos outros no meio do caminho.

Quando chegamos, tocava uma música desconhecida muito alto. A casa estava aberta, então fui entrando na frente, mas paralisei quando a encontrei dançando na cozinha. Nunca tinha vista nenhuma outra garota mexer os quadris daquele jeito tão sensual. Já não bastava seu corpo, ou suas roupas? Ela não fazia nenhum bem para a minha sanidade.

Não gostei quando vi os garotos babando também, e a interrompi. Se sua performance fosse só para mim, não queria que ela parasse nunca mais. Mas ver os outros a desejando também, não dava!

Fiquei observando-a enquanto ela preparava o almoço. Ainda por cima sabia cozinhar. Cara, essa garota é perfeita!

Levei-a em minha moto, como havia planejado, e foi melhor do que eu imaginava. abraçou a minha cintura com força, recostando-se em meu ombro. A sensação de tê-la colada em meu corpo era indescritível. Nunca tinha sentido isso por uma garota. Não me contive, retribuindo seus toques.

Lembrei-me de quando eu andava de moto com Bella, e foi impossível não comparar. Mesmo quando o sanguessuga não havia voltado, ela não agia com tanta intimidade como .

Apesar de me lembrar de Bella, não senti a tristeza que vinha junto de costume, talvez porque estivesse aproveitando aquele momento com .

Quando chegamos ao penhasco, permanecemos abraçados, trocando carinhos. Eu estava sonhando, cara. Só podia ser!

Logo os outros garotos chegaram, e parecia que já sabiam de tudo, já que não ficaram surpresos com a nossa intimidade. Aposto que vieram fofocando pelo caminho como um bando de mulherzinhas.

Expliquei que faríamos mergulho do penhasco, e ficou morrendo de medo. Ela pensou que essa seria a prenda que eu havia prometido, mas tive que cortar imediatamente as outras idéias bem mais interessantes que passaram pela minha cabeça...

Chegou a nossa vez e nos preparamos para pular do penhasco. tirou a roupa, ficando só de biquíni, um biquíni minúsculo por sinal. Eu pensava que ela não poderia ser ainda mais desejável? Que engano... O problema agora não era sua roupa, mas a falta dela. Seu corpo era perfeito! Seios empinados, barriga sequinha, e que pernas... Minha vontade era de ficar admirando-a, e depois fazer outras coisinhas mais... A minha e a dos outros garotos, que assoviaram para ela. Dei uma olhada fulminante para os engraçadinhos, e eles pararam.

Corremos e nos jogamos do penhasco ao mesmo tempo. Como sempre, a adrenalina foi ótima. Mas quando imergi, não vi na superfície. Alguns segundos depois e nada dela. Uma sensação de dejavu me dominou, e eu mergulhei desesperado à sua procura. Ela estava afundando ainda mais, então puxei-a com todas as forças para a superfície.

Fiquei tão ansioso para me certificar de que estava tudo bem, que não me dei conta de que havia chamado-a de Bella. Ela não gostou nada da minha confusão, e mergulhou em direção à praia. Droga! Você tinha que estragar tudo, não é Jacob?! Me senti um completo idiota, mas a segui para me desculpar.

A alcancei, mas não consegui explicar o que havia ocorrido. O que eu diria? Que há um tempo atrás quase perdi a garota que eu amava naquelas circunstâncias, e que senti o mesmo medo de perdê-la quando não a vi na superfície?

Pra complicar ainda mais disse que sabia quem era a garota. Quase desisti de me desculpar, mas ela já era importante demais para mim para que eu não tentasse. Contei-lhe como estava confuso, e como ela já tinha mexido comigo.

Quando disse que não era Bella, percebi que era justamente por ela ser tão diferente que eu estava encantado. Nunca havia conhecido uma garota tão espontânea, divertida, verdadeira e linda como ela.

Percebi que estava chorando, e não me segurei mais: beijei-a com vontade. Ela correspondeu ao meu beijo, o que me estimulou. Quando dei por mim já estávamos escorados numa árvore, enquanto nos beijávamos intensamente e eu pressionava meu corpo contra o seu. Cara, foi o melhor beijo da minha vida! Sentir sua pele em contato com a minha era enlouquecedor. Já estava pensando em desatar aquelas tirinhas do seu biquíni...

Mas antes que eu fizesse alguma besteira, nos separamos para recuperar o fôlego. Ela estava preocupada com o que os garotos diriam, mas a avisei que eles provavelmente já suspeitavam. Levei uma bronca de , pois não havia me dado conta de que tinha pensado nela vestida praticamente de blusa e calcinha. Eu teria que me controlar daqui para frente. Aquele corpinho só seria visto por mim, e por mais ninguém!

Voltamos de mãos dadas para o penhasco, apesar de contra a minha vontade – por mim, passaríamos o resto do dia nos beijando ali, longe de tudo.

Se fiquei surpreso com sua liberdade comigo na ida de moto, a volta foi muito melhor – ou pior. Essa garota não tem um pingo de pena de mim! Ficava beijando o meu pescoço e mordendo minha orelha. Tive que me controlar para não parar a moto no meio do caminho e ataca-la ali mesmo. Já estava com medo de passar vergonha quando saísse da moto. Graças a Deus consegui me controlar a tempo, mas continuava a me provocar. Ela não sabia com quem estava mexendo...

Á tarde corria tudo bem, até que o idiota do Calleb apareceu. Ele se dirigiu novamente a com aquela impertinência de ontem, e mais uma vez tive que me segurar para não quebrar a cara dele. Percebi que ela me evitou um pouco na sua frente, e não fiquei nem um pouco satisfeito. Fiquei ainda com mais raiva quando ela o defendeu assim que ele foi embora. Já via que aquilo iria ser um problema! Mas conseguiu me dobrar, me beijando, ainda sentada em meu colo. Quando nos beijávamos eu esquecia de todo o resto.

Enquanto estava na cozinha, fiquei pensando no que aconteceu entre a gente. Não éramos mais apenas amigos, isso era fato, então eu precisava esclarecer a situação a ela de uma vez. Não iria ser fácil. E se ela não me quisesse mais? Mesmo assim eu tinha que tentar.

Aproveitei que os garotos tinham ido embora e fui dar uma caminhada com ela na praia, procurando um melhor jeito de começar. percebeu que eu queria conversar, e essa foi a minha deixa.

Contei tudo de uma vez para ela. Incrível como me senti aliviado, podendo desabafar o que estava entalado na minha garganta a tanto tempo. parecia surpresa, acho que ela não tinha idéia do que eu havia passado.

Quando ela me perguntou o que eu ainda sentia por Bella, tentei explicar a confusão que estava o meu coração, como meus sentimentos estavam mudando aos poucos. Apesar da minha vontade de arrancar Bella de uma vez da minha vida, parecia que tomava o seu lugar aos poucos, de forma natural.

E ela ainda dizia que era um prêmio de consolação? Como poderia pensar desse jeito, se ela já era tão importante pra mim. Quando lhe expliquei isso, ela começou a chorar. Não agüentei vê-la daquele jeito, e a puxei para o meu colo. Eu faria tudo para conter aquelas lágrimas.

confessou os seus medos, e percebi o quanto ela sofria com a situação. Eu tinha que esclarecer as coisas de uma vez por todas. Já havia percebido que estava me apaixonando por ela, então me declarei e a beijei com intensidade. Quando falei as palavras em voz alta, percebi o quanto eram verdadeiras.

Quando ela disse que sentia o mesmo, meu peito parecia que ia explodir de tanta felicidade. Era muito bom gostar de uma pessoa, e saber que o sentimento era recíproco na mesma intensidade.

Infelizmente tive que me despedir dela. queria ir com calma, e tinha razão, apesar de eu não querer me afastar dela nunca mais. E não era porque ela espantava as minhas tristezas, e sim porque a sua simples presença me fazia o cara mais feliz do mundo. Voltei para casa já fazendo planos para o outro dia...


Capitulo 7- Briga



Levei um susto enorme, quando me levantei de manhã e dei de cara com Jacob, sentado do outro lado da mesa da cozinha, sem camisa, com uma expressão divertida no rosto.

- Você fica ainda mais linda quando se acorda, sabia?! – eu continuava encarando-o sem acreditar – Não vou ganhar nenhum beijo de bom dia?

Fiz um sinal negativo com a cabeça, e corri para o quarto. Escovei os dentes, penteei o cabelo e molhei o rosto. Ele já havia me visto com roupas de dormir mesmo, então não as troquei.

- Agora sim! – voltei para a cozinha correndo e me atirei sobre Jake, beijando-o com entusiasmo. Parecia até que fazia uma eternidade que tinha sentido seus lábios colados nos meus. A sua respiração... O gosto da sua boca... O calor da sua pele... Eu permaneceria ali para sempre!

- Estava com essa saudade toda de mim? Se soubesse teria vindo mais cedo... – ele disse sorrindo, enquanto me colocava em seu colo.

- Você nem imagina quanta! – disse, e dei mais um beijo em sua boca deliciosa - Mas qual o motivo da visita repentina?

- Preciso de um pretexto para te ver? – Jake falou, fingindo ficar ofendido – Tudo bem, Sam me encarregou de treiná-la hoje de manhã.

- Mas e o Calleb? – indaguei-o, e ele rolou os olhos.

- Sam irá avisá-lo do horário – Jake respondeu, um pouco aborrecido.

- Já tomou café-da-manhã? – perguntei.

- Não com você... – sorri com sua cara de pidão.

Preparei umas panquecas, ovos mexidos e bacon – típico café-da-manhã americano. Fiz um suco de laranja e arrumei a mesa. Paralisei quando minha mãe entrou na cozinha, abrindo a geladeira.

- Bom dia, Regina – Jake a cumprimentou com naturalidade.

- Bom dia, Jake! Como vai o Billy? – alô? Será que ela não percebeu os meus trajes? Ou a hora da manhã que Jake já estava em nossa casa? Se percebeu, não se importou nem um pouco.

- Está muito bem. Mandou lembranças! – ela sorriu satisfeita e voltou para o quarto.

- Acho que já ganhei a sogrinha, hein?! – exclamou Jake, enquanto me abraçava por trás. Não respondi, ainda estava intrigada com a mudança de comportamento da minha mãe.

Comemos tranquilamente – diga-se: Jake devorou quase tudo que viu pela frente, observando que nunca havia comido nada tão gostoso na vida. De repente, alguém entrou pela porta da sala, que Jake havia deixado aberta. Imediatamente Jacob se posicionou na minha frente, mas pude ver por baixo do seu braço que era Calleb quem havia chegado.

- Você de novo, cara? – falou Jacob, de forma aborrecida.

- Que eu saiba, a novidade aqui é a sua presença, não a minha – Calleb respondeu, no mesmo tom provocativo. Jacob começou a dizer algum insulto, mas eu o interrompi.

- Vamos parando com a agressividade – tentei me colocar entre os dois, mas Jacob me deteve – parecem duas crianças! – lancei lhes um olhar de repreensão. Os dois rolaram os olhos, mas relaxaram um pouco.

- Bom dia Calleb, o que houve? – indaguei-o.

- Só vim saber se vai haver treino hoje ou não, já que não sou mais avisado de nada – Calleb reclamou.

- Essa desculpa de novo? Não tem outra não? – provocou Jacob.

- Não preciso de desculpas para vê-la – Calleb devolveu. Aquela situação ridícula já estava me irritando de verdade. Lancei um olhar de repreensão para Jacob.

- É verdade, Jake! Calleb não precisa de desculpas para me ver - Calleb soltou um risinho satisfeito e Jacob me olhou aborrecido - ele é meu amigo – completei.

- Vamos treinar daqui a pouco, no mesmo lugar de sempre – expliquei a Calleb – Sam não lhe avisou? – perguntei, um pouco confusa.

- Já disse que não sou mais informado de nada – Calleb reclamou. Virei-me para encarar Jacob, mas ele olhava para o outro lado, despreocupadamente.

- Se quiser ir conosco, já estamos saindo – continuei.

- Ele vai também? – perguntou Calleb insatisfeito.

- Sou o novo professor! – disse Jacob, com a voz de deboche. Calleb bufou antes de se virar para mim e responder.

- Prefiro ir na frente. Até daqui a pouco – Calleb lançou outro olhar raivoso para Jake, e foi embora.

- Sam não ia avisá-lo coisa alguma, não é, Jacob? – exigi, encarando-o com os braços cruzados sobre o peito.

- Acho que me confundi... – eu podia ver que ele mentia, e não se arrependia nem um pouco do que tinha feito.

- Você é inacreditável, Jacob! – disse aborrecida, e fui me arrumar.

Andamos até a metade do caminho em silêncio, um pouco distantes. De vez em quando eu olhava Jacob, de lado. Percebia que ele também fazia o mesmo, mas não cruzamos nossos olhares. De repente Jacob soltou um suspiro.

- Eu não vou pedir desculpas. Não fiz nada de errado – ele disse, tentando segurar a minha mão. Eu a afastei.

- Eu já percebi que você não está arrependido – soltei, aborrecida.

- Mas o que eu fiz de mais? – Jake perguntou, me olhando preocupado.

Realmente, eu estava aborrecida porque percebi que Calleb estava magoado com a situação, muito mais do que com as grosserias de Jacob. E a maior culpada disto era eu.

- Não quero que você o provoque, Jake. Ele já está chateado o bastante.

- Problema dele! – ele soltou, com um sorriso irônico.

- Jake! – o repreendi.

- É o que eu penso. Não quero perder tempo com bobagens – Jacob falou, colocando as mãos no bolso.

- Não é bobagem, Jake. Eu e Calleb estávamos muito próximos, até você aparecer e eu escanteá-lo.

- A vida é assim mesmo... – ele disse, de maneira indiferente.

- Você não gostou nem um pouco quando isso lhe aconteceu, então não seja infantil! – no mesmo instante uma tristeza passou em seu rosto, e eu me arrependi de ter dito aquela idiotice. Aproximei-me dele, e segurei em sua mão. – Jake, você não disse que tinha que me contar tudo antes de nos aproximarmos mais? – ele assentiu com a cabeça – eu preciso conversar com Calleb primeiro. Sei que não tínhamos nada, mas não quero perder a amizade dele... – Jake apenas deu de ombros.

Quando chegamos, Calleb já estava em forma de lobo, de costas para a entrada da clareira. Dei meia-volta e fui me transformar. Quando voltei, Jacob também estava em sua forma de lobo – era um lobo muito bonito, marrom avermelhado, e um pouco maior do que Calleb. Ele me olhava, com os pensamentos divertidos.

“Acho que ganhamos uma mascote linda!”, Jake pensou, se referindo ao meu tamanho. Imaginei-me o atacando, e ele completou: “linda e muito brava!”, apenas estreitei os olhos.

Nesse momento Jacob olhou a tira que segurava minhas roupas, e vi em seus pensamentos a tira de Calleb, igual à minha. No mesmo instante, Calleb começou a se lembrar do dia em que cortamos os cabelos, destacando as imagens dos nossos abraços e carinhos, depois, de quando ele me deu a tiara de presente, e como eu o agradeci.

“Pare com isso! Você está me provocando, cara”, Jake pensou, soltando um rosnado grave.

Mas Calleb continuava a se lembrar de nós dois de mãos dadas, dele tocando nos meus cabelos, de eu o beijando no rosto.

“Pare com isso Calleb”, o pedi em pensamentos.

“Não posso apagar o que aconteceu”, ele respondeu.

“Nem eu”, respondeu Jake, e começou a lembrar do nosso primeiro beijo.

“Pare Jac”, não consegui nem terminar a frase. Calleb já havia pulado na jugular de Jacob. “Parem os dois!”, eu gritava em suas mentes, mas eles não me ouviam. Eu tentava separá-los, mas os dois se embolavam ainda mais.

Numa atitude de desespero, soltei um uivo alto, torcendo que algum dos meninos pudesse nos achar. Alguns minutos depois Sam entrou na clareira em forma de lobo, e ordenou que eles parassem com a briga. A sua ordem tinha uma autoridade tão grande, que até eu me afastei instintivamente.

“Você pode ir, . Vou ter uma conversa com os dois”. Eu assenti, e me afastei mais para voltar ao normal.

Vesti-me e voltei para casa. Garotos são sempre idiotas, aqui, no Brasil, ou em qualquer parte do mundo. Foi essa a conclusão a que cheguei com aquilo tudo.

Quando cheguei em casa, não saía da minha cabeça a tristeza de Calleb ao ver na mente de Jacob o nosso beijo. Aquilo não estava correto. Não era justo que eu fizesse sofrer a pessoa que mais me ajudou nesses dias. Peguei o celular e disquei o número de Calleb, torcendo para que Jacob não estivesse mais com ele.

- Oi, – Calleb atendeu, com a voz chateada. Pelo apelido, ele ainda estava com Jacob.

- Calleb, nós precisamos conversar. Você pode passar aqui em casa?

- Chego em cinco minutos – ele disse, antes de desligar.

Em cinco minutos Calleb já estava parado á porta da minha casa. Pude ver várias marcas de arranhões em seu braço, e imaginei como estariam profundos a cinco minutos atrás. Fiz um sinal para que ele se sentasse no sofá, mas antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele começou.

- Desculpe, . Eu não devia ter agido daquele jeito. Mas aquele garoto me provocou...

- Você não tem que me pedir desculpas por nada. Eu é que lhe devo desculpas por ter deixado a situação chegar a este ponto – ele pareceu surpreso. Ficamos um tempo em silêncio, talvez sem saber como começar.

- Depois da festa, quando nos despedimos, parecia que estava tudo bem entre a gente. Mas quando cheguei aqui ontem, não entendi direito o que estava acontecendo. Parecia que você estava mais próxima dos garotos do que eu pensava – Calleb explicou, um pouco nervoso. Quando ele terminou, respirei fundo. Era o momento de explicar tudo.

- Na noite antes da festa eu e Jacob nos conhecemos – comecei, olhando para ele um pouco insegura - não sei como explicar, mas desde aquele primeiro instante senti algo muito forte por ele. Desde então, nós estamos nos conhecendo melhor. Mas, como eu e você estávamos tão próximos, você tinha o direito de saber o que estava acontecendo.

- Você está cometendo um erro, ! Ele gosta de outra garota. É apaixonado por ela. Eu já vi em seus pensamentos – aquilo me doeu mais do que eu esperava.

- Eu sei disso, Calleb. Mas nós ainda estamos só nos conhecendo – respondi com os olhos fechados, evitando as lágrimas.

- Não vou ficar correndo atrás de você como um cachorrinho, mas sei que mais cedo ou mais tarde você vai se decepcionar com ele... e eu vou estar te esperando – Calleb disse, afagando o meu rosto.

- Você não está com raiva de mim? – perguntei, segurando sua mão em meu rosto. Ele soltou um riso fraco.

- É claro que não! Como você falou no outro dia, eu não poderia cobrar nada de você – sorri mais aliviada.

- Então nós ainda somos amigos, certo? – ele pensou um pouco antes de responder.

- Vou estar por perto, pra lhe consolar quando aquele idiota magoar você – sorri fracamente, esperando que aquilo nunca acontecesse.

Calleb me deu um abraço forte e foi embora. Quando entrei no meu quarto, dei um grito de susto. Por que eu me surpreendi? Jacob estava deitado na minha cama tranquilamente, sem camisa, e com os braços cruzados sob a nuca. Não vi nenhuma marca da briga entre eles em seu corpo.

- Jacob Black! Voce não sabe que é feio ouvir a conversa dos outros atrás da porta?! – exigi, com as mãos na cintura.

- Prometo que não me levantei daqui! – Jake respondeu, com os braços para cima. Até num momento desses ele fazia gracinha...

- Você poderia, por gentileza, ir embora? Preciso ficar um pouco sozinha – falei, apontando para a porta.

- Isso não é justo! Voce fica com raiva de mim, e não daquele idiota! – ele exclamou, se sentando na cama.

- Não estou com raiva de você, Jake. Apenas quero pensar um pouco sobre algumas coisas... – ele se levantou, e me segurou pela cintura.

- Se for por causa do que ele falou, você sabe que é mentira! Eu gosto de você. De verdade! – mas eu ainda tinha minhas dúvidas.

- Por favor, Jake! – segurei a porta para ele passar. Ele desistiu, me soltando. Antes de ir embora, se abaixou e deu um beijo na minha testa.

Agora que eu estava sozinha, podia chorar à vontade. Eu estava com tantas dúvidas! E se Calleb tivesse razão? E se Jake ainda gostasse tanto assim dela? Eu já havia visto o seu sentimento, e era algo muito, muito forte. Mas isto foi antes de nos conhecermos. Agora as coisas tinham mudado, não tinham? E se eu tivesse feito a escolha errada, como Calleb falou? Mas como eu poderia escolhê-lo, ao invés de Jacob? Seria trair o meu próprio coração. Adormeci enquanto as lágrimas ainda rolavam.


P.O.V. Jacob

Enquanto voltava para casa, tive uma idéia brilhante. Eu queria ficar perto de o máximo de tempo possível. Então, por que não unir o útil ao muito, muito agradável?! Dei meia volta e corri para a casa de Emily.

Quando cheguei lá, vi Sam sentado com Emily na varanda, aproveitando o pouco tempo que tinham. Coitado, vivia para o bando... Nessas horas eu via como nunca gostaria de ser o alfa. Eles me olharam surpresos.

- Jacob?! – disse Sam, vindo me cumprimentar – aconteceu alguma coisa?

- Não posso mais visitar os amigos? – falei sorrindo, enquanto cumprimentava Emily.

- Ok. Pode dizer o que você quer – soltou Sam, me olhando suspeito.

- Não é nada demais. Eu só estava vindo no caminho, pensando comigo mesmo... Puxa, o Sam merece uma folguinha de vez em quando. Ele já fiscaliza as patrulhas, resolve as broncas, e ainda por cima treina os novatos... – Sam continuava com a expressão de suspeita, me analisando enquanto eu discursava – Então, como eu fiquei fora tanto tempo, queria compensar minha falta. Que tal eu assumir o treino, hein?! – finalizei, batendo de leve em seu braço. Ele continuou na mesma posição, só estreitou um pouco mais os olhos.

- Jacob Black, quem não te conhece que te compre. Eu sei muito bem qual o motivo desse interesse... – fingi não fazer idéia do que ele estava falando. Aqueles caboetas iam me pagar – mas tudo bem. Eu aceito a proposta. Tem gente que vem reclamando da minha falta de tempo... – Sam disse, enquanto puxava Emily para um abraço. Ela sorriu e mexeu os lábios num “obrigada”.

- Estamos combinados, então. Até mais, cara – falei, me despedindo com um sorriso enorme no rosto.

- Ei! Não esqueça de chamar o Calleb também – Sam disse, num tom sério.

- Ah! Claro. – sorri amarelo. Até parece que eu iria chamá-lo. Se eu levasse bronca depois com certeza valeria muito a pena.

Graças a Deus achei um despertador em casa, e consegui me levantar cedo no outro dia de manhã. Quando cheguei à casa de , a porta estava destrancada. Bati, mas ninguém atendeu, então entrei assim mesmo.

Abri a porta do seu quarto só para me certificar de que ela ainda estava dormindo. Tive que me segurar para não me aproximar. Toda vez que a via sempre achava mais bonita do que eu me lembrava.

Voltei para a cozinha e me concentrei no som da sua respiração. Queria saber quando ela acordasse. Não demorou muito, e ela apareceu na cozinha. Depois de se arrumar – garotas são cheias de frescuras – voltou, iluminando o ambiente.

Mais uma vez o idiota do Calleb apareceu para estragar tudo. Quando o vi, me posicionei na frente de , para que ele não a visse daquele jeito. Dessa vez quase não me segurei. Minha vontade era arrancar a sua cabeça.

Para piorar o que já estava ruim, ficou defendendo-o, e ainda por cima percebeu que eu havia mentido sobre o treino de Calleb, o que a deixou ainda com mais raiva de mim. Eu não me arrependia nem um pouco! Mas agora o imbecil iria participar do treino também, melando meus planos iniciais de passarmos o dia a sós. De qualquer jeito, ela continuava chateada comigo durante o caminho, então Calleb tinha estragado tudo mesmo.

Eu não me importava nem um pouco com o que ele sentia, mas quando comparou a situação dele ao que eu havia passado, percebi que o coitado, assim como eu, não tinha culpa de ter gostado da pessoa errada... Eu só esperava que, ao contrário de mim, ele se tocasse disso logo e partisse para outra. Por que essa aqui, meu irmão... já tinha dono!

Na clareira, não me controlei e acabei cedendo às provocações de Calleb. Era ruim demais ver com outra pessoa, mesmo que apenas em pensamentos. Ele partiu para cima de mim, e eu me defendi. Ainda consegui fazer algum estrago nele antes que Sam chegasse. Eu não podia desobedecer sua ordem e continuar a briga, mas estava tão cego de raiva que nem percebi que tinha ido embora.

Eu odiava quando Sam usava seu poder de alfa sobre nós. Eu jamais faria isso! Odiava qualquer coisa que tirasse minha liberdade de escolha. “Veremos isso um dia”, pensou Sam, se referindo à possibilidade de um dia eu me tornar o alfa. “Nunca!”, retruquei. Percebi que Calleb não gostou de ver na mente de Sam que havia essa possibilidade. Sorri para ele, o provocando. Talvez fosse bom mandar em certas pessoas... Calleb grunhiu para mim em resposta.

“Parem os dois!”- ordenou Sam novamente – “Vocês não percebem que enfraquecem o bando com essa disputa ridícula?”.

“Estávamos muito bem sem ele”, falei, apontando para Calleb.

“Você também não fez a menor falta”, ele respondeu.

Rosnamos novamente um para o outro e Sam interveio.

“Somos uma família! Todos são importantes, sem exceção. Além disso, vocês não percebem que só dificultam as coisas para desse jeito? Vocês acham que está sendo fácil para ela?”

Relaxamos os dois. Sam tinha razão, não era justo fazê-la sofrer. Vi que Calleb concordava comigo em pensamentos. Talvez ele não fosse tão ruim quanto eu pensava...

“Posso ser pior do que você imagina” – ele respondeu ao meu pensamento - “mas não vou brigar por alguém que não me queira. Ela que faça sua escolha”.

“Acho que ela já fez” – sorri, lembrando-me dos nossos beijos. Calleb rosnou um pouco, mas relaxou. Em seus pensamentos via que ele começava a perceber que eu tinha razão.

“Não vou brigar, mas também não vou desistir” – ele respondeu.

“Os três resolvam seus problemas em outra hora” – começou Sam – “só não quero que isso atrapalhe o bando. Você ficou responsável pelo treino dos dois, Jacob. Não devia ter agido dessa forma!”.

Rolei os olhos. Sabia que mais cedo ou mais tarde levaria essa bronca. Só aí percebi que havia deixado escapar meus planos de não avisar Calleb do treino. Sam e ele me olharam com raiva.

“A partir de amanhã reassumo o treino – recomeçou Sam, muito irritado - e você, Jacob, vê se cresce”.

Protestei em meus pensamentos, dizendo que Calleb quem havia começado a briga, mas foi em vão, eles já estavam em sua forma normal. O celular de Calleb tocou e percebi que era . Escutei-os combinando de se encontrar, e agradeci por ninguém ler meus pensamentos. Voltei correndo para lá.

No caminho, um pensamento estranho me ocorreu. Me lembrei de quando eu pensava em Bella na frente de Edward, só para provocá-lo enquanto ele lia meus pensamentos. Ver na mente de Calleb não foi nada fácil... O sanguessuga deve ter sofrido bastante com isso. Senti só um pouco menos de raiva dele do que de costume, já que ele ainda pretendia matar Bella – intencionalmente ou não.

Cheguei na casa de e entrei no seu quarto pela janela, sem fazer nenhum barulho. O idiota chegou instantes depois, e foi logo pedindo desculpas. Qual era a desses garotos? Lobisomem também pode ter sangue frio como vampiro, ou o que? Só eu gostava de brigar pela minha garota?! Para mim ele era como Edward: um fingido a bem educado, só esperando a hora de dar o bote!

Foi muito bom ouvir dizer que sentia algo forte por mim, e que estávamos nos conhecendo melhor. Tive vontade de expiar a cara de boboca que ele deve ter ficado. Chupa essa manga, otário!

Quando Calleb disse que ela estava cometendo um erro, e que eu gostava de outra, tive de me segurar para não ir na sala quebrar o seu focinho de novo. Ele não percebeu como ela o respondeu triste?! Só me controlei quando o ouvi dizer que não correria mais atrás dela. Mas o safado disse não estar com raiva, e que ficaria por perto para consolá-la quando eu a magoasse. Vai esperando sentado, idiota! Me controlei para não gritar.

Ouvi Calleb indo embora e se aproximando. Me deitei na cama, com a cara mais cínica do mundo. Ela levou o maior susto e eu me segurei para não rir. Apesar de tentar acalmar a situação, parecia triste de verdade, e me enxotou da sua casa.

Tive vontade de sair de lá e ir correndo tirar satisfações com Calleb. Eu sabia que ela estava triste pelo que ele havia dito sobre Bella. Mas será que ele tinha razão? Será que eu ainda era apaixonado por ela e só faria sofrer? Não queria pensar nisso. Só de imaginar magoá-la sentia uma dor no peito. merecia alguém inteiro. Alguém que pudesse amá-la de verdade... Será que eu era capaz disso?


Capitulo 8- Pazes

Quando me acordei, já havia anoitecido. Escutei uma buzina insistente do lado de fora e corri para ver o que estava acontecendo. Minha mãe estava dentro de uma caminhonete azul, um pouco antiga.
- Surpresa! – minha mãe gritou, pondo a cabeça para fora da janela.
- Não acredito! É nosso? – perguntei, correndo para dentro do carro.
- Comprei hoje de manhã. Espero que você goste! – ela disse, parecendo avaliar a minha reação.
- Está brincando? Adorei, mãe! – a abracei com força. Apesar de ser menor de idade, já dirigia lá no Brasil com uma habilitação provisória. E apesar de não me cansar com facilidade, ou ter uma super-velocidade, andar a pé para todos os lugares não dá, né?!
- Você ainda tem que providenciar a documentação para regularizar sua habilitação aqui – minha mãe explicou.
- Amanhã mesmo vou providenciar! – exclamei, entusiasmada. Minha mãe havia salvado o meu dia.
Enquanto jantávamos, conversamos sobre como estávamos nos adaptando. Minha mãe parecia empolgada com as aulas que daria, pois achava que aprenderia muito mais do que poderia ensinar. Também ficou feliz ao reencontrar os velhos amigos, e com a tranqüilidade de La Push. Eu contei como havia gostado de todos, e como estava até me divertindo com o lance de lobo. Ela confessou que sabia que eu reagiria desse jeito.
Depois de organizarmos a cozinha, fui para o meu quarto. Fiquei com uma esperança danada de que alguém batesse na minha janela, mas isso não aconteceu. Pelo jeito que eu o havia expulsado, comecei a ficar com medo de que tivesse pegado um pouco pesado com Jacob.
No outro dia arranjei alguns mapas com a minha mãe e aproveitei a desculpa de providenciar a habilitação em Port Angels para faltar ao treino e me distrair um pouco.
A cidade não era muito grande, então não tive dificuldades em localizar a prefeitura para me informar sobre o que eu precisava para dirigir de acordo com a lei dos Estados Unidos. Aproveitei o tempo livre, e fui passear pela cidade. Acabei comprando alguns shorts um pouco mais cumpridos do que os que eu havia trazido do Brasil, um biquíni comportado e umas camisetas novas.
Depois das compras, entrei numa lanchonete, pois já estava morrendo de fome. Fiz o meu pedido e me sentei na única mesa vaga. Vi um garoto louro, muito bonitinho, entrar na lanchonete, procurando com os olhos um lugar para se sentar. O único lugar que havia era ao meu lado, então ele veio caminhando em minha direção.
- Desculpe-me, mas você está sozinha? – ele perguntou, um pouco sem jeito.
- Estou sim. Pode sentar – falei apontando para a cadeira vazia. Talvez fosse bom conversar por alguns segundos com uma pessoa normal, já que nem a minha mãe se incluía mais nessa categoria.
- Meu nome é Mike. Prazer em conhecê-la – ele falou, estendendo a mão em minha direção.
- Prazer. Me chamo – retribuí ao gesto, sorrindo para ele. Ele piscou os olhos um pouco desorientado, e se levantou para fazer o pedido.
Mike voltou e ficamos conversando enquanto nossos pedidos não chegavam. Ele me contou que morava em Forks, e que não iria para a faculdade para administrar o negócio local da família. Quando eu disse que morava em La Push, ele contou entusiasmado que pretendia ir esse fim de semana para lá.
Assim que nossos lanches chegaram, Mike me olhou com espanto. Pela sua expressão, ele estava imaginando para onde iria tanta comida. Me desconectei totalmente da conversa para saborear a minha refeição. Lembro-me vagamente de ele ter mencionado alguma coisa sobre seu antigo colégio, mas não dei a menor atenção. Pessoas normais às vezes eram muito, muito chatas.
Acabei o meu cheesburguer triplo, a porção gigante de fritas e meu milkshake de chocolate rapidamente e me despedi de Mike, com esperanças de nunca mais encontrá-lo. Enquanto estava na estrada, liguei o rádio e reconheci uma música que eu adorava, mas que nunca fizera tanto sentido como agora.



Senti um aperto no peito, e percebi que já estava morrendo de saudades de Jake. Apesar de tentar me distrair durante o dia, ele não saiu da minha cabeça um só momento. Como isso era possível? Nos conhecíamos a tão pouco tempo!...
Cheguei em casa antes do pôr-do-sol. Minha mãe, para variar, não estava. Fui para o quarto provar minhas novas aquisições. Depois de tudo devidamente guardado, tomei um bom banho e corri para a cozinha, pois já estava com fome novamente.
Me surpreendi quando vi Jacob escorado na porta, com os braços para trás e a expressão tristonha. Ele estava tão lindo, apenas com uma bermuda e uma camiseta.
- Vim saber se já estou liberado do castigo – Jake falou, meio sem jeito.
Meu coração queria sair pela boca quando escutei a sua voz. Eu só queria recuperar o tempo que havíamos perdido. Atravessei a sala correndo, e me joguei sobre ele, entrelaçando minhas pernas em sua cintura. Jake me segurou com força, parecendo surpreso com a minha reação. Beijei-o com urgência, abrindo seus lábios para sentir sua língua quente em minha boca. Ele retribuiu o beijo com a mesma intensidade.
Jake foi me carregando até o sofá, e se sentou. Eu me ajeitei em seu colo, com uma perna de cada lado do seu quadril. Continuamos nos beijando com vontade. Mordi o seu queixo, e fui beijando o seu pescoço, depois subi até a sua orelha, mordendo-a de leve. Ouvi Jake soltar um gemido baixo em reação às minhas carícias. Meu corpo parecia estar pegando fogo! Ele colocou suas mãos por baixo da minha camisa, e começou a alisar minha barriga e minhas costas. Percebi que, se passássemos dali, iríamos longe... então encostei nossas testas, enquanto respirávamos fundo.
- Uau! Isso quer dizer que estou desculpado, não é?! – perguntou Jake, ainda ofegando.
- É claro, seu bobo! – respondi sorrindo, e dei mais um selinho nele.
- Acho que deveríamos brigar mais vezes. Se sempre fizermos as pazes desse jeito... – Jake soltou, com uma cara safada.
Dei um tapa de leve em seu ombro. Apesar de ter adorado nossa reconciliação, o dia longe dele foi angustiante. De repente a sua expressão mudou. E ele me olhou nos olhos, sério.
- , eu vou provar para todo mundo que estou apaixonado por você de verdade – suas palavras eram cheias de convicção. Senti meu coração batendo mais forte com aquela declaração.
- Voce não precisa provar nada para ninguém, Jake. Eu acredito em você – segurei em seu rosto, enquanto falava olhando em seus olhos.
Começamos a nos beijar novamente, mas minha barriga roncou. Rimos alto, os dois ao mesmo tempo.
- Acho que alguém está com fome... – Jake disse, se divertindo, enquanto eu corava de vergonha.
Ele me jogou em suas costas, me carregando até a cozinha. Chegando lá, Jake me soltou devagar, e eu comecei a preparar sanduíches para nós dois, enquanto ele me observava sentado.
- Voce deu sorte de minha mãe não estar em casa – observei.
- Não dei sorte – o olhei, sem entender – eu sabia que ela não estava aqui. Regina está lá em casa, conversando com Billy - refleti um pouco sobre aquilo e de repente a minha ficha caiu.
- Jake, seu pai está diferente ultimamente? – indaguei.
- Bem, o velho está um pouco mais animado. E às vezes também não presta muita atenção no que falamos – ele riu, talvez se lembrando de algum desses momentos – por que?
- Acho que ele e minha mãe estão paquerando – concluí. Ele pareceu refletir sobre aquilo. Seu rosto pensativo era um charme.
- Será? – Jake indagou para si mesmo – ficaria muito feliz se isso fosse verdade. Sempre quis que ele superasse a perda da minha mãe – ele concluiu, sorrindo.
- Eu também sempre senti o mesmo em relação á minha mãe – confessei, retribuindo ao seu sorriso.
- Está vendo como combinamos em tudo? – Jake falou, me abraçando por trás e beijando o meu pescoço. Apenas sorri e aproveitei a sensação boa do seu toque.
Devoramos nossos sanduíches e fui mostrar minhas compras a ele. Jake aprovou os novos cumprimentos, mas disse que eu poderia usar minhas roupas antigas apenas para ele.
Ficamos no meu quarto, conversando sobre nossas vidas, sentados na cama. Falei sobre minhas duas únicas amigas, e contei algumas encrencas em que havíamos nos metido. Jake gargalhava com as minhas histórias. Ele, por sua vez, contou algumas encrencas próprias, em quase todas Embry e Quill estavam metidos.
Ouvimos quando minha mãe chegou em casa, e Jake se escondeu quando ela entrou no quarto, para perguntar como havia sido o meu dia. Eu respondi resumidamente e ela foi embora. Soltei um bocejo alto, enquanto ele voltava a se sentar ao meu lado.
- Você está cansada, não é? – Jake perguntou, afastando os meus cabelos dos olhos. Não podia mentir, era evidente que eu estava.
- Não quero que você vá embora – respondi, fazendo beicinho.
- Posso ficar, se você quiser - ele falou, e eu afirmei com a cabeça, sorrindo.
Jake me ajeitou na cama, me enrolando com o lençol. Fechou a cortina do quarto, tirou a camisa, jogando-a ao pé da cama, e depois se deitou ao meu lado, me abraçando de conchinha.
- Boa noite, meu amor! – ele disse em meu ouvido, e beijou o meu pescoço. Meu coração bateu audivelmente mais alto ao ouvir ele me chamar daquele jeito.
- Boa noite! - respondi.
Sentir seus braços fortes me envolvendo, nossos corpos colados, seu cheiro delicioso, sua respiração em meus cabelos... com certeza aquela seria a melhor noite da minha vida!
P.O.V. Jacob
Voltei para casa confuso. Quando cheguei, minha irmã e meu pai não estavam. Me joguei no sofá, e fiquei refletindo sobre o que havia acontecido. Acabei pegando no sono, de tão cansado que estava pela hora que havia acordado. Me acordei com o barulho de Paul mexendo no armário da cozinha.
- Não tem mais casa não, cara? – perguntei, me espreguiçando.
- Tenho duas! – Paul respondeu, com um sorriso debochado.
Me levantei e fui procurar alguma coisa para comer também. Fiquei conversando com Paul na cozinha enquanto comíamos. Ele contou que Billy e minha irmã estavam ajudando Regina a escolher um carro. Imaginei como ficaria feliz com a surpresa, mas meu sorriso murchou quando me lembrei que não poderia estar lá.
- O que foi, mano? Não quer que a namoradinha ande de carro? – perguntou Paul, confuso com a minha tristeza repentina.
- Não é isso. Estou contente por ela... Mas não somos namorados. Na verdade nem sei se chegaremos a ser...
- Que desanimo é esse, Jake? – Paul falou, com a mão no meu ombro – a gata tá caidinha por você!
Olhei para ele com os olhos estreitos. Aquele não era o Paul que eu conhecia. O normal seria ele se divertir com a minha desgraça, e aproveitar isso para me provocar. Mas ele continuava comendo tranquilamente... Parece que o amor faz mesmo milagres!
No final da tarde Billy, Regina e Rachel chegaram. Examinei o carro que haviam comprado – uma caminhonete Chevy azul, um pouco mais nova que a de Bella - para ver se estava tudo ok.
- Pelo visto não há nada de errado com o carro. Mas qualquer problema pode me procurar – falei a dona Regina, enquanto limpava as minhas mãos sujas de graxa.
- Muito obrigada, Jacob. É bom saber que temos com quem contar – respondeu ela, sorrindo para mim e para Billy.
- Não por isso! – sorri de volta, torcendo para que o carro desse defeito logo no primeiro dia, e elas precisassem dos meus serviços. Na verdade, eu poderia ter aproveitado a oportunidade e desconectado algum cabo...
Assim que anoiteceu corri para a patrulha. Embry notou a tristeza em meus pensamentos, quando volta e meia eu me lembrava da expressão de me pedindo para ir embora.
“O que houve, mano? Voces pareciam tão bem...” – Embry perguntou.
“O idiota do Calleb está dificultando as coisas.”
Collin me olhou com raiva.
“Foi mal, Collin, mas seu irmão é um pé no meu saco!”
Collin não respondeu, se distraindo com as brincadeiras de Brad.
“Não é bem isso que está se passando na sua mente...”, disse Embry, se referindo à culpa que eu estava sentindo.
“Estou confuso, Embry. Não sei o que está acontecendo comigo. Tenho medo de magoar , ela não merece. E se eu ainda for apaixonado por Bella?”
“Bem, se você não entende o que se passa na sua mente eu posso dar uma ajudinha... Já percebeu quantas vezes você pensou em Bella hoje a noite? Uma vez! E por causa de ” – eu fiquei surpreso com aquilo. É verdade, não era apenas perto de que eu me esquecia de Bella. Agora sempre ocupava meus pensamentos. - “Se lembra como Bella não saía da sua cabeça? Eu me lembro porque era chato pra burro...” – continuou Embry – “todo aquele sofrimento nos afetava também. Mas agora é diferente. Quando você pensa em não nos sentimos mal”.
“Principalmente quando ela está vestida de blusa e calcinha...” – completou Seth, se lembrando do que eu havia deixado escapar no outro dia. Rosnei para ele.
“Foi mal, cara. Mas a culpa foi sua!” – Seth respondeu, com razão.
“Tá vendo, cara. Você morre de ciúmes dela! Nem do sanguessuga você tinha tanto ciúme assim...” – observou Embry.
“Não sei como explicar, mas é que... com Bella era diferente. Eu tinha esperanças de ficarmos juntos, mas sabia que ela pertencia a outro. Com não, desde o primeiro dia sinto como se ela fosse feita pra mim, e para mais ninguém”.
“E você ainda tem dúvidas de que, mano?” – Seth se intrometeu na conversa. Pensei um pouco antes de responder, já me sentindo melhor.
“De como eu e faremos as pazes...” – sorri, imaginando-me pulando a sua janela, e beijando-a como naquela primeira vez. Os garotos gemeram em uníssono e eu cortei aqueles pensamentos.
Me sentia tão confiante, que ainda passei umas duas vezes por perto de sua casa. Mas desisti dos meus planos, pensando que talvez fosse melhor lhe dar um tempo maior.
A patrulha acabou, agradeci aos garotos pela ajuda e corri para casa. Desabei na minha cama e só acordei de tarde. Tomei banho, me arrumei – vesti uma bermuda, uma camiseta e um tênis, o que já era demais – comi alguma coisa e corri para a casa de . Infelizmente sua mãe me explicou que ela havia saído, então voltei para casa cabisbaixo.
Mais tarde Regina apareceu lá em casa. Inventei qualquer desculpa para o meu pai e corri para a casa de , queria esperá-la lá mesmo. Não estava mais agüentando de saudade, o que só aumentava a minha convicção sobre os meus sentimentos.
Quando cheguei, vi a caminhonete estacionada na frente de casa e as luzes acesas. já havia chegado! Meu coração batia mais forte enquanto eu entrava. Fiquei parado na porta, sem saber se deveria entrar ou não. E se ela ainda estivesse muito chateada? De repente apareceu na sala, linda como sempre.
Ao contrário do que eu imaginava, ela se jogou sobre mim, me beijando intensamente. sempre me surpreendia, e eu ficava cada vez mais encantado por ela. O beijo, o que posso dizer, foi ainda melhor que o primeiro. Quase não me controlei com sentada daquele jeito sobre mim, beijando meu pescoço e mordendo minha orelha. Ela sabia como me deixar louco! Infelizmente nos separamos antes de avançarmos ainda mais.
Tive que me controlar, para poder falar sério. Disse que provaria os meus sentimentos por ela para todo mundo, com toda minha convicção recém-adquirida. Agora eu tinha certeza que estava completamente apaixonado por ela!
Enquanto estávamos na cozinha, me falou sobre suas suspeitas em relação à sua mãe e Billy. Me surpreendi com aquilo, mas talvez ela tivesse razão. O velho ultimamente parecia que estava no mundo da lua... Sorri, imaginando nós quatro como uma família feliz... Não ia prestar! Ou prestaria até demais...
Passamos o resto da noite conversando. Não me cansava de ouvi-la contando suas histórias, sempre tão entusiasmada. Era lindo o modo como interpretava as cenas. Eu simplesmente não conseguia desviar meus olhos dela.
Mais tarde, depois que sua mãe voltou, percebi que ela estava cansada. Mas, para minha sorte, ela não me deixou ir embora... Fechei a cortina para que ninguém pudesse nos flagrar, e me ajeitei ao seu lado. A sensação de tê-la entre os meus braços era incrível. Cada vez mais percebia como nos completávamos.
Como tinha dormido a manhã inteira, pude aproveitar aquele momento antes de pegar no sono. Fiquei acariciando a pele macia do seu braço, sentindo o perfume dos seus cabelos e admirando seu rosto de perfil. parecia um anjo, dormindo num sono profundo. Percebi, naquele momento, que não tinha mais jeito... eu a queria comigo para sempre!
“Jake, você está passando a noite com a garota por quem é apaixonado, pela própria vontade dela, e não por qualquer obrigação...” falei para mim mesmo. Essa sim seria a melhor noite da minha vida!
Capitulo 9- Compromisso


No outro dia, acordei com uma sensação gostosa. Acho que tive um sonho bom durante a noite. Um sonho bem real, diga-se de passagem. Mas aquele cheirinho gostoso impregnado em meu travesseiro eu reconhecia muito bem. Não tinha sido um sonho. Jake havia passado a noite aqui!

Me levantei num sobressalto, percebendo que ele já havia ido embora. Vi um papel rabiscado em cima da minha escrivaninha, e não reconheci aquela caligrafia um pouco desleixada:
Minha linda, recebi um chamado urgente de Sam, mas não quis lhe acordar. Não se preocupe, não deve ser nada demais. Espero que você nem leia esse bilhete, pois prometo voltar correndo.
PS: obrigado pela melhor noite da minha vida!
Jake
Reli o bilhete milhares de vezes, com um sorriso enorme no rosto. Jake sentia o mesmo que eu. Nossa noite tinha sido maravilhosa! E olhe que nem havia acontecido nada demais...

Apesar de ele ter dito no bilhete que não deveria ser nada, fiquei preocupada com o chamado de Sam. E se Jake estivesse correndo perigo? Me arrumei rapidamente e corri para a casa de Emily. Com certeza ela saberia me informar o que estava acontecendo.

Percebi que os meninos ainda não haviam voltado, pelo silêncio que imperava na casa, e fiquei ainda mais ansiosa. Emily me cumprimentou alegremente, o que me tranqüilizou um pouco. Se tivesse acontecido alguma coisa ruim, ela não reagiria desse jeito. Quando a questionei, Emily repetiu o que Jake havia escrito, que não deveria ser nada demais, e que provavelmente eles voltariam logo. Acho que ela já estava acostumada. Fiquei ajudando-a a preparar comida para os garotos, olhando a porta a cada segundo.

Quando ouvi o som de passos se aproximando, não me contive e corri até a porta. Os garotos vinham a alguns metros da casa. Reconheci todos eles, principalmente Jacob, que vinha mais á frente com Sam. Apesar da vontade de correr até lá, permaneci esperando na porta da casa. Jacob me viu de longe e abriu um sorriso enorme, tirando instantaneamente toda a preocupação do meu coração.

Ele parou na entrada da casa, me olhando com a expressão divertida, enquanto os outros garotos passavam por nós dois, entrando na casa de Emily. Corri em sua direção e abracei-o com força. Jake me envolveu em seus braços, alisando minhas costas. Sentir o calor do seu corpo era reconfortante! Depois me separei dele, para observar se realmente estava tudo bem. Ele sorriu, balançando a cabeça em reprovação à minha preocupação.

- Não disse que você não precisava se preocupar? – Jake falou, enquanto entrávamos em casa de mãos dadas.

- Como se isso fosse possível – respondi. Ele rolou os olhos e me puxou para sentar ao seu lado no sofá.

Todos se acomodaram na sala, enquanto riam e conversavam. Realmente, acho que não havia acontecido nada demais...

Vi Calleb sentado no outro lado da sala. Ele nos olhou de relance, depois fixou sua atenção em Sam, que estava de pé, abraçado com Emily.

- Detectamos o rastro de um vampiro em nossas terras – Sam começou a explicar, olhando para mim e para Emily – não sabemos se era algum viajante, ou se representava alguma ameaça – enrijeci com sua afirmação, e Jake apertou minha mão com mais força – em todo caso, manteremos maior vigilância – Sam finalizou e todos concordaram com a cabeça. Os meninos, incrivelmente, pareciam empolgados com a idéia.

- Vamos reorganizar os grupos e dividi-los entre os três turnos, expandindo nossa área de cobertura – Sam voltou a falar, depois de um tempo.

- Acho que já posso fazer parte da patrulha – falei, dirigindo-me a Sam, com segurança.

- Não acho que seja necessário – Jake contrapôs, me lançando um olhar bravo.

- Se eu participar, os grupos ficarão com números iguais – respondi, ainda olhando para Sam.

- Não fará tanta diferença assim, dependendo do grupo – Jake rebateu. Olhei-o com descrença. Ele estava dizendo que eu não era capaz? Quando abri a boca para respondê-lo, Sam interveio.

- tem razão, Jacob. Além disso, não acho que será tão perigoso assim para ela. Será o seu treinamento. Se você preferir, ela pode ficar no seu grupo, junto com Seth e Embry – Jake concordou, não parecendo nem um pouco satisfeito.l

- Posso ficar em outro grupo. Não preciso de babá! – protestei, dessa vez olhando para Jacob com raiva.

- Não precisa, é? – Jake perguntou, e me colocou no colo, embalando-me como se eu fosse um bebê. Os garotos morreram de rir.

- Me solta, idiota! – gritei, empurrando-o. Todos se divertiram ainda mais.

- Vou aproveitar para lhe ensinar bons modos – Jake soltou, rindo. Eu estirei o dedo do meio para ele – está vendo como você precisa? – ele completou, me lançando um olhar de censura.

Eu finalmente consegui me desvencilhar dos seus braços, e corri com Emily para a cozinha. Leah apareceu no cômodo, e Emily saiu discretamente. Acho que, com o que havia acontecido, elas não deviam se dar muito bem.

- , comprei um presente para você – Leah disse, sorrindo.

- Sério? Adoro presentes! – respondi, surpresa. Tudo bem que ela havia simpatizado comigo, mas aquilo já era demais.

- Não é nada demais, é só uma camisa com uns dizeres a sua cara...

- O que, Leah? – perguntei com os olhos estreitos. Já via que ela estava aprontando alguma.

- “Adotar um cão é tudo de bom!” – Leah disse, gesticulando. A olhei com cara feia e ela caiu na gargalhada.

- Hahaha! Estou morrendo de rir – não admiti, mas havia sido muito engraçado.

- Brincadeirinha! Mas falando sério, estou muito feliz por você e Jacob estarem se entendendo. Espero que daqui para frente ele não nos atormente mais por causa da mosca-morta...

- Obrigada, Leah – respondi meio seca, mas sabia que ela estava sendo sincera, então sorri um pouco. Além disso, concordava com Leah plenamente.

Emily voltou para a cozinha e foi a vez de Leah escapar de fininho. Quando estávamos pondo a mesa, Jacob veio em minha direção. O ignorei, mas ele me abraçou por trás, beijando de leve o meu ombro.

- Ainda está com raivinha? – Jake perguntou, fingindo estar arrependido.

- “Não fará diferença” – imitei-o, com raiva. Ele sorriu com vontade.

- Sua boba! – falou, enquanto me virava para que eu pudesse encará-lo – Só queria dizer que não valia a pena que você se arriscasse. Não quero que corra perigo – Jake concluiu, alisando meu rosto.

- Mas eu me transformei para isso, não foi? – indaguei – que graça teria, se eu não corresse nenhum risco? – perguntei, sorrindo. Ele apenas balançou a cabeça em reprovação e me beijou.

Passamos o resto da manhã comendo e discutindo as novas estratégias. Calleb não se dirigiu a mim uma só vez. Isso me incomodou bastante. Ele não disse que ainda seríamos amigos? Aproveitei um momento que ficamos sozinhos para puxar conversa.

- E aí? Como se saiu na primeira missão? – indaguei, sorrindo.

- Não fizemos nada demais. Apenas cheiramos umas árvores e folhas... – ele respondeu secamente e virou-se, indo embora.

Fiquei chocada, olhando para ele com a boca aberta. Jake entrou na cozinha logo em seguida, e sorriu quando viu minha expressão.

- Acho que algumas pessoas não gostam do que se passa na cabeça das outras...- Jacob falou, se aproximando de mim.

Entendi o que havia ocorrido. Calleb tinha ficado chateado com o que havia acontecido entre mim e Jake ontem.

- Não acredito que você ficou pensando no que ocorreu entre a gente, Jacob? – perguntei, tirando suas mãos da minha cintura com raiva. Ele não via como estava me expondo?

- Eu não fiz de propósito. Eu juro! – ele disse, com as mãos juntas – É que enquanto seguíamos o rastro do sanguessuga, só pensava em voltar antes de você acordar. Não queria que se preocupasse... – como poderia me contrapor àquele argumento? Relaxei um pouco, e ele me abraçou novamente.

- Tudo bem. Vou deixar passar dessa vez. Mas tente se controlar, ok?

- Prometo me controlar! – ele disse, sério – é que não estava acostumado a essa situação. Acho que vou ter que pedir umas dicas ao Sam – concordei com ele. Tomara que Sam desse um jeito de controlar os pensamentos de Jake.

No começo da tarde todos se despediram, e o grupo escalado correu para a ronda. Ficou decidido que nosso grupo começaria apenas amanhã de manhã. Jacob me acompanhou até em casa, mas não pôde ficar, pois tinha que cuidar de algumas coisas em casa. Esqueci-me que ele não pisava lá desde ontem à noite. Nos despedimos, já morrendo de saudades.

Entrei em casa e ouvi o celular tocando no meu quarto. Era Lany, finalmente! Conversamos por um bom tempo. Ela me pôs a par de todas as fofocas, inclusive do namoro de Manoela com um garoto bem mais novo. Era incrível como aquela realidade já parecia tão distante. Eu lhe contei sobre meu envolvimento com Jacob, e ela ficou felicíssima. Eu sempre disse que nunca me apaixonaria por ninguém, mas Lany repetia que eu ainda não tinha encontrado a pessoa certa. Ela torceu para que isto tivesse acontecido.

Anoiteceu e minha mãe ainda não havia chegado em casa. Ouvi uma batida de leve na porta, e quando a abri tive que me segurar para não cair para trás. Jacob estava escorado na porta, sorrindo, mais lindo do que nunca. Seus cabelos estavam ainda molhados, caindo nos olhos. Ele vestia uma camisa branca de botões, com as mangas dobradas para cima, uma calça jeans e um tênis. Me imaginei puxando-o pelo colarinho da camisa e o empurrando sobre o sofá, e em seguida me jogando em cima dele.

- Uau! Para que toda essa produção? – perguntei, depois de me recuperar do meu devaneio.

- Para você, meu amor! – ele disse, sorrindo. Será que eu conseguiria me segurar por mais quanto tempo? – Preparei uma surpresa – ele explicou.

- Vamos sair para algum lugar? – indaguei.

- Você vai ver – ele respondeu – mas não vai me deixar entrar? – Jake perguntou. Percebi que ainda estava me segurando na porta.

- Claro! Desculpe-me – ele sorriu do meu jeito confuso – vou me arrumar e volto num instante – antes de eu terminar de falar, Jake me puxou pela mão.

- Não está esquecendo de nada? – ele perguntou, se aproximando de mim.

Não respondi com palavras. Joguei meus braços sobre o seu pescoço e ele me suspendeu de leve pela cintura, colando nossos lábios. Como sempre, o beijo que começou terno passou a se intensificar, enquanto roçávamos nossas línguas deliciosamente. Mas me lembrei que ainda tinha que me arrumar, então separei nossos lábios a contra-gosto.

- Volto num instante! – prometi, me afastando de costas. Não queria que aquele monumento saísse do meu campo de visão.

Hipnotizada do jeito que eu estava, bati de costas na parede, e Jacob bolou de rir. Me virei, e corri para o quarto morrendo de vergonha.

Tomei um banho rápido e comecei a me arrumar. Mas que roupa eu usaria? Depois de provar quase todas, me decidi por um vestido rosa de alcinhas, um pouco rodado e curto. Calcei uma sandália bege, penteei os cabelos, pus um brinco pequeno e fiz uma maquiagem leve. Quando saí do quarto, Jacob estava esparramado no sofá, acho que quase cochilando. Ele me avaliou dos pés á cabeça, parecendo impressionado.

- Como você consegue ficar ainda mais linda? – Jake perguntou, ficando de pé. Corei um pouco com o seu elogio.

- Tenho que combinar com você, não é?! – respondi, sorrindo.

Saímos no carro de Jacob, os dois em silêncio. Ele parecia nervoso, me olhando pelo canto dos olhos e tamborilando na direção com os dedos de uma das mãos, enquanto a outra segurava firme a minha mão em seu colo. Quando eu o encarava, ele sorria sem jeito. Eu já estava começando a ficar ansiosa... De repente reconheci o caminho.

- Vamos passar na sua casa? – indaguei. Ele apenas assentiu com a cabeça.

Paramos em frente à casa de Jake e saímos do carro. Ele foi na frente e abriu a porta para que eu entrasse. Todas as luzes da casa estavam apagadas, mas eu poderia ver assim mesmo. Porém antes que meus olhos se adaptassem, Jake ascendeu as luzes.

A casa estava bem arrumada. Havia uma mesa no meio da sala com dois lugares, iluminada por velas, e um arranjo de flores que dava um aroma delicioso ao ambiente. Jacob entrou na sala e ligou o som. Começou a tocar uma música de Jack Johnson. Eu ainda continuava parada na entrada da casa, olhando para tudo aquilo de boca aberta. Jake fez um sinal para que eu me aproximasse, e eu fui entrando devagar.

- Jake, você fez tudo isso para mim? – perguntei, ainda sem acreditar.

- Bem, todo mundo me ajudou um pouco... – ele disse, coçando a cabeça um pouco sem graça – você gostou de verdade? – Jake perguntou, me avaliando.

- Está brincando? Parece até que estou sonhando... – respondi sinceramente.

- Voce não está sonhando – ele se aproximou, e me puxou para um abraço – quer que eu prove? – Jake indagou, e eu assenti. Ele levantou o meu queixo e me beijou delicadamente. Nesse momento eu me sentia a pessoa mais especial do mundo.

- Mas quem exatamente seria “todo mundo”? – perguntei, curiosa. Ele pareceu um pouco constrangido em responder.

- Billy, Rachel e... e Regina – Jake pareceu mais envergonhado ainda.

- Minha mãe? – eu estava chocada.

- É... Ela e Billy saíram para jantar. Minha irmã está na casa de Paul – ele explicou.

- Todos tramando pelas minhas costas! – exclamei, fingindo ressentimento.

- Foi por uma boa causa... – Jake disse sorrindo, e me deu um selinho.

- E que causa seria essa? – exigi. Eu sabia que essa preparação toda não seria à toa. Ele me puxou pela mão e me sentou ao seu lado no sofá. Jake estava soando frio.

- Ontem à noite, enquanto observava você dormir, percebi como tínhamos atropelado as coisas... – ele começou a falar, olhando para as minhas mãos. Um frio percorreu minha espinha quando ele disse aquelas palavras. Será que ele havia feito tudo isso para me dar um fora? Jake me olhou nos olhos antes de continuar. - Eu disse que iria provar para todo mundo o que eu sentia por você, então tenho que fazer as coisas direito... – Jacob falou, e se ajoelhou à minha frente. Não acreditei que ele estava fazendo aquilo. - Bluebird, você aceita namorar comigo? – ele perguntou, segurando as minhas mãos. Eu não respondi de imediato. Em primeiro lugar, estava extasiada demais com aquilo. Em segundo lugar, tinha dúvidas em relação á motivação de Jacob.

- Jake... – comecei meio sem jeito, e ele deixou seus ombros caírem, com um olhar triste – Jake, você tem certeza? Digo, você tem certeza do que sente por mim? – Eu precisava ter certeza. Não queria dar um passo em falso.

- Tenho tanta certeza que não sei o que vai ser da minha vida se você me der um fora... – ele disse, com os olhos marejados.

Havia tanta verdade em suas palavras que me atirei em seus braços, beijando-o com urgência. Jake se levantou e me abraçou com força.

- Isso quer dizer um sim? – ele perguntou, ainda me abraçando.

- Claro que sim! – falei olhando em seus olhos, e ele sorriu satisfeito, antes de nos beijarmos novamente.

- Tenho que confessar uma coisa para você... – ele falou, desconfiado. Fiz um sinal para que continuasse. - É que... bem, como eu tinha muitas esperanças de que você aceitasse o meu pedido, já pedi autorização à sogrinha... e ela aprovou nosso namoro. Acho que conquistei a família inteira! – Balancei a cabeça de um lado para o outro.

- Você é inacreditável, sabia?! – exclamei, e Jake apenas sorriu.

- Por falar nela, você tinha razão... Regina e o velho estão de rolo – Jake disse, divertido.

- Eu sabia! Essa família não perde tempo, hein?! – o provoquei.

- Qual? A minha ou a sua? – ele perguntou, com a cara debochada. Dei uma tapa em seu ombro e ele gargalhou.

- Vamos logo comer antes que minha barriga comece a roncar e eu morra de vergonha novamente – falei, puxando-o em direção á mesa.

Havia uma bandeja coberta, com o que deveria ser o nosso jantar. Quando levantei a tampa, me surpreendi.

- Pizza! – exclamei. Jacob estava me observando, parecendo inseguro – você acertou em cheio! – disse, dando-lhe um selinho.

- Serio? – ele disse, aliviado – Não tive nenhuma outra idéia. Afinal, voce cozinha tão bem...

- Adoro pizza. E é a única comida que não sei fazer tão bem quanto a dos restaurantes.

- Ponto pra mim, então! – Jake falou, sorrindo satisfeito.

Devoramos a pizza enquanto conversávamos. Jake me contou como foi sua primeira transformação, e o que sentiu quando Sam lhe explicou o que estava acontecendo. Eu também lhe falei como havia sido a minha experiência, e comentei sobre a conexão que tive com ele naquela noite.

- Não acredito! Era você?! Como não percebi isso antes, só podia ser você... – Jake exclamou, surpreso.

- Como assim “só podia ser eu”?

- Já há algum tempo eu estava prático em evitar os garotos. Mas naquele dia, quando vi meus pensamentos refletidos na mente daquela pessoa, vi que estava fazendo alguém sofrer muito. Pensei que era o Embry ou o Quill, que eram meus melhores amigos, mas não consegui reconhecer a pessoa... Foi uma das razões de eu ter voltado.

- Sério? Que bom então! – sorri para ele, e ele retribuiu o sorriso – mas eu nem te conhecia... não sei o que aconteceu. Quando senti a sua dor, era como se fosse minha... – tentei lhe explicar, o que nem eu mesma entendi.

- Talvez a gente tenha alguma conexão... – Jake falou, segurando a minha mão.

- Bem, um imprinting é que não temos, isso eu tenho certeza – respondi em tom de brincadeira.

- Não acredito nessa bobagem, prefiro fazer minhas próprias escolhas... – ele respondeu, um pouco aborrecido.

- Mas e se você tiver um imprinting algum dia? – o indaguei, um pouco insegura. Ainda não havia pensado nessa possibilidade...

- Isso não vai ocorrer – Jake falou, enquanto caminhava até o meu lado. Ele se abaixou à minha frente e continuou - eu já encontrei minha alma gêmea, e vou ficar com ela por vontade própria!

Jake falou aquilo olhando bem nos meus olhos, e eu me atirei em seus braços, beijando-o intensamente. Como aquele garoto falava essas coisas desse jeito, meu Deus? Ele não tinha receio que eu perdesse o resto do juízo que tinha?

De repente ele me suspendeu em seus braços, e foi caminhando comigo pela casa, ainda me beijando. Entramos em um dos cômodos, que eu julgava ser o seu quarto, pelo cheiro mais forte de seu perfume no ambiente. Jake fechou a porta com o pé, sem quebrar o nosso beijo, e caminhou até a cama, me pondo sobre ela delicadamente.

Ele se deitou com cuidado sobre mim, e colou nossos lábios novamente. Eu estava tão nervosa! Nunca havia passado por uma situação como essa: deitada com um garoto em sua cama, enquanto nos beijávamos. A situação era totalmente diferente que a de ontem à noite. O próprio clima de declarações nos deixava mais soltos...

Continuamos nos beijando, enquanto Jake acariciava minha cintura e apoiava sua outra mão em meu rosto. E eu, como sempre, o puxava com força, com as duas mãos em sua nuca. Entre mordidas e beijos, Jacob foi descendo da minha boca, até o meu queixo, passando pelo meu pescoço, depois subindo para a minha orelha. Um frenesi percorreu o meu corpo e relaxei as minhas pernas. Jacob se posicionou devagar entre elas, e pude sentir que, realmente, ele estava muito, muito “empolgado”. Não preciso nem dizer o tamanho da sua “empolgação”. OMG! Quase surtei!

Não me controlando mais, comecei a deslizar minhas mãos sobre o contorno de suas costas até encontrar a barra da sua camisa. Fiz o caminho de volta por dentro de sua blusa, passando pela sua barriguinha sarada até encontrar o seu peitoral bem definido. Jake era muito, muito hot!

Desabotoei os botões da sua camisa, um por um. Quando terminei, observei o seu tronco nu, passando minhas unhas sobre ele. Jacob mordeu o lábio inferior e tirou a camisa de uma vez, a jogando em algum lugar no chão, depois voltou a colar seu corpo no meu.

Voltamos a nos beijar intensamente. Nossas línguas se entrelaçavam, e sua mão passeava pela lateral do meu corpo. Num movimento rápido, ele se sentou na cama sem desgrudar nossos corpos ou quebrar o beijo, e apoiou-me em cima de si. Entrelacei minhas pernas ao seu redor, e deslizei minhas mãos pelas suas costas. Ele foi descendo suas mãos da minha nuca, pelas costas, até chegar ao meu bumbum, e o apertou com vontade. Cravei minhas unhas em suas costas em reação. Aquilo tudo era demais para mim! “Meu juízo já foi pra as cucuias mesmo...”, pensei.

Jake passou a beijar o meu pescoço, e foi descendo até o meu ombro. Começou a deslizar seus dedos por entre a alça do meu vestido, descendo-a vagarosamente, enquanto roçava seu nariz e dava beijos de leve no meu colo. Suas mãos grandes e quentes desceram lentamente sobre o vestido, até encontrar meus seios, os envolvendo. Nesse momento perdi o domínio sobre os meus atos, e gemi em seu ouvido.

Jacob voltou a beijar minha boca, quase com fúria, e deitou-se sobre mim novamente. Foi descendo sua mão pelo meu corpo, até chegar à minha cocha. Ele se concentrou no meu pescoço, dando beijos e mordidas um pouco menos delicadas, enquanto subia as mãos devagar por dentro do meu vestido. Quando suas mãos chegaram na barra da minha calcinha, reconheci o som da caminhonete dobrando a esquina.

- Jake... – falei, meio ofegante.

- Hummm – ele não desviou sua atenção para responder.

- Jake, acho que nossos pais estão chegando.

- Como? – ele levantou seu rosto, parecendo desorientado.

- Eles provavelmente já estão estacionando o carro...

Jake se afastou um pouco de mim, e pareceu perceber o som do carro sendo desligado.

- Merda! – ele soltou, enquanto se levantava, de costas para mim, talvez sem querer que eu visse seu “estado”. Pegou sua camisa jogada no chão, e a vestiu rapidamente.

Eu me levantei da cama, ajeitei o vestido, e alisei os cabelos, tentando normalizar meu estado. Meu corpo todo estava tão quente, que parecia que podia entrar em combustão a qualquer momento. Quando me olhei no espelho pequeno que havia em cima da cômoda, dei um tapa com força em Jacob.

- Au! – ele gritou surpreso - o que foi? Não tenho culpa deles terem voltado mais cedo! – Jake exclamou, alisando o local onde eu havia batido.

- Não é isso, engraçadinho. Você viu o chupão que deixou no meu pescoço? – ele se aproximou de mim para analisar os danos. No espelho observei uma ronxa escura um pouco abaixo da minha orelha. Mas Jake não pareceu se preocupar, pois me olhou com a cara mais safada do mundo, enquanto sorria.

- Não se preocupe, meu amor. Em cinco segundos a marca vai desaparecer. Dá tempo até de fazermos outra... – ele disse, beijando meu pescoço, mas eu o interrompi.

- Nada disso! Vamos logo, pois eles já devem estar entrando – falei, e fui o guiando até a sala. Assim que entramos no cômodo e nos sentamos no sofá, Regina e Billy abriram a porta.

- Olá garotos! E aí, como foi a noite? – perguntou Billy, parecendo muito feliz. Nem eu nem Jacob respondemos de pronto.

- Ótima! – respondi entusiasmada demais, depois de alguns segundos. Billy e minha mãe riram da minha reação. Ela então se aproximou de mim, me puxando para um abraço.

- Parabéns, filha! – ela disse, com os olhos marejados - o tempo passa rápido, não é Billy?! Nem acredito que nossos bebês já estão namorando!

- Menos, mãe, bem menos – falei envergonhada, tentando controlar o seu momento nostalgia. Daqui a pouco ela começaria a falar sobre a minha infância e eu cavaria um buraco até o Japão para me esconder.

- É verdade, Regina. Esse garotos crescem rápido demais... – Billy falou, fitando um lugar específico da camisa de Jacob, onde pude ver dois botões que ele havia pulado. Cadê a pá para eu começar a cavar?

- Mãe, já está tarde. É melhor irmos embora, não acha? – perguntei, vermelha de vergonha. Jacob olhou para mim, não entendendo minha fuga repentina.

- Mas já, filha? – assenti com a cabeça – tudo bem, então...

Minha mãe e Billy se despediram, enquanto eu e Jake os avaliávamos discretamente, prendendo o riso. Os coitados juravam que ninguém havia percebido nada...

- Até mais tarde, então – Jake falou enquanto me abraçava, com um olhar que queria dizer muitas coisas...

- Até – respondi timidamente, e lhe dei um selinho. Ainda estava morrendo de vergonha de Billy.

Entrei no carro enquanto acenava para eles, e fomos embora para o meu alívio. Como eu imaginava, minha mãe tinha que puxar conversa durante o caminho...

- E então, filha? Está feliz?

- É claro, mãe! Por que não estaria?

- Não sei... Jacob é um ótimo rapaz, seu pai o criou muito bem... – ela tinha que falar de Billy – mas foi tudo tão rápido, não acha?

- Não temos culpa de tudo aqui em La Push ser tão intenso... – eu não me referia somente a nós dois, mas acho que ela não notou.

- É verdade. Com seu pai foi do mesmo jeito, quase amor a primeira vista... – ela disse sorrindo, com os pensamentos longe, muitos anos atrás.

- Talvez os quileutes sejam mais místicos do que a senhora supunha...

Ela sorriu com a minha resposta, e disse concordar. Era verdade, tudo aqui era muito diferente, parecia correr em seu próprio tempo.



Capitulo 10 -Namorados



Chegamos em casa e corri para o quarto, sem nem dar boa noite para minha mãe. Me olhei no espelho para ver se ainda tinha algum indício do que havia acontecido entre mim e Jacob. Tirando meus olhos excessivamente brilhantes e minha cara de boba apaixonada, meus lábios não estavam mais vermelhos, o chupão havia sumido do meu pescoço, e minha roupa não estava tão amarrotada quanto eu pensava.


É claro que havia outros sinais... mas estes ninguém poderia ver, pelo menos sem um contato muito mais íntimo. Corri imediatamente para o banho, tirei a roupa e joguei minha calcinha úmida em baixa da água. Tudo era tão novo pra mim, nunca nenhum garoto tinha me deixado desse jeito...


Pensei em como eu e Jake tínhamos avançado hoje à noite, e senti meu corpo esquentar instantaneamente, apesar da água fria que escorria sobre a minha pele. Acabei de conhecê-lo, e já tinha ido mais longe com ele do que com qualquer outro. Será que ele me achava uma vadia? Uma garota fácil? Mas éramos namorados... Além disso, tudo com ele era tão intenso...


Não me arrependia de nada. Tinha sido a melhor noite da minha vida. Fato. Mas as minhas dúvidas demonstravam que ainda não estava preparada para dar um passo adiante. O problema agora seria me controlar, mesmo com um namorado gostoso daqueles... Tive que demorar um pouco mais no banho para acalmar os meus hormônios.


Quando saí do banheiro, levei um susto ao encontrar Jacob deitado na minha cama, só de bermuda, apoiado no cotovelo. Babei um pouquinho observando o seu tronco nu, enquanto ele me analisava com uma expressão insinuante.


- Onde estávamos mesmo quando fomos interrompidos? – ele perguntou, me chamando com o dedo indicador de forma sugestiva.


Corei na hora, percebendo que estava apenas de toalha. Me abaixei, catei a blusa que Jacob havia deixado no chão ontem à noite, peguei uma calcinha qualquer na cômoda e corri de volta para o banheiro.


Vesti a roupa trêmula, penteei rápido os cabelos, escovei os dentes, e me encarei por meio segundo no espelho. “Você não fez nada demais. Por que essa vergonha toda? Afinal, ele é seu namorado...” Falei baixinho para mim mesma. A blusa de Jacob parecia mais descente e mais confortável do que minhas roupas de dormir habituais. Além disso, seu cheiro impregnado no tecido me acalmava. Suspirei fundo e abri a porta do banheiro de uma vez.


Jacob agora estava sentado em minha cama, olhando o cômodo distraidamente. Quando me viu, abriu um sorriso enorme e estendeu os seus braços na minha direção. Não me fiz de rogada, diminuí a distância entre nós, e me pus em seu colo. Ele me aninhou entre seus braços, afagou os meus cabelos e me deu um selinho. Eu apenas contornava o seu peitoral com a ponta dos dedos, me sentindo sem jeito.


- Por que toda essa vergonha? – Jacob me avaliou, levantando meu rosto para que eu o olhasse nos olhos. Corei com sua constatação - Se arrependeu do que aconteceu entre a gente? Não quer mais namorar comigo? – ele perguntou, com ar tristonho.


- Claro que não, seu bobo! – respondi rápido demais, o que o deixou satisfeito – Não sei você, mas eu me sinto mais feliz do que nunca! – completei, dando um sorriso de lado para ele.


- Eu posso dizer o mesmo – ele retribuiu o meu sorriso, e me deu um beijo terno – então por que essa reação? – Jake voltou a falar, acariciando minhas bochechas coradas – você sempre parece tão segura, tão decidida... agora me olha assim, sem jeito... fiz algo de errado?


- Você não fez nada de errado. É só que... – não sabia como falar – bem... nunca tive esse tipo de intimidade com um garoto antes... – falei olhando em seus olhos e desviando rapidamente.


- Isso é bom! – Jake soltou, me levantando para que eu ficasse na sua altura – algo a mais que temos em comum... – ele parecia também estar envergonhado.


- Sei... – disse, estreitando os olhos – vai dizer que nunca levou outra garota para o seu quarto e... você sabe o resto – falei em tom de provocação, mas por dentro morria de ciúmes com a idéia de outra garota o tocando.


- Claro que não! – ele respondeu, alarmado. Percebi que estava sendo sincero – apesar de saber que esse corpinho é bastante desejado... – Jake falou com a cara sínica, enquanto alisava o abdômen perfeito. Dei uma tapa com força em seu ombro, e ele riu satisfeito. – Não tenho culpa se é verdade! – ele se justificou, tentando me beijar, mas o empurrei. Se soubesse como eu era ciumenta, não diria essas coisas... Aquele corpo delicioso agora era só meu!!!


- E mesmo assim você nunca... – indaguei, morrendo de curiosidade.


- Nunca! Acho que não tinha encontrado a pessoa certa... quer dizer, não até agora... – Jake falou, me olhando nos olhos.


Um arrepio percorreu meu corpo, e ele pareceu perceber. Passou a mão por entre os meus cabelos, me puxando para mais um beijo. Dessa vez não resisti. Entrelacei meus dedos também em seus cabelos e abri meus lábios para que sua língua os adentrasse. Jake me virou e foi me deitando lentamente sobre a cama, permanecendo sobre mim. Mas comecei a sentir aquela insegurança novamente... Apoiei minhas mãos em seu rosto e o afastei lentamente. Ele me olhou com a expressão confusa, sem entender a minha reação.


- Está vendo! É por isso que fico encabulada... somos intensos demais, Jake. Nunca agi assim... eu juro! Tenho medo de achar que sou uma qualquer... – falei, abaixando meu rosto constrangida.


- Não acredito que é por isso que você está preocupada! – Jake falou firme, me virando de lado e se pondo na mesma posição. Desviei os olhos com vergonha, mas ele segurou meu rosto pelo queixo – , me ouça bem! Não quero que você repita isso nunca mais, ouviu bem! – seu tom era quase ríspido – nunca pensaria uma coisa dessas de você... nunca! Acha que não sinto o mesmo? Que não percebi que as coisas são diferentes com a gente? Além disso, somos namorados, não somos? A partir de agora temos um compromisso...


Um frio desceu por minha barriga. Nunca havia namorado ninguém antes. Não sabia como era sentir que pertencia, de certa forma, a alguém, e que essa pessoa também pertencia a você... Não sabia o que era pensar no outro em primeiro lugar. E não pensar em mais ninguém a não ser nessa pessoa... Não sabia o que era dar satisfação da minha vida para outro... Enfim, sempre zombei das minhas amigas quando elas namoravam, pois achava que perdiam a liberdade. Mas a única coisa que queria no momento era amarrar-me a Jacob de todas as formas possíveis... Pelo menos da maneira que eu pudesse...


- Mas não é só isso... – falei, fitando seu pescoço.


- E o que é mais, então? – ele perguntou, parecendo menos chateado.


- É que... estamos indo tão rápido... Não sei se estou preparada para... ir até o fim...


Para minha surpresa, Jake abriu um sorriso enorme e roçou o nariz no meu.


- Sua boba! Também não precisa se preocupar com isso. Prometo que vou respeitar o seu tempo. É claro que fica difícil com você assim... desse jeito... – Jake desceu a mão sobre a lateral do meu corpo, alisando sua camisa.


- O que tem minha roupa? É bem mais descente do que a de antes, não acha? – o questionei, com ar de deboche. Ele sorriu de um jeito safado antes de responder.


- Não sabe como fiquei louco quando a vi saindo do banheiro vestindo a minha blusa... – Jake disse, apertando minha cintura com força e dando um beijo no meu pescoço.


- Jake... – reclamei, já sentindo meu corpo se esquentar.


- Tudo bem, tudo bem... já entendi. Vou me comportar! – ele falou, se deitando virado para cima.


Mas eu não queria que ele se comportasse. Só queria que Jake respeitasse o meu ritmo. Quando estivesse pronta, avançaríamos naturalmente para o próximo passo. Por enquanto, poderíamos continuar no nível em que estávamos...


Sem pensar em nada, me pus rapidamente sobre ele, com uma perna de cada lado de seu quadril, e as mãos espalmadas sobre o seu peito, o detendo contra a cama. Ele me fitou com os olhos cheios de desejo.


- Prefiro meu namorado assim... Mal comportado mesmo... – falei olhando em seus olhos e sorrindo de forma insinuante. Me abaixei lentamente até tocar seus lábios nos meus.


Ele posicionou suas duas mãos nos meus quadris, enquanto nos beijávamos com urgência. Senti que ele estava voltando a se “empolgar” novamente, e sorri presunçosa em seus lábios. Ele puxou os meus cabelos de leve para trás, depois de mordiscar os meus lábios.


- Voce gosta de me deixar louco, não é? – ele perguntou no meu ouvido, com a respiração ofegante.


- Adoro... – minha voz saiu trêmula pela excitação que sentia percorrer todo o meu corpo.


Num movimento brusco Jacob nos virou de ladinho na cama. Deslizou sua mão até a minha perna, e a pôs sobre o seu quadril, encaixando nossos corpos. “Oh god! Será que dessa vez eu agüento?”.


- Posso te deixar louca também, sabia? – ele falou no meu ouvido novamente, enquanto começava a deslizar sua mão por dentro da minha camisa.


- Ainda mais?... – questionei, quase não agüentando prender um gemido.


- Muito mais... – Jake respondeu no meu ouvido. Sua mão caminhou pela minha barriga, deixando um rastro quente por onde passava, até encontrar meus seios excitados. Ele começou a acariciá-los delicadamente com os dedos, e não me segurei mais.


- Ah Jake... – gemi de prazer, ao sentir o seu toque quente. Mas em meio àquele frenesi, percebi que estávamos avançando novamente – devagar... – falei, segurando sua mão por cima da camisa. Meu coração parecia que iria arrebentar no peito, pelas batidas fortes. Ele me olhou nos olhos, e me beijou, enquanto sua mão desenhava o caminho de volta, até depositá-la em minhas costas, sobre a camisa.


- Desculpe! – ele falou um pouco sem jeito – a culpa é sua, por ser tão irresistível... – Jake disse, acariciando os contornos do meu rosto. Sorri para ele. Agora me sentia mais a vontade, sabendo que ele não pensava mal de mim, e que iria esperar o momento certo.


- Um passo de cada vez... – falei, e me aproximei para dar um selinho em seus lábios.


- Se não me provocasse tanto, seria mais fácil eu ir devagar...


- Se é assim que você prefere... – respondi, tirando minha perna de cima do seu corpo.


- Não, não! Assim está ótimo... – ele disse, detendo meu movimento - Mas acho que vou ter que tomar milhares de banhos frios no meio desse caminho... – Jake falou, com a expressão divertida. Sorri, me lembrando que acabara de fazer o mesmo, e nada tinha adiantado.


Ficamos nos encarando por um longo tempo, apenas contornando o rosto um do outro com os dedos. Jake era tão lindo! E carinhoso... e perfeito... Pensei comigo mesma como alguém seria capaz de rejeitá-lo um dia...


Me virei para ficarmos de conchinha, e puxei o seu braço em volta do meu corpo.


– Boa noite, namorada! – ele falou, me abraçando com força. Meu coração acelerou ao ouvi-lo me chamar assim.


- Boa noite, namorado! – senti o seu sorriso em meus cabelos.


Nossas respirações e corações acelerados se acalmaram, até que pude ouvir seu respirar pesado em meu ouvido. Lentamente afundei na inconsciência tranqüila.



Acordei-me no outro dia com Jake roçando seu nariz em meu pescoço.


- Hummm – gemi, enquanto abria os olhos devagar.


- Seu cheiro é ainda melhor quando você se acorda... – ele disse, agora levantando os cabelos da minha nuca e passando seu nariz no local. Me arrepiei quando senti sua respiração quente.


- É muito bom ainda ver você aqui de manhã... – falei, me virando para encará-lo, enquanto me espreguiçava – ontem pensei que tivesse fantasiado a noite anterior.


- Pois pode ir se acostumando... – ele falou, se jogando em cima de mim - Acho até melhor você providenciar uma cama maior...


Com um sorriso presunçoso nos lábios, Jacob se aproximou para me beijar, mas nesse momento me lembrei de que, como todas as pessoas do mundo, meu hálito matinal não era essas coisas. Inverti as nossas posições, ficando sobre ele. Jake me olhou com uma expressão sem-vergonha.


- Você é controladora, não?!


- Não é nada disso, meu bem... – respondi, enquanto saia de cima dele e me levantava de uma vez – só acho que é melhor irmos logo, se não quisermos levar bronca logo no meu primeiro dia de patrulha.


Jake fez um bico insatisfeito, mas se pôs de pé num pulo. Segui para o banheiro, enquanto ele abria a janela do quarto. Na verdade meu quarto já estava bastante iluminado. Jacob era como o sol, cheio de luz e calor.


Depois de fazer minha higiene pessoal, voltei para o quarto, mas Jacob não estava lá. Aproveitei para trocar de roupa e segui para a cozinha. Abri um sorriso enorme quando o vi equilibrando, totalmente sem jeito, uma caixa de leite, uma bandeja de ovos e um saco de farinha de trigo tirados da geladeira. Ele se surpreendeu quando me viu e derrubou a farinha no chão.


- Ei! Era pra você ficar no quarto! – ele reclamou, arrumando a bagunça que tinha feito.


- E perder essa cena? Nem morta! – não contive os risos altos, enquanto me aproximava para ajudá-lo.


- Eh... – ele falou encabulado – pretendia levar o café na cama... se bem que você já está de pé mesmo?! – ele soltou, com o ar chateado.


- O que vale é a intenção, meu amor... – falei, me abaixando para catar a farinha do chão.


- O que você disse?


- “O que vale é a intenção?” – repeti, sem entender, jogando a farinha dentro da pia.


- Não. A segunda parte. Do que você me chamou? – Jake indagou, se aproximando de mim.


- Meu amor... – repeti, olhando em seus olhos. Não tinha nem percebido que havia o chamado desse jeito. Foi tão natural...


Ele me escorou no balcão da cozinha, me segurando pela cintura, e me beijou com vontade. Oh god! E que beijo.... A sensação da sua língua entrelaçando-se com a minha era indescritível. Levantei minhas mãos e as apoiei em seu rosto.


Só aí senti os farelos espalhando-se em sua face e pelo seu corpo. Oh-oh. Minhas mãos ainda estavam cheias de farinha... Jacob se separou de mim, segurando os meus braços, e se olhando com um ar raivoso.


- Então é guerra? – ele perguntou com a expressão travessa, soltando as minhas mãos.


- Não, Jake... eu não... – não pude me justificar. Jake havia jogado um punhado de farinha na minha cara. Havia farinha no meu olho, no meu nariz, na minha boca, por toda parte... Quando consegui abrir os meus olhos, Jake me fitava com presunção.


- Você não sabe com quem se meteu, garoto! – reclamei, apontando o dedo para ele. Enquanto me movimentava, a farinha caía do meu corpo. Jacob soltou uma gargalhada alta, me provocando.


- Por que não me mostra? – ele me instigou.


Virei em direção à pia e apanhei o máximo de farinha possível. Fiz um bolo enorme, já que a pia estava um pouco molhada. Queria surpreendê-lo. Então me virei de uma vez, arremessando a gosma com força. Para minha infeliz surpresa, Jake se abaixou, e o bolo atingiu em cheio a cara da minha mãe, que apareceu bem na hora atrás dele. “Minha mãe e seu senso de oportunidade”, pensei comigo mesma.


- Desculpe mãe! A culpa é desse idiota! – me defendi alarmada, indicando Jacob com o dedo. Ele apontou para si mesmo com a cara mais cínica do mundo, fingindo ser inocente.


Minha mãe continuava paralisada na entrada da cozinha. Já estava com medo da pancada ter sido forte demais... Lentamente ela retirou o excesso de gosma da cara com as mãos, e me olhou com aquele ar de descontrole.


- Não me importo de quem seja a culpa, mas podem arrumar já essa bagunça. Os dois! – ela gritou, apontando para a lambança que tínhamos feito.


Eu e Jake a obedecemos no mesmo instante, correndo para limpar os estragos. Minha mãe voltou para o quarto pisando firme, enquanto a escutávamos resmungar: “Está vendo! São duas crianças!”. Nos entreolhamos e caímos na gargalhada.


- Está feliz agora, Michael Jackson?! – perguntei depois de alguns instantes, com a voz um pouco irritada, brincando com o fato de Jacob estar com o rosto branco. Era muito estranho... Preferia o tom da sua pele natural.


- Foi você quem começou – abri a boca em protesto, mas ele me interrompeu – e nem adianta dizer que foi sem querer... pensa que não percebi o seu ar de satisfação?!


- Satisfação? – enquanto ele falava, eu juntava a farinha do chão de forma indiferente. Finalmente pude me vingar. Despejei tudo de uma vez em sua cabeça. Ele não esperava aquela atitude. Permaneceu paralisado igual à minha mãe – Agora sim estou satisfeita! – sorri em provocação. Lentamente ele levantou a cabeça na minha direção.


- Agora você me paga!


Jake me deitou no chão, prendendo meus quadris entre as suas pernas e meus braços acima da minha cabeça. Esperneei e protestei embaixo dele, mas não teve jeito. Ele me lançou um olhar maquiavélico e sacudiu o seu cabelo em cima de mim. A farinha que caía me deixava ainda mais suja.


De repente ele parou, e eu abri os olhos para encará-lo. Jake observava meu corpo embaixo de si com uma expressão de desejo. Mordi o lábio inferior percebendo para onde seus pensamentos estavam caminhando – na mesma direção dos meus. Jake não libertou os meus braços. Lentamente desceu em minha direção, até nossos corpos se tocarem, e colou nossos lábios num beijo ardente.


- Hu-hum – alguém limpou a garganta na entrada da cozinha.


Nos separamos num sobressalto, mas percebemos com alívio que não era a minha mãe. Embry e Seth nos encaravam com ar de reprovação. Os dois estavam na mesma posição, com os braços cruzados e balançando a cabeça. Tive que prender o riso, enquanto Jake me ajudava a ficar de pé.


- Acho que foi uma má idéia colocar esses dois no mesmo grupo... – Embry falou para Seth, nos ignorando.


- É verdade. Se agarravam-se desse jeito na nossa frente, imagina se começarem a lembrar do que fazem quando estão sozinhos... – concordou Seth, com ar cínico.


Jake jogou um pano na cara de cada um, e os dois reclamaram.


- Mais respeito vocês dois! – ele falou, em tom ríspido – e podem ajudar a limpar a bagunça.


Eles reclamaram, mas não teve jeito. Percebi que Jake exercia um certo tipo de liderança sobre eles. Depois de limparmos tudo – inclusive a nós mesmos – preparei um café da manhã rápido. Cortei algumas frutas, joguei numa tigela grande, e adicionei granola, farinha láctea e iogurte. Afinal, já estávamos mais do que atrasados...


- A gente podia abrir um restaurante, sabia?! – Jake soltou, enquanto comia o que havia sobrado na tigela – tudo que você faz fica delicioso! – os outros garotos concordaram, enquanto devoravam suas porções.


- Hummm... – o olhei com a sobrancelha levemente arqueada e um sorriso torto nos lábios – é verdade?...


Embry e Seth assobiaram e soltaram gracinhas para Jake.


- Depois reclama, não é?! – ele falou, me puxando para sentar em seu colo. Apenas dei de ombros, me aconchegando nele.


- Sério... já pensei nisso sim. Mas não sei... quem sabe daqui há alguns anos...


- Contanto que eu possa experimentar todos os pratos... – Jake falou, raspando a tigela.


Abri um sorriso enorme. Não por ele gostar dos meus dotes culinários, mas por se imaginar no meu futuro... Eu já não via minha vida sem ele!



Capitulo 11 -Sensações

Saímos correndo da minha casa em direção à floresta. Os garotos abriram uma certa distância de mim, me dando privacidade para a transformação. Tirei a roupa, firmei-a com a tiara no meu tornozelo e me transformei. A sensação de calor e expansão percorrendo todo o meu corpo já não era tão estranha. Depois corri o mais rápido possível em direção ao local para onde os outros se direcionavam, seguindo os seus pensamentos.

“Agora vamos ter uma garota nos atrasando...” – reclamou Embry.

“Se continuar falando, vamos ter um aleijado... O que você acha?!” – revidou Jake.

“Calma, mano! Eu só estava brincando...”

“Gostei da idéia do aleijado, amor. Embry ficaria um perneta muito fofo!” – zombei em pensamentos. Jake e Seth se divertiram com a insatisfação dos pensamentos de Embry.

Fiquei boba quando vi o jeito protetor com que Jake havia me defendido, e quando percebi que ele tinha se derretido todo quando o chamei de amor... Era muito, muito bom poder ver o que se passava em sua mente. Seus sentimentos em relação a mim eram mais intensos do que eu imaginava... Finalmente alcancei os garotos, e Jacob me cumprimentou, roçando o seu focinho no meu.

“Também é bom ver seus pensamentos...” – Jake disse, se referindo aos meus próprios sentimentos. Minha mente estava focada apenas nele, o tempo inteiro.

Continuamos correndo um do lado do outro, tão próximos que nossos pêlos se tocavam. Apesar de estarmos em forma de lobos, o contato era tão bom quanto quando estávamos sobre duas pernas. Mas infelizmente os outros garotos também compartilhavam daquele momento. E não eram só Seth e Embry que estavam presentes em nossas mentes...

“Argh! Eu não disse que ia ser pior do que imaginávamos?!” – reclamou Seth.

“Contanto que os pombinhos não continuem nos prejudicando!” – Leah pensou irritada.

Me surpreendi quando chegamos ao local onde renderíamos o grupo da noite, e percebi que além dela, Calleb, Jared e Collin ainda estavam em suas formas de lobo.

“Pois é... já devíamos estar em nossas casas a pelo menos uma hora!” – Leah me respondeu em pensamentos, insatisfeita.

“Como se você fosse fazer alguma coisa de útil...” – rebateu Jacob.

“Não importa! As ordens de Sam foram claras. Os grupos devem ser rendidos pontualmente.” – Calleb apoiou Leah, com a voz firme. Jacob não gostou nadinha da sua intromissão, então eu me antecipei.

“Desculpem-me! A culpa foi toda minha” – um flash da nossa guerra de brincadeira passou em minha mente, mas o repeli no mesmo instante. Percebi que já era tarde. Todos tinham visto. Merda! – “Isso não vai se repetir!” – não me referia só ao atraso, mas ao descuido com meus pensamentos.

“Relaxa, . Isso acontece com a gente o tempo todo...” – Jared pensou, se referindo às inúmeras vezes que deixava algo que houve entre ele e Kim escapar, ou quando se atrasava pelo mesmo motivo. Agradeci mentalmente o apoio dele.

“Os casaizinhos tem que seguir as regras do mesmo jeito!” – contrapôs Leah.

“Você está azeda hoje, hein?!” – observei.

“Por que será?!” – ela rebateu.

“Já pedi desculpas, não pedi?..” – completei.

“Vamos logo com isso. Já perdemos tempo demais aqui...” – reclamou Calleb, se dirigindo a Leah.

Ele parecia outra pessoa. Tão frio e distante... Olhei fixamente para Calleb, mas ele não olhou para mim em nenhum instante. Era como se eu nem existisse... Concentrei-me imediatamente em afastar aquilo da minha mente antes que alguém notasse.

Para meu alívio Calleb, Leah e os outros já tinham sumido na floresta, e pelo silêncio repentino em nossas mentes já deveriam estar em suas formas humanas.

“Vocês dois tomam conta do perímetro interno. Eu e ficamos com o externo” – ordenou Jacob, com a voz séria.

Olhei para ele estranhando sua mudança de humor repentina, mas ele desviou o olhar, não deixando transparecer o motivo em seus pensamentos, concentrando-se apenas na rota que seguiríamos. Seth e Embry o obedeceram, e desapareceram entre as árvores em um segundo.

“Vamos?” – Jake me indagou. Eu assenti com a cabeça – “Não se afaste de mim, ok?!” – ele falou, com a voz levemente chateada.

“Como se isso fosse difícil...”, pensei e recostei minha cabeça em seu pescoço. Ele retribuiu ao meu toque, apoiando sua enorme cabeça na minha. Seus pensamentos pareciam mais leves agora.

Pensei em questioná-lo o porquê da sua chateação anterior, mas preferi fazê-lo quando tivéssemos privacidade. Jacob concordou mentalmente.

Ele se concentrou apenas nas sensações que a floresta nos proporcionava, e eu o acompanhei. Comecei a fixar cada imagem, cada cheiro, cada temperatura... Todas as sensações se distinguiam. Ele acompanhava o meu ritmo, um pouco mais lento. Com algum esforço aumentei a velocidade, e Jake me seguiu satisfeito. Até que não era tão difícil... com Jacob poderia aprender muitas coisas...

“È verdade!” – Jake pensou, se referindo a outras coisas que estávamos aprendendo nos últimos dias... Morri de vergonha na mesma hora!

“Podem parar com a sacanagem vocês dois!” – reclamou Seth.

“Desculpe!” – eu e Jake pensamos ao mesmo tempo.

“Sabe o que eu estava pensando...” – continuou Seth – “quem sabe se minha irmã arrumasse um namorado, seu humor melhorasse um pouco...”

“É uma boa idéia, Seth!” – o encorajei – “aquela ranzinza precisa de um pouco de amor naquele coração de pedra...”

“Eu até já posso pensar em alguém, que a defendeu com vontade, até demais, hoje de manhã...” – interveio Embry.

Quando vi Calleb em seus pensamentos, não gostei nenhum pouco. Leah era mal-humorada demais para ele. Com certeza Calleb merecia coisa melhor...

“Ei! Calleb também não é nenhum poço de simpatia!” – rebateu Seth.

Antes que eu o respondesse, me contive, pois percebi que Jacob não estava gostando nada dos meus devaneios...

“Desculpe!” – falei a Jacob, mas ele não me respondeu. Apenas se concentrou novamente na corrida. A conversa chegou ao fim com o clima chato que se instaurou...

Ia começar a lhe explicar porque pensava daquele jeito, quando um cheiro forte e doce atingiu as minhas narinas, fazendo com que meus pêlos se eriçassem.

“Que diabos de fedor é esse?” – questionei.

“Depois do rio começa o território dos Cullen... “ – Jacob me explicou.

“Imagina fungar o pescoço de um deles... Argh!” – me arrepiei ainda mais só de imaginar.

Jacob pareceu gostar muito da minha reação, mas permaneceu concentrado no trajeto. Depois de muitas e muitas voltas, pela posição do sol finalmente podíamos ver que nosso horário havia acabado. Voltamos para a clareira de onde partimos de manhã e o outro grupo nos esperava, composto por Sam, Paul, Quill e Brad.

“Amanhã nada de atrasos, ok?!” – Sam falou, em tom firme. Apenas assentimos a sua ordem.

Pelo visto Leah tinha ido correndo fofocar... Meus pensamentos foram confirmados pelas lembranças de Sam. Não sei como uma pessoa conseguia ser tão chata e legal ao mesmo tempo?! Pelo que se passou na mente de todos, só eu, Seth e Sam a achávamos legal, pelo menos de vez em quando...

Parei um pouco afastada dos garotos, e me transformei de volta. Apesar de ter gostado das sensações intensificadas na condição de loba, preferia caminhar sob as minhas duas pernas mesmo.

Jacob e os garotos me esperavam um pouco mais adiante, também em suas formas normais. Nem mesmo assim a expressão séria de Jake havia mudado. Já estava começando a me preocupar...

Me aproximei dele sem jeito, e peguei em sua mão. Ele me olhou indiferente, mas retribuiu o gesto. Andamos devagar de mãos dadas, com os garotos mais à frente. Eu tinha que quebrar o gelo de qualquer jeito...

- Estou faminta! – falei, de forma exagerada. Mas ele apenas concordou com a cabeça. Argh! Estava odiando a situação.

- Também estou morrendo de fome! – soltou Embry de forma sugestiva, olhando em nossa direção.

- Tudo bem, tudo bem! Vou fazer almoço para as crianças! – falei, prendendo o riso. Os garotos gritaram empolgados, e Jacob me encarou com a expressão insatisfeita. Dei de ombros. O que eu podia fazer? Eu queria ficar a sós com ele, mas não iria escorraçar Embry e Seth da minha casa.


P.O.V. Jacob

Enquanto almoçávamos, minha mente não parava de trabalhar, repassando os pensamentos de mais cedo. Só queria que Embry e Seth dessem o fora o mais rápido possível para a gente conversar...

Apesar de tentar esconder, ficou chateada com a frieza de Calleb. Ela sentia sua falta, eu percebi. Não só eu, na verdade. Antes de voltar à sua forma humana, senti a presunção nos pensamentos do idiota. Calleb achava que sentia alguma coisa por ele. E eu começava a pensar da mesma maneira. Ela não percebeu, pois estava concentrada demais em tentar bloquear seus próprios pensamentos. Minha dúvida se confirmou com a ceninha de ciúmes de Leah que ela fez. Que outra coisa seria, senão ciúme dos dois?! Esses pensamentos não paravam de martelar em minha cabeça.

A observei lavando os pratos, de costas para mim. Seus cabelos pretos na altura do pescoço... suas costas levemente torneadas... sua cintura fina em baixo da regata branca... seu bumbum empinado demais para a sanidade de qualquer um... suas pernas deliciosas que surgiam depois da bermuda... Ela era linda! De frente... de lado... de costas... sua silhueta era perfeita de qualquer jeito!

E se eu a questionasse e ela dissesse que gostava mesmo dele? Que só agora percebeu que gostava mais dele do que de mim? Dessa vez eu não suportaria... Não quando eu a tive, de verdade, e com toda a certeza do mundo de que ela era minha, e que me queria tanto quanto eu.

Seth e Embry já finalizavam suas refeições, então na primeira oportunidade fiz um sinal com os olhos para Seth, para que os dois se mandassem daqui. Ele já havia entendido meu humor desde a patrulha...

- Eh... acho que deu a nossa hora, não é Embry?! – ele acatou o meu recado, e se levantou puxando Embry pelo braço.

- Mas já? – Embry indagou, sem a menor intenção de se levantar – e a sobremesa, ? – quando ele olhou em minha direção, fiz um sinal de que ele estaria morto se não fosse embora naquele segundo. Recado dado. Recado recebido. - Eh... pensando melhor... já está tarde... valeu, ! Até amanhã... – Embry me obedeceu, escapulindo antes mesmo que o respondesse.

Assim que os dois foram embora, comecei a tomar coragem para começar a conversa. Mas se antecipou.

- Então... vai me dizer por que está com essa cara emburrada? – ela perguntou, se aproximando de mim.

Virei-me na cadeira em sua direção e ela colocou suas duas mãos no meu rosto, se aproximado ainda mais. Aquilo não era justo! Minha irritação começava a ir para as cucuias... Essa mulher sabe mesmo como me dobrar!

A olhei nos olhos, com uma vontade danada de aproveitar que estávamos sozinhos – sua mãe, para minha sorte, deveria estar lá em casa – e fazer tudo que não tínhamos feito ontem à noite. Mas agora não era só ela que tinha dúvidas...

- Voce gosta do Calleb? – questionei, com menos firmeza do que eu esperava.

- An? – ela soltou, parecendo confusa.

- Não se finja de boba! Voce entendeu muito bem a pergunta.

- Entendi a pergunta, meu filho. Só não sei de onde você tirou essa agora.

- Não sabe de onde tirei? Da sua cabeça, que tal? – a provoquei, tocando em sua testa de leve.

- Continuo sem entender o que você quer dizer com isso... – ela respondeu, tirando suas mãos do meu rosto. Percebi uma pontada de incerteza em sua voz.

- Então deixe eu lhe ajudar. Voce não gostou nada de ele não ter falado com você, e ainda ficou morrendo de ciúmes quando os garotos falaram dele e de Leah, não foi? – soltei de uma vez, com a voz mais irritada.

- Voce está louco? – ela balançava a cabeça, incrédula.

- Ninguém me disse nada, . Eu vi tudo. E em sua mente.

- Pois viu errado, meu filho! – agora sim ela parecia irritada, com as mãos cruzadas sobre o peito. Ela não sabia como me deixava excitado quando ficava bravinha... “Foco, Jacob”, pensei – realmente, fiquei chateada quando ele não falou comigo – abri a boca para interrompê-la, mas ela não deixou – mas só por que ele havia dito que ainda seríamos amigos, o que foi claramente uma mentira! E não fiquei com ciúmes dele, só não acho que os dois combinem... Leah merece alguém com mais personalidade... como o Paul, por exemplo! Ah não, ele é seu cunhado... – ela começou a devagar, mas percebi que estava só querendo fugir do assunto.

- Voce não respondeu à minha pergunta. Gosta dele ou não? – exigi, com os braços também cruzados, morrendo de medo da sua resposta.

- Claro que gosto! – ela respondeu, como se fosse óbvio. Senti meu corpo todo esmorecer. Soltei os braços e baixei a cabeça me sentindo derrotado. “Toma essa, idiota. Não era o que queria?” – se não gostasse não sentiria sua falta, ou me importaria com quem ele poderia ficar.

- E por que está comigo, então? – perguntei, deixando toda a tristeza transparecer na minha voz. Será que no próximo fora que eu levasse estaria mais preparado? Jacob Black: o rei do pé na bunda! Para minha surpresa ela gargalhou alto e puxou meu rosto para perto do dela novamente.

- Seu bobo! Eu gosto de Calleb como amigo, nada mais. Ele foi o primeiro de quem me aproximei aqui. Além disso, conheço tão poucas pessoas...

- É só isso? – a questionei, sem acreditar.

- Você não sabe que sou apaixonada por você, e por mais ninguém? – contrapôs, com a voz melosa, enquanto acariciava meu rosto.

- Sei? – perguntei com o coração batendo forte ao ouvi-la se declarando.

- Não mostrei o quanto sou apaixonada por você?

- Mostrou? – minha voz saiu num fio.

- Quer que eu mostre ainda mais? – ela indagou, de forma insinuante, enquanto seus dedos alcançavam a barra da sua camisa.

- Huhum... – não consegui falar mais nada, em antecipação ao que ela planejava fazer.

Vagarosamente levantou sua camisa, deixando sua barriga à mostra, depois seus seios cobertos por um sutiã branco de renda... Tirou a camisa de uma vez e a jogou no chão da cozinha. Minha garota era uma delícia mesmo! E agora eu tinha certeza que aquilo tudo era só meu, e de mais ninguém. Pequeno Jacob já estava se sentindo apertado dentro da minha bermuda. “Calma, pequeno Jacob. A gente prometeu que ia esperar!”, o repreendi.

se aproximou de mim, colocou uma perna de cada lado da minha cadeira, e se sentou de uma vez. Céus! Se ela queria me deixar completamente louco conseguiu. O contato entre o seu sexo e o meu amigão ali em baixo fez com que ele assumisse o controle da situação...

Posicionei uma mão entre os seus cabelos e a outra em suas costas, e a tomei num beijo ardente. Pedi passagem aos seus lábios para minha língua e ela me atendeu, abrindo sua boca e roçando sua língua na minha. Nos beijamos com desejo, enquanto nossas mãos acariciavam nosso corpos. puxava meus cabelos... alisava meu abdômen... arranhava as minhas costas... Toda vez que seu corpo se movimentava sobre mim eu perdia mais o juízo.

Desci minhas mãos das suas costas até a sua bunda. Apertei com vontade, e a puxei ainda mais para mim. gemeu em meus lábios, ao sentir a fricção entre nossas partes íntimas.

Mordi seu lábio inferior, e como sempre percorri seu queixo, seu pescoço, sua orelha... sempre depositando beijos e mordidas. Subi minhas mãos pela sua barriga, até os seus seios, e os acariciei por cima do sutiã. Deslizei meus dedos até o feche em suas costas e os soltei.

segurou a parte da frente do sutiã com as mãos, parecendo envergonhada. Encostei nossos lábios novamente, e a beijei, dessa vez com ternura. Não ultrapassaria seus limites, se ela não quisesse. Mas foi relaxando aos poucos, e finalmente soltou o sutiã no chão, pondo os braços atrás da minha nuca.

A afastei um pouco para observá-la. Seu corpo era mais lindo do que eu imaginava! Seus seios eram empinados e volumosos na medida certa. Para completar a perfeição, a marquinha do biquíni era de matar!

- Voce é linda demais! – falei, analisando-a em êxtase. Ela sorriu um pouco sem jeito, e mordeu o lábio inferior.

Não perdi mais tempo, e envolvi seus seios entre as minhas mãos. O contraste entre o tom das nossas peles tornava a combinação ainda mais perfeita. Colei nossos lábios novamente, e enquanto nossas línguas travavam uma batalha sem perdedor, meus dedos acariciavam toda a extensão do seu seio delicadamente.

gemeu novamente em meus lábios, dessa vez um pouco mais alto. A puxei para trás devagar, e colei meus lábios em seu pescoço. Desci até o seu colo, beijando sua pele por onde passava. Quando cheguei onde queria, respirou fundo. Mas não havia qualquer resistência da parte dela, apenas desejo. Suas mãos estavam entrelaçadas em meu pescoço, seus olhos fechados, enquanto ela mordia o lábio inferior. Rocei minha língua em volta do seu seio, e me deliciei...

- Ah... – sussurrou, puxando meus cabelos com força, me prendendo contra si. Não havia nada no mundo que me libertaria daquela prisão.

De repente ouvimos umas batidas de leve na porta, e nos separamos no susto. Merda! Por que alguém sempre interrompia o melhor da nossa brincadeira? Isso era algum tipo de castigo por sermos tão afoitos, só poderia ser!

catou sua blusa no chão, a vestiu e se levantou. O coitado do pequeno Jacob reclamou com a falta de contato repentina.

- Volto num minuto! – ela falou, tentando regular sua respiração. Seus seios ainda estavam eriçados em baixo da regata. Tomara que fosse apenas sua mãe. Quer dizer... era melhor que fosse outra pessoa, para que fosse embora o mais rápido possível. Me arrependi daquele desejo no instante seguinte.

- Calleb? – falou com a voz surpresa, quando abriu a porta.

Devia ser uma piada... eu não podia acreditar que justo ele tinha nos atrapalhado! E eu não podia nem ir até lá dá um soco nas suas fuças, ou passaria vergonha com o tamanho da minha ereção. “Se controla, Jacob. Pensa na sua avó nua! Pensa na sua avó nua! Pensa na sua avó nua!”, mentalizei...

- Interrompi alguma coisa? – ouvi a voz do idiota perguntando.

- É claro! Dá o fora, cara! – gritei de onde eu estava. A raiva começava a substituir as outras reações do meu corpo.

- O que você quer, Calleb? Pensei que nem estivesse falando comigo... – rebateu . Eu podia até imaginar seu biquinho de raiva ao terminar de falar. Pensamentos nada bons para quem está tentando se acalmar...

- Pensou errado então... – o cretino soltou, com um arzinho irônico. O sacana estava dando em cima da minha namorada! Felizmente consegui controlar o pequeno Jacob e voei para a sala. estava com os braços cruzados, claramente na defensiva, enquanto ele à secava. Ah, cara... esse garoto não tem um pingo de amor à vida!

- É uma pena! Desembucha logo o que quer e vasa! – falei entre dentes e abracei pela cintura.

- Bem... – ele começou a falar, sem tirar os olhos dela. A abracei ainda mais – a loja do meu pai estava precisando de atendentes, então eu comecei a trabalhar lá. Mas, por causa das rondas do bando, não estou cobrindo um dos turnos... Então pensei em você... para me ajudar... A grana não é muita, mas o trabalho também não é...

- Ela não quer, obrigado – o interrompi, já com a mão na porta.

- Ei! – Calleb segurou a porta - Eu não falei com você! agora não tem mais opinião própria? – ele me provocou.

- É verdade! Não posso mais falar por mim? – ela disse, me olhando com raiva. Êpa! O safado da estória era ele, não eu...

- Não está vendo que isso tudo não passa de enrolação dele?! – me defendi.

- Eu também posso tirar minhas próprias conclusões, se não se importa. – ela contrapôs. A olhei sem acreditar. Ele havia virado o jogo a seu favor. Estávamos brigando novamente por sua causa. Quando vi seu arzinho de deboche tive vontade de voar em cima dele. – vou pensar, Calleb. Depois te dou uma resposta.

Ele abriu todos os dentes num sorriso de satisfação. Se continuasse desse jeito, ficaria sem nenhum na boca...

- Ok. Vou esperar ansiosamente. Se quiser pode passar lá em casa... – como é a historia?

- Não precisa – o interrompeu antes de mim, me segurando do seu lado, impedindo que eu fizesse alguma besteira – amanhã á tarde quando rendermos o seu grupo lhe aviso. - Ele assentiu parecendo satisfeito, e foi embora.

- Voce não vai aceitar! – falei em tom firme, quando Calleb não podia mais nos ouvir.

- Você não manda em mim! – ela rebateu, se virando na minha direção, ainda com as mãos cruzadas sobre o peito.

- Argh! Como você é teimosa! Não vê que é só uma desculpa para ele lhe pegar?! Voce não vai e ponto final!

- E se eu for? Vai fazer o que? – ela me provocou.

Já sentia os tremores percorrendo o meu corpo, e a raiva embaçando a minha vista. Não disse nada. Apenas virei de costas e fui embora com passos firmes. Aquele filho da puta tinha que estragar nossa tarde perfeita!

Capitulo 12 -Confiança


Não o impedi de ir. Era melhor assim... pelo menos Jacob teria tempo de avaliar a forma como tinha agido. Afinal de contas, eu não era nenhuma criança! Sabia muito bem como tomar minhas próprias decisões. Não havia nada demais em aceitar o convite de Calleb, havia?!

Fechei a porta irritada e me joguei no sofá. Depois daquele momento... como posso dizer... tudo-que-há-de-mais-maravilhoso-e-delicioso-na-face-da-terra Jake tinha que agir daquele jeito tão infantil?!

Apesar da raiva, ainda sentia seu cheiro impregnado na minha pele, e o gosto da sua boca na minha. Só de lembrar das suas carícias, começava a sentir um calor entre as minhas pernas novamente... Jacob tinha me deixado completamente louca hoje à tarde!

Mas agora estava ficando louca de raiva... Como assim?! Por causa de uma bobagem qualquer ele vai embora e me deixa aqui chupando dedo... olhando para a cozinha e me lembrando onde estávamos quando fomos interrompidos?! Eu o queria aqui agora, para terminarmos o que tínhamos iniciado. Que se dane a minha raiva. Depois eu brigaria com ele à vontade. Mas no momento só pensava nas suas mãos envolvendo meu corpo, na sua boca beijando meus seios, na sua língua percorrendo minha pele...

Levantei-me em um pulo e corri para o banho. Era melhor acalmar todas as sensações que percorriam o meu corpo – raiva ou excitação – Jacob pelo visto não voltaria tão cedo.

Enquanto a água escorria sobre a minha pele, levando com ela a irritação e o desejo, deixei que minha mente trabalhasse melhor.

Eu sempre odiava quando alguém tentava me controlar. Gostava demais da minha independência para permitir qualquer intromissão. Mas Jacob era meu namorado, eu tinha que me acostumar. Talvez ele não tivesse totalmente errado...

Lembrei-me como ele havia ficado chateado mais cedo por perceber meus sentimentos em relação a Calleb – embora fossem só amizade. Em seguida ele me convida para trabalhar na loja do seu pai! Eu não era boba, sabia que Calleb tinha algum interesse em mim. É... quem sabe Jake tenha mesmo razão em ficar chateado...

Refleti um pouco... e se fosse comigo? Com certeza partiria a cara de qualquer garota que se metesse a besta com ele! Mas... e se ele fosse amiguinho dela?... Aí sim... Partiria a cara dos dois!

Eh... acho que, mais uma vez, eu devia algumas explicações a ele. Mas meu orgulho me impedia de tomar qualquer atitude, a não ser esperar que ele voltasse para conversarmos melhor.

Aproveitei o tempo livre para descansar. A ronda, de fato, gastava muito minhas energias. Quando acordei-me já havia escurecido, e minha mãe batia na porta do meu quarto.

- O que é, mãe? – perguntei, bufando irritada.

- Está virando bagunceira, agora? O que seu sutiã fazia jogado na cozinha?... – ela falou, jogando a peça de roupa em minha direção. Tive o impulso de me levantar num sobressalto, mas me segurei.

- Deve ter caído do cesto de roupas sujas... – menti. Eu ainda não tinha lavado roupas uma vez sequer... Mas dona Regina não sabia disso, e pareceu não desconfiar.

Respirei aliviada. Essa tinha sido por pouco. Da próxima vez prestaria mais atenção. Só de pensar numa próxima vez, sentia falta do meu lobo mais do que quente aqui comigo...

Mas Jacob, pelo visto, ainda não tinha aparecido, e eu já começava a me preocupar.

- Vou indo, filha. Qualquer coisa estou na casa do Billy. – ela falou da sala.

- Mãããe! – gritei, impedindo-a de ir embora.

Me levantei. Respirei fundo. Joguei um pouco de água no meu rosto amassado. Engoli meu orgulho. E parti com minha mãe.


Assim que chegamos à casa de Jacob permaneci do lado de fora. Provavelmente ele não estava lá. Podia ouvir os sons da cadeira de rodas de Billy, e os beijos de Rachel e Paul no fundo da casa. Prendi o riso prestando mais atenção, mas nada de Jacob.

Uma rajada de vento trouxe seu cheiro, me guiando para a lateral da sua casa. Pelo som de ferramentas se chocando contra o chão, a área coberta deveria ser uma garagem. Minha mãe entrou na casa e eu fui atrás dele.

Abri a porta meio desconfiada, e encontrei Jacob mexendo em uma moto, de costas para mim, do outro lado do cômodo. Suas costas nuas e tencionadas evidenciavam seus músculos trabalhados.

Havia muitas ferramentas espalhadas pelo lugar, seu carro, e outra moto, além da que ele consertava. O ambiente era iluminado por uma lâmpada fraca, o que não representava nenhum problema para nós dois. O perfume de Jacob se misturava ao cheiro de suor e graxa. Não era nada ruim...

Jacob não interrompeu o que estava fazendo, embora soubesse que eu estava lá. Caminhei devagar em sua direção, me preparando para qualquer que fosse sua reação.

- Já se decidiu? – ele perguntou de forma indiferente, sem olhar na minha direção, enquanto continuava a mexer na moto.

- Jake...

- Sem conversa, . Já disse que não quero você trabalhando com aquele sujeitinho... – finalmente começou a demonstrar sua insatisfação, virando-se para mim.

- Mas não vamos trabalhar juntos. Pelo que ele falou, só vou ficar na loja quando ele estiver na ronda... – tentei argumentar, me aproximando dele.

- Isso é o que ele diz...

- Se não for desse jeito, saio do trabalho. Ponto final.

- Sei... – ele pareceu exitar, olhando para o outro lado. Era a minha chance.

- Amor... você sabe que gosto de você. Tem que confiar em mim! Já vi que meus gastos aqui serão bem maiores... – realmente, estava comendo toneladas - então qualquer ajuda será bem vinda... Não tiro sua razão de ficar chateado, mas garanto que minha relação com Calleb não passará de amizade. Talvez nem isso, já que enquanto eu estiver na loja ele estará bem longe... – Apesar do bico de raiva, Jake parecia avaliar as minhas palavras – Além do mais... bem... estou com saudades do nosso passeio de moto... Que tal se você me deixasse e me pegasse lá todos os dias? – conclui minha fala mais do que ensaiada sentando em seu colo no chão.

- Não sei... não gosto da idéia de vocês dois juntos, por menos tempo que seja... – ele soltou, com a mesma expressão aborrecida.

- Jacob Black! Estou me esforçando ao máximo para não me zangar com você! Vim até aqui, mesmo ferindo meu orgulho, e tentei lhe convencer da maneira mais educada possível. Agora se você não quer entender o meu lado, o problema é seu! – falei irritada, e me virei para ir embora, mas ele me deteve pelo braço.

- Ok! Apesar de contra a minha vontade, pode dizer ao idiota que você aceita trabalhar lá... – ele falou a contra-gosto - mas na primeira vez que ele bancar o engraçadinho com você, fim de papo, ok?! – assenti com a cabeça alegremente e lhe dei um selinho.

- Confie em mim. Vai dar tudo certo! – falei olhando em seus olhos, e beijei-o mais uma vez delicadamente. Jacob correspondeu ao beijo, mas permaneceu com as mãos paradas na lateral do seu corpo. Não gostei daquilo. Aquele não era o meu Jacob, sempre tão apressadinho...

- O que houve? – interrompi o beijo desconfiada – está com raiva de mim?

- Não é nada disso – ele respondeu, sorrindo – só não quero sujar a minha princesa de graxa... - olhei para suas mãos totalmente sujas, e sorri aliviada.

- Acho que não me importo... – falei, puxando seus braços e os posicionando em volta da minha cintura. Colei nossos lábios novamente.

- Adoro esse seu jeito maluquinho, sabia?! – Jake falou, divertido – qualquer outra garota ficaria horrorizada com a hipótese de se sujar...

- Não sou “qualquer garota”, meu bem. Ainda não percebeu?! – expliquei presunçosa, tocando em seu nariz – além disso, você acha mesmo que vou desperdiçar um momento com você por causa de um pouquinho de graxa?!...

- , cada vez tenho mais certeza de que você foi feita para mim... – Jake disse olhando em meus olhos, e me beijou, fazendo com que eu me derretesse toda em seus braços.

Ele me suspendeu do seu colo, e me pôs delicadamente sentada sobre si, de frente para ele. Nos encaixávamos perfeitamente desse jeito...

Seu corpo, como sempre, reagiu ao contato com o meu... Sorri em seus lábios satisfeita. Era muito bom saber que ele me desejava, assim como eu.

Enquanto nos beijávamos, minhas mãos passeavam por seu corpo, assim como suas mãos deslizavam sobre mim livremente. Entre beijos e carícias, como sempre, fomos interrompidos.

- Jacob Black! – ouvimos a voz grave de Billy chamá-lo de dentro de casa – não vem jantar?!

- Droga! Às vezes tenho vontade de te raptar... todo mundo nos atrapalha!... – ele reclamou.

- Acho melhor a gente ir... – me levantei e o puxei pela mão. Ele se levantou sem vontade. Desviei os olhos para não reparar muito no volume enorme que havia se formado em sua bermuda. Caminhamos lentamente para que nos acalmássemos.

Quando passamos pela porta da sua casa, não entendi a reação de todos. Olharam para mim dos pés à cabeça e explodiram em risos. Quando me examinei desconfiada, percebi que havia manchas de graxa distribuídas por toda parte, inclusive por minha roupa. Morri de vergonha, e me escondi atrás de Jacob.

- Não tinha nenhuma flanela na garagem, Jacob? Ou você queria deixar a mais escurinha?... – Paul soltou, zombando de nós dois, e todos gargalharam novamente.

- Hahaha! Muito engraçado! – Jacob retrucou, e me puxou para sua frente.

- Vão se lavar os dois... o jantar já está esfriando – Billy falou, olhando sério para Jacob.

Não entendi porque ele foi me guiando, atrás de mim, rapidamente até o banheiro.

- O que houve? – perguntei assim que ficamos sozinhos no banheiro, com a porta aberta, é óbvio.

- Nada. Só não queria que vissem isso... – ele explicou, sorrindo de forma safada, e apontando para minha bunda. Quando olhei, percebi a marca escura exata da sua mão na minha bermuda. Lembrei-me que foi o primeiro lugar onde ele havia apalpado...

- Oh God! – peguei uma toalha, molhei, e passei pela bermuda. Mas a marca era muito teimosa... parecia que não queria sair. – Me ajuda, Jake! – pedi agoniada. Se minha mãe visse aquilo não ficaria nada feliz. Ele se divertiu com a minha reação.

- Podia fazer isso em todas as suas bermudas... “Propriedade de Jacob Black”! – ele gesticulou, sorrindo abertamente.

- Engraçadinho! – reclamei, dando um tabefe forte em sua cabeça.


A noite na casa de Jacob transcorreu divertida. Apesar das provocações de Paul e das respostas de Jacob, a aura de romance pairava no ar...

Minha mãe e Billy não escondiam mais os olhares bobos que trocavam. Paul e Rachel, bem... não há elo de ligação entre duas pessoas mais forte do que um imprinting, disso eu tenho certeza. Só isso mesmo faria alguém suportar uma criatura tão irritante como Paul.

Eu e Jake permanecíamos na nossa própria bolha de felicidade. Sempre nos olhando, nos tocando, nos beijando, trocando comentários bobos e brincadeiras... Parecia que tudo estava no seu devido lugar.

Nossos jeitos combinavam, nossas famílias se encaixavam... Enfim, nossas vidas se completavam perfeitamente. Então por que não havíamos sofrido um imprinting? Essa dúvida ia e voltava teimosamente em minha mente...

Jake pareceu perceber minha preocupação enquanto guardávamos a louça na cozinha.

- O que houve? Você está tão pensativa... – ele observou, escorado na pia de frente para mim.

- Não é nada... – respondi, sem olhar em seus olhos.

- Sabe, ... Sei que a gente se conhece a pouco tempo... mas você não sabe mentir! – ele debochou, sorrindo de leve.

- É que às vezes passam um monte de bobagens na minha cabeça...

- Tipo?...

- Por que não sofremos um imprinting? – exigi, virando-me para ele de repente. – será que não é para a gente ficar juntos?! – meu tom firme o deixou desconcertado por alguns instantes. Afinal, ele desconhecia a razão para isso tanto quanto eu.

Jake tomou o pano da minha mão e o jogou na pia, me puxou delicadamente para sua frente, pôs minhas mãos sob seu pescoço, e me aproximou com as mãos em minha cintura.

- Bem... Não preciso de nenhum imprinting para saber que me apaixonei por você desde a primeira vez que fitei esse par de olhos verdes, quando nos esbarramos na praia...

A lembrança daquele momento acalmou um pouco meu coração. Eu também havia sentido o mesmo por ele, desde o primeiro instante... Naquele dia só queria que seus braços não me soltassem nunca mais...

- Mas e se não for o suficiente? – indaguei, sentindo os olhos umedecerem.

- Como assim?! – ele questionou, incrédulo - Você não percebe que preencheu todos os espaços vazios da minha vida? Que não há lugar para mais nada?... Muito menos para um imprinting!

Não consegui dizer uma palavra, apenas beijei-o da maneira mais apaixonada possível. Jacob tinha o dom de afastar minhas dúvidas e meus medos. Ele confiava tanto no que sentíamos um pelo outro, que eu não tinha o direito de duvidar.

- Hu-hum – alguém limpou a garganta, nos interrompendo. Era Billy, ao lado da minha mãe. Nos separamos constrangidos.

- Já está tarde, filha. Hora de irmos pra casa... – minha mãe falou, um pouco séria.

- Tudo bem – concordei, afinal Jake apareceria lá mais tarde, de qualquer forma.


Nos despedimos de todos e fomos embora. Enquanto eu dirigia para casa, minha mãe permanecia em silêncio. “Oh-oh! Sinto cheiro de sermão...”, pensei. Dito e feito!

- Filha, nós precisamos conversar...

- Sobre? – indaguei, bufando de chateação. Odiava essas conversas de mãe e filha. E eu bem imaginava do que esta se trataria...

- Sobre você e Jacob – ela explicou, ainda mais séria.

- O que tem nós dois? – indaguei, na defensiva.

- Você não acha que estão indo rápido demais?

- Como assim “rápido demais?”. Já tivemos esse papo, não se lembra?

- Não estou falando disso, mocinha. Já tive a sua idade e sei muito bem como os hormônios funcionam... Só quero que vocês dois sejam responsáveis.

- Não se preocupe, mãe. Nós lobas não podemos engravidar... ou pegar algum tipo de doença... – expliquei, um pouco constrangida. Ela me olhou alarmada, então eu continuei – enquanto estivermos nos transformando não menstruamos. Nosso organismo fica estagnado. E também não adoecemos, como a senhora já sabe. – ela avaliou a minha resposta, parecendo um pouco mais aliviada. Eu não contei, entretanto, que talvez nem pudéssemos engravidar mais. Quem sabe para minha mãe fosse importante ter um netinho...

- Mas não me refiro só a gravidez e DSTs. Sexo envolve outras questões, tão importantes quanto...

- Não chegamos nesse nível, mãe...

- Ainda não chegaram! Mas pelo ritmo que as coisas estão andando entre vocês... Escute, não me importo que Jacob durma com você lá em casa, desde que os dois tenham juízo. – Senti minhas bochechas esquentarem de vergonha, enquanto todo o meu sangue se concentrava na minha face. Estanquei o carro de tão nervosa que fiquei. Como ela havia percebido? Não consegui formular nada para dizer em minha defesa – Não é por que se tornou uma protetora da tribo que deixei de ser sua mãe...

Ela tinha razão. Que mãe deixaria sua filha adolescente dormir com o namorado? Nenhuma em seu perfeito juízo, com certeza! Continuei em silêncio.

- Só não quero que você sofra, filha. Não pode imaginar como é forte o envolvimento sexual entre duas pessoas. Hoje em dia é tudo tão banalizado... Mas não deixa de ser uma troca, onde os dois compartilham o corpo, os sentimentos, a própria alma...

- Sei que a senhora pensa que sou uma adolescente cabeça-de-vento, mas concordo com tudo o que disse. Nosso relacionamento só irá avançar quando eu tiver certeza que nos amamos a ponto de compartilharmos tal experiência. Sei que somos jovens, que na nossa idade as coisas são passageiras... e que nos deixamos levar pelo momento. Mas não vou arriscar me magoar mais do que eu possa suportar... Tenha um pouquinho de confiança em mim, ok?!

- Você cresceu, não foi?! – minha mãe disse, com os olhos marejados – minha filhinha está se tornando uma mulher...

- Menos, mãe...


Por volta da meia-noite ouvi Jake saltando a minha janela. Apesar de estar deitada a bastante tempo, permaneci refletindo sobre o que minha mãe havia dito no carro mais cedo e não consegui pegar no sono.

- Desculpe a demora, amor. O velho agora deu para pegar no meu pé... – ele falou chateado, enquanto se deitava ao meu lado. Colocou os braços atrás da cabeça, e eu virei de bruços, apoiada em seu peito, com o queixo sobre minhas mãos cruzadas.

- O que houve? Recebeu um sermão também? Por que minha mãe me passou um daqueles... – reclamei, rolando os olhos.

- Então os dois combinaram. Só pode ter sido! – Jake soltou, ainda mais aborrecido.

- Jake... – comecei a falar, sentindo meu rosto corar novamente – minha mãe sabe que você dorme aqui...

Para minha surpresa ele soltou uma gargalhada alta, e eu tapei sua boca com a mão, alarmada.

- Estamos liberados, então... – Jake disse com aquela cara safada de sempre, aproximando seu rosto do meu.

- Pelo contrário! Agora que sei que ela está bem ligada é que temos que nos conter... – ele pareceu não gostar nadinha daquilo – além disso... bem, ela pediu para que fossemos com calma.

- Pois eles combinaram até o discurso! Mais uma vez meu pai veio com aquele papo e ir devagar... de ter cuidado para não lhe magoar...

- Mais uma vez?

- Eh... – Jake coçou a cabeça, parecendo ter deixado escapar algo que eu não deveria saber – ontem ele viu minha camisa mal abotoada, e deduziu que estávamos “empolgados” antes deles chegarem...

- Eu sabia! Será que vou continuar passando cada vez mais vergonha?! – falei para mim mesma, me escondendo embaixo do lençol.

- Não se preocupe, amor. O velho é tranqüilo... Sabe que essas coisas são assim mesmo... – ele disse, me puxando para fora das cobertas.

- Concordo com os dois, Jake! Vamos com calma, ok?!

- Já tínhamos combinado isso sem precisar da interferência de ninguém. Não iríamos deixar as coisas fluírem naturalmente?...

Enquanto falava, Jacob me puxou para cima de si, e colou seus lábios nos meus. Porém não havia mais clima para deixar os carinhos entre nós dois rolarem a vontade...

- Desculpa, amor... Mas hoje não dá. – falei sem jeito.

- Ok. Hoje vamos só dormir de conchinha... – Jake me virou de lado e encaixou seu corpo no meu. Não precisava de mais nada... Minha noite seria perfeita por sua simples presença ali comigo. Me aconcheguei em seus braços e deixei que o sono finalmente me alcançasse.




Capitulo 13 –Rotina


A semana seguinte passou voando. Todos os dias eu seguia a mesma rotina: Jacob-patrulha-Jacob-trabalho-Jacob-casa. Minha vida se resumia a isso. E sabe de uma coisa... eu estava simplesmente adorando!

Ele não só preenchia os espaços vazios da minha vida... Iluminava e dava cor a tudo! Jake era a graça dos meus dias...

Já estava fera nas patrulhas. Conseguia correr mais rápido do que Seth e Embry, e tinha reflexos quase tão bons quanto os de Jacob. Ele me ajudava em tudo, me guiando, mostrando o caminho mais fácil, ou algum golpe novo... Controlávamos nossos pensamentos na maior parte do tempo, mas às vezes deixávamos alguma coisinha escapulir aqui ou ali... Já estava tão íntima dos garotos que não me importava mais. A patrulha nunca se tornava um fardo. Pelo contrário, era mais uma oportunidade de ficarmos juntos, já que em um horário do dia permanecíamos separados. No restante do tempo...

Quando estávamos a sós em minha casa ou na sua... Bem... aí perdíamos o controle, quase que totalmente. Minha mãe e Billy não se desgrudavam mais, então quando ela ia à sua casa, Jake aparecia na minha como num passe de mágica. Quando Billy nos visitava, e Rachel estava na casa de Paul, escapulíamos para lá discretamente. Além disso, dormíamos juntos todos os dias.

Nossos beijos e carícias continuaram progredindo, pelo menos até o limite que eu havia imposto... Nada de me deixar só de calcinha – a única roupa que Jake usava, como sempre, era uma bermuda -, ou com certeza perderíamos o restinho do controle.

Ainda não me sentia preparada para a hora H, então ele tinha acesso livre aos meus seios, e ao bumbum, mas nada mais. Às vezes o safado tentava tirar minha calcinha, ou passava a mão por cima dela. Apesar da excitação com seu toque quente, eu o repreendia. Não vou mentir, morria de vontade de saber se o “seu” era “tão” tão quanto eu imaginava, mas me continha. Sempre que ele o encostava contra meu sexo eu enlouquecia. Mas me limitava a acariciar o restante do seu corpo e apertar aquela bunda gostosa.

Estávamos tão unidos, que todos os dias era quase um sacrifício ir para a loja do pai de Calleb...

Quando lhe dei a resposta positiva para o convite, Calleb pareceu muito satisfeito, apesar de confirmar para mim e para Jacob que enquanto eu estivesse trabalhando ele estaria com o bando.

E assim aconteceu... pelo menos nos dois primeiros dias...

A loja vendia artigos de pesca esportiva. Não entendia quase nada do assunto, mas o trabalho não era muito, e Connor, pai de Calleb, me auxiliou no começo.

Jake me levava todos os dias em sua moto, como eu havia pedido, e nos despedíamos já morrendo de saudades um do outro. Depois ele me pegava e corríamos para cobrir o nosso turno. No começo esse era o único momento em que eu e Calleb nos encontrávamos, quando nosso grupo rendia o seu na clareira.

Eu não havia me dado conta, porém, que quando o turno de algum dos nossos grupos era à noite, podíamos trabalhar de manhã ou de tarde. Então às vezes nossos horários coincidiam...

Na primeira vez que isso aconteceu, quase perdi o emprego. Jake me deixou na loja, e Calleb não havia chegado. Mais tarde, quando o vi se aproximando de mim para embalar as compras de um cliente, pensei logo: “Vai dar merda!”. Mais uma vez dito e feito.

Quando Jake chegou para me pegar e viu Calleb fechando a loja comigo, voou em cima dele. Graças a Deus o interceptei, e impedi que os dois se enfrentassem. Jacob o chingou de todos os insultos possíveis, afirmando que ele havia mentindo, que era um plano para me pegar, blábláblá...

Para meu azar, Connor chegou bem na hora, e pareceu nadinha satisfeito com a situação.

Voltei para casa com um Jacob irado bufando durante todo o caminho. Ao chegar, expus o quão ridículo ele estava agindo. Não tinha cabimento eu não poder me encontrar com Calleb de vez em quando, e no ambiente de trabalho. Nós éramos amigos, e se Jake não confiava em mim a esse ponto, então era melhor nos afastarmos...

Apesar da ameaça, eu não ousaria cumpri-la nunca. O que era um trabalho qualquer, comparado ao amor da minha vida?! Sim... Eu amava Jacob Black com todas as minhas forças. Não havia mais jeito. Eu estava entregue em suas mãos...

Mesmo insatisfeito, Jacob cedeu à minha chantagem e concordou que eu continuasse no trabalho. Calleb, por sua vez, convenceu o seu pai que aquela tinha sido uma briguinha à toa...

Com o passar dos dias, eu e Calleb nos aproximamos cada vez mais. Percebi que ele estava coordenando seus horários para combiná-los aos meus. Não era mais apenas coincidência...

Mas eu adorava a sua companhia, por isso, tirando Jacob - que era o centro da minha vida, então não contava – Calleb passou a ser meu melhor amigo.

Conversávamos sobre tudo... família, amigos, namoros, gostos, planos para o futuro... Aos poucos as tardes ou manhãs na loja deixaram de ser um sacrifício, pelo menos quando Calleb me fazia companhia.

Jacob não notou as mudanças. Na sua frente nos tratávamos com a mesma frieza de sempre, não por falsidade, ou por má intenção - pelo menos da minha parte - mas para evitar um aborrecimento desnecessário.


Levantei-me da cama, me espreguicei e virei para admirar Jacob, enquanto ele dormia.

De bruços. Com as mãos cruzadas em baixo do travesseiro. As maçãs altas do seu rosto deixavam seus olhos fechados ainda mais puxados. Os cabelos desgrenhados lhe davam um ar muito charmoso. Sua respiração pesada fazia com que seu corpo subisse e descesse de forma sincronizada. Era o retrato da tranqüilidade! É claro que pensamentos nada puros passaram por minha cabeça, observando suas costas definidas e seu bumbum empinado...

Me controlei para não pular em cima dele, afinal Jake havia passado a noite na patrulha, enquanto eu havia ficado em casa cuidando da minha mãe, que tinha pego uma virose repentina.

Dona Regina continuava ciente de que Jake dormia comigo todas as noites. Mas ela e Billy não apresentavam mais tanta resistência... Permanecíamos grudados o tempo inteiro, e eles não faziam mais nenhuma objeção. Com o tempo, acho que acabaram percebendo que nosso relacionamento era algo sério, e não uma simples brincadeira de crianças.

Nem mesmo esse problema tínhamos mais...

Nossa vida estava tão perfeita, tão tranqüila... Era como um rio que seguia seu curso naturalmente até encontrar o mar. É claro que no meio do caminho sempre apareciam pedras para dificultar o trajeto. Então onde estariam os nossos obstáculos?

Éramos o casal simpatia do bando. Nossos pais apoiavam o namoro. Jacob já não se importava tanto com a amizade entre mim e Calleb. Até a falta do imprinting não me importunava mais...

Aquilo era muito estranho... sabe a calmaria que antecede a tempestade? Foi essa a sensação que percorreu o meu corpo, fazendo com que eu me arrepiasse por inteira, enquanto continuava admirando meu namorado descansar.

Abanei a cabeça, tentando afastar aquele pressentimento. Nós éramos felizes por que merecíamos. Ponto final. As coisas eram mais simples para nós dois por que já havíamos enfrentado dificuldades demais. Quer dizer... Jacob já passou por uma época difícil... Já eu...

Na verdade minha vida continuava sendo fácil como sempre foi. A diferença é que agora, além de fácil, ela era extremamente feliz. Será que eu merecia mesmo tudo isso? Com certeza não, levando em conta a minha fase aborrescente...

Para aliviar minha consciência pesada pela extasiante felicidade não merecida, faria um café-da-manhã mais do que especial para Jacob. Ele sim, merecia ser paparicado para o resto da vida...

Preparei uma montanha de panquecas, as cobri com calda de chocolate, e acrescentei pequenos pedaços de morango, formando um coração. Quando estava arrumando tudo em uma bandeja, ouvi Jake se acordando no quarto.

Ele dormia como uma pedra. Às vezes tinha que derrubá-lo da cama para que se acordasse... Mas não existia despertador mais eficaz do que o cheiro de comida. Era automático. Jacob se levantava num pulo.

Ouvi-o colocando um CD no som da sala, e me virei para fitá-lo. “O que ele está aprontando?”, me perguntei. A música começou a rolar, e percebi que eu a conhecia muito bem. Fazia parte de um CD que Jake havia me dado de presente quando completamos uma semana de namoro. “Para voce pensar em mim...”, ele falou quando me deu o presente. Como se ele saísse algum segundo da minha mente...

Enquanto os primeiros acordes ressoavam na casa, Jacob se aproximou de mim lentamente, seus olhos sérios não me revelavam quais eram as suas intenções. Colocou minhas mãos em volta do seu pescoço e me puxou para perto de si pela cintura. Eu recostei em seu peito, e nos balançamos ao som da canção, enquanto ouvia sua declaração, através da letra da música...



Jake cantarolava em meu ouvido com sua voz rouca, e eu tive que segurar as lágrimas em meus olhos. Como ele conseguia me deixar mais apaixonada por ele a cada dia?!

Delicadamente Jake ergueu meu rosto, olhando em meus olhos. Não precisávamos dizer mais nada um para o outro, pois sabíamos que o que sentíamos era correspondido na mesma intensidade, afinal compartilhávamos todos os dias os nossos pensamentos.

Não era necessário dizer que, apesar da chuva que começava a apontar o final do verão – não que durante o verão fizesse qualquer calor – nossos corações estavam aquecidos pelo que sentíamos um pelo outro. Que apesar do céu cinzento e nublado nossos dias eram lindos e coloridos. Enfim... não precisávamos de nenhuma explicação... Nossos olhos diziam que nos amávamos, apesar de não confessarmos, ainda, um para o outro.

Colamos nossos lábios devagar, enquanto continuávamos dançando abraçados. O beijo, como sempre, evoluiu, e quando dei por mim já estava sentada sobre a pia, com as pernas em volta da cintura de Jacob.

- Jake... minha mãe está em casa... – reclamei com a voz ofegante.

- Regina está de cama. Tenho certeza que não vai nos atrapalhar... – ele sussurrou em meu ouvido, enquanto tentava tirar minha camisa.

- Jake... – protestei novamente, embora morrendo de vontade de continuar. Mas não queria que minha mãe nos flagrasse. – Mais tarde a gente continua... – consegui descer do balcão.

- Promete? – ele exigiu, encostando nossas testas.

- Prometo – dei um selinho nele – agora vamos comer, já que você estragou a minha surpresa... – virei de frente para ele com a bandeja pronta nas mãos. Ele esfregou as mãos uma na outra empolgado para devorar as panquecas. Jacob era um homem feito, mas às vezes parecia uma criança...


Minha mãe, graças a Deus, melhorou, então pude ir trabalhar tranqüila. Apesar disso, Billy insistiu que ela fosse para sua casa, com a desculpa de não deixá-la sozinha.

Combinamos de fazer um programa entre casais hoje à noite. Sam, depois de muita insistência, liberou-nos da patrulha da noite – eu, Jake, Paul e Jared – então os garotos levariam suas namoradas para pegar um cineminha. Eu, porém, tinha outros planos para mais tarde...

Cada vez estava mais certa de que eu e Jacob nos amávamos de verdade, então para que adiar o inevitável? Meu coração já pertencia a ele, então por que não entregar todo o meu corpo?!

Jake me mostrava todos os dias o quanto eu era importante em sua vida. Por isso, de manhã, quando prometi que continuaríamos os carinhos mais tarde, eu estava falando muito sério, embora ele ainda não soubesse.

Combinei com dona Regina de pegá-la na casa de Billy quando voltássemos do cinema. Mas não custava nada darmos um pulinho em casa antes de buscá-la. A casa estaria livre para nós dois...

Queria que tudo ocorresse naturalmente, como sempre acontecia entre nós, então não disse nada a Jacob. Mas hoje não o interromperia como sempre fazia. Iríamos até o fim... Só de imaginar, meu estômago parecia se encher de borboletas.

- Com licença? – um cliente me interrompeu. Olhei para ele um pouco desorientada.

- Desculpe. Já escolheu o que vai querer? – perguntei, estendendo um catálogo de iscas para ele. Parecia ter uns vinte e poucos anos. Era alto, mas não muito forte, muito menos bonito.

- O seu telefone, gata. Que tal? – o safado falou, com um sorrisinho indecente nos lábios. Antes que eu respondesse, Calleb interveio.

- Não está disponível. Mais alguma coisa? – ele falou com a voz grave e uma cara tão feia que até eu tive medo.

- Não... eh... quanto custa a vara de pesca? – o sujeito perguntou, pegando o primeiro objeto que viu em sua frente. A vara tremia em suas mãos. Tive que me conter para não gargalhar.

- Jacob deveria agradecer por você trabalhar aqui comigo, sabia?! – disse em tom de brincadeira, depois que o talzinho pagou as compras e deu o fora – se ele imaginasse o tanto de engraçadinhos que passam por aqui todos os dias...

- Nem me fale. Acho que a loja do meu pai não sobreviveria! – Calleb soltou, com um tom divertido.

- Calleb, coração... queria pedir um favorzinho a voce... – falei com a cara de pidona, alguns momentos depois.

- Que seria?... – ele exigiu, com a sobrancelha arqueada, enquanto listava os produtos em promoção.

- Bem... combinei com os garotos de pegar um cineminha hoje à noite. Queria saber se podia sair mais cedo... O movimento está tão fraco?! – falei, encostando-me em seu ombro. Ele me olhou de lado por alguns segundos, com a expressão séria, depois sorriu torto.

- Tudo bem. Vou lhe dar um desconto, mas só por que o movimento só não está mais fraco por causa dos engraçadinhos que vem atrás de você... acho até que merecia um bônus no salário!

- Você é um amor, sabia?! – agradeci, beijando o seu rosto.

- Claro que sei... – ele soltou, com o ar um pouco tristonho.

Me despedi, liguei para a casa de Jacob avisando que ele não precisava me buscar na loja, e corri para casa. Tinha muitos preparativos para fazer...

Comecei por dar um jeito na bagunça do meu quarto. Jacob não se importava nenhum pouco com nossas roupas jogadas pelo chão, mas essa noite seria especial.

Arrumei o resto da casa, joguei as roupas na máquina e escolhi um lençol de cama importado que ganhei da minha avó. Na época achei um desperdício, mas hoje a agradeci mentalmente. Cama forrada. Quarto organizado. Casa arrumada. Restava agora o mais difícil... O que eu iria usar?

Fucei minhas gavetas, e graças a Deus encontrei uma lingerie branca da Victoria Secret´s que havia comprado no ano passado, quando pensei que poderia, por acaso, surgir a necessidade de usá-la. Bem, chegou o dia...

O banho foi a etapa mais demorada, não só pelos preparativos óbvios, mas por que queria relaxar completamente. Aquela seria a noite mais importante da minha vida, pelo menos até agora, então eu não poderia estar nervosa ou estressada.

Escolhi um vestido branco de alças, adicionei um cinto grosso na cintura, deixando o vestido levemente curto, e pus minhas botas pretas de cano longo. Jake adorava essas botas...

Fiz uma maquiagem leve, já que ele não gostava quando eu exagerava, pus meu perfume de sempre e o borrifei no quarto.

Ouvi a busina do Rabbit do lado de fora, vesti minha jaqueta de couro, e corri ao encontro daquele que seria o primeiro – e com esperanças o único – homem da minha vida.

- Uau! Caprichou hoje, amor. Para que tudo isso? – Jake questionou, me olhando dos pés à cabeça enquanto eu entrava no carro.

- Para você meu amor... – tirar tudinho mais tarde, adicionei mentalmente.

Me aproximei dele, ansiando pelo contato entre nossos lábios. Ele não me decepcionou. Encerrou a distância entre nós dois, me dando um beijo delicado.

- Desse jeito não vamos assistir filme nenhum! – protestou Paul no banco de trás. Estirei o dedo do meio para ele, enquanto beijava Jacob mais uma vez.

No banco de trás estavam espremidos Paul e Rachel, Jared e Kim. Mas os garotos não pareciam nada insatisfeitos, já que suas namoradas iam parcialmente sentadas em seus colos.

Como já havia imaginado, o cinema mais próximo ficava em Poart Angels. Durante o caminho, os casais iam namorando, e eu permanecia mexendo nos cabelos de Jake em silêncio. Ele às vezes me olhava de lado sorrindo, ou beijava minha mão entrelaçada à sua. Não parava de pensar no que aconteceria mais tarde. Meu coração às vezes acelerava, e ele percebia, mas nada dizia.

Chegamos à cidade e estacionamos o carro em uma rua um pouco afastada do cinema, para que ninguém visse o excesso de passageiros no rabbit.

- Está tão calada, amor... – Jake observou, enquanto caminhávamos um pouco mais atrás dos outros. Apenas dei de ombros. Não queria mentir para ele, muito menos estragar a surpresa de depois. Jacob passou meu braço em volta da sua cintura, e envolveu meus ombros. – Vou descobrir o motivo, sei que vou... – ele sussurrou em meu ouvido. Me arrepiei completamente. “Vai sim, meu bem. Assim que voltarmos para casa”, acrescentei em pensamentos.

Chegamos à porta do cinema e os garotos escolheram assistir um filme de ação que estava em cartaz. Eu e Rachel protestamos, queríamos assistir um romance com George Clooney que havia estreado, mas fomos voto vencido. Kim, pelo visto, se submetia a todas as vontades de Jared.

Eu e Rachel fizemos um pequeno complô. O filme de ação era censurado para menores de idade, então ela se negou a comprar os ingressos. Como Jacob aparentava ser o mais velho, assumiu a missão.

- Boa noite! – ele falou para a garota do guichê, abrindo aquele sorriso de arrasar qualquer coração. “Para que tudo isso?!”, observei mentalmente. Realmente, ele estava mais lindo do que nunca. Usava uma blusa xadrez com as mangas dobradas e desabotoada, com uma camiseta branca colada por baixo, evidenciando seus músculos torneados, jeans desbotados e tênis. Ele conseguiria o que quisesse de qualquer uma...

- Pois n-n-não?.. – a coitada da garota gaguejou, piscando os olhos claramente deslumbrados com o meu namorado.

- Gostaria de seis ingressos para o filme “Bastardos Inglórios”... – ouvi sua linda voz rouca, mais melosa do que de costume. A garota mordeu o lábio inferior e o secou por um instante. Ah... isso já era de mais para mim! Caminhei com passos firmes na direção do guichê.

- Gosta de ação, an?! – a vadia se insinuou para ele, descendo seu corpo, com a intenção clara de mostrar seu decote, que deixava exposto muito mais do que o necessário.

- Dá pra ser ou está difícil, minha filha?! – exigi, batendo no balcão com um pouco mais de força do que o necessário. Tanto ela quanto Jacob se surpreenderam com minha súbita aproximação. Peguei discretamente seu braço e o envolvi em minha cintura, depois lhe dei um beijo no pescoço enquanto a atirada lhe passava nossos ingressos. “Apenas demarcando meu território”, pensei

Quando voltávamos para perto dos garotos aproveitei para lhe dar um beliscão.

- Au! Por que fez isso? – ele reclamou, mas sua expressão era divertida.

- Sabe muito bem que mereceu, engraçadinho! – soltei com a voz irritada.

- Hummm. É bom saber que não sou o único a morrer de ciúmes... – disse, me abraçando de lado e beijando minha bochecha.

- Só estou cuidando do que é meu... – expliquei, menos irritada.

- Todo seu... – ele falou, passando a mão pelo seu tronco. Meu coração batia mais forte novamente. Aquilo se tornaria verdade daqui a poucas horas. Jake finalmente seria todo meu...

Entramos na sessão, mas o filme ainda não havia começado. Enquanto os trailers passavam, Jake devorava um pacote grande de pipoca, acompanhado de refrigerante. Me ofereceu diversas vezes, mas recusei, e ele estranhou. Como explicaria que meu estômago estava cheio de borboletas agitadas?!

Como eu e Rachel havíamos previsto, o filme só tinha sangue, tiros, e muitas, muitas cenas mentirosas. Mas os garotos estavam adorando, então não tínhamos do que reclamar. Ver Jake feliz me fazia feliz também.

Apesar disso, não consegui prestar atenção em uma cena sequer do filme. Permaneci escorada em seu peito, fingindo assistir o filme, enquanto seu cheiro me acalmava. Ele beijava minha cabeça, brincava com meus cabelos, alisava minhas costas.

- Não está gostando do filme, não é? – ele questionou em meu ouvido, fazendo-me arrepiar. Não adiantava disfarçar. Jake sempre sabia exatamente o que eu sentia.

- Claro que estou! Nada como um pouco de sangue para alegrar nossa noite! – falei em tom de brincadeira, e ele sorriu em meus cabelos.

Olhei para a tela no momento em que um cara, que deveria ser o vilão, agarrou por trás uma moça que corria dele, posicionou suas duas mãos em volta do seu pescoço e o quebrou num movimento rápido. O cinema inteiro gemeu em reação. Um calafrio desceu por minha espinha, e não daqueles causados por Jacob. Era um mau pressentimento...

N/A: Flores, ultimo capítulo da primeira fase da fic.
Espero que tenham gostado até aqui...
Beijinhos!!!




PRIMEIRO CAPÍTULO DA SEGUNDA FASE


Capitulo 14 –Visita Parte I



Depois do filme, fomos todos comer em uma lanchonete próxima ao cinema. Ansiosa do jeito que estava, acabei deixando a metade do meu lanche para Jacob, que estava sentado ao meu lado.

- Estou começando a me preocupar com essa sua falta de apetite... – ele falou com a expressão preocupada, enquanto comia minhas batatas fritas.

- Acho que não estou me sentindo muito bem... – apesar de ser, no começo, uma desculpa para irmos embora logo, percebi que estava realmente me sentindo estranha - não é melhor irmos andando?!

- Ok – ele respondeu, parecendo ainda preocupado. Quando pegou em minha mão, que estava em meu colo, me olhou alarmado. - Suas mãos estão geladas, amor! É melhor levá-la logo para casa...

Jacob chamou o resto do pessoal, e nos levantamos para ir embora, mesmo contra a vontade dos garotos. Me senti um pouquinho culpada. Mas, de fato, não estava mais apenas nervosa com o que havia planejado. Continuava com aquele mal pressentimento...

Quando abrimos a porta da lanchonete, entre risos e brincadeiras, meu sexto sentido se confirmou. Uma rajada de vento trouxe um cheiro doce e extremamente desconfortável até nós. Eu, Jake, Paul e Jared nos entreolhamos com as mesmas expressões de choque. Sabíamos muito bem do que se tratava. Era um vampiro.

- É o mesmo cheiro detectado naquele dia! – soltou Jared, enquanto seu corpo tremia visivelmente.

- E o que estamos esperando? – reclamou Paul – vamos logo atrás desse maldito...

- , - Jacob falou, se virando para mim, com as duas mãos em meus ombros, e olhando bem em meus olhos – pegue as garotas, corra para o carro, e vá para casa. Avise ao Sam o que aconteceu assim que chegar em La Push, ok?!

- Não! – protestei – quero ir com vocês... – por que ele sempre tentava me excluir das situações perigosas? Queria me sentir um pouco útil...

- É perigoso... para as meninas. Não podemos deixá-las sozinhas. – ele falou, passando os olhos de mim para Rachel e Kim, que permaneciam agarradas aos braços dos namorados, sem entender o que estava acontecendo.

- Ok – assenti a contra-gosto, peguei a chave do seu carro e dei um selinho de leve em seus lábios.

Corri com as meninas até o carro, enquanto os garotos sumiam num beco do outro lado da rua. Assim que entramos no rabbit, dei a partida e dirigi o mais rápido possível.

- O que houve? – indagou Rachel sentada ao meu lado no banco do passageiro, com os olhos cheios de medo.

- Sentimos o cheiro de um vampiro que passou por nossas terras alguns dias atrás... – expliquei.

- Oh meu Deus! – exclamou Kim, sentada no banco de trás. Olhei pelo retrovisor e a vi com as mãos na boca, e os olhos arregalados.

- Não se preocupe, não... – comecei a tentar reconfortá-la, assim como Emilly fizera comigo antes. Mas assim que olhei para a pista, parei bruscamente, nossos corpos sendo projetados para frente pelo freio repentino. Rachel e Kim gritaram assustadas.

No meio da rodovia, de frente para o carro, surgiu uma figura que me fez arrepiar até o último fio de cabelo. Era um homem alto e esguio, de cabelos loiros e curtos. Seus olhos eram assustadoramente vermelhos. Sua pele extremamente pálida por baixo de uma roupa preta. Seu cheiro, mais uma vez, arranhou minhas narinas. Era o vampiro.

Engatei a marcha ré o mais rápido que pude, mas assim que pisei no acelerador senti o carro sendo detido bruscamente e a porta ao meu lado ser arrancada. Mãos gélidas envolveram meus braços, e fui arrastada do carro em um segundo.

Diante de mim estava aquele par de olhos assustadoramente vermelhos. Ele me segurava pelos ombros, enquanto descia a vista para me analisar. Se seu cheiro e toque não me causassem tanta repulsa, poderia até dizer que ele era bonito, como Seth sempre dizia sobre os vampiros.

Ele me olhou nos olhos mais uma vez, agora de forma profunda. Simplesmente não consegui desviar meus olhos dos seus. Os tremores que preparavam meu corpo para a transformação de repente cessaram, e a única coisa que podia ver era o vermelho líquido da sua íris.

“O que está acontecendo comigo?”, gritava mentalmente, “Reaja, !”. Mas meu corpo não obedecia à minha mente.

Lentamente ele desceu seu rosto em direção ao meu pescoço, e passou seu nariz, da minha orelha até a clavícula, depois sussurrou algumas palavras em outra língua em meu ouvido. Seus lábios então encostaram em meu pescoço, num beijo gelado. Arrepiei-me mais uma vez, de puro nojo e medo. Quando pude sentir a umidade de sua boca sendo aberta em minha pele, ele desapareceu da minha frente.

Um lobo marrom avermelhado pulou em cima dele, e quase atingiu sua jugular, a centímetros da minha face. Mas ele foi mais rápido, e escapou por entre a floresta que ladeava a estrada. Jacob o seguiu quase na mesma velocidade, desaparecendo também por entre as árvores escuras. Instantes depois mais dois lobos – Paul e Jared – seguiram em seu encalço.

Apoiei-me com as mãos nos joelhos, tentando recuperar o fôlego. Tenho certeza que se, de fato, estivesse me afogando naquele dia no penhasco, sentiria a mesma sensação de agora. Puxava o ar com força, enquanto minha cabeça girava. Meu corpo estava exausto, como se tivesse lutado com ele ferozmente. Pelo contrário, por qualquer razão desconhecida permaneci inerte em seus braços. Não me dei nem ao trabalho de entender o que tinha ocorrido. Deixaria esse esforço para mais tarde.

- , você está bem? – Rachel perguntou, agora ao meu lado, com as mãos em meus ombros.

- Estou... – respondi, ainda ofegante – acho melhor irmos...


Enquanto nos aproximávamos de La Puh – dessa vez era Rachel quem dirigia, já que eu não tinha a menor condição – meditei sobre os últimos acontecimentos.

O que diabos havia acontecido comigo? Por que não consegui me transformar? E principalmente... Por que ele havia me atacado? Já que havia mais duas humanas bem mais apetitosas e cheirosas no carro...

Lembrei-me automaticamente da frase que ele havia sussurrado em meu ouvido: amara fraganza, dolce gusto. Aquela frase não era em espanhol. Era em italiano. As palavras se assemelhavam ao seu significado em português, então eu sabia o que queriam dizer... “Amargo perfume, doce sabor”. Então ele queria mesmo me morder, e ainda por cima sabia que eu não era como as outras garotas!

Chegamos à casa de Sam, e Emily nos esperava à porta. Ela nos explicou que os outros que faziam a patrulha perceberam o que estava acontecendo assim que os garotos se transformaram, e correram para ajudá-los, mas mandaram Collin para avisar Sam.

Dentro da casa, Collin estava sentado no sofá, com os braços cruzados e a expressão insatisfeita. Lembrei-me que também fiz essa mesma cara feia quando dispensada, mas acabei no centro do perigo.

Contamos a Emily e Collin o que havia ocorrido, e ela pareceu realmente preocupada, o que só aumentou minha angústia. O que será que estava acontecendo? Será que meu Jacob estava correndo algum perigo?


P.O.V. Jacob

Enquanto me embrenhava por entre as árvores seguindo o fedor do sanguessuga, percebia que cada vez mais ele se afastava de nós. Suas imagens apareciam e desapareciam num borrão, cada vez mais difícil de identificar.

“Você não vai me escapar, entendeu?!” – pensei, apressando o passo ao seu encalço. A raiva fervilhava em minha mente, toda vez que me lembrava da imagem dela em seus braços.

“Calma, Jacob. Você não pode detê-lo sozinho” – falou Sam em minha cabeça.

“Vamos ver se não!”

Eu não estava nem aí para o conselho de Sam. Só queria arrancar a cabeça daquela criatura asquerosa que ousou tocar os lábios na pele da minha garota.

Percebi que Paul e Jared estavam tentando interceptá-lo pelos lados. Aquele era um bom plano.

“Deixem comigo o golpe fatal, ok?!” – exigi.

Mas antes que qualquer um de nós tivesse sua chance, o infeliz conseguiu escapar de uma vez por todas. Apesar do cheiro de maresia que indicava a proximidade do penhasco, não contávamos com seu súbito jorro de velocidade em direção ao mar. Em meio segundo ele saltou do meio das árvores, e voou até ouvirmos o barulho do seu corpo contra as ondas.

“Merda!” – pensei, ainda correndo em direção ao penhasco.

“Teremos outra chance, Jacob” – Sam falou com sua voz de autoridade em minha mente.

Sentia-me totalmente frustrado, mas não menos preocupado com . Ela deveria estar, no mínimo, aterrorizada. Corri com todas as forças para La Push.

Parei em casa e pulei a janela – já em minha forma normal - para vestir uma roupa qualquer. Depois voei para a casa de Sam, onde ela provavelmente estaria.

Ao me aproximar da casa, saiu correndo pela porta em minha direção. Corri de forma inumana para alcançá-la. Nossos corpos se chocaram com força quando nos encontramos. Foi extremamente reconfortante.

Um alívio percorreu meu corpo enquanto eu a abraçava e sentia sua pele quente contra a minha. Suas mãos envolviam minha cintura e meus braços apertavam seu corpo contra o meu. Só de pensar que poderia ter perdido-a hoje à noite...

Passei meu nariz em seus cabelos, absorvendo seu cheiro delicioso. Pude sentir que um leve odor do sanguessuga ainda sujava sua pele. Levantei seu rosto para que pudesse analisá-la melhor. Só assim me sentiria totalmente tranqüilo.

Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas, e acariciou meu rosto com os dedos. Minha garota estava bem. Era tudo o que importava. Não resisti. Apertei meus lábios com força contra os seus, lembrando-me que, por um momento, pensei que nunca mais a beijaria...

Quando a vi nos braços daquele monstro, os lábios dele colados em seu pescoço, não foi só a raiva que se apoderou de mim, provocando a transformação instantaneamente. Pânico atravessou meu peito, se espalhando por todas as partes do meu corpo. Deus, nunca tive tanto medo em toda minha vida!

Nem quando me transformei pela primeira vez... Nem quando matamos o sanguessuga de dreads ou quando perseguíamos a ruiva... Ou quando enfrentamos o exército de recém-nascidos na clareira... Nem mesmo quando Bella me disse que arriscaria sua vida na lua-de-mel... Nada disso se comparava ao frio que desceu a minha espinha ao vê-la correndo perigo.

Por isso não havia palavras para descrever a sensação de tê-la entre meus braços, sã e salva. Seus lábios ainda eram quentes e deliciosos. Seu coração batia forte, assim como o meu. Não havia nenhum pouco de frieza em minha , como sempre. Naquele momento tive certeza absoluta que eu a amava. Ela era simplesmente tudo para mim!

Separamos nossos lábios, para analisarmos um ao outro, mas permanecemos abraçados.

- Ah Jake... – ela falou, deixando as lágrimas escorrerem em seu rosto – me desculpe...

- Desculpar voce, meu amor?! Por que? – a abracei ainda mais forte, a prendendo contra meu peito e afagando suas costas. Era horrível vê-la sofrendo.

- Não consegui me transformar. Simplesmente não consegui! – ela falava agoniada, o som da sua voz abafado contra mim – eu poderia tê-lo matado... eu deveria...

- Shiiii... – tentei reconfortá-la – Está tudo bem, meu amor... não se preocupe.

- Ah Jake... me sinto tão culpada. Se algo tivesse acontecido a você... eu... eu... não sei o que seria de mim... – dizia, chorando ainda mais.

- E você diz isso para mim, que a vi nos braços daquele monstro?! – cuspi com toda a raiva que ainda me restava. me olhou espantada, talvez não tivesse se dado conta de que senti a mesma angústia – Já passou... um dia terei minha chance com ele... – era o que eu desejava com todas as forças - Mas voce está bem?

- Na medida do possível... tirando esse fedor horroroso que não quer sair de mim de jeito nenhum... – ela falou, esfregando o pescoço com as mãos, sua cara emburrada. Sorri abertamente com sua expressão. Minha garota ficava tão linda bravinha...

- Mais tarde damos um jeito nisso... – insinuei, puxando-a para o meu lado com minha cara cínica de costume. Nem em uma hora como essas esquecia o quanto eu a desejava...

Caminhamos juntos até a casa de Sam. Parei de repente ao ver a imagem do meu carro todo estrupiado. A porta havia sido arrancada, e grandes amassados se espalhavam pelo capô e pela lateral. Apertei minha mão livre com força, até sentir meus dedos dormentes com a pressão.

- Sanguessuga filho-da-puta! – falei com fúria.

me puxou pelo braço em direção à porta, e eu deixei que ela me conduzisse, sem desviar os olhos do meu bebê. Aquilo me custaria horas e horas de trabalho...

Capitulo 15 –Visita Parte II


Alguns minutos depois de Jacob, os outros garotos chegaram. Era um alívio saber que estavam todos bem. De alguma forma senti-me culpada por não ter reagido ao vampiro mais cedo.

Mas graças a Deus ninguém havia se ferido. Principalmente Jacob... Instantes atrás, ao ouvir os seus passos se aproximando rápido da casa, passos esses que já reconhecia tão bem, não fiz outra coisa a não ser correr ao seu encontro.

Ele estava bem. Era o que importava. Nem me lembrei de perguntar o que havia ocorrido com o vampiro, ou com os outros, mas agora todas as minhas dúvidas seriam esclarecidas.

Jake me abraçava por trás, escorado na parede, enquanto os outros garotos entravam e se espalhavam pela sala. Emily, Rachel e Kim correram ao encontro dos seus amores, assim que entraram pela sala.

Calleb vasculhou a sala com os olhos preocupados, e quando me encontrou soltou um suspiro de alívio. Dei um sorriso torto de volta para ele em resposta, de forma discreta. Ele correspondeu ao gesto, sorrindo de leve, e se juntou aos outros garotos. Jacob, pelo visto, não percebeu nossa comunicação silenciosa.

- Infelizmente o frio escapou pelo mar... – começou Sam, ainda abraçado a Emily – mas temo que ele possa voltar. Por isso vamos redobrar a vigilância.

Todos prestavam atenção de forma séria, mas podia sentir a adrenalina no ar... Garotos! Sempre em busca de perigo. Eles não viam como aquilo era arriscado?! Eu pude ver bem de perto...

- , pode nos contar o que ocorreu? Vi apenas do ponto de vista dos garotos. Talvez você tenha mais alguma informação para acrescentar... – Sam solicitou, com seu tom sério de sempre. Olhei para todos sem jeito. As memórias ainda estavam bem vivas em minha mente.

- Bem... nós vínhamos no carro... – apontei para Rachel e Kim, abraçadas a seus namorados – de repente ele apareceu no meio da estrada. Tentei escapar, mas ele foi mais rápido. Arrancou a porta do carro e me puxou de lá de uma vez... – enquanto explicava, sentia o corpo de Jacob enrijecer em minha volta – não consegui me transformar. Não sei o que houve... parecia que estava hipnotizada...

- Talvez ele tenha um daqueles poderes de vampiros. – supôs Quill.

- É verdade. Essa hipótese é bem provável. – concordou Sam. Olhei para Jacob demonstrando minha falta de conhecimento sobre o assunto.

- Alguns vampiros possuem poderes especiais. Alice, uma dos Cullen pode prever o futuro, e... e... Edward lê os pensamentos das pessoas... – Jacob explicou, parecendo aborrecido.

Aquela explicação era bastante plausível. Senti-me menos incompetente, sabendo que não tinha me transformando por motivos alheios a mim.

- Mais algum detalhe? - Sam me questionou.

- Eh... - não sabia como explicar aquilo - ele sussurrou algumas palavras em italiano no meu ouvido... - Jacob bufou atrás de mim.

- Italiano? Como voce sabe? - indagou Sam.

- Bem... eram parecidas com português, e não eram em espanhol...

- Você sabe o que queriam dizer? - exigiu Sam. Todos voltaram ainda mais sua atenção para mim.

- “Amargo perfume, doce sabor" - expliquei sem jeito.

Jacob esmurrou a parede, fazendo com que a estrutura da casa se balançasse levemente. Puxei seu braço novamente e o pus em volta da minha cintura. Enquanto o acariciava tentando acalmá-lo, senti os tremores percorrendo seu corpo.

- Ele queria mesmo atacá-la, e não a outra pessoa! - Jacob cuspiu as palavras, claramente irritado. - Do contrário, atacaria uma das meninas, que são humanas e cheiram muito melhor... – ele finalmente chegou à mesma conclusão que eu. Percebi as garotas apertando ainda mais o braço dos namorados.

– Mas agora ele sabe que vocês são diferentes. Talvez não se atreva a voltar... – disse Emily, parecendo esperançosa. Infelizmente, nenhum dos garotos pareceu convencido.

- Talvez ele tenha sentido o nosso cheiro e tenha vindo especular... depois talvez tenha cruzado conosco por acaso em Poart Angels e tenha ficado novamente curioso... - conjecturei.

- Então provavelmente ele volte de novo... queira descobrir mais sobre nós... - supôs Paul, parecendo até um pouco alegre com a idéia.

- Ele que venha. Estaremos preparados! - falou Calleb, olhando para mim por um instante. Os outros garotos concordaram em coro.

- Mas por que ele quis me atacar... se meu cheiro não era bom para ele?! - questionei.

- Isso não tenho como lhe responder. Talvez, como você supôs, ele tenha ficado curioso. Ou talvez tenha lhe achado mais atraente, por algum motivo... - Sam olhou na minha direção com os olhos estreitos. Ele fitava Jacob, e não a mim. - Você disse que ele era italiano, não?! Acho que há um modo de tentarmos descobrir algo sobre ele...

- NÃO! - Jake gritou atrás de mim - Não acho que seja necessário! - talvez ele tenha entendido para onde os pensamentos de Sam caminhavam...

- Jacob, você sabe que eles podem nos ajudar...

- Nunca! Não vamos nos rebaixar!

- Eles já são nossos aliados, Jacob. E se estiver correndo algum risco, já pensou nisso? Não se lembra daquele frio que perseguiu Bella até os Cullen matá-lo?! Não sabemos quais as intenções do sanguessuga. Não quer dar logo um fim a essa situação?!... - Jake esmurrou mais uma vez a parede, dessa vez ainda com mais força. Virei-me para encará-lo, mas ele não levantou os olhos na minha direção. Nunca o tinha visto com tamanho ódio, exceto quando ele falou a pouco sobre o vampiro que acabara de me atacar...

- Alguém vai me explicar o que está acontecendo, ou vou ter que adivinhar? Não tenho super-poderes de vampiro, esqueceram? - falei com a voz irritada, passando os olhos entre Jacob e Sam. Mas o que eu queria mesmo era distrair Jake daquela raiva repentina.

- Pediremos ajuda aos Cullens. Eles conhecem alguns vampiros que moram na Itália. Talvez saibam quem é esse frio... É melhor que seja hoje, já que voce ainda está com o... cheiro dele. Assim eles podem identificá-lo - Sam explicou. Pelas caras que todos fizeram, pareciam tão insatisfeitos quanto Jacob. Todos, menos um.

- Posso ir com voce, ! - Seth falou empolgado. Sam assentiu com a cabeça, mas Jacob interveio, me puxando para o seu lado.

- Não. Ela vai comigo - ele falou em tom seco, segurando firme a minha mão.

- Ok. Mas tente se controlar... não esqueça que somos nós que precisamos da ajuda deles dessa vez... - Jacob bufou, deixando cair seus ombros parecendo derrotado.

Todos se despediram e foram embora. Os garotos seguiram para suas casas, outros voltaram para a patrulha. Eu e Jake retornaríamos ainda hoje para passar as informações para Sam. Já se passavam das 02:00 da madrugada, então minha mão deveria estar enlouquecendo à minha espera. Afastei-me um momento para lhe avisar por telefone que não voltaria para casa hoje.

Enquanto lhe explicava o que havia ocorrido – ocultando, é óbvio, o fato de eu ter estado no centro do perigo, limitando-me apenas a dizer que um vampiro havia esbarrado com os garotos e que estávamos investigando sobre ele - Sam aproximou-se de repente.

- Não deixe que ele faça nenhuma besteira, ok?! - Sam pediu, olhando para Jacob, que permanecia escorado na parede, com a mesma carinha de raiva, e os pensamentos longe.

- Deixe comigo. Sei como cuidar dele... - falei sorrindo, e me despedi.


Fomos de moto até a casa dos Cullen, acho que para demonstrar que nossa ida era amigável. Fiquei aliviada por isso. Durante o trajeto, pude deixar meus pensamentos fluírem livremente sem expectadores.

Eu sabia muito bem o motivo da reação exagerada de Jacob ao saber que precisávamos da ajuda dos Cullen: Bella. Pelo visto ele não havia perdoado Edward e sua família por terem roubado dele o “amor de sua vida”. Argh! De pensar no que havia planejado para nossa noite...

Jacob ainda gostava de Bella. Não havia como negar. Caso contrário não reagiria assim quando mencionávamos o nome dos Cullens. Durante esse pouco tempo consegui afastar de sua vida a lembrança da talzinha. Mas, pelo visto, não era necessária sua presença para deixá-lo confuso novamente. Qualquer coisa que o fizesse lembrar dela já o perturbava.

Será que eu estava exagerando em minhas conjecturas? Não sei. Mas a raiva que estava sentindo dele, a sensação de traição e rejeição, só aumentava cada vez que me lembrava da sua mágoa em relação aos Cullen. Será que ele nunca a esqueceria?

Seguimos em silêncio durante todo o caminho. Apesar de nossos corpos estarem próximos, e minhas mãos segurarem a cintura de Jacob, não trocávamos os carinhos de costume. Jacob não reclamou, pelo visto sua mente continuava distante, o que só me deixava ainda mais intrigada.

De repente o cheiro doce e irritante apontava que estávamos chegando. Passamos por algumas árvores, e como num passe de mágicas a enorme casa apareceu no final da trilha, por entre a floresta. Não era nadinha daquilo que eu imaginava. Era branca, clara, e aberta, de arquitetura sofisticada e rústica ao mesmo tempo. Não parecia um esconderijo de vampiros. Estava esperando um castelo tenebroso, que nem aqueles de filmes de terror. Mas a casa parecia ser habitada apenas por uma família rica, que gostava de privacidade, não pelo Conde Drácula.

Jacob desligou a moto e descemos ao mesmo tempo. O cheiro dos frios fazia meus pelos se eriçarem e meu corpo inteiro tremer. Mas precisávamos da ajuda deles, então eu teria que me controlar. Jake pegou minha mão, ainda sem me olhar nos olhos, e me guiou até a entrada da casa. Estagnamos ao pé da escada e nos entreolhamos, sem saber o que fazer.

- Olá, Jacob! À que devemos a honra dessa visita repentina? Veio saber notícias de Bella? – um sujeito alto, loiro e muito, muito bonito nos surpreendeu ao pé da escada. Suas maneiras cordiais contrastavam com a idéia que eu fazia dos vampiros, mas sua pele pálida e seu cheiro me indicavam que tratava-se de um. Jacob reagiu automaticamente à menção do nome de Bella. Seu corpo tremeu ao meu lado, e um silvo baixo escapou de seus lábios. Antes que ele fizesse qualquer coisa, me antecipei.

- Na verdade viemos pedir a ajuda de vocês... – expliquei, dando um passo em direção ao vampiro. Jacob segurou ainda mais firme a minha mão.

- Ainda não tive o prazer de conhecê-la, minha jovem. Meu nome é Carlisle – ele falou, estirando a sua mão em minha direção.

- Me chamo – respondi, apertando sua mão. O toque gelado me fez lembrar do vampiro que havia me atacado, e soltei rapidamente sua mão.

- Por que não entram? Tenho certeza que conversaremos melhor lá dentro. – ele nos convidou. Assenti com a cabeça. Tive que quase arrastar Jacob pelo braço para seguir o sanguessuga educado.

Dentro da casa era ainda mais surpreendente. Os cômodos eram amplos e iluminados. A decoração em tons claros combinava móveis, paredes e demais detalhes. Um piano de calda do outro lado da sala deixava tudo ainda mais elegante.

Depois de analisar a casa, passei meus olhos pelos cinco vampiros que aparecerem de repente, se acomodando na sala. Assim como Seth havia dito, todos eram incrivelmente lindos. Seus olhos dourados os diferenciavam do vampiro de olhos extremamente vermelhos que havia me surpreendido mais cedo. Aquilo indicava que, realmente, eles eram diferentes.

- Só você mesmo para me deixar com dor de cabeça desse jeito, Jacob Black! – falou uma morena baixinha, de cabelos curtos e repicados, com a voz extremamente fina e melodiosa, jogando-se no sofá ao lado de um loiro com a expressão apreensiva. Ele passou o braço sobre seu ombro, e pelo jeito de ambos pude entender que formavam um casal – Não sabe como enlouqueci quando o futuro de todos nós desapareceu de repente! – ela completou, olhando firmemente para Jacob. Apesar de suas palavras, parecia que ela o estava provocando de brincadeira.

- Fico feliz com isso! – Jacob retribuiu, no mesmo tom de provocação. Pelo visto Jacob não se dava tão mal com os Cullen quanto aparentava.

- Você deve ser Alice, a vidente – apontei para a garota que acabara de falar.

- Semi-vidente, meu bem. Já que toda vez que vocês aparecem não posso ver absolutamente nada! – ela falou, aborrecida. Não pude deixar de sorrir com seu jeito espontâneo. Jacob também pareceu se divertir um pouco com a situação. – Mas e você, querida, qual o seu nome? Ah! E adorei o seu look, viu?! – ela concluiu, piscando o olho e sorrindo. Não pude conter o riso mais uma vez.

- Meu nome é . Sou nova na reserva. Vim do Brasil há pouco tempo quando... quando comecei a sofrer a transformação – olhei para Jacob, sem saber se poderia dar mais informações. Ele gesticulou com a cabeça, dizendo que era o suficiente.

- Pelo visto o bando de vocês está começando a ficar interessante, hein?! – observou um moreno alto e extremamente forte, com jeito brincalhão. Ele estava em pé atrás de uma poltrona, onde uma loira exuberante se sentava. A loira virou-se para ele e rosnou, audivelmente alto. Um frio desceu por minha espinha, indicando que apesar de serem amigáveis, os Cullen ainda eram vampiros. E mais, eram três casais. – O que foi, amor?! Só estou brincando... – o fortão se defendeu, sem jeito.

- Bem, , essa é a nossa família – começou a falar de forma terna uma morena, que agora estava abraçada a Carlisle – me chamo Esme, e esses são Alice e Jasper, Emmett e Rosalie. – ela apontou para cada um deles. Alice fez um sinal com a mão, sorrindo. Jasper continuou com sua cara de nada. Emmett arreganhou todos os dentes em um sorriso que me deu um pouco de medo. E Rosalie continuou a me fulminar com os olhos. Sabia que faltava um casal: Edward e Bella. Talvez ela não os tenha citado para poupar Jacob do constrangimento. Pelo visto todos sabiam que eu fazia papel de idiota nessa história.

- Você disse que precisavam de nossa ajuda. Do que se trata? – questionou Carlisle, interrompendo meus pensamentos.

- Bem... – olhei para Jacob, na esperança de que ele explicasse o ocorrido, mas ele continuava menos a vontade do que eu – há uns dias atrás sentimos o cheiro de um vampiro em nossas terras. Fizemos diversas rondas, mas ele não voltou mais. Hoje esbarramos com seu cheiro em Poart Angels e... – a lembrança daquele momento me perturbava profundamente – ele me atacou. Jacob apareceu na hora e ele fugiu, mas antes me disse algumas palavras em italiano. “Amara fraganza, dolce gusto”. Como vocês conhecem vampiros de lá, ficamos com esperança de que pudessem nos dizer quem ele era.

Carlisle avaliou minhas palavras com a expressão preocupada. Tirei o meu casaco, e o passei para ele, para que reconhecesse o cheiro. Todos eles então passaram de mão em mão, até que a peça de roupa voltasse para mim.

- Não reconheço o cheiro de lugar algum – todos concordaram - Alice, você sabe se os Volturi podem estar envolvidos?

- Continuo monitorando as decisões de Aro, e não tive nenhum “apagão” até o momento – ela concluiu, com seu jeito metidinho e engraçado. Definitivamente gostei dela!

- Bem, talvez tenha sido apenas um viajante curioso. Nós mesmos, quando esbarramos com sua tribo há muitos anos atrás, ficamos bastante intrigados. O cheiro de vocês se diferencia demais do cheiro dos outros humanos. Por falar nisso... , você poderia se aproximar? – Carlisle pediu. Olhei para Jacob, mas não para pedir permissão, e sim para demonstrar minha concordância. Soltei a mão dele e caminhei em direção a Carlisle. Parei em sua frente. Ele se aproximou um pouco, com os olhos estreitos, depois voltou à sua posição, parecendo ainda intrigado. – Engraçado, seu cheiro é diferente do cheiro dos demais lobos. Como posso dizer?! É menos... desagradável.

- Sério?! – me espantei com aquilo. – talvez se deva ao fato de minha mãe não ser da tribo.

- É uma hipótese... – meditou Carlisle.

- Talvez por isso o vampiro tenha me atacado, por eu não ser tão fedorenta quanto os demais...

- Ei! Não somos fedorentos! – reclamou Jacob – está passando para o outro lado? – todos riram em uníssono.

- Eu sei, amor... estou falando fedorenta para eles... – expliquei, apontando para os seis vampiros que ainda riam com nossa pequena discussão.

- Então quer dizer que o cachorrinho desencalhou?! – exclamou Alice – Já não era sem tempo! Vamos ver se agora fica menos rabugento, não é?!

- Estou trabalhando para isso, Alice – respondi, entrando na brincadeira. Todos riram novamente. Apenas Jacob parecia não gostar da nossa surpreendente intimidade.

- Acho que devemos ir... – Jacob falou, me puxando pela mão novamente.

- Muito obrigada! A todos! – falei sorrindo, para a família de vampiros que estranhamente havia me cativado. Pensei que os odiaria, assim como Jacob, mas do contrário, eles se mostraram bastante solícitos. Mais do que isso, aquela família era muito legal! Isso só mostrava mais uma vez que os motivos de Jake eram pessoais.

- Não por isso – respondeu Carlisle – e qualquer coisa podem nos procurar. Se tivermos qualquer informação também entraremos em contato.

- Agradeço, mais uma vez – respondi.

- E apareça, ! Tenho uns modelitos que vão combinar e muito com seu corpão de brasileira! – Alice me surpreendeu, aparecendo rapidamente à minha frente e me abraçando – É verdade, você nem fede tanto... – ela observou, parecendo satisfeita.

- Tudo bem, Alice. Até mais! – bati em suas costas sem jeito, retribuindo a demonstração de afeto. Cumprimentei os outros, que reagiram da mesma maneira de antes – sorrisos educados de Carlisle e Esme, cara de nada de Jasper, riso exagerado de Emmett e olhar matador de Rosalie -, e fomos embora.

Eu e Jake voltamos novamente sem dizer uma palavra durante todo o caminho até a casa de Sam. Já havia amanhecido quando chegamos lá. Contamos a Sam o pouco que havíamos descoberto. Ele ficou aliviado por os Volturi – os vampirões italianos – não estarem envolvidos, mas continuou intrigado por não saber o que o vampiro desconhecido queria, e pelo mistério sobre o meu cheiro “fraco”.

De todos os meus problemas, esse para mim era o menor. Havia um vampiro a solta na redondeza, sabendo da existência dos “transformos” em La Push, como minha mãe nos chamava. Além disso, descobri que meu namorado lobisomem ainda nutria sentimentos por uma garota que se casou com um dos Cullen, uma família de sanguessugas legais que acabei de conhecer. Ela se tornaria uma vampira em breve, é verdade. Teoricamente eu estaria livre desse problema. Mas comecei a temer a reação de Jacob quando isso acontecesse. Todos problemas comuns para uma adolescente de dezessete anos. Realmente, a intensidade do meu cheiro não me importava nem um pouco.

Deus, o que mais poderia acontecer de ruim em um só dia?

Capitulo 16 –Visita Parte III



Enquanto eu e Jake caminhávamos em direção à sua casa, já que minha mãe ainda estava lá nos esperando - aflita como só eu poderia imaginar -, o silêncio se tornava cada vez mais insuportável.

- Pode me dizer por que está se fazendo de muda? – Jake perguntou de repente, tentando me olhar nos olhos.

- Você não vai gostar nada se eu começar a falar... – me esquivei, fitando o caminho à nossa frente.

- Experimente. – ele pediu com jeito.

- Sabe muito bem porque estou com raiva, Jacob Black! – ele não ia conseguir se safar... não mesmo!

- Também não sou adivinho... – ele me segurou pelos ombros de repente.

- Por que esse ódio todo dos Cullens? Você ainda gosta dela, não é?! Por isso tem tanta raiva deles! – falei com raiva, tentando tirar suas mãos dos meus ombros, mas ele não me soltou.

- Não diga bobagens! Você sabe que sou apaixonado por você! – ele respondeu, parecendo aborrecido com minha insinuação.

- Então por que agiu daquela maneira? Por que os odeia tanto?

- Você não entende, . Eles não são boas pessoas. Na verdade não são nem pessoas. São um bando de mortos-vivos... – ele soltou toda a mágoa que sentia.

- Está vendo só, Jacob, como você se altera...

- Eles são falsos, . Não percebe?!

- Pelo que sei, eles não fizeram nada de mau a ninguém...

- Eles vão matá-la, . Vão matá-la! – toda a dor transpareceu finalmente em seus olhos. Suas palavras angustiadas me feriram ainda mais.

- A escolha foi dela, Jacob. Não temos nada a ver com isso. Pelo menos não deveríamos ter... – soltei, com ironia.

- Ela é minha amiga, . Como não tenho nada a ver? Você deixaria Calleb morrer?

- É diferente!

- Não. Não é diferente.

- A escolha foi dela, Jacob. – repeti.

- E quem escolheria outra opção? Eles são bonitos, ricos, inteligentes, sedutores... O sonho de qualquer garota.

- EU escolheria outra opção! Não há dinheiro, ou beleza, ou qualquer outra coisa no mundo que me faça mais feliz do que sou com você... Mas pelo visto sou apenas uma alternativa, não uma escolha...

Não consegui mais segurar as lágrimas em meus olhos. Jacob se surpreendeu com minha declaração, e aproveitei a oportunidade para fugir dos seus braços. Corri até me aproximar mais da sua casa, mas infelizmente ele me alcançou rapidamente.

- Não, ! Você não está entendendo. O que devo fazer para você acreditar que sou apaixonado por você de verdade? Não amo Bella. Não a amo mais. Desde que te conheci eu quero apenas você.

- Não vê como me dói quando vejo como ainda se importa com ela? Como sofre por tê-la perdido? Por que faz isso? – exigi, o empurrando. Ele não se moveu um centímetro. A culpa por minhas lágrimas estava estampada em seus olhos.

- Não posso evitar. Amei muito Bella um dia, mas esse amor mudou. Amo-a como uma amiga... uma irmã... não posso deixar de me importar. Não tenho raiva por eles terem tomado-a de mim. Tenho raiva por que roubarão sua vida. Você sabe, . Sabe que não a amo mais. Sabe que eu te...

- Oh-oh! Tem uma viatura estacionada na frente da sua casa, Jake... – apontei para o carro, enxugando as lágrimas traiçoeiras que haviam me denunciado. – Será que nossos pais aprontaram alguma coisa?

A expressão de Jacob ao olhar para onde eu apontava confirmou meu receio. Deveria ser algo muito grave.

- É a viatura de Charlie... – ele disse num fio de voz, enquanto apressava o passo em direção à sua casa.

- Charlie? – questionei, sem entender, enquanto o acompanhava.

- Eh... – ele me olhou por um instante, parecendo sem jeito – é o pai de Bella.

Parei abruptamente. Era muito azar para um dia só, só poderia ser!

- Vai correndo saber notícias dela, não é? – cuspi as palavras, em tom de acusação, enquanto o ultrapassava.

- ...

- Vai lá, Jake! Quem sabe o sanguessuga não tenha conseguido dar o que ela tanto queria, e ela tenha voltado para casa... Vai ver você ainda tem alguma chance... – falei aquilo caminhando de costas, para encará-lo com todo o rancor que começava a se fixar no meu peito, e me virei em seguida. Pude vislumbrar um pouco a expressão perturbada de Jacob. Mas não me sentiria culpada pelo que tinha dito. Era ele quem me fazia sofrer, não o contrário.

Corri dali o mais rápido que pude...

Entretanto, o que eu queria, na verdade, era que Jake viesse atrás de mim. Que dissesse que não se importava com o que diabos o pai de Bella estivesse fazendo na sua casa, e que apenas eu importava para ele. Que meu ciúme era bobo e sem fundamento, por que ele me amava de verdade. Que Bella poderia se tornar uma vampira, ou ir para o raio que a parta, que para ele não faria diferença.

Mas Jake não o fez. Eu corria sozinha. Podia até imaginar o som dos seus passos ou seu cheiro, se ele viesse atrás de mim. Até as batidas fortes do seu coração sei que poderia reconhecer. Mas ele não veio...

Diminui o ritmo, enquanto arrancava as botas de salto fino dos meus pés – que no momento só me atrapalhavam -, e continuei correndo. A dor no meu peito fazia com que as lágrimas que tanto prendi em sua frente agora jorrassem livremente dos meus olhos.

Lembrei-me de como o dia havia acabado de forma diferente do que havia planejado. Estávamos em perigo. Jacob não me amava. Duas revelações que poderiam mudar minha vida?

Continuei a correr sem rumo, sentindo a chuva fina típica de La Push cair sobre mim. Tinha vontade de me transformar, e deixar que o instinto me guiasse para longe da dor, mas não queria dividir meu sofrimento com ninguém. Para onde ir quando se está perdida, literalmente? Conhecia poucos lugares de La Push, e em todos eles encontraria alguém conhecido.

Eu precisava ficar sozinha. Precisava colocar a cabeça no lugar e pensar no que era melhor para a minha vida. Será que todo esse sofrimento valia mesmo à pena?

Finalmente cheguei à praia, e diminui o passo. Caminhei, sentindo a água do mar tocar os meu pés, e pensei no dia em que conheci Jacob. Havia decidido que aproveitaria todos os momentos aqui, e foi isso que fiz. Mas quando me abri para a felicidade, não esperava que também viesse a tristeza.

Apesar do sofrimento, meu choro havia cessado, assim como a chuva. Quanto tempo havia se passado? Não sabia dizer. Olhei o céu, tentando me situar, e me surpreendi ao perceber que um leve sol saia por entre as nuvens.

Por que Jake fez isso comigo? Justo agora, quando estávamos tão bem... Não queria vê-lo nunca mais! E por agora não queria ver ninguém.

Observei, ao longe, uma pequena cabana à beira da praia. Parecia abandonada há muito tempo. A porta havia sido arrancada, e a madeira das paredes estava estragada, provavelmente pela maresia.

Provavelmente não estava mais em La Push, pois a praia agora era completamente deserta e inabitada. Não havia mais som ao seu redor, além do barulho das ondas e dos pássaros. Era um lugar perfeito para se esconder.

Me aproximei da pequena cabana, e entrei, constatando que não estava enganada. Deveria ser uma cabana de pesca abandonada. O chão estava quase que completamente repleto de areia, e havia apenas uma cadeira e objetos de pesca espalhados pelo lugar. Emaranhados de redes de pesca se espalhavam nos cantos da cabana. Forcei as janelas, e as abri deixando que a luz do sol entrasse no lugar.

Joguei as botas e a jaqueta em um lugar qualquer. Limpei a areia que se amontoava no batente à frente da cabana, e me sentei. Abracei minhas pernas juntas ao peito e recostei meu queixo nos joelhos. Fixei meus olhos nas ondas do mar que iam e viam, tentando dissipar qualquer pensamento triste da cabeça.

A brisa do mar tocou em meu rosto, bagunçando meus cabelos, e trazendo consigo um perfume bem familiar. “Estou ficando louca de vez”, pensei comigo mesma. Mas o som daqueles passos, ou as batidas fortes daquele coração... também não me eram estranhos...

Virei-me na direção do som, e por um momento pensei que estivesse tendo uma alucinação. Mas não era. Jacob caminhava calmamente em minha direção, com os pés descalços e as mãos enfiadas nos bolsos da bermuda. Seu tronco nu e seu andar elegante eram o suficiente para me desconcertar.

Nossos olhos se encontraram, e ele me encarou com ternura. Não sei o que meus olhos lhe mostraram, mas me levantei para aparentar firmeza. Por dentro, entretanto, estava me derretendo toda.

Seu rosto parecia cansado. Sua boca se curvou em um leve sorriso triste, enquanto ele encurtava a distancia entre nós dois. Minha vontade era correr para os seus braços, e tirar a tristeza que parecia tocar seu olhar. Afagar seus cabelos, assim como o vento fazia agora, e beija-lo com a intensidade com que sempre fazia. Mas eu não podia. “Você está com raiva dele, . Está com ódio!”, repeti mentalmente, tentando me convencer disso.

- E então, más notícias sobre o amor da sua vida? – questionei com ironia, assim que ele se posicionou na minha frente.

- Péssimas! – ele respondeu, suspirando com desânimo – parece que ela está com ódio de mim...

Não pude contar o espanto que provavelmente transpareceu em minha face ao ouvir aquilo. Pelo visto Jake estava assumindo definitivamente o que sentia por ela. Tive que me segurar para controlar a voz.

- E por que ela estaria com esse ódio todo? – perguntei, sentindo as lágrimas começarem a brotar.

- Estou aqui para tentar descobrir... – Jake falou, acariciando meu rosto com a ponta dos dedos, e a voz melosa. Fiquei confusa por alguns instantes.

- Como assim? O que Charlie queria na sua casa?

- Não sei. Não entrei lá para saber. Provavelmente queria chamar meu pai para pescar, ou algo do tipo... Mas percebi que não me importava. Não mais... Só me importo com você. O resto agora é irrelevante.

Absorvi suas palavras por alguns instantes, tentando fixar o significado de cada uma delas. Mas eu não queria me iludir novamente.

- Por que faz isso? Por que me enche de esperanças desse jeito? – falei, deixando que as lágrimas rolassem em sua mão, que permanecia em meu rosto.

- Por que eu amo você, !

- É mentira... Você não me ama... – falei entre soluços - É apaixonado por mim, eu sei disso. Mas ama Bella.

- Não, ! Por que é tão teimosa? – ele falou, quase em tom ríspido, abaixando seu rosto para que nossos olhos ficassem na mesma altura. – Sou mesmo apaixonado por você! Me apaixonei por esses olhos verdes tão intensos. Pelo seu jeito espontâneo. Por sua boca tentadora e pelo seu corpo perfeito. Me apaixonei pelo seu charme de menina-moleca, e pelos seus lindos traços. – tentei falar, mas Jake não deixou, me impedindo com um dedo de leve em meus lábios - Mas agora sei que te amo! Te amo por que é a pessoa mais verdadeira que já conheci. Por que tem o dom de me fazer feliz e a todos ao seu redor. Por que seu jeito de mulher é fascinante, o que me mata de ciúmes. Amo você por que apesar de parecer independente e rebelde, cuida da sua mãe, de Billy, dos garotos, e de mim como ninguém. Te amo por que você me trata como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo, e é assim que me sinto quando percebo que você me ama também. Não adianta fugir... – colocou as mãos em minha cintura e me puxou para si, colando nossos corpos - Não adianta negar... – pegou minhas mãos livres e as depositou em sua nuca - Tenho certeza que nem o imprinting dos lobos... ou a obsessão de Bella e Edward... nada é mais forte do que o que sentimos um pelo outro. É amor... e não há sentimento mais forte do que esse. Já pertencemos um ao outro... – ele então levantou meu queixo em direção à sua boca, e meu corpo já se arrepiava por inteiro só de sentir seu hálito próximo demais. – Agora quero que você seja totalmente minha... Só minha...






Nossos beijos sempre começavam delicados, e tornavam-se intensos aos poucos. Mas dessa vez não. Mal terminou de falar, os lábios de Jacob capturaram os meus violentamente. Correspondi ao beijo da mesma maneira, abrindo os lábios para sentir sua língua ansiosa roçando à minha. Jake mordiscou meu lábio inferior com um pouco de força, e gemi em sua boca, de prazer e não de dor.

Ele então posicionou suas mãos em meus quadris e me suspendeu. Eu cruzei minhas pernas em volta de sua cintura, mas não antes de sentir seu ponto de excitação encostar ao meu. Como sempre, perdi o controle.

Puxei seus cabelos com força para trás, liberando seu pescoço para que eu o devorasse com beijos e mordidas. Dessa vez foi Jake quem gemeu em meu ouvido, enquanto suas mãos deslizavam por todo o meu corpo. Ele me carregou até me encostar à parede na cabana.

Voltamos a nos beijar com intensidade, e minhas mãos desceram automaticamente até o seu peitoral. Desci-as ainda mais, acariciando seu abdômen definido, depois corri minhas mãos para suas costas trabalhadas, onde meus arranhões lhe provocavam gemidos.

Jacob acariciou toda a extensão das minhas costas até meu bumbum, apertando-o com firmeza. Seus beijos percorreram o caminho do meu queixo até o meu ombro. Segurou a alça do meu vestido com a boca, e a desceu até meu braço, depois voltou sua atenção para a parte direita do meu sutiã, que agora estava à mostra, novamente beijando e mordendo a pele exposta do meu colo.

Remexi-me em seus braços de forma inconsciente, tentando aumentar aquela sensação de prazer. Jacob pressionava-me com tanta força à parede que tinha medo que aquela velha cabana desmoronasse.

Como se adivinhasse meus pensamentos, ele se afastou da parede, e caminhou comigo até adentrarmos o lugar, enquanto nossos beijos e caricias continuavam. Ele então me deitou lentamente, e pude sentir que em baixo de minhas costas estava a minha jaqueta sobre um amontoado de redes de pesca.

Ele se afastou de mim, com os olhos cheios de desejo, e me observou por alguns instantes, correndo seus olhos por todo o meu corpo. Eu permanecia deitada sobre nossa “cama” improvisada, com os braços soltos sobre minha cabeça, e as pernas entreabertas, onde Jacob estava posicionado. Ainda usava o mesmo vestido de ontem à noite, certamente expondo muitas partes do meu corpo. Por um instante pensei em como tudo acabara assim como eu havia planejado. Não pude conter o riso presunçoso que se formou em meus lábios.

- Que sorrisinho é esse? – Jacob perguntou, com uma expressão brincalhona.

- Eu quero você, Jake... agora... – confessei, sentindo minhas bochechas corarem.

Nem terminei de falar direito, Jacob já havia se deitado sobre mim, me beijando com entusiasmo. Entrelacei minhas pernas em volta da sua cintura mais uma vez, para sentir sua excitação, e desfrutei de seus beijos ardentes. Suas mãos passeavam por minha cintura... minha barriga... meus seios... minhas cochas... E eu gemia e me movimentava em baixo dele.

Jake se afastou um pouco novamente, mas dessa vez suas mãos, que envolviam meus seios, desceram pela minha barriga até a fivela do meu cinto. Ele a abriu rapidamente e puxou o cinto de uma vez. Depois desceu suas mãos pela lateral do meu corpo até minhas coxas. Pôs as mãos por dentro do vestido, e as subiu lentamente, até que o vestido cobrisse apenas o meu sutiã. Levantei meu corpo e meu braço de leve para auxilia-lo, e em um segundo estava apenas de lingerie.

- Hummm... – Jake soltou, enquanto me analisava com desejo. – Acho que você planejou tudo isso, não foi? – suas mãos deslizaram por cima do meu sutiã de renda branco, depois desceram por minha barriga, até a frente da minha calcinha, também de renda branca.

- Ahhhh... – gemi com seu toque quente – você ainda tem duvidas? – respondi de forma travessa.

Dessa vez ele me puxou com certa força para junto de si, e nossos corpos se chocaram, enquanto me encaixava em seu colo, com as pernas em volta de seu quadril. Delirei quando senti suas mãos abrirem o feche do meu sutiã de forma hábil. Como sempre fazia, Jake analisou meu corpo semi-nu, antes de começar a saciar minhas vontades. Acariciou meus seios de forma delicada, enquanto nos beijávamos, depois desceu suas mordidas até eles, e passou sua língua sobre toda a extensão da pele, vindo a deliciar-se em seguida. Beijava, sugava, mordia... e eu, como sempre, arfava e me contorcia de prazer.

Uma de suas mãos desceu vagarosamente por minha barriga até o meu ventre, depois seguiu até encontrar meu ponto máximo de calor, e minha respiração falhou. Até agora todas as sensações experimentadas me eram bastante conhecidas. Mas aquele toque íntimo eu nunca havia experimentado. Enquanto sua boca se ocupava em meus seios, sua mão continuava com aquelas novas carícias, ainda por cima da calcinha... e tudo o que eu queria era romper todos os limites que eu havia imposto.

Jacob então me deitou novamente sobre as redes, e se pôs sobre mim delicadamente. Olhou-me nos olhos como se quisesse o meu consentimento para seguir a diante, e eu, sem demora, beijei-o com mais paixão do que nunca. Ele então entendeu a minha concordância, e retribuiu ao beijo com entusiasmo. Sua boca percorreu meu queixo... meu pescoço... meu colo... o vão entre os meus seios... minha barriga, se detendo em meu umbigo... meu ventre...

Com um brilho diferente nos olhos, Jake entrelaçou seus dedos na barra da minha calcinha, e a desceu delicadamente. Arqueei meu corpo um pouco para auxilia-lo, e quando dei por mim já estava completamente nua diante dele. Senti-me um pouco tímida de repente.

- Você é perfeita, meu amor! – Jake sussurrou, enquanto finalmente analisava meu corpo por inteiro.

Sua mão, um pouco tremula, acariciou mais uma vez o meu ventre, e deslizou até encontrar minha intimidade. Agarrei as redes de pesca que estavam embaixo de nós com força, enquanto desfrutava as novas sensações que Jake me proporcionava. Seus dedos me acariciavam como se ele, de fato, reconhecesse algo precioso, que a partir de agora pertenceria só a ele. Em segundos meus gemidos já preenchiam a velha cabana, e aquele espaço parecia cada vez menor em relação aos fortes impulsos que eu sentia. Meu corpo parecia estar em chamas, clamando por mais e mais de Jacob.

Ele se agachou devagar em minha direção, e quando imaginava o que viria a seguir, me surpreendeu, beijando de leve minha cocha. Suspendeu minha perna, e percorreu todo o caminho até o meu pé com beijos delicados. Fez o caminho de volta pela outra perna, distribuindo os mesmos beijos, e quando finalmente chegou ao fim, me olhou nos olhos intensamente.

Jake não parecia um garoto descobrindo os prazeres do sexo. Parecia um homem, com o desejo de me satisfazer da melhor maneira possível. E assim o fez. Beijou-me intimamente, com dedicação e deleite. Com paciência e entusiasmo. Sua língua saboreando o meu sexo me deixava ainda mais enlouquecida.

Assim que os espasmos de prazer tomavam conta do meu corpo, Jake se livrou de sua bermuda, e me olhou de forma intensa mais uma vez. Não havia palavras a serem ditas. Elas não descreveriam o desejo que sentíamos de pertencermos um ao outro. Não diriam o quanto aquele momento era perfeito. Nossos corpos demonstrariam tudo isso.

Ainda fitando-me nos olhos, Jacob colou nossos lábios, dessa vez de forma terna, e me possuiu. Ele não o fez de uma vez, como qualquer garoto inexperiente faria. Penetrou-me aos poucos, para que meu corpo se acostumasse ao seu devagar.

No começo a dor impediu-me de aproveitar o momento prazerosamente. Ele era ainda mais bem dotado do que eu havia suposto. Mas aos poucos o encaixe de nossos corpos começava a ficar prazeroso, e em alguns minutos meu corpo já arqueava-se clamando por mais. Jake correspondeu aos meus desejos, e suas investidas mais fortes novamente provocavam contrações em meu sexo. Instantes depois atingíamos o clímax juntos, pela primeira vez. Aquele, com certeza, havia sido o momento mais lindo de toda a minha vida.

Ainda encaixados, Jake pendeu sua cabeça sobre meu peito, enquanto nossas respirações ofegantes se normalizavam. Desconectamos nossos corpos, e ele se deitou ao meu lado, me puxando para abraçá-lo.

- Acredita agora que amo você? – ele perguntou, acariciando minhas costas calmamente com a ponta dos dedos.

- Huhum... – respondi simplesmente, ainda embriagada pelos momentos anteriores.

- E você? – Jake questionou, puxando meu rosto para olhá-lo nos olhos. – Não vai me dizer o que sente por mim? – disse com cara de pidão. Sorri, lembrando-me que sempre era eu quem não se declarava.

- Amo você mais do que tudo! – respondi sorrindo, e beijei seus lábios de leve.

- Promete que não vai mais duvidar de mim?... – ele exigiu.

- Prometo. – respondi de forma sincera. De fato, daqui para frente não havia mais espaço para as dúvidas.

Ele sorriu, parecendo satisfeito, e fechou os olhos, ainda alisando minhas costas. Fiquei em silencio, apenas admirando o homem a quem agora pertencia de corpo e alma. Depois de alguns minutos ele abriu os olhos e me encarou.

- Não quero ficar longe de você nunca mais, ouviu bem? – assenti com a cabeça - Por isso lhe segui até aqui. Mas você precisava de um tempo para pensar... então esperei um pouco para me aproximar. Mas também precisava me escutar... – ele então me puxou para cima de si, olhando-me nos olhos - Não quero que nada mais atrapalhe a gente, ok? – assenti mais uma vez - Ainda mais agora...

Ele então encostou seus lábios em minha orelha, mordiscando-a.

- Jake... – reclamei.

- O que foi?! – ele questionou, parecendo surpreso. De fato, depois de tudo que havíamos feito...

- Temos que ir embora... – comecei a me justificar - minha mãe deve estar louca! Provavelmente seu ex-sogro já está lhe procurando naquela viatura, por você ter me seqüestrado... – soltei em tom de brincadeira.

- ... – me repreendeu.

- Só estou brincando, amor... – falei sorrindo, e lhe dei um selinho.

- Conheço brincadeiras muito melhores, sabia? – ele disse com a cara mais safada do mundo.

- É mesmo? – questionei, com a voz manhosa.

- Huhum...

- Por que não me mostra?

Levantei meu corpo rapidamente, ficando sobre Jacob, com uma perna de cada lado do seu quadril. Nossos corpos continuavam completamente nus, mas eu não me importava. Agora que tinha ultrapassado todos os limites, não havia mais volta. A única coisa que poderia fazer era me entregar totalmente à nossa deliciosa relação de amor


Capitulo 17 Inseparáveis



P.O.V. Jacob



Com um pé apoiado em cima da cadeira, e o outro firme no chão, terminava de calçar sua bota direita. Ainda deitado, continuava a admirando. Seus cabelos caiam levemente sobre seu rosto, roçando em seu queixo. Seus olhos verdes permaneciam concentrados em seus movimentos. Suas pernas bem torneadas apareciam por baixo do vestido.

Ah, aquele vestido... era uma peça totalmente supérflua, levando em conta que cobria a perfeição do seu corpo. Só de pensar que devorei cada pedacinho dele durante a manhã inteira, meu corpo já reagia. Havia sido totalmente diferente do que eu imaginava...

Quando os garotos comentavam sobre o que rolava quando transavam, percebia que tudo acontecia muito mais por diversão ou prazer do que por qualquer outro motivo. Mas conosco havia sido totalmente diferente. Senti como se tivéssemos finalmente nos entregado um ao outro totalmente. Não havia mais barreiras entre nós dois.

Me dediquei a satisfaze-la ao máximo, pois percebi que era muito mais prazeroso proporciona-la prazer, do que apenas receber. Mesmo assim ela me enlouquecia. A cada gesto, a cada toque... eu a queria mais e mais!

Nossa falta de conhecimento no assunto acabou tornando tudo ainda mais mágico. A cada contato, nossos corpos reagiam de uma maneira diferente... E apesar de um pouco inseguro no começo, deixei que meus instintos me guiassem, e no final tudo tinha sido incrível!


A alça escorreu de leve pelo seu ombro, e ela a subiu, virando seu rosto um pouco em minha direção. Pude contemplar sua boca, agora vermelha pelos muitos beijos que havíamos trocado. Como ela era linda! Como eu a amava! E principalmente... por que merecia tudo isso?!

Minha garota agora havia tornado-se uma mulher. E mais... ela havia me feito um homem de verdade. E não só por ter compartilhado comigo minha primeira vez, mas por tudo que me ensinou durante esse curto, mas intenso tempo em que estávamos juntos. Amadurecemos com o passar dos dias.

O fim do verão levava consigo meu tempo de moleque. Agora queria ser um homem de verdade. O homem que merecia. Responsável com o bando, responsável com os estudos, responsável com o nosso namoro... Enquanto a observava calçar a outra bota, pela primeira vez traçava planos para o nosso futuro...

percebeu que eu estava a observando. Virou-se para mim, e sorriu sem jeito. Nunca me acostumaria com o fascínio que ela causava em mim com aquele simples gesto.

- Jake... é sério! Já passamos a manhã toda aqui. Minha mãe vai me colocar de castigo pelo resto da vida, quando voltarmos! – falou, cruzando os braços em reprovação à minha falta de vontade de voltar à realidade. Levantei-me, e a abracei calmamente.

- Não tenho culpa se tudo o que eu quero está bem aqui, dentro dessa cabana... – dei-lhe um beijo terno. corou um pouco com minha declaração.

- Também não queria voltar... – roçou seu nariz no meu, e afagou meu rosto – mas querer não é poder...

- Ok, ok! – me rendi, pegando sua jaqueta no chão e caminhando abraçado com ela, deixando para trás nosso pequeno paraíso.


Fomos direto para a casa de , já que, pelo adiantado das horas, sua mãe deveria estar nos esperando lá mesmo. Assim que nos aproximamos, pude ver a viatura de Charlie estacionada na frente da casa. Nos entreolhamos desconfiados.

- Não disse que voce ia ser preso! – falou em tom de brincadeira, mas pude perceber um pouco de tensão em sua voz. Apressamos nosso passo.

Assim que entramos dentro de casa, Regina correu na direção de . Charlie me cumprimentou e Billy olhou-me, parecendo um pouco chateado. Vinha carão por aí, já podia sentir.

- , filha! Você quer me matar do coração? – Regina falou, abraçando com força.

- Calma, mãe. Não aconteceu nada... Eu disse a voce que eu e Jacob estaríamos ocupados... – vi olhar sugestivamente para sua mãe, talvez lembrando-a de que a havia avisado, e principalmente de que Charlie era alheio aos assuntos sobrenaturais que nos rondavam.

- Sei disso. Mas liguei para o Sam, e ele me falou que vocês já haviam passado por lá há muito tempo...

- Depois os garotos se explicam, Regina... – Billy interrompeu, antes que ela falasse algo que não devia – agora tem um jogo nos esperando... – sorriu para Charlie, pelo que percebi forçadamente. Eu e trocamos olhares suspeitos, enquanto Billy e Charlie se aproximavam da porta.

- E voce, garoto? - Charlie me cumprimentou, batendo em meu ombro – não vai parar de crescer?

- Espero que sim, senão terei que dormir no chão em alguns dias...

Todos sorriram com minha resposta, mas percebia claramente um clima estranho no ar.

- Sei que agora deve estar muito bem ocupado... – Charlie olhou sugestivamente para , que sorriu em resposta – mas leve seu velho para me visitar... não aparecem mais! – ele parecia ser o único alheio à situação.

- Farei isso sim... Ah, e desculpe minha falta de atenção – bati na testa, depois puxei para o meu lado – Deixe lhe apresentar minha namorada... , esse é Charlie, um velho amigo da família... e Charlie, esta é a culpada por não termos aparecido... – olhei-a, orgulhoso por ter a namorada mais linda do mundo.

- Bem... está mais do que desculpado, garoto! – Charlie falou, enquanto cumprimentava , veja se consegue colocar um pouco de juízo nessa cabeça... – completou, dando um tapa em minha nuca. Reclamei, apesar de não ter doído nem um pouco – Ainda não tive a chance de lhe dar uns bons safanões pelo seu sumiço... – olhou para mim com os olhos estreitos. Todos riram mais uma vez.

- Estou tentando, Charlie... – respondeu, sorrindo.

- Nem se dê ao trabalho, filha... – Billy contrapôs, entrando na brincadeira.

- Ei! Eu sou um rapaz responsável! – me defendi, ofendido.

- Huhum - Todos disseram em uníssono.


Nos despedimos, e fomos direto para minha casa. Era sempre ruim quando nos separávamos, mas eu precisava de um bom banho e de algumas toneladas de comida. Para essa ultima parte seria melhor ficar na casa de , entretanto percebi que talvez sua mãe quisesse conversar com ela, tirar a limpo o que havia, de fato, acontecido ontem à noite.

No meio do caminho, esparramado no banco traseiro da viatura de Charlie, minha mente sempre voltava para a manhã maravilhosa que havíamos passado juntos.

- De pensar que preferia voce para minha filha... – Charlie me interrompeu, olhando-me feio pelo retrovisor – Se tivesse sumido com Bella por uma noite inteira com certeza estaria sentado aí... indo direto para a delegacia! – completou.

Pus a cara mais cínica do mundo, e não me dei ao trabalho de responder à sua provocação. Primeiro, por que não poderia explica-lo que passamos a noite caçando um vampiro. Em segundo lugar, por que também não deixei de pensar na ironia da situação. “De pensar que preferia sua filha...”. Com certeza deveria ficar com o bico calado!

Assim que chegamos, percebemos com alívio que Paul e Rachel não estavam. Billy e Charlie prepararam os comes e bebes, e se instalaram no sofá para assistir ao jogo. Apesar de Charlie parecer empolgado, comentando cada lance como se fosse o próprio comentarista, Billy parecia alheio a tudo.

Devorei quase toda a comida – recebendo milhares de reclamações apenas de Charlie – e corri para o meu quarto desconfiado. Com certeza algo havia acontecido com Billy, mas por hora não queria ocupar meus pensamentos com outra coisa, a não ser com minha .

Normalmente nossas famílias não sabiam sobre essa coisa toda de lobos – exceto quando nos transformávamos em sua frente, quando faziam parte do conselho, ou quando sofríamos o imprinting. Com Billy, então, sempre havia sido tranqüilo. Ele se sentia até orgulhoso com tudo isso. Então por que parecia tão chateado, se pensava que estávamos “em serviço”?

com certeza enfrentaria problemas maiores para explicar o que havia ocorrido. Quando Regina ligou para o conselho questionando sobre os sintomas de , nosso segredo teve de ser revelado, pois apenas assim ela entenderia a urgência de traze-la para cá. Com certeza não acreditou facilmente na historia toda, e veio mais por desencargo de consciência. Mas mesmo sabendo que tudo era verdade, ter a certeza de que o risco era real poderia ser um choque para ela.

O problema é que às vezes esquecíamos de que para nossos pais ainda éramos crianças, apesar de sermos protetores da tribo. Além disso, eu mesmo fiquei preocupado ao ver o risco que passou ontem à noite. Com certeza não gostaria de repetir a dose. Mas o que podíamos fazer? Como sempre dizia, o risco fazia parte de quem nós éramos. Por hora, deixei que meus pensamentos vagassem para recordações bem mais interessantes...


P.O.V.

Observei-o entrar na viatura de Charlie e seguir rumo à sua casa. Não pude deixar de rir com a ironia da situação. Minha mãe não tinha a mínima idéia do que havia acontecido entre a gente, e mesmo assim Jacob saía de minha casa em um carro de polícia.

Fechei a porta e corri para a cozinha. Estava simplesmente faminta!

Escutei minha mãe se aproximar, e comecei a pensar no que diria. Ontem à noite não contei a ela o que havia acontecido exatamente. Do jeito que dona Regina era protetora, me trancaria dentro de casa para sempre, ou então sairia à caça do vampiro ela mesma. Sabia que quando chegasse em casa lhe deveria algumas explicações, mas agora não tinha certeza do que era saudável para ela saber. Ainda estava em êxtase pelo que havia acontecido entre mim e Jacob, então minha capacidade de raciocínio estava prejudicada. O jeito era adiar essa conversa para depois...

- Filha...

- Agora não, mãe... – bocejei e me espreguicei exageradamente. Sem esperar sua resposta, corri para o meu quarto e me tranquei. Ela não bateu na porta, então eu tinha escapado por hora.

Após um bom banho, me vesti e joguei-me na cama.

Lembrei-me de como a presença de Charlie não havia afetado Jacob em nada, e fiquei envergonhada pelas minhas suspeitas anteriores. Ele havia esquecido Bella de vez. Como pude duvidar disso?!

Como já tinha me desculpado dele de forma bastante agradável, pude deixar que o sono me alcançasse tranquilamente. Talvez me “desculpasse” novamente mais tarde...


Acordei-me um pouco zonza, e olhei pela janela percebendo que já havia anoitecido. Espreguicei-me, esperei que minha mente despertasse de vez, e saí confiante do quarto. Era hora de enfrentar minha mãe.

Surpreendi-me quando a encontrei no quarto, separando uma pilha de roupas em cima da cama.

- Que milagre é esse, dona Regina? Vai organizar o guarda-roupa? – perguntei em tom de brincadeira. Era uma boa forma de começar.

- Arrume suas coisas, . Vamos embora amanhã mesmo.

Meu sorriso murchou. Será que eu tinha ouvido direito?

- Como assim “vamos embora”? Enlouqueceu de vez, mãe? – protestei com raiva.

- Não, . Por isso mesmo temos que ir embora daqui. Voce não acha uma loucura toda essa historia? Não queria ficar no Brasil? Vamos voltar para nossa casa, ... – seus olhos estavam verdadeiramente angustiados.

- NÃO! Vou ficar aqui! O fato de irmos embora não mudará quem eu sou. Isso faz parte de mim, mãe... onde quer que eu esteja... – sentei-me na cama, quase suplicando.

- Não vê que está correndo perigo, filha? Conversei com Sam ontem à noite, e ele me contou tudo o que voce havia omitido... – “Oh-oh... pega na mentira!”, pensei – Não percebe o que poderia ter acontecido? – sentou-se ao meu lado, segurando em minhas mãos.

Mas eu estava com raiva demais. Cansada por ter minha vida controlada. Minha mãe não poderia estragar o momento perfeito que eu vivia. Levantei-me num sobressalto.

- Se a senhora pensa que vou embora, está muito enganada! Eu fujo de casa, ouviu bem?! Não vou a lugar nenhum!

Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, saí correndo de casa em busca de ajuda.

Voei até a casa de Jacob, e entrei sem nem mesmo bater na porta. Billy estava na sala, olhando algumas fotos antigas. Surpreendeu-se com minha entrada repentina.

- Oi, Billy! Desculpa ir entrando assim... – me desculpei, ainda afobada – Jake esta?

- Esta no quarto, filha... o que..

Não deixei que ele completasse. Corri até o seu quarto e entrei novamente sem bater.

Assim que o vi dormindo, meu coração aflito se acalmou um pouco. Ele parecia em paz... Nada poderia ser capaz de roubar aquela paz que compartilhávamos...

Sentei-me ao seu lado na cama, e afaguei seus cabelos. Não. Eu não iria a lugar algum. Jacob era o meu lugar. Sem ele tudo parecia errado. Minha vida sem ele parecia sem nexo. Faria qualquer coisa para impedir que isso acontecesse.

- Jacob... – o balancei, tentando acorda-lo.

Depois da quarta ou quinta tentativa, ele finalmente abriu os olhos. Se espreguiçou, e me puxou para o seu lado, quase me sufocando contra o seu peito.

- Jake, acorde! Preciso falar com voce! – minha voz saiu abafada pelo seu aperto.

- Estava com saudades, não era? Também estou morrendo de saudades, amor... – falou, se levantando e me pondo em seu colo. Assim que percebeu meus olhos cheios de lágrimas, sua expressão tornou-se preocupada.

- O que houve? – questionou, acariciando meu rosto.

- Minha mãe, Jake... ela quer ir embora... – não consegui conter as lágrimas.

- Como assim? Por que? – perguntou agoniado, enxugando minhas lágrimas.

- Ela esta preocupada com o que houve ontem à noite com o vampiro. Acha que corro risco aqui... – expliquei, ainda chorando – Não quero ir embora, Jake! Não quero! – me agarrei ao seu peito, como se aquele fato fosse impedir que nos separássemos.

- Shiiii – tentou me acalmar, acariciando minhas costas – voce não vai a lugar algum, ouviu bem? – disse com segurança, me puxando para olhar em meus olhos. Concordei com a cabeça. – Vamos conversar com ela... tenho certeza de que tudo vai se resolver... – Enxugou mais uma vez minhas lágrimas, e me beijou ternamente.

Senti-me tão segura em seus braços, que meu coração foi se acalmando, até voltar ao seu ritmo normal.

Jake vestiu uma blusa, calçou um tênis, e saiu do quarto comigo. Atravessamos a sala de mãos dadas, quando percebi que havia mais alguém naquela casa que podia nos ajudar.

- Billy! – falei de repente, e Jacob pareceu entender minha intenção, pois seus olhos brilharam em esperança.

- Billy, voce precisa nos ajudar... – comecei, assim que nos aproximamos dele. Ele e Regina estavam envolvidos. Não havia como negar. Talvez isso pesasse em sua decisão – minha mãe está com a idéia maluca de ir embora! Tenho certeza de que ela irá lhe ouvir se disser como isso é um absurdo...

Infelizmente ele suspirou derrotado. Aquilo não era um bom sinal.

- Já tentei, . Mas ela não me deu ouvidos. Também não sei o que fazer... – seus olhos pareciam tão angustiados quanto os de Jacob.

Permanecemos os três em silencio por alguns instantes, sem saber o que fazer.

- Vamos falar com Sam! – Jacob disse de repente. – ele é o chefe do bando, com certeza vai saber o que fazer.

Mais uma fagulha de esperança se acendeu em meu coração, e me agarrei a ela com todas as forças. Não iria embora de jeito algum. Fugiria de casa, ou me esconderia... Essa hipótese simplesmente não existia! Mas preferia que tudo se ajeitasse de forma correta. Não queria que Jacob se implicasse se não houvesse outro jeito. Eu ainda era menor de idade, ele também... Mas nada seria capaz de nos separar! NADA!

Capitulo 18 Vigilância



Em poucos minutos eu, Jacob e Sam atravessávamos a porta da minha casa para a ultima tentativa de convencimento da mãe mais teimosa do mundo.

Graças aos céus Sam estava em casa, e ao que parecia, não ficou nenhum pouco satisfeito com a hipótese de perder um membro do bando. “Todos sofremos a transformação com um propósito”, ele dissera instantes atrás na sala da sua casa. E suas palavras faziam todo sentido para mim. Minha vida havia tomado outro rumo após a transformação. Um rumo bem mais feliz. Com certeza não havia ocorrido por acaso.

Minha mãe, como eu imaginava, me esperava sentada no sofá, já com suas malas espalhadas pela sala. O que eu não esperava era encontrar as minhas malas também já arrumadas.

- A senhora não tinha o direito de mexer nas minhas coisas! – esbravejei, sentindo minha privacidade invadida. Ela sequer entrava em meu quarto sem minha permissão, quanto mais isso...

- Calma, ! Não piore as coisas – Jake sussurrou em meu ouvido, puxando-me para mais perto dele. Mas meus olhos não deixavam de fuzilar Regina, e ela não parecia nenhum pouco arrependida pelo que estava fazendo.

- Regina, se me permite, gostaria de esclarecer algumas coisas antes que tome sua decisão definitiva – Sam se pronunciou, em seu tom sempre solene.

- Nada vai me fazer mudar de idéia, Sam – ela parecia decidida, o que alimentava minha raiva interna. Meu corpo inteiro tremia, e minha vista já se tornava embassada. Talvez fosse bom para minha mãe perceber que eu também podia ser bastante perigosa.

Mas a presença de Jacob ao meu lado, e suas mãos a acariciar as minhas costas tinham um poder calmante indescritível. Os tremores começaram a cessar, enquanto Sam se sentava no sofá ao lado da minha mãe. Continuei próxima à porta, abraçada a Jacob. Dependendo do resultado daquela conversa, não me daria nem ao trabalho de me despedir.

- Sei que a senhora só pensa em sua filha, e no que julga ser o melhor para ela... – Sam começou. “COMO ASSIM?”, gritei mentalmente. De que lado ele estava afinal? Mas quando ele continuou, percebi o porquê de ele ser o líder do bando. Com sua confiança e argumentos, poderia convencer qualquer um. Será que até a minha mãe?! – Mas talvez esteja enganada ao pensar que ela estará segura longe daqui.

- Estávamos muito bem lá no Brasil. Não havia nenhuma ameaça de vampiro, ou de qualquer outro ser sobrenatural... – ela o interrompeu, mas ele logo continuou.

- Isso é o que a senhora pensa. Se fosse assim, os genes de não teriam reagido, iniciando a sua transformação. Algo lá a afetou, o que desencadeou todo o processo. – E eu podia ver um traço de dúvida nos olhos dela. Meu coração se acelerou minimamente em esperança, e Jacob pareceu perceber, me abraçando ainda mais forte.

- Mas aqui em La Push voces parecem estar mais suscetíveis. – minha mãe argumentou.

- E lá ela não estará? Sozinha? Aqui temos uns aos outros. Nada de grave aconteceu até hoje, e nada irá acontecer.

Lembrei-me por um instante de que algo muito grave esteve prestes a acontecer, e não havia sido comigo.

Em um dia na patrulha, enquanto eu Jacob compartilhávamos nossos pensamentos, os garotos começaram a se lembrar empolgados de uma luta na clareira que havia ocorrido alguns meses atrás. Como num flash, Jacob lembrou do ataque que sofreu inesperadamente de um vampiro recém-criado, como eles me explicavam, e não conteve a dor em suas lembranças. Bastou um flash para que eu perdesse o ar com a dor que ele sofreu ao ter a maioria dos seus ossos quebrados. Bastou um flash para que eu percebesse que poderia ter perdido a chance de conhecer a pessoa maravilhosa que ele era. Mas, apesar dos perigos, o bando continuava completo. E cada vez mais numeroso.

- E esse tal vampiro? E se vier atrás dela? – Regina questionou em um tom duvidoso, e eu já podia sentir o gostinho da vitória.

- Se ele de fato se interessou pela sua filha, irá atrás dela em qualquer lugar do planeta, e nada poderá impedi-lo... – seu tom de voz grave fez com que eu me arrepiasse dos pés a cabeça, e Jacob se contraísse ao meu lado – Nada além de um bando de lobos dispostos a tudo para proteger a sua tribo.

Com essas palavras Sam encerrou seu discurso. Como minha mãe poderia se opor agora? Até o vampirão se tivesse escutado aquelas palavras nunca mais colocaria seus pés fedorentos por essas redondezas novamente.

Enquanto pensava, uma estranha sensação de felicidade foi tomando parte de mim. Eu nunca fizera parte de algo como agora. Nunca me senti totalmente incluída em um grupo, nem pensei que alguém um dia fosse reivindicar minha presença para o que quer que seja. Mas agora eu estava aqui, nas palavras dos antigos quileutes, com duas “almas-irmãs” lutando para que eu não perdesse esse novo elo que havia se formado. Não era apenas de Jacob que eu não queria me separar. Não queria deixar La Push, com seus dias calmas e cinzentos. Não queria deixar os garotos, e tenho certeza de que estariam todos aqui do nosso lado se soubessem o que acontecia. Não queria me separar de Leah, e perder nossa estranha amizade. Não queria me separar de Calleb.

Fitei minha mãe, que parecia meditar sobre tudo o que Sam dissera. Com um suspiro derrotado, ela se levantou sem tirar os olhos de mim.

- Acho que não sei o que fazer... – ela iniciou – então talvez seja melhor esperar mais um pouco para ver qual o rumo certo a tomar. – Abri um sorriso enorme, puxando com força os braços de Jacob em volta de mim. Um suspiro de alívio saiu de seus lábios em meus cabelos. Regina fitou Sam seriamente – Espero não me arrepender dessa decisão. Estou deixando meu bem mais precioso sobre seus cuidados.

As palavras de minha mãe desfizeram um pouco a raiva que ainda sentia pelo que quase aconteceu. Ela fazia aquilo porque me amava. No fundo eu sabia disso.

- Não vai se arrepender, Regina – Sam garantiu, se levantando com um meio sorriso satisfeito nos lábios, o que não amainava sua expressão séria de sempre. Não me contive. Corri em sua direção e o abracei com força.

- Voce é o melhor chefe do mundo! Sabe disso, não é?! – ele parecia sem jeito, tentando se desvencilhar do meu abraço. Podia escutar as risadinhas de Jacob, que se divertia com a situação.

- Eh... por falar nisso estou esperando os dois para a patrulha em dez minutos. Chega de folga! – Sam falou enquanto se afastava de mim e ia em direção à porta, numa tentativa clara de se esquivar daquela situação embaraçosa.

Depois que Sam foi embora, o silencio pairou na sala por alguns instantes. Minha mãe com certeza estava esperando que eu a agradecesse efusivamente por ter mudado de idéia, mas eu não faria isso, com certeza não.

- Quando voltar da patrulha, quero minhas coisas no lugar, ouviu bem Dona Regina?! – esbravejei com os braços cruzados em meu peito e um olhar raivoso em sua direção.

Ela só balançou a cabeça de um lado para o outro, bufando, e saiu carregando apenas a sua mala em direção ao seu quarto. Podia sentir que a trégua que havíamos dado aqui em La Push havia acabado.

- Por que tem que ser tão difícil? – Jake reclamou, se aproximando de mim.

- Será que é porque ela queria acabar com a minha vida mais uma vez? – respondi com sarcasmo.

- Como Sam disse, ela só quer o seu bem. Deveria ser menos dura com sua mãe.

Olhei para Jacob espantada – Quem é voce, e o que fez com meu namorado? – exigi, com o dedo em seu peito incomumente vestido. Ele apenas sorriu e me abraçou. Suas palavras tão maduras quanto as de Sam me pegaram desprevenida. Eu sabia que ele tinha razão, mas às vezes gostava de agir como uma criança birrenta.

- Voce vai continuar aqui comigo. É isso que importa...

Olhei em seus olhos, e percebi que eles refletiam todas as emoções que ele sentia. Alívio. Felicidade. Desejo. Desejo. Desejo.

Entrelacei meus dedos em seus cabelos, e o puxei, ansiosa por sentir seus lábios colados aos meus mais uma vez. Jake não me decepcionou. Beijou-me de forma intensa, explorando cada canto de minha boca com sua língua habilidosa. Suas mãos firmes em minha cintura, empregando mais força do que o normal, só atiçavam a minha vontade de que ele empregasse mais e mais força. Já podia sentir uma certa umidade em minha intimidade, e um certo volume sendo prensado ao meu ventre. Pelo visto, as coisas entre nós se tornariam ainda mais quentes depois do que havia acontecido...

(...)


Três dias se passaram, e as coisas pareciam voltar ao normal. Apenas pareciam...

Em nossa primeira patrulha depois do incidente com o vampiro já percebi que a atenção dos garotos estaria sempre voltada para mim. A qualquer som fora do normal ou cheiro incomum, eles já tomavam uma postura defensiva. No começo, achei muito lisonjeiro receber tanta atenção, mas após três dias já achava um saco ser tratada como uma criança.

Em casa, era a mesma coisa com a minha mãe. Quando eu não estava na loja, ou na patrulha, ela parecia fazer questão de ficar próxima de mim. Quase não ia para a casa de Billy, e até ia ao meu quarto às vezes no meio da noite. Resultado: nada de sexo. Como poderíamos fazer alguma coisa, com Regina vigiando cada passo que eu dava?

Com Jacob, pouco havia mudado. Ele sempre fora extremamente protetor comigo. Então isso só tinha se intensificado mais um pouco, do que eu não reclamava. Quanto mais próximos estivéssemos, melhor. Assim como eu, ele parecia frustrado com a falta de oportunidade de “progredir” em nosso relacionamento.

Mas nenhuma mudança se comparou ao novo comportamento de Jacob em relação a Calleb.

Jacob havia me levado para a loja, como em todos os dias, mas pela primeira vez perguntou se Calleb iria trabalhar naquele dia. Como eu disse que não sabia, Jake ligou para ele, e se certificou de que Calleb cumpriria seu turno na loja comigo. Meu queixo com certeza batia no chão em espanto ao que eu acabara de presenciar. Em poucos minutos Calleb chegou, e Jacob se despediu de mim com um beijo, e de Calleb com um cumprimento educado. Minha expressão de descrença era semelhante a de Calleb, mas não ousei perguntar o porque da mudança de comportamento.

No outro dia percebi o motivo da mudança. Calleb estaria na patrulha, então eu ficaria sozinha na loja. Jacob passou a tarde me fazendo companhia. Percebi que ele estava apenas preocupado em não me deixar sozinha. Se isso fazia ele engolir seu orgulho e permitir que eu me aproximasse de Calleb, ele me amava mais do que eu imaginava.


P.O.V. Jacob

Meio-dia em ponto. Suspirei aliviado, encarando o sol a pino em cima de nossas cabeças, e corri apressado em direção à clareira. O que eu mais queria era voltar correndo para casa.

Sam e Paul percebiam minha agonia para ir embora, mas não podiam reclamar. Eu havia me disponibilizado de muito bom grado para cobrir a falta dos outros garotos na patrulha. Brad teve de viajar com sua mãe para visitar um parente distante, e Quill estava cuidando de Claire, que estava com catapora, já que sua mãe e Emilly podiam pegar a doença.

Já em minha forma humana, vesti minha bermuda e nem me dei ao trabalho de me despedir. Voei para casa, ansioso para estar perto de de novo.

Cada segundo que passávamos separados era um tormento. Odiava não saber se ela estava segura. Odiava não saber o que se passava com ela. E principalmente, odiava não saber se aquele filho da puta do Calleb não estava respeitando o voto de confiança que eu havia dado a ele. Mas pior do que deixa-la a sua mercê, era deixa-la sozinha, a mercê de um perigo ainda maior.

Cheguei em casa, e fui direto para a garagem, tirando minha moto de lá o mais rápido possível. Mas não era mais preciso. Um carro vermelho estacionou em frente à minha casa, e pude ver o amor da minha vida sair de dentro dele.

- Entregue, sã e salva – ouvi a voz do idiota do Calleb de dentro do carro. Não olhei para ele, evitando encarar seu possível sorriso de satisfação ao prolongar a sua presença com . Só tinha olhos para ela, que caminhava em minha direção parecendo sem jeito.

- Oi! – me cumprimentou ainda sem jeito, me dando um selinho – Pensamos que voce ainda estava na patrulha. Como a loja tinha que fechar para o almoço, Calleb me trouxe até aqui – ela me explicou.

- Sem problemas. – não me importava como. O importante é que ela estava comigo. Com a clara intenção de demarcar MEU território, a puxei pela cintura, e colei nossos lábios com pressa. pareceu resistir a aprofundar o beijo, mas logo seus lábios relaxarem, e pude invadir sua boca com minha língua. Nem me dei ao trabalho de abrir os olhos para ver o idiota arrancar no seu carro e ir embora. Sorri satisfeito.

- Voce não tem jeito mesmo! – reclamou, dando um tapa em meu braço.

- Estou apenas mostrando a ele o seu devido lugar – falei com deboche, enquanto entrávamos em minha casa.

- E qual seria? – ela questionou.

- De amiguinho solícito. Nada mais. – e eu sabia exatamente como era terrível essa função.


O resto da tarde transcorreu tranquilamente. preparou um almoço delicioso – para alegria geral minha, de Billy e de Paul, já que minha irmã era uma completa negação na cozinha. Conversamos algumas bobagens com o pessoal, e aproveitamos o tempo livre para dar uma escapada, já que sua mãe não havia nos deixado a sós um minuto sequer nesses três dias.

Agora estávamos tranquilamente na garagem. lia um livro sentada no chão, com suas pernas sobre meu colo, enquanto eu começava os reparos na porta do Rabbit – que eu tive que arrancar por estar imprestável.

se levantou de repente, e caminhou até o Rabbit. Parei o que estava fazendo para observa-la. Ela sentou no banco do motorista, ligou o rádio do carro, conectando em uma emissora qualquer, cruzou as pernas sob a direção, e voltou a ler o seu livro.

Sua expressão despreocupada, aliada ao fato de estar tão à vontade dentro do meu carro, e às suas pernas torneadas à mostra deixavam a cena absurdamente sexy. Para completar, ela levantou um braço de leve, e o pôs sobre a cabeça, se acomodando ainda mais no banco. Era um pecado ficar apenas a observando.

Larguei as peças do Rabbit no chão, e caminhei devagar em sua direção. Apoiei meus braços no teto do carro, e inclinei meu corpo para dentro do veículo.

- Sabe que desse jeito não vou conseguir trabalhar, não é? – a provoquei, e vi um sorriso brincalhão se formar em seus lábios. Mas ela não desviou os olhos do livro para me encarar.

- Posso saber o por quê? – questionou.

- Porque percebo que podemos fazer coisas bem mais interessantes...

- Como o quê, por exem... – não deixei que ela terminasse a frase. Tomei o livro da sua mão, jogando-o em um canto qualquer do carro, e encerrei a distancia entre nós dois. Ela me olhou confusa, mas assim que nossos lábios se encontraram, entendeu a minha intenção, correspondendo ao beijo.

Puxei seu corpo contra o meu, e me sentei no lugar onde ela estava a poucos segundos atrás. Quando seu corpo se encaixou ao meu em meu colo, gemi de prazer. Em nenhum momento nossos lábios se desgrudaram ou nossas mãos contiveram as carícias no corpo um do outro.

- Acho que esse carro não agüenta o nosso tranco... – ela sussurrou ofegante contra meus lábios.

- Vou ter que reforma-lo de qualquer jeito... – realmente, eu não me importava com nada, só queria estar dentro dela mais uma vez.

- Tenho uma idéia melhor – disse, me olhando com uma excitação diferente nos olhos. Estranhei. O que poderia ser melhor do que aquilo?

Quando seus lábios começaram a percorrer o caminho do meu pescoço ao meu peito, seguindo ainda mais para baixo, não pude acreditar no que minha mente imaginava que aconteceria. Uma nova música começou a tocar no rádio, e olhou para mim sorrindo, mordendo o lábio inferior com uma expressão travessa nos olhos.


The Beatles
A taste of honey

A taste of honey... tasting much sweeter than wine.
Um sabor de mel... um sabor mais doce que vinho

I dream of your first kiss, and then,
Eu sonho com seu primeiro beijo, e então,

I feel upon my lips again,
Eu sinto sobre meus lábios de novo

A taste of honey... tasting much sweeter than wine.
Um sabor de mel... um sabor mais doce que vinho

I will return, yes I will return,
Eu voltarei, sim, eu voltarei

I'll come back for the honey and you.
Voltarei pelo mel e você

Yours was the kiss that awoke my heart,
Foi seu o beijo que despertou meu coração

There lingers still, 'though we're far apart,
Ainda permanece, ainda que nos afastemos

That taste of honey... tasting much sweeter than wine.
Um sabor de mel... um sabor mais doce que vinho

I will return, yes I will return,
Eu voltarei, sim, eu voltarei

I'll come back (he'll come back) for the honey (for the honey) and you.
Voltarei (ele voltará) pelo mel (pelo mel) e você.


mordiscava e distribuía beijos pelo meu abdome, às vezes passando a língua em lugares estratégicos, e eu não segurava mais os gemidos que brotavam involuntariamente da minha garganta.

Suas mãos finalmente encontraram o zíper da minha bermuda, o abrindo vagarosamente. Ela queria me torturar, só podia.

Seus dedos delicados deslizaram sobre o meu membro, ainda por cima da bermuda, o que deixou aquela peça de roupa ainda mais apertada do que antes. Sentia como se estivesse prestes a explodir. Mas para minha total satisfação sua mão se infiltrou em minha bermuda, depois em minha cueca, e finalmente minha excitação estava exposta livremente.

Parecendo insegura, não olhou em meus olhos um instante, talvez com receio de se sentir envergonhada. Já eu a olhava quase explodindo de prazer, apenas com a satisfação por ela estar disposta a aumentar ainda mais nossa intimidade.

Suas mãos envolveram meu membro de uma forma deliciosa, e começaram a o estimular.

- Porra, ! – não pude conter o palavrão com aquela nova sensação que me tomava. Era delicioso senti-la me tocar daquela forma tão íntima. Segurei as laterais do banco com força, temendo destruí-lo a qualquer momento.

Lentamente foi aproximando seu rosto entre minhas pernas, e o simples toque do seu hálito me causava arrepios. Mas nada se comparava ao que estava por vir.

percorreu sua língua devagar e deliciosamente por toda a extensão, como se tivesse me degustando, e depois de leves beijos que me levaram à loucura, sua boca me envolveu completamente.

Revirei os olhos, enquanto soltava gemidos graves – quase urros. Céus! Aquela garota ia me enlouquecer.

Seus lábios subiam e desciam conforme seu próprio ritmo, o que me levou a involuntariamente entrelaçar meus dedos em seus cabelos. Mas eu não queria a forçar a nada. Era ela quem ditava as regras, então me contive e a deixei me guiar.

Como todo garoto inexperiente – o que eu não deixava de ser – senti que não podia conter o gozo que estava prestes a acontecer.

- , eu vou... – tentei avisa-la, mas ela não me respondeu. Continuou estimulando-me com a língua, e até aumentou a intensidade dos seus movimentos. Em poucos segundos cheguei ao ápice em sua boca.

Ofegante, minhas pernas tremiam e meu coração batia acelerado. solveu o meu líquido, e se levantou, tentando se sentar no banco do passageiro. Mas a segurei em meu colo, obrigando-a a me encarar. Ela parecia um pouco sem jeito, mas sua expressão envergonhada só provocava novas ondas de excitação em meu corpo. Ela não passava de uma menina, se transformando em uma mulher. Assim como eu, estava aprendendo a lidar com os novos desejos e sensações que preenchiam seu corpo. Me senti lisonjeado por compartilhar esse momento tão especial com ela.

- Eu amo voce! – foi tudo o que consegui dizer antes que seus lábios se colassem aos meus. “É a minha vez de lhe dar prazer, amor”, pensei comigo mesmo. Mas antes que tomasse qualquer atitude, ouvi a voz da sua mãe em minha casa. Nosso momento de paz pelo visto havia acabado.




Capitulo 19 Mudança


- , se apresse! – minha mãe gritava da cozinha – não posso chegar atrasada no meu primeiro dia de trabalho.

- Tou indo, mãe. Só um minutinho – respondi de dentro do quarto.

Olhava para as várias peças de roupa espalhadas sobre a minha cama, ainda em duvida. Como as garotas se vestiam para ir ao colégio aqui nos Estados Unidos? E mais... como as nativas se vestiam? Com certeza não usavam roupas típicas, mas ainda assim... se vestiam mais simples? Ou mais arrumadas? Pensei que nunca diria isso, mas já estava morrendo de saudade das fardas horrorosas do Brasil.

Nos EUA, as férias de verão terminavam no mês de agosto, e depois delas começava o ano letivo. Muito doido comparado ao ano letivo no Brasil, é verdade, mas aqui o verão era a única época de férias que os americanos tinham. Durante as festas de final de ano havia um recesso rápido, e depois as aulas eram retomadas.

Decidi-me por uma calça jeans – colada, como todas as que eu tinha -, pus uma regata branca, e calcei meu tênis. Peguei minha bolsa e um casaco de moletom – não que fosse sentir frio, mas era bom disfarçar -, e saí apressada. Mal cheguei à sala, Regina já saiu desaforada pela porta. Peguei uma fruta e corri para a caminhonete.

Já era constrangedor o bastante ser filha de uma das professoras do colégio, pior ainda era chegar em sua companhia, já que não poderia mais ocultar nosso parentesco. Relutei para vir andando com Jake e os garotos, mas não teve jeito. O lado superprotetor da minha mãe tinha aflorado definitivamente.

A partir do começo das aulas o bando passaria por mudanças. Sam era muito rígido em relação à educação dos garotos, então não poderíamos faltar às aulas. Ele, Calleb, Paul e Leah, que já haviam terminado os estudos, cuidariam das patrulhas enquanto estivéssemos na escola, enquanto o restante de nós faria a patrulha em nosso horário livre, e em dias alternados, para termos tempo disponível para estudar em casa – como se os meninos fossem mesmo estudar, pensei. O trabalho na loja do pai de Calleb já era, mas havia juntado uma graninha, então valera a pena.

Em poucos minutos minha mãe parava a caminhonete no estacionamento do colégio, e saltei do carro o mais rápido possível. Aliviada, percebi que o local estava praticamente vazio, a exceção de um carro ali ou aqui. Dei uma ultima olhada para Regina, que organizava seus muitos livros nos braços, e relutante caminhei até a entrada da escola. Meu lado filha boazinha queria ajudá-la, mas meu lado rebelde não queria se expor como “a novata, filha da professora”. Não preciso nem dizer qual era o lado dominante.

Assim que passei pela porta do prédio principal, percebi que estava realmente atrasada. O prédio estava abarrotado de pessoas, na maioria alunos, que caminhavam pelos corredores indo em direção às suas salas. Pelo visto o estacionamento do colégio não era muito utilizado pelos alunos.

Senti-me desnorteada, sem saber que rumo tomar, já que tinha que passar na secretaria para receber meus horários, e não fazia a menor idéia de onde ficava. Olhei para trás, na esperança de ver minha mãe e pedir auxílio – é, nessa hora bem que lembrei da sua existência – e não a encontrei. Já ia seguir o fluxo dos alunos por entre os corredores, quando um par de braços fortes me deteve pela cintura, por trás de mim. Suspirei aliviada.

- Onde pensa que vai, novata? – Jacob perguntou próximo ao meu ouvido, provocando arrepios em minha espinha. Virei-me, ansiosa por vê-lo.

- Estava em busca de ajuda – expliquei, jogando meus braços sobre seu pescoço. As pessoas passavam por nós e nos lançavam olhares indiscretos. Eu não estava nem aí. Tudo o que me importava era o sorriso maravilhosos que se abria em seu rosto – conhece algum voluntário?

- Jacob Black, ao seu dispor. – falou, segurando-me pela cintura com uma mão, enquanto a outra fazia uma reverência – agora precisamos correr, pois voce já esta mais do que atrasada.

Jacob me acompanhou até a secretaria, onde uma senhora muito simpática me entregou os horários das aulas. Percebemos felizes que quase todos os nossos horários correspondiam, inclusive minha primeira aula.

Corremos até a sala, e passamos pela porta de mãos dadas. A aula já havia começado, por isso recebemos um olhar feio do professor. Jacob se desculpou, e caminhou comigo até o fundo da sala, onde duas cadeiras vizinhas estavam vazias. Sentei-me o mais rápido – humanamente - possível, acompanhada por ele.

A aula era de Geografia. Retirei o material, e o abri em cima da cadeira. Apesar de tentar me distrair com isso, não parava de sentir o olhar de todos sobre nós dois. Alguns nem disfarçavam, virando-se quase que totalmente nas carteiras. Jacob cruzou os braços sobre o peito, e fez uma cara de poucos amigos. Todos que nos olhavam se viraram para frente ao mesmo tempo. Uma risadinha escapou dos meus lábios.

- Não precisava disso – cochichei.

- O que? – fez sua típica cara de inocente – não fiz nada.

- Huhum – o olhei de esguelha, e voltei minha atenção para a aula.

Não preciso nem dizer que a matéria era totalmente diferente da vista no Brasil. Aqui estudaria a geografia dos EUA, ou seja, nessa disciplina teria que começar quase que do zero. Para piorar, quando o professor falava rápido de mais, ou utilizava termos que eu não conhecia, não entendia absolutamente nada. Já via a universidade cada vez mais e mais distante...

Para meu total alívio, o sinal tocou, indicando o fim da primeira aula. A próxima aula seria de matemática, então esperava que pelo menos os números não fossem diferentes dos estudados no Brasil. Se bem que sempre me dei mal nessa matéria de qualquer jeito...

Jacob me acompanhou até a sala, e se despediu com um beijo em minha testa. Parecendo também triste por nos separarmos, caminhou para sua próxima aula, diferente da minha. Suspirei, tomando coragem, e entrei na sala pisando firme.

Mais uma vez todos me olhavam especulativamente, mas agora de maneira mais educada. Alguns até me cumprimentavam com acenos. Talvez sem a presença intimidadora de Jacob eu conseguisse me entrosar. Sentei-me em uma cadeira vazia no meio da sala e abri os livros sobre a mesa.

Infelizmente o professor me chamou pelo nome, para que eu me apresentasse em frente à sala. Felizmente havia mais uma garota novata na sala. O nome dela era Anne. Era da tribo dos Makah, e estava morando aqui a pouco tempo. A solidariedade fez com que eu prestasse atenção em sua apresentação. Também foi um modo de evitar encarar a turma, que não tirava os olhos de mim.

Na minha vez, gaguejei um pouco insegura, mas consegui não passar vergonha. Não deixei de notar a cara de desagrado da maioria das garotas a me olhar, e as bocas abertas dos garotos enquanto eu falava. Mas um me chamou a atenção. Era um garoto enorme, com os mesmos traços nativos de todos. Seus músculos pareciam ser fruto de esteróides, e não de uma súbita transformação, como no caso de Jake e dos outros garotos. A todo momento ele soltava gracinhas para os garotos que estavam ao seu lado, e me lançava olhares maliciosos.

Graças aos céus já havia visto a matéria dada pelo professor no Brasil, o que não me impediu de ter certa dificuldade, o que era normal. Eu e matemática não éramos muito chegadas. Quando o sinal tocou, respirei aliviada.

Assim que peguei o meu material e me virei para sair, alguém bloqueou a minha passagem. Olhei para cima, e constatei que era o grandalhão que havia me encarado durante a apresentação.

- Bem vinda, – falou, com um sorriso debochado. – nome diferente. Voce é de onde mesmo? Ah! Me lembrei. Do Brasil, não é?

Não respondi. Ele tinha escutado muito bem quando eu havia me apresentado. Sem me deixar intimidar, levantei-me da cadeira, ficando quase da mesma altura dele, o encarando aborrecida.

- Adoro as brasileiras, sabia? São as mulheres mais lindas do planeta... – disse me secando dos pés à cabeça. Aquilo estava me enervando.

- Não. Não sei e nem quero saber. E se me der licença...

Desviei-me de seu corpo enorme, e me dirigi até a porta. Antes que chegasse lá, ele me segurou pelo braço. Virei-me, o encarando furiosa. Que garoto atrevido!

- Não vai nem deixar eu me apresentar? – perguntou, sem me soltar. Trinquei os dentes, impedindo a vontade de esmurra-lo. – Brian, muito prazer! – estendeu a mão em minha direção, soltando meu braço.

- Não tenho nenhum prazer em conhece-lo – retruquei, e saí da sala pisando firme.

Assim que virei no corredor dei de cara com Jacob, que me segurou pelos ombros.

- Ei! Para que a pressa? – perguntou, me olhando intrigado.

- Não é nada. – disfarcei. Tudo o que eu não queria era que ele brigasse com alguém em nosso primeiro dia de aula. – Vamos para a próxima aula? - pedi.

- Voce vai adorar a próxima aula – falou com um sorriso zombeteiro.

Abri o horário, e percebi o porquê da ironia. Era a disciplina da minha mãe. Bufando, fui praticamente carregada por ele até a sala.

Para a minha surpresa, Regina pareceu me ignorar durante toda a aula. Não me apresentou, nem me fez sequer uma pergunta. Não sei se era por que adorava a matéria de história, mas a aula havia sido tão boa, que nem vi o tempo passar. Depois que o sinal havia tocado, e a sala já estava vazia, pedi para que Jacob saísse na frente. Ele entendeu, e me explicou onde ficava o refeitório.

Aproximei-me sorrateiramente da minha mãe, e fiz uma coisa que não fazia há muito tempo. Dei-lhe um beijo rápido no rosto. Mas ela pareceu não se comover. Continuou organizando o material em sua bolsa.

- Cuidado! Não vai querer que descubram que voce é filha da professora! – falou, sem me olhar.

- Deixe de bobagem, dona Regina. – pelo visto ela havia percebido minha intenção de evita-la mais cedo - Só queria dizer que sua aula foi melhor do que eu imaginava.

- Devo encarar isso como um elogio ou como uma crítica? – perguntou, agora olhando-me. Sorri por estar quebrando o gelo.

- Como um elogio, MÃE.

Dei-lhe mais um beijo, e saí correndo da sala. Pelo que vi, ela havia ficado feliz.

Segui o caminho que Jake havia indicado, e logo achei o refeitório. Já estava lotado de pessoas.

Revistei o local com os olhos, e encontrei uma mesa bastante peculiar num canto do refeitório. Lá, seis garotos enormes se amontoavam disputando o conteúdo das bandejas de comida que cobriam a mesa. Sorri. Aquela era a minha família.

Mal os avistei, Jacob levantou o rosto e encontrou meus olhos, como se eu tivesse chamado por ele. Ele reconhecia meu cheiro e as batidas aceleradas do meu coração, assim como eu o reconhecia. Poderíamos nos localizar mesmo separados por quilômetros. Acenei para ele, indicando que iria para a fila da comida, e ele confirmou ter entendido.

Reconheci Kim e Jared no final da fila, e fui até eles. Antes que os alcançasse, porém, alguém me puxou pelo braço de sopetão. Olhei para a pessoa, e não acreditei em quem era.

- Voce não tem educação, garoto?! – o repreendi. Definitivamente Brian era o garoto mais irritante que já havia conhecido.

- Não quer sentar-se conosco? – pediu, apontando para uma mesa próxima a nós. Os garotos que ali estavam pareciam clones do grandalhão, e as garotas eram as mesmas que haviam me olhado torto durante as aulas. Tudo o que eu queria era distancia daquele grupinho.

- Não, obrigada. – respondi secamente, e tentei me virar em direção à fila, mas ele continuava segurando meu braço.

- Dessa vez não vou deixar voce escapar... – falou, se aproximando de mim.

- Me. Solta. Agora. – o fulminei com os olhos. Se ele não me soltasse, não me responsabilizaria pelos meus atos. Meu corpo inteiro tremia de raiva.

- Não ouviu o que ela disse? – a voz rouca e grave soou ao meu lado, e até eu tremi – Solta ela. Agora. – Olhei para Jacob, que agora avançava em cima de Brian, com mais raiva do que eu.

- O que é, Black? Vai chamar sua gangue? – Brian provocou, soltando meu braço e peitando Jacob.

- Ora, seu... – Jacob cuspiu, mas antes que fizesse alguma coisa me pus em sua frente.

- Não, amor! Deixa esse idiota para lá. – pedi, tentando puxar seu rosto em direção ao meu. Mas ele ainda encarava Brian com raiva.

- Vamos, Jake. Não vale a pena – Jared apareceu ao seu lado, também o puxando para longe.

Aos poucos seu corpo foi amolecendo, e conseguimos arrasta-lo até nossa mesa. Os garotos já estavam todos próximos ao local do tumulto, e voltaram conosco. Todos no refeitório nos encaravam, e o silêncio que se instalou no momento da briga foi se dissipando aos poucos.

- Aquele filho-da-puta! – Jacob esbravejou, agora já sentado ao meu lado na mesa.

- Shiii! Já passou. – alisei suas costas, tentando acalma-lo. Seu corpo estava ainda mais quente do que sempre.

- Não posso deixar voce sozinha um minuto, an? – falou, acariciando meu rosto. Beijei seus lábios ternamente.

- É o que eu sempre digo... – interrompeu Seth, e todos o encararam. – mulher dá um trabalho...!

Todos jogaram pedaços de comida em sua cara, e ele se defendeu.

Pronto. O clima estava leve de novo. Pisquei o olho para Seth, o agradecendo, e ele sorriu em resposta.

Após o intervalo, Jake me levou até a próxima aula. Entrou na sala comigo, e se sentou na ponta da minha mesa. Ficamos papeando até o professor e todos os outros alunos entrarem na sala. Ele então deu uma olhada rápida em volta, se despediu e foi embora. Percebia exatamente sua intenção. Pelo visto, agora até aqui eu ficaria sob vigilância. Minha raiva por Brian só aumentava!

Kim sentou-se ao meu lado, o que tornou a aula mais agradável. Apesar do seu jeito calado e tímido, ela era uma ótima pessoa. Também contribuía o fato de a matéria ser Inglês. O professor era um charme, e passou uma lista de livros bastante interessantes para o semestre. A maioria da literatura indígena minha mãe já havia me obrigado a ler, então teria algum tempinho livre antes das provas correspondentes.

A ultima aula seria a mais interessante de todas: Educação Física.

Passei minha infância e pré-adolescência odiando as aulas de Educação-Física. Eu era franzina e desajeitada, e por isso sempre me tornava motivo de chacota de todos. Mas assim que as mudanças em meu corpo começaram a se operar, esse quadro também mudou ao meu favor. Havia me tornado ágil e forte, repentinamente. Resultado: era objeto de disputa entre os times das garotas, para o esporte que fosse. Além disso, a adrenalina liberada em meu organismo no momento dos exercícios me causava uma sensação ótima. Agora eu entendia o motivo de ter desenvolvido tais atributos atléticos: havia me transformado em uma loba.

Como imaginei, quando saí da aula de Inglês Jacob já me esperava no corredor. Kim também teria a mesma aula, então fomos caminhando os três até o ginásio.

Os alunos iam chegando aos poucos e se sentando nas arquibancadas. Fizemos o mesmo.

Na quadra, uma mulher alta e forte, de cabelos tão curtos quanto os dos garotos, terminava de armar a rede de vôlei aos mastros. De costas, poderia até pensar que se tratava de um homem. Sua roupa com o brasão do colégio mostrava que ela deveria ser a professora. Assim que terminou o serviço, aproximou-se da arquibancada.

- Boa tarde, turma. A maioria de voces já me conhece, e sabe que não gosto de enrolação. Então vistam suas roupas de ginástica e voltem prontos em cinco minutos.

Todos se levantaram e correram imediatamente para os vestiários. Jacob havia me avisado que eu deveria deixar no armário do colégio roupas para a aula de Educação Física, então seguimos nossos rumos. Achei hilário os alunos do ultimo ano ainda se submeterem a tal matéria, já que no Brasil só víamos disciplinas relacionadas ao vestibular – e Educação Física não era uma delas – mas foi bom ter seguido seu conselho.

- Está gostando das aulas? – Kim perguntou, enquanto nos trocávamos no vestiário.

- Bem... estou tentando me adaptar. Quem sabe aos poucos eu consiga... – respondi.

- É bem diferente da escola no Brasil, não é? – questionou.

- Voce nem imagina o quanto... – suspirei, resignada.

- Pode contar comigo – falou sorrindo. Sorri em resposta.

- Obrigada! – era reconfortante me aproximar de uma garota. Leah havia voltado ao seu azedume de antes, então eu me via cercada de testosterona sempre. Definitivamente deveria me aproximar de Kim.

Voltamos para a quadra, ainda papeando. Procurei Jacob com os olhos e o encontrei se alongando próximo à arquibancada. Agora vestia uma regata branca e uma bermuda. Em volta de Jacob havia três das garotas do grupo de Brian conversando com ele, e rindo muito para o meu gosto. Ele parecia participar da conversa, mas não tão animado quanto elas. Uma das garotas estava perigosamente próxima a ele – perigosamente para ela. Apressei os passos naquela direção. Kim me seguia, quase correndo. Concentrei-me para ouvir a conversa, mesmo de longe.

- Não está com frio, Jake? – a mocreia mais próxima perguntou.

- Não. Nenhum pouco – ele respondeu.

- Devem ser todos esses músculos que o deixam aquecido – ela continuou, e teve a ousadia de apalpar seu braço. A garota queria morrer, só podia! Parecendo sem jeito, Jacob afastou sua mão e voltou a se alongar, mas ela pareceu não entender o recado subliminar de “cai fora” que ele havia dado, pois continuou com aquele sorriso idiota e puxando conversa. Em segundos eu a faria entender.

- Lembrei-me de voce quando estava na Califórnia... – falou.

- Foi mesmo? Por que? – ele indagou. COMO ASSIM? O cachorro estava dando corda para a mocreia!

- A maioria dos homens lá é tão forte quanto voce. – ela disse, tentando se aproximar ainda mais dele.

Quando já estava a poucos passos dos dois, ouvi o apito da professora.

- Todos, se aproximem – pediu no meio da quadra. Relutante, obedeci. Mas não tirei meus olhos uma vez sequer de Jacob e das garotas que seguiam em seu encalço.

- Não ligue para elas – Kim cochichou no meu ouvido. Olhei para ela – Essa é Molly e suas seguidoras. Não sei nem o nome das outras. O que sei é que são as garotas mais atiradas do colégio. Vivem dando em cima dos garotos, inclusive do Jared – me explicou.

- E voce não faz nada? – perguntei indignada. Minha voz saiu umas oitavas acima, e a professora me censurou com os olhos – estou me segurando para não voar em cima dela – voltei a falar, dessa vez um pouco mais baixo.

- Eles só têm olhos para nós, . Não se preocupe. – Ela disse sorrindo. Eu entendia sua confiança. Ela era o imprinting de Jared, então era e sempre seria a única na vida dele. No meu caso, não. Não tinha essa garantia.

Fixei meus olhos na fulana, tentando analisa-la. Tinha os belos traços indígenas de todos à minha volta: olhos negros, um pouco repuxados. Cabelos negros e escorridos, caídos até a cintura – o que me causou certa inveja – e pele acobreada. O que a distinguia das outras garotas era sua roupa extremamente colada, demarcando os contornos do seu corpo, a maquiagem forte que usava, e o olhar malicioso que possuía. Jacob estava ao seu lado, mas olhava em volta à todo tempo. Ele sentia minha presença por perto, mas nem morta que eu iria até ele. Eu estava morrendo de raiva, então me agachava atrás de Kim sempre que ele olhava em minha direção. Ele ia me pagar, a se iria!

A professora dividiu a turma em dois times, e enquanto explicava as noções básicas do vôlei para os mais inexperientes, coloquei minha vingancinha em ação.
Retirei a camiseta que usava por cima do top na altura do umbigo, deixando à mostra parte da minha barriga. Continuei com a calça de microfribra, afinal não era nenhuma vadia como a tal Molly. Ouvi alguns comentários bobos dos garotos à minha volta, mas não dei atenção.

Para minha alegria, havia ficado no time oposto ao da fulana, e para minha infelicidade, Jake e ela haviam ficado no mesmo time.

Assim que nos distribuímos nos lados opostos da quadra, os olhos de Jacob se grudaram em mim. Ele tinha uma expressão de desagrado no rosto, mas respondi com um sorriso de deboche.

O jogo começou, e apesar dos meus esforços – os únicos do time, por sinal -, o time deles ganhava com folga.

Sempre que pontuavam, a cretina se atirava para cima de Jacob para comemorar. E eu não sabia quanto tempo mais eu me seguraria.

Era a minha vez de sacar. O time deles se organizava, e eu esperava o apito da professora. Molly, como sempre, aproveitava o momento para se jogar para cima de Jacob. Eu não os olhava. Fixei meus olhos na bola, batendo-a contra o chão, e me concentrando para não destruí-la.

- Soube que brigou com Brian na hora do intervalo. – ela falava. Bati a bola com um pouco mais de força – Pensei que fosse por alguém que valesse a pena, como eu, mas por aquela coisinha...

Antes que Jacob respondesse. Antes que a professora apitasse. Antes que eu regulasse meus pensamentos. Saquei a bola com bastante força, mirando as fuças da cadela. Não errei o alvo. A bola atingiu a sua cara em cheio, e ela caiu deitada no chão.

A professora apitou, e todos se aglomeraram à sua volta. Eu permaneci paralisada em meu lugar. Quando a vi se mexer um pouco, sorri de satisfação. Afinal, não queria mata-la, apenas dar-lhe o que merecia.

- Estou morrendo – ela dizia, tentando se levantar. Por favor! Havia sido só uma bolada, nada demais – Já estou vendo a luz... – falou dramática. “Deve ser o fogo do inferno, sua ordinária”, completei mentalmente. – me ajuda, Jacob – Epa! A safada estava se aproveitando da situação!

- Jacob, leve ela até a enfermaria – a professora ordenou. Ele a colocou nos braços, e passou por entre as pessoas. A cachorra jogou os braços sobre seu pescoço, e eu me arrependi por não ter usado um pouco mais de força no saque. Ele ainda passou por mim, me olhando se jeito, mas virei o rosto.

A professora dispersou todo mundo, dizendo que a aula havia acabado.

- Voce não, mocinha! – ela gritou, quando eu me virava para ir embora. – Voce fica – ordenou.

Respirei fundo, e me virei em sua direção.

- Pode me explicar o que aconteceu? – exigiu.

- Pensei que a senhora havia apitado... – menti.

- Pensou, foi?! Pois vou lhe dar um pouco mais de tempo para pensar... Pensar em prestar atenção nas minhas explicações. Pensar em como se vestir adequadamente. E principalmente... pensar em como não agredir seus colegas! A mocinha vai guardar todo o material da aula antes de ir embora.

Bufei. Aquilo era uma injustiça! Mas o que poderia fazer?

Esperei que a quadra se esvaziasse, e obedeci às ordens da professora.

Após cumprir meu castigo, segui para o vestiário. Os chuveiros eram convidativos demais para quem estava pingando de suor. Retirei minhas roupas, e me pus embaixo da torneira. A água aos poucos relaxou os meus músculos e esfriou minha cabeça.

Ouvi um pequeno barulho.

Coloquei minha cabeça para fora do chuveiro, mas não avistei ninguém no vestiário.

Outro barulho.

- Quem está aí? – perguntei, mas o silencio foi minha resposta. Talvez estivesse apenas paranóica.

Voltei ao meu banho tranquilamente. Enquanto retirava a espuma do corpo, virei-me de frente para o restante do banheiro, e surpreendi-me com alguem em minha frente

- AAAHHHHHH!!!!!! – gritei de susto.

- Shiiii!!!! – Jacob fez sinal para que eu fizesse silencio, entrou na cabine do chuveiro comigo e fechou a torneira – quer que alguém nos veja?!

- O que esta fazendo? Não pode ficar aqui, sabia? Além disso, não tinha que estar cuidando de uma pobre garota indefesa... – o provoquei. Ele rolou os olhos, e me abraçou. O empurrei, tentando me desvencilhar.

- Voce é tão boba, sabia?

- Boba, eu? Sou muito é esperta! – o empurrei com mais força, e ele se afastou.

Aproveitei o momento e peguei a toalha que estava sobre a divisória, e me enrolei, afinal estava completamente nua em sua frente.

- Não acredito que vai ficar com raiva de mim. O que eu fiz? – perguntou, se pondo na entrada da cabine, e me impedindo de sair.

- Deixe-me sair, Jacob. Não quero ficar encrencada se alguém nos ver aqui.

- Só deixo quando me disser por que está assim. – exigiu.

- Não se faça de idiota. “Como voce é forte, Jacob!”. “Deixa eu te apalpar, Jake!”. “Me carrega no braço, Jake!” – imitei a voz da mocréia, descarregando minha raiva sobre ele. Para minha surpresa, caiu na gargalhada.

- Voce fica tão linda com ciúmes, sabia?! – falou, se aproximando de mim. Odiava quando ele falava com aquele sorriso sincero nos lábios. Por que simplesmente me amolecia como gelatina. – O que queria que eu fizesse? – questionou.

- Que a colocasse no seu lugar, que tal? – respondi, mas dessa vez não impedi que se aproximasse mais.

- Não sei por que se preocupa. Aquela garota não é nada. Quer dizer, nenhuma delas sequer existe para mim. – colocou a mão em meu queicho, aproximando minha boca da sua. – Só vejo voce! Até quando fecho meus olhos é voce quem eu vejo!

Dito isso, o que eu poderia fazer? Nada, além de me entregar a ele.


Nothin' On You (B.o.B. feat. Bruno Mars) Nada de Você


[Chorus]

Beautiful girls all over the world, I could be chasing
Garotas belas em todo o mundo, eu poderia estar as perseguindo

But my time would be wasted, they got nothing on you, baby
Mas meu tempo seria perdido, porque elas não tem nada de você, baby

Nothing on you, baby
Nada de você, baby

They might say hi, and I might say hey
Elas poderiam dizer um oi, e eu poderia dizer um hey

But you shouldn't worry, about what they say
Mas você não deve se preocupar com o que elas dizem

Cause they got nothing on you, baby (Yeah)
Porque elas não tem nada de você, baby (Yeah)

Nothing on you, baby (N-n-n-nothing on you baby, n-nothing on you)
Nada de você, Baby (NNN-nada de você, baby, n-nada de você)


Jake prensou-me com seu corpo contra a parede do chuveiro, e colou seus lábios aos meus. Entrelacei meus dedos em seus cabelos, e deixei que a toalha caísse ao chão.

Nossas mãos ávidas percorriam o corpo um do outro, mas não havia muito tempo para isso. Apesar de totalmente inebriada pelas sensações que ele causava em meu corpo, não me esquecia que estávamos no banheiro do ginásio da escola. A qualquer momento poderíamos ouvir algum barulho, e nosso momento juntos já era.

Seus lábios desceram até o meu seio, enquanto dois de seus dedos adentravam a minha intimidade. Desesperada, abri o fecho da sua bermuda, e a desci junto com a cueca o suficiente para expor seu membro rijo.

Sentindo que eu já estava mais do que preparada para recebe-lo, Jacob me suspendeu em seu colo, e posicionou seu membro em minha entrada. Entrelacei minhas pernas em volta da sua cintura, enquanto o sentia deslizar para dentro de mim.

Fazer amor com Jacob era delicioso, mas dessa vez tivemos que controlar nossos gemidos. Suas investidas eram tão intensas, que em poucos minutos senti meu sexo se contrair contra o seu. Vi estrelas enquanto sentia seu líquido penetrar o meu corpo.

Jake então desceu minhas pernas até o chão delicadamente, e nos afastamos um pouco, ainda ofegantes. Ele se recompôs do lado de fora da cabine, e eu abri o chuveiro sobre mim para lavar os vestígios dele em meu corpo.

- Por que brigamos tanto? – questionei, quando já saia enrolada na toalha.

- Por que é maravilhoso fazer as pazes – respondeu com um sorrisinho safado, me abraçando e me dando um beijo terno nos lábios.

Eu adorava esse nosso louco amor. Éramos como duas chamas eternamente acesas, explosivos em todos os sentidos. Todas as nossas reações no que dizia respeito um ao outro eram intensas, e por mim isso nunca mudaria.

66 comentários:

  1. Eu ja tinha lido essa fic em algum lugar.
    É mtoo boa diva.Ameii
    Posta mais tá
    Kisses

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  2. eu gostei bastante da história e
    estou ansiosa pelo resto ;)
    Posta mais!!

    BjaO

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  3. Hahahaha...finalmente a Leah achou alguem que a entenda...
    Tadinho do Seth eu zuei tanto com ele ;)

    Adorei flor, posta mais!!

    BjaO

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  4. Ahh,finalmente Leah vai ter uma amiga que bom.
    E coitadinho do Seth gente.
    E hum,eu e jake néah hsuahsuahs.
    Amei o cap diva
    Posta mais tá
    Kisses

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  5. Cara que escândalo por causa de um cabelo *--*
    Se bem que quando eu cortei o meu, me deu uma sensação de vazio ):
    O jake ficou todo assanhadinho pro meu lado hein?!! O menino provocante gente!!!

    Adorei tudo...sem exceção!!

    BjaO

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  6. Aiai esse Calleb...todo saidinho quando tah cmg!!!

    E os garotos do bando?Deixando o Jake louco com os comentários sobre mim...
    até o Seth gente!! Esse mundo tah perdido HUHAUHAUHUAUAHUA

    Não gostei de eu ser a mais fraca e lenta entre o Sam e o Calleb :#

    tÔ adorando essa fic...
    BjaO

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  7. COMO É BOM PERDER UMA NOITE DE SONO PENSANDO NO JAKE, SÓ NÃO É MUITO BOM TER QUE TREINAR COM SAM NO DIA SEGUINTE... MAS, FIQUEI ORGULHOSA DE SABER QUANTO INTERESSE DESPERTO NO BANDO. E, JAKE COM UMA PONTINHA DE CIUMES É DEMAIS...

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  8. Aiai...Adoreii muitoo esse capítulo!!!

    O que é aquela massa de garotos todos me disputando?? E eu nem provoquei né?!!!(666'
    ADOROOOOO

    Putz a minha mãe sempre chega na hora certinha p/ atrapalhar!!!!
    Esse Calleb não sei não hein?!! Tah muito p/ frente u_u

    Ai eu nem gostei das aproximações indecentes do Jake!! HUAHAUHAUA

    BjaO

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  9. AINDA ESTOU SUSPIRANDO PELO JACOB... ESSE CAPÍTULO DESPERTOU MUITAS EMOÇÕES EM MIM. O JAKE GOSTOSÃO ESTÁ ATACANDO NOVAMENTE DEIXANDO O RESTO DO BANDO CHUPANDO O DEDO. ESTOU AMANDO ESSA FIC, COM CERTEZA JÁ VESTÁ NA LISTA DAS MINHAS FAVORITAS.

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  10. menina chama os bonbeiros que eu to começando a pegar fogo, nossa o jake no meu quarto me abraçando por trás é tentação demais ,e ele me olhando com málícia com uma blusinha transparente foi bem interessante flor,já li estes cápitulos em outro site mais aqui e interativo é bem melhor.

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  11. Ai gente essa cap foi tão TUDO DE BOM!!

    Tantas emoções que eu não sei nem por onde começar...

    Eu não suporto gente possessiva e o Calleb está me saindo um belo de um pé no saco ¬¬

    Eu tÔ adorandooo esse Jake todo malicioso e safado(666'
    E cara ser pega dançando "Eu sou o lobo mal" na cozinha é TENSO hein?!! Principalmente pq esses meninos são tudo safado ^^

    A declaração foi mais que perfeita!! E é claro que eu vou fazer ele esquecer completamente a Bella rapidinho u_u

    BjaO

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  12. Mergulho no penhasco, pegas com o Jake e declaração de amor... Esse capítulo foi demais... Tô amando essa fic.

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  13. Aaaaaaaaahhh! Não acredito que essa fic está aquuuuiii!
    Há algum tempo que eu estava tentando lê-la no Nyah mas nunca conseguia porque um monte de coisa acontecia!!!
    Agora, FINALMENTE, vou poder ler ela aqui e comentá-la!
    Aguarde um comentário gigante, Lari! kkkk

    Bom, deixa eu estalar os dedos para começar a digitar! kkkkkk

    Wow, que show! É só chegar em La Push e já sou a garota do pedaço! Não fosse eu quente (não só por ser loba) e brasileira! As brasileiras são gostosas! kkkkk (OK, eu nem sou brasileira e tô elogiando elas...mas que posso fazer! É verdade!!! aushauhsuhaushauhs)
    Adorei ser (quase) SUPER BEST FRIEND da Leah! Aamooo ela!!! VENEROOO! OK, exagerei, mesmo!
    Que bosta ter que refazer um ano. Odeio isso!

    E nossa, que primeiro encontro foi esse com o Jake, hein! Ele me levando até em casa e querendo entrar no meu quarto! Que safaadooo! ADOOGOOO! aushauhsuahusau

    Adoreeiii o Caleb. Ele é super fofo, protetor...apesar de ser um cadinho peganhento, mas é super fooofoo.

    chorei de verdade quando a gente foi cortar o cabelo. Me recordei da época em que tinha o cabelo até o bumbum e tive de o cortar e a doida da cabelereira me cortou eles pelo busto! Quase surteeeiii! Fiquei olhando para as mexas enormes de cabelo querendo estrangular a maluca assassina de cabelos lindos e compridos! Ai, como eu amo cabelos compridos! (Foi por isso que me apaixonei pelo Jake em Twilight. Pelos seus MA-RA-VI-LHO-SOS cabelos compridos!)
    Mas foi super fofo e lindo a tiara de couro e cabelos que o Caleb fez. Quase babei nele! kkkk

    Tadin, ele se sente excluído. Odiei a forma como os outros lobos trataram ele. Pensei que todos fosse irmãos! Odeio qd colocam de parte alguém! Idiotas!
    O Jake eu entendo. Tá com ciúmes...Mas os outros não!
    Ok, o Caleb tb se coloca um pouco de parte...

    E que mancada minha na festa de boas-vindas. OK, eu não sabia sobre a Bella e o Jake...mas também, que mané mais sensível! Tava tão na minha e segundo seguinte já tava todo EMO!

    Ainda bem que eu tenho bom jogo de cintura e ele voltou rastejando para mim!
    Ameeeiii a parte do penhasco. Mas, claro, Jacob tinha que dar mancada e me chamar de Bella. Eu lá tenho cara de pamonha inssossa molengona e piranha?? Affe, Eu sou mais eu, meu filho!
    Vamo lá ver se eu quero ser a substituta!
    OK, ele conseguiu me dobrar com aquele discursozinho barato e ROMANTICO. AIAIAI. que liiindo! Eu sou phoda! kkkkk

    *Respirando fundo*
    Acho que não tenho mais nada a dizer!

    POSTA LOOOGOOO!!1

    Kisses da Baby!

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  14. Minha linda. Ja comentava no Nyah e agora não poderia ser diferente. Sua fic é maravilhosa. Adoro seu jake e o casal é mais que fofo.
    Estou acompanhando no nyah mas lendo qui como interativa. srsrsrsrs
    Não demora pra postar, viu?
    bj

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  15. Mas que saco hein?! Esse Calleb só empaca a minha vida!!! Será que é tão difícil assim p/ eu perceber que ele só faz essa pose de bom moço mas ele é mais calculista que tudo!!!! '-'

    E ainda fica plantando a semente da dúvida na gente!! Maldito! Hump u_u



    BjaO

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  16. OMG! Esse dois lobos gostosos lutando por mim! É muito mais do que meu pobre coração pode suportar!
    Ain, Jake consegue ser um grande cavalo quando quer. Não gosto nada da maneira como ele e todos os outros tratam o Calleb!
    Sei que ele pode ser um pouco fresco demais para o bando, mas mesmo assim ele é do bando! Não era suposto haver uma ligação forte e familiar entre todos? Porque Calleb é a exceção?
    Fiquei com pena dele...
    Amando a fic
    POsta logo

    Kisses da Baby

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  17. O Jake é muito fofo... pensei que as coisas esquentariam mais entre nós, mas dormir em seus braços já foi de bom tamanho... Vamos com calma.

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  18. Ai que linds a gente fez as pazes!!!
    Ele fica tão lindo com carinha de cachorro pidão *.*
    Ele finalmente percebeu que ele está apaixonado por mim e só por mim \O/
    Que bom que os meninos abriram os olhos dele...

    Ahh eu ganhei uma caminhonete!!!Yay!!!
    Tive que comprar umas roupas descentes né?!! Senão o Jake reclama *--*

    E coitado do Mike...será que um dia alguém além da Jéssica vai se interessar por ele??

    Adoro essa fic...
    BjaO

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  19. OMG! Perfeito deemaaaiiisss! Sério. Eu adoro fazer as pazes com o Jake. Saltar para o colo dele e beijar aquela bocona maravilhosa!!! Mesmo que ficcionalmente apenas por leitura. mimimimimimi
    Ain, dormir de conchinha é tão fooofoooo!!! Eu querooo! auhsauhsuash

    Posta mais Lari.

    Kisses da Baby

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  20. Meu Deus! Qdo esses dois terão um momento à sos completo? Foram tantos momentos quase que chega a ser frustante. Espero que consigam logo liberar suas vontades sem nenhum empata foda estragar... E esse lance do Billy e da Regina, isso nos deixaria como meio irmãos? Que esquisito e impolgante ao mesmo tempo. Amo muito essa fic.

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  21. OMG!!!

    Foi muito perfeito!!
    O Jake me pediu em namoro!!!
    Foi tão lindinho *.*
    Só a Regina e o Billy que foram acabar com o nosso momento u_u

    Meu Deulz que homem é esse deixou uma marca de chupão no meu pescoço *O*


    Adorooo

    BjaO

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  22. "[...]tudo aqui em La Push ser tão intenso.."
    Oh se é intenso!! Esse jantar foi SUPER intenso! E quente...quase explosivo, mas daí apareceram os papis que não souberam aproveitar a noite como os filhos TENTARAM aproveitar! aushauhsuhahshaushauhsuh
    Adorando ser amiga da Leah. Eu amo a Leah, mas ela bem que podia aparecer mais vezes! Amo ela!
    Tadin do Calleb. Ele tem que arranjar alguém pra ele. Talvez ele e a Leah possam ficar juntos...sofrem os dores de dor de corno! auhsuahsuauhsauhsuahsuha
    Ao menos se curam um ao outro! HAHAHAHAHA.
    Mean girl mode on! kkkk
    Amando demais a fic....foi lindo o pedido de namoro do Jake! Mas isso tá perfeito demais pra ser real (claro que não é real, é fic...). Será que a fic vai ter uma agitada de vampiros e batalhas??? TENSOOOO!
    Kisses da Baby

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  23. OMG! Esse capítulo foi intenso por demais! Sério! LINDOOOO! Meus momentos namorados com o Jake foram super quentes. E aquela guerrinha de farinha foi hilária!
    Amando a fic!
    Kisses da Baby

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  24. OMG!OMG!OMG!Esse capítulo ficou muito FOFO!!

    Os momentos dos dois, o jeito que eles discutem e brincam igual a crianças HUAHAHAUA é tão lindo *.*

    Nossa comofas ir devagar com o Jake?IMPOSSÍVEL!

    Guerra de farinha ÉPICA!!

    BjaO

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  25. Sem palavras pra descrever essa fic, estou amando. Ser uma loba é tudo e ainda pegar o Jakelicious?...

    Sem contar com um monte de lobos querendo tirar casquinha de mim. Ui!

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  26. Ahhh que raiva que eu tenho desse Calleb!! ò.ó

    Só vive atrapalhando...Tah parecendo até a Bella :@

    Putz, eu no maior clima com o Jake...eu tenho certeza que se ele não tivesse atrapalhado, teria rolado uns pegas mais íntimos com o meu boy...

    O pior é que ele é tão safado e tão falso que ele consegue virar o jogo e se fazer de vítima
    E o pior de tudo...eu não consigo ver que ele é um completo idiota '_'

    Ahhh tira esse Calleb dá história!! (eu sei que ele não vai sair de cena tão cedo, mas a esperança é a última que morre né?!)

    BjaO

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  27. Pelo amor de Deus, alguém dá um chá de disconfiometro pra esse Calleb! Ô garoto que gosta de atrapalhar, tinha que chegar justo na hora que o clima estava esquentando? Tem dó!!! E o Jakelicious todo emburradinho com ciúmes... ô trem bão sô!

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  28. OMG! Que capítulo quente! Não sei como aguento todo esse tesão e me fico só nos amassos! Quero ver quando chegarmos nos finalmentes!
    Realmente o Calleb está começando a testar minha paciência. Tenho defendido ele desde o início, mas agora quero que o Jake arranque a cabeça dele!
    E quanto àquele assunto, Leah Calleb...AMEEEIII! Acho que iam se matar dois coelhos de uma vez só! Eu amo a Leah e a mo o Calleb! Então acho que os dois deviam ficar juntos...desde que ele desencane logo de mim...e me deixe pegar o Jake à vontade...!

    Pequeno Jake, pequeno Jake...de pequeno ele não deve ser NADA!
    kkkk

    Kisses da Baby

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  29. Haha, depois dakele amasso todo, o Jake imaginando a vó dele nua deve ter sido no mínimo broxante!!!
    Estou amando a briguinha entre ele e o Calleb, nada melhor para aumentar o ego, só espero que ninguém saia ferido. Naum quero partir o coração de ninguém...
    Muito boa a fic, estou amando!

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  30. Bem que minha mãe podia ter deixado o sermão pra depois né... tava doidinha pra dar uns amassos do meu Jakelicious... Capitulo mais que MARA!

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  31. Cada dia melhor einh...
    só quero ver se iremos conseguir ficar no 0x0 por muito tempo. Também estou me perguntando o pq do não imprinting. A vida é tão injusta.
    Tô louca pela próxima att.

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  32. AI QUE PERFEITO! Adoro a forma como a minha relação com o Jake se tem desenvolvido! Adoro todas essas etapas e complicações que passamos. tudo o que aprendemos juntos. Como nos conhecemos melhor, um ao outro. A confiança. O amor crescendo mais a cada dia...
    Muito perfeita essa fic!

    Kisses da Baby

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  33. Como assim ta tudo em calmaria? Não ta msm. Só vai ta depois da noite hehe!
    Adorando a fic aqui!

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  34. Este comentário foi removido pelo autor.

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  35. Como assim gente e a noite linda e maravilhosa com meu Jakelicious? Aiaiaiai vou ter que esperar até o próximo capitulo? Será que eu aguento? Amei o capitulo flor, posta mais logo tá?

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  36. Como assim?!! Cadê a minha noite com o meu Jake?!!
    E que pressentimento foi aquele? Será que vai acontecer algo ruim com eles?
    Ai eu quero a 2ª parte logo!!

    BjaO

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  37. Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhh!!! Surtando!
    Menina chama os bombeiros, os marinheiros, os da força aérea,os militares, quem quer que seja, para dar um ponto final nessa batalha interna que eu tô tendo. Porque tipo...EU ESTOU ENLOUQUECENDO!
    Esse capítulo foi muito, muito, muito, ansiante (?). Me deixou com ansiedade em todos os parágrafos. Odeio o Jake me dando ordens e me proibindo de fazer isso ou aquilo. Odeio homem machista! Mas pronto, logo eu perdoo ele porque é o Jake!
    E ainda bem que o Calleb está voltando a ser o meu BEST! E espero que ele continue apenas sendo isso!
    Mas fiquei com medo desse final! Será que vai haver alguma coisa ruim? Será que meus pressentimentos estão certos? aiaiaiaia, meldels! SURTANDO!
    Poste mais! A fic está ótima!
    Kisses da Baby

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  38. MEU DEUUUSSSS!!

    O que foi isso?!! Esse vampiro italiano doido acabou com a minha 1ª vez com o Jake ò.ó
    E cara, pq será que ele me quis e não as outras meninas?! Ele sabia o que eu era, mas me queria msm assim =O
    Será que é por isso que ele estava indo p/ bandas de La Push? Oh! Quantas perguntas sem respostas!!
    Eu quero mais!!

    BjaO

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  39. Gente, quem é esse vampiro doido e empata f***? O que ele quer comigo, será que eu sou a 'cantante', dele? O.O

    Tenso esse momento com o sanguessuga...

    E gente, o vampiro doido solto, e atrás de mim e Jake tá se preocupando com o carro?

    Ahhh minha primeira noite com ele foi por água abaixo!!!! buáááá T.T

    Bjux.

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  40. CARACA! Sério! Que foi isso? O sanguessuga se interessou por mim? Ia me morder pra provar meu sangue?
    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH!!! Surtando aqui, menin!
    Maravilhosa a fic!
    Kisses da Baby

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  41. Que cena foi essa do Jake! Não é possivel que ele ainda se importe com a monga sem sal e sem expressão da Bella. Ahhh gente tem dó! ò.ó
    *respira fundo*
    Ainnn eu vou ser amiga da Alice? Eu quero, eu quero, eu quero!!!! Adoooro a Alice eu quero ser a Barbie dela!!!!

    Amei o capitulo flor! To pronta pro proximo! kkkkkk

    Bjux!

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  42. Que hilário! Adorei esse cap demais! eu convivendo com os Cullen, apesar de o Jake estar desconfortável! Mas fiquei super feliz por Edward ou Bella estarem lá na casa! Isso tonrou a visita mais amena e meus pensamentos idiotas (ou nem tanto assim) se dissiparam!
    Mas numa coisa eu tenho razão. Se Jake tivesse superado a Bella não reagiria daquele jeito!
    Fico ainda mais feliz do Calleb estar tomando tino e rumo e não me atazanando mais aprontando para mim e Jake! Quero mto que ele seja feliz...quem sabe com a Leah. Ela tb merece!
    Kisses da Baby

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  43. Adorei esse cap com os Cullen! Eu me senti bem à vontade com eles a pesar do Jake ter ficado com cara de bunda *--*

    E por falar em cara de bunda...que diabos é isso de o Jake ainda se incomodar com o fator Bella? aiai hein?!!


    BjaO

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  44. AHHHHHH *O*

    Minha primeira vez com o Jake aconteceu!!! E que primeira vez hein?!! (666'

    Ain eu quase achei que a gente ia acabar terminando...eu fiquei muito aflita aki =/
    Mas...no final deu tudo certo, e põe certo nisso ;)
    Espero que nada nos atrapalhe msm u_u

    BjaO

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  45. Oh Gosh! Que capítulo mais delicioso e romântico! Quem dera que existisse um Jacob Black para cada uma de nós! Sério! Eu ficaria tão feliz de ter alguém assim tão companheiro, compreensivo, quente, delicioso, divertido, brincalhão, ciumento, carinhoso, lutador, paciente...acho que é pedir demais, né? Então th de me contentar com o Jake dessa fic mesmo! kkkkk
    Amei demais. Ficou super lindo e maravilhoso!
    Kisses da Baby

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  46. Aleluia! #dancinha
    Essa primeira vez deles foi linda *-*
    Amei amora *-*

    É incrivel como cada vez mais as primeiras vezes, são depois de uma discussão né KKKKKKKKKKKKKKKKK
    Acho q as primeiras vezes estão se tornando cada vez mais, sexo de reconcialição KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    Posta mais amora,bjos

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  47. MINHA MÃE ENLOUQUECEU?????

    comoassim vamos embora??!!!
    Eu não vou a lugar nenhum e ponto u_u

    O Sam tem que ajudar *.*


    Ps:" E pensar que eu preferia sua filha..." KKKK essa foi FODÁSTICA!!

    BjaO

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  48. Aaaaaaaaaaaaaaaaahhhh!!!! Não! Estou aqui lavada em lágrimas de sofrimento! eu não posso ir embora! todos os lobos têm de fazer uma abaixo assinada para convenser mamãe de que eu não posso ir embora! Eu não posso me afastar do meu Jake! Nãaaaaaaaaaaoooo! Não posso ir embora logo agora que somos completamente um do outro!
    mimimimi. buaaaaaaaaaaa!!!
    Kisses da Baby

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  49. OMG, estou paralisada com a cena que tive com o Jake dentro do Rabbit... Acho que nem ducha fria resolve... preciso mesmo é de um lobinho só meu!!! Só mesmo a empata foda da minha mãe para estragar esse momento. Espero que o Jake retribua em breve esse carinho (sem ninguém nos atrapalhando)

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  50. Meu Deus o que foi isso? Que fogo hein? Mas tinha que ter minha mãe empata f*** pra atrapalhar né! E bem na hora que ele ia retribuir o carinho!

    Salve Sam que impediu minha mommy de me levar embora! Super chefe!

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  51. Chamem os bombeiros pq eu estou em chamas!!

    DEUS?!! O que foi essa cena no Rabbit? Caramba...e a música então?Combinou direitinho com o ato (666'

    Puts' minha mãe é muito empata f*** cara....tinha que ser ela p/ estragar esse momento, justo quando o carinho ia ser retribuído *.*


    Um agradecimento especial p/ Chefe Sam que conseguiu com todo o seu argumento super maduro(like a Boss)
    convencer a minha mommy a ficar em La push baby ;)~

    BjaO

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  52. Sam é um ANJO caido do céu! Sério! Ri mto com o meu ataque de gratidão em Sam. Vulgo: O abraço! aushauhsuhaushauhs
    Riu só de imaginar a cara dele!
    E dona Regina é fogo, hein! auhsuahsuhas
    Mas tudo correu bem!
    E que final foi esse? Deus do céu! Que caloor! uahsuhauhauhsauhs
    Ameiii, pena que mais uma vez mamis estragou o MEU momento de prazer. Affe!
    Ameeeii!
    Posta mais!
    Kisses da Baby

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  53. Chamem os bombeiros pra apagar esse fogo! Ou melhor... não chama não porque nós adoramos isso...

    Me lembrem de sempre brigar com o Jake ok? Se for pra fazer as pazes assim... OMG!!!!

    Que vaca é aquela dando em cima do meu lobão? Bem feito a bolada na cara! Acho é pouco!

    E o tal de Brian? O garoto sem noção! Eu devia ter deixado Jake quebrar o nariz dele, só um pouquinho...

    A melhor frase do capitulo: "Deve ser o fogo do inferno, sua ordinária" ri mto com essa frase!

    Esperando ansiosa por mais!

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  54. Genteee!!! Eu quero brigar com o Jake todos os dias, Para sempre fazermos as pazes de uma maneira bem especial...

    E quem aquela bruaca pensa que é para ficar se jogando p/ cima do MEU Jake desse jeito? Mereceu a bolada...deveria ter entrado em coma u_u

    E Esse Brian? Garoto mais abusado! Tah achando o que? Que vai consegui alguma coisa comigo? Os esteróides devem ter aumentado os músculos, mais o cérebro que é o mais importante não aumentou...

    Adorei a do fogo do inferno!! HUAHUAHAU

    BjaO

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  55. PQP, mew! Pq essa fic tem de ser assim tão maravilhosa??? Sério! Ela é fantástica demais!
    Eu queria ter dado um soco no Brian e na p*ta da Molly! Queria desmembrá-los e queimá-los na fogueira! É mole. Um se achando o dono do pedaço e a outra querendo roubar o MEU pedaço! ain que RAIVA!
    Mas amei brigar pra depois reconciliar. Oh que calor que ficou aqui, gente! auhsuahsuha
    Kisses da Baby

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  56. noooooooooooooosa como eu to hot
    OMG jake é incrivel e sua fic ta sensacionalissima a-m-e-i
    to lok pra ler mais posta logo por favor
    Bjus jeanny

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  57. noooooooooooooosa como eu to hot
    OMG jake é incrivel e sua fic ta sensacionalissima a-m-e-i
    to lok pra ler mais posta logo por favor
    Bjus jeanny

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  58. OMG! OMG! OMG! Que capítulo hot! Posta Maaais! *.*

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  59. Tô amando a fic, posta mais, por favor!

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  60. Por favor, att a fic, tô amando muito!

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  61. LOOOOVE ! amei continua kiss!!!

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  62. Eu to amando essa fanfics. Que perfeita e maravilhosa!
    Tô amando a fic, posta mais, por favor!

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  63. Essa fic é tudo de bom!Que delicia de vingança!!! aquela bolada na fuça da garota cretina foi impagável kkkkk, mocreia idiota, ela parcialmente teve o que mereceu kkkk, agora a pp mostrou quem manda no pedaço é! defendendo seu território e cá pra nós e que território é esse minha nossaaa... omg!!! curtindo de + a fic linda, maravilhosa por favorzinho... continue postando + capit. pra gente tá legal? bjos

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  64. pow cara amei essa fanfic,não tinha lido em outro lugar como os outros,mais colocar no inicio o pessoal do bando e o ''Caleb'' afim de mim ai já é maldade kkkkkkkk,gostei um pouco disso,ainda mais essa coisa do Jacob me amar tanto e o Caleb gostar de mim kkkkkkk (adoro tbm o Caleb),como o Jacob é um safado hahaha gostei um pouco disso kkkk,deixou o meu Jake mais hot do q já é,essa fanfic é tão boa q eu queria uma continuação com o Jake casando comigo kkkk,mais amei a sua fanfic continue escrevendo fanfics assim!

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  65. Putz, quero mais, porque simplesmente amei!

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