26 de março de 2014

Wild Heart por BabySuhBR

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Wild Heart


CAPÍTULO 1


POV - Sonho adolescente [Ver letra e tradução]


Estacionei a velha picape perto da casa de campo de . À porta já nos aguardava uma velha senhora, negra, que trajava um conjunto cor de chumbo, lhe dando um ar mais carregado que suas poucas rugas lhe apresentavam. Seus cabelos grisalhos e frisados estavam apanhados em um coque formal, guardados em uma rede de cabelo.
saiu do carro apressada, correndo na direção da senhora, a governanta, como ela mo contara, sendo abraçada de forma maternal.




Enquanto ela corria eu observava maravilhado seus cabelos ondularem com o vento, como um véu dourado, me hipnotizando. Seu corpo violino, era um molde da perfeição, onde as jeans claras e o top branco de alças finas delineavam cada curva sua.


Eu era um homem cheio de sorte. Não podia pedir mulher mais perfeita para mim. Além de bela ela era dinâmica, independente, alegre, centrada, uma excelente amante e uma maravilhosa dona de casa, com uma profunda entrega em seu trabalho, apaixonada e apaixonante. Era a mulher perfeita para mim. A minha impressão.
-! Vem. – chamou por mim, me tirando de meus devaneios.
Lhe abri um largo sorriso e saí da picape, dando a volta ao carro e fazendo uma corridinha até minha esposa.


-Tessa, esse é meu marido, . Amor, essa é Tessa Gardene. Minha mãe. – nos apresentou.
-Que disparate menina. Eu lá tenho idade para ser sua mãe? – A senhora faz graça, roubando uma gargalhada gostosa de .
Eu olhei maravilhado para ela. Era insana a facilidade com que eu me distraia e me perdia em cada detalhe daquela mulher.
-Muito prazer em conhecer o homem que roubou o coração da minha menina. – Tessa me estendeu a mão para um cumprimento formal e eu atalhei com um gesto cavalheiresco, beijando o topo de sua mão.
sorriu, fazendo um falso trejeito de ciúme, colocando suas macias e delicadas mãos em sua cintura fina e pendendo a cabeça para o lado, enquanto comprimia os lábios para apartar o sorriso.
-O prazer é todo meu Tessa. – Sorri, provocando minha loira.
Ela abanou a cabeça e voltou a falar casual.
-Tessa foi minha mãe de leite e ama de . Por falar em . Onde ela está? – perguntou, adotando uma pose tensa e uma expressão consternada em dois segundos.
-Trancada na torre. – Tessa também desfez seu sorriso ao mencionar a tal garota.
-E é seguro? – sussurrou, se inclinando de leve para a frente.
-Eu pouco posso fazer, querida. Você conhece bem sua irmã. Ela é intempestiva. E tudo vira um caos se a contrariam. Prefiro lhe dar um voto de confiança. Há três meses que não tenta nada. – Respondeu no mesmo tom baixo de , sendo que a última frase saiu como um sopro se confundindo com o vento.
Se eu fosse uma pessoa normal eu não escutaria. Mas eu tinha meus sentidos super apurados.
Tessa me olhou de relance e eu fiz ar de desentendido, como se realmente não tivesse escutado coisa alguma. Mas sabia que eu escutara e tentou disfarçar sua preocupação.
Aliás, ela vinha disfarçando e escondendo muitas coisas desde que recebera um telefonema e decidira voltar para Greenwich, Ohio. Sua vida virou dos pés à cabeça, dando uma volta de 180º. se tornou uma garota mais irritadiça, mais calada e séria – introspetiva – e mais triste e pensativa. Sempre com uma expressão distraída e dolorida.
Nós nunca tivemos segredos um com o outro, mas depois do telefonema ela deixou de ser a garota que eu conhecera e com quem me casei para passar a ser uma estranha. E nesse momento eu odiei quem telefonara e mudara minha esposa tão drasticamente.
-Eu vou lá em cima falar com ela. – nos avisou, beijando o rosto de Tessa e me lançando um olhar de socorro, como que se pedindo forças para ir.
Mesmo sem entender as razões, eu lhe devolvi o olhar. Um olhar confiante que dizia o quanto eu a amava e confiava nela. E então ela entrou em casa, subindo a escadaria e sumindo de meu campo de visão.


POV - Mascarado




O sótão dessa casa era a minha torre, o meu forte, o local onde me sentia mais…sozinha. Mas sozinha num bom sentido. Um sozinha diferente de solitária.
Era aqui, na torre, que eu gostava de me refugiar quando a culpa caia sobre mim. Aqui era o meu céu, onde todos os meus pecados eram absolvidos e as lembranças do passado eram boas e não dolorosas, como costumavam ser.


Escutava a melodia que tocava na caixinha de música de minha mãe. Era uma melodia linda e tocante.


-Masquerade! Paper faces on parade…Masquerade! Hide your face, so the world will never find you! Masquerade! Every face a different shade…Masquerade! Look around – There´s another mask behind you! – Cantarolei a letra da música “Masquerade”.


(Tradução: Mascarado! Rostos de papel em desfile... Mascarado! Esconda seu rosto, então o mundo nunca irá encontrá-lo! Mascarado! Cada rosto uma nuance diferente... Mascarado! Olhe em volta - há outra máscara atrás de você!)


Essa era uma de minhas músicas preferidas. A que mais me compreendia e com a qual mais me identificava. Porque o mundo era uma grande máscara que escondia a verdadeira face das pessoas.


Minha cantoria foi interrompida pelo som de um carro se aproximando. Corri para a bay-window e avistei uma carrinha velha se aproximar da casa, vinda da estrada de terra.
Estreitei meus olhos, tentando focá-los melhor, para perceber quem estava chegando.
Provavelmente Tessa já havia me dito, mas eu camuflava todos os sons que eu não queria escutar. Gostava de silêncio e tudo o resto era escusado para mim.


Quando a carrinha de caixa aberta - cheia de malas, por sinal – parou por fim e a primeira pessoa saiu do carro, senti meu corpo aquecer confortavelmente e um pequeno vazio em meu coração ser preenchido. Consequentemente um nó se formou em minha garganta e uma lágrima rolou por meu rosto.


-. – Murmurei acariciando o vidro e me permitindo a um pequeno sorriso.


Observei abraçar Tessa, que não parecia surpresa com sua visita. Talvez ela soubesse mesmo da vinda de minha irmã.
Me culpei por não ter captado e capturado a mensagem de aviso de Tessa sobre a vinda de minha irmã, mas logo me alheei dessa culpa. estava aqui e isso era tudo o que importava.


E então todo o meu mundo parou. Vindo de não sei onde, ele surgiu com um sorriso devastador.
Ele era surreal. Sua beleza, sua forma, seu sorriso…Ele parecia um Deus Grego ou um anjo, e mesmo assim nenhuma das comparações pareciam ser suficientes.
Um corpo master, adornado dos mais bem delineados músculos; uma pele morena que reluzia com a luz do sol; um olhar negro e profundo, que se rasgava em um sorriso de se fazer perder a respiração.
Ele parecia uma miragem.


Não sei quanto tempo passou desde que eu o começara admirando. Seguia todos os seus movimentos com extrema atenção; completamente hipnotizada e viciada.
O vi regressar à carrinha e isso me fez sentir um nó maior crescer em minha garganta, como sinal de medo que ele fosse embora. Mas não. Pelo contrário. O anjo, como eu o preferira intitula, se dirigiu à caixa do carro, abrindo a comporta traseira e descarregando todas as bagagens.
E num segundo de lucidez eu retornei à realidade. Ele tinha vindo com minha irmã.


- ! – A voz de ressoou atrás de mim como uma chamada de atenção ansiosa.


Eu me virei rapidamente, a olhando por alguns segundos – tempo o suficiente para ter certeza que ela era real – e corri em sua direção, a arremessando e sendo arremessada, em um abraço carregado de saudade.


-Você voltou. – Solucei, me apercebendo que já chorava. Como eu era tão fraca…


nada respondeu (e eu sabia bem o que isso significava), se ficando apenas pelo forte abraço, as carícias em meus cabelos e os cicios calmantes de sempre.
Quando por fim me acalmei e controlei o choro, se separou de mim, segurando meu rosto em suas mãos.


-Como você está? – Ela questionou enxugando as lágrimas que banharam o meu rosto.


-Com saudades. – Confessei, me permitindo a esse momento, ainda que expor meus sentimentos fosse algo muito difícil para mim, mesmo se tratando de minha irmã.


-Eu também, minha pequena. Mas agora eu estou aqui. Vou cuidar de você, está bom?


-Não por muito tempo. – Murmurei para mim, baixando meu olhar.


-Ei. Olha pra mim. – Ela exigiu, pressionando meu rosto para cima em suas mãos. – Eu não quero voltar a escutar isso de você, OK? Não mais! – Exigiu convita. – Vamos parar com drama, ! Nada vai acontecer com você. Eu não vou deixar, mocinha! – Me repreendeu, se garantindo, em tom zangado, de que tudo ia ficar bem.


Eu não tinha tantas certezas, mas apenas baixei meu olhar de novo em um consentimento mudo e forçado.
Mas meu olhar captou algo a mais. Algo que brilhou em sua mão esquerda.
Meio surpresa, peguei em sua mão e olhei demoradamente para ela, tentando assimilar o significado daquelas duas alianças no dedo anelar. Uma continha um solitário e a outra era simples, muito parecida com as dos casamentos. Essa constatação me fez engolir uma pedra.


-Você casou? – Minha voz soou falha e as lágrimas voltaram a embaçar meus olhos.


-, eu posso explicar… - Tentou falar mas eu a cortei.


-Você casou e não me disse nada? Você casou e nem me mandou convite? Que tipo de irmã é você, ? Porque você insiste em fazer isso comigo? Porquê você insiste em me abandonar, me deixar pra trás como se eu nunca tivesse feito parte de sua vida? – Eu discutia com ela, nervosa, caminhando de um lado para o outro e gesticulando exageradamente.


-CHEGA! – Ela gritou me paralisando por completo. – Se você quer mesmo saber todos os porquês, eu digo, . – Agora era ela que estava nervosa, passando os dedos pelos cabelos, os puxando. – Cansei! Cansei de ver você destruindo sua vida e querendo destruir a minha! Eu precisava de sumir no mundo, me afastar de você pra ser feliz! E se quer saber. – Parou de caminhar e de puxar os cabelos e me olhou com os olhos vermelhos. – Eu estou muito feliz, mana. Finalmente. – Despejou sem comedimento.


-SAI DAQUI! VAI EMBORA! SAI DAQUI! – Eu gritava, empurrando para fora do meu forte.


Eu não iria permitir que ela destruísse o meu lar. O único lugar onde me sentia segura.


CAPÍTULO 2

POV - Faça seu coração parar de chorar [Ver letra e tradução]

Depois que entrou, eu fui descarregar as malas da picape. Minha cabeça martelava em dúvidas e questões que teimavam ser respondidas. Mas eu não podia ser precipitado. Não queria me precipitar em conclusões e julgamentos. Mas eu tinha urgência em quebrar toda a redoma de segredos que criara e colocara entre nós.

Fiz o serviço de descarregamento o mais lentamente possível, me permitindo a inúmeras viagens entre a carrinha e o hall da casa de .
Tessa havia desaparecido sem me dar satisfações. Não que ela precisasse fazê-lo, mas acho que como convidado, merecia alguma cortesia. Ou talvez ela já me considerasse da casa por ser marido de e achasse que seria pouco elegante ficar atrelada a mim me dando, assim, espaço e liberdade. Assim que cheguei a essa conclusão, apreciei o gesto.
Quando, por fim, coloquei a última mala sobre o monte, no chão do hall, Tessa surgiu ao pé da escada com sua típica pose formal. Teria de me habituar a isso.

-Apetecia-lhe um lanche, senhor ?

-Por favor, Tessa. Sem essa de senhor. Me trate apenas por . se preferir. – Lhe sorri amável.

-Tudo bem, . – Acentuou bem meu nome.

-Sim aceito um lanche. – Afirmei passando a mão por minha barriga.

Tessa sorriu curtamente e me indicou com gestos que eu a seguisse.

Dei o primeiro passo mas logo estagnei quando escutei o grito de .

-CHEGA!

Eu e Tessa olhamos para cima e eu apurei meus ouvidos para escutar o resto. Quando dei por mim estava subindo os primeiros degraus da escada, mas a mão áspera e enrugada de Tessa me parou.

-Eu tenho de ir lá. Ela é minha mulher! – Exasperei para a expressão dura e repreensiva da governanta.

-Elas são irmãs. Elas se entendem. – Me garantiu.

-SAI DAQUI! VAI EMBORA! SAI DAQUI! – Escutamos outra voz feminina gritar.


Olhei arregalado para Tessa, que soltou meu braço, e subi até o topo da escadaria tentando perceber onde estava. Do fundo do corredor lateral, ela surgiu descendo de outra escadaria, mas curta e estreita, correndo em minha direção aos prantos.

Meu coração, se apertou ficando do tamanho de uma ervilha, me fazendo sentir impotente por não conseguir aplacar a dor de minha mulher ou sequer retirá-la de seu peito e colocá-la no meu. soluçava e tremia em meus braços e minha única vontade era de ir atrás dessa sua irmã e de lhe dizer umas poucas e boas, que no futuro a faria repensar bem antes de fazer chorar desse jeito. Logo , que nunca a vi derramando uma só lágrima. Nem mesmo no nosso casamento, onde EU chorei que nem um bebê, mesmo que tentando disfarçar. O que essa irmã lhe disse deve ter sido bastante cruel.

-Já passou. Eu estou aqui. – Apertei um pouco mais meus braços em torno do corpo frágil dela, tentando ao máximo construir um forte de proteção, onde ela se sentisse segura e amada.
Enquanto a abraçava ela me conduzia por um outro corredor lateral à escadaria principal. Entramos em um enorme quarto, todo moderno e despojado, apesar do estilo vitoriano da casa. Bem cara de .

Caminhamos até uma gigantesca cama de dossel, onde nos sentamos. Eu me ajeitei, ficando parcialmente deitado, com as costas encostadas na cabeceira, e se aninhou em meus braços, deitando sua cabeça em meu peito.

-Esse lugar não faz bem a você. – Comentei depois de um tempo em silêncio, onde apenas se escutavam seus soluços.

-Eu sei. – Murmurou, limpando o rosto com a barra do seu top. – Mas eu não posso ir embora. Não de novo.

-Porquê? – Questionei me erguendo e me virando para olhá-la nos olhos. – , - Suspirei. – acho que está na hora de você parar de guardar seu passado para si. A verdade é que eu pouco sei de você. Sei apenas que seus pais morreram, que você era de Ohio, que cursou pediatria e que saiu de casa com vinte anos. Mais nada. Não sei de que seus pais morreram, nem sabia que você tinha uma irmã! Problemática, pelo que me parece.

-Não! – Me interrompeu. – Não a julgue. Você não sabe nada dela! – Me repreendeu com o indicador apontado para o meu rosto.

-Então porque você não me conta? – Pedi afagando seu rosto.

-Me dê tempo. – Murmurou, tornando a deitar em meu peito. – Me dê só um pouco de tempo para criar coragem.

Eu assenti em silêncio, trancando dentro de mim a vontade de dizer que não iria esperar mais por explicações.

POV - Não pode cair [Ver letra e tradução]

Bati com a porta da “torre”, depois de ter expulsado , respirando sofregamente.
As lágrimas teimavam em cair, e por mais que eu as enxugasse elas tornavam a banhar o meu rosto.
Encostei meu corpo na porta, batendo com as mãos na cabeça, me odiando - mais um pouco - por me ter permitido expor meus sentimentos dessa maneira a uma pessoa que eu julgava ter podido, alguma vez, confiar.

Mas como eu disse antes, o mundo é uma grande máscara que esconde a verdadeira face das pessoas. E a máscara de minha irmã acabara de cair.

A caixa de música ainda tocava e a música já não me fazia mais bem. Corri até o criado mudo, ao pé de minha cama, e fechei o tampo da caixa com certa brutalidade, acabando logo com a melodia.
Me sentei na ponta da cama e abracei meu corpo, olhando em volta. O meu forte havia sido corrompido.
Por hora ele não me trazia mais boas recordações ou paz.

Caminhei até o meu pequeno closet e peguei a roupa de equitação me trocando rapidamente. Prendi meus fios rebeldes em um coque alto e mal feito e, no final, calcei as botas de hipismo.
Saí do quarto e desci as escadas o mais discreta e silenciosamente possível. Quando cheguei no rés-do-chão escutei o tilintar dos cristais vindos da sala de estar, que ficava do lado esquerdo da casa. Tessa estava limpando o pó, o que me dava caminho livre para sair pelas traseiras.
Corri pelo corredor lateral à escadaria, do lado direito da casa, que dava para a sala de jantar, a cozinha e a saída das traseiras.

Quando por fim me vi fora de casa, corri até a estrebaria, que ficava do lado esquerdo da propriedade, a uns cerca de 50 metros. Do lado de direito da propriedade, havia uma lagoa enorme, ladeada por uma floresta. (N/A:Foto da casa aqui)

Assim que cheguei na estrebaria fui juntando as correias e a sela para selar Diana, a minha égua de “guerra”. Uma Mustang, de pêlo escuro e olhos cor de mel, que só permitia que eu a montasse. Era a mais selvagem de todos os outros cavalos que eu tinha e dei um duro para que ela me respeitasse.
Era a única que não precisava de máscara para se esconder. Ela era verdadeira e pura.

Cheguei no resguardo de Diana, o mais afastado possível dos outros resguardos, e me empoleirei na comporta de madeira que a trancava lá dentro, depois de ter pousado a sela e as correias sobre a mesma.

-Ei, Di. Pronta para um passeio? – Perguntei olhando no fundo de seus belos olhos e ela relinchou abanando o focinho e batendo os cascos no chão. – Linda menina. – Sorri abrindo a comporta e me aproximando lentamente da égua.

Acariciei seu lombo, em sinal de reconhecimento, e ela fungou no meu rosto, me reconhecendo também.

-Tinha tantas saudades suas. Me desculpe por ter demorado a vir ver você. – Murmurei encostando minha testa na cabeça dela.

Depois de um abraço, fui pegar a sela e as correias e as coloquei nela. Quando tudo estava bem preso, a montei e dei com as esporas do calçado da sela no lombo dela para a incitar a andar, juntamente com a onomatopeia de estalar com a ponta da língua no céu-da-boca.
Logo ela começou a trotar até à saída da estrebaria.
Depois disso gritei ‘Ya’ e bati com as correrias em seu dorso, para que ela começasse a galopar.
A guiei em direção à floresta. Iria atravessá-la até chegar ao dique da lagoa, que ficava do outro lado da floresta, fora da propriedade Grissom.


A sensação do vento chicoteando o meu rosto era indescritível. Era como ser um pássaro e voar em liberdade, sem destino ou preocupações.
Assim que adentramos a floresta uma escuridão assomou o caminho que percorria a galope.
A densidade das copas das árvores era tal que me era impossível vislumbrar céu aberto. Sabia apenas que era dia pelos pequenos raios de sol que furavam através das diminutas e numerosas frestas entre as folhas e os galhos das copas.
O percurso até ao dique fora cerca de uma hora e quando lá cheguei foi como se tivesse saído das sombras e chegado ao paraíso, depois de ter percorrido um caminho sombrio e guerreiro.
Aquelas terras eram abandonadas e o meu sonho era comprá-las e construir uma casa de árvore. Uma casa que comporta-se dois quartos, uma casa de banho, uma cozinha e uma sala. Um verdadeiro sonho.
Nas árvores da floresta isso era impossível de se fazer, mas perto do dique havia uma única e singular sequóia. Ela era baixa e com ramos tão grossos e extensos que dava perfeitamente para construir a casa que eu sonhava.

Desci de Diana e a puxei até à margem da lagoa, para que ela bebesse água. Atei as correias ao cabo de madeira do dique e caminhei pela passadeira até chegar ao único barco que havia lá. Um barco a remos velho e abandonado. Desfiz as amarras e subi nele, pegando nos remos e empurrando o barco para o centro da lagoa. Remei até o canto mais afastado do dique e, quando lá cheguei, voltei a guardar os remos.

Como ritual, que esporadicamente fazia, me deitei no centro do barco vendo o sol se pôr em um crepúsculo magnífico.
Senti meu rosto ser lavado por lágrimas sujas de dor e culpa.
tinha razão, eu só destruía a vida de todos à minha volta. Destruí a vida de meus pais, destruí a minha vida, a de Tessa… não podia ser mais uma vítima. Ela merecia ser feliz.

Casada. Era surreal pensar que estava casada. Logo ela que odiava compromissos. Mas se aquele anjo a havia conseguido conquistar, era porque ele era merecedor de seu amor.
Mas também quem não haveria de se apaixonar por aquele deus?

CAPÍTULO 3


POV )
- Meu Amor [Ver letra e tradução]



Acordei com uma leve batida na porta do quarto. Retirei com cuidado os braços de de minha cintura e substitui meu peito por uma almofada. Sai da cama e fui abrir a porta.


-Desculpe acordá-lo, , mas já anoiteceu e com certeza vocês devem de estar esfomeados. Desçam para jantar e depois tornam a vir descansar. – Tessa sugeriu amável.


-Claro, vou acordar . – Falei esfregando meu rosto ensonado.


Tessa sorriu de leve e foi embora. Tornei a fechar a porta e me sentei na ponta da cama, do lado de minha mulher.


-Ei, amor. Acorde. – A chamei acariciando seus belos cabelos. – Acorde dorminhoca. – Abanei um pouco seu ombro e ela gemeu em protesto. – , acorde amor. – Sorri anasalado, fazendo cosquinhas nela.


Ela se remexeu sorrindo mas mantendo os olhos fechados.


-Acorde, bela adormecida.


-Só um beijo poderá me acordar. – Ela argumentou me fazendo gargalhar alto.


-Seus desejos são ordens.


-Me inclinei sobre ela, beijando seus lábios com carinho, mas ela não se deu por satisfeita.


Devorou meus lábios, enlaçando seus braços em torno de meu pescoço, me puxando mais para si. Me coloquei sobre ela, ladeando seu corpo com as palmas das mãos apoiadas no colchão, suportando o peso de meu corpo.


-Temos de descer para jantar. Você não tem fome? – Perguntei entre beijos.


-Tenho. Tenho muita fome sim. Fome de você. – Falou me sorrindo maliciosamente e passeando suas mãos assanhadas por de baixo de meu pólo, me ensandecendo.


-Eu também. Mas vamos comer algo de verdade primeiro, antes que eu desfaleça. – Falei dramaticamente a fazendo gargalhar.


-‘Tá negando fogo, é, senhor ? – Perguntou beliscando minhas nádegas.


-Não. Isso são apenas os delírios da fome falando por mim. – Argumentei e para confirmar meu estômago roncou alto.


-Então vamos logo descer. Não quero ser acusada de esposa negligente. – Brincou, saltando para fora da cama, depois de me empurrar para o lado.


-Nunca te acusaria de tal coisa! Ninfo sim, mas negli nunca! – Brinquei.


-Você está tão morto, ! – Ela abanou a cabeça pendida para o lado, falando com as mãos na cintura e os olhos estreitos.


Esses eram gestos tipicamente seus e eu os amava enlouquecidamente. Cada um deles.


-O que foi? – Perguntou divertida se apercebendo que eu a olhava como um retardado.


-Você é linda. – Confessei me erguendo e caminhando até ela. – Eu te amo tanto, , que às vezes tenho medo que seja apenas um sonho. – A abracei pela cintura, sem desgrudar meus olhos dos seus.


-Não é um sonho, . Seu estômago o diz. – Ela brincou apontando para minha barriga que fazia barulhos estranhos.


Saímos do quarto rindo abraçados e apaixonados.


-Até que enfim desceram. A comida ia acabar esfriando. – Tessa resmungou.


-O que é o jantar? – Minha esposa questionou se sentando à mesa. Eu me sentei ao seu lado.


-Guisado de pato. O seu preferido. – Indicou servindo o prato de e em seguida o meu.


-Já falei que te amo? – Perguntou beijando o rosto da mulher.


-Eu o sei. Não precisa dizer. Bom apetite.


-Obrigado. – Respondemos ao mesmo tempo, atacando esfomeados o guisado.


Em 5 minutos eu já havia devorado o meu prato e iniciava a segunda rodada.


-E ? – perguntou, rompendo o silêncio.


-Ela costuma comer lá em cima, mas como vocês estão cá eu a fui chamar.


E o que ela disse?


-Não respondeu sequer. – A governanta deu de ombros.


-Não respondeu? – pousou os talheres, olhando para a mulher, preocupada.


A senhora retribuiu o olhar, como se apercebendo de algo.


-Eu vou lá ver. – Avisou.


-Não, deixa que eu vou. – Minha esposa pediu saindo da mesa e correndo para o sótão.


Tessa adotou uma pose mais rija e uma expressão ainda mais carregada. Nesse momento gostava de ter um dos poderes dos Cullen. Como o do Jasper para acalmá-las, ou o do cabeçudo para perceber o que estava passando na mente delas. Mas eu era um mero lobo, que agora não servia nem para proteger uma mosca.
Alguns minutos se passaram até que surgiu assarapantada e desesperada.


-Ela sumiu! – Falou ofegante.


Tessa arregalou os olhos e olhou fixamente para o relógio, que marcava 9 p.m., pouco a passar disso.


-O que foi? – questionou alarmada.


-Está perto da hora da medicação. – Murmurou, baixando os olhos.


-Oh meu Deus! – Minha mulher levou as mãos à cabeça, desesperada. – O que foi que eu fiz? Oh céus! – Começou passarinhando de um lado para o outro.


Eu me ergui da mesa, tentando acalmá-la, mas ela me repelia de seus braços.


-Nós precisamos achar . Urgentemente! – Ela me olhou nos olhos, implorando secretamente que eu salvasse sua irmã.


Assenti em silêncio e saí de casa, dando um leve beijo de ‘até breve’ em seus lábios.
Escutei ela dizer a Tessa “Ele vai achá-la e trazê-la para casa. Não se preocupe.”, enquanto  eu me afastava a passos apressados da casa.


POV - Eu Estou Aqui [Ver letra e tradução]




Abri meus olhos depois de, sem me dar conta, ter adormecido no meio do barco, mas uma luz me cegou.
Teria já amanhecido? Me perguntei ao tempo que senti sendo transportada.
Meu barco estaria navegando?
Tentei erguer minha mão, para tapar parcialmente a luz que me cegava, mas algo prendia meus braços. Pressionei meus olhos para focá-los e quando olhei em volta percebi que não estava sozinha e muito menos que estava no meio da lagoa.
Homens de batas e máscaras cirúrgicas me rodeavam e eu estava sendo transportada por um corredor.
Baixei meus olhos e percebi que tanto minhas mãos quanto meus pés estava amarrados nas barras de ferro da maca.
Tentei puxar por eles, mas estavam completamente presos. Comecei me desesperando e me debatendo até que senti uma mão escaldante tocar meu ombro.


-Vai ficar tudo bem. – O anjo me segredou acariciando meus cabelos.


Aos poucos fui me acalmando e me sentindo fraca também. Muito fraca. Como se meus sentidos se estivessem desvanecendo.
Meu corpo estava dormente e minha visão começava ficando turva e os sons pareciam ficar cada vez mais afastados, como se eu estivesse no fundo de um poço. E meu coração parecia prestes a parar.
Comprimi meus olhos, me concentrando apenas no calor que o anjo emanava para mim. Isso me fazia querer lutar por mais um pouco de resistência e me manter acordada.
Entreabri um pouco meus olhos quando senti a maca bater contra algo e percebi que passávamos por umas portas giratórias e entrávamos em um bloco.
Os enfermeiros cortaram as cordas de linho, que prendiam meus membros, e me transferiram para uma outra maca.
Não conseguia perceber o significado daquilo. O que estava eu fazendo ali? O que teria acontecido comigo no meio tempo em que adormeci no barco no meio da lagoa? Quanto tempo teria passado? Onde estava minha irmã?


Olhei para o lado e vi uma cortina feita de material hospitalar me separar de uma outra maca, onde, eu percebi, estavam operando outra pessoa.


-Carga! – Escutei um médico vozear e um som parecido com o de um choque soar em seguida, junto com o som de um corpo batendo contra a maca.


-Aumentem a voltagem para 250 volts. – O médico pediu. – Afastem-se. Carga! – Os sons anteriores se repetiram.


-Continua a zero. – Uma enfermeira comentou.


-300. – Pediu o médico sem querer desistir. – Carga! – E de novo os sons.


Depois de uns minutos de silêncio a enfermeira informou: - Hora de morte: 22h15. – Sua voz soava seca e pesarosa. Como se não quisesse admitir que, quem quer que fosse, tivesse morrido.


Então a cortina foi afastada e os meus olhos perderam o foco ao ficarem embaçados pelas lágrimas que culminaram. O meu coração, que estava fraco, deu um forte solavanco em meu peito e os soluços presos na garganta se tornaram audíveis.


-Não, não! não! NÃO! – Gritei me debatendo contra alguém que me agarrava, acordando de um pesadelo.


-Calma, shhhhuuu. Foi só um mau sonho. Eu estou aqui. – sussurrou, me mantendo em seus braços e eu me agarrei a ela, a abraçando forte e chorando aos prantos.


Meu rosto permanecia colado no peito de , escutando seu coração bater forte e meus olhos encaravam aquele anjo que nem em sonhos me abandonou. Ele me olhava com confusão e dúvidas, além de compaixão e…pena. Engoli em seco. Eu não precisava de pena de ninguém.

Tessa se aproximou de mim com um copo de água e alguns daqueles malditos comprimidos. Depois de ter recusado e de ter sido repreendida por minha irmã, acabei os tomando a contragosto, voltando a deitar no colo de , soluçando, enquanto ela afagava meus cabelos.


CAPÍTULO 4


POV - Plástico Bolha [Ver letra e tradução]




O vento frio que soprava e chicoteava meu focinho era cortante. As temperaturas haviam caído drasticamente desde que anoitecera e se eu fosse um humano normal, não estaria resistindo a essas condições climatéricas. Esse pensamento me preocupou. Em que condições estaria essa tal de quando eu a encontrasse? Se eu a encontrasse…


A preocupação tomou conta de mim e a raiva que antes sentira por essa garota começava se dissipando. Ela era um ser humano como outro qualquer, que nesse momento estava precisando da minha ajuda. Um protetor do povo, é o que eu sou.


Além do que tinha razão. Eu não podia culpar da dor de minha esposa sem saber os motivos, e nem julgá-la sem conhecê-la primeiro. E esse era um facto. Desde que chegara ainda não a vira. As típicas fotos de família, que deviam de haver pela casa, eram inexistentes e nunca me havia falado da existência de uma irmã. O que só baralhava mais minha cabeça. Que segredos Cassidy estava escondendo de mim?


Abanei o focinho afastando os pensamentos e perguntas que só ela me poderia responder. Precisava me concentrar ao máximo. Apurei meus sentidos lupinos. Minha visão nada via para além de mato e árvores. Meu olfato só captava o cheiro de pinheiro e eucalipto. E meus ouvidos escutavam o corujar da coruja, o cricri dos grilos e o relinchar de um cavalo.


Cavalo? Pensei. Um cavalo solto por essas bandas só pode indicar que estou perto. Concluí acelerando a corrida, cravando as unhas no solo e fazendo sulcos de terra, grama e pó voarem pelo ar.


Meus olhos tentavam sincronizar com o que eu ouvia, me encaminhando na direção certa. Em menos de cinco minutos estava alcançando o animal. Este se assustou com o meu porte e em um gesto defensivo começou recuando e erguendo as patas dianteiras, para tentar ficar maior que eu. Olhei no fundo dos olhos dele, de forma ameaçadora, mas respeitadora também. Ele tinha de perceber que eu não o iria atacar, mas que também não iria recuar por medo.


Segundos se passaram quando o cavalo parou de erguer as patas e de recuar, se ficando apenas pelos relinchos, que iam diminuindo de volume. Ele estava confiante, mas não gostava de ‘dar o braço a torcer’, figurativamente falando.


Depois que se acalmou, comecei recuando devagar, até chegar em uns arbustos altos para me destransformar. Senti um fogo percorrer o meu dorso e a sensação de meu corpo se contraindo e diminuindo até a forma humana. Desfiz o nó das roupas que havia feito no tornozelo e vesti rápidamente apenas minhas calças.
Caminhei de volta até o cavalo, lentamente, sempre olhando em seus olhos mel, em contraste com seu pelo escuro. Era o animal mais lindo que alguma vez havia visto. Uma beleza selvagem e fora do normal. O animal relinchou estranhando minha nova forma, mas havia me reconhecido.


-Ei, onde ela está? – Questionei em um quase sussurro.


O cavalo tornou a relinchar e recuou para trás, me dando uma visão privilegiada da lagoa, que só agora me havia apercebido que existia. A princípio não entendera o que ele estava tentando me mostrar, mas quando avistei o pequeno barco a remos entendi de imediato.
Não hesitei em despir as calças jeans em um ápice e me atirar nas águas geladas, nadando apressado. Quando alcancei o barco me empoleirei sobre ele para ver o estado da garota. Esta estava inconsciente e, se não estivesse tremendo de frio, diria que estava morta. Seu rosto pálido, os lábios roxos e o coração mal batia.
Então ela começou se debatendo, como se lutasse contra algo invisível. Talvez sonhando. Estiquei meu braço e toquei em seu ombro a abanando de leve. Ela abriu seus olhos verdes em um fraca fresta, como se ela realmente não me estivesse vendo, e uma enorme vontade de protegê-la e cuidar dela me acometeu.


-Vai ficar tudo bem. – Murmurei acariciando seus longos cabelos ondulados, com mechas mescladas de vários tons de castanho. Desde o mais claro ao mais escuro.


Apesar de estar em um meio-termo entre a consciência e a inconsciência, ela me escutou e se acalmou. Busquei pela corda do barco e o envolvi em uma espiral em torno do meu braço, nadando de volta até o dique. Prendi a corda num dos cabos de madeira do dique e subi na passadeira, retirando do barco com todo o cuidado. Ela estava muito sossegada, sossegada demais, e o som de seu coração era fraco, quase como um sopro do vento.


-Eu preciso aquecê-la. – Falei para mim, a pegando no colo e envolvendo seu corpo contra o meu, desnudo.


Aos poucos as tremedeiras diminuíram e o coração começou batendo mais forte, mas ainda não o suficiente. Me ergui do chão a carregando em meu colo e caminhando na direção do cavalo.


-Você me ajuda aqui? – Pedi olhando nos olhos dele.


O cavalo, entendendo meu pedido, fez uma curveta, se deitando no chão em seguida, me permitindo colocar sobre a sela. Desfiz o nó das rédeas e depois me virei para ele.


-Me espere que eu só vou vestir minhas roupas. – Pedi e ele permaneceu deitado sobre as patas enquanto eu completava a ação.


Em seguida subi na garupa, ajeitando em meus braços, e bati com as esporas do estribo no lombo, o fazendo se erguer e começar a trotar. Aconcheguei melhor em meus braços, a mantendo quente e incitando o cavalo a galopar quando bati as rédeas em seu dorso.


Em cerca de uma hora de viagem chegamos a casa. Tessa e correram até nós, me ajudando a descer do cavalo.
Depois de desmontar foi tudo muito rápido. Ele fugiu para longe, a galope, sem que eu o pudesse apanhar. Mas por hora não me preocupei com isso. Carreguei para dentro, subindo em direção ao quarto de .


-Precisamos aquecê-la. – Alertei e se colocou na cama, estendendo os braços, me pedindo a irmã de volta.


O desespero em seu rosto era cortante e quando teve em seus braços foi como se estivesse acordando de um pesadelo. embalava a irmã como se ela fosse um pequeno bebê, frágil e indefeso.
De repente a garota tornou a se debater e começou a chorar.


-Não, não! não! NÃO! – Gritou abrindo os olhos por fim.


-Calma, shhhhuuu. Foi só um mau sonho. Eu estou aqui. – Minha esposa a acalmou, controlando suas lágrimas e continuando a embalá-la.


se abraçou forte à irmã, chorando copiosamente. Aos poucos ia se acalmando e então seus olhos se encontraram com os meus, e de novo aquela sensação de proteção para com ela me assaltou. Como se o dever de cuidar dela e de proteger ela fossem maior que tudo o resto.
Tessa surgiu no quarto com um punhado incontável de comprimidos e os deu todos a .


-Eu não quero! Eu não quero tomar! – se recusava.


-Não vamos discutir esse assunto, ! – respingou, estendendo o punhado de comprimidos e o copo com água.


A garota os tomou a contragosto, me olhando de relance uma última vez. Eu me ergui do meu canto e saí do quarto, caminhando até um banheiro.
Precisava de uma ducha quente. Urgentemente!


POV - Garota do coração partido [Ver letra e tradução]




-Agora você devia tomar um banho e depois comer alguma coisa. – me falava mas eu pouco prestava atenção.


Me focava apenas no anjo que havia saído há pouco mais de um minuto. Ele parecia incomodado com algo…comigo.
O jeito que ele me olhava era um misto de raiva e preocupação que eu não conseguia bem entender. Como se ele tivesse vontade de me desprezar mas algo mais forte o compelisse a se preocupar comigo.Algo inexplicável.


Ou talvez não. Talvez ele sentisse pena de mim e isso o obrigasse, moralmente, a se sentir preocupado. Mas porque razão ele sentiria raiva de mim? Foi alguma coisa que eu fiz? Algo que eu disse? Nós mal nos conhecemos!
Não. Simplesmente sou eu. Eu sou o problema. Essa é a razão de tudo.


-! Você está me escutando? – Cassidy me chamou à atenção e eu assenti em silêncio a olhando de relance. – Coma esse prato de guisado que a Tessa acabou de trazer. - Ela suspirou me estendendo um tabuleiro com um apetitoso jantar.


Mas por mais gostoso que me parecesse, eu não tinha vontade alguma de o comer. Meu estômago estava embrulhado. Só que sabendo bem como minha irmã era, preferi comer o prato por minha própria vontade.
Ao fim de umas sete garfadas eu empurrei o prato e fiz uma careta, passando a mão na barriga, insinuando que estava satisfeita.
não insistiu e saiu em seguida com o tabuleiro, me deixando sozinha no quarto. Olhei em volta e notei um porta-retratos no criado mudo do outro lado da cama. Me deitei sobre ela e estiquei o braço, alcançando o retrato e olhando para ele como se mais nada em minha volta existisse, sentindo uma pontada anormal no peito.
O olhar de ambos era tão apaixonado que chegava a doer. E a felicidade de estarem juntos…não podia ser mais explícita. Era invejável o relacionamento de ambos e eu me sentia uma intrusa perto dos dois.


-Desculpe não ter convidado você. – lamentou me olhando do batente da porta. Eu apenas lhe sorri.


-Tessa já deve ter preparado meu banho. – Desviei de assunto, pousando o retrato no criado mudo e saindo da cama para voltar para o meu quarto.


me acompanhou em silêncio. Subimos as escadas para o sótão e entramos em meu quarto, onde a um canto estava uma enorme banheira redonda, feita de madeira, como as da idade média. Eu tinha um enorme apreço por aquela banheira, que pertencera um dia a uma tatara-tatara avó minha, que havia sido amante de um rei que eu nem decorei o nome.


Sempre que eu tomava banho naquela banheira, Tessa fervia litros de água perfumada com pétalas de rosas, alfazema e eucalipto, e depois me banhava, como se fazia antigamente. Nessas alturas eu me sentia amada, querida…me sentia uma princesa.


me ajudou a despir minha roupa e a entrar na enorme bacia e se sentou na borda para me banhar. Pegou na jarra de porcelana e a encheu de água, a despejando sobre mim em seguida.


-Lembra quando eu te banhava quando você era pequena? – Ela questionou com um sorriso saudoso.


-Hunhum. – Assenti sem vontade alguma de recordar o passado.


-Você só gostava que eu te banhasse. Nem mamãe nem Tessa o podiam fazer. – Riu de suas lembranças me fazendo engolir em seco. – Você odiava esse sótão. Sempre teve medo de subir aqui e agora ele é o seu lugar preferido. – Comentou casualmente, me fazendo apertar os punhos e cravar as unhas na carne das pernas.


-Pare. Por. Favor. - Pedi em um sussurro, comprimindo os olhos por breves segundos e inspirando fundo, sentindo meu peito se corroer pela dor das recordações.


-Me perdoe. Eu sei que ainda lhe custa falar sobre nossos pais… - Ela interrompeu seu discurso, tornando a me banhar depois de ter feito o processo automático de me ensaboar com sabão de aloé vera enquanto tagarelava.


Eu queria gritar, dizer que ela não sabia de nada do que eu sentia. Que ela não estava cá, nem nunca esteve! Que ela não passou tudo o que eu passei! Ela dizia que lamentava, mas ela não sabia o quanto EU lamentava por ela não ter estado cá e sentido na pele o que eu senti.
Respirei fundo afastando esses pensamentos maldosos e desejos que eu não devia de querer nem para o meu pior inimigo.


-Me deixe só. – Pedi a fazendo parar suas ações.


hesitou em sair, mas poucos minutos depois se encaminhou para a saída, parando na porta.


-Me perdoe por ser uma má irmã. – Murmurou quase para si e eu fingi nem escutar, esperando apenas que ela saísse de uma vez.


Seus lamentos me eram indiferentes pois ela sempre teria algo bom para recordar em sua vida. Seu passado, seu presente, seu futuro e, principalmente, seu marido. O meu anjo.


CAPÍTULO 5

POV - Custe o que custar [Ver Letra e Tradução]


Quando voltei para o quarto, estava deitada na cama soluçando. Respeitei o seu momento, como sempre, sem lhe fazer quaisquer perguntas, e me deitei do lado dela, a abraçando de conchinha e afagando seus cabelos. apertou meus braços em torno de si e adormeceu direto. Como se meu corpo fosse algum tipo de calmante para si que fizesse relaxar.
Tentei fazer igual e dormir, mas as questões nunca respondidas teimavam e povoar minha mente, me impedindo de descansar.

POV

Um sorriso estranho cai do seu rosto
O que me mata é que eu te machuquei assim
A pior parte é que eu nem sabia
E agora existem um milhão de razões pra você partir
Mas se você conseguir achar um motivo para ficar

Eu farei o que for preciso
Para mudar tudo isso
Eu sei o que está em jogo
Eu sei que te magoei
E se me der uma chance
Acredite que posso mudar
Eu vou nos manter juntos, custe o que custar

Ele disse: ‘se nós vamos fazer isso funcionar
Você tem que me deixar entrar mesmo que isso machuque
Não esconda as partes quebradas que eu preciso ver'
Ele disse: 'goste ou não é assim que tem que ser
Você tem que se amar para poder um dia poder me amar’

Eu farei o que for preciso
Para mudar tudo isso
Eu sei o que está em jogo
Eu sei que te magoei
E se você me der uma chance
E me der um tempo
Eu vou nos manter juntos, eu sei que você merece algo muito melhor

Lembre-se da vez que eu te disse a maneira que eu me sinto
Que eu estaria perdida sem você, sem nunca poder me encontrar
Vamos nos agarrar um no outro, além de tudo mais
Recomeçar, recomeçar

Eu farei qualquer coisa
Para mudar tudo isso
Eu sei o que está em jogo
Eu sei que te decepcionei
E se você me der uma chance
Acredite que posso mudar
Eu vou nos manter juntos custe o que custar

Eu estava estragando tudo entre mim e . A verdade é que eu não me orgulhava do meu passado. O que ele diria quando soubesse que eu não sou tão perfeita assim e que eu já fiz coisas muito más que destruíram a minha família? Que colocaram minha irmã desse jeito? Será que ele me amaria com tanta intensidade quanto está me amando? Será que ele alguma vez me voltaria a encarar com admiração? Mesmo eu sendo o imprinting dele?

Ele foi a luz que me trouxe de volta ao mundo. Ele me salvou daquele acidente de carro, que eu mesma provoquei. Ele que me salvou de me afogar, quando eu mesma me atirei do penhasco…ele pensava sempre que eram acidentes…quão ingénuo ele podia ser!
Para quê continuar com uma vida que cedo ou tarde iria acabar? Para quê salvar uma vida que destruiu outras tantas?
E a que única sobreviveu para agravar a minha dor e culpa foi …e agora ela estava assim, sendo um reflexo de mim.

E por mais que me dissesse para confiar nele, eu não poderia, porque eu precisava dele perto de mim, sempre e para sempre.

End POV

Acordei bem cedo. A verdade é que eu mal conseguira dormir. Os pesadelos de me deixaram sempre alerta, querendo cuidar dela e protegê-la.
Aproveitei que ela agora estava mais calma, dormindo tranquilamente, por fim, e saí de casa para procurar a égua de .
Me embrenhei pela floresta e tirei minhas roupas, adotando mais uma vez a forma do lobo de pêlo castanho avermelhado, de quase dois metros de altura.
Corri por entre as árvores, como se trilhasse o mesmo caminho da noite anterior, mas hoje minha busca era outra. Menos aflitiva, menos preocupante…
O dia estava quente, bom para correr ao ar livre, sentindo o vento amansar os meus longos pêlos e me refrescar.

Corri por todo o perímetro da floresta, me certificando que nenhum humano me veria, mas parecia que aquelas terras eram abandonadas.
A poucos metros senti o cheiro da égua e desacelerei a corrida para não a assustar com o meu repentino aparecimento. Ela estava deitada sobre suas patas, perto de um rio, tomando alguns banhos de sol e repousando seu focinho perto do caudal, bebericando de vez em quando da água fresca.
Assim que ela me viu se ergueu e bafejou, abanando suas orelhas. Eu me mantive sobre minha forma e me deitei a alguns metros dela, exatamente como ela estava há pouco, e estirei a língua sobre o caudal, bebericando da água. A égua deu duas patadas fracas no solo e logo retomou à sua posição inicial, me olhando fixamente. Lhe dei um meio sorriso e nos deixamos ficar assim por algum tempo.

Sentia como se lhe conseguisse ler a mente. Como se tivéssemos uma conexão sobrenatural…tal como eu me sentira em relação a …mas o que poderia ser? era o meu imprinting. Disso eu não tinha quaisquer dúvidas, mas o que significava essa repentina…afeição? Preocupação? Necessidade de proteção? ...assim que olhara em seus belos olhos? Haveria alguma explicação para isso?
E porque eu sentia também essa conexão com a égua? Como se ela fosse uma extensão da humana? Talvez porque elas realmente tivessem uma conexão muito forte…seria isso possível?

Quem era eu para fazer uma pergunta dessas? Eu, o Homem-Lobo.
Me ergui langorosamente, me espreguiçando e fiz um barulho, estalando a língua, para a incitar a se erguer também e retomar a casa. Abanei o focinho em direção à floresta e me coloquei em posição de corrida, lhe indicando o que eu pretendia.
A égua assentiu de imediato, se erguendo e começando a corrida sem mim.

Danada. Pensei para comigo e ela relinchou, como se tivesse escutado meus pensamentos e como se pudesse realmente respondê-los, com uma “risada”.
Cravei minhas patas no chão e dei partida em uma corrida desenfreada atrás da égua, logo a alcançando e a ultrapassando. Ela também acelerou suas passadas e, com facilidade, se colocou lado a lado do meu enorme lobo. Eu era apenas um pouco mais “alto” que ela, mas devido à minha estrutura óssea me tornava mais pesado, logo menos rápido. A égua era mais ágil, com umas patas perfeitamente desenhadas para correr o mais rápido possível. Em segundos ela me ultrapassou e eu travei a corrida. Havíamos chegado à propriedade Grissom e de onde eu estava já se avistava a casa de . Me escondi atrás de uns arbustos e reverti a minha transformação, voltando à minha forma humana e recolocando minhas roupas.

Assim que saí da floresta percebi a égua parada, com o focinho voltado para trás, me olhando e me esperando e quando a alcancei ela se curvou, como se me pedisse para montá-la. Passei a mão por sua crina a fazendo fechar os olhos languidamente, aprovando o carinho, e então a montei, partilhando com ela da emoção de sermos livres quando quiséssemos, não desmerecendo de quem nos “prendia”. Nesse caso as irmãs Grissom: e .

POV - A única exceção [Ver Letra e Tradução]


Acordei quando os primeiros raios de sol incidiram no meu rosto. Gemi de dor, quando senti todo o meu corpo amassado, como se tivesse sido atropelada por um caminhão. Acho que a sensação de atropelamento teria sido mais…sutil.
Me coloquei sentada na cama em um átimo, recordando tudo o que acontecera na noite anterior, no dia anterior…desde que colocar os pés nessa casa de novo.
E mais uma vez gemi. Não por uma dor física, mas por uma dor mais lancinante e mortal. Uma dor emocional e mental, trazida por recordações que acarretaram outras recordações de um passado não tão distante assim.
Poderiam se passar séculos que para mim seria sempre uma passado próximo, mais presente que o ontem real.

Deixei cair minhas costas de encontro ao colchão, sentindo uma pontada no peito. Mas não era dor, era saudade. Como se algo me faltasse. Algo muito importante.
Então de novo me ergui de supetão, sentindo uma tonteira que quase me fez ir ao chão. Mas por sorte consegui me equilibrar, apoiando minhas mãos na cama e no criado mudo.
Comprimi os olhos para espantar os pontos negros que estava vendo e para que a zonzeira acalmasse e a sensação de náusea sumisse.
Com mais calma tornei a me colocar de pé caminhando até o meu armário de roupas, escolhendo uma blusa de mangas, com padrão de pequenas flores e uma calça justa de ganga escura. Calcei umas botas fazendeiro coloquei um chapéu cowboy na cabeça e desci até a sala de jantar, onde muito provavelmente e o meu…e o seu marido estariam.

-. Você está bem? – questionou se erguendo da cadeira assim que me viu.

-Caso não saiba eu não sou de vidro. – Falei bruscamente.

-…você nunca falou assim comigo. – Ela falou de forma desapontada.

Soltei uma risada sem som e rolei os olhos, olhando em volta e não encontrando o marido dela.
Franzi o cenho tentando imaginar onde ele poderia estar.
Será que se foi embora depois da cena de ontem? Afinal, o que realmente aconteceu ontem? Uma hora eu tinha saído para a lagoa com a Diana e outra hora eu estava no quarto de , acordando de um pesadelo horrível.

-Di! – Exclamei preocupada.

-Calma. está lá fora com ela. – Tessa esclareceu aparecendo atrás de mim.

As olhei de olhos arregalados. Como elas podia ter deixado que o meu anjo fosse ficar perto da minha égua? Será que elas não se lembravam o quanto ela era selvagem?
Nem esperei para barafustar com elas e sai porta fora, correndo até o celeiro, mas assim que lá cheguei nem um nem outro estavam lá. Então escutei um relincho vindo do cerco de domação, que ficava atrás do celeiro, seguido de um “WOW” alto e assustada com a possibilidade do meu anjo se ferir, corri feito louca para fora do celeiro, o contornando e dando de caras com algo…inexplicável.

montava minha égua sem quaisquer selas ou rédeas, apenas se segurando na crina dela e se equilibrando em seu próprio corpo…e ela não parecia enfurecida ou algo do género. Ela estava bem calma e…receptiva. Como se sempre a tivesse montado…como se ELA tivesse consentido.
Me aproximei da cerca, a trepando e apoiando meus braços e queixo numa das barras de madeira., observando petreficada aquela cena. Quando dei por mim um sorriso rompera de meu rosto, mas nem me incomodei em escondê-lo quando os olhos de se cruzaram com os meus.

O olhar foi intenso. Tão intenso que eu senti uma onda de calor tão grande percorrer o meu corpo que me fez arrepiar. Ele parou de dar voltas com a minha égua e se aproximou de mim.
Senti que o meu coração fosse pular pela minha boca. Era um sentimento inexplicável…mas bom, muito bom.
E eu só queria que ele durasse…e que eu pudesse escutar a voz do meu anjo

CAPÍTULO 6

POV - Te Salvar [Ver Letra e Tradução]


Depois que a égua me deixou montá-la, a encaminhei até a cerca de domação para dar umas voltas com ela, mas ela não gostou muito do sítio fechado, apesar de amplo e ao ar livre, e relinchou erguendo as patas dianteiras.

-WOW! – Exclamei alto demais, me agarrando firmemente à égua, visto que ela não estava com a sela ou as rédeas. – Calma, garota. – Tentei apaziguá-la e isso surtiu efeito, felizmente.

Dei umas quantas voltas nela, mas senti estar sendo observado. Parei a égua, olhando diretamente nos olhos da pessoa, que percebi ser , apesar do chapéu cowboy esconder parcialmente seu rosto.
Os inconfundíveis olhos verdes, brilhando como perfurando a escuridão, a denunciaram.

Quando dei por mim a égua estava nos encaminhando em direção a . Parei a poucos metros dela, sem conseguir deixar de olhar em seus belos olhos. Mas ela o fez por mim, olhando a sua égua com admiração e esticando a mão para acariciá-la.

-Como você conseguiu? – Ela questionou e sua voz saiu como uma melodia hipnotizante e relaxante, que te faz fechar os olhos automaticamente.

-Consegui o quê? – Consegui me forçar a falar, pigarreando.

-Montar a Diana! – Respondeu como se fosse óbvio.

-Diana é nome dela? – Questionei retórico, aprovando. – Ela é mansa. – Dei de ombros.

-Mansa? – Indagou em tom descrente e incrédulo. – Essa égua é um puro-sangue, uma Mustang selvagem. Ela nunca deixou ninguém montar nela. A não ser eu…

-E eu. – A cortei com um sorriso convencido, que a fez franzir o cenho em reprovação, mas me ignorando de seguida.

-O que você tem que encanta todo o mundo? – Questionou em jeito recriminatório, mordendo o lábio de seguida, pelo que dissera.

Aquele gesto, junto com a sua voz, me fez perder de novo o fio à meada.
Que merda estava passando pela minha cabeça? Como posso pensar olhar para outra mulher quando tenho , a minha escolhida!?

-Eu tenho de ir. – Pisquei, descendo da égua e pulando por cima da cerca, tentando me afastar de  o mais depressa que podia.

Ainda a escutei me chamando, mas a ignorei, correndo direto para casa. Subi a escadaria apressado e entrei no quarto de  de supetão, a vendo ao pé da cómoda, arrumando algumas roupas. Anulei o espaço que nos separava e a agarrei pela cintura, a abraçando bem junto ao meu corpo e a beijando calorosamente.

-Ei! Oi pra você também. – Ela riu quando terminamos o beijo apenas para recuperar fôlego. – Nossa, que fogo todo é esse, hein? - Ela questionou quando sentiu a minha ereção roçar sua coxa.

Me afastei um pouco de minha esposa, olhando diretamente para o volume na minha calça e trincando o maxilar, enquanto em pensamentos eu me xingava pelo meu estado.
Eu já chegara nesse estado e o motivo não era, de todo, .
Me afastei dela sentindo nojo de mim e lhe virei o rosto, sussurrando roucamente.

-Estou todo suado e sujo de terra. Preciso de um banho. – Anunciei me afastando dela.

- ! – Ela exclamou perante minha rejeição.

-Eu preciso de um banho! – Reafirmei, me afastando dela, apressado, e me trancando no banheiro.

Assim que me vi sozinho, senti como se estivesse tendo um ataque de pânico. Minha respiração se tornou irregular e violenta, como se o ar fosse escassear a qualquer segundo, e meu coração batia dolorosamente contra meu peito. Sentia gotas de água escorrendo por meu rosto e logo pude constatar que eram lágrimas. Fui até o lavatório, apoiando minhas mãos sobre ele e inclinando meu rosto em direção ao espelho, tentando ver para além do que ele refletia.
E, como se isso fosse realmente possível, a única coisa que vi foi  e seus olhos de anjo.
Num acesso de fúria contra mim mesmo, esmurrei o espelho, libertando de minha garganta um grito de revolta contra meus sentimentos.

-O que está acontecendo comigo? – Me questionei entre dentes, sentindo um aperto no peito por estar traindo minha esposa.

Isso não devia de ser possível. Me sentir assim … meu corpo reagir assim … por causa dela! Eu tinha sofrido um imprinting por . Não era suposto eu não conseguir olhar pra outra mulher sequer?

- ? ! O que está acontecendo? Que barulho foi esse? , me responde, por favor! –  implorava, esmurrando a porta e forçando a maçaneta para entrar, mas eu havia trancado a porta.

-Está tudo bem. Só tive um pequeno acidente. Mas está tudo bem. Vou tomar meu banho. – Continuei mentindo, me sentindo cada vez mais sujo.

Para tornar mais real o que eu estava dizendo, liguei o chuveiro deixando que a água caísse contra o chão da box.

- … - Ela sussurrou e de seguida escutei seus passos ligeiros se afastarem da porta do banheiro.

De novo sozinho, eu olhei para o corte profundo que tinha feito. Havia um pedaço grande de vidro cravado na minha carne, me incapacitando os movimentos da mão e, com habilidade, o retirei, silvando de dor. Em menos de dois minutos a ferida cicatrizou por completo. Me dei uma última olhada no espelho, sem conseguir me reconhecer e de seguida entrei em baixo da cascata de água gelada que caia, sem me importar de tirar a roupa ou não.

POV - Estou com você [Letra e Tradução]


Sem nem saber como, iniciei uma conversa boba com . Me espantava de verdade a forma natural com que ele dizia que Diana era mansa e que o tinha deixado montá-la, mas no final eu consegui compreender. Eu e Diana tínhamos uma conexão muito forte. A minha história com ela era de pura amizade e compreensão.
Foi ela que me salvou da morte no dia em que meus pais morreram e desde então ela tem sido minha fiel companheira. Preferiu permanecer do meu lado e me proteger sempre, a voltar para a sua manada de cavalos selvagens.

Mas de repente, sem nem eu bem entender porquê,  se afastou apressado de mim, como se fugisse e por mais que eu quisesse apartar a sensação de que era eu quem o repelia, isso me era impossível.
Muito havia mudado desde que ele chegara. Eu ganhara uma força interior que eu pensava nem existir dentro de mim e conseguira erguer uma camada, ainda que muito ténue, de confiança e segurança em torno de mim, mas ela era muito fina e qualquer coisa a abalava. Essa atitude de  abalou essa minha camada e eu senti de novo um vazio dilacerante no peito.

Diana relinchou, chamando a minha atenção, e eu olhei-a com pesar. Ela abanou o focinho na minha direção, fungando sobre o meu rosto, como se tentasse me reconfortar. Lhe sorri de leve e continuei acarinhando seu focinho.

-Ele é especial, não é? – Perguntei num sussurro e ela relinchou baixinho, batendo com um dos cascos sobre a terra batida. – O que está acontecendo comigo, Di? Porque eu me sinto desse jeito quando estou perto dele? Porque eu só consigo pensar nele quando ele não está por perto? Porque eu sinto uma fagulha de felicidade querendo atear em meu peito? Ele me deixa tão bem só com um simples olhar…e o seu sorriso de sol, nossa, parece iluminar um caminho em meio a toda a minha escuridão. Seria prudente deixá-lo entrar? – Iniciei uma redoma de questões que apenas o silêncio me poderia responder. E à última questão, coloquei a mão no peito, suspirando pesadamente e sentindo uma pequena gota cair de meu olho. – Não seria justo com ele. Mas…e se ele já souber de tudo? – Me questionei em pânico. – Ele deve me odiar! – Exclamei desesperada, inundando o rosto de lágrimas de aflição.

Diana relinchou e bafejou sobre o meu rosto, como se quisesse me acalmar e como se tentasse me dizer alguma coisa que eu não poderia entender. Diana se agitou e começou dando coices no ar, se afastando de mim e relinchando cada vez mais alto, como se chorasse junto comigo.
Trepou a cerca e tentei me aproximar da Di, com o máximo cuidado.

-Calma, Di, calma. Está tudo bem. Eu estou bem. – Tentei lhe garantir, mesmo que meu coração estivesse desfeito em pedaços.

Ela tornou a se aproximar, se colocando sobre as patas e deitando no chão. Me sentei perto dela, deitando a cabeça em seu lombo e me deixei ficar assim, no conforto e calor da minha égua.


Não sei quanto tempo passou até que eu fui acordada. O alvorecer do dia já despontava no horizonte e Tessa fazia sombra na minha frente, me cutucando o ombro.

-Está ficando tarde. Venha para dentro. – Ela solicitou.

-Está bem, mas se afaste da Di. – Pedi, percebendo a atenção com que Diana olhava para Tessa e bafejava arreliada.

Tessa assim obedeceu e saiu da cerca e voltou para dentro de casa. Encaminhei Diana de volta para o estábulo e a coloquei no seu resguardo.

-Volto logo, eu prometo. – Garanti, a beijando de leve e me afastando.

Assim que entrei dentro de casa, fui até o banheiro comum que havia ali perto da sala de estar e de seguida fui para a sala de jantar, onde todos já me esperavam.
Sentei no lugar em frente a , que estava cabisbaixo e calado, evitando me olhar.  não estava também com a melhor das caras e, de igual forma, se recusou a olhar pra mim.
De novo a sensação de que eu havia feito algo de errado me corrompeu a membrana de segurança e paz que ainda me restava. Sentia a todos os segundos um bolo doloso se formando em minha garganta, me impossibilitando de engolir direito o que comia e me tirando toda e qualquer fome.

Tessa, a certa altura do jantar, trouxe meus remédios e percebi um olhar condescendente e curto de Jake sobre os incontáveis comprimidos dispostos sobre o meu guardanapo.
A custo os engoli um a um, mas uma questão então se formou em minha mente. Porque eu tomava esses comprimidos? Eu já não tinha mais pesadelos, não tinha mais surtos, não tentava suicídio, não agredia ninguém…talvez só precisasse dos comprimidos para a depressão.
Tomei então a decisão de que esta seria a minha última vez que tomava todos aqueles comprimidos. E resolvi dizê-lo em voz alta.

-Tessa, eu não preciso mais tomar todos esses comprimidos. Há meses que eu estou bem. – Falei firmemente, olhando o rosto de Tessa, que olhou para .

-O Dr. Scott indicou a toma de todos eles, sem exceção, . –  respondeu.

-O Dr. Scott não me examina há meses. – Rebati.

-Mas ele prescreveu receita para 6 meses. – Ela insistiu.

-Então está na hora de ele voltar a me examinar. Eu não preciso mais desses comprimidos.

-O Dr. Scott está fora da cidade. – Tessa se manifestou.

-E quando ele volta? – Questionei.

-Daqui a 4 meses. – Informou.

-Se eu precisasse desses comprimidos todos, com certeza ele não me deixaria dois meses sem eles e teria prescrito as receitas para 8 meses, ao invés de 6…ou será que é você que os está prescrevendo, ? Afinal você é médica. – Ataquei minha irmã que me olhou escandalizada.

-Sou pediatra. Não estou autorizada a prescrever esses remédios! , você está querendo me acusar de alguma coisa? Porque é melhor você ter provas! – Elevou seu tom de voz.

-Não estou te acusando de nada. Apenas pensei que você me pudesse prescrever as receitas enquanto o Dr. Scott não estivesse mais cá. – Mudei minha tática.

-Lamento mas não poderei fazer isso. Teremos de procurar outro médico. – Pigarreou, baixando o olhar para o prato e tornando a jantar.

-Então poderei ser examinada por outro médico e ele verá que eu não preciso mais desses remédios todos. – Sorri triunfante e  se engasgou.

-Eu…eu…c-claro. – Ela afirmou gaguejando.

-Ótimo. Amanhã mesmo procurarei outro médico. – Determinei.

Percebi  olhando de forma desconfiada para , que se recusava olhar para qualquer um de nós. Tessa já se havia retirado da sala, bem no início da nossa pequena discussão.
As coisas começavam ficando cada vez mais claras para mim e mais cedo ou mais tarde eu perceberia o que estava se passando nas minhas costas.
O jantar logo terminou e cada um tomou o seu rumo.
Subi para meu quarto e troquei de roupa para uma mais quente. Iria dormir junto de Diana essa noite.

Wild Heart

CAPÍTULO 7

POV - Cicatrizes [Letra e Tradução]


Depois que tomei o mais longo banho da minha vida, saí do banheiro e encontrei de pé, braços cruzados sobre o peito, me encarando com o cenho franzido.

-O que está acontecendo ? O que aconteceu? – Ela me encheu de perguntas, me exigindo respostas que eu não queria dar.

E nesse momento eu me vi no lugar dela, escondendo coisas que a poderiam machucar se eu contasse. Porque não havia explicação plausível para eu ter tido uma ereção, enquanto beijava minha mulher, mas pensava em sua irmã.

-Não é nada, . – Menti descaradamente, evitando olhar seu rosto.

-NÃO É NADA? Como assim não é nada! Você só pode estar brincando comigo? Você chega todo cheio de fogo e depois me rejeita? Qual é a sua, ? Está me escondendo coisas agora? – Bravejou colérica me fazendo perder a cabeça.

-Parece até que eu sou o único! – Contra ataquei, a deixando de boca aberta.

-Eu…eu…é difícil de falar, . Eu não me orgulho do meu passado. É difícil falar do que aconteceu…e Eve…ela não facilita nada…não que ela seja um problema, ela deixou de o ser há muito, mas…o que ela está sofrendo me destrói…ela tem problemas , que me custam a falar deliberadamente. Eu sei que você é meu marido e que não podemos ter segredos um para o outro, mas…apenas me dê tempo. Eu prometo que te conto tudo…Eu prometo. – Ela chorava, vindo se aninhar em meu abraço, que eu não recusei, mesmo que a sensação de a ter em meus braços tivesse mudado drasticamente de um sentimento de conforto, para um sentimento de conformismo.

-Preciso descansar um pouco. – Pedi, a afastando de mim, o que a fez formar uma careta de dor e renúncia mas que não passou para suas palavras.

apenas assentiu e nos encaminhou até à cama, me fazendo deitar do lado dela.

~*~

A tarde passou rapidamente. Ficáramos os dois acordados o tempo todo, calados, apenas abraçados. Mas para mim aquilo não tinha o mesmo significado de antes, nada entre a gente tinha o mesmo significado de antes.
Não entendia o que estava acontecendo, porque eu estava deixando de sentir isso por se ela era o meu imprinting. Precisava de esclarecer meus sentimentos e a minha única solução era voltar para La Push o quanto antes.

Descemos para jantar e mais uma vez o lugar de Eve estava vazio. Franzi o cenho em preocupação, mas disfarcei de imediato, quando Tessa me lançou um olhar demorado.

-E ? – questionou o que minha boca coçava para perguntar.

-Eu já a chamei, ela vem já. – Indicou, depois de nos servir.

Então ela entrou. Não consegui olhar em seus lindos e tristes olhos,  me forçando a encarar o prato de comida na minha frente.
A fome não dava sinais de vida em meu estômago; pelo contrário. Acho que se eu comesse algo meu estômago embrulharia por completo.
Ficamos boa parte do jantar em silêncio e quando bateu as 21 horas Tessa apareceu colocando sobre o guardanapo de uma data de comprimidos.
Olhei os remédios com espanto. Não era a primeira vez que os via, mas não conseguia entender a necessidade de todos eles. Eu tinha urgência em saber o que tinha…uma necessidade louca de a proteger de tudo e de todos.

-Tessa, eu não preciso mais tomar todos esses comprimidos. Há meses que eu estou bem. – Ela se manifestou, me fazendo olhá-la pela primeira vez.

Uma aura de força se erguia ao seu redor, mesmo que seu coração bombeasse descompassadamente, como em temor e fraqueza que ela não queria transparesser.

-O Dr. Scott indicou a toma de todos eles, sem exceção, . – comentou, impassível.

Mas não se deixou abalar. -O Dr. Scott não me examina há meses.

-Mas ele prescreveu receita para 6 meses. – Ela insistiu.

-Então está na hora de ele voltar a me examinar. Eu não preciso mais desses comprimidos.

-O Dr. Scott está fora da cidade. – Tessa se manifestou.

-E quando ele volta? – Questionei.

-Daqui a 4 meses. – Informou.

-Se eu precisasse desses comprimidos todos, com certeza ele não me deixaria dois meses sem eles e teria prescrito as receitas para 8 meses, ao invés de 6…ou será que é você que os está prescrevendo, ? Afinal você é médica. – acusou indiretamente, me fazendo sorrir de lado pela sua garra.

Ela estava guerrilhando pela sua vontade de acabar com a toma de todos aqueles comprimidos e eu notei que as respostas de Tessa e eram combinadas. Tanto é que, a certa altura, Tessa se retirou sem mais respostas.

-Sou pediatra. Não estou autorizada a prescrever esses remédios! , você está querendo me acusar de alguma coisa? Porque é melhor você ter provas! – elevou seu tom de voz, em defensiva.

-Não estou te acusando de nada. Apenas pensei que você me pudesse prescrever as receitas enquanto o Dr. Scott não estivesse mais cá. – amainou o tom de voz acusatório.

-Lamento mas não poderei fazer isso. Teremos de procurar outro médico. – retrucou altiva, voltando sua atenção para o jantar, como se uma batalha tivesse ganha.

-Então poderei ser examinada por outro médico e ele verá que eu não preciso mais desses remédios todos. – ripostou animada, com um sorriso de canto, que me encheu o peito de orgulho.

-Eu…eu…c-claro. – gaguejou, assentindo contrariada.

-Ótimo. Amanhã mesmo procurarei outro médico. – finalizou contente. Ela já não parecia tão mais frágil assim.

Mas não pareceu muito satisfeita com isso, apesar de ter assentido.
Estranhei essa sua reação, me recordando de suas palavras de hoje mais cedo ela me dissera, depois do meu ataque de loucura!

É difícil falar do que aconteceu…e …ela não facilita nada…não que ela seja um problema, ela deixou de o ser há muito, mas…o que ela está sofrendo me destrói…”

Depois do jantar nos retiramos de volta a nossos quartos e foi tomar um banho, me deixando a sós com meus pensamentos.
Decidi vasculhar o quarto na sua ausência, em busca de algo que satisfizesse um pouco minha curiosidade, e fui abrindo as gavetas da cómoda, em primeiro lugar. Nenhuma delas parecia ter algo de extraordinário mas quando fui para abrir a primeira, a contar de cima, estava trancada, o que aguçou ainda mais minha curiosidade.
Vasculhei por algo que pudesse abrir a fechadura e, por sorte, dei com a chave. A gaveta não tinha nada de especial. Alguns vestidos velhos. Uma caixa de jóias. Dois cadernos, que eu percebi serem diários, mas que não me atrevi a ler. E dois porta-retratos. Num estava uma foto dos pais de e dela com a irmã. Eram ambas muito pequenas. aparentava ter 11 anos e talvez 14 anos. As duas estavam abraçadas e havia muita aura de felicidade em torno das duas. Se via que ambas eram muito amigas e que se amavam. Isso só fez com que a questão de “O que aconteceu com elas?” martelasse ainda mais em minha cabeça.
Decidi então olhar o outro porta-retratos. Na foto, , com aparência de 16 anos estava empoleirada em um cara mais velho, quase da idade de seus pais, beijando o canto dos seus lábios e ele correspondia àquele carinho a segurando pela cintura com possessividade e tirando a foto com outra mão.
Estranhei aquela foto, mas não pude pensar em mais nada, pois logo escutei o som do chuveiro se fechando.

Guardei as coisas no lugar e fechei a gaveta, escondendo de novo a chave onde ela estava.
logo saiu do banheiro e me olhou triste. Caminhei até ela e a abracei, beijando seus cabelos. De seguida envolvi meus braços em torno do seu corpo e a carreguei até a cama e a ninei.
Em poucos minutos ela havia adormecido e eu me preparei para escapulir.
Tinha necessidade de falar com a minha nova amiga. A Diana. Ela parecia a única a me compreender no meio dessa confusão toda! E eu precisava muito de desabafar.


POV - Lindos Olhos [Letra e Tradução]


Saí de casa silenciosamente e caminhei apressada até a estrebaria. Diana já me esperava alerta, bafejando calmamente e balançando a sua cauda de um lado para o outro.
Abri a comporta do seu compartimento e entrei com a minha troxa, retirando da mochila dois cobertores. Estendi o primeiro sobre o feno, formando uma cama e de seguida me deitei, me cobrindo com o outro cobertor. Diana se deitou de seguida, me permitindo fazer do seu lombo a minha confortável e quente almofada. Adorava deitar sobre ela e escutar seu coração bater. Me sentia querida e amada. Como se minha mãe pudesse estar presente. Como se Diana fosse a parte forte e lutadora de mim.

Me aninhei mais perto dela porque o cobertor não estava me aquecendo o suficiente, mas então escutei passos se aproximando.
Me deixei ficar quieta e calada, tentando passar despercebida. Na posição e no local que estava, quem espreitasse para o compartimento de Diana não me veria, por isso me senti segura.
Tentei controlar as batidas de meu coração, que disparavam freneticamente sem eu nem bem entender porquê! Parecia uma reação antecipada de algo…como se meu corpo pudesse reconhecer o que estava se aproximando mesmo que meus olhos não pudesse enxergar.
Então a porta do compartimento foi aberta e mais passos se aproximaram. Quis erguer a cabeça para ver quem me tinha descoberto ali, mas então os passos cessaram e escutei a pessoa se deixando cair no chão e se encostando a Diana.
Só havia uma pessoa que conseguia se aproximar da minha égua sem que ela se exaltasse…

-Oi Di.

!
Tentei ficar o mais quietinha possível. Na verdade eu nem me conseguia mexer. Parecia congelada no espaço. Minha respiração se confundia com os bafejos calmos de Diana e meu coração falhava batidas, como se quisesse parar, apenas para o ouvir falar.

-Isso está sendo duro, Di. Não sei mais com que hei-de falar… - Ele suspirou triste, me fazendo querer aparecer pra ele e dizer que podia falar comigo, mas algo me fez travar. – … - Ele disse meu nome fazendo uma pausa mortal. – ela é diferente, sabe. – Ele falou, me fazendo comprimir os olhos para segurar as lágrimas.

Claro que eu era diferente. Eu era uma aberração da natureza! Eu era má! Eu causei a morte de meus pais…ele já devia de saber isso e não deveria querer falar com para não a magoar.

-Eu não sei mais o que hei-de fazer com . Eu a amava tanto e de um momento para o outro ela deixou de significar algo para mim. Não sei se foi por causa de ou se foi pelo fato de eu me ter apercebido que eu não conhecia de todo a mulher com quem eu me tinha casado! – Ele continuou desabafando e mais uma vez me senti culpada por estar destruindo mais vidas.

referira que podia ser minha culpa ele estar deixando de amar minha irmã e por mais que eu quisesse me sentir feliz por isso, por meu anjo deixar de a amar, eu apenas me sentia culpada. O que eu fiz de errado?
Não era preciso ir muito longe para descobrir. Eu existia! Eu era o problema. O fato de eu existir ainda e de estar me metendo no meio deles os dois, bastava para acabar com qualquer coisa boa. Minha simples presença destruía a felicidade alheia!
Senti uma lágrima deslizar por meu olho e contive um soluço.

-Na verdade nunca me importei em conhecer ou não. Ela era o meu imprinting e ponto final. Não me importava se ela era boa ou má, se ela tinha um passado…o que importava era o seu futuro do meu lado e o presente do lado dela era bom, calmo, aberto.

Franzi o cenho ao escutar aquela palavra estranha no meio de todos aqueles desabafos. Impr…nem conseguia repetir. Não sabia o que aquilo era mas me deixou curiosa.

-E realmente não me devia de importar agora de descobrir se ela era uma pessoa completamente diferente de quem me casei! Ela é a minha escolhida, certo? Então porque eu sinto isso? Porque eu estou tão confuso? Porque eu não paro de pensar nela e em seus lindos olhos? Porque eu me sinto tão hipnotizado quando ela está por perto? E porque eu fico com raiva da minha própria mulher cada vez que eu descubro mais e mais coisas sobre o seu passado?

Eu continuava escutando seu desabafo pensando que a cada frase ele estava falando de minha irmã. Ele estava em uma batalha interna sobre amar ela ou não, mas quando escutei essa frase final eu percebi que a meio do discurso ele estava mencionando outra mulher.
Senti um aperto no peito por pensar que pudesse amar outra mulher que não minha irmã…ou eu.

-Estou confuso e minha única solução para tentar desvendar um pouco de todo esse mistério que me ronda é voltar para La Push o quanto antes. – Ele declarou e meu corpo reagiu antes mesmo que eu pudesse pensar em fazer algo, que por acaso seria o mesmo.

-Não! – Me revelei, exclamando alertada. Eu não podia deixar ele ir a lado nenhum.

Não o podia deixar partir no momento em que eu mais precisava de forças pra lutar. E ele era a minha maior fonte de força. Ele era o meu anjo!

11 comentários:

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  2. como assim brasil? a irmã é uma bitch mesmo ou ela a pp que é a drama queen? por favor att logo que curiosidade menina

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  3. Aguardando proximo capitulos...
    Bjosssss

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  4. Como é?? Não sei de que lado fico agora?? A irmã que é louca e dramatica ou a outra que é sem noção?? E ainda vão disputar o Jake?? Mais tem um imprinting ai na parada... agora fiquei confusa e muitíssimo curiosa, pode acreditar. É sempre assim, quando eu penso que vou descobrir alguma coisa o capitulo acaba e eu fico com cara de tacho e enlouquecendo de curiosidade.. mais eu sei que vc vai ser boazinha e postar o mais breve possivel né?!! por favor....ADOREI!!!!

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  5. Incrivel vamos disputar o Seth, continua por favor.

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  6. Você vai continuar?? Tá muito boa sua fic

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  7. Desculpem a demora para postar, meninas, vou tentar fazê-lo com mais frequência. Só às vezes -sempre- q sou um pouco - muito - esquecida :// mas prometo tentar postar todas as semanas um capítulo
    Obrigada pelo carinho e apoio, meninas. Bjs :*

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  8. Meu Deus, mulher, continua essa história por favor <3

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