CAPÍTULO 1
Informações do capítulo: Meninas, as falas em negrito estão em português, mas pode ser que algumas palavras apareçam destacadas também, nesses casos o motivo de negritar a palavra é só para ênfase, ok?
P.O.V
Abri a porta de casa o mais silenciosamente que pude e entrei, andando como se pisasse em ovos. Suspirei aliviada e fechei a porta atrás de mim, mas ao me virar, segurei um grito, tamanho o susto que levei.
— Natalier! — Minha irmã exclamou com uma expressão severa. Merda, fui pega aos 48 do segundo tempo! — Onde você estava?
— Estava com meus amigos. — Respondi firme, olhando-a indiferente.
— Você sabe que horas são? — Lá vem bronca. — Duas e meia! Da madrugada! — Informou e eu rolei os olhos, tirando meus sapatos. — , eu sou sua irmã mais velha, você me deve satisfações.
— Eu já disse: estava com meus amigos, entendeu ou quer que eu desenhe? — Inquiri sarcástica e a vi bufar.
— Eu sei que você está brava, mas não vai adiantar nada me tratar assim, eu não vou mudar de ideia. — Avisou.
— E não adianta você fingir que está tudo normal, porque não está! Samanta, de repente você decide se mudar para uma porcaria de cidade, decide me levar junto e eu não tenho direito nem de opinar!
— Você é menor de idade! — Interrompeu-me.
— E daí? Você nunca se importou com minha idade! — Exclamei, sentia meu corpo todo tremer. — E é isso que eu não suporto, você está diferente, está estranha e não confia mais em mim! — Acusei.
— Não exagera ! — Resmungou.
— Ah tá, eu que tô exagerando?
— Sim, está, já que eu estou no direito de ficar preocupada, afinal até cinco minutos atrás você estava andando, sozinha, nas ruas de Cancun! — Como se eu precisasse ser lembrada disso.
— Ai, Samanta! Cansei de discutir com você! — Falei e subi as escadas do nosso apartamento pisando duro. Eu estava totalmente revoltada, a primeira vez que nós passamos tanto tempo em um lugar que não fosse o Rio de Janeiro – nossa cidade natal – e ela inventa de ir embora. Parece que minha querida irmã esqueceu que eu tenho amigos aqui, como nunca tive em outro lugar.
Entrei no meu quarto e fechei a porta com força, socando a parede do lado dela. Eu e Samanta sempre fomos tão unidas e ela sempre confiou tanto em mim, mas de um tempo para cá minha irmã começou a ficar paranoica, praticamente me controlava e, duas semanas atrás, ela veio com a “novidade” de que iríamos viajar. Mas não uma de nossas viagens em que passamos tempo lá e logo “migramos” novamente. Nós iriamos nos mudar por tempo indeterminado. Para os Estados Unidos. E o pior: para uma cidade pequena.
Eu tenho horror a cidades pequenas, onde todo mundo sabe da vida de todo mundo, onde não se tem nada para fazer, um lugar em que se você olhar para um garoto, todos falam que você está grávida. É. Eu odeio até o cheiro de cidade pequena. Sou uma garota muy urbana, obrigada, adoro até o cheiro de poluição e é por isso que nós sempre viajávamos para cidades grandes.
Começou quando eu tinha 13 anos e ela acabava de fazer 16, saímos do Rio e fomos em direção à Nova Iorque, ficamos dois meses lá e seguimos para Londres, onde passamos um mês antes de irmos conhecer Madrid, cidade linda, onde ficamos dois meses e meio. Insisti para que fossemos para Paris, ficamos três meses lá e depois passamos muito rapidamente por outras grandes cidades do planeta – como Londres, Roma, Hong Kong e Tóquio –, até que, há seis meses, fomos para Las Vegas e ficamos mais dois meses lá, depois deu “a louca” em nós duas e nós viemos para uma cidade igualmente louca: Cancun. Quatro meses que foram, no mínimo, intensos.
Durante nossas viagens eu sempre frequentava escolas, o que era a única condição para que meus pais permitissem nossas aventuras, e essas passagens me renderam muitos amigos, mas aqui foi diferente, foi mais real, fiz melhores amigos como não fazia desde que sai do Rio de Janeiro, deixando Júlia – minha Besta, como eu a chamava – para trás.
Senti algo quente escorrer por minha bochecha e percebi que estava chorando. Era injusto. Eu não quero sair daqui e deixar, novamente, coisas importantes pra trás!
Fui até minha cama e sentei, enterrando o rosto em minhas mãos e tentando me controlar. Levantei o olhar e me deparei com duas fotos: uma no Rio de Janeiro, no aeroporto, quando eu e Samy embarcaríamos para N.Y., Júlia me abraçava e nós duas estávamos chorando, mas rindo. A outra foto era uma que eu tinha tirado uma semana atrás, no Colégio, com Déborah e Duda, os dois D’s da minha vida, elas riam enquanto Déborah me dava um tapa na cabeça.
Peguei meu celular e procurei o telefone de Júlia, minha grande confidente, discando seu número. Contei seis toques até que a voz sonolenta dela me atendesse.
— Sua vaca, são oito e meia da manhã de um sábado, sabia? — Resmungou, eu sempre me esquecia do fuso horário.
— Foi mal amiga, mas eu preciso conversar com alguém. — Falei e ouvi ela se arrumar do outro lado da linha.
— Que voz é essa, nega? A coisa deve ser séria, me conta. — Pediu adquirindo um tom preocupado, eu fitei o teto do meu quarto e suspirei, jogando meu tronco na cama.
— Eu tô com medo dessa viajem. — Confessei de uma vez só.
— O quê?! — Ela gritou do outro da linha. — Como? ! Você sempre viajou, para você isso é mais natural do que estar menstruada. — Fiz uma careta com a comparação, mas fui obrigada a rir baixinho.
— É que essa vez é diferente. — Murmurei.
— Eu sei, eu sei, tem toda a história de você não saber quando volta e talz. — Ela disse em um tom monótono que fez eu me achar uma criança com medo de escuro, revirei os olhos.
— Não é tão simples, eu não fico em um lugar por mais de quatro meses desde os meu 13 anos, lembra? — Falei.
— É claro que eu lembro, fazem só dois anos...
— Quase três. — Corrigi.
— Que seja, fazem quase três anos, mas eu ainda me lembro, minha memória não é tão ruim assim, sabia? — Retorquiu impaciente. — E não vai ter nada de mais, é só você ser maluca que nem você sempre foi e eu tenho certeza que ninguém se aproxima.
— Ah, valeu pelo pensamento positivo! — Ironizei e ela riu do outro lado.
— Quê? Eu tenho que manter meu posto de melhor amiga, não é? — Brincou e eu gelei.
— É... — Falei vagamente.
— Natalier, eu não sou mais sua melhor amiga?! Quem foi a vadia?! — Falou após uns segundos processando minha resposta. Eu jurava que estava a vendo andar de um lado para o outro, com sua blusa do Megadeth surrada e uma calcinha boxer, cerrando os punhos e bagunçando os cabelos castanhos dourados. — Melhor! As vadias! Foram aquelas fulaninhas ai de Cancun, né não?
— Juba, calma. — Comecei, mas ela berrou do outro lado, me fazendo afastar o celular da orelha:
— CALMA? ! Eu odeio Cancun, eu fiquei aqui sozinha, aturando Nathália e companhia, enquanto você viajava pelo mundo no bem bom! — Ela relembrou e eu rolei os olhos, me preparando para a sessão de “olha como eu sofri” da minha amiga. — Eu, Júlia Lincon, tive que engolir as provocações daquele bando de vaca! E me diz para quê? Pra você ficar aí, se esfregando nessa tal de Déborah e na Eduarda! A vida é muito injusta!
— Júlia! Cala a boca sua gralha! — Mandei rindo do ataque dela. — Nós ficamos muito amigas, sim, mas ninguém nunca, você ouviu bem? Nunca vai te tirar minha amizade. — Avisei calmamente.
— Humpt, acho bom, senão eu mandava o BOPE ir aí te perseguir. — Falou Júlia mais calma, arrancando mais uma risada minha. — Eu tô com saudades, sabia? — Ela disse e eu senti meus olhos marejarem.
— Eu também. — Confessei com a voz embargada.
— Ai, credo confi, choro? Sua sexualidade não foi alterada ao longo desses anos, foi? — Perguntou e eu ri.
— Cala a boca, vadia. — Mandei e ela também riu. Nossa amizade era na base de trocas de juras de amor, melhor dizendo: alguns xingamentos que são verídicos, ok? — Tenho que desligar, te ligo do aeroporto. — Falei por fim.
— OK, até lá eu penso em um discurso para te animar, ok? — Ri mais uma vez.
— Vai malhar essa bunda, mulher, já são quase 9:00 aí. — Disse e ela resmungou do outro lado da linha.
— Eu tô malhando, ok? Nossa amada professora levou a sério seu pedido para não me deixar parar de ir à academia. — Ela disse perceptivelmente “triste”. — Bem que você podia ligar para ela e dizer para ela me liberar, né amiga? — Pediu manhosa.
— Vai sonhando, nega. — Ri de novo e ela praguejou. — Boa noite.
— Noite? Você interrompeu a hora mais preciosa do meu dia, agora eu vou é pro Tumblr e você vai dormir, porque eu vou te arrancar os cabelos se você chegar na “cidade-microscópica-que-você-vai-morar” com olheiras e uma cara de morta, entendeu? — Disse séria e escutei o barulho do computador ser ligado.
— Sim senhora, mas não esquece que de noite você tem que trabalhar. — Respondi no mesmo tom.
— É eu sei que o calçadão carioca não é o mesmo sem o meu salto 10 cm de noite. — Nós duas rimos e eu suspirei. — Vai dormir, sua idiota.
— Tô indo. — Disse. — Tchau, até daqui algumas horas, beijo.
— Beijo, te amo. — Falou e eu ri antes de desligar o telefone na cara dela. Levantei e fui escovar os dentes e lavar meu rosto, depois me troquei e arrumei minha cama para receber meu corpinho e minha cabecinha. Peguei o celular e vi uma mensagem.
“Obrigada por responder a minha declaração, bitch. Tomara que Freddy Krueger visite seus sonhos.”
Rolei os olhos e me deitei, só a Júlia para me fazer rir mesmo com tantas coisas perturbando minha mente nada sã.
__________________________________________ Merda, macumba de melhor amiga pega. Eu tive um sonho bem cabreiro. Freddy Krueger havia me levado para uma floresta – só em sonho que eu acompanharia alguém, ainda por cima desconhecido ou com uma cara medonha, até uma floresta – e me deixado lá, eu fiquei assustada, apenas escutava a gargalhada dele bem longe. Alguns barulhos começaram a me assustar – ainda mais – e quando eu virei me deparei com um bicho enorme, e quando eu digo enorme eu quero dizer enorme mesmo. Não consegui reconhecer bem que animal era, mas de uma coisa eu tenho certeza: se minha irmã não tivesse me acordado, eu acho que eu teria pagado o maior mico da minha vida fazendo xixi na calça – mesmo sendo em um sonho.
— , acorda, nós temos que almoçar e se você acha que eu vou acabar de arrumar suas malas, você está muito enganada. — Samanta falou, chacoalhando-me pelos ombros.
— Tá. — Balbuciei e me virei de lado, espreguiçando-me lentamente.
— ! — Berrou e eu me levantei, resmungando. Lavei meu rosto e desci as escadas, me deparando com uma mesa bem servida.
— Você não vai se redimir me chantageando com comida, sabia? — Falei e Samanta revirou os olhos, bebendo o suco que estava em seu copo.
— Eu sei. — Falou simplesmente, empurrando a cadeira para eu me sentar. Sentei e peguei uma torrada, passando manteiga enquanto Samy colocava suco no meu copo. Observei-a, minha irmã era linda, fato, os cabelos loiro dourados lisos até as pontas, onde se formavam cachos lindos, os olhos azuis acinzentados contrastavam com a pele branca dela, sem contar com o corpo que muitas modelos matariam para ter. Mas ela parecia abatida, cansada, esgotada. E eu sabia quem havia causado aquilo.
— OK. — Disse de repente e ela me olhou confusa. — Parou com as brigas, nós nunca brigamos. — Disse e ela deu um sorrisinho de canto.
— Está certa. — Falou caçando minha mão em cima da mesa e a envolvendo com as delas. — Maninha você pode ser muito chata quando quer. — Falou e eu fui obrigada a rir.
— Eu sei, é dom pessoal.
__________________________________________ — Até que enfim, achei que tinha te dado um colapso nervoso, não atendia o celular. — Comentei e ouvi alguém bufar do outro lado.
— Eu tava ocupada, ok? E ainda não são nove horas aí, o que significa que seu voo ou não chegou, ou você não está no aeroporto. — Júlia me respondeu.
— É, eu sei, eu estou no táxi. — Falei com simplicidade.
— Achei que ia me ligar do aeroporto. — Comentou e eu abri um sorrisinho de canto. Contagem regressiva para crise de ciúmes: cinco, quatro, três, do... — Ah, deve ser porque a Deby e a Duda vão estar lá, né? Tenho dois D’s para elas: desgraçadas e desfiguradas. — Ops, foi mais rápido que o programado.
— Desfiguradas? — Perguntei rindo, o motorista do táxi me olhou pelo espelho, mas não dei bola, português nem é tão diferente de espanhol, se ele não está entendendo o problema é dele.
— É como elas vão ficar se eu encontra-las. — Explicou e eu revirei os olhos.
— , estamos chegando. — Samanta me avisou e eu concordei.
— Juba, eu preciso desligar, estamos chegando. — Passei o recado.
— OK, me liga quando desembarcar nos “states”, ok? — Eu ri e ela continuou: -Tô falando sério, nega.
— OK! Eu ligo, beijos.
— Beijos. ¬— Desliguei o telefone bem a tempo, já que o táxi parou na área destinada a eles no aeroporto. Desembarcamos e colocamos nossas nada pequenas e muitas malas em dois carrinhos, adentrando o aeroporto. Logo nós já esperávamos próximas ao portão de embarque, quando eu vi duas garotas pulando no meio do salão, provavelmente procurando alguém camuflado pela multidão.
— Já volto. — Falei para Samanta e ela concordou rindo.
Fui até as duas garotas, que ao me verem pularam em cima de mim. Déborah tampou minha visão com seus cabelos extremamente ruivos, ainda bem que ela era leve, porque senão eu teria caído. Já Duda me abraçou com mais calma e eu as puxei até onde minha irmã estava, onde as duas a cumprimentaram.
— , dá uma voltinha. — Mandou Déborah e eu ri, rodando em torno de mim mesma.
— Ainda bem que você tá linda, amiga, porque ninguém merece chegar a um lugar novo toda baranga. — Ri da sinceridade de Duda, aquela morena sabia como ser sincera nos piores momentos quando queria.
— Concordo. — Eu e Samanta falamos. Eu tinha mesmo caprichado no look para viajar, além de ser confortável era despojado.
Conversamos amenidades até ouvirmos a chamada para nosso voo, que atrasara apenas quinze minutos, para minha tristeza.
— Nós vamos dar um jeito de te visitar, OK? — Déborah falou com a voz embargada, concordei abraçando as duas com força.
— Só não se esquece da gente, tá? — Duda disse e eu concordei.
— Nunca. — Falei e me separei delas.
— Ah, espera. — Déhh disse e eu franzi o cenho, ela colocou a mão no bolso do casaco e de lá tirou uma caixinha de veludo, me entregando-a. Abri desconfiada e me deparei com um lindo colar de prata com um pingente de coração, onde estava escrito “Forever”, olhei para as duas com os olhos marejados e a visão embaçada, elas puxaram, de dentro da blusa, colares de prata também, o de Duda era um pouco menor do que o meu e um pouco maior que o de Déborah, e estavam escritos “Friend” e “Best”, respectivamente.
— Eles se encaixam. — Eduarda disse, virando e mostrando que a parte de trás do colar dela tinha um encaixe para o de Déborah e quando virei o meu vi que o de Duda se encaixava nele.
— É lindo, meninas. — Disse rindo e as abraçando novamente.
— Temos que ir. — Samanta disse e pude ver que ela também estava emocionada, nos despedimos mais uma vez delas e fomos para o avião, durante o caminho eu brincava com o pingente do colar e com uma pulseira, também de prata, que havia ganhado de Júlia na nossa despedida, a pulseira tinha um pingente com u “J” lindo de diamantes e eu não tirava por nada nesse mundo.
Parecia que as coisas estavam se repetindo, mas algo me dizia que dessa vez ia ser diferente. A aeromoça começou a dar alguns avisos, avisos que já havia decorado há tempos. Onze horas de viajem, fora algumas escalas, me aguardavam, suspirei e liguei meu iPod, isso ia demorar.
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— Mana. — Segunda chacoalhada do dia. — Acorda Mascote! — Exclamou e eu abri meus olhos. — Chegamos. — Ela sorriu para mim de modo animado, mas eu me limitei a virar o rosto. — Natalier, vamos logo. — Disse me puxando com uma força que não condizia com sua postura, me levantei e segui-a para fora do avião, emburrada. Logo pegávamos nossas malas e seguíamos para fora do aeroporto de Port Angeles. Minha irmã se pôs na ponta dos pés e pareceu procurar alguém com os olhos, saindo em seguida, comigo em seu encalço.
— Ah não. — Soltei e estaquei no lugar. — Não, não, não, nem que a vaca tussa e tenha caxumba. — Eu falei convicta, ao ver que quem nos esperava, encostado em uma Land Rover branca lindíssima, era meu irmão mais velho, gêmeo de Samanta. David Natalier era, sem sombra de dúvidas, meu carma. Até meus 10 anos todas as minhas amigas se apaixonavam por ele, então eu dei graças a Deus quando ele resolveu vir morar com o vovô em La Push, mas nunca pensei que iria vê-lo de novo.
— Bom te ver, Mascote. — Trinquei os dentes e cerrei os punhos, Mascote era o apelido que eles tinham me dado por eu ser a mais nova da família, e eu gostava do apelido, a não ser quando era ele quem o proferia.
— Ah, não comecem, pelo amor de Deus. — Samanta pediu, abraçando-o rapidamente e entregando as malas para ele colocar no porta-malas, era incrível como ele era um idiota comigo e era bem amiguinho da Samy.
— Além de vir para cá eu vou ter que conviver com essa... Coisa? — Perguntei azeda enquanto ele guardava o resto das minhas malas.
— Você não achou que iria morar em um hotel, achou? — Ele disse e eu abri a boca, perplexa, eu fiquei alguns segundos totalmente parada, mas logo dei meia volta e entrei no aeroporto.
— ! O quê você vai fazer? — Escutei Samanta berrar atrás de mim, mas a ignorei firmemente, indo até o guichê de informações.
— Oi, onde eu compro uma passagem para o Rio de Janeiro ou para Cancun? — Perguntei para a moça, mas logo senti uma mão forte em meu antebraço.
— Desculpe, minha irmã é muito brincalhona. — David disse sorrindo sedutoramente para a moça, o que me gerou uma careta, e logo me puxando para a Land Rover e me colocando sentada no banco de trás. — Não é hora para seus pitis, . — Avisou firme e eu rolei os olhos.
— Se vocês acham que eu vou morar com ele, vocês dois precisam ir, urgentemente, para o manicômio. — Avisei.
— Fica tranquila, já reservei um lugar lá, já que você vai me enlouquecer. — Ele retorquiu.
— Viu! É por isso que eu te odeio! — Berrei.
— Você realmente acha que eu joguei confetes em mim quando soube que você viria?! — Ele gritou de volta, sarcástico, e quando eu abri a boca para protestar, fui cortada por Samy:
— Calados! Eu ainda sou mais velha que os dois, então fiquem quietos!
— Apenas dezesseis minutos mais velha. — David completou e eu rolei os olhos, infantilidade é sinônimo do meu irmão. Liguei meu iPod de novo, colocando num volume muito alto para tentar eliminar o fato de estar no mesmo carro que aquela criatura menos evoluída que eu chamava de irmão. Depois de uma hora e meia dentro do carro, ele diminuiu a velocidade. No meio do nada.
— Chegamos? — Perguntei.
— Sim. — Ele disse com simplicidade, entrando em um pequeno caminho que levava até uma casa. Desembarquei e deixei meu queixo cair.
— Você mora aqui?
— É. — Disse tirando as malas do carro com uma tremenda facilidade e entrando na bela e moderna casa.
A casa contrastava bem com o ambiente meio selvagem, andei até o jardim atrás dela e vi uma piscina, andei mais um pouco e me escorei num corrimão de vidro, que separava os jardins de uma queda de uns dois metros e que dava nas margens de um rio.
— Por que a casa é no meio do nada? — Perguntei para minha irmã quando adentrei na sala de estar.
— Porque o “meio do nada” está perto de tudo, fica no caminho para Forks e para La Push. — Foi David quem respondeu. — Samanta já viu o quarto dela, tem o seu, o meu e outros dois que são de visita, vai ver como ficou a decoração do seu quarto. — Ele disse e eu concordei. — A propósito, , você se tornou uma moça muito bonita. — Falou e eu sorri minimamente para ele, nós tínhamos esses – raros – momentos fraternos.
Subi as escadas e saí em um corredor branco bem iluminado, observei os três quartos vagos e acabei percebendo que o último quarto era o meu. A vista que eu tinha da janela era muito bonita, as árvores da floresta e as águas do rio. Mas o que me fez perceber que aquele seria meu novo refúgio foi a decoração moderna.
— Gostou? — Samanta perguntou da porta, me assustando.
— Amei. — Respondi com sinceridade, confesso que fiquei muito aliviada ao ver um computador, achei que até isso iriam me tirar.
— Vou te deixar sozinha para arrumar as suas coisas. — Disse tamborilando os dedos na soleira da porta e eu concordei, observando minhas malas em cima da cama. — Ah, já ligou para a Júlia? — Perguntou e eu bati em minha testa.
— Droga, tinha esquecido. — Resmunguei e ela riu, saindo em seguida, fechando a porta atrás de si. Peguei meu celular, coloquei o fone de ouvido e fiz uma ligação para ela, enquanto colocava o celular no bolso e arrumava o fone para que ela me ouvisse bem, contei apenas um toque até ouvir sua “doce” voz.
— Até que enfim, achei que o avião tinha caído! — Ralhou e eu rolei os olhos, abrindo minha mala de roupas.
— Foi mal, confi, é que eu tive algumas surpresas desagradáveis. — Expliquei e ela soltou um muxoxo.
— E o que seria? -Curiosidade de Besta é uma coisa direta.
— Seria eu ter que morar com o meu irmão. — Respondi e ela fez um som de compreensão.
— O David? É esse o nome dele, não é? — Ela perguntou e eu murmurei afirmando, Júlia foi a minha única amiga no Rio que não conheceu meu irmão – e eu dou graças a Deus por isso. — Ih, as coisas não podem piorar.
— Vira essa boca pra lá, Júlia. Você sabe muito bem que quando alguém fala isso, as coisas pioram. — Avisei e ela riu levemente do outro lado.
— É mesmo, esqueci. — Ela pausou. — E como é aí? — Ela perguntou e eu fitei a paisagem que eu tinha pela minha janela.
— Nublado. — Falei vagamente, fazendo-a rir.
— Desenvolve. — Pediu e eu ponderei.
— Tipo, é bonito para os padrões naturais, sabe? — Falei e ela concordou. — Tem bastante verde e é calmo, quieto.
— Coitada da Rainha da Selva Urbana! — Caçoou.
— E ainda por cima a casa do meu amado irmão fica no meio do nada. — Reclamei e ela riu. — Seus pais não estão aí, digo, já são quase onze horas da noite aqui...
— É, eu sei, eu virei a madrugada. — Comentou risonha. ¬— E meus pais foram para um jantar em São Paulo.
— Tá sozinha?! — Perguntei perplexa, podemos dizer que a Júlia não era a garota mais comportada da face da Terra.
— Não. — Respondeu em um muxoxo, me obrigando a rir enquanto colocava meus vestidos em alguns cabides, podemos dizer que, graças ao poder aquisitivo nada modesto da minha família, eu tinha muita roupa.
— Quem está aí? — Perguntei.
— Minha tia, que está na sala, dormindo na sala. — Ressaltou e eu ri de novo.
— Medida de precaução?
— É, mas isso já está ficando exagerado. — Ela soltou um suspiro, me obrigando a rir, novamente. — E como está o quesito escola? — Perguntou e eu me lembrei disso.
— Nem sei, tinha esquecido. — Respondi e ela soltou um murmúrio.
— Já conheceu alguém aí?
— Claro, vi até a Emma Watson andando por aqui. — Ironizei.
— Ai, grossa. — Disse falsamente magoada. — Tomara que tenha uns gatinhos aí.
— Gatinhos não, gatões, deuses gregos, lindos e maravilhosos para compensar minha vinda. — Corrigi e ela gargalhou do outro lado.
— Ah, , tenho que desligar, o Roberto tá online! — Disse toda animada e eu rolei os olhos.
— Vai me trocar por ele? — Perguntei fazendo bico e ela riu.
— Claro, você não faz meu estilo. — Disse séria. — Beijos. — Despediu-se.
— Beijos. — Falei desligando em seguida, olhei minha mala e senti um desanimo. Coloquei-a no chão, amanhã eu arrumaria tudo, agora eu estava cansada, e com motivos. Peguei uma regata e um short de lycra curto e fui para o meu banheiro. Ponto para o idiota do meu irmão, pelo menos eu tenho um banheiro só para mim. Fiquei encantada com o banheiro, que era espaçoso e além da ducha tinha uma banheira. Que eu estrearia outro dia. Despi-me e liguei a ducha na água quente, metendo-me em baixo dela e tomando um banho relaxante.
Depois de me vestir e secar meus cabelos, eu resolvi descer, já que minha barriga roncava. Cheguei à sala e logo fui para a cozinha, achando meus irmãos, que pareciam ter uma conversa séria, que cessou assim que cheguei.
— Ih, se a conversa parou o assunto chegou. — Disse e David rolou os olhos, se levantando e indo até o microondas, tirando uma lasanha de lá e colocando-a na mesa, enquanto Samanta sorria.
— Ligou pra Ju? — Perguntou e eu acenei positivamente.
— Quesito escola? — Inquiri e ela olhou para David.
— Tem duas escolas, a da reserva e a de Forks, te inscrevi na de Forks, mas se você não se adaptar pode ir para a da reserva. — Ele respondeu e eu franzi o cenho.
— Reserva?
— É, La Push é uma reserva indígena, linda. — Samanta disse empolgada, rindo da minha careta.
— Ainda bem que vou para a escola de Forks. — Murmurei e depois virei-me para o projeto de irmão. — Não era para você estar morando com o vovô? — Perguntei e ele deu de ombros, colocando suco no meu copo.
— Ele me expulsou de casa, dizendo que não queria um “jovem cheio de hormônios bancando a babá dele”. — Recitou e eu gargalhei.
— Ponto para o senhor Soleawa! — Ri um pouco mais, Drake Soleawa é o pai da minha mãe, um homem que nunca saiu de La Push e que eu via muito raramente, já que ele não gosta do meu pai – que eu vejo mais raramente ainda – e eu nem sei o porquê. O familiar que eu tenho mais contato é, sem sombra de dúvidas, minha irmã, já que minha mãe e meu pai eu só vejo uma vez por ano, mais ou menos.
Pessoas acham estranho isso, mas eu já me acostumei, não posso dizer que eu não sinto falta de uma figura materna para me aconselhar ou de uma paterna para me manter “na linha”, mas mesmo assim eu não sentia aquela falta absurda, quase depressiva. Dos meus seis até meus treze anos eu estudei em internatos – sendo que com nove anos conheci Júlia, foi o melhor internato em que já fiquei – e acabei me acostumando com a distância paternal. Apesar dessa distância eles se faziam presentes, através de e-mails, ligações, mensagens, e sempre bancavam nossas viagens, já que problema financeiro é algo que nós não temos.
— Amanhã eu vou te levar para rever o vovô, ele adorou saber que a “netinha” dele iria vir para cá. — Resmungou.
— Rá, chupa essa David, ele me ama. — Gabei-me, eu sei, sou muito exibida quando eu quero. E às vezes quando eu não quero também.
— Pode até ser. — Ele disse e vi que Samanta ria do bico que ele fazia. Comi tranquilamente minha “parte” da lasanha e logo depois fui até a sala de TV, sentando-me no confortável sofá e ligando a TV.
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Quando abri os olhos novamente percebi que estava no meu quarto, franzi o cenho, provavelmente tinha pegado no sono vendo TV. Suspirei, fitando o teto branco. O quarto estava com um escurinho extremamente convidativo para voltar ao meu sono, olhei no relógio que tinha ao lado de minha cama e vi que eram 7:30 a.m., de um domingo. Suspirei, odiava acordar cedo, fato, mas não sentia sono e sabia que seria inútil tentar voltar a dormir.
Levantei e peguei meu notebook, voltando para a cama e ligando o computador. Quando o MSN conectou, dei graças por Júlia estar online, apesar da diferença de horário ser de oito horas – acho. Logo engatei uma conversa animada com ela, com direito a webcam ligada e microfone, o que me fez matar um pouquinho da saudade que eu sentia daquela idiota.
— . — Ouvi a voz da minha irmã e olhei na direção da porta.
— Oi Samy, tô falando com a Ju. — Disse virando o computador para que elas se cumprimentassem.
— Beijo Jú. — Ela disse e Júlia respondeu da mesma forma. — , dá tchau pra ela, para você ir até a casa do vovô. — Falou e eu concordei.
— Você não vai? — Perguntei franzindo o cenho.
— Vou depois. — Ela disse e depois saiu, me despedi de Júlia, prometendo que iria tentar voltar depois e ela disse que iria me cobrar isso. Olhei pela janela e vi que o dia estava nublado, mas não frio. Coloquei um short curto e uma regata um pouquinho larga, juntamente com minha rasteirinha, amarrei o cabelo em um coque frouxo e desci para tomar café-da-manhã.
— Come muito não, , foi o maior perrengue te levar para cima. — David alfinetou e eu fechei a cara imediatamente.
— Cala a boca, idiota. — Rosnei para ele, mas mesmo assim diminui a quantidade de comida. Subi e escovei os dentes, coloquei o celular e o fone de ouvido no bolso, passei um lápis de olho e desci de novo. Logo eu e David estávamos em sua Land Rover em completo silêncio, avançando pela rodovia que ligava Forks a La Push, me perguntei se teria algum outro motivo para que nossa casa ficasse entre as duas cidades, mas ignorei. Alguns minutos depois eu avistei um tipo de vila, muito fofa, por sinal – e é um milagre eu dizer/pensar isso, já que não gosto de lugares parados – e pequena, mas de aparência acolhedora.
Passamos por uma das ruas – que parecia ser igual a todas as outras – para depois David parar na frente de uma das maiores casas da vila, pelo que eu percebi, ela era de madeira como as outras, pintada de um verde claro e bem cuidada. Observei um homem alto e forte, com cabelos e olhos negros, mas com rugas e alguns fios grisalhos adquiridos através dos anos. Pulei do carro e senti seu olhar sobre mim, antes que ele abrisse um grande sorriso. Corri e o abracei, apesar de vê-lo poucas vezes, sentia um carinho muito grande por meu avô materno – e único, já que os pais de meu pai eram mortos.
— Oh, princesa, você cresceu. — Meu avô disse me apertando contra ele.
— E você tá bem conservado, hein vô? — Brinquei, arrancando uma risada dele. Virei para trás quando percebi que meu irmão não tinha vindo até o vovô. — Aonde você vai? — Perguntei.
— Visitar uns amigos, passo aqui para te pegar daqui a pouco, OK? — Ele disse e eu concordei, entrando em casa atrás de Drake.
— E então , o que me contas? — Ele disse se sentando e eu sorri animada, adorava narrar minhas viagens, e foi isso que eu fiz. Claro que de uma maneira mais santa e menos louca, mas dava para perceber que ele se empolgava com minha narração.
— E você, senhor Soleawa? Tem namorada? — Perguntei divertida para ele, que – eu juro – pareceu corar.
— Ah, , até parece. — Ele disse e eu ri. Minha avó havia morrido seis anos atrás e até agora Drake não tinha “se arranjado” com ninguém, nem preciso dizer que eu apoiava a ideia dele se relacionar com outra mulher, isso faria bem para ele.
— Hum, sei... — Disse de modo desconfiado, arrancando um sorriso dele. Conversamos calmamente e ele me contou que sua vida na reserva era muito calma e confortável, mas quando perguntei se ele sabia o porquê de eu ter me mudado para cá ele negou e mudou de assunto, parecendo desconfortável, o que me gerou desconfiança, mas logo tratei de tirá-la da cabeça.
Olhei no relógio e estranhei quando vi que já era meio dia, mas apenas acompanhei meu avô até a cozinha, onde eu – com meus dotes culinários decentes – preparei uma bela macarronada, digna de Roma, para ele.
— , eu até diria que, por essa macarronada, você já pode casar, mas isso seria uma mentira muito grande. — Ri do comentário dele, meu avô era bem protetor, o que me agradava. É bom ser um pouco mimada.
— Vô, o senhor sabe onde o Dave foi? — Perguntei e ele concordou.
— Na casa da Sue, por quê? — Ele falou e eu cocei a nuca.
— É que eu acho que ele me esqueceu. — Falei com sinceridade, era bem do feitio do David esquecer sua preciosa irmã que vos fala.
— Também estava achando isso. — Ele confessou e eu abri a boca em falsa surpresa.
— E não ia me falar nada?! — Ele riu gostosamente e eu fiz cara feia, vi Drake se levantar e oferecer a mão, a qual eu aceitei e me pus de pé também.
— Eu te levo até a casa onde ele está. — Disse e nós saímos, sendo que ele não trancou a porta da casa. — E já te apresento ao bando aqui de La Push. — Falou desgostoso e eu concordei. — Mas cuidado com aqueles pirralhos, eles são muito saidinhos pro meu gosto, e nem quero saber o que vão falar pra uma menina bonita que nem você. — Sorri abertamente pelo elogio e estalei um beijo em sua bochecha. Andamos pelas ruas – calma, , suspiro – quase desertas da reserva até estarmos na frente de uma casa quase do tamanho da do meu avô. Ele olhou para mim e passou o braço pelos meus ombros, apertando-os levemente.
Era meio estranha a hora que nós conhecíamos pessoas novas quando nos mudávamos, mas essa sensação nunca tinha me atingido. Era como um presságio – que eu esperava ser bom – das coisas que iriam acontecer a partir do momento que eu conhecesse essas pessoas.
Subimos os degraus antes de entrar na casa sem qualquer tipo de cerimônia, eu estava um pouco atrás do meu avô – que foi? Eu tenho o direito de agir com uma criança indefesa e me esconder atrás da figura protetora do meu avô.
— Que coisa feia, David, esqueceu sua irmãzinha lá em casa. — Meu avô ralhou, dando um “pedala” na cabeça do meu irmão, que era facilmente identificado por ser o único de cabelos claros no meio de tantos morenos – lindos e gostosos – que eram quase iguais.
— Quem disse que eu esqueci? — Ele retrucou virando-se para mim. — Deixei esse carma lá de propósito. — Aproveitei que meu avô estava de costas e estirei o dedo do meio para ele, que arregalou os olhos. — Olha os modos !
— Deixei no Rio. — Retruquei calmamente e os meninos que estavam espremidos no sofá riram. Ah, eu tenho que me lembrar de agradecer a Juba, achei os gatões que ela me desejou.
— Essa é a sua irmã? — Um deles perguntou.
— É sim, Embry, mas pode tirar seu cachorrinho da chuva. — Ele falou rapidamente e eu arqueei uma sobrancelha. Meu irmão não faz o estilo ciumento.
— Ai cara, eu só quero ser apresentado. — Ele resmungou e eu senti minhas bochechas esquentarem de leve.
— Hum, sei. — Agora meu avô! Jesus, eu tô achando que vou entrar em seca indeterminada aqui! Ninguém merece!
— , esses são Embry, Quil, Jared, Seth, Colin, Brady e Paul. — Apresentou respectivamente os garotos – que repito: são muito lindos – e que eu não decorei o nome de quase nenhum. — Essa é , uma doçura de garota, caçula da família. — Complementou sarcástico e eu lhe acertei um tapa forte na cabeça, aproveitando que meu avô tinha saído.
— Cala a boca, seu energúmeno. — Rosnei para ele.
— Gostei dela. — Uma voz feminina e sarcástica foi ouvida e eu me virei para dar de cara com uma garota que lembrava muito a cantora do Pussycat Dolls, só que com os cabelos mais curtos.
— Aleluia, alguém que não se apaixona pelo idiota. — Comentei com um sorrisinho brincando no canto dos lábios e ela andou até mim, fitando David com uma careta.
— Credo. — Resmungou e eu sorri. — Sou Leah. — Estendeu a mão, a qual eu apertei, reparando que era demasiadamente quente.
— , irmã do traste. — Falei e apontei o “meio loiro” com a cabeça.
— Irmã do “mini traste”. — Ela comentou com um humor meio negro e apontou para um garoto muito bonito de cabelos negros, pele morena e olhos um pouco puxados, que parecia ser um pouco mais novo que os outros.
— Nossa, quanto amor por mim. — O garoto, que eu lembrei que se chamava Seth, disse sarcástico. Ele parecia ser um garoto legal, então devia se tratar de implicância entre irmãos.
— Vamos fundar uma sociedade “Irmãs Desnaturadas e Simpatizantes”. — David disse, espalmando as mãos no ar como se já visse o nome da sociedade escrito.
— E eu vou fundar uma chamada “Irmãos Idiotas e Que Necessitam de Transplantes Cerebrais”. — Retorqui seca e Leah gargalhou.
— Alguém que não tem testosterona! — Comemorou me fitando.
— Essas duas juntas não vão prestar. — Embry previu e eu sorri para ele.
— Qual é? Vai dizer que até você se apaixonou pelo meu irmão? — Alfinetei e ele contorceu a face em uma careta.
— Credo. — Resmungou fazendo uma cruz com os dedos e arrancando risadas de todos.
— Oh, mas como ela está grande! — Ouvi outra voz feminina exclamar e me deparei com uma mulher muito parecida com Leah, só que com algumas rugas e alguns fios grisalhos em meio aos negros. — Acho que você não está lembrada de mim. — Ela disse. Correto! — Sou Sue Clearwater. — A mulher me envolveu em um abraço e eu fiquei meio sem jeito, ok, totalmente sem jeito, é muito estranho alguém “desconhecido” te abraçar.
— Er, prazer. — Disse e ela sorriu, me “libertando” e virando-se para os meninos.
— Filho, vai até a casa do Billy e traga-o aqui. — Sue pediu e vi Seth se levantar, concordando e parecendo animado. — Obrigada. — Ela sorriu para ele assim que o garoto parou a porta.
— Hum, quer vir ? — Sugeriu e eu, sem saber muito bem o que dizer, concordei e fui até ele. — E então, de onde você veio? — Ele perguntou assim que viramos a esquina da rua.
— Do mundo. — Falei e ele riu levemente. — Eu costumava viajar muito com minha irmã, tipo, ficar apenas um ou dois meses em um lugar e já ir para outro. — Continuei e senti que ele me olhava, mas não fiz nada, já que estava muito perdida nas minhas lembranças. — Daí, um belo dia, ela decidiu que nós viríamos para cá. — Tentei não demonstrar meu desgosto por essa decisão, já que Seth estava tentando ser legal, pelo que me parecia. — E cá estou eu. — Concluí e sorri para ele, de uma forma um pouco forçada, admito.
— Deve ser legal. — Ele comentou e eu concordei.
— Seth, aqui é sempre tão... Nublado? — Perguntei, tentando mudar de assunto, ele riu e concordou.
— Geralmente. — Confirmou e eu bufei.
— Vou virar uma vela. — Resmunguei e depois o fitei. — Como vocês são tão morenos mesmo que não faça muito Sol aqui? — Pergunta tosca, eu sei, mas era estranho.
— Deve ser genética. — Ele deu de ombros. — E então, você vai estudar na escola da reserva? — Ele mudou de assunto de propósito ou foi impressão minha?
— Nem. — Disse e continuei andando ao lado dele, que me guiava pelas ruas da pequena cidade. — Escola de Forks. — Falei e ele concordou. O ano já havia começado, para ser mais exata, dois meses de aula já haviam passado. — Mas se eu não me “adaptar” eu provavelmente vou para a da reserva. — Complementei e ele concordou com a cabeça.
— Eu tenho uma amiga na escola de Forks. — Ele disse, parecendo animado. — O nome dela é Renesmee Cullen. — Completou e eu concordei, tentando não fazer uma careta e gargalhar ao ouvir o nome. — Acho que vocês se dariam bem. — Comentou e logo parou na frente de uma casa de madeira pintada de vermelho.
Algo dentro de mim se agitou quando uma brisa me trouxe um cheiro amadeirado e ao mesmo tempo em que lembrava chocolate, um cheiro muito bom, e eu me senti acolhida. OK, agora é oficial: cidades pequenas mexem com minha sanidade.
Seth me puxou pela mão quando percebeu que eu não me movia e entrou na casa sem cerimônias, onde um homem muito parecido com meu avô estava, só que sentado em uma cadeira de rodas.
— Oi Billy. — Ele disse e o senhor se virou para nós.
— E aí pirralho? — Cumprimentou sorrindo. — Quem é a moça? — Perguntou e Seth me puxou mais para frente.
— Billy, essa é a , esse é Billy Black. — Nos apresentou e eu apertei sua mão, sorrindo meio tímida. — Irmã do David. — Completou e vi que o tal Billy rolou os olhos.
— A famosa. — Brincou e eu dei de ombros.
— Fazer o quê se meu irmão me ama? — Disse quase que em um reflexo, arrancando risadas dos dois.
— Minha mãe mandou eu te chamar, tá rolando uma reunião lá em casa. — Ele disse e se dirigiu até as costas de Billy.
— Bem, já que não estou fazendo nada importante... — Ele deixou a frase no ar e eu vi Seth começar a empurrar a cadeira de rodas.
— E quando o Jake volta? — Seth perguntou animado.
— Hoje à noite, para o bem dele. — Nós dois rimos do tom subitamente “sério” e “ameaçador” dele. — Amanhã ele tem escola e eu já perdoei um ano. — Completou e vi, pelo canto do olho, que Seth concordava.
— Está certo, ele é muito preguiçoso quando quer. — Comentou desviando a cadeira de um pequeno buraco no caminho. Eu nem estava boiando na conversa, mas tudo bem, eu já estou acostumada. Depois do momento “falem do que eu não faço a mínima ideia do que seja, que eu finjo que eu estou interessada nas pedras da estrada” nós chegamos novamente na casa onde acontecia a “reunião”.
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— Já tirei seus materiais da mala, eles estão em cima da cama. — Samanta me avisou, assim que eu, ela e o meu outro “irmão” entramos em casa.
— Já? — Perguntei indiferente, jogando-me no sofá.
— Claro, ou você ia deixar para arrumar tudo amanhã antes de ir? — Ela retorquiu.
— Podia se... O QUÊ?! — Eu pulei do sofá, assustando David e arrancando uma gargalhada da desnaturada da Samy. — Como assim “amanhã”?
— Ué, o que tem demais? — David se intrometeu e eu o fuzilei com os olhos.
— Tem é de menos! Menos tempo para minha crise de moda! Fui. — Falei antes de disparar até meu quarto, abrir a porta do meu closet e me sentei no pequeno sofá que tinha lá, pensando. Fiquei uma boa meia hora resolvendo que roupa eu vestiria no dia seguinte e depois fui estrear minha banheira linda.
O pequeno, mas extremamente relaxante, choque térmico, amoleceu meu corpo inteiro e logo eu me peguei pensando na tarde – pasmem – agradável que eu passara. Aqui todos pareciam fazer parte de uma grande família, um grande bando. Isso me lembrou de quando eu comentei isso do bando, eles apenas riram, se entreolharam e disseram “você não tem ideia do quanto!”. O que era, obviamente, uma piada particular entre ele que me fez ficar, novamente, boiando na conversa. Repito que já estou acostumada com isso. Mesmo com essa “piada interna” que euzinha aqui não entendi, eles – os meninos mais novos principalmente – fizeram eu me sentir acolhida, como se já fosse de casa. E de certo modo eu sou, não é? Minha mãe e os pais dela são nativos...
Um trovão soou ao longe, ao mesmo tempo em que ouvi um uivo distante. Tudo bem que a cidade é de interior, mas uivo já é demais. Sai da banheira, me enrolando na toalha e molhando o chão por onde eu passava, mas estava tudo bem. Coloquei meu short curto e minha regata, prendendo o cabelo para escovar os dentes.
Andei – melhor, arrastei meus pés – até a escrivaninha onde estava minha bolsa e coloquei todos os materiais dentro dela. Bem, eu gosto de estudar – e é verdade, sem ironia – então eu ficava ansiosa, já que eu nunca tinha estuda nos EUA, já que sempre vinha para cá durante as férias, mas tudo bem.
Parei em frente ao espelho de corpo inteiro que tinha no meu quarto e sorri minimamente. Uma coisa era certa: papai do céu, valeu pelos meus dotes físicos. Eu, que era bem gordinha até certa idade, estava muito bonita agora. E agradecia isso intimamente. Peguei meu hidratante – que minha mãe me mandou de presente e que eu amava, já que tinha cheiro de maracujá e lembrava o Brasil – e comecei a passar, ouvindo outro trovão ecoar entre as árvores da floresta.
Fui até a janela, que estava aberta, com intuito de fecha-la antes da chuva realmente cair. Deixei meu olhar se perder na mata do outro lado do rio, com a impressão de estar sendo observada intensa dentro de mim, estreitei os olhos, mas não vi nada. Balancei a cabeça para tirar aquelas ideias de dentro de mim e fechei a janela, apagando as luzes antes de me deitar.
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N/A: Então amantes dos lobos, essa é minha primeira fanfic interativa, espero que tenham gostado do primeiro capítulo. Bem, a ideia da fic é diferente de muitas outras – pelo menos as que eu já li – além de que eu sou meio maluquinha pra escrever. Eu estou com essa ideia antes mesmo de descobrir as fanfics interativas, mas só agora estou mandando pro TFI. Vou ficar roendo as unhas pra esperar um comentário aqui, ok! Beijos!
CAPÍTULO 2
P.O.V.
OK, eu acho que tá bom, visual meio roqueira, mas tudo bem, melhor que à la Taylor Momsen – que eu confesso, me invade quando estou de mal humor – no primeiro dia de aula em uma escola onde Judas ficou careca. OK, eu tenho que parar de pensar assim, não gosto de ofender quem não merece e se isso escapa em voz alta, eu não vou ganhar o prêmio de Miss Simpatia do ano.Joguei a bolsa sobre o ombro e desci as escadas apressada, jogando minha bolsa no sofá e indo para a cozinha, onde Samanta – toda arrumadinha – e um David – com cara amassada e de pijama – já estavam.
— Ah não! — David exclamou e eu o fitei confusa. — Você não vai pra escola com essa calcinha. — Ele indicou meu short e eu o fitei descrente.
— Ah, cala a boca! — Mandei tentando não rir. — Você não faz o tipo irmão protetor e ciumento. — Afirmei e ele bufou, cruzando os braços e se recostando na cadeira.
— Faço que tipo de irmão, então? — Ele indagou.
— O tipo que “esquece” a irmã e que não dá nem bola pra ela. — Respondi rolando os olhos e me sentando ao lado de Samanta.
— É isso aí! — Samy disse rindo e bagunçando meus cabelos lisos e longos. — E ela tá linda, Dave! — Disse e eu rolei os olhos.
— Exagerados. — Acusei bufando, tomei café da manhã e subi para escovar meus dentes e passar pó, lápis de olho, um blush fraquinho e um gloss. Olhei-me novamente no espelho e arrumei a barra do short. Meu look estava impecável.
Desci e vi que minha irmã me esperava encostada na porta e com a mochila na mão.
— Atrasada. — Cantarolou e eu passei por ela praticamente a jato, peguei minha mochila e entrei na Land Rover, que ela dirigiu do modo dela – Veloz e Furiosa nas ruas de Forks/La Push – até a escola. — Tchau, boa sorte. — Ela me deu um beijo na bochecha e me enxotou do carro.
Oh ser humano carinhoso.
OK. Respira . Sem crise, sem piti, sem faniquito... PELO AMOR DA LADY GAGA! EU TÔ MUITO AFETADA! Controlei o impulso de me esbofetear e segui até o prédio da escola de Forks. Andava pelo estacionamento e os olhos dos alunos curiosos – se fodam, por favor – me acompanhavam até que eu entrei no prédio, parei. GPS, por favor! Antes que eu desse “aloka”, senti alguém se aproximando.
— Você deve ser Natalier, a aluna nova. — Um garoto com os cabelos loiros jogados nos olhos, gato pacas – mas não tanto quanto os “minos” de La Push –, meio estilo Zac Efron sorriu para mim. — Sou Damen Jobs. — Ele apertou minha mão.
— . — BURRA! — Mas você já sabe. — Resmunguei e ele riu levemente. — Você pode dizer onde é a secretaria? É que eu tenho que pegar meus horários. — Pedi.
— Eu te levo lá. — E o senti pousar a mão nas minhas costas e me guiar pelos corredores até a secretaria. Damen abriu a porta para mim e eu passei, escutando o sinal soar eu me virei e o vi parado. — Eu te espero, vou ser seu guia turístico. — Ele piscou para mim e eu concordei, lhe lançando um sorriso pequeno. Virei-me para a garota ruiva que estava do outro lado do balcão e que olhava abobada para Damen, rolei minimamente os olhos, enquanto ela disfarçava, ou tentava.
— Os horários do segundo ano. — Pedi.
— Ah, sim. — Ela falou e remexeu no computador. — , não é? — Concordei. — Assina aqui. — Pediu e eu me adiantei, pegando a caneta que ela me oferecia e assinando, enquanto ela imprimia meus horários.
— Valeu. — Falei quando a garota me entregou a folha, ela sorriu e eu girei até ficar em frente à Damen, que arqueou as duas sobrancelhas e deu de ombros, mordi o lábio prendendo o riso e nós dois saímos de lá. — Abalando corações. — Comentei.
Que foi? Eu disse que meu normal era não ser envergonhada e “ganhar” intimidade das pessoas rapidamente, não disse?
— Sou inocente. — Brincou, mas logo desviou sua atenção para meu horário. — Biologia. — Leu e virou no corredor, comigo do seu lado. — E então, você é um mistério, sabia? — Ele comentou divertido.
— Obrigada. — Sorri para ele, que riu levemente.
— Gosta de ser misteriosa? — Eu dei de ombros e concordei. — Então veio morar no lugar certo. — Comentou abrindo uma porta e piscando para mim. — Desculpa professor, novata. — Disse e eu entrei em sua frente, sem tempo de perguntar alguma coisa.
— Hum, desculpado. — Falou e observei-o sentar-se ao lado de um garoto com traços orientais e cabelos negros, que também era bonito. — Bem vinda , sou o professor de Biologia. — Um coro de “sério?” se instalou pelo local, fazendo-o rir. — Sr. Molina. — Ele disse e eu concordei. — Você pode fazer dupla com... — Ele passou os olhos pela turma. — Heloísa. — Disse e eu me virei para me deparar com uma garota de cabelos quase tão ruivos quanto os de Déborah e os olhos extremamente azuis, ela sorriu para mim enquanto tirava os livros do lado em que eu sentaria.
— Heloísa Hankem. — Cumprimentou.
— Natalier. — Disse e ela sorriu, apertando minha mão.
— Gente, ela é mais bonita que eu e eu sei disso, mas vamos prestar atenção aqui! — Sr. Molina pediu, me fazendo corar e agradecer, já que todos os alunos desviaram sua atenção de mim para ele.
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— Adorei suas botas. — Heloísa disse enquanto nós recolhíamos nossos materiais.
— Valeu. — Disse rindo e lembrando-me da indecisão pela bota ou por um saltinho.
— Teve crise de moda antes de sair de casa? — Perguntou divertida e eu concordei.
— Faz parte. — Comentei e ela riu, balançando a cabeça afirmativamente.
— Sério, os meninos vão ficar loucos por você. — Ela disse e eu rolei os olhos.
— Até parece Helo, com certeza tem meninas muito mais bonitas que eu aqui. — Discordei e ela deu de ombros, abrindo a porta.
— Ah , vou fingir que acredito e que até pode ter, mas eu acho você mais bonita que a Miss Forks. — Helo disse com uma careta.
— E quem seria essa superstar? — Indaguei curiosa. Eu e ela até que tínhamos nos dado bem, o que explicava o uso dos apelidos.
— Renesmee Cullen. — Um arrepio perpassou por minha espinha, era a mesma garota que Seth dissera que poderia ser minha amiga. OK, algum dos dois não tem a mesma opinião que eu... — A “rainha” da escola desde o começo do ano. — Continuou Heloísa, não percebendo meu desconforto.
— Um amigo meu disse que ela é legal. — Tentei parecer desinteressada enquanto atravessávamos o corredor.
— Que amigo? — Ela inquiriu, desconfiada.
— Um amigo de La Push. — Disse dando de ombros.
— É, alguns dizem que ela é bem legal, mas comigo não é assim. — Ela parou na frente de outra porta. — Agora só resta você dar seu veredicto. Como será que a “muy bipolar” Renesmee Cullen será com você? — Falou deixando transparecer a curiosidade.
— Não estou ansiosa para descobrir. — Disse sincera.
— Ok então. — Deu de ombros e nós entramos em outra sala de aula.
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O sinal soou estridente, me dispersando da tediosa aula de história – que eu já havia aprendido – e indicando que o almoço iniciaria.
— Horário crítico, não é? — Damen parou ao meu lado e eu concordei.
— Aqui também tem a divisão das mesas? — Perguntei me levantando e juntando meus materiais.
— Claro, estamos nos Estados Unidos, boneca. — Heloísa disse ao meu lado. — Qual o número do seu armário? — Ela indagou e eu peguei um papelzinho.
— 108. — Disse e observei ela olhar Damen, que deu de ombros.
— Nós te levamos lá. — Ela disse e saiu, guiando-me pelos corredores.
— Um mapa da escola cairia bem. — Brinquei e eles riram.
— Passa na secretaria, acho que a moça se esqueceu de te entregar. — Heloísa informou.
— É, ela devia estar muito ocupada comendo o Damen com os olhos. — Informei falsamente indiferente, arrancando uma gargalhada da ruiva e um resmungou do loiro.
— Aqui. — Helo disse parando e indicando o armário, abri-o tranquilamente, colocando meus materiais lá dentro, depois que fechei nós nos dirigimos – finalmente (?) – até o refeitório. Segui atrás de Damen na fila para encher minha bandeja com o almoço e depois nós três caminhamos até uma mesa que ficava um pouco afastada do centro e nos sentamos.
— Esses são Hiley e Joshua. — Damen apresentou-me a uma garota com os cabelos ocres e enrolados, presos em um rabo de cavalo, a pele branca e os olhos castanhos, simples e bonita. Já o tal Joshua tinha os cabelos negros bagunçados e olhos verdes, o corpo atlético, mas não tanto quanto o dos meninos de La Push — caracas! Eu vou ficar comparando qualquer garoto com os meninos do “bando”?
— Belê? — Joshua disse, me analisando com os olhos, não me intimidei e fiz o mesmo com ele, dessa vez mais descaradamente.
— Belê. — Falei.
— Josh. — Disse ele e eu sorri.
— . — Dei de ombros e fitei Hiley.
— Oi. — Disse sonolenta.
— Liga não, ela só acorda de verdade depois de almoçar. — Heloísa informou e eu ri.
— Tenho um pouco de dificuldade também. — Confessei e logo uma conversa se instalou na mesa, eles perguntavam sobre mim e eu respondia, mesmo que de um modo meio evasivo. Quando, do nada, Joshua soltou um assobio baixo e arrastado.
— Abram alas para a Rainha R passar. — Heloísa cantarolou sarcástica e eu virei minha cabeça para poder ver uma garota se encaminhar até a mesa que ficava no meio do refeitório.
Ela era linda, absurdamente linda. Os cabelos acobreados caiam em cachos até pouco abaixo dos ombros, a pele branca com as bochechas coradas. A elegância com que ela andava fez eu me sentir o ser mais desengonçado da face da Terra, assim como seu físico fez com que eu me encolhesse rapidamente.
A tal Renesmee virou a cabeça na direção da mesa onde eu estava com meus possíveis futuros amigos e seu olhar encontrou o meu e algo quase insano aconteceu.
Com a mesma rapidez que o sentimento de inferioridade havia me invadido, um sentimento não identificado me tomou, fazendo-me sustentar o olhar daquela garota, algo dentro de mim praticamente rugia para não dar a “guerra” de bandeja para ela. Porque era isso que iria acontecer, uma guerra. Nossos santos não bateram e uma rivalidade se instalara sem nem trocarmos uma palavra.
Ela desviou o olhar e balançou a cabeça, como se estivesse se divertindo com a “encarada” que nós trocávamos de modo tão firme. A garota puxou a cadeira e sentou-se, começando a conversar com os companheiros de mesa. Virei-me para meus acompanhantes, posicionando meu olhar sobre Heloísa.
— Acho que sua pergunta foi respondida, não? — Comentei mordendo minha maçã verde e ela riu, balançando a cabeça.
— Ir contra Renesmee Cullen não é algo muito inteligente. — Hiley falou, pela primeira vez no dia de forma definitivamente acordada e indiferente.
— Como se eu não tivesse percebido que essa é a mesa “Anti-Renesmee”. — Comentei e ela deu de ombros, como se deixasse claro que tentara me avisar.
— Bem-vinda ao grupo. — Damen fez piada e eu sorri para ele, sentindo que alguém – leia-se Renesmee Cullen – me observava.
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— Não se esqueça de trazer roupa para deixar aqui por causa da Educação Física. — Heloísa relembrou e eu concordei, pegando os livros que eu teria que levar para casa por causa das tarefas. — Tchau. — Deu-me um beijo no rosto.
— Tchau Helo. — Disse e depois a acompanhei com o olhar até a saída. Lembrei-me que tinha que passar na secretaria para pegar o mapa da escola. Fechei meu armário depois de pegar tudo o que eu precisava e andei velozmente na direção que eu achava que levava até onde eu queria chegar.
Isso foi compreensível?
Assim que virei no corredor trombei com algo quente, fazendo-me ir ao chão e o que quer que estivesse no meu caminho também.
— Não olha por onde anda, não? — Uma voz aveludada rosnou e eu levantei os olhos para fitar Renesmee Cullen tirar os cabelos cor de bronze do rosto.
— Desculpe, mas eu não sou a única que tem olhos aqui. — Retorqui me levantando e observando-a fazer o mesmo.
— Para uma aluna nova você é bem saidinha. — Comentou me fazendo morder a língua para não soltar um “você nem imagina o quanto”.
— Para uma “Rainha” você fica muito bem estatelada no chão. — Devolvi com um sorriso falso e eu juro que a vi segurar um sorrisinho de canto. Mas eu já disse que cidades interioranas me afetam. — E se você me der licença, tenho mais o que fazer. — Disse antes de continuar meu caminho. Pensei que ela seguraria meu braço e me ameaçaria, mas ela apenas soltou um riso baixo de escárnio e saiu desfilando pelo corredor.
No final das contas eu consegui pegar o mapa da escola – coisa idiota, eu sei – e me dirigi para o estacionamento, onde a Land Rover branca e conhecida estava. Entrei no carro e logo Samanta se virou lentamente para mim, com uma expressão sonsa e vazia.
— CONTA! — Gritou e eu comecei a rir. — Gatos? Professores chatos? Escola podre? Alguma amizade? Alguma sem noção? — Concordei com a cabeça e comecei a relatar meu dia, arrancando bons palavrões de Samy quando narrei minha pequena – e, eu sabia, decisiva – conversa com a “Rainha” da escola de Forks. — OK, continua depois. Sobe. Se troca. Desce. Nós vamos até Port Angeles. — Ela me interrompeu quando chegamos em casa.
— Fazer o quê? — Indaguei abrindo a porta do carro e desembarcando.
— Nós vamos nos matricular na academia. — Ela disse e eu abri meu maior sorriso e já iria abrir a boca para bajulá-la, mas Samy levantou uma mão, me interrompendo. — E eu preciso de um carro, o Dave já tá me enchendo por dirigir o “neném” dele. — Fez uma careta e eu rolei os olhos, abrindo a porta de casa e subindo rapidamente para meu quarto.
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Jacob P.O.V.
Assim que desliguei a moto e corri para a casa dos Cullen – ainda bem que o cheiro já estava se tornando suportável, na medida do possível – escutei os passos de Renesmee, ela descia as escadas da casa rapidamente e logo se jogou sobre mim, me abraçando.
— Vocês se viram ontem, essa melação é exagerada. — A voz de Rosalie soou do andar de cima e eu rolei os olhos.
— Boa tarde para você também, loirinha. — Ouvi claramente ela rosnar e soltei uma risada, fitando Nessie que tinha um sorriso estampado no rosto.
— Vem. — Ela me puxou para fora.
— E a Bella e seu pai? — Eu perguntei e ela me repreendeu com o olhar por não falar “Edward”. O que eu posso fazer se certos hábitos nunca mudam?
— Estão em casa fazendo sei lá o quê. — Ela fez uma careta e eu gargalhei.
— Renesmee, você sabe o que eles estão fazendo. — Nessie me olhou com a vista estreitada, desafiando-me a dizer em alto e bom som. — Eles estão estudando! — Ela riu e eu passei meu braço por seus ombros. Senti um sorriso maroto nascer em meus lábios e sussurrei em seu ouvido: — Anatomia.
— OK! Que nojo! Sem mais detalhes! — Gritou histérica, obrigando-me a rir de novo. — Mas então, você realmente gostou de visitar os Denali? — Por incrível que pareça eu visitei um clã de vampiros.
No Alaska.
— Eles são simpáticos. — Admiti em um resmungo e ela rolou os olhos.
— Principalmente a Carmen, não é? — Se empolgou e eu concordei com sinceridade. — Ela é muito legal comigo, sempre foi, e você tem que ver as compras que ela, eu, a tia Alice e a tia Rose fizemos...
— O que você está me escondendo? — Interrompi, sentando-me na orla da floresta e puxando-a para meu lado. Nessie estava falando demais e ficava mexendo as mãos compulsivamente, o que significava que ela não queria tocar em algum assunto.
— Quê? Nada, Jake. — Ela já ia recomeçar a falar sobre compras, mas eu fui mais rápido.
— Quando você começa a tagarelar, mais do que o normal, é porque alguma coisa te estressou. — Afirmei, enrolando um cacho do seu cabelo em meu dedo. Ela soltou um suspiro. Hora de preparar meus ouvidos para um relatório.
— Entrou uma garota nova na escola. — Ela comentou e eu murmurei em consentimento. — Uma tal de Natalier. — Ela fez uma careta e eu suprimi uma risadinha, ela ficava linda irada. — Garota metidinha a gostosa. — Resmungou.
— Como assim? — Perguntei e Nessie bufou.
— Os garotos ficam babando ela, deve ser porque ela é carne importada. — Fui obrigado a rir do jeito que ela falou.
— Carne importada? — Ecoei.
— Brasileira. — Explicou.
— Me mostra ela. — Pedi e, rápido de mais, Renesmee bufou, levantando-se.
— Pra quê? — Perguntou com as mãos na cintura e uma pose severa.
— Ora, pra ver se eles estão precisando de um oftalmologista ou não. — Respondi.
— Eu não vou te mostrar ela! — Afirmou resignada.
— Como se eu fosse achar uma garota mais linda que você. — Falei e ela fez bico, puxei-a pela mão, acomodando-a novamente ao meu lado.
— Eu sei que não, mas não vou mostrar. — Resmungou e eu resolvi não insistir.
— O que te levou a ter esse ódio prematuro? — Indaguei divertido.
— Para de fazer piada Jacob. — Exigiu. — Eu só não fui com a cara dela, e nem ela com a minha, isso ficou muito óbvio pela educação com que ela me respondeu. — Ela tocou minha mão e a conversa das duas me foi passada, mesmo que sem nenhuma imagem da novata. Entendi o porquê das duas não terem se dado, Renesmee era mais geniosa que a própria Bella e odiava ser desafiada – mesmo que o desafio fosse coisa de sua cabeça – ou confrontada direta ou indiretamente e essa garota tinha feito tudo, e o pior é que não era coisa da cabeça da Nessie.
— OK, só não mate a garota. — Pedi e ela fechou a cara. — Sabe o que eu acho Nessie? — Falei completamente ciente de que estava cutucando a fera com vara curta, literalmente. — Você não gosta de concorrência.
— Diz uma novidade. — Pediu seca e eu rolei os olhos.
— E você está achando que ela pode te tirar a “Realeza”. — Resmunguei, ela sabia que eu não aprovava essa hierarquia adolescente que era presente na vida dos alunos de Forks e de tantos outros lugares. E eu sabia que isso era divertido para ela, por um motivo não entendível, mas era algo que deixava a vida dela movimentada. Pode parecer estranho, mas por um ano – desde a quase batalha com os Volturi – a nublada cidade e a reserva estavam anormalmente calmas.
— Ah Jake, eu sei que você não vai entender e que não vai adiantar eu tentar te explicar. — Ela disse indiferente e eu concordei. Alguns segundos depois nós viramos nossa cabeça na direção da floresta, de onde Bella e seu marido (ok, Edward) saiam e andavam até nós.
— Hey Jake. — Bella disse sorrindo para mim.
— Hey Bells. — Respondi e cumprimentei Edward com um aceno de cabeça. Pela cara dele ele vasculhava minha mente em busca de alguma pista do que eu havia feito com a filha dele, revirei os olhos e Bella o cutucou de leve, depois o repreendendo com o olhar. Edward Cullen era um pai ciumento demais. E isso que eu sou o melhor amigo da Nessie.
— Foi para a escola, Jacob? — Ele indagou seco e eu rolei os olhos.
— Sim. — Disse em tom monótono.
— Então você também deve ter tarefa pra fazer. — Edward comentou e eu suspirei, se ele não fosse pai do meu imprinting eu poderia até testar sua paciência, mas não era uma boa hora para isso. — E a Renesmee também. — Completou fitando-a, que rolou os olhos.
— Manda ele embora de uma vez. — Nessie resmungou e Bella e eu abrimos um sorriso.
— OK então, vaza daqui Black. — O sanguessuga falou em um tom “ameaçador”.
— Tchau Nessie. — Dei-lhe um beijo no topo da cabeça, levantando-me. — Tchau Bells. — Abracei-a e depois parei em frente ao meu futuro sogro, ele rosnou ao ler meus pensamentos e eu saí rindo da cara dele.
— Até que enfim, achei que o cachorro ia fazer casinha aqui. — A voz debochada de Rosalie chegou aos meus ouvidos.
— Que mau humor, loirinha! — Falei andando de costas, olhando a vampira oxigenada e ela rosnou ameaçadora. — O Emmet não dá conta do recado pra te deixar com esse mau humor? — Fui obrigado a sair correndo quando ela fez menção de avançar em mim, mas quando estava na moto mandei um beijinho pra ela, que soltou um gritinho histérico.
Acelerei em direção a La Push. Como havia chegado tarde ontem os meninos não tinham me visto, então era muito óbvio que eu levaria uma bronca digna de mãe. Se Bella ainda fosse humana diria que eu havia dirigido feito um louco, mas é legal dirigir feito um louco, o importante é chegar onde se quer chegar. Estacionei na frente da casa de Sue e já pude ouvir a balburdia lá dentro. Andei devagar e sem fazer barulho, aproveitei que todos estavam na cozinha e de costas para a porta para me encostar na soleira e ouvir a conversa.
— E o que é aquilo, Jesus! — Ouvi Embry dizer animado e sorri, meu amigo continuava mulherendo. — ‘Cês viram aquela bunda?! — Prendi uma risada com a onda de exclamações entusiasmadas.
— Eu estava ocupado vendo o sorriso dela. — Collin disse dramaticamente.
— Esse aí tem vocação pra dentista! — Seth zoou e desviou de uma batatinha jogada nele.
— Cala a boca, vai dizer que o sorriso dela não é bonito? E a gargalhada dela, então! — Collin continuou e eu balancei a cabeça negativamente. Bando de tarados.
— Ela é toda linda e ponto! — Paul falou.
— Espero que minha irmã não escute isso! — Falei sério, fazendo todos se sobressaltarem. — Ouviu Lahote? — Indaguei me fingindo de bravo e ele concordou.
— Fica tranquilo, cara. — Disse indiferente e depois Seth, Brady e Collin voaram em cima de mim com muitos “E aí Jake?”, “Visitou os sanguessugas?” e “Demorou cara!”, além de “Tem novidades na área!”.
— Calma! Eu sou só um! E estou com fome! — Ri deles e me aproximei da cozinha, fazendo o resto do pessoal torcer o nariz. — Tô com cheiro de vampiro né? — Perguntei desgostoso, fungando em meu ombro. — Essa coisa fica impregnada! — Reclamei e eles praguejaram enquanto concordavam. — E então, quem é a garota que fez o Collin querer ser dentista? — Indaguei curioso.
— Ah Jake, vai se...
— Olha a boca, pirralho! — Ralhei lhe dando um tapa em sua nuca, ele resmungou, mas ficou quieto.
— Ah, é a irmã do Dave. — Jared começou a contar enquanto olhava no relógio, provavelmente esperando a hora de ir ver Kim, o sogro dele também era linha dura. Sabe de uma coisa, agora que eu me toquei: Natalier!
— ? É esse o nome dela? — Perguntei indiferente.
— Como você sabe? — Embry perguntou espantado.
— Relaxa cara, é que a Nessie tava falando dela. — Disse e Seth abriu um sorriso.
— As duas se deram bem?! — Perguntou animado, coloquei a mão em seu ombro e neguei com a cabeça, com falso pesar.
— Sinto frustrar suas expectativas, pequeno Seth. — Os mais velhos riram do “pequeno Seth” e da careta que ele fez. Sim, eu adoro provocar os pirralhos.
— Sério que não? — Ele perguntou, ignorando os comentários e eu neguei, relatando o relato (frase estranha) de Nessie.
— Que pena. — Brady falou, mandando goela a baixo um dos bolinhos que Sue havia feito e deixado para nós.
— Mas então você já a viu. — Neguei novamente com a cabeça e eles franziram os cenhos.
— Nessie não quis me mostrar, como se eu fosse achar qualquer garota mais bonita que ela. — Disse e eles se entreolharam.
— Cara, que Kim não me ouça, mas essa irmã do David é um furacão. — Jared confessou me pegando de surpresa. Desde quando caras que sofreram o imprinting tem olhos para outras garotas?!
— Como assim? Jared, você teve um imprinting! — Relembrei como se falasse com uma criança e ele rolou os olhos.
— Nossa, havia me esquecido disso! — Retorquiu sarcástico.
— Mas quem sofre imprinting não olha para outras garotas. — Continuei e o vi dar de ombros.
— Essa garota é diferente, estranha. — Quil comentou.
— Como todos da família, deve ser algo genético. — Brady caçoou e nós rimos, realmente David não era o mais normal dos seres.
— É tão estranha que até a Leah gostou dela. — Me engasguei com o suco quando Paul falou isso e tive que receber alguns tapas de Quil para desengasgar.
— Quê?! — Perguntei sem ar, olhando para Seth, que concordou. — OK, essa garota é estranha demais. — Concluí confuso.
— Até para os padrões Natalier? — Embry perguntou e eu concordei.
— Fiquem de olho nela, que eu vou falar com Sam. — Avisei e deixei-os sozinhos e perdidos. Corri até a casa de Emily e Sam e avisei que estava chegando através dos “gritos” Quileutes. Logo Sam aparecia na varanda, me olhando de forma curiosa.
— Emily não está em casa, ela saiu com Claire. — Falou antes que eu perguntasse, assenti sentindo as perguntas recomeçarem a metralhar minha mente fervorosamente.
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P.O.V.
— Ah, o David vai pirar. — Cantarolei animada, observando o carro que minha maninha havia comprado e que estava estacionado no lado de fora do McDonald’s.
— Eu sei! — Ela falou rindo cúmplice para mim. — Mas me conta, o que você vai fazer em relação a tal Renesmee? A propósito, ô nomezinho estranho, não? — Comentou e eu concordei, desviando o olhar do Jaguar C-X75 concept prata, para minha irmã.
— Não vou fazer nada. — Falei bebendo um pouco mais do meu milk-shake, Samanta me olhou com uma expressão de peixe morto.
— Ah tá! — Falou rolando os olhos. — E eu sou o palhaço do McDonald’s! — Continuou e eu olhei para cima, entediada. — Conta vai! — Pediu manhosa e eu suspirei, concordando.
— Podemos dizer que Renesmee Cullen precisa de um choque de realidade. — Comentei cumplice.
— Uh, novidades nessa vida, graças a Deus. — Empolgou-se ela e eu não pude evitar sorrir, parecia que ela era mais nova que eu muitas vezes. — Mas agora você precisa de roupas para as aulas de luta, sua bunda cresceu uns dois manequins em dois meses. — Ela resmungou e eu gargalhei gostosamente.
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Saímos com as mãos cheias de sacolas da loja de artigos para esporte de Port Angeles e colocamos tudo no porta-malas e no banco traseiro do Jaguar, andamos mais um pouco e nós duas paramos ao ver um estúdio de tatuagem.
— E então? Você ainda não cumpriu sua promessa. — Comentei de uma forma falsamente desinteressada e ela riu, rolando os olhos.
— Alguém consegue te dizer não? — Samanta retorquiu e eu sorri, pulando animada e entrando no estabelecimento com pressa.
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Jacob P.O.V
— Não sei se isso é motivo para um alarde tão grande Jake, você sabe que os meninos nessa idade sentem-se atraídos por meninas bonitas, afinal você também tem 16 anos. — Sam me disse e eu bufei irritado.
— Sam, desde quando um garoto que sofreu imprinting acha outra garota “um furacão”? — Indaguei e vi meu antigo alfa coçar a nuca, confuso.
— Nós conhecemos o David, sabemos que eles são misteriosos, mas confiáveis, essa garota não passa de uma humana que se daria muito bem como modelo. — Ele respondeu e eu fiz cara de tacho.
Para sua informação, piadas não nos salvam em 100% dos casos, Sam. Apenas em 98%.
— Mas...
— Façamos assim, então. — Sam me interrompeu e eu prestei atenção no que ele falaria. — Iremos ficar de olho nessa , e eu também ficarei observando as reações dos meninos com imprinting perto dela, se eu perceber alguma coisa, eu te comunico e nós tomamos uma decisão, ok? — Sugeriu e eu concordei.
— Mas qualquer coisa você tem que me informar. — Falei firme e observei-o concordar.
— Pode confiar Jacob. — Ele estendeu a mão e eu a apertei. — Agora eu acho melhor você ir ver seu pai, Billy está quase surtando. — Comentou e eu concordei, sabendo que em parte era verdade e em parte era uma desculpa porque ele sabia que Emily já estava voltando.
Saí da casa e resolvi caminhar pela praia antes de ir para minha casa, quando dei por mim, meus pés já estavam embrenhados na trilha que levava ao penhasco.
Quando finalmente cheguei ao topo do penhasco, suspirei, sentindo o vento açoitar com força minha pele e meus cabelos curtos, a imensidão azul e cinza fazia com que eu me sentisse completa e pateticamente indefeso e pequeno.
“As coisas estão calmas demais.”, pensei enquanto me aproximava mais do precipício que dava diretamente nas ondas do mar que estava em uma ressaca brava. “As coisas vão mudar e algo me diz que os Natalier tem algo a ver com isso.”
Estava decidido, era hora de visitar um velho e querido amigo: David Natalier.
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Parei meu novo “xodó”, um Sandero Stepway preto – é claro que meu Rabbit continuava a ser utilizado, até com mais frequência, mas o xodó eu havia comprado com meu salário do trabalho na oficina, e era meu orgulho – em frente a casa nada modesta de Dave.
Desci do carro e nem o travei, ninguém é louco o suficiente para roubar um carro de um dos garotos misteriosos das “gangues” de La Push. Fui obrigado a rir por causa desse pensamento antes de bater na porta da casa. Um cheiro extremamente embriagante tomou conta de meu olfato, um cheiro doce, mas não enjoativo com o dos vampiros, um cheiro floral, mas ao mesmo tempo natural, como se saísse da floresta. Tenho certeza que não era um perfume e também não era um cheiro humano.
Fui arrancado dos meus devaneios pelo barulho da porta sendo aberta e pela visão de David me olhando com curiosidade.
— Jake? — Perguntou antes de me cumprimentar com um toque de mãos. — Não sabia que você já tinha voltado. — Comentou abrindo mais a porta para que eu passasse, o fiz e sentei no sofá da sala de estar da casa.
— Ah, voltei ontem. — Disse vendo-o sentar-se ao meu lado.
— Como foi a viajem? — Perguntou curioso.
— Bem legal. — Respondi evasivo e ele concordou com a cabeça. — Mas eu vim aqui para falar com você, Dave. — Soltei e ele franziu o cenho.
— É algo sério? Importante? — Inquiriu, ajeitando-se no sofá.
— Mais ou menos. — Falei e ele arqueou as sobrancelhas impaciente, incentivando-me a continuar. — Você tem noção das coisas que se passam aqui em La Push e em Forks, não é? — Soltei e o vi ficar um pouco tenso, o coração acelerando levemente.
— Bem, eu sei que as coisas aqui não são muito normais, mas eu não me meto, se for para vocês me contarem, vocês contarão por vontade própria. — Afirmou e eu concordei, intimamente satisfeito com sua resposta. — Mas por que você está me perguntando isso? — Indagou e eu dei de ombros, não poderia simplesmente dizer: “estou desconfiado de sua irmã mais nova e, se por algum acaso, eu saber de qualquer coisa que há de errado com ela, você não vai ser mais irmão mais velho de alguém”, isso seria antiético e muito, mas muito estranho.
— Nada não, só para constar. — Levantei-me e Dave fez o mesmo.
— Ok, então. — Falou desconfiado e me acompanhou até a porta. — Ah, qualquer dia desses, eu vou convidar todo mundo para vir jantar aqui em casa, daí você aproveita para conhecer minha irmã mais nova. — Contou e eu concordei, não podia negar que estava ansioso para conhecer essa garota. — Ela é um doce de garota. — Ele disse irônico e fez uma careta, obrigando-me a rir antes de sair da casa.
Entrei no meu carro e já iria dar a partida quando uma brisa trouxe o cheiro que impregnava a casa novamente até mim. Aquele cheiro ao mesmo tempo em que aguçou meus sentidos, me deixou em um torpor prazeroso. Balancei a cabeça, tentando voltar a mim e dei partida no carro. Natalier, você não será um problema, será?
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P.O.V
— Satisfeita? — Samanta indagou falsamente azeda quando eu saí da salinha reservada e fui em direção ao caixa.
— Parcialmente. — Retruquei, sorrindo para o garoto que estava me cobrando o valor da tatuagem.
— Ah, isso me alivia. — Ela sorriu sarcástica. — Pelo menos parcialmente. — Fui obrigada a rir, minha irmã era rápida para retrucar. — Mas agora vamos, porque você tem que dormir cedo para ir para a aula e depois todos aqueles compromissos que eu não vou ficar repetindo que nem uma papagaia. — Falou monotonamente e eu concordei, pegando o troco e saí acompanhando Samy.
— Claro, mas primeiro eu como um biscoito e tome leitinho quente, não é? — Zoei e ela concordou, pulando para dentro do Jaguar e eu fiz o mesmo, quando senti o couro bater contra minha bunda, meu celular tocou e vibrou e eu o atendi rapidamente.
— Até que enfim minha filha! Achei que o avião tinha caído e você morrido, se esqueceu de me ligar foi? — A voz de Déborah soou em uma cobrança do outro lado.
— Nos ligar, Déborah Shaw, não finge que eu não estou aqui, sua vadia. — Duda ralhou e eu ri, a mania dos apelidos carinhosos haviam mesmo pegado.
— Ah, tanto faz, mas e então? Conte-nos tudo, não esconda-nos nada! — Exigiu e eu rolei os olhos.
— MSN quando eu chegar em casa, beijo! — Falei e desliguei imediatamente.
— Ela vai brigar com você por ter desligado. — Samy cantarolou, virando uma curva particularmente fechada.
— É eu sei. — Foi só eu dizer isso para que uma mensagem chegar.
“Acho bom à senhorita ter novidades que prestem, ou eu vou te dar a maior bronca por ter desligado na MINHA CARA, ok?”
— Dá para acelerar, se eu não falar com as duas rapidamente, é bem capaz de elas pegarem um avião e virem para cá. — Comentei rindo e minha irmã concordou, entendendo o recado e pisando fundo. É por isso que nós duas amamos carros esportivos.
Quando já estávamos quase em casa, um carro preto cruzou velozmente nosso caminho, deixando um cheiro amadeirado para trás, cheiro esse que prendeu minha atenção até eu ouvir Samanta me chamando, dizendo que havíamos chegado. Pulei do carro e voei para o meu quarto, pegando meu notebook e me jogando na cama, esperando o MSN conectar e, antes mesmo que eu tivesse a certeza de que estava online, Déborah já me chamava insistentemente e me obrigava a ligar a webcam e contar detalhe por detalhe do meu primeiro dia na escola.
— Que puta mal comida! — As duas exclamaram juntamente e eu joguei a cabeça para trás, gargalhando.
— Tive a mesma impressão. — Disse e as minhas duas amigas crisparam os lábios, se entreolhando.
— E o que você vai fazer? Ficar só no bate boca? — Duda perguntou inclinando-se na direção da tela, como se fosse perguntar algo ultrassecreto.
— Claro que não, não é? — Déhh intrometeu-se, puxando-a para trás novamente e rolando os olhos, fixando seus olhos verdes em mim, como se me incitasse a continuar.
— Provavelmente a Déborah está certa. — Falei indiferente e as vi franzir o cenho.
— Provavelmente? — Deby ecoou. — Você não está em perfeitas condições mentais, . — Constatou com falso pesar e foi minha vez de rolar os olhos.
— Com certeza estou melhor que você. — Retorqui, mas fui obrigada a franzir o cenho quando pensei ter escutado um barulho estranho vindo da cozinha. — Tenho que desligar. — Avisei me sentando.
— Não se atre... — Antes que elas acabassem a frase eu havia fechado o notebook e avançado silenciosa e velozmente até as escadas, descendo-as e parando ao ouvir o que parecia ser uma discussão entre os meus irmãos, o que era estranho, já que eles muito raramente brigavam entre si.
— Eu não acho isso certo, Samanta! — Dave pronunciou secamente e ouvi minha irmã soltar um suspiro.
— E o que você quer que eu faça? — Indagou quase em um rosnado.
— Não sei, Samanta, mas isso está mais do que perigoso! — Ele retorquiu e eu resolvi entrar na cozinha.
— O que está mais do que perigoso? Por que vocês estão discutindo? — Perguntei diretamente e eles trocaram um rápido olhar.
— Estamos discutindo porque seu irmão não gostou de saber que você tem uma tatuagem. — Samy disse tranquilamente, mas não me convenceu, eu franzi o cenho para ela, incomodada.
— E desde quando ele acha isso perigoso? — Repeti, cruzando os braços e os encarando firmemente.
— Desde que você fique muito autossuficiente para uma adolescente. — Ele retrucou, se levantando e saindo da cozinha, subindo as escadas. — Boa noite. — Resmungou antes de sumir do meu campo de visão.
— Ah, eu também vou dormir. — Samy disse após um tempo me encarando e eu afirmei com a cabeça, ela veio até mim e me beijou o rosto. — Tem comida no forno. — Avisou e também sumiu escada a cima. Bufei impaciente, odiava quando alguém me escondia algo, daria meu jeito de descobrir e não seria perguntando.
Fitei o forno sem nenhuma fome e resolvi ler um pouco, então fui até a biblioteca e peguei um livro qualquer, um livro que já havia sido recomendado a mim, mas que eu nunca encontrei tempo para ler, Sonhos de Uma Noite de Verão, do meu tão estimado Shakespeare.
Encaminhei-me até a sala de estar analisando a capa e a grossura do livro, afundei meu corpo no sofá macio e estiquei minhas pernas, abrindo o livro e puxando o ar profundamente. Péssima ideia. Um cheiro extremamente bom invadiu meus sentidos, me deixando imediatamente desnorteada. Um cheiro que não provinha de nenhum perfume ou de alguém dessa casa, eu tinha certeza. Era um cheiro natural, amadeirado, convidativo, calmante...
OK! Agora é oficial! Estou precisando fazer terapia! Tudo bem que meu olfato – assim como todos os meus outros sentidos – sempre foi ótimo, acima da média, na verdade, mas nunca um cheiro havia me trazido tantas sensações.
Inconscientemente farejei o tecido do sofá, aspirando mais daquele cheiro embriagante e reconfortante, mas algo me arrancou dos meus devaneios. Infiltrado no cheiro que me fazia voar estava um cheiro doce e irritante, cheiro esse que me fez sentir incomodada, como se estivesse me metendo em alguma coisa que não deveria ser modificada, interrompida.
Pulei do sofá no mesmo instante, me afastando dele imediatamente. O que era aquilo?! Que sensação era aquela?! Eu senti apenas um cheiro, por Deus, é só um cheiro! Aquilo martelava em minha cabeça, mas a sensação de intromissão não me abandonava. Em uma tentativa de me livrar daquilo, corri para a piscina e me sentei em uma das espreguiçadeiras que havia ao redor dela.
O que está acontecendo?!
Meu Deus, será que as coisas não podem melhorar ao invés de piorar, não? Eu só posso estar maluca, desde quando eu sinto um cheiro e sei a quem ele pertence ou não.
— Arg! — Soltei e senti o vento ricochetear e trazer aquele bendito – sim, o cheiro é bom demais para ser maldito – cheiro novamente e ricochetear em mim com força, as folhas que caíram das árvores começaram a flutuar com a força do vento e um trovão cortou os céus. Inspirei profundamente e, por baixo do cheiro tão atípico, eu senti o cheiro da chuva, o que me acalmou um pouco, eu adoro o cheiro da chuva.
Suspirei e me levantei novamente, com o livro em baixo do braço e entrei em casa, fechando a grande porta de vidro que dava para o jardim de trás e fechando as cortinas, subindo para meu quarto. Tirei meu notebook da cama e minhas roupas, jogando-as em um canto qualquer do quarto e abri meu closet, peguei uma camisa de malha larga e coloquei, ficando apenas de calcinha e camisa e me joguei na cama, tentando esvaziar minha mente a todo o custo. Mas aquele cheiro ainda estava impregnado em minha mente.
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Alguém berrava em algum lugar longe de mim, ao que eu apenas afundei-me mais em algo fofo e ignorei, mas aí algo gelado foi jogado em minha barriga, o que fez eu me sobressaltar.
— Mas que mer... — Interrompi-me ao ver que Samanta esfregava gelo em minha barriga.
— Faltam vinte minutos para começar a aula! — Avisou e eu pulei da cama, mas me enrosquei no lençol e caí no chão, fui engatinhando mesmo para o banheiro.
— Arruma uma roupa! — Gritei escovando meus dentes rapidamente.
Em menos de três minutos – bati meu recorde! – eu estava descendo as escadas praticamente voando, e indo até a cozinha, peguei duas barrinhas de cerais e voei para o Jaguar, que arrancou velozmente.
Arrumei minha roupa e respirei aliviada, 15 minutos, do jeito que minha irmã pisa fundo eu não chegaria atrasada.
— Essa foi por pouco. — Consegui balbuciar e Samanta riu, diminuindo um pouco para virar uma curva, mas logo retomando a velocidade.
— Seu choque de realidade começa hoje? — Perguntou interessada e eu sorri torto.
— Provavelmente. — Concordei.
— Boa sorte. — Comentou e depois crispou os lábios. — Não é como se você fosse precisar. — Completou e eu concordei.
Assim que o carro parou no portão da Forks High School eu pulei e escutei o sinal soar, despedi-me e corri para dentro, arrumando minha mochila no ombro.
— Ah, o Dave te busca hoje. — Escutei a voz de minha irmã, mas não lhe dei bola.
— Até que enfim! — Heloísa exclamou quando me viu e eu lhe beijei rapidamente a face. — Amiga, a Renesmee vai te odiar se você continuar assim. — Ela avisou e eu rolei os olhos.
— Você não sabe das últimas. — Afirmei e ela pareceu se empolgar.
— Me conta! — Exigiu e eu neguei, caminhando rapidamente até nossa sala de aula.
— Depois. — Garanti e ela bufou, abrindo a boca para protestar enquanto jogava a bolsa em cima da mesa, mas para minha sorte a professora chegou, fazendo a ruiva bufar novamente ao meu lado.
— Bom dia turma. — A professora disse. — Hoje nós faremos um cartaz bem bonito sobre a Segunda Grande Guerra. — Ela avisou e eu franzi o cenho enquanto um burburinho tomava conta da sala, parecia que ela falava com uma turma da primeira série. — Para não perdermos tempo eu já sorteei os trios em casa. — Mais burburinhos, dessa vez reclamações por não podermos escolher com quem faríamos. Mas eu ignorei, não faria diferença mesmo.
Logo ela começou a falar os trios, que se organizavam, mas ao perceber que só restavam três alunos, eu parei de mexer em uma mecha de meu cabelo e deixei a perplexidade tomar conta de minha face.
— Renesmee, Joshua e . — A professora disse e nós duas nos olhamos.
— Não pode mudar?! — Falamos ao mesmo tempo e a professora nos olhou, repreensora, e negou, voltando-se para os papeis em sua mesa logo em seguida. Bufei e fui resmungando em português até Josh, que já havia arrumado uma das mesas para nós sentarmos, logo a Cullen sentou-se em minha frente e nós duas cruzamos os braços, bufando e fuzilando a outra com o olhar.
— Vocês parecem o espelho uma da outra. — Joshua comentou, visivelmente impressionado.
— Calado. — Dissemos em uníssono e ele prendeu uma risadinha.
Sou obrigada a admitir que essa garota é inteligente – e acredite, isso é um elogio e tanto vindo de minha pessoinha – e o nosso trabalho ficou espetacular, não trocamos mais de meia dúzia de palavras, Josh era o interlocutor e piadista do trio – piadista sem graça, tenho que apresentar o Seth, o Embry, o Quil, o Brady e o Collin para ele.
EPA! PAROU! Momento Quileutes invadindo minha cabeça!
Balancei levemente a cabeça e soltei uma risadinha, percebi que os dois me olharam, mas não perguntaram o motivo dessa reação. Quando o sinal tocou, anunciando o fim da aula dupla, o nosso grupo era o único que havia acabado completamente o trabalho. Oh gente lerda essa, pelo amor de Deus.
O dia passou rapidamente e logo os dois últimos tempos chegaram, que seriam de Educação Física. Ainda bem que eu já tinha arrumado minha bolsa antes de dormir, então eu trouxe a roupa para essa aula. Encontrei Heloísa quando saí da aula de literatura e nós seguimos até o ginásio.
— Ok, segundo ano, vão se trocar, vocês não são mais crianças para que eu fique relembrando isso toda aula! — A professora exclamou seca e logo nós entramos nos vestiários, peguei o armário ao lado do da Helo – que por sorte estava vazio – e me troquei rapidamente, assim como as outras garotas, coloquei uma legging, um top e uma blusa um pouco mais folgada por cima e amarrei meus cabelos.
— Você vai cansar. — Heloísa falou quando percebeu minha empolgação.
— Não costumo me cansar fácil, não. — Garanti saindo do vestiário com ela atrás de mim. — Eu gosto de fazer exercícios. — A ruiva fez uma careta que fez eu me lembrar de Déborah.
— Credo, eu já estava com a impressão que o Sol que faz no Brasil tinha afetado seus neurônios, mas isso acabou de virar uma certeza. — Ela resmungou, eu me virei para ela “braba”, mas Helo fez uma cara de santa tão fajuta que me obrigou a rir. Um apito soou, parecia que até o apito daquela mulher era impaciente.
— Vôlei! — Foi a única coisa que ela gritou e em seguida duas pessoas já escolhiam o time. Fiquei contra Renesmee – isso é a única coisa que eu posso dar de referência – para nooooooooooooooooooossa alegria! OK! Júlia, eu te odeio por ter me mostrado esse vídeo.
Nós estávamos perdendo... E eu odeio perder. Simples assim. A Cullen estava me encarando de um jeito... Estranho. Analisando-me friamente. Ou sou só eu ficando paranoica?
Minha vez de sacar, a idiota estava no meio, prontinha para receber a bola e me olhando de um modo esnobe. Não sei o quê me deu, mas antes da professora apitar, eu saquei. Com força. Rápido. Certeiro. Sorri, seria impossível ela pegar.
Mas ela pegou! Vadia! Como? Isso é humanamente impossível, ela foi rápida demais! Renesmee recebeu com uma manchete perfeita, mas caiu com o impacto e me olhou assustada, como se fosse impossível algo derruba-la. Estreitei meus olhos, mas antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, a professora Hating apitou, encerrando a aula.
— Todos para o vestiário! — Ela ordenou seca, me olhando. — Menos você mocinha. — Cerrei os punhos e trinquei os dentes, andando até ela, que me chamava com o dedo. — Você ouviu o apito, Natalier?
— Não, professora. — Resmunguei quando ela exigiu a resposta com seus olhos azuis.
— Então por que você sacou? — Rosnou e eu abri a boca para responder, mas a velhota foi mais rápida. — Porque você é uma idiota, isso sim, não é porque você é novata que pode fazer tudo o que quer! — Exclamou exaltada.
— Desculpe, professora. — Resmunguei, sentindo a raiva me dominar.
— Desculpe? Ah, eu vou te desculpar depois d você organizar todos os materiais da aula. — Falou e me deu as costas, saindo do ginásio.
E o que eu fui fazer? Ah, claro, organizar todos os materiais! Resmungando, xingando, chutando, rosnando... Morrendo de raiva. Renesmee idiota.
— Uh, arruma direitinho. — Só falar no diabo que ele mostra o rabo. Virei rapidamente para ela, que tinha os braços cruzados cobertos pela blusinha de marca dela e um sorrisinho idiota.
— Tudo que eu faço, eu faço direito. Sinto muito se você não pode dizer o mesmo. — Retruquei, também cruzando os braços e fincando minhas unhas na minha própria pele para não atacar aquela patricinha.
— Ah, você não sabe o que diz. — Afirmou em tom de falso pesar. — Bom, eu vou indo. — Falou e deu um tchauzinho hipócrita para mim, dando-me as costas.
Em quantos idiomas eu a xinguei? Não faço ideia. Mas logo eu havia acabado e me dirigi para o vestiário. Heloísa havia ido se despedir e me oferecido carona, mas eu recusei, sabia que Samy já devia estar me esperando no estacionamento. Helo não protestou e foi embora.
Entrei no vestiário e abri meu armário que estava... Vazio. PUTA QUE PARIU! Que merda! Cadê minha roupa?! Eu amo aquela jaqueta de couro que eu comprei em Veneza com um desconto de 30%! Ok, estou parecendo uma velha ranzinza que sabe o preço de tudo, mas eu amo aquela jaqueta.
Suspirei, e revirei todo o vestiário. Nada. Minha cabeça estalou.
Renesmee. Ok, eu não posso acusar alguém por nada, mas minhas suspeitas são essas. Resmungando mais ainda eu saí do ginásio, sem nem tomar banho, e fui em direção ao estacionamento, louquinha para esse dia acabar de uma vez. Cheguei ao estacionamento que estava completamente vazio. Vazio.
OK! HOJE É SEXTA-FEIRA 13 E EU NÃO TÔ SABENDO? EU QUEBREI UM ESPELHO HOJE DE MANHÃ? PASSEI DE BAIXO DE UMA ESCADA? VI UM GATO PRETO? QUE DROGA!
Procurei meu Nokia Lumia azul e branco na bolsa e logo o achei... sem carga. Agora é oficial. Alguém vai morrer.
— Calma . Respira fundo, logo alguém chega. — Murmurei para mim mesma e me sentei no meio fio.
Cinco minutos...
Dez minutos...
Quinze minutos...
Desisto de esperar, não é como se Forks fosse um protótipo de Nova York, nem como se esse alfinete de cidade oferecesse algum perigo e eu já tenho quase 16 anos. Me levantei e tirei a poeira da minha calça legging. Tudo bem que a minha roupa é mais colada do quê queijo na frigideira (da onde eu tirei isso?), mas tudo bem.
Por que eu não aceitei a carona da Helo, mesmo? Ah sim, é porque eu achava que minha irmã me amava.
Saí para a rua e logo tomei meu caminho, não é difícil chegar a minha casa, não que ela seja próxima da escola, mas não precisa entrar em muitas ruas. Só caminhar... Muito, muito mesmo. Assim que entrei na La Push Rd escutei um trovão.
Alguém lá em cima me ama... Muito. Acelerei o passo e em meia hora estava em casa, meu caminho sendo “sonorizado” por trovões que estremeciam tudo a minha volta. Entrei no pequeno caminho que levava a minha casa. Tudo apagado. Estranhei. Nenhum carro na garagem. Estranhei mais ainda. E EU NÃO TENHO CHAVE! Ok, nem perdi meu tempo, girei nos calcanhares e fui pisando duro em direção a La Push, com um único pensamento: casa do Seth, ai vou eu.
Mas assim que coloquei meus pés na rodovia em que estava andando há cinco minutos um outro trovão soou e uma chuva despencou dos céus. Não uma chuvinha. Era quase um diluvio. Eu pedi intimamente pela Arca de Noé, mas ela não virou a curva e apareceu na minha frente magicamente. Droga. Agora é oficial, vou matar alguém.
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— SETH! — Berrei a plenos pulmões e em menos de cinco segundos o índio gato e novinho estava em minha frente, sem camisa e ficando todo molhado com aquela chuva. Mas eu só captei o sem camisa, obviamente.
— ? — Assustou-se e correu até mim, me envolvendo em um abraço, esquentando-me. — O que você está fazendo aqui? E toda encharcada! — Exclamou e me empurrou para dentro de sua casa, correndo para buscar duas toalhas para mim. Agradeci e comecei a me secar.
— Meus irmãos desnaturados me esqueceram. — Consegui balbuciar, não é como se eu sentisse frio, mas aquela água gelada incomodava um pouco. — Meu celular tá sem bateria. — Continuei e percebi que o pirralho – gato – prendia a risada. — Andei até em casa. — Ele arregalou os olhos e gargalhou. — Mas não tinha ninguém. — Rosnei. — E eu não tenho chave! — Completei em um grunhido, arrancando a minha camisa que estava colando, fazendo Seth calar a boca imediatamente, e fiquei só de top. — Quê? — Fiz-me de desentendida e jurei que o vi corar, o que é difícil perceber pelo alto bronzeado dele. — Daí eu andei até aqui e peguei esta garoa. — Indiquei a chuva lá fora com sarcasmo, mas acho que ele não prestou muita atenção... porque ele tava ocupado encarando meu torso! Que cachorro! Agarrei uma toalha rapidamente e ele pareceu despertar.
— Ah... Eu vou pegar uma camisa pra você! — Balbuciou antes de correr para o corredor e sumir em uma das portas, para instantes depois voltar com uma camisa sua. — Desculpe, mas a Leah me arranca o couro se eu entrar no quarto dela. — Justificou e eu peguei sua camisa.
— Sem problemas. — Disse sincera, eu adoro usar camisas masculinas, eu tenho uma coleção das camisas dos meus amigos e até das do meu irmão, enquanto me vestia. — Seth, você se importa se eu usar o telefone? — Perguntei, já tinha localizado um telefone fixado na parede e o garoto apenas concordou. Fui até o telefone e disquei rapidamente o número de David.
— Alô. ¬— O energúmeno falou ao terceiro toque.
— David Natalier! — Rosnei e o escutei engolir em seco.
— Ah, oi maninha, já tá em casa? — Ele indagou.
— Você sabe a resposta e você sabe onde eu tô. — Continuei, batendo de modo ritmado o pé no chão. — Onde você está? — Indaguei.
— Er... Em Seattle. — Engasguei.
— E POR QUE VOCÊ ME ABANDONOU NAQUELE ESTACIONAMENTO?! — Berrei e acabei assustando o pobre Seth, pedi desculpas com um olhar e ele acenou positivamente, mordendo o lábio para evitar uma gargalhada.
— Calma! Eu ainda não sou surdo! — Retrucou. — Uma amiga sua foi falar comigo e disse que você ia com ela porque estava de castigo. — Ele começou e eu estreitei os olhos.
— Que amiga? — Perguntei seca.
— Uma com apelido estranho... Nessie, eu acho que é isso... — Desliguei o telefone em sua cara e me controlei para não socar a parede de madeira.
— ... — Seth começou, mas eu ergui uma mão e caminhei até a varanda, me controlando. Tentando controlar a raiva. Meu corpo inteiro tremia e Seth me olhava apreensivo. Mas parecia que alguém além dele também me observava... — Você está bem? — Indagou, tirando-me dos meus devaneios, mas meus olhos insistiram em tentar achar algo na mata. Nada.
— Se estar com raiva é estar bem, eu estou ótima. — Respondi. — Renesmee? Sinto informar que nós não somos amigas... Muito pelo contrário. — Informei e Seth coçou a nuca.
— Ela é geniosa mesmo. — Comentou e eu sorri sarcástica.
— Desculpe Seth, mas essa Renesmee é uma... — Mordi o lábio e Seth arqueou as sobrancelhas. — Vou falar em português, ok? — Ele riu e eu dei um meio sorriso.
— Quer que eu te leve para a casa? Minha mãe tem uma cópia da chave, ela limpa lá para o David de vez em quando. — Ele sugeriu e eu dei de ombros.
— Sabe dirigir? — Perguntei desafiante e o Clearwater deu um sorriso de canto.
— Mas ainda não tenho carteira. — Advertiu.
— Não me importo, desde que não capote e ande rápido. — Falei e nós entramos em casa, peguei minha mochila e ele nos encaminhou até a garagem. — Tá brincando né?! — Exclamei encantada. — Um Camaro?! — Perguntei de modo bobo, o Camaro preto antigo, mas extremamente conservado, brilhava a meia luz da garagem.
— Entende de carros? — Espantou-se e eu arqueei uma sobrancelha para ele.
— 1969, original, mas teve um belo trato. Estou certa? — Ergui o olhar pra Seth, que concordou sorrindo.
— Leah comprou, ela é gerente no banco de Forks. — Falou. — Mas hoje está de folga. — Continuou e eu concordei. — Ela tava a fim de tunar o carro. — Ele disse e meu sorriso aumentou.
— Pode contar comigo. — Comentei andando até a porta da garagem e a abrindo para dar passagem à relíquia a minha frente. Assim que fechei a porta da garagem, meu olhar foi atraído para a mata e meu estômago afundou. Um par de grandes olhos negros me fitava, brilhando intensamente. Uma parte sã de minha consciência queria me convencer de que era imaginação, mas não podia ser. Era real demais para ser alucinação.
— ! Entra! Você vai se molhar de novo! — Seth me acordou novamente e eu abri a porta do carro, entrando nele ainda atordoada. — O que houve? — Indagou preocupado e eu voltei meu olhar para o mesmo lugar de antes, não havia mais nada lá. Pelo menos não a vista.
— Existem animais selvagens nessas florestas? — Soltei antes que pudesse me controlar e senti o garoto ao meu lado se retesar, ficando tenso.
— Sim, mas eles não se aproximam das casas, por quê? — Neguei com a cabeça, não querendo preocupar Seth.
— Nada, podemos ir? — Pedi. Ele me fitou por mais um tempo antes de dar partida no carro.
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Jacob P.O.V
Minha ronda tinha acabado há pouco, mas eu não havia voltado a minha forma humana, na verdade eu corria até a casa de Seth. Precisava falar com aquele pirralho sobre as notas da escola dele, mudar seu turno de ronda para que a escola não fosse afetada. Ócios do oficio, como diria Sam, coisas de Alfa.
Quando estava chegando me preparei para voltar a ser humano, mas algo prendeu minha atenção. Aquele cheiro. O odor que estava grudado na mansão dos Natalier. Será que eu finalmente conheceria a famosa ?
Andei lenta e silenciosamente até a orla da floresta, sentindo meu sistema nervoso esbaldar-se naquele perfume, mas me obriguei a ficar “lúcido”. Agucei meus ouvidos – mesmo que não fosse necessário – e ouvi uma conversa. Seth conversava com uma garota, que estava raivosa, mas mesmo raivosa a voz dela era linda. Muito melhor do que a dos vampiros até. Tinha um tom firme, mas não deixava de ser doce.
Ouvi o nome de Renesmee e imediatamente isso me incitou, ela falava com alguém no telefone... David. E ele estava levando uma bronca daquelas! Já estava prestes a me transformar para entrar naquela casa quando escutei passos duros e em seguida uma silhueta vir para a varanda. Mas no instante em que pus meus olhos naquela silhueta, minhas patas não sustentaram mais o peso do meu corpo e eu caí deitado, de modo patético.
Só ela poderia ser a tal . Agora eu entendi o que os garotos disseram. Ela era... Uau. Sem palavras. O corpo estava parcialmente escondido por uma camisa preta de Seth, mas mesmo assim dava para perceber que ela tinha um corpo escultural. Os cabelos eram de um castanho escuro, quase negro, que caia em grandes ondas até a cintura, mesmo que molhados. O rosto com bochechas rosadas e marcadas, os lábios cheios e os olhos...
Castanhos, mas com um tipo de contorno em azul. Aqueles olhos me fizeram sair da Terra em uma velocidade incrível e algo dentro de mim fez meu coração acelerar e espalhar com muito mais velocidade a adrenalina por minhas veias. Tudo sumiu da minha mente. Era apenas ela. Sem mais alguém, sem mais alguma coisa. Como se o mundo acabasse e só restássemos nós dois.
Em segundos – pelo que me pareceu – ela havia sumido e um vazio tomou conta de mim. Um ganido baixou escapou por minha garganta e tentei me levantar, mas as reações recentes me impediram de fazer isso. Mas logo ela estava de volta, abrindo a porta da garagem para que o Camaro de Leah pudesse sair. E dessa vez seus olhos focalizaram os meus e minhas patas tomaram vontade própria e eu avancei, mas algo me refreou – ainda bem – e eu consegui parar, porém cedo demais ela entrou no carro e Seth avançou.
Corri, algo dentro de mim necessitava saber que ela chegaria bem em casa e eu o fiz, acompanhando silenciosamente o carro que a levava para casa. E Seth sumiu com ela pelo caminho que levava até a mansão e eu fiquei lá. Parado. Desejando poder estar naquele carro... Sozinho... Com ela.
Eu poderia entrar lá, não? Dizendo que queria falar com Dave, e ficar esperando... Ela me mandaria entrar, acho. Só que antes disso algo me ocorreu. Renesmee, e eu me senti imundo por pensar em outra garota mesmo que Nessie fosse meu destino.
O que era aquilo? Só porque eu estava feliz essa garota teve que vir para cá! Só para me confundir! Abanei a cabeça e dei meia volta e, antes que pudesse perceber – já que a maldita (?) morena povoava meus pensamentos –, eu estava em forma humana e entrando na casa de Sam.
— Jake? — Espantou-se, desviando o olhar da TV que estava em um canal de esportes e me olhando. — Jacob! O que houve?! — Pela expressão dele o meu estado de choque não era só interno. Deixei-me cair pesadamente ao seu lado, minhas pernas já não davam conta do meu peso mesmo. Fiquei assim por longos minutos, olhando o nada e Sam me olhando, já começando a ficar impaciente. — Jacob, eu estou ficando preocu... — Antes que ele completasse a fala, eu o interrompi:
— É possível eu sofrer dois imprinting?
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N/A: Pois é meninas!!!! Estou aqui de novo, super feliz pelos comentários que eu recebi. Vocês não tem ideia de como é legal ver o pessoal do TFI gostando da fic...
Bem, não é meu estilo ficar enrolando exageradamente para os acontecimentos. E podem dizer que eu sou muito boazinha, segundo capítulo já com um “imprinting”! Mas será que é imprinting mesmo? Well, esperemos para o próximo capítulo...
Beijos e vocês já sabem, né? Comentem!
CAPÍTULO 3
Hello World!
Sam me olhou espantado e a cor logo fugiu de seu rosto, dando-me a resposta que eu não (?) queria. Sim. E isso, definitivamente, não era bom.— Quem? — Ele soltou em um fio de voz.
— Adivinha? — O olhei significativamente.
— ? — Chutou com os olhos cerrados, temendo a resposta. Só o seu nome já me aqueceu e me reconfortou, não precisei dizer nada e Sam já estava de pé, andando de um lado para o outro. — Precisamos convocar o conselho e...
— Não! Sem conselho Sam! Só você pode saber! Eu confio só em você! — Exclamei irritado com aquela mania de conselho que ele tinha. — E eu sei que você pode me dar a resposta, não é?! — Indaguei firme e ele suspirou, concordando.
— Mas... eu não sei como explicar. — Confessou, sentando-se novamente.
— Isso não ajuda. — Retorqui seco.
— Eu só posso dizer por enquanto que é mais que um imprinting. — Ele disse e um arrepio perpassou meu corpo.
— Mais? — Espantei-me e o vi concordar. — Fudeu. — Murmurei e Sam soltou um risinho.
— Sou obrigado a concordar. — Segredou e nós dois suspiramos.
— Por que isso só acontece comigo, mesmo?
Hello World!
P.O.V
Hello World!
Pelo menos eu consegui entrar em casa e logo Samy chegou para me levar até Port Angeles, perguntei o que David estava fazendo em Seattle e ela mudou de assunto. Eu, hein. Depois de todas as atividades esportivas desse dia eu estava detonada, então só tomei um banho e fui fazer minhas tarefas. Mas algo não saia da minha mente...
Eu não delirei, não sonhei, não imaginei, tinha certeza que algo me observava. Não era humano... mas também não era um ser irracional. O jeito que aqueles grandes e brilhantes olhos estavam grudados em mim... me arrepio apenas de lembrar. Era como se me analisasse, calma e objetivamente, mas que não fosse me machucar, aquela figura me passava segurança, conforto, o que era estranho, já que eu nem sabia o que aquilo era.
Desisti das tarefas, já havia feito bastante coisa enquanto esperava no estacionamento mesmo. Rapidamente me troquei e fui até a janela, para visualizar a “paisagem”. Estava chovendo fraco agora, a noite estava iluminada pela Lua minguante mais linda que eu já tive o prazer de ver. Aqui até podia ser nublado, mas as noites ainda eram de tirar o fôlego.
Desviei meus olhos para o rio atrás de casa e, consequentemente, para a mata. Em dado momento me peguei desejando que aquela coisa aparecesse novamente, e que eu tivesse coragem suficiente para ir até lá e descobrir o que me observou tão intensamente.
— ? — Samy apareceu na porta do quarto e eu me virei em sua direção. — Tudo bem? — Ela perguntou com o cenho franzido e eu concordei, sentando-me em minha cama enquanto ela fazia o mesmo.
— O que foi, mana? — Perguntei, percebendo que ela queria falar algo comigo. Samanta abriu um meio sorriso e coçou a nuca.
— Daqui a duas semanas...
— Aniversário de vocês. — Interrompi com um sorriso e ela concordou, com uma careta.
— Dave quer uma festa e, bem, eu não me oponho, mas a casa também é sua e eu resolvi perguntar...
— Quando nós vamos comprar as coisas para a decoração? — Perguntei empolgada e Samy riu.
— É claro que ela ia aceitar. — Dave apareceu e foi entrando no meu quarto sem cerimonias.
— Eu ainda estou brava com você, só para constar. — Resmunguei e ele deu um sorriso torto após revirar os olhos.
— Mas ama organizar festas desde que descobriu o que eram DJ’s. — Afirmou e eu revirei os olhos, me levantando e o empurrando para fora do quarto.
— Isso aí, então fica tranquilo, seu aniversário será um sucesso. — E dizendo isso eu fechei a porta com um pouco mais de força que o necessário e, o melhor de tudo, em sua cara.
Hello World!
Hello World!
Ok, hoje é o dia da verdade.Que coisa mais clichê para dizer. Só que meu estoque de frases originais está sendo prejudicado pela minha raiva. E acho que não era só eu que percebia aquilo, já que a cada passo que eu dava pelo estacionamento da escola, mais pessoas se calavam.
E lá estava ela, encostada em seu Veloster vermelho, conversando com um garoto de cabelos loiros e arrepiados, mas ela parou de falar assim que me viu, abrindo um sorriso de canto.
— Como foi a volta para a casa ontem? — Ela perguntou cínica e eu larguei minha mochila no chão, empurrando-a contra a lataria reluzente de seu carro.
— Muito melhor do que sua ida para o hospital. — Rosnei e ela riu, encarando-me de cima a baixo.
— Seu irmão é fácil de convencer. — Ela comentou.
— Infelizmente a inteligência familiar não foi passada para ele. — Falei falsamente gentil, firmando minhas mãos em volta de seus braços. — Sabe, eu não sei como o Seth te aguenta. — Comentei e a vi vacilar por um momento.
— Você conhece o Seth? — Ela perguntou e eu soltei uma risadinha baixa.
— Fui obrigada a ir para a casa dele ontem. — Disse e ela me olhou assustada. — E pensar que ele achou que nós ficaríamos amigas. — Comentei para em seguida crispar os lábios.
— Sinto frustras as expectativas dele. — Renesmee falou.
— Pois é. — Disse falsamente aborrecida e nós duas desviamos o olhar para o meu aperto em seus braços.
— Agora você pode me largar. — Ela disse e eu neguei.
— Não sem antes falar mais uma coisinha. — Disse e ela arqueou uma sobrancelha, me incentivando. — Você queria guerra Renesmee Cullen... — Suspirei. — Parabéns, você conseguiu. — Soltei-a bruscamente, girando nos calcanhares e encarando todo aquele bando de adolescentes espantados. Ignorando esse fato, peguei minha mochila agilmente e segui até Heloísa e sua “trupe”.
— Sou sua fã. — Hiley balbuciou, pela primeira vez devidamente acordada antes do almoço.
— Ok, eu estou achando que nós perdemos alguma coisa muito importante. — Joshua comentou, andando ao meu lado. Não falei nada, eu apenas tentava controlar a minha raiva, alguns pontos da minha visão estavam tingidos de vermelhos e meus ombros tremiam fracamente. Parei apenas quando estava em frente ao meu armário, já um pouco mais calma.
— Você tem alguma coisa a dizer ou algum garoto comeu sua língua? — Helo perguntou maliciosa e eu sorri de lado.
— Bem, o que eu posso dizer? — Ponderei por um segundo. — Escolham um lado e preparem suas armas. — Pisquei e me virei para sair, mas Damen segurou meu braço com delicadeza.
— , nós já escolhemos um lado: o seu. Nós somos seus amigos e aliados, por isso você deve nos contar o que aconteceu. Nós queremos te ajudar. — Ele disse calmamente, fitando meus olhos.
Por um momento eu achei aquilo estranho, fazia tempo que eu não me envolvia em problemas e já estava me esquecendo de como é divertido ter alguém ao nosso lado. Com um suspiro eu me desvencilhei dele e abri a porta de uma sala de aula deserta, deixando-a aberta como um claro recado para que eles entrassem.
— Vamos ao relato então. — Disse com um sorriso torto, enquanto Josh fechava a porta, eu me sentava na mesa do professor.
Hello World!
Hello World!
— Tá a fim de sair sábado? — Heloísa convidou-me, já no final da aula.— Não vai dar. — Respondi, fechando meu armário e seguindo com ela pelo corredor da Forks High School. — No outro sábado meus irmãos estarão de aniversário e esse sábado nós vamos sair para comprar tudo que é preciso. — Expliquei e ela concordou. — A propósito, você, a Hiley e os meninos estão convidados. — Avisei e ela abriu um sorriso para mim.
— Ótimo, então esse fim de semana eu e Hiley vamos a Port Angeles comprar roupas. Só falta avisar ela. — Fui obrigada a rir de sua empolgação.
— Por que vocês duas não vem comigo e com a Samy para Seattle? — Sugeri e os olhos da ruiva a minha frente brilharam.
— Tá de zoeira, né?! — Exclamou, mas ela não me deixou responder. — Ok, eu vou. — Ela arrancou o meu celular de minha mão e digitou rapidamente seu endereço. — Nós vamos. — Corrigiu, estalando um beijo na minha bochecha e disparando para seu carro, gritando um “tchau” alto suficiente para até quem ainda estava dentro da escola ouvir.
Balancei negativamente a cabeça, andando até o Jaguar que me esperava na saída da escola.
Hello World!
Hello World!
A semana passou rápida e logo Samy estava arrancando em alta velocidade em direção à Seattle.— O Dave já foi convidar a galera da reserva. — Minha irmã comentou e eu concordei.
— Reserva? — Hiley ecoou.
— São os “meninos” que moram em La Push. — Expliquei.
— E por que essa cara safada só para falar “meninos”? — Heloísa observou sabiamente e eu rolei os olhos, não evitando que meu sorriso de canto aumentasse.
— É porque eles são gostosos. — Minha irmã explicou calmamente e eu arqueei minhas sobrancelhas, afirmando.
— Alto nível? — Indagou.
— Carne de primeira. — Afirmei e elas riram.
Assim que chegamos ao nosso destino, fomos até o shopping. Compramos coisas para decoração, também compramos roupas, e já fizemos a compra das bebidas. Acertamos com o DJ, com o buffet e com os decoradores. Já era noite quando Samy sugeriu um filme e nós fomos ver. Um filme de comédia romântica, mas bem legal.
— Aquele cara era muito gostoso! — Hiley ofegou e nós rimos em concordância.
— E bem tarado. — Samy começou a enumerar.
— Romântico. — Helo soltou em um suspiro.
— E gostoso. — Reafirmei e elas riram enquanto estrávamos no carro. — Perfeito. — Concluí e elas pareceram satisfeitas com a definição. Assim que minha irmã abriu a porta ela ficou tensa, as meninas pareceram não perceber, já que estavam entrando no carro, mas eu estranhei. — Samy? — Chamei e ela balançou a cabeça, fitando-me e forçando um sorriso.
— Nada mana, só dei uma divagada. — Tranquilizou-me e eu franzi o cenho, não engolindo aquela história.
— Tem certeza? Posso pedir para uma delas para dirigirem. — Sugeri e ela arregalou os olhos.
— Não! — Exclamou, rápido demais. — Quer dizer, você sabe do meu ciúme pelo Jaguar e que eu gosto de andar rápido. — Voltou atrás e eu concordei, entrando no carro e a fitando. Samanta estava tentando disfarçar que algo a tinha deixado nervosa, mas não estava conseguindo porque eu a conhecia bem demais. Assim que nós saímos da área urbana, ela acelerou mais que o comum e isso me deu a certeza de que algo a estava incomodando.
Helo e Hiley conversavam no banco de trás, mas eu estava alienada ao papo, já que encarava minha irmã, que tinha os nós dos dedos até brancos pela força com que ela apertava o volante, outra coisa estranha, já que ela sempre dirigiu com extrema leveza. Uma pequena ruga de preocupação estava instalada em sua tez e os olhos estavam fixos na estrada, como se esperasse que um animal selvagem saísse da floresta e cruzasse o caminho do carro... O quê não seria tão surreal, já que a estrada era cercada por mata.
Para tentar me distrair um pouco, aumentei levemente o som do carro, fazendo uma música do Eminem invadir o pequeno espaço. Escorei minha testa na janela do meu lado e me coloquei a observar a mata ao redor. Estava escuro, não tinha Lua e nenhuma iluminação na estrada além dos faróis do Jaguar que cruzavam o asfalto velozmente em direção à Forks.
Mas de repente eu vi um vulto na mata e me sobressaltei.
— Tem alguma coisa na floresta. — Sussurrei rapidamente, e em português para minha irmã, que olhou de soslaio pela minha janela e acelerou ainda mais. Logo ela bate o próprio recorde de velocidade, se ainda não o bateu.
— Não deve ser nada, apenas um dos animais que vivem aí. ¬— Falou quase que em uma voz automática. Desviei meu olhar para o espelho retrovisor e percebi um outro tipo de vulto – pequeno demais para ser um automóvel – atrás de nosso carro.
— Se fosse isso, você não estaria tentando fundir o motor do carro. — Rosnei para ela. — Samy... — Comecei, mas ela estava com o celular na mão se digitava uma mensagem habilmente, para em seguida larga-lo entre os dois bancos da frente e voltar a apertar o volante.
— O que foi? — Heloísa perguntou e eu olhei minha irmã, para em seguida negar levemente com a cabeça.
— Nada. — Disse.
— Dave esqueceu a chave e está fora de casa, está pedindo para nos apressarmos. — Samanta explicou e as duas se olharam desconfiadas, mas pareceram engolir a desculpa.
Eu olhei mais uma vez para trás, não tinha nada nos seguindo. Suspirei aliviada e me voltei para frente, mas ao passar os olhos pelo lado de fora do carro senti meu estômago afundar e meu cérebro preparar um grito, mas eu segurei. Eu juro que vi uma pessoa parada na beira da estrada. Uma pessoa pequena e com um tipo de capa cobrindo as roupas, os punhos cerrados e a cabeça levemente abaixada, mas os olhos firmemente fixados em... mim. Olhos raivosos e rubros.
Minha espinha gelou e eu só fui capaz de sussurrar uma coisa para minha irmã:
— Acelera.
Hello World!
Jacob P.O.V.
Hello World!
Eu me revirava na cama em pleno sábado, escutando o som da TV ligada e a “pegação” entre minha irmã e o quê eu chamava de cunhado – Paul.Eu precisava falar com alguém, esses dias estavam muito conturbados com essa confusão de segundo “imprinting”. Merda, até meu imprinting tem que ser defeituoso.
Com um suspiro eu pulei da cama e cacei uma blusa qualquer, precisava ir até a mansão dos Cullen, pelo menos Edward tinha que saber. Ele já tem idade suficiente para ser meu tataravô e poderia me dar uma ajudinha, ou falar com Carlisle...
Arg! Estou tão desesperado que estou pensando em pedir ajuda para um vampiro!
Passei um pente nos meus cabelos – o que não adiantou nada – e abri a porta do quarto, era bom que eles soubessem que eu saí, por isso não pulei a janela do meu quarto.
— Vai sair Jake? — Rachel perguntou e eu concordei, abrindo a boca para falar que ia ver Nessie, mas um uivo alto e apressado foi captado pela minha audição aguçada e eu praguejei.
— Ia até a casa da Ness, mas agora vou sair com Paul. Vamos. — Resmunguei e o entendimento logo se apossou de minha irmã, que deu um selinho rápido no noivo.
— Se cuidem. — Disse com os olhos arregalados e eu fui até ela, beijando-lhe o topo da cabeça antes de sair correndo com Paul ao meu lado.
— O que será que aconteceu? — Paul falou, já tremendo um pouco.
— Não sei, mas para chamarem não devem ser apenas nômades. — Respondi já tirando minha roupa e amarrando as peças ao meu tornozelo, transformando-me em seguida e disparando por entre a mata.
— O que houve, Collin? — Indaguei em mente e logo três vampiros de capas negras com capuzes surgiram em minha mente. Não podia ser o que nós estávamos pensando! Tentei controlar o pequeno pânico que queria se instalar em mim e voltei a raciocinar, no exato instante em que Leah se transformava.
— Foi mal, Jacob, eu tava no banho quando ouvi o uivo. — Explicou e eu concordei rapidamente, ela nos alcançaria logo de qualquer maneira.
— Não fica se achando por isso, não. — Jared resmungou e Leah já iria responder, mas eu a cortei.
— Não é hora para rivalidades! — Ralhei. — Collin e Brady ajudem o Calleb a rondar as fronteiras, e se as coisas apertarem para vocês, chamem o Sam. — Coordenei e os dois resmungaram, mas diminuíram o passo, indo até o mais novo membro do bando: Calleb. — Seth, vai avisar os Cullen e depois volta. — Ordenei e o pirralho disparou na direção que era para eu ter tomado. — Leah, segue pelo leste com o Embry, o Paul e o Quil. Jared, Rodrigo, Leonard e, depois, o Seth, vocês vêm comigo. — Assim que acabei de dividir os grupos, nós aceleramos na direção da estrada que ligava Seattle à Forks.
Cada passo que nós dávamos na direção dos vampiros, mais os nossos narizes ardiam insuportavelmente. Uma confusão de pensamentos raivosos tomava conta da minha mente e eu já estava ficando irritado, quando um segundo cheiro nos atingiu em cheio.
— Que cheiro é esse?! — Rodrigo perguntou em alerta.
— ! — Seth, que já estava atrás de mim, e Embry exclamaram juntos, acelerando ainda mais o passo.
— Calma! Não podem nos ver! — Leah rosnou, mas era tarde demais, nós três – sim, eu também tive um crise superprotetora – saímos correndo, e logo o ronco de um motor foi ouvido.
— Será que elas perceberam os vampiros? — Quil perguntou e ele logo foi respondido quando um vulto prata e veloz passou por nós.
— Rodrigo e Leonard, sigam o carro pra que nenhum sanguessuga imundo chegue perto delas. — Comandei e eles dispararam na cola do esportivo.
— E nós Jake? — Jared perguntou e se eu ainda fosse humano, daria um risinho macabro.
— Vamos esquartejar alguns sugadores de sangue. — Rosnei e logo vários lobos corriam velozmente por entre a mata, seguindo o cheiro repugnante.
— Eles estão indo pra Forks! ¬— Quil exclamou e uma imagem ficou clara em sua mente: Claire.
— Vocês sabem o que fazer. — Eu e Leah pensamos ao mesmo tempo e os dois grupos formaram uma meia lua, onde nenhum vampiro passaria. A movimentação inexistente na rua nos proporcionou a utilização da estrada para a corrida. Estava na hora da ação.
Hello World!
Renesmee P.O.V.
Hello World!
“Minhas grandes tristezas neste mundo têm sido as tristezas de Heathcliff, e eu enxerguei e senti cada uma delas desde o início, pois ele é a suprema razão do meu viver. Se tudo o mais perecesse, e só restasse ele, eu continuaria a existir, ao passo que, se tudo permanecesse e ele fosse destruído, todo o universo se transformaria num lugar completamente estranho para mim, de que eu não faria parte. Meu amor por Linton é como a folhagem dos bosques: o tempo o transformará, estou bem certa, assim como o inverno muda as árvores. Meu amor por Heathcliff assemelha-se às rochas eternas que jazem debaixo do chão: é uma fonte de prazer pouco visível, porém necessária. Nelly, eu sou Heathcliff! Ele está sempre, sempre no meu pensamento. Não como uma alegria, já que nem sempre sou uma alegria para mim mesma, mas como o meu próprio ser. Portanto, não me fale outra vez em separação, isso é impossível e...”Minha leitura foi interrompida por um som meio distante, um som de quatro patas batendo suave, mas rapidamente, contra o solo de terra. Ergui por um momento meus olhos de “O Morro Dos Ventos Uivantes”, mas logo percebi que não era Jake e voltei a minha leitura.
Pelo canto do olho captei meu pai ficar tenso ao lado de mamãe, e logo se levantar, andando até a parede de vidro e acenando positivamente com a cabeça. Tio Jasper também pareceu ficar tenso e logo eu marquei a página e fechei meu livro, levantando-me e indo até o amontoado de vampiros.
— O que houve, Edward? — Mamãe indagou e logo papai virou-se para nós.
— Bem, Seth disse que alguns vampiros com capas foram vistos pelos lobos em ronda. — Soltou rapidamente e eu arregalei os olhos, dando um passo para frente e logo sendo envolvida pelos braços de meu pai.
— Continue Edward. — Carlisle pediu e eu senti papai suspirar.
— Jacob ordenou uma perseguição, eles vão tentar pegá-los. — Meu coração deu um solavanco ao ouvir isso. Jake... caçando, prováveis Volturi.
— Ele quer ajuda? — Tio Emmet perguntou animado e papai negou, me apertando ainda mais contra ele.
— Na verdade eles pediram para ficarmos atentos à Nessie. — Ele explicou, mas só meu subconsciente captou sua frase, já que meus pés me levavam até a varanda.
Há pouco mais de um ano nada assim acontecia: uma ameaça maior que nômades. Agora eu já tinha idade o suficiente para me defender... mas também para ficar muito preocupada. Apenas o fantasma do pensamento de ver Jake machucado já era o suficiente para fazer uma tremenda angustia se instalar em meu peito.
— Ele vai ficar bem. — Ouvi mamãe sussurrar, parando ao meu lado e me olhando carinhosamente. — Todos nós vamos. — Completou e eu concordei, deixando-a me envolver em um abraço protetor.
Hello World!
Hello World!
Mais de meia hora se arrastou lentamente, sem que eu me afastasse daquela droga de varanda. As piores suposições começaram a brotar em minha mente e eu tentava suprimi-las com força, contando com a ajuda de Jazz, já que cada vez que ele sentia meus sentimentos começarem a borbulhar, ele agia. Mais tarde eu o agradeceria.Foi quando uma nova onda de pensamentos pessimistas começou a brotar que eu ouvi passadas rápidas, que em seguida pararam, fazendo meu coração dar um salto. Não me dei ao trabalho de descer as escadas e pulei do segundo andar mesmo, esperando um segundo para que Jacob saísse de dentro da mata antes de disparar em sua direção e jogar-me em seus braços quentes.
Hello World!
Jacob P.O.V.
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Apertei Renesmee contra mim, sentindo-me bem como sempre me sentia ao tê-la perto de mim. Senti-a apertando as mãos e fincando as unhas em minhas costas, mas não dei bola e nos separei lentamente, vendo-a sorrir.— Você está inteiro. — Comentou e nós sorrimos, mas um pigarro quebrou o “clima”.
— Que bom que minha intenção foi atingida. — Edward ironizou e Nessie fez cara feia para o pai.
— Vamos antes que seu pai me expulse sem eu nem ter entrado na casa. — Caçoei e a puxei pela mão até a sala lotada por vampiros, não evitando uma careta ao sentir o cheiro se acentuar.
— Ah, o cachorro está intacto. — Rosalie falou falsamente – eu sei que ela me adora – aborrecida.
— Não posso falar o mesmo de você, pede para o Emmet te dar um descanso, tu tá ficando acabadinha. — Falei calmamente e a loira rosnou, me fazendo rir.
— Rose, deixe o Jacob nos relatar como foi. — Esme falou com a voz levemente dura. — Quer alguma coisa, querido? Posso preparar algo para você. — Ofereceu e eu abri a boca para recusar, mas minha barriga roncou alto antes que eu pudesse falar alguma coisa, fazendo os vampiros rirem e eu ficar um pouquinho constrangido.
— Se não for incomodo. — Murmurei, vendo a vampira (que cozinha bem demais para alguém que não come, e para alguém que come também, eu admito) sair da sala.
— Então Jacob? — Carlisle perguntou, enquanto eu me sentava com Nessie ao meu lado, após dar um rápido abraço em Bells.
— Bem, Collin nos chamou quando viu três vampiros com capas iguais as dos Volturi, nós ficamos alarmados, mas a situação piorou consideravelmente quando nós percebemos que eles estavam seguindo um carro. — Contei e percebi os vampiros ficarem tensos, mas logo o loiro botou o poder dele pra funcionar e todos se acalmaram um pouco.
— Os humanos estão bem? — Perguntou a vampira baixinha.
— Aí está o estranho. — Falei, grato por ela ter me ajudado a chegar ao ponto logo de cara. — Os vampiros sumiram, não sei se por nossa causa, mas eles estavam perto demais! Teria dado tempo de sobra para eles atacarem o carro. — Contei, lembrando-me de quando, em um segundo nós tentávamos abocanhar os sanguessugas, e em outro eles sumiam como a fumaça, deixando apenas o horrível cheiro para trás.
— Eram os Volturi? — Jasper perguntou e eu dei de ombros, não tínhamos conseguido descobrir.
— Acho que não, eu estou vigiando as decisões de Aro. — Alice falou.
— Mas ele pode ter deixado as decisões nas mãos de outra pessoa, ele sabe usar os pontos cegos das suas visões, tia. — Nessie falou e Edward concordou.
— Mas quem eram os humanos perseguidos? — Emmet indagou e eu tive que usar todo minha força de vontade para não deixar minhas emoções transparecerem.
— Bem, pelo que vimos eram as irmãs de David. — Os vampiros conheciam David, então era uma boa referencia. — Samanta e...
— ? — Renesmee indagou com as sobrancelhas arqueadas, afastando-se um pouco de mim e eu concordei, esperando uma reação da minha híbrida, o que não veio. Nessie continuou impassível, mas com uma pequena ruga entre as sobrancelhas.
— Por que você acha isso, Ness? — Edward indagou, fazendo com que todos nós – não leitores de mente – boiássemos na conversa.
— Er, gente, explicações. — Bella falou, abanando as mãos.
— Essa garota, , é a garota nova. — Explicou, mas não deixou a situação clara. — Ela é... estranha. — Completou.
— Estranha como? — Carlisle indagou, inclinando-se na direção da neta.
— Estranha do tipo quando ela sacou no jogo de vôlei, foi um saque tão forte que eu caí quando recepcionei a bola. — Explicou e eu troquei um olhar preocupado com Edward. — Estranha do tipo que me fez cair com um esbarrão. — Continuou. — E estranha do tipo segurou meus pulsos tão fortemente que eu não consegui me soltar. — Finalizou e eu peguei em sua mão, em um sinal claro para que ela me mostrasse à cena.
E logo a imagem invadiu minha mente, e lá estava ela: linda e irritada, soando claramente ameaçadora.
“Você queria guerra Renesmee Cullen... Parabéns, você conseguiu.”
Hello World!
P.O.V.
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— O que era? — Perguntei quebrando o silencio que eu havia mantido desde a casa de Hiley e fixando meus olhos em Samy.— O quê? — Fez-se de desentendida e eu bufei, agarrando meus cabelos e controlando minha irritação. Ou tentando.
— Não se faça de burra! — Exclamei, segurando-me para não gritar com ela. — Algo estava te assustando! E eu quero saber o que é! — Exigi e vi Samy desviar o olhar. Esperei por uma resposta que demorou a vir, com minha paciência já esgotada, eu soltei: — Vocês acham que eu não percebo as coisas estranhas que acontecem com a gente?! Desde sempre! — Era uma pergunta retórica, mas pareceu repercutir para minha irmã, que buscou o olhar de David, que entrava preocupado na sala.
— ... — Começaram, mas eu os cortei com um levantar de mão.
— Se vocês não querem me contar, beleza. — Soltei com raiva. — Eu descubro. Sozinha. — Finalizei, subindo as escadas e batendo o pé.
Tranquei-me no quarto e me joguei na cama, escondendo o rosto entre as mãos e tentando me acalmar. Eu não delirei, era real, aquela... coisa parada no acostamento da estrada não era fruto da minha imaginação. A grande agitação entre as árvores também não. Levantei e soquei a primeira parede que estava em minha frente, sentindo as lágrimas de raiva brotarem e escorrerem por meu rosto.
Engoli um grito e abri com força a porta de vidro que dava na sacada, cambaleando até lá e buscando ar puro. Agarrei a proteção da sacada, tentando parar os tremores de meu corpo e piscando várias vezes, tentando parar de ver em vermelho e espantar as lágrimas idiotas e teimosas que nublavam minha visão.
Mordi meu lábio fortemente, impedindo um soluço escapasse de meus lábios. Logo o gosto de sangue me tomou a boca, mas não me importei, sempre gostei do gosto de sangue – eu sei que é estranho. Senti minha respiração começar a se normalizar e deixei minhas pernas cederem ao meu peso e me sentei, abraçando-as e apoiando minha cabeça nos joelhos.
Deixei meus olhos se perderem entre a mata e de repente meu coração falhou uma batida ao ver aqueles grandes olhos negros – os mesmos que me observavam na casa de Seth – embrenhados por entre as árvores. Fiquei de pé em um pulo, indo para a beirada da sacada, mas os olhos haviam sumido.
De novo.
Hello World!
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Confesso que não acreditei quando acordei e vi que estava fazendo Sol em La Push. Qual é? Sol era quase algo extinto em meu dicionário e no meu dia-a-dia, ok? Então isso pode justificar e minha micro (?) crise de felicidade que me fez sair do quarto – constatando que a casa estava vazia, o que não é nenhuma novidade – e ir até o jardim.A cada dia naquela cidade as coisas ficavam mais estranhas, coisas inexplicáveis – pelo menos até agora – estavam acontecendo ao meu redor e eu fui fútil o suficiente para me fazer de cega por todo esse tempo. Mas agora as coisas não seriam mais assim, eu descobriria. Eu não blefei quando disse que descobriria tudo sozinha.
Só tenho que saber por onde começar...
Meus olhos foram atraídos por aquela mata que, iluminada pelos tímidos raios solares, parecia extremamente convidativa a um passeio. Loucura? Talvez, mas nada era totalmente lúcido na minha vida e as melhores coisas provinham de impulsos, não é mesmo? E foi com esse pensamento que meus pés me guiaram quase que irracionalmente na direção do verde.
O ar pareceu ficar mais puro, meus pelos se arrepiaram e eu senti algo diferente, parecia que eu estava, finalmente, em casa. Mesmo dentro da mata, aquelas árvores pareciam se conectar uma na outra e invadirem minha alma. Como se quisessem saber meus mais profundos segredos... e como se eu quisesse que elas soubessem também.
Ok, até que eu filosofei agora.
Balancei minha cabeça e segui por entre a mata, soltando um risinho. Depois eu dava um jeito de voltar, não seria difícil.
Logo avistei a margem do rio, as águas cristalinas desciam na direção do mar que não estava muito distante. Resolvi acompanhar o curso do rio, então tirei minha rasteirinha e pisei na água gelada, o que mandou uma forte onda de arrepios por minha coluna. Descobri que a margem não era funda e que eu podia caminhar com os pés submersos, então o fiz.
Deixei que meus pés me guiassem enquanto eu mergulhava nos meus pensamentos e só me dei conta de onde estava quando percebi um barulho de queda da água próximo. Franzi o cenho e achei inteligente sair de dentro do rio. Desci um morro para poder visualizar uma bela cachoeira, não violenta, só... bela. Um fraco arco-íris tentava ganhar forma e parecia me chamar para dentro d’água.
Sorri enviesada e comecei a tirar minhas roupas – não era como se alguém fosse me ver ali, no meio do mato – até ficar apenas de roupa intima. Avancei lentamente até a beirada e percebi que ali já era um pouco mais fundo, como um lago de águas cristalinas, totalmente encantador.
Um barulho de galho se quebrando fez com que eu levantasse minha cabeça com velocidade e encarasse um garoto que não estava ali antes. Um garoto maravilhoso que não estava ali antes. Abri a boca para gritar de susto, mas meu pé pisou no vazio e a próxima coisa que eu senti foi o choque da água gelada contra minha pele e o ar sumir dos meus pulmões para em seguida uma dor lancinante ser concentrada em minha nuca.
Hello World!
Jacob P.O.V.
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A noite anterior tinha sido conturbada, ainda mais para mim, e as coisas tenderam a piorar depois que Nessie compartilhou a pequena discussão entre e ela. Não sabia se ficava aliviado de as duas não serem melhores amigas, ou se ficava preocupado com o possível desenrolar dessa rixa entre elas... E eu não seria hipócrita ao ponto de ignorar que, mais cedo ou mais tarde, eu estaria metido no meio dessa briga.Bem, não pude evitar que meu ego inflasse com esse pensamento, para um cara que já disputou uma mulher – e perdeu –, não seria nada ruim ter duas, belíssimas, garotas me disputando... OK! Eu não acredito que pensei isso, que coisa mais idiota!
Eu preciso me distrair, ou vou enlouquecer. Não é seguro ir fazer ronda enquanto meus pensamentos não estiverem mais controlados, então resolvi dar uma volta. Na forma humana mesmo, aturar Seth não estava nos meus planos do dia.
Por incrível que pareça, tinha Sol em La Push, o que queria dizer que deveria ter bastante gente aproveitando a praia – que rapidamente foi descartada da minha lista de lugares para ir.
A mata estava me chamando e eu não pensei duas vezes antes de me embrenhar entre as árvores. O verde costumava me acalmar e eu torcia para que hoje não fosse diferente.
Avancei com calma, hoje era meu dia de folga, então não havia motivo para pressa. Mas esse pensamento foi completamente varrido para o fundo de minha mente quando aquele cheiro invadiu meus sentidos. Meu coração idiota acelerou tanto que o barulho começou a ecoar nos meus ouvidos, os pelos de minha nuca se eriçaram e quando dei por mim, eu já estava farejando o ar como um cachorro e saindo correndo.
não seria idiota ao ponto de entrar em uma mata que ela não conhece, seria? Acho que eu não quero saber a resposta.
— Droga, esteja bem! — Resmunguei involuntariamente. Digamos que a floresta que cercava a reserva já foi mais segura...
O cheiro se intensificou e logo o barulho da água foi ouvido.
Melhor ainda! A garota deve estar em território dos Cullen! A pressa aumentou e eu corri em direção ao rio, controlando a vontade de me transformar para chegar mais rápido. Assim que senti estar perto dela, diminuí um pouco minha velocidade e espiei por entre a mata e meu coração pareceu parar para depois acelerar tanto que temi que a garota ouvisse.
Ela estava puxando o short para baixo e eu não me senti nem um pouco culpado pelo pensamento sem vergonha que me tomou, que era um claro “continua”. Agora não tinha uma camisa do maldito Seth para atrapalhar minha visão, na verdade, não tinha praticamente nada atrapalhando minha visão! Apenas um lingerie vermelho sangue que destacava a pele morena.
As pernas longas e grossas, as coxas maravilhosamente torneadas, a cintura fina e os seios no tamanho certo para o restante do corpo. Os cabelos castanhos e escuros tinham sido jogados para trás, propiciando melhor visão de seu pescoço e rosto. E foi esse conjunto de visões que fizeram com que todas as minhas habilidades sobre-humanas sumissem e eu pisasse em um maldito galho, que fez um maldito barulho, que fez a bendita garota levantar aqueles olhos incomuns para mim.
Foi tudo muito rápido: o choque cruzou o rosto perfeito, a boca cheia se abriu... e ela caiu na água, afundando completamente em uma das partes mais fundas do lago que eu conhecia tão bem. Na mesma velocidade que tudo isso aconteceu eu corri na direção da água e mergulhei. estava com os olhos fechados e parecia não conseguir voltar à tona por conta própria. Uma dor extremamente forte atingiu meu peito ao vê-la naquele estado. Eu rezei para que não fosse muito tarde e a enlacei pela cintura, dando impulso com facilidade para cima e nadando até a margem, deitando-a no chão e a observando.
— Vamos lá garota, não faz isso comigo! — Murmurei, segurando levemente sua nuca e levantando-a. O cheiro que ela exalava estava muito mais forte e eu pedi internamente para que nenhum Cullen estivesse caçando nas redondezas, senão eles seriam atraídos pelo cheiro.
Ao tocar a parte de trás de sua cabeça, senti algo pastoso em meus dedos e logo reconheci o que era: sangue, bastante sangue. A sentei para ver o machucado e acabei constatando que o ferimento não era nem um pouco pequeno e aquilo me desesperou imediatamente. Catei as roupas dela e peguei no colo, apoiei sua cabeça em meu peito e saí correndo por entre a mata.
— , acorda, por favor, acorda. — Resmunguei baixinho. Um gemido escapou de seus lábios e eu parei, já perto de minha casa, para olhá-la acordar. Lentamente, muito lentamente ela abriu os olhos e eu ofeguei quando nossos olhos se encontraram e os orbes uísque dela cintilaram cativantemente.
Hello World!
P.O.V.
Hello World!
Minha nuca latejava irritantemente e eu senti o vento relativamente gelado bater contra minha pele, mas eu não sentia frio, algo quente demais me envolvia.— , acorda, por favor, acorda. — Um resmungo me chamou de volta para a realidade e eu tentei levantar minha cabeça, o que me fez soltar um gemido de dor. Percebi que estava em movimento quando senti a pessoa que me carregava – pelo menos eu esperava que fosse uma pessoa – parar. Uma respiração quente bateu contra meu rosto e eu forcei meus olhos a se abrirem.
A claridade inicial incomodou minhas pupilas, mas logo a forma de uma pessoa começava a ficar nítida em minha mente. Assim que consegui focalizar tudo corretamente, eu arregalei os olhos ao me deparar com dois orbes negros que me olhavam de modo preocupado. Senti-me imediatamente aquecida internamente e suspirei.
Se eu estivesse em condições mentais normais – pelo menos nos meus parâmetros – eu teria gritado, esperneado, chutado, enfim, eu teria dado um piti, mas não era a hora. A dor na minha nuca estava latejando fortemente e o calor dos braços que me envolviam me deixavam segura, então eu apenas recostei minha face no peito nu e forte, enquanto minha face se contorcia numa careta de dor. Quando puxei o ar, senti um frio subir por minha barriga.
Era aquele cheiro que estava na minha casa. Logo as sensações deliciosas começaram a me invadir, dessa vez sem a parte ruim. Eu apenas queria mais do cheiro dele, do toque dele, do calor dele, enfim, eu queria ele. E isso me chocou. Parecia uma droga, que experimentando uma vez, fazia a pessoa se tornar dependente. Mas era bom. Muito bom. Pelo menos por enquanto.
Percebi que o garoto recomeçou a se mover com velocidade e que logo abria uma porta e me colocava gentilmente sentada em um sofá.
— Eu já volto. — Ele sussurrou com uma voz rouca e máscula e eu fiquei entorpecida demais para ter qualquer reação.
Mas assim que ele saiu, o frio me atingiu com força e foi só ai que eu percebi que estava apenas de calcinha e sutiã. Antes de processar devidamente aquela informação, o garoto estonteante já estava ao meu lado, sem que eu ao menos escutasse seus passos.
— Deixe-me ver sua nuca. — Sussurrou e eu não me movi, apenas o observei ir até minhas costas. — Estranho. — Soltou ele e eu franzi o cenho. — Isso aqui estava bem maior e mais fundo lá no lago. — Comentou e eu dei de ombros antes de sentir um pano molhado e quente limpar com delicadeza o machucado, para depois algo pastoso ser colocado no epicentro da dor chata em minha nuca. — É um unguento para cicatrizar. — Explicou calmamente e eu soltei um murmúrio em concordância. — O gato comeu sua língua, ? — Perguntou. Fiquei surpresa ao reparar nisso, já que eu sou sempre super faladeira. Aquele garoto me deixou mais retardada do que eu já sou.
¬— Como sabe o meu nome? — Perguntei e ele riu.
— Pelo menos você falou. — Fez piada e eu dei um sorriso torto. — A reserva é pequena e o Seth é um fofoqueiro que não cala a boca. — Respondeu o garoto divertido. — A propósito, eu sou Jacob. — Sorri e virei um pouco meu rosto para ele, que pegava um band-aid que estava em cima da mesa de centro.
— Prazer, Jacob. — Falei e ele me lançou um sorriso luminoso antes de voltar a cuidar de meu machucado. — Maneira interessante de se conhecer uma pessoa, não? — Comentei displicente.
— Nunca aconteceu comigo, pelo menos. — Jacob concordou e eu senti seus dedos mais quentes que a toalha molhada em meu pescoço, fazendo todos os meus pelos se eriçarem em meu corpo, ele provavelmente percebeu, já que soltou um riso nasalado. — O que você estava fazendo no meio da floresta? — Perguntou e eu percebi a curiosidade explicita na sua voz.
— O que você estava fazendo na floresta? — Retorqui antes que eu me controlasse. — Se você pode, eu também posso. — Completei desafiadora. Ele saiu de trás de mim para o meu lado de novo, me olhando com uma sobrancelha arqueada.
— Eu moro aqui desde sempre e eu conheço a floresta. Entendeu a diferença? — Respondeu afiado e eu rolei os olhos.
— Isso não justifica. — Resmunguei e o vi sumir novamente, me deixando com frio de novo. Ele logo voltou, estendendo uma camisa preta para mim.
— Suas roupas molharam. — Explicou quando eu o olhei, desconfiada. Peguei a camisa, me levantando do sofá e vestindo a camisa, sentindo seu olhar queimar minha pele. — Mas você não respondeu minha pergunta. — Comentou, enquanto eu puxava a camisa um pouco mais para baixo.
— Eu quis dar uma volta. — Não sei por que eu o respondi, odiava as pessoas – ainda mais que eu não conhecia direito – se metendo na minha vida. Só que eu já disse que as coisas estão estranhas comigo aqui.
Quando fui tirar o cabelo do meu rosto e de meu pescoço, bati com o dedo no irritante machucado, fazendo-me gemer baixinho.
— Você está com muita dor? — Ele indagou subitamente preocupado. — Vem, vamos para o médico. — Jacob segurou meu braço, mas eu neguei com a cabeça.
— Não precisa disso, Jacob, não é nada sério. — Puxei meu braço e ele me analisou. — É só eu ir para casa e tomar um analgésico. — Completei, mas foi à vez dele negar.
— Você não vai a lugar nenhum, pelo menos não sozinha. — Decretou e eu bufei, cruzando os braços. Que garoto mandão! — Seus irmãos estão em casa? — Perguntou.
— Acho que não. — Respondi e o observei ir até o telefone que estava na parede e discar o número de minha casa. Franzi o cenho, estranhando o fato de ele saber o número do telefone de minha casa de cor.
— É, não tem ninguém em casa. — Confirmou após um tempo esperando alguém atender ao telefone.
— O que quer dizer que...? — Instiguei.
— Que você vai ficar aqui. — Ele sorriu e eu arregalei os olhos.
— POR QUÊ?! — Eu juro que não queria ter berrado, mas escapou.
— Porque eu não vou ser irresponsável ao ponto de deixar você sozinha estando machucada. — Respondeu, cruzando os braços, como se me desafiasse a contestar.
Resmunguei, conversei, bati pé, ameacei, rosnei, gritei, dei um piti, mas o idiota do garoto não me deixou ir embora. E olha que eu tentei, eu saí correndo, mas ele me alcançou e me agarrou, levando-me de volta para a sala. Desisti e perguntei onde era o banheiro, ele indicou a última porta do corredor e eu segui para lá. Xingando o maldito sorrisinho que ele ostentava.
Hello World!
Jacob P.O.V.
Hello World!
Essa garota é muito teimosa. Deve ser de família, mas mesmo assim, é surpreendente o quanto ela é cabeça-dura. E brava. E linda. Absurdamente linda.Observei-a andar – me xingando – até o banheiro e fui obrigado a rir. Mas logo minha risada morreu quando eu reparei melhor no movimento de seu quadril enquanto ela andava. Deixei minha cabeça tombar de lado e analisei-a mais profundamente. Que pernas, meu Deus, e que bunda. Ela deveria ser trancada em casa para não enlouquecer os homens e deixar as mulheres se roendo de inveja.
Meu olhar pousou em sua nuca no último instante antes de ela entrar no banheiro. Eu não estava louco, tinha visto aquele machucado fundo demais para sarar tão rápido. Ela não era uma loba – pelo menos não que eu saiba – então isso era impossível.
Balancei minha cabeça e fui para cozinha, abri a porta da geladeira e fiquei olhando tudo o que tinha lá – e que era bastante coisa, já que eu como pra caramba. Já era quase meio dia, então eu faria o almoço.
Inconscientemente – ou não tão inconscientemente assim – eu comecei a prestar atenção em . Escutei ela resmungar alguma coisa sobre o cabelo dela estar ridículo – o que não era verdade – e ela ligar a torneira da pia. Depois de uns dois minutos ela saiu do banheiro, fazendo bico, andando de braços cruzados e pisando duro até a cozinha. Não deixei de perceber que ela tinha dado um jeito de prender o cabelo em um coque bagunçado, que ficou muito bem nela.
Deus! Será que tem como essa garota ficar um pouco menos que maravilhosa?
— Você sabe cozinhar? — Perguntou surpresa e eu dei de ombros.
— Por que o choque?
— Bem, os garotos que eu conheço são uma desgraça na cozinha. Meu irmão vive de comida congelada. — Respondeu com um sorriso zombeteiro, que fez o rosto dela ficar ainda mais lindo. — Quer ajuda? — Perguntou. — Jacob. — Chamou. — Hey, Jacob! — Falou mais alto e eu desgrudei os olhos de seu rosto.
— Ah, pode ser. — Eu falei e ela andou até mim.
— Vai fazer o quê? — Perguntou e eu dei de ombros. — Então eu já sei, vamos ver se você gosta. — Ela pegou batatas, carne e mais um monte de coisas.
— Vai aprontar o quê? — Perguntei, arqueando uma sobrancelha.
— Confia em mim. — Respondeu após soltar um risinho.
— E por que eu faria isso? — Alfinetei.
— Porque, senhor desconfiado, você me carregou no colo até aqui, sendo que, em primeiro lugar, eu não te conhecia; segundo, eu estava desacordada; e terceiro, mas não menos importante, eu estava seminua. — Enumerou “angelicalmente” e eu mordi o interior de minha boca para não sorrir.
— Ok. — Suspirei e foi a vez dela arquear a sobrancelha, convencida.
Enquanto ela preparava um tal de escondidinho de carne, eu a ajudava de vez em quando, mas quando não estava ocupado – ok, até quando eu estava ocupado – ficava observando-a.
Eu me sentia tão instintivo perto dela. Pode ser estranha essa definição, mas foi a melhor que eu encontrei. Eu agia puramente guiado por meus instintos, já que minha mente estava totalmente conectada nela. Desde o jeito que ela franzia a testa, ou do modo preciso que ela esfaqueava a coitada da batata, ou como minha blusa preta ficava linda nela. Até o jeito que o peito de subia e descia com sua respiração era hipnotizante.
Foi quando ela se abaixou para colocar no forno a comida, que sua – quer dizer, minha – camisa subiu demais e eu vi umas letras logo acima da barra da calcinha. Franzi o cenho, ela tinha uma tatuagem?
— Só esperar um pouquinho. — Comentou se levantando e eu forcei minha mente a voltar a trabalhar. — Tem refrigerante? Ou você quer suco? — Perguntou e eu fui até a geladeira, depois de me forçar a deixar de olhar ela.
— Tem Coca-Cola, gosta? — Falei e ela concordou.
— Quem não gosta? — Devolveu.
— Boa pergunta. — Admiti e ela sorriu de canto. passou rapidamente os olhos pela cozinha, parecia procurar alguma coisa.
— Hã, os pratos? — Ela inquiriu e eu indiquei um armário alto.
Queria ver tentar pegar e ela foi lá. Mesmo se esticando toda e ficando na ponta dos pés, não alcançou. Ri de suas tentativas frustradas e caminhei até ela, grudando meu corpo em suas costas de propósito e erguendo o braço, pegando dois pratos com facilidade.
Mas eu não estava nem aí para os pratos, estava concentrado demais em perceber como a Natalier estremeceu quando me encostei a ela. Tive que usar toda a minha força de vontade para não sorrir ao ver que ela também se arrepiou dos pés a cabeça, antes de se virar de frente para mim.
¬— Você é muito baixinha, . — Zombei, deixando meus instintos me guiarem novamente. Ela abriu a boca para responder, mas parece que desistiu no meio do caminho quando eu tirei uma mecha de cabelo que tinha escapado do coque improvisado e estava em seu rosto e a coloquei atrás da orelha, enquanto eu botava os pratos seguros na bancada. Os orbes uísque, que tinham pontos azulados e luminosos, se arregalaram levemente, destacando os cílios longos e escuros.
— Jacob... — Alertou em voz baixa, que provavelmente eu não teria ouvido sem minha audição avançada. Antes que eu pudesse evitar, meu olhar foi desviado para seus lábios cheios e eu me aproximei ainda mais dela, praticamente prensando-a contra a bancada da cozinha. soltou um gemido baixo quando nossos corpos se encostaram, sendo somente separados pelo tecido da camisa que ela usava.
— Você ficou linda com a minha blusa. — Sussurrei abaixando meu rosto em sua direção. Ela abriu um meio sorriso e foi a vez dela desviar os olhos dos meus. Não pude conter um sorriso quando vi que ela olhava reto, o que para ela significava olhar meu tronco sem camisa.
Repousei minhas mãos em sua cintura e ela voltou a olhar para o meu rosto, mordendo o lábio inferior – um ato muito sexy, a propósito. Prensei ainda mais o corpo pequeno contra a madeira, e logo ela se esticou em minha direção, abaixei mais o rosto, raspando nossos narizes.
Senti meu coração disparar tanto que temi que ela escutasse, assim como eu escutava o coração dela bater violentamente contra suas costelas. O imprinting agindo como nunca tinha acontecido antes comigo e a sensação era simplesmente maravilhosa. A adrenalina corria solta por minhas veias juntamente com outros hormônios e eu só via ela, se ela respirava, eu respirava, se ela sorria, eu sorria, se ela vivia, eu vivia. A necessidade de tomar ela para mim era arrasadora e eu sabia que não ia conseguir me segurar por muito tempo.
Meu nariz fez um caminho sinuoso até que fosse a vez de nossas bocas roçarem uma na outra. entreabriu os lábios e ficou na ponta dos pés, conseguindo prensar sua boca na minha – mesmo com um pouco de dificuldade. Meus dedos se firmaram em sua cintura e a ergui rapidamente, fazendo-a sentar sobre a bancada em que a prensava antes, e grudei de vez meus lábios nos dela, puxando-a pela cintura. A morena espalmou as mãos na bancada, o que foi um erro, já que os dois pratos foram parar no chão. O barulho fez se sobressaltar e acabar separando nossos lábios antes que eu aprofundasse o contato.
— Jacob... — A frase dela foi interrompida por um suspiro quando eu mordi sua bochecha. — Os... Os pratos. — Ela avisou, mas eu a ignorei prontamente, sugando a pele deliciosa de seu pescoço, fazendo-a se render.
Só que parece que muitas coisas conspiram conta mim, já que o forno apitou e ela pulou, pondo-se de pé imediatamente e correndo até nosso almoço. Ainda com os olhos fechados eu soltei um risinho descente, mas logo me virei para observar colocar a forma com o escondidinho na mesa. Recolhi rapidamente os cacos dos dois pratos, peguei outros dois, junto com os talheres, os copos e a Coca e botei tudo em cima da mesa, que ela arrumou rapidamente. Enquanto eu a olhava, é claro.
Os cabelos escuros estavam mais bagunçados que antes, as bochechas um pouco coradas, uma pequena marca onde eu havia mordido – o que me fez sorrir –, a blusa amassada e sem falar que ela estava visivelmente nervosa.
pegou meu prato e colocou uma generosa fatia do assado nele, logo o colocando na mesa de novo. Sorri e antes que ela pegasse o próprio pedaço, eu já estava atrás dela, segurando sua cintura e a puxando para mim. A brasileira soltou a grande colher e suspirou em reação ao carinho que eu fiz com meus lábios em sua nuca, perto do curativo.
— Jacob. — Ela disse firme, virando-se para mim e espalmando a mão em meu tórax e olhando o chão, dando um passo para trás. — Nós nos conhecemos hoje... — Ela fincou suas unhas em minha pele quando a puxei com um pouco de força para mim de novo. — Isso não é certo. — Ela murmurou me olhando e eu concordei, pensando com clareza pela primeira vez desde que ela se aproximou, então eu deixei minhas mãos caírem de sua cintura.
— Ok, me desculpe . — Pedi com sinceridade e ela sorriu, afirmando com a cabeça, parecendo relutante em tirar as mãos de mim.
— . — Ela disse, sentando-se enquanto eu dava a volta na mesa.
— Hã? — Fiz, não entendendo.
— Pode me chamar de . — Explicou e eu concordei, sorrindo.
— Jake. — Disse para ela, que sorriu para mim. — Então, está gostando daqui? — Perguntei tentando manter uma conversa para espantar o possível clima tenso, servindo Coca no copo dela e depois no meu.
— Já fiz alguns amigos na escola. ¬— Ela disse e eu segurei a vontade de perguntar sobre Renesmee. — Mas as coisas são bem diferentes por aqui. — Continuou, brincando com sua comida.
— Você sente falta de algum amigo? — Indaguei, provando um pedaço da comida dela e soltando um murmúrio de aprovação, fazendo-a rir.
— Bem, de três amigas para ser mais específica. — Respondeu calmamente, mas eu percebi que ela sentia muita saudade dessas garotas. — Mas eu já estou meio que acostumada com isso. — Murmurou e eu quase pulei da cadeira para abraça-la e dizer que eu faria com que ela se esquecesse do mundo... Mas isso iria parecer muito estranho. E gay. Definitivamente gay. — E você, senhor Jacob? É normal você ficar tirando garotas da floresta? — Indagou divertida e eu revirei os olhos.
— Você sabe que eu salvei sua vida, não é? — Perguntei, me inclinando em sua direção e ela fez o mesmo.
— E você sabe que eu só caí no lago porque você me assustou, não é? — Retorquiu no mesmo tom, fazendo meu rosto se contrair em uma careta.
— Ok, eu acho que estamos quites então. — Admiti contra minha vontade e ela sorriu convencida. O telefone tocou e eu me levantei para atender. — Alô. — Disse.
— Hey Jake! — Uma voz feminina falou do outro lado. — É a Samy, a tá aí? — Ela disse como se lesse minha mente, já que eu não fazia ideia de quem era.
— Ah, oi Samy. — Sorri, fazia muito tempo que não falava com ela. — Ela tá aqui sim, quer falar com ela? — Perguntei e vi se mexer na cadeira e cruzar os braços.
— Ela está de braços cruzados e com uma expressão assassina? — Perguntou.
— Er, sim. — Soltei, coçando minha nuca.
— Bem, acho que ela não quer falar comigo. — Samanta disse e eu me surpreendi pela precisão dela ao deduzir isso. — Jake, será que ela poderia ficar aí o dia inteiro? — Pediu e eu virei de costas para a garota que estava na cozinha, deixando que meu sorriso crescesse.
— Claro, claro. — Respondi, tentando não parecer muito afobado.
— Ai, valeu Jake, eu passo aí para buscar ela perto do fim da tarde. — Ela pareceu bastante aliviada.
— Não precisa se incomodar, Samy, eu levo ela na casa de vocês. — Disse.
— Eu não quero abusar de você. — Ouvi a Natalier mais velha dizer.
¬— Não é incômodo. — Falei sincero. Passar meia hora em um carro, sozinho, com Natalier nunca seria um incômodo para mim.
— Ah, então obrigada mais uma vez Jacob.
— De nada, lá pelas sete eu apareço aí. — Avisei e nos despedimos, fiquei, ou tentei ficar, com a expressão neutra antes de me virar para .
— O que a Samanta queria? — Perguntou, acompanhando com os olhos eu voltar para a mesa.
— Perguntar se você pode passar o dia aqui. — Observei discretamente ela parar de levar o garfo à boca e me olhar chocada. — Eu disse que pode. — Continuei e ela engoliu em seco. — Não tem problema, não é? — Indaguei calmamente e ela negou, mas parecia muito nervosa. — Ótimo. — Soltei.
Nós almoçamos mantendo uma conversa amena e logo eu lavava a louça e ela secava. Confesso que achei que ela ia se cortar quando pegou uma faca para secar e eu passei o braço perto dela – de propósito – de tão nervosa que ela ficou. Foi quando eu guardei os pratos no armário que escutei ela bater na madeira da mesa da cozinha. Olhei-a indagando o que estava havendo e ela me fitou de um modo raivoso. E lindo.
— Sabe, se eu vou passar o dia aqui, você poderia colocar uma camisa, não é? — Rosnou e eu ri.
— Desculpe senhorita Natalier, mas eu não sabia que o fato de eu estar sem blusa te afetava tanto. — Alfinetei e ela bufou, indo até a sala pisando duro, e eu a segui.
— Mas incomoda! — Exclamou, virando-se para mim. — Você pode colocar uma camisa?
— Só se você me disser por que isso te incomoda. — Continuei e ela praguejou baixinho.
— Só me incomoda. — Resmungou ela e eu arqueei uma sobrancelha, duvidando. — Arg, Jacob! Você tira minha concentração andando sem blusa, satisfeito?! — ficou a um passo de gritar e eu tive que me controlar para não rir da cara de espanto que ela fez quando percebeu o que disse.
— Mais ou menos. — Respondi e ela me olhou impaciente.
— O que foi agora? — perguntou e eu andei em sua direção. Ela se afastou. E nós continuamos naquilo até que ela de chocasse contra a parede.
— Eu ainda estou com vontade de te beijar. — Respondi, ficando muito próximo dela.
— Que ótimo. — Ela disse em um fio de voz e eu dei um sorriso de canto para ela. — Mas você pode colocar uma camisa Jacob? Eu falei sério quando eu disse que fico meio desconcentrada. — Murmurou novamente, com a voz vaga.
— Você também me desconcentra, mas eu gosto. — Retruquei e ela levantou o olhar para mim. Foi impressão minha ou ela corou?
— Pelo menos um de nós está confortável. — Murmurou, tentando sair pelo lado, mas eu coloquei meu braço na parede, fazendo-a me olhar entediada. — Sério isso? — Soltou e eu arqueei de novo minha sobrancelha, colocando minha mão livre em sua cintura e a apertando de leve.
se encostou à parede e eu me aproximei mais dela, que virou o rosto, mordendo o lábio, mas deu a oportunidade para que eu passasse a boca em seu pescoço, sentindo ela se arrepiar e seus músculos relaxarem. Fiquei surpreso quando senti seus dedos me puxando pela barra da bermuda que usava e seu rosto ser virado para mim, o castanho de seus olhos brilhando de um modo diferente, quase como fogo. Foi ela quem tomou a iniciativa e aproximou nossos lábios, roçando-os levemente. Confesso que eu não estava com muita paciência, então logo grudei de vez nossas bocas. Mas assim que o contato se firmou, o grito que os garotos de La Push soltam para avisar a chegada soou, fazendo com que ela escapasse por debaixo do meu braço e me deixasse – novamente – com cara de tacho.
Não demorou muito para que Seth e Embry entrassem na minha sala de estar e interrompessem de vez o meu beijo.
— ? — Seth se impressionou e observei-a sorrir e correr até ele, abraçando-o.
— Oi meninos! — Exclamou, já pulando em cima de Embry enquanto os dois me olhavam desconfiados, eu apenas revirei os olhos e cruzei os braços.
— O que você tá fazendo aqui? — Embry indagou, mantendo um braço ao redor da cintura de , fazendo o ciúme rosnar ensandecido dentro de mim, ainda mais por ela estar usando aqueles trajes – se é que se pode dar esse nome ao que ela estava usando – grandes.
— Coisas dos meus irmãos. — Respondeu, erguendo uma sobrancelha na minha direção, como se me desafiasse a contestar.
— E vocês? O que vieram fazer aqui? — Tive que usar todos os meus dotes artísticos para não soar seco demais.
— Viemos fazer uma visita. — Seth soltou rapidamente, arregalando os olhos e eu entendi que eles queriam falar sobre a matilha.
Sem saber muito que fazer, eu acabei ligando a TV em um jogo de futebol americano e logo os dois folgados já se jogaram no sofá. Busquei o olhar de e percebi que ela me olhava, mas ela rapidamente desviou os olhos do meu.
As horas se arrastaram torturantemente com sentada entre Embry e Seth, conversando, brincando e comentando o jogo, enquanto eu só ficava observando-a, discretamente por causa dos dois patetas aqui presentes. Olhei no relógio e vi que já passava das cinco horas, então tratei de espanta-los.
— Daqui a pouco eu tenho que leva-la para casa. — Foi a primeira desculpa que surgiu em minha mente e os dois pareceram engolir.
— Jake, nós precisamos conversar... — Seth sussurrou e eu o interrompi com um aceno de cabeça.
— De noite, na clareira. Passem o recado. — Disse e os dois concordaram, correndo para dentro da mata e me fazendo sorrir. Aleluia! Não aguentava mais os dois de vela aqui. Voltei para dentro de casa e encontrei a “visitante” sentada confortavelmente no meu sofá.
— Vai tentar me beijar de novo? — Perguntou sem desviar os olhos da TV.
— Vontade eu tenho, mas provavelmente algo ou alguém vai nos interromper de novo. — Respondi e vi abrir um meio sorriso.
— Você é insistente. — Comentou, finalmente levantando os olhos para mim. Eu andei e sentei ao seu lado, olhando para frente.
— Você não imagina o quanto. — Concordei e percebi que ela sorriu, para logo repousar a cabeça em meu ombro. Um trovão soou ao longe e logo um raio cortou os céus. ergueu a cabeça e soltou um suspiro. — Não gosta de chuva? — Perguntei, olhando-a.
— Gosto, mas eu tinha esperança de que amanhã o Sol aparecesse também. — Respondeu calmamente.
— Quer ir para casa? — Falei e ela negou.
— Não agora. — Murmurou, voltando a se recostar em mim. Aproveitei que ela tinha dado o “primeiro passo” e passei o braço em torno dela.
— Vocês brigaram? — Indaguei novamente e ela concordou, mas ficou em silêncio em seguida, o que soou como um claro “não quero falar sobre isso, obrigada”.
Para ser sincero, eu não sei quanto tempo passou e que ficamos naquela posição, vendo TV. Pelo menos eu acho que ela via, já que a pequena parte sã de minha mente trabalhava incansavelmente tentando descobrir o que era aquela sensação que vinha com a presença de . Não parecia muito certo estar tão dependente dela – sendo que eu a vi apenas duas vezes –, mas eu não me lembrava do motivo para essa sensação de algo estar pisando em vermelho e neon em minha mente: PERIGO! ERRADO! Mas era só olhar para o rosto angelical e ao mesmo tempo extremamente sedutor da adolescente ao meu lado que esses avisos sumiam sem deixar rastros, como se jamais tivessem me atormentado.
— Acho que já podemos ir. — me despertou dos meus devaneios, levantando o rosto para mim e flagrando-me em plena observação dela.
— Ok. — Balbuciei, sentindo minhas bochechas esquentaram um pouco devido ao “flagra”, o que era muito estranho, devido a minha alta temperatura constante. Ela se levantou e vasculhou a sala com os olhos até achar suas roupas dobradas em cima de uma mesa que estava encostada na parede.
andou calmamente até aquela mesa e eu apenas acompanhei seu andar – extremamente parecido com o de um felino – e meu coração disparou como se soubesse que alguma coisa muito boa iria acontecer. E aconteceu. Aquela maluca – linda – puxou a minha camisa pelo pescoço, deixando mais uma vez aquele corpo escultural a mostra.
Deus! Será que tem como alguém ser mais... gostosa? Nem vampiras tinham um corpo tão perfeito. O lingerie era o suficiente para deixar minha imaginação divagar por entre seu corpo curvilíneo. pareceu perceber que eu a encarava e rolou os olhos, jogando a camisa na minha cara e eu logo a tirei, mas ela já vestia o short e pegava a blusa. Pisquei com sua rapidez e ela riu para mim.
— Vamos logo, Jacob. — Resmungou e eu concordei, colocando a blusa que antes ela usava e sentindo seu cheiro impregnar meus sentidos. Levantei e peguei as chaves do carro, lançando a ela um olhar cobiçoso que eu não sei como surgiu, antes de ir para a garagem.
Hello World!
P.O.V.
Hello World!
Pode parecer exagero, mas acredite, não é. Aquele garoto não podia ser real. Meu corpo praticamente entrava em combustão por causa de um olhar. Ok, eu acho que era “tensão” acumulada dos castos – para minha felicidade (?) – beijos que nós trocamos. Só de me lembrar desses toques, eu sentia aquelas patéticas borboletas no estômago. Não sabia se eu maldizia ou se agradecia as interrupções. Eu sempre fui bem... como eu posso dizer? Fogosa, mas conseguia impor limites aos meus amassos, mas não sei se isso seria viável se tratando de Jacob Black. Uma parte de mim tinha medo das sensações que ele mandava como uma avalanche para mim, já a outra parte me dizia para mandá-lo parar o carro e agarra-lo aqui mesmo – no meio do nada – como se não houvesse amanhã.— O que houve? Você está quieta. — Sua voz soou e eu o olhei, Jacob dirigia concentrado na estrada, mas me olhava pelo canto do olho.
— Nada. — Falei calmamente. — Não dá pra ir mais rápido, não? — Resmunguei, ele estava irritantemente devagar. Ok, nem tão devagar assim, no indicado pelas placas seria o mais correto, porém eu tinha quase certeza de que ele andava nessa velocidade de propósito.
— Não, ultimamente tem muitos policiais por aqui. — Justificou e eu rolei os olhos, sabia que não era verdade, mas fiquei quieta. Samy sempre metia o pé e nunca ninguém havia nos parado.
Mordi o lábio, mas não consegui resistir e acabei olhando-o pelo canto do olho. Dude! Esse garoto é muito gostoso!
Por um instante o desejo de manda-lo parar o carro e pular no colo dele e agarra-lo até que o oxigênio do universo tivesse acabado me apossou – novamente –, mas aí a minha maldita consciência entrou em ação e me lembrou de que eu tinha conhecido Jacob Black hoje. Mas desde quando eu me preocupava com isso, exatamente? Eu sempre fui umas daquelas que se jogam de cabeça no que o coração mandava. Contraditório, eu sei, mas isso começou diminuir um pouco. Mas aí, voltava àquela sensação de intromissão, de que eu não deveria estar ali, e a minha insegurança dava as caras.
Já estava para abrir a boca depois de soltar um suspiro quando senti o carro parar e o motorista puxar o freio de mão. Franzi o cenho ao perceber que já havia chegado em casa, parecia que meu conflito interno tinha demorado tempo demais.
Irritada, eu saltei do carro, batendo a porta com um pouco mais de força do que eu achava necessária e entrei em casa.
— Hey ! — Samanta cumprimentou e eu estreitei os olhos em sua direção. — Ah, ok, eu faço macarrão com molho branco hoje à noite. — Resmungou e eu bufei, como se fosse tão fácil assim ficar de bem comigo de novo.
Se bem que o macarrão com molho branco dela era algo divino, mas abafa.
— Oi Samy. — Escutei a bendita voz grossa dele atrás de mim e eu me arrepiei. De novo. Que droga!
— Hey Jake! — Sorriu, jogando-se em cima dele. Sem querer eu estreitei mais uma vez meus olhos para os dois, que pareciam bem amigos, já que Jake erguia Samy do chão e só faltava ela agarrar ele com as pernas. — Menino do céu, você cresceu! — Exclamou voltando, finalmente, para o chão.
— E eu não fui o único, magrela. — Riu e minha “amada” irmã rolou os olhos. Fitei o lustre e bufei, senti minha pele queimar e retornei o olhar para o casal na minha frente, percebendo que Jacob mantinha os olhos em mim. — Bem, mas agora eu tenho que ir. — Comentou e eu arqueei uma sobrancelha em sua direção querendo dizer “até que enfim, seu idiota gostoso”, e ele tentou reprimir um sorrisinho de canto. Virei-me na direção da escada e subindo alguns degraus.
— Ah, sério? — Samanta perguntou e ele apenas concordou, e eu me virei a tempo de vê-lo estralando um beijo em sua bochecha. Girei nos calcanhares para voltar a subir as escadas, mas os passos dele prenderam minha atenção por um instante. Um choque percorreu toda a minha pele quando os lábios quentes dele tocaram minha bochecha.
— Tchau para você também, . — Zombou e eu me virei, mas ele já estava na porta.
— Hey Jake! — Samanta chamou, desviando o olhar de mim para nossa “visita”. — Sábado é a festa de aniversário minha e do Dave, você vem? — Convidou e eu senti meu estômago afundar quando ele desviou o olhar para mim e sorriu de canto, novamente. — Os meninos de La Push também vêm. — Samy continuou com expectativa.
— Claro. — Jacob sorriu, balançando-se nos calcanhares e eu mordi o lábio para não xingá-lo. Nem eu sei se queria que ele viesse ou que ele se enfiasse em casa e nunca mais saísse. — Quer que eu venha mais cedo para ajudar a arrumar as coisas? — Prontificou-se.
— Não, nós contratamos um pessoal, mas muito obrigada. — Adiantei-me antes que minha irmã abrisse a boca.
— Ok então. — Sorriu e acenou antes de sair, fechando a porta atrás de si. Não demorou muito para escutar o carro saindo em direção à rodovia.
— O que foi isso? — Samy soltou com o queixo caído.
— Um garoto indo embora. — Respondi continuando a subir as escadas.
— Não isso. — Falou entediada. — Mas esse clima entre vocês! — Reformulou, me seguindo.
— Não tem clima nenhum, Samanta, vai se tratar. — Disse como se fosse óbvio, virando-me para ela, que me olhava descrente.
— Ah tá, e eu sou a Rainha da Inglaterra. — Retrucou rindo.
— Nossa, me passa a receita do seu soro da imortalidade então. — Zombei, fechando e trancando a porta de meu quarto.
— E O QUE É ISSO ATÉ SUA BOCHECHA?! — Samy gritou, socando a porta.
Andei rapidamente até o banheiro e em fitei no espelho, não evitando que um sorriso babaca se instalasse por ali. Passei a mão por minha bochecha, seguindo até a região que tinha entrado em contato com a boca do Black queimar, em seguida deslizei a mão por minha nuca, tocando o curativo que ele tinha feito de forma tão preocupada em mim.
Então aquela pergunta voltou a rondar minha mente. Quer dizer, aquelas perguntas.
Quem era esse garoto? Por que ele mexia tanto comigo? Eu estou ficando retardada?
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?!
Hello World!
Hello World!
Bem, eu adorei os comentários! Espero que continuem assim!
Beijos!
Hello World!
ameiii! Continua.
ResponderExcluirameiii! Continua.
ResponderExcluirNuss!!
ResponderExcluirEstou adorandooooo a fic!!!
Essa PP é louquinha, ameeei!!!
Ela e o irmão ainda vão dar muito trabalho, já estou vendo. rsrsrsrs
A fic está esplêndida, bjssss!!!
haha adorei a fic!!! posta outro capitulo logo!!!!
ResponderExcluiradorei a fic
ResponderExcluirtm um ar descomtraido e misterioso
continua
please
:-(
Amei, PP é muito foda
ResponderExcluiressas brigas com o David é muito engraçada e a amizade com a Leah então, vou rir muito rsrsrsr.
Ansiosa para o próximo capitulo, como diz a Binhablack: "A fic está esplêndida"
Bjus.
Estou amando a fic.
ResponderExcluirAtt urgente *-*
Beijos.
O que posso dizer..AMEIIII simplesmente amei....é tudo viagens pelo mundo com a irmã tendo altas diversões :D mas to curiosa...Jacob vai ter o imprinting com Renesmee nessa história??? é onde ele estava hein??? eu aqui falando e nem sei se o par da PP vai ser o (meu lindo e deuso gostoso) Jacob.... esperando ansiosamente pela continuação ( por favor XD)
ResponderExcluirMuito Boa!! Realmente já to adorando a FIC... Essas brigas da PP e do David tão parecidas com as minhas e da minha irmã rsrsrs....Tô SUPER ANSIOSA pelos próximos capitúlos, não demora a postar, please!!!
ResponderExcluirXOXO
Adorei, adorei, adorei...
ResponderExcluirEstou louca pra ver a continuação..
Parabéns,só li o primeiro capítulo e já estou addicted *-*
Amei!! Continua!!
ResponderExcluiraaaaaaaaaaaaaamei!
ResponderExcluire sempre bate aquele medinho da Renesmee UHAHUAUHUHA
ResponderExcluirEstou amando ler a fic, pq a PP é doidinha igual a mim e essas brigas da PP cm o irmão ta parecendo eu e minha irmã ... nossa bate um medinho da Renesmee kkkkkkkk e quando é que a PP eu o Jake vão se encontrar hein??!! Continua com a fic ,*--* :*
ResponderExcluirCadeeeeeeee??? Quero mais D:
ResponderExcluirAmei! Achei a ideia super legal e mal posso esperar para ler mais!
ResponderExcluirBjos
Eu Ameeiiiiiiiii suaa fiiic, to looouca pra leer o restoo *-*
ResponderExcluirAmeeeeei mesmoo :D
ResponderExcluirLouquinha para ler o próximo ;)
Beijoos :*
meu deus...to de boca aberta ate agora e roendo todas as unhas possiveis...mulher posta logo outro cap.!!!!!!! pelo bem da minha sanidade hauhauah
ResponderExcluirCaramba, amei esse "mistério" da PP, a personalidade da Reneesme é o que eu imaginava haha, super curiosa aqui pelos próximos! bjs
ResponderExcluirCOMO ASSIM VC PARA NUMA CENA DESSAS???????????? enlouqueci total aqui, to uma pilha de nervos como assim dois imprinting??????? aquele mostro do lago ness ta merecendo uns tapas pra parar de ser chata r achar que é dona do pedaço.....e como jacob vai pra casa dos denali??que loucura to totalmente fora de mim aqui..quicando na cadeira de curiosidade pra saber o que vai acontecer..qdo ele olhar renesmee o que ele vai sentir ele ainda vai sentir algo ou o imprinting que ele sentiu pela PP vai anular esse imprinting horroroso dele..pq sinceramente não sou uma das maiores fãs desse imprinting ai não acho que o jake deveria ficar com outra pessoa e não com a filha de bella ...mas agora que a PP chegou pra atormentar e acabar com isso estou mto feliz ...nem preciso falar que estou amando a Fic né?? mas caso reste duvidas ESTOU AMANDO A FIC!!!!!!agora pelo meu bem não demore pra postar outro cap pq já estou quase tendo um AVC...kkkkkkkkkkk
ResponderExcluirbjosssss
Cara... Maldade das brabas! kkkk Como você para nessa parte?! Justamente nessa? E como eu fico? Não vou nem dormir direito pensando nessa história de dois imprinting? Será que é um imprinting mesmo? Estou curiosíssima.
ResponderExcluirBjos
NAAAAAA mara gotei muitoooo do primeiro cap eu TÉ poderia ler o segundo junto com o primeiro (pq ñ li na primeira postagem)mas a minha maninha charope quer usar o not e não deu, mas espere vou ler sim e vou comentar espero q não desista de continuar a fic !!
ResponderExcluirOie soiu uma nova leitora da fic
ResponderExcluirRenesmee odeio ela to loca pro jake deixar akela vadia!!
O que foi akela ceninha entre o jake e a pp?
Eu amei vc tem um grande talento pra escrever e continua logo eu preciso ler!!!
A fic está DIVINAAAA!!
ResponderExcluirInfartando aqui... Jake sente algo mais forte que um imprinting e por mim, ain, adoooorei!!!
Reneesme terá uma grande surpresa. hehehehehe
Essa PP é demais!!! Não deixa nada pra depois. É isso aí!!
E o lobinho já mexeu com nossa garota. Também aqueles olhos negros são hipnotizantes. E depois daqueles beijos, nuss, impossível resistir.
Essa festa vai dar o que falar. rsrsrsrs
Amandooooooooo, bjsssss!!!
*OOOOO* adorei esse epi menina!
ResponderExcluirmorri de rir no momento q o jake tombou a cabeça pra me analisar... Só eu tiver uma imagem hilaria sobre isso? hahahahahaha
Adorei tudo nesse capitulo hahahaha
Nao tem nem o q dizer! Quero att logo bjs
Amei a fic... att logoooo... bejjos!
ResponderExcluirAi meu bom Jesus!!!!Adorei!! Simplesmente adoro fics que tenham intrigas, rivais ,muiiito romance cenas mais hots os quase amassos.... Agora essa monstrinha merece ser corna! Adorei o fato de que pelo o que eu entendi o imprinting que o Jake teve por mim é mais forte do que o dele pela nessie!!!! Ah ganhei o dia!! bjos! Até a proxima!!
ResponderExcluirAHHHH Quase esqueci! POSTA MAIS!!
Meeeeeeu deus eu adoro essa fic! Serio é muito boa mesmo, nao pare d postar!!!!!
ResponderExcluirPELO AMOR DE DEUS, NÃO ABANDONA A FIC! TÁ OTIMAAA
ResponderExcluirNossa!! muito bom sua fic. espero ansiosa pela continuação
ResponderExcluirPor favooor! Att logooo! TO LOUCA PRA LER MAIS!!!
ResponderExcluirAmando sua fic Ela ta incrivel parabéns
ResponderExcluirEstou amando as cenas adorei o encontre explosivo dele !!!!!
Esperando por mais !!!!!
Noooosa!!!OMG!!! pirando em 3,2,1 que fic incrível parabéns, sério, tô rolando de ri simplesmente amei sabendo que o lobinho gost. se apaixonou de novo e muito +++ e a vaca da NESSE AGHHH!!! ela quis guerra estão ela que se prepare ai! que vontade de dar uns tapas nela e surrar seu rostinho na terra cretina kkkkkkk POSTA + PLEASE ESTOU LOKA PARA CONTINUAR LENDO BJOS
ResponderExcluirAmaaaaando.!!! Preciso de att... e de dar uma surra na Nessie! Rs... bns!
ResponderExcluirAmando...
ResponderExcluirSou mega fã dessa garotaa...
Muito perfeita... Esperando pelo o próximo capítulo...
Cade o proximo capittulo cade cade cade o.o amando a fic e nessecitando de mais . Quero mais s s s u.u porfavor poste urgentemente u.u
ResponderExcluirMuito perfeita sua fic!! Posta urgentemente o proximo capitulo.
ResponderExcluirNão abandona não a fic.Please
Comecei a ler ontem e estou APAIXONADA pela história, pelo modo como você escreve e tudo! Parabéns e por favor, não nos abandone! hahahah continueeeee!!!! *-*
ResponderExcluirNão nos abandone por favorrrrrr! Sem sombra de dúvidas é a minha favorita!
ResponderExcluirPor favor continuee !! Pleaseee !!
ResponderExcluirContinua por favor!!!
ResponderExcluirContinuuuuuuuuuuuuuuue! Pleaaaaaase!
ResponderExcluircontinuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
ResponderExcluircontinua
ResponderExcluirja espero a um tempao
nao aguento mais
#muita ansiedade
Eu quero muito continuar a ler continua por favorrrrr
ResponderExcluirporque parou???? Não acredito! É incrível, volta por favor!!!!!!!!!
ResponderExcluirAi,mds que fic perfeita,amei continua tipo super rapido por favor eu amo essa fanfic
ResponderExcluirContinua pfpfpfpfpfpfpfpfpfpfpfpfpfpfpf
ResponderExcluirTem o link da continuaçao?? Fic pfts <3
ResponderExcluir?.?
ResponderExcluirAaaaa por favor contínua pleaseee!!!
ResponderExcluirE esses amassos meu amorrr chama o bombeiro kkkkkkk
Eu não podia acreditar que eu voltaria a me reunir com meu marido, eu estava tão traumatizada por ficar sozinha sem ninguém para ficar comigo e para estar comigo, mas eu tive muita sorte um dia em encontrar este poderoso lançador de feitiços Dr. Azaka depois de contar a ele sobre minha situação ele fez todo o humanamente possível para que meu amante voltasse para mim, na verdade depois de lançar o feitiço meu marido voltou para mim em menos de 24 horas, meu marido voltou me implorando para nunca mais ir embora eu de novo, 1 meses depois ficamos noivos e nos casamos, se você está passando pela mesma situação é só entrar em contato com ele via: Azakaspelltemple4@gmail.com whatsapp: + 1 ( 3 1 5 ) 3 1 6 - 1 5 2 1 muito obrigado senhor por restaurar meu ex-amor
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