CAPÍTULO 1 – DOS AMARGOS SABORES
Sua maquiagem resplandecia em seu rosto todo, iluminava seu olhar e o elevava com suavidade das nuvens. Havia brilho, cor e graça. Sua roupa fluida esvoaçava ao seu redor, quando abria os braços o vestido se abria como asas. Seu cabelo montado em grandes cachos desciam até a altura de seus ombros. E assim ela saia toda noite, como princesa que verdadeiramente representava naquele espetáculo de sonhos.
Nossa menina, querida , havia se tornado a estrela de um dos mais graciosos espetáculos do mundo: Cirque Du Soleil.
Há três anos ela mergulhou naquele universo e saiu a borboletar pelo mundo resplandecendo em arte, equilíbrio e dança por onde quer que passava. Saiu pelas cidades muitas, maravilhando plateias e plateias a cada salto, giro e entrega. E quando seu corpo era abraçado pelo nada cada vez que se lançava de uma altura impensável, quando o gelo nascia em seu ventre e corria pelo corpo todo, é que ela recuperava o riso que tinha perdido…
Sim. Perdera o riso.
Há algum tempo o coração da nossa princesa foi quebrado, suas asas de doçura machucadas. sempre foi flor, mas naquele dia, em um passado sombrio, ela murchou. Quando menina ela acreditava em contos de fadas e com seu jeito delicado e sincero, ela pintava estes mundos mágicos ao seu redor.
E ela acreditava em sapos, não lhe importava a aparência das coisas, bastava um beijo ou então abraço que tudo se transformava e o que havia de belo resplandecia. Assim ela pensava. E ela beijava sapos procurando príncipes e mais do que isto: ela entregava o seu precioso coração.
E foi assim que se entregou a um belo rapaz, um tanto mais velho, mas charmoso e carinhoso. Ele parecia regar o seu jardim da vida, parecia iluminar seus horizontes, parecia pintar em sua vida as cores da aurora. sentia formigamentos até mesmo quando pronunciava seu nome: Fernando.
E inevitavelmente ela o amou. A ele entregou seu precioso coração, a ele dedicou seus mais preciosos risos, por ele guardou no fundo da gaveta as imagens do seu ídolo de meninice… Não cabia mais nenhum outro para amar senão Fernando. E ele estava perto, ele lhe abraçava e lhe aquecia com isto e ah… seu riso! Seu sorriso era tão belo!
Quando ele lhe sorria seu coração inflava como aqueles balões de hidrogênio que sobem pelo ar e vão pra onde o vento leva. Quando ele lhe sorria, parecia que podia tocar o céu com as pontas dos dedos. Se sentia amada, quando ele lhe sorria.
Não era só ela que amava Fernando: todos amavam. Exceto sua mãe. Ela sempre tratava seu amado com um sorriso amargo, seus olhos bonitos lhes lançavam olhares tensos quando estavam juntos. Mas seu pai sempre intervia:
_ Teresa, Fernando cuida bem de nossa menina. Deixe eles se amarem daí e vem me amar de cá. – Dizia ele, a abraçar sua mãe e beijar-lhe a fronte tão bela.
Sim, sua mãe, Tereza, era bonita, muito bonita e jovem. Todos diziam que e Tereza pareciam irmãs, não mãe e filha. E seu pai, senhor João Mateus, dizia a todos:
_ São minhas borboletas. Teresa e são as criaturas mais preciosas do meu jardim.
Mas sua mãe parecia apenas suportar o seu namoro com Fernando. sentia que sua bela mamãe não gostava daquilo, só não sabia o porquê. Teresa repetia sua vida toda que o seu maior agrado era que fosse inteiramente feliz e Fernando a fazia assim. Por que não gostava do namoro, então? Não, não entendia.
Até que certo dia, compreendeu.
E foi em um dia que fez uma visita surpresa a casa de seu amado. Ela saiu do trabalho mais cedo, comprou sorvete do sabor que ele gostava, se perfumou e foi. Mas algumas surpresas são boas… outras nem tanto.
A porta estava aberta, da varanda ela ouviu o riso dele retumbar… o riso dele e um outro riso… outro riso que ela conhecia muito bem… desde que nascera. Os risos lhe atraíram e lhe atemorizaram e ela caminhou em direção ao quarto.
Ao passar do limiar daquela porta o que seus olhos viram foi a lança que fez sangrar seu coração e abrir uma ferida em sua alma: Fernando tinha nos braços sua bela e tão jovem mãe… nua.
A mãe de , Teresa, sempre tão bela e delicada, estava ali, no lugar e da maneira em que sempre sonhou em estar, mas que ainda não tinha podido!
Lágrimas cortaram sua face, o coração rasgou e de seus lábios brotou um lamento que despertou os amantes para sua presença.
Teresa sofreu com o olhar da filha, paralisou diante da tristeza líquida que emanava dela: não havia rancor, não havia julgamento. Apenas tristeza, pura e genuína.
virou as costas para aquilo, deixando os amantes e suas lamúrias para trás. Fernando havia lhe traído… mas sua mãe! Sua mãe traiu a ela e seu pai. Sua família foi destruída naquele dia, quando ela caiu aos prantos nos braços do pai contando toda a verdade e vendo sua própria dor tomar outro coração.
E depois de tudo passado ela ainda se lembrava quando sua mãe chegou em casa, dos gritos de seu João- que nunca antes tinha gritado –, das palavras mordazes, das injúrias e ofensas ditas. Não olhou para sua mãe enquanto ela era expulsa de casa, não olhou para sua mãe nunca mais.
Alguns diziam que o amor era o sentimento mais forte. Mas naquele dia, nossa princesa descobriu que, na verdade, a dor de amor era o sentimento mais forte que existia. E tomava conta de tudo.
não pode mais viver na cidade de Bonito, ela e o pai se mudaram para São Paulo a grande capital: imponente e cinza. Com toda aquela fumaça, ela não enxergava mais o azul límpido do céu no horizonte, mas não se importava.
Ah, meus caros, que tristeza ela sentia! Tristeza tanta que deveria ser proibida para uma alma tão pura, para um coração tão doce. Será que não há proteção das feiuras do mundo para esta gente tão doce? Por que, por que aquela moça, cheia de coisinhas lindas, tinha que ser esvaziada aos poucos por este sentimento injurioso?
viu seu pai definhar de tristeza, mas sempre se esforçando para lhe dar um sorriso, escondendo suas lágrimas incontáveis na calada da noite, na fofura de um travesseiro. Um ano depois ela se despediu dele, cuja tristeza se transformou em doença e degradou seu corpo o levando a morte. nada pode fazer, pois se sentia definhar também. Mas em seu ultimo dia de vida, seu pai ainda foi capaz de lhe sorrir. Com voz fraca ele lhe disse:
_ Ainda há beleza no mundo minha princesa, ainda há pelo que sorrir. Eu não encontrei, mas procure! Procure por aquilo que valha pena viver. E viva!
E ela procurou. Procurou e encontrou alento na arte. Entrou em uma escola de circo, se formou com louvor e em dois anos passou no teste dos sonhos. Agora ela fazia parte do famigerado Cirque Du Soleil... já fazia três anos.
deixou pra trás a vida que tinha, a família e tudo mais e viajou pelo mundo, fazendo de si expressão de arte e nada mais. Mas os sorrisos e bem-aventuranças que encenava naquele imenso palco não perpetuavam no mais profundo de si. Havia seu sorriso, a sua leveza e delicadeza, mas trazia sempre aquele resquício de dor, como o gosto amargo que o café sem açúcar deixa na boca.
Mas naquela noite, quando saiu de seu trailer, sentiu uma promessa suave na brisa que lhe chicoteava o rosto. O circo já estava em pleno esplendor, com suas luzes e cores resplandecendo a noite de Paris.
E conforme passava, seguindo seu caminho, recebia elogios cantados em francês:
_ Princesse de Papillo! Tellement beau, parfait! (1)
_ Étoile de nuit!(2)
_ Beau Princesse de Papillo!(3)
Papillons. Borboletas.
Este era o nome do espetáculo do Cirque naquele ano. fazia a personagem principal, Princesse de Papillo. Princesa Borboleta, em francês. O espetáculo ganhou notoriedade por onde quer que passou. Diziam em jornais, revistas e sites que era um dos mais belos espetáculos já feitos pelo grande circo. Dia após dia, pessoas saiam daquele circo encantados, com olhos marejados de emoção e almas sublimadas pela beleza do show.
E estava lá, noite após noite, sorrindo enquanto flutuava dançando pelo ar, desenhando afagos de beleza dependurada em argolas ou fitas de tecido. E quando estava lá, protegida pela suntuosidade daquele circo, não havia espaço para pensar, não havia espaço para amarguras, dores ou tristeza. Era abraçada e possuída por todo aquele brilho. E no palco parecia que mãos espirituosas invadiam o seu misterioso interior, trazendo à tona as paixões adormecidas, o prazer das mais sutis sensações, despertava-lhe o essencial do espírito, a pureza nobre do amor.
E diante daquilo, a alma transcendia, alcançava o prazer inatingível, fazia vibrar os corações, lançavam plateias e mais plateias em voo livre para além dos céus. E com força irrevogável, o mundo mágico de Cirque du Soleil enterrava as misérias, os males e os crimes. Os olhares que encaravam o espetáculo esqueciam sua dor, seu desamor, seus temores. Embevecidos, completamente seduzidos pela arte circense.
Naquela noite não foi diferente. entrou e saiu de cena em seu completo estado de êxtase. Trocou as vestes, rodopiou, pulou, dançou e por quase todas as vezes fez a plateia se levantar para lhe aplaudir.
O que certamente não sabia é que naquela noite uma figura especial estava ali, de passagem pela cidade e assistindo-a maravilhado.
Ele já havia perdido as contas de quantas vezes foi àquele circo e sempre, sempre saia de lá estupefato com a grandiosidade de tudo.
Ali, o famoso Taylor Lautner se sentia bem, se sentia incrivelmente bem. Sua vida, entornada de fama, fazia com que ele perdesse o chão. Fãs gritavam o seu nome, o colocavam em um altar como se ele, um mero homem, fosse maior do que todas as outras coisas.
Mas ali ele podia ter certeza que não. A beleza e perfeição do Cirque o faziam parecer pequeno, insignificante e normal. Quando o espetáculo começava, ninguém ao seu lado desviava o olhar para ele. Não havia celulares furtivos a tirar foto ou a filmar. E ele não era, por nenhum momento, mais importante do que o espetáculo. Então ele podia se sentar e apreciar. Apenas isto. Simplesmente isto. E por isto, por vezes incontáveis, cada vez que tinha a oportunidade, ia ao Cirque Du Soleil.
Mas naquela noite havia algo diferente, algo especial.
Aimeé. Este era o nome da personagem principal, linda princesa borboleta que não sabia voar. O espetáculo era sobre ela, sobre sua insistência e perseverança para aprender a voar. Os desafios que ela passava representavam as lutas que todos têm para realizar e alcançar os sonhos, para superar os medos.
A cena em que ela finalmente aprende a voar era a mais emocionante. Aimeé aparecia em um magnífico figurino esvoaçante e colorido e saltava de uma para outra argola penduradas há uns seis metros de altura. A cada salto dela o estomago dele ia parar na boca, como se estivesse saltando junto. Dava a impressão de que cairia. Mas não. Com uma bela e perfeita acrobacia ela se agarrava na argola seguinte e seguia flutuando.
Por um momento, enquanto via aquela cena, aquela Aimeé lhe lembrou uma cena do passado. Um vídeo, um vestido colorido, um sorriso grande e uma leveza impressionante. Uma garota que bailava em uma gruta com um límpido lago azul como cenário. Diante da cena e da lembrança doce, um arrepio lhe cortou a espinha.
Sorriu.
O espetáculo acaba com grandiosidade, a personagem Aimée flutuando em uma tira de tecido no centro do palco, com acrobacias lindíssimas enquanto ao redor dela muitos outros se espalhavam como uma imensidão de borboletas e flores que cultuavam a Princesse de Papillo.
se curva em uma ultima reverência antes de sair do palco. Nas coxias recebe mais aplausos, abraça colegas de palco empolgados com mais um sucesso, sorri, ganha flores. Já saia do camarim quando se depara com uma breve comoção... e não era por sua causa. Um grupo de bailarinas se uniam eufóricas ao redor de alguém.
_ Ce qui se passe? (4) – Ela pergunta a uma das acrobatas mirim ao seu lado. A garotinha sorri.
_ Est une étoile de cinéma! (5) – A pequenina talentosa lhe responde, sorrindo.
Um astro de cinema? Ali, tão logo o espetáculo acabou?
Enquanto pensava em quem teria passagem livre para visitá-los, a roda de pessoas se abre revelando o causador da breve euforia. Sem que pudesse conter, o coração de bateu mais rápido e se apertou ao mesmo tempo. Era ele.
E com ele veio tantas lembranças, de uma época tão feliz e tão fácil, de tudo o que deixou pra trás. O seu ídolo, bem ali, na sua frente, mais uma vez. Do fundo da memória, se recordou dos pôsteres que esqueceu no fundo das gavetas de sua casa em Bonito, de como nunca mais procurou saber dele e o deixou de lado para amar alguém que nunca a mereceu.
Se lembrou da ironia que aquilo representava. Em um tempo passado, quando ela adorava o moreno a sua frente, pessoas lhe diziam: “ele não merece seu amor, nem sabe que você existe”. E estas mesmas pessoas lhe disseram: “Sim, Fernando é um homem pra você. Fez a escolha certa ao preferir amá-lo” .
E no fim, quem não merecia seu amor foi Fernando, alguém que lhe conhecia tão bem...
Com um suspiro abaixou a cabeça e se virou para sair: Taylor Lautner também era passado. Um passado doce, mas passado.
_ Lúci! Lúci! – Alguém chamou seu apelido francês.
O seu companheiro de cena, Ryan, o príncipe, lhe chamava.
Uma foto, ele dizia, alguém queria tirar uma foto com ela. Ryan lhe pegou pela mão e lhe puxou em direção a ele. Um gelo maior do que ela sentia quando saltava de grandes alturas tomava conta de seu ventre naquele momento. E antes que pudesse entender, lá estava ela, mais uma vez, em frente ao seu antigo ídolo.
O que ele tinha feito por aquele tempo? Filmes? Séries? Propagandas? Ela não sabia, só sabia que ele parecia muito, mas muito mais belo. E o seu sorriso, aberto e franco, continuava lá: inabalável.
_ Parabéns! Você foi incrível! – Ele lhe disse num inglês notório, com o sorriso persistente, agarrando sua mão fria. – É um prazer conhecê-la.
sentiu muitas emoções passar por ela naquele instante. Descobriu que não importava se ainda tinha fotos dele pendurada na parede ou não, se tinha uma coleção de reportagens sobre ele, se tinha a estante repleta de filmes dele ou não. Taylor ainda lhe fazia estremecer o coração, ainda despertava nela um carinho e admiração inexplicável. E acima de tudo, ele ainda era e seria sempre uma lembrança doce.
O que ele tinha afinal?
Ela encarou seus olhos, sentindo o seus próprios se umedecerem. Sinceridade. O olhar dele tinha sinceridade. Uma certa simplicidade, algo descompromissado, inocente, puro. Coisas assim, que atraem inexplicavelmente.
De dentro pra fora, sem precisar estar pendurada em um tecido com a adrenalina correndo nas veias, sentiu um sorriso brotar em sua face.
_ É bom te ver de novo. – A frase escapou dela, sem perceber ela passou do francês para o inglês sem se atrapalhar. – Tão bom quanto brigadeiro.
Sem saber porquê, ela fez alusão ao doce que marcara o único encontro dos dois, dizendo a palavra em português exagerando na pronuncia dos “r’s”. Sete anos havia se passado, ele não poderia se lembrar dela, mas ela disse a palavra, disse com ânsia de que ele se recordasse daquele segredo antigo chamado “brigadeiro”.
Seu rosto estava completamente coberto pela maquiagem exuberante, seu cabelo estava diferente, seu corpo mudara, mas ela queria tanto que ele se lembrasse de algo!
E ela, que seguiu há tanto tempo em passos curtos, sem um mapa de tesouro, sem a sede da esperança, sem o alento dos sonhos, se viu novamente envolta em uma aura azul, uma vez mais a tremer diante da expectativa de uma felicidade singela. E é assim que a felicidade abre seu caminho: sutil demais, imperceptível e pura. Porque a felicidade é simples e branda e por ser assim permanece e resplandece.
E a felicidade dela, naquele momento, dependia de um sorriso mais largo dele, um olhar mais longo e um abraço quente.
E por tanto esperar isto, pareceu que o tempo parou um instantinho. Porque vocês sabem: o tempo é um menino travesso, daqueles que entende que sim é não e que não é sim. Pois quando a gente quer que o tempo passe rapidinho ele resolve dar uma de tartaruga, e quando queremos que ele se estique muito e muito pra segurar um momento, então ele desata a correr veloz, o danadinho.
Então, naquele momento, enquanto a palavra brigadeiro ainda ressoava no ar, o tempo parou. Taylor lhe encarava, o sorriso congelado e um brilho no olhar. Daí o tempo descongelou e o brilho no olhar dele mudou. Ele abriu a boca, prestes a falar algo, mas o minuto deles havia passado. Pois parecia que o encontro de ambos sempre era marcado por um minuto.
_ Photo! Photo! – Mais uma leva de artistas do circo se uniu ao redor deles.
_ Taylor, vem logo! – Ao mesmo tempo, uma moça bonita e impaciente chamou.
_ Só mais uma foto! – Alguém gritou e o empurra-empurra de gente eufórica continuou.
acabou sendo prensada entre Taylor e Ryan enquanto pousavam para uma foto coletiva. E nossa princesa, que quase se entristecia uma vez mais, ao perder seu tão precioso momento com o ídolo, quase teve um enfarto de alegria ao sentir um movimento nada sutil. O braço de Taylor enlaçou sua cintura e a puxou pra perto, seu corpo colou ao dela e a moça sentiu as pernas bambas.
Nem se deu conta da cara que fez enquanto os flash’s eram disparados, só tinha consciência do calor de outro corpo em seu lado esquerdo: o lado do coração. Tão rápido (o tempo travesso!), as coisas acabaram, Taylor se afastou, sendo puxado pela moça bonita. E dele só teve mais um olhar: sem sorriso.
E acabou.
suspirou.
De volta pro seu trailer caminhou.
Deveria descansar para o espetáculo do dia seguinte, afinal o show deve continuar.
*************
Mais um dia. cumpria sua rotina antes do espetáculo, mas enquanto cobria seu rosto com pancake, vez ou outra um suspiro lhe escapava.
Taylor.
Bastou um dia, alguns minutos, para que seu coração recuperasse aquela inconstância ao pensar em alguém. Por que será, meu Deus? Ela se perguntava.
já não se achava menina pra sonhar acordada com príncipes distantes, um único momento não deveria lhe tirar do eixo, roubar-lhe o prumo. Ela se lembrou dele, teve consciência que foi uma lembrança boa, muito boa, e só. Nada além disto.
Mas de certa forma ela deveria agradecer o galã moreno por fazer seu coração pulsar com mais “amor”. Então, deixou os suspiros de lado e enfeitou o rosto com pancake, purpurina e um sorriso largo. E quando ela saiu de seu recanto, pareceu que o sorriso que pusera no rosto fizera brilhar muito mais do que a quantidade de glitter e purpurina que havia posto nos outros dias.
Os elogios que recebia quando passava pareceram se multiplicar. E então, seu sorriso ficou mais largo.
_ Beau Papillo – Ryan lhe disse, sorrindo. – Tem um prresente parra você.
se surpreendeu com o sorriso, ao mesmo tempo que se ria internamente pelo sotaque de Ryan tentando falar inglês. Ryan lhe entregou uma caixa bonita, retangular, nem pequena e nem grande…
pegou a caixa, agradeceu a Ryan e foi se sentar em um canto das coxias, levando consigo a curiosidade que dava piruetas em seu estomago. abriu a caixa e arfou. Perdeu o ar, a visão embaçou, sentiu o coração como um bumbo grave em algum lugar muito perto dos seus ouvidos.
A caixa estava cheia de brigadeiros.
Por um tempo ela só ficou a encarar os doces, tentando decifrar as mil emoções que lhe excitavam o coração e os trilhões de pensamentos que lhe passavam pela cabeça. Não era só um doce, não podia ser só um doce. Eram brigadeiros! Brigadeiros! Um, dois, três... dez brigadeirinhos pretos e redondinhos.
Quem havia mandado? Será que foi…?
Não, não podia ser quem ela imaginava. Certamente haviam outras pessoas que sabiam qual era o seu doce preferido. Acontece que há tempos ela deixou de comer tais guloseimas, pois a vida no circo não lhe permitia tais regalias. Ela tinha que manter a forma.
Curiosa ela passou a vasculhar a caixa a procura de algum sinal de quem lhe enviou. Só foi encontrar no verso da tampa, um bilhete colado, escrito com uma letra firme e apressada.
_ Oh meu Deus! – murmurou para si mesma, o coração saltando em euforia. – Oh. Meu. Deus!
Ele havia se lembrado! Havia sim! Como se fosse possível aumentou seu sorriso, sentia que ele acabaria por dividir seu rosto em dois. Mas não importava: porque ele se lembrava! Nada poderia importar mais para do que saber que com um presente tão simples, feito por ela mesma, pudera marcar sua presença na vida de alguém que conhecera só por um minuto.
Nada importava porque ele, um galã e, como diziam os franceses “une etóile de cinéma” , havia tido a sensibilidade de guardar uma lembrança tão singela. E diante daquele bilhete, daquela caixinha de doces, sentiu vontade de chorar. Talvez ela nunca mais visse Taylor novamente e por isto, talvez ele nunca soubesse que foi com aquilo, mais do que qualquer outra coisa já feita por ele, que cravou no coração de o sentimento de eterna admiração.
Ele merecia isto.
Com mãos trêmulas, pegou um dos brigadeiros e levou aos lábios. Inspirou o cheiro do chocolate e salivou. Com suavidade deu uma mordida no doce e deixou aquilo derreter na boca e adoçá-la inteira. A boca e o espírito. Fechou os olhos em delírio, sublimada pelo prazer tão simples. Uma felicidade tão boa e tão fácil!
_ !! No, no, no, no! Pas! (6)
Mas de repente a bolha de prazer se rompeu, o doce e a caixa foram arrancados de suas mãos. abriu os olhos para se deparar com a face carrancuda do seu diretor artístico.
_ Pas de bonbons! Le spectacle va commencer! (7)
respondeu a careta dele com outra careta engraçada que acabou por fazer seu querido diretor contorcer a boca tentando conter um riso. ainda tentou recuperar seus doces, mas não pode. O máximo de negociação que conseguiu foi que teria a caixa de volta só ao fim do espetáculo e que não comeria tudo sozinha, pois aquilo iria a “tirar de forma”, segundo o diretor.
Porém, ainda que tivesse sido roubada, entrou no palco com um gosto doce na boca e borbulhando de felicidade.
Ele se lembrava!
Continua...
Tradução:
(1) Princesa Borboleta. Tão bela, perfeita!
(2) Estrela da noite!
(3) Bela princesa borboleta.
(4) O que acontece?
(5) É uma estrela de cinema!
(6) , . Não, não, não, não. Chega!
(7) Nenhum doce! O espetáculo já vai começar!
N/A: Olá princesas!!! Depois de muito tempo de promessa e embromação eu finalmente postei uma continuação para LECSB!!! Inicialmente uma one, e agora uma short-fic com o nosso amado Tay! Especialmente para as fãs incorrigíveis, para aquelas que amam sonhos coloridos e poéticos, e principalmente para estas leitoras lindas que tanto me pediram uma continuação! Solara, Baáh, Val Barreto e muitas outras! Agradeço a vocês pelo carinho com a primeira história e pela expectativa com a continuação! Espero não decepcioná-las!
Inicialmente, LECSB 2 era para ser apenas uma One... mas tudo foi crescendo e acabou que eu precisava de mais espaço. Já gostaria de avisar, que por causa de minha conturbada vida (leia-se proximidade do meu casório), irei poder postar a continuação somente em setembro. Podem esperar um instantinho? Espero que sim! Hahahaha.....
Foi escrita com imenso amor e carinho, de alma pra alma! Comentem e me deixem saber o que acharam.
Bjs com sabor de brigadeiro.
Até!
Ahhhhh!!! Estou surtando aqui... Quase tive o coração a saltar do peito quando vi a continuação da one. Céus, eu fico sonhando depois de iniciar a leitura. Entro de cabeça no seu mundo, de tão grandes e maravilhosos são os detalhes com que escreve. Ain, me apaixonei de novo pela história. *o* <3
ResponderExcluirPuxa vida, que rasteira nossa PP levou da vida. A própria mãe a traiu de maneira tão suja. Nossa PP é uma guerreira muito forte, pois foi um tranco e tanto. É uma pena que o pai não foi tão forte e acabou deixando-a com mais uma cicatriz. Mas há males que vem para o bem, pois com isso ela conheceu o circo e com a magia dele, nossa PP pôde voltar a ver nosso caramelinho. :3 Ownt!! E ele mais uma vez mostrou que vale a pena ser amado por suas fãs. 7 anos se passaram e ele não esqueceu aquele momento com um presente tão simples. Apesar de que não foi somente o brigadeiro a deixar marcas. As palavras ditas por nossa PP ficaram presas em sua mente e coração.
Ahhhh, Déh!! Amandoooooo demais, demais como sempre! Fic divinaaaaaa!! Simplesmente perfeita!! Ai, ai... Le suspirando e sonhando. ^_^
Bjinhossss e aguardando setembro com mais um capítulo tão delicioso! :3
Apaixonada e emocionada
ResponderExcluirUAUUUUUUU! Simplesmente incrível! Amo esse tom poético das tuas fics é isso que as torna como posso dizer, mais ESPECIAIS que as outras fics que eu já li. Como sempre arrasando!
ResponderExcluirPP como sempre uma mulher forte, é isso que eu gosto pra mim em uma personagem principal apesar de ter sofrido precisa ser forte, ativa é isso que me encanta nela!
E as tristezas trouxeram momentos de alegria e quem diria que mesmo apos 7 anos a PP marcou o Tay tão profundamente, e maior que isso ele saber reconhecer que ela também precisa sentir os prazeres da vida como ela mostrou pra ele!
Extremamente ansiosa por setembro e poder apreciar a continuação de mais uma fic linda! :D Bjos Déh
Oh Déh fiquei tão feliz em ver que essa one vai ter uma continuação.
ResponderExcluirQue maravilha não vejo a hora do proximo capitulo, amei.
Deu até vontade, vou fazer brigadeiro agora.
Beijos
Já estou apaixonada
ResponderExcluirChorei de novo lendo essa ficou. Me emocionou drmais. Simplesmente amei!!!!
ResponderExcluirNem acredito que vc postou uma continuação *-------------* A simplicidade e graciosidade dessa fic é linda! Não há como n se tocar com a história. Mais uma vez, vc acerta em cheio Deh. Parabéns, por continuar a fic e pelo seu casório. Estarei esperando ansiosamente o restante. Bjs
ResponderExcluirMENINA ESSA SUA FIC E MEGA MARAVILHOSA AMEI A CONTINUAÇÃO ,VOU ACOMPANHAR ELA E JÁ ESTOU COM VONTADE DE LER ELA NOVAMENTE.
ResponderExcluirNooossa que história deliciosaa ..
ResponderExcluirComo sempre surpreendendo em Déh, amo sua fics por esse ar mágico que você cria, com uma personagem forte, guerreira, batalhadora e acima de tudo linda por fora e maravilhosa de espirito. Déh não sei como você consegue colocar tanta emoção sentimento carisma em uma história, chega a ser hipnotizante suas palavras.
Parabéns, de verdade acho que você deveria investir mais nisso Déh, você tem TUDO para ser ma escritora maravilhosa, e eu te garanto que seria uma das primeiras a comprar um livro seu.
Bom vou indo, ansiosa para o próximo capitulo *-*
Kiss Kiss Bye Bye!