30 de dezembro de 2010

She´s the One by Elizabeth Beans

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She’s the one














Por: Elizabeth Beans





PRÓLOGO

Há muitos séculos uma raça nasceu da junção de dois mundos, quando os deuses pagãos ainda cobravam seus tributos e o mundo vivia de guerras e sacrifícios.

Essa nova raça, uma junção do que havia de melhor no homem e no animal, foi conhecida inicialmente na Gália como Loup-Garou e na Itália como Lupo, mas foi no Novo Mundo que ela realmente floresceu, quando as mais importantes famílias de Homens-Lobos se uniram por proteção e anonimato formando o “Triple Loups”.

Dentre as três famílias que governavam o “Triple Loups”, uma se destacava pela grande quantidade de lideres que sua casa produziu; pela estirpe de seus espécimes e pelo respeito máximo as leis da tradição. E esses eram os Black.

Na historia da humanidade, nenhum tipo de lenda é mais contada do que aquela em que um humano relativamente comum, se vê de repente capaz de realizar feitos fantásticos, seja com o auxilio de algum objeto mágico, intervenção divina, ou mesmo por si próprio, como um dom.

Esses “poderes” ou dons nada mais são do que sorte, uma percepção extrema do mundo ao seu redor, ou mesmo, um grande truque que engana bem e faz fama virando historia na boca de pessoas simples e desenformadas. Mas não é isso, definitivamente, o que acontece com os Cullen.

A família Cullen tem vivido por gerações com a certeza de que alguém ou alguma coisas os fez especiais mesmo que ainda, completamente humanos.
Pois, que nenhum Cullen nasceu sem um poder só seu, claramente manifestado desde a infância.

Muito unidos e de boa natureza, esses dons nunca fizeram dos Cullen, pessoas aproveitadoras e arrogantes como eles facilmente poderiam ter sido. Um tanto descrentes eles educam seus filhos para protegerem seu segredo mágico apenas pela inconveniência que teriam ao revelá-lo, e entre si, essa raridade é tratada com bom humor e um quase desinteresse.

Essa é a historia de como os Cullen e os Black se encontraram e tornaram-se um só, trazendo transtorno e medo para suas tão tranqüilas vidas, que nunca mais seriam as mesmas depois da ultima lua do ano de 2007, quando o filho mais velho dos Black recebeu sua marca e passou por sua primeira transformação, selando assim o seu futuro e levando com ele toda a responsabilidade do futuro de outra pessoa, a primeira neta dos Cullen, escolhida pra ser sua companheira por ninguém menos que o destino.
Notas Finais:
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CAP. UM


Trecho compilado do diário de Cullen, em 13 de Outubro de 2000:


Querido Diário,

Tia Alice me deu você porque ela acha que toda moça deve ter onde guardar os seus segredos e como estou fazendo 10 anos hoje, eu já sou quase uma moça.

Meu pai fez uma careta quando ela falou isso e eu acho que é porque ele não gosta muito da idéia de eu esconder alguma coisa dele ou da mamãe, como se ele não fosse descobrir mesmo de qualquer jeito.

Aí minha madrinha Rosalie, ficou toda assim: “Não seja um idiota Edward, tem direito à privacidade.”

E aí o meu pai revidou: “Comece a incentivá-la desde agora Rose, que um dia ela estará saindo de fininho pela janela no meio da noite para se encontrar com algum rapaz!”

E isso fez minha mãe fazer uma careta quase tão grande quanto à careta que meu pai fez antes.

Meu tio Emmett veio da cozinha mastigando alguma coisa, porque ele estava sempre comendo, e então ele disse assim: “Até parece que você não pulou a janela da Bella um milhão de vezes, Maninho!”

E isso fez a bochecha da mamãe ficar vermelhinha, como quando ela pega o papai olhando pra ela sem motivo nenhum e depois ele só sorri de lado sem falar nada.

Mas meu pai ficou com raiva e disse: “Cala a boca, Em!”

Meu tio só gargalhou, porque isso também é uma coisa que ele sempre faz quando acabou de chatear o meu pai.

Vovó Esme nos chamou depois de um tempo. Ela estava lá fora com a grande mesa do bolo e dos doces e parecia que estava tudo pronto para cantarem parabéns.

Eu sei que tia Alice teve o maior trabalho com os todos aqueles balões de coração cor-de-rosa e a minha madrinha até trouxe algumas tiaras de princesa do concurso infantil que ela dirige e todos estão tão empolgados porque minha tia enviou convites para todas as garotas da minha turma, mas EU sei que ninguém vem a minha festa.

Só espero que os meus pais e os meus tios não fiquem achando que é culpa deles porque está tudo muito bonito mesmo e não tem nada que eles possam fazer.

É só que, a Stacy e as amigas dela não gostam de mim. Elas me acham esquisita desde que eu, sem querer, falei com a Stacy enquanto segurava a mão dela e ela olhou pra mim assustada dizendo que eu nem tinha aberto minha boca. Não culpo a Stacy por ter ficado com medo.

Eu sou uma Cullen e estou acostumada com papai respondendo aos meus pensamentos e tio Emmett levantando a pick-up com a mão, ou tia Alice sonhando com um temporal no meio do verão e ele caindo sobre a cabeça de todo mundo, sem falta. A Stacy nunca viu nada assim.

Eu nasci sabendo que era diferente. Esquisita parece ser uma palavra para diferente. É só que, não queria que isso fosse assim tão importante pra elas.

Um beijo,



Escola Católica Saint Castille, Setembro de 2007

Cullen caminhava com dificuldade pelos corredores da Saint Castille. Dificuldade que provinha de uma grande pilha de livros em seus braços frágeis e muito brancos. Ia tropeçando e fazendo equilibrismos, tentando enxergar o caminho através de uma ou outra espiada pelos lados. Pode-se dizer que ela andava, praticamente às cegas.

Em um tropicão maior, metade da pilha desabou no chão com estrondo e ela se ajoelhou tentando não derrubar o resto, para começar tudo de novo, com paciência.

Sua madrinha, Rosálie, costumava dizer que tinha a maior cota de paciência que um ser humano poderia ser capaz de guardar dentro de si, mas a garota não pensava assim tão bem de si mesma. Sabia que não era sem esforço que levava uma vida tranqüila.

Quando colocou o ultimo livro na pilha, alguém que passava por ali o chutou propositalmente e deixou escapar um “Ops!” numa voz presunçosa e fina que não precisou erguer a cabeça para reconhecer.

Stacy Wheir parece nunca ter se recuperado do susto que lhe passara sem querer, no parquinho, há tantos anos atrás. E isso fez com que a loira, esbelta e elegante se sentisse no direito de atormentar a vida de por cada dia de todos esses anos, em cada mínima oportunidade que lhe foi dada.

- Srtª Cullen, por favor compareça à sala da Diretora Filtz imediatamente. - Era a voz da secretária da escola que soava pelos alto-falantes, fazendo com que, ajoelhada no chão e com uma expressão de pressa ansiosa, tentasse juntar seus livros mais uma vez.

Já de pé, seus pés se obrigavam a ir mais confiantes até o gabinete da diretoria e quando lhe faltava apenas uma curva e ela já podia ler a placa de madeira na porta gasta, eis que leva um esbarrão daqueles em alguma coisa bastante grande e cai sentada, com todos aqueles livros abertos em cima de si e um suspiro cansado pela má sorte, quase crônica.


(...)


Jacob Black estava atrasado, outra vez, para o treino com o time de natação. A elite da Saint Castille.

Se os caras do time ou o treinador, sequer sonhassem o que ele fazia todas as tardes, em vez de estar no aquecimento, ele certamente teria problemas dos grandes.

Porque o Capitão da equipe campeã do estadual três vezes seguidas, dono das braçadas mais cobiçadas do condado e também o presidente da turma de veteranos e o garoto mais promissor de toda a Saint Castille, preferia, realmente, passar todo o seu tempo de atividade extra-curricular, na oficina da escola.

O mesmo lugar onde todos aqueles caras da detenção ficavam, ou mesmo todos aqueles Nerds que faziam seus trabalhos de ciências; porque era ali que ele podia se dedicar totalmente à restauração de seu amado Mustang Shelby -1967 que ele resgatara de um ferro velho, praticamente acabado.

Pensando mais no carro do que na piscina fria que o aguardava, Jake não notou que havia mais alguém naquele corredor e foi com ímpeto que acabou se chocando com uma montanha de livros ambulante, fazendo com que a torre se desfizesse e revelasse um rosto fino com grandes óculos e sardas, olhando para ele embasbacada, de bunda no chão e um livro aberto sobre a cabeça.

Era impossível não rir daquela cena. A garota Cullen estava acabando de suspirar cansada para o grande desastre que ela havia se tornado ali, jogada no chão e já ia se levantando sozinha, quando Jake lhe estendeu a mão.

- Me desculpe, eu não vi você! – pediu sinceramente.

- Eu também não via muita coisa, está tudo bem. – ela disse já se encarregando de juntar os livros.

O garoto se abaixou para recolher alguns exemplares e a voz tímida saiu quase engasgada.

- Não precisa, eu pego! – falou sem nem olhá-lo direito.

Jacob viu aquela garota ser zoada por sua turma durante cada ano que estudou naquela escola, desde quando veio transferido de outra cidade, aos 13 anos. Entendia, em partes, o porque de a Cullen ser um alvo em potencial.

Ali na sua frente estava uma garota que, definitivamente não se importava com a própria aparência. Os cabelos ruivos e rebeldes estavam presos em uma espécie de coque frouxo, seus óculos grandes e redondos ocupavam a metade do rosto fino e pequeno impedindo qualquer avaliação, e a única coisa, que ela não conseguiu arruinar ou disfarçar naquele conjunto disforme foram os grandes olhos . Olhos que brilhavam intensamente, mesmo que nada mais brilhasse nela.

O garoto se lembrou de sua namorada, Stacy, que vivia para falar de roupas e acessórios e passou a prestar atenção no que a Cullen vestia enquanto ignorava a despensa formal da garota e a ajudava com os livros, mesmo assim.

Sua roupa era uma mistura de saia de vovó com sweater infantil e os sapatos de boneca que a deixaram ainda mais baixinha, se era possível.

Quando finalmente se levantou, mal chegava ao peito de Jacob. Ele pode observar; e mesmo que ele tivesse por volta de 1,97m, o que é considerado alto para a maioria das pessoas, isso ainda a colocava na categoria de garotas que, normalmente, vivem de salto alto.

- Obrigada! – ela falou com as bochechas vermelhas.

E aquilo somado ao seu cabelo ruivo a fez parecer realmente um tomate.

- As ordens Srtª! – ele fez uma mesura exagerada e não pode deixar de reparar que a garota escondera um sorrisinho enquanto sumia pela porta entreaberta da diretoria.

- Sr. Black, o treinador o requisita imediatamente na quadra Três. – A voz da secretária soou no alto falante e Jake começou a correr enquanto desferia um palavrão atrás do outro.



Trecho compilado do diário de Cullen, em 23 de Março de 2002.

Diário,

Hoje aconteceu a coisa mais extraordinária. Bem que tia Alice me disse que eu poderia esperar por uma surpresa, quando passou lá em casa antes de eu ir pra aula. E essa coisa era que, um GAROTO falou comigo.

Quer dizer, ele não só falou comigo, ele me defendeu.

Seu nome é Jacob Black e ele veio transferido. Ele parece ter dinheiro e eu vi a Stacy Wheir tentando de tudo para chamar a atenção dele.

O que aconteceu foi que eu estava na minha mesa do refeitório, com a minha bandeja, sentada sozinha como sempre e então eu notei que tinha esquecido de pegar uma fatia de torta de amora e eu adoro essa torta; eu como ela todo dia.

Me levantei rápido e fui pegar no balcão, antes que o pessoal da cozinha parasse de servir.

Quando eu estava voltando pra minha mesa, o Mack e os amigos dele me cercaram e pediram o meu pedaço de torta e eu disse:

- Por favor, vocês têm a de vocês, me deixem em paz! – e isso me parecia bastante justo.

E aí ele disse assim: - Claro, desculpa Cullen, pode passar com sua torta!

E eu fui andando, mas não cheguei a dar muitos passos não, porque logo, logo ele tratou de por o pé na minha frente e eu cai com meu nariz no chão e minha bandeja voando com todo o meu lanche nela, desperdiçado.

Não é como se esse tipo de coisa nunca tivesse me acontecido, então eu só me levantei, já pensando resignada em ir até a porta dos fundos da cozinha e conseguir alguma coisa que tenha sobrado com a Carmen, que é a cozinheira que sempre me salva de passar fome na escola.

Mas foi aí que ele apareceu e ele disse assim: - Que coisa mais feia, cara. Ela é só uma garota!

E ele era quase o dobro do tamanho do Mack então o Mack nem pode dizer nada.

Jacob Black estendeu a mão pra mim e perguntou se eu estava bem, no que eu mal consegui responder e então ele ainda disse assim:

- Agora que você derrubou o lanche dela, faça o favor de dar o seu em troca, é o mínimo que pode fazer!

E eu nem precisei ir até a porta dos fundos.

Jacob Black é um GAROTO. Ele falou comigo, ele me defendeu, e fez isso na frente da escola inteira. Ele é o meu herói!

Até mais,




CAP. DOIS


Casa de Edward e Bella Cullen, Março de 2005


Bella tentava convencer sua única filha, , a ajudar as tias Alice e Rosalie na barraca que pretendiam montar para o 27º Festival da Primavera na cidade onde moravam. A jovem estava completamente relutante.

Normalmente não se precisava pedir duas vezes pela ajuda de em qualquer coisa que fosse, visto que ela era um grande exemplo de altruísmo e só faltava sair por ai oferecendo os próprios órgãos para transplante na esperança de ajudar ainda mais o próximo.

Dessa vez, porém, nada parecia surtir efeito.

- É para a caridade minha filha! – Bella tentava conversar através da porta trancada do quarto da adolescente.

A filha correra imediatamente para aquele refugio quando sua Tia Alice ameaçara leva-la a força e desde então recusava-se a sair mesmo que Alice já não estivesse mais ali para cumprir ameaças.

- Caridade, para crianças órfãs e enfermas ! – Tentou mais uma vez, com o que lhe parecia sua ultima arma.

A mulher ouviu os passos da filha até a porta e sorriu com o fato de que criara bem sua garotinha, visto que ela não podia ficar impassível ao sofrimento humano mesmo que isso lhe fizesse sofrer em troca.

- Não posso acreditar que minha filha vai deixar crianças necessitadas na mão! – ainda disse como uma cartada certeira, sabendo que jogara baixo o suficiente pra vencer.

A jovem colocou apenas o rosto pra fora do quarto, segurando a porta assustada e procurando pela Tia Psicopata no corredor, dando de cara apenas com sua mãe que exibia um sorriso vitorioso.

- Mamãe... – exclamou quase chorosa. – Alice disse que seria uma Barraca do Beijo! – sussurrou a ultima palavra ficando incrivelmente vermelha. – Eu não quero beijar ninguém! – disse por fim, petrificada.

Bella olhou a filha com um sorriso sincero nos lábios bem feitos. Lábios que havia herdado.

- São beijos na bochecha, meu amor! – tranqüilizou a garota que mesmo assim fez uma careta.

- Eu nem sou bonita. – rebateu já fora do quarto e se resignando a descer as escadas com sua mãe. – eles precisam de alguém bonito pra fazer esse tipo de coisa.

- Não seja absurda querida, você é muito bonita. – Bella repreendeu a filha. - Puxou totalmente o seu pai. – completou como se isso encerrasse a conversa.


27º Festival da Primavera, 20 de março de 2005 – Barraca do Beijo, 13:00 hs.



- Eu não estou parecendo uma flor Tia Alice, está mais pra um Sapo! – alertou enquanto Rosalie terminava de pentear seus cabelos e arrumá-los em um coque de tranças, que trasbordava em cachos por seus ombros nus.

Alice gargalhou e continuou a arrumar a fachada da Barraca do Beijo, que estava cheia de corações e pequenas pinturas de cupido. Tudo ficaria muito lindo e ela poderia apostar um de seus caros sapatos Louboutin que as Cullen seriam a maior sensação do festival e o padre Anton ficaria emocionado com a quantidade de dinheiro conseguida.

Sua sobrinha estava obviamente delirante, já que ela mesma escolhera aquele vestido de gaze de seda verde suave com pequenos botões de rosa naturais aplicadas próximas ao busto do corpete e algumas contas brilhantes esparramadas pela saia fluida e entreaberta dos dois lados.

- Nunca vi uma Donzela da Primavera mais bonita ! – Rosalie falava orgulhosa enquanto borrifava spray nos cabelos da afilhada. – E olha que EU já fui Donzela da Primavera! – completou convencida, como sempre.

- E de donzela você já não tinha nada, cunhadinha! – Alice alfinetou enquanto voltava para os fundos da barraca e encontrava as duas no camarim improvisado.

Rosálie deu de ombros e ficou mais vermelha impossível.

- Ah, o que é isso ! – Alice reclamou. – Você já tem 15 anos, não me diga que ainda acredita naquela idéia ridícula do seu pai de que os bebês nascem em pés de alface.

- Estou feliz com essa explicação, muito obrigada! – A garota falou corando mais ainda e mantendo o rosto baixo.

Alice deu tapinhas em suas costas e até mesmo Rosalie soltou uma risadinha.

- Já está bom Rose. – Alice fez sinal para que ela parasse. – Realmente uma beleza. – A tia falou olhando de cima a baixo quando a garota saiu da cadeira. Pegou um espelho e mirou na sobrinha para que esta pudesse ver o resultado de três horas de arrumação, uma delas ali naquele pequeno camarim.

- Ual! – a garota não pode deixar de se espantar consigo mesma, pois não era nem de longe parecido com o reflexo habitual de seu espelho.

Uma moça de silhueta delicada e fluida olhava para ela do espelho com grandes olhos destacados pelo delineador leve. Os lábios fartos estavam tingidos de um rosa vigoroso e convidativo, enquanto as sobrancelhas recém tiradas jaziam como arcos suaves e harmoniosos sobre seu olhar. Nada brilhava mais que seu cabelo, tremendamente vermelho por conta das borrifadas do spray. Ou talvez seus olhos brilhassem mais. Era uma disputa difícil e ela viu as bochechas ficarem ainda mais vermelhas por ter se achado bonita, pela primeira vez na vida.


- Como eu disse. Está como a mais linda das rosas. Esse seu cabelo realmente colaborou ! – Alice ajeitava a barra do vestido enquanto suspirava.

- Você me trocou de corpo tia. – acusou ainda maravilhada com o próprio reflexo.

- Bobinha. Você poderia se ver assim no espelho todos os dias se ouvisse os meus conselhos. Mas não, prefere ficar com aqueles seus óculos horrendos e aquelas roupinhas que a Bella te arranja no supermercado... – e então a garota teve que ouvir o sermão usual de Alice sobre sua aparência até que estivesse tudo pronto.

- Cadê o resto da roupa tia? – perguntou distraída quando Rose disse que já estava na hora de ela se postar em seu lugar, na frente da Barraca.

- Você já está vestida menina, o que mais precisamos colocar aí? – Alice perguntou como se tivesse sido ofendida pela sobrinha que considerava seu look insuficiente.

- Roupa, talvez! Estou praticamente... pelada. – gaguejou o final.

- Ah, faça-me o favor . Você está muito bem coberta. Na verdade eu devia ter feito alguns ajustes nesse vestido para criar um bico em V para o decote mais como sabia que você desmaiaria de pânico até deixei quadrado mesmo.

- Os meus... er...

- Peitos! – Alice ajudou a sobrinha que engasgou.

- É, isso! Eles estão quase todos de fora! – a garota exclamou horrorizada, pois até aquele momento acreditou que a roupa não estava mesmo completa.

- Isso é um efeito do corpete ajustado agindo sobre a mãe natureza. – Alice empurrou a sobrinha que estava quase caindo nas próprias pernas. – Agora vai lá e arrasa! – soltou quando já a tinha deixado longe o suficiente para que ela não pudesse mais se esconder.

- Mas tia... – ainda tentou se desvencilhar.

- Fique tranqüila querida, você está irreconhecível. – Sua madrinha piscou pra ela.

viu a verdade naquelas palavras e pela primeira vez desde que se colocara naquela situação, não teve medo. Não era como se alguém fosse realmente reconhecê-la naquela roupa. Duvidava de que até mesmo os seus pais a identificariam. Era como ser outra pessoa por um dia inteiro e talvez não fosse de todo ruim.


27º Festival da Primavera, 20 de março de 2005 – Barraca de Tiro ao alvo, 15:30 hs.


Jacob estava ficando entediado. Acertar um patinho de cartolina atrás do outro não tinha mais graça depois de já ter ganho o jogo três vezes. Seu melhor amigo, Embry, colocou a mão no seu ombro, também entediado.

- Não tem nada melhor pra fazer aqui, cara? – perguntou enquanto eles viam Quil chegar com um enorme algodão doce. A pequena Clair estava em seus braços e chupava um pirulito maior que sua própria cabecinha.

- Jake, você vai mesmo encontrar sua garota na fonte? – perguntou enquanto comia uma grande quantidade da espuma cor-de-rosa.

Todos os amigos de Jacob eram mais velhos que ele e todos já tinham passado pela primeira transformação.

Claro que Jake não estava contando com os caras do colégio e da equipe de natação, com quem convivia apenas por obrigação na escola ou em qualquer festa que aparecia.

O rapaz sabia exatamente quem fazia parte de sua vida, de verdade. Aqueles que conheciam o segredo de sua família e o partilhavam com ele. Dentro de dois anos seria a vez de Jacob Black. A última lua de 2007 lhe reservava seu destino certo e ele a esperava com medo e euforia, em iguais proporções.

- Ela marcou mais tarde! Por quê? – perguntou enquanto pegava Clair dos braços do amigo e a jogava pra cima com pirulito e tudo.

O rapaz sabia que era estranho ver três caras como eles, grandes e morenos, quase parecidos demais, andando por ai com uma garotinha de quatro anos, mas o imprinting era a lei máxima em um bando de homens-lobos e Clair era o imprinting de Quil. Ela estaria sempre com ele agora.

- Não é nada de mais, Clair quer ir ao carrossel! Vocês vem? – perguntou tomando a garota de volta e recebendo um tapa por tê-la tirado de sua diversão.

Jake via a paciência com que o amigo tratava a pequena Clair e mesmo que ele soubesse tecnicamente da força que o imprinting tem sobre o Lobo, ele ainda se maravilhava com as impossibilidades daquilo.

Encontrar sua alma gêmea assim que batesse seus olhos nela já era algo muito inexplicável, mas encontrá-la em uma criancinha e ter a paciência e a destreza de esperá-la crescer até que se tornasse sua mulher, era uma coisa que ele realmente nunca acreditaria ser possível antes de ver com os próprios olhos.

- Vamos. – Embry respondeu pelos dois pagando a ultima partida de tiros e saindo dali.

Os garotos e a criança andaram pelo pátio que foi transformado em parque, passando por todas as barracas antes de chegar ao carrossel.

- Uhulll!!!!!!! – Embry falou assoviando, fazendo com que os outros dois virassem suas cabeças. – Acho que acabo de imprintar! – mordeu os lábios obscenamente.

Jacob olhou na mesma direção que o amigo embora soubesse que Embry estava apenas fazendo piada e que não devia passar de uma garota bonitinha com quem ele tentaria ficar em breve.

Mas seus olhos quase se arregalaram em choque quando ele viu o que havia na barraca decorada demais e muito rosa.

Uma menina tinha a cabeça apoiada displicentemente nos braços e seus cotovelos estavam na bancada, oferecendo inocentemente seu decote generoso ao grande publico.

Ela era certamente a coisa mais bonita que Jake vira na vida e ele estava ciente de que isso não é tão fácil de dizer quando se namora Stacy Wheir.

Quem era ela? Tinha certeza de que nunca a vira antes!

Se já tivesse passado por sua transformação, ELE é quem teria certeza de estar sofrendo um imprinting nesse exato momento.

- Ah, cara, hoje é meu dia de sorte! – Embry continuava babando e agora apontava sorridente para a placa acima da barraca da garota.

Lia-se: “Barraca do Beijo” – Venha beijar a Donzela da Primavera por apenas $ 3,00!



Trecho compilado do diário de Cullen, em 20 de Março de 2005:


Meu quarto. 20 de março, 23:00

Tudo bem, eu preciso respirar e então preciso lembrar exatamente de como tudo aconteceu. Mas acho que se eu não parar de tremer, a minha letra vai continuar rabiscando e rabiscando e aí eu não vou entender nada amanhã e não vai ter valor nenhum escrever, então eu vou digitar e depois eu colo aqui... Isso mesmo! Estou indo digitar...

Ai meu Deus, ai meu Deus e AI MEU DEUS!!!

Os meus lábios tocaram os lábios de Jacob Black e eu não estava sonhando dessa vez. 100% de certeza!!!

Lá estava eu tentando não ter pensamentos ruins a respeito da minha tia Alice por ter me colocado na barraca de beijo e ter me feito beijar a bochecha de alguns pirralhos abusados e alguns senhores mais abusados ainda enquanto repetia pra mim mesma que todo aquele esforço seria benéfico para órfãos doentes e eu estava fazendo uma boa coisa quando de repente, não mais que de repente me aparece JACOB BLACK com mais dois amigos e uma garotinha linda que me ofereceu seu pirulito. Ali na barraca do beijo, na barraca do beijo onde EU estava BEIJANDO as pessoas.

E eu fiquei toda em pânico achando que ele iria dizer algo como: - Oi Cullen, como vai à vida? Beijando muito? Porque ele é uma pessoa educada e a gente estuda na mesma escola, o que nos torna conhecidos e quando vemos um conhecido nós o cumprimentamos mesmo que ele não signifique nada na nossa vida, por, você sabe: EDUCAÇÃO.

É claro que eu esqueci que estava totalmente camuflada, com toda aquela maquiagem e produção e que ele jamais teria me olhado o suficiente nos corredores pra me reconhecer ali nem em um milhão de anos. E ele de fato não me reconheceu porque em seguida ele e o amigo, sem ser o que segurava a menininha, começaram a discutir quem seria o primeiro a pagar para ganhar um beijo da Donzela da Primavera, que eu reconheci um minuto depois, em pleno pânico, que era EU.

Então eu fiquei toda assim: - Ah, vocês não querem isso, são três dólares por um beijo na bochecha, vocês podem encontrar garotas que façam de graça! – E eu sei que estava totalmente sabotando a caridade, mas mesmo assim eu não acreditava que fosse viver o bastante para beijar Jacob Black e ainda depois beijar o amigo dele. Na verdade, a minha capacidade de falar para impedir aquilo já muito me impressionava. Eu nunca fui tão corajosa.

Aí o amigo dele disse assim:

- Ah, eu pago o que você pedir, boneca! – e piscou pra mim fazendo o Jacob dar um tapa na cabeça dele e passar a sua frente.

- Toma – me entregou uma nota de cinco. – Fica com o troco! - disse e sorriu pra mim fazendo minhas pernas ficarem bambas.

E aí quando eu fui falar outra coisa que pudesse salvar meu coraçãozinho do enfarto ele já tinha virado a bochecha na minha direção. Aquela bochecha avermelhada e lisa, que quase parecia uma maça silvestre.

Então eu respirei fundo e fechei os olhos pra beijar ele, quando senti que não batia exatamente na bochecha porque ele tinha acabado de virar o rosto e eu beijei a boca dele, em cheio. E ele tem NAMORADA. E ele NEM SABIA que era EU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Jacob Black me BEIJOU e agora eu vou ali, no banheiro, vomitar de nervoso porque eu estou fazendo muito isso desde que sai correndo daquela barraca.


CAP. TRÊS


Escola Católica Saint Castille, Outubro de 2007



A bibliotecária Anna, uma mulher solteirona de seus quarenta anos e alguns quilos a mais, ajudava Cullen a encontrar um livro raro que esta jurava já ter visto por ali em outra ocasião.

Era uma primeira edição e a bibliotecária teimava em discutir que eles não o tinham em estoque, definitivamente.

Como na maioria dos dias, durante o quarto e quinto período de aulas, o lugar estava vazio a não ser pelas duas, em sua missão literária.

Anna gostava bastante de e se podia dizer que eram amigas.

Talvez, pensava a bibliotecária, ela fosse realmente a única amiga que a garota tinha em toda Saint Castille já que não era lá muito popular com sua simplicidade, timidez e fama de esquisita. O que não era de todo verdade.

era uma pessoa muito inteligente e doce. Ultrapassada a primeira etapa de convivência, era possível vislumbrar um ser humano bem humorado e alegre, alguém verdadeiramente agradável de se ter por perto.

O que acabava com tudo, como sempre, era a mania das pessoas de nunca se aproximarem do que ameaçava ser diferente demais. Todos naquele lugar estavam perdendo em não dar o beneficio da duvida àquela garota.

Anna fazia o que podia pela amiga quando a via ser alvo de maldades e perseguições, que não eram pouco freqüentes, nas mãos da turma de “poderosas” do colégio, lideradas por Stacy Wheir, popular, superficial, filhinha de papai e insuportável.

- Ahá, eu achei! – pegou o grosso livro com as duas mãos e o abraçou como se abraçasse um ursinho de pelúcia. Depois olhou para ele com uma cara de admiração e reverência e então fez uma espécie de dancinha da vitoria enquanto continuava a abraçá-lo e repetir: achei , achei , achei!!!

Anna gargalhou enquanto presenciava a cena.

- Ai, Anna! – a garota falou para ela com um sorrisão nos lábios e um suspiro. – Meus pimpolhos vão ficar tão felizes com essas historias e olhe... – abriu o livro mostrando-o. – Tem todos esses desenhos antigos e lindos que posso mostrar pra eles.

A bibliotecária olhou admirada para o livro que tinha gravuras primorosas como ilustração e então se admirou um pouco mais com e sua paixão por seus alunos do jardim de infância. Eles eram a vida da garota desde que ela fora designada como substituta da Srtª Hills, no mês passado.

As duas estavam voltando pelo grande corredor do centro quando ouviram o barulho estridente de uma risadinha feminina. Anna parou e colocou os dedos nos lábios para que também fizesse silencio. Olharam para o corredor de onde vinha a risadinha e puderam ver duas pessoas.

- Ai Jake, vem logo, larga de ser careta! – Stacy Wheir puxava o namorado pela gola da camiseta.

- A mulher vai pegar a gente. Eu não quero levar uma droga de suspensão! – Jacob Black reclamava com as sobrancelhas franzidas e um olhar de desagrado.

Stacy começou a desabotoar a própria blusa com uma só mão enquanto a outra apontava para o peito do namorado.

- Tem certeza, bebê? – dizia manhosa.

As espectadoras viram quando o rapaz puxou a namorada para si com urgência, beijando-a e prensando-a contra a parede de traz, no corredor onde estavam.

A loira tinha as mãos firmes na nuca do namorado e uma de suas pernas abraçou o quadril dele. Um gemido escapou por seus lábios cheios de gloss enquanto virou-se sufocada, querendo sair dali bem depressa.

Mas Anna estava apenas preparando um bom flagrante quando pulou de onde elas estavam, há apenas alguns instantes, para junto do casalzinho e sacou um bloco de advertências do bolso dizendo em alto e bom som:

- Muito bem, Srtª Wheir, A Srtª está interessada em catalogar periódicos ou limpar os corredores? - e sorrindo sarcasticamente: – É claro que sempre podemos suspendê-la!

E enquanto a bibliotecária preenchia o bloquinho com os nomes de Jacob e Stacy e o garoto olhava para a namorada com aquela cara de “Eu te avisei!”, esperava sentada de cabeça baixa no banco próximo ao guichê de empréstimos.

Ela se repreendia por qualquer sentimento infantil e impossível que ainda continuasse nutrindo por Jacob Black, o garoto dos seus sonhos, e também da metade das garotas do colégio, que estava mais longe de ser seu do que o homem estava de ir a Marte.


Mais tarde naquele mesmo dia ...


corria apressada até a oficina da escola, a fim de conversar com Cory Monyrood sobre os mimos que a diretora encomendara para o dia das crianças. Tinha por volta de quinze minutos até que o sinal do intervalo soasse e seus pimpolhos voltassem para a classe.

- Sr. Monyrood, Sr. Monyrood ... – chamou adentrando o lugar aparentemente vazio. – Cory!!!

- Ele saiu. – respondeu uma voz rouca e encantadora que sabia muito bem a quem pertencia.

Jacob Black acabava de rolar de baixo de um carro no outro extremo do galpão, vestindo apenas um jeans. pensou que não conseguiria corar nem mais um grama ao ver o abdômen totalmente definido do rapaz se contraindo lindamente no esforço de se levantar e vir até ela, sem nenhuma pretensão de colocar a camisa.

Abaixou a cabeça e falou para os próprios pés evitando o motivo de sua infinita vergonha.

- Eu poderia deixar um recado para ele? – e sua voz era tão baixa que ela viu o garoto chegar mais perto, se esforçando em ouvir. Sentiu-se estúpida e inadequada e continuou olhando pra baixo.

- Claro! – ele respondeu, limpando suas mãos em um pano encardido que puxara de qualquer lugar pelo que ela ainda podia ver. – Fala aí. – incentivou.

- Diga ao-ao Sr. Monyrood que a-a Srtª Cullen veio saber quantos mimos já-já estão prontos, porque dois garotos novos chegaram à-à escola essa semana e ele vai-vai precisar fazer mais do-do que estava programado. – ela gaguejou com muito esforço.

- Certo então... Mais dois brinquedos para o primário, anotado! – Jacob sorriu naturalmente para a garota que continuava a olhar para baixo.

- Obrigada! – ela agradeceu ainda sem conseguir levantar a cabeça e então fez menção de se virar para ir embora. Acabou se desequilibrando em uma caixa de ferramentas que estava no chão e torcendo o tornozelo, caiu como uma fruta madura.

- Opa! – Jacob correu até a garota que já exibia uma careta de dor e massageava o próprio tornozelo. – Me deixa ver isso. – pediu amistosamente.

- Não se incomode, não é nada! – a garota disse e tentou se levantar sozinha.

Não pode conter o gritinho de dor quando o pé machucado protestou lhe dizendo que sim, ali havia alguma coisa que era mais do que NADA.

- Vou te levar a enfermaria! – disse o rapaz, pegando-lhe no colo antes que ela pudesse se desvencilhar dele como certamente faria.

ainda tentou com vários: “Não precisa!” e “Por favor me deixe!” ou “Posso ir andando!” mas ele já havia deixado a oficina, segurando-a firme e sem dificuldade em seus braços desnudos, aconchegando-a contra seu peito liso e igualmente pelado, enquanto sentia o coração bater tão desesperado no peito que ameaçava passar-lhe os ossos e cair no chão.

Só pra fazer a garota esconder o rosto no abraço de Jacob e respirar ainda mais fundo, no mesmo momento em que atravessavam o corredor o sinal tocou alardeando a saída do sexto período, fazendo com que a escola inteira tivesse uma visão privilegiada daquela cena, ou melhor, dando a Stacy Wheir uma visão privilegiada daquela cena.

Stacy podia farejar uma vadia aproveitadora a quilômetros de distancia.

Não era exatamente fácil ser a garota mais bem sucedida daquela escolinha católica ridícula e ela sabia que era mais difícil ainda manter o seu namoro com Jacob Black, o melhor partido que poderia arranjar.

“Quando se está no topo, é preciso se manter no topo”, era o que dizia sua mãe e Stacy certamente confiaria em uma mulher casada com um senador, para lhe dizer o que deve ser feito, já que ela definitivamente soube o que fazer com sua beleza e seus muitos talentos e agora tinha tudo o que poderia querer da vida.

Pois bem, estava preparada para lidar com a concorrência. Todas aquelas moscas gordas em cima de seu homem apetitoso demais.

Mas a loira precisava admitir, jamais considerou Cullen como um de seus obstáculos nesse quesito, mesmo porque aquela lá nunca seria capaz de chamar a atenção de um cara por mais do que piedade.

Tinha um horror particular por aquela garota desde que se podia lembrar. Se ao menos fosse qualquer outra, só mais uma garota feiosa e insignificante, sem nada a oferecer em concorrência... Um aviso bastaria. Algo para colocá-la em seu lugar.

Mas Cullen era diferente. Stacy sentia uma estranha vontade de esmagá-la sempre que a via; esquisita, aberração. Quase como um favor à sociedade ao extirpá-la do convívio das pessoas normais.

E certamente não gostou nem um pouco de vê-la nos braços do seu Jake, como se tivesse algum direito de estar ali. Ou pior que isso, como se de alguma forma ainda mais deturpada, ela pertencesse ali. Se encaixasse...

Medidas teriam de ser tomadas!



No dia seguinte, no vestiário feminino...

A garota Cullen banhava-se apressada afim de não perder um segundo sequer de seu almoço onde aproveitaria para conversar com Carmen que prometera lhe fazer biscoitos com confeito colorido para o dia das crianças.

Era o primeiro ano de a frente de uma turma e mesmo que ela não fosse mais do que uma estagiaria quebrando um galho para diretoria enquanto era dispensada das aluas de credito extra, sentia-se muito feliz em ter essa oportunidade para estar junto de seus amados pimpolhos e não iria medir esforços para que os pequenos tivessem o melhor dia das crianças de todos os tempos.

Cobriu-se com a toalha felpuda que trouxera de casa e olhou para todos os lados, no vestiário vazio procurando por alguém que pudesse vê-la desnuda. Tinha muita vergonha do próprio corpo e sempre fazia de tudo para escondê-lo, embora sua tia Alice vivesse para lhe dar bronca quando manifestava esse fato em voz alta.

Várias vezes a tia usara nas campanhas publicitárias para sua boutique, e sempre, em respeito aos pedidos da moça, fizera fotos que escondessem seu rosto.

não conseguia enxergar onde estavam toda a delicadeza e beleza que sua tia sempre ressaltava que ela tinha. Quando se olhava no espelho só via um amontoado de ossos, apatia e certa flacidez por ser uma garota de muitos livros e nenhum exercício físico.

Foi em passos largos até seu armário, que sempre mantinha trancado como uma salva guarda dos possíveis trotes.

Com um calafrio de pânico encontrou tudo revirado. A tranca não fora suficiente para detê-los dessa vez.

Rezou para que não tivessem levado tudo e com certa alegria percebeu que a maioria das roupas continuava ali. Amassadas e meio fora de ordem, mas ainda intactas pelo que poderia ver.

Vestiu-se e arrumou-se o melhor que pode e se pôs a sair dali.

Já no refeitório, passou pelas mesas mais ao fundo, como sempre evitando estar no caminho de qualquer pessoa e pegou sua bandeja, virando-se de costas para receber sua comida.

A primeira piada passou despercebida. Da segunda vez que alguém lhe gritou o nome, ela apenas continuou pegando a sua comida e fingiu que não ouvira, mas logo as gargalhadas se alastraram pelas mesas de estudantes e um coro de “Cullen VADIA” soou da boca de alguns garotos.

virou-se em pânico para a grande audiência, tentando perceber algo de errado em sua roupa que não tivesse percebido antes.

Stacy Weir apareceu a sua frente com um sorriso brilhante e satisfeito e lhe entregou um panfleto vagabundo, dando-lhe tapinhas no ombro.

- Da próxima vez que se machucar, Cullen... – ela disse com uma voz de falsa amizade. – Vá se ARRASTANDO até a enfermaria!

E então a loira se virou para continuar a distribuição de panfletos enquanto uma atônita olhava para o papel em suas mãos.

Uma montagem bastante convincente dela mesma no corpo de uma garota nua e obscena e um slogan que dizia: “A virgem do buraco fundo”.

Seus olhos se arregalaram enquanto ela tentava correr pra fora do refeitório ainda sobre os coros insistentes de “Cullen VADIA” e as grandes ondas de gargalhadas. Com certeza aquilo tinha sido pior do que qualquer coisa que já lhe fizeram.

Uma mão grande e firme a parou já na porta. Ela sabia que estava chorando vergonhosamente.

- Eu sinto muito! – Jacob Black disse com olhos sinceros enquanto tirava de suas costas algo que estivera pregado em seu sweater e ela via ali o mesmo folheto, que usara suas costas como outdoor.

Então foi isso que as garotas armaram quando invadiram seu armário. Ela não se surpreendida realmente, embora estivesse louca para desaparecer e rumar para o mais longe possível daquele lugar.

- Se quiser denunciá-la a diretoria, eu vou com você. – o rapaz soou solene e parecia bastante irritado.

Reunindo toda a coragem que nunca esperou ter e mesmo assim, abaixando sua cabeça sem poder fitar-lhe os olhos, disse num fio de voz, mas ainda alto o suficiente pra ser ouvida.

- Obrigada, Black... Mas não preciso da sua pena!

E continuou o seu caminho pelo corredor, até dar de frente com uma tia Alice esbaforida que não parava de pedir desculpas por não ter conseguido vir a tempo de impedi-las.


CAP. QUATRO



Outubro de 2007 na casa dos Black


Jacob estava deitado em sua cama com os braços cruzados sobre sua cabeça e olhava o teto de madeira do próprio quarto. Uma coisa o incomodava verdadeiramente e essa coisa era o seu relacionamento com Stacy Wheir.

Nenhum dos caras do bando considerava possível que Jacob sofresse seu imprinting com a garota. Havia até mesmo uma aposta nisso, entre Jared e Embry.

Houve um tempo em que realmente lhe incomodava imaginar que ele estaria sendo afastado de Stacy quando toda a coisa de lobo acontecesse e ele não pudesse lhe contar se ela não fosse à escolhida. Mas agora, Jake não sabia mais o que pensar. Ele não sabia nem ao menos se continuava gostando o suficiente da moça para manter o namoro. Talvez fosse sábio acabar logo com isso.

Fora obviamente apaixonado pela loira desde a pré-adolescência como qualquer garoto daquela cidade e os dois já namoravam há quase três anos agora. Stacy jurava que nunca tinha conhecido outro homem que não fosse ele e sempre deixou claro o seu amor, embora Jake realmente duvidasse de uma coisa ou da outra.

A cada dia que passava ao lado dela era como mais um dia para descobrir que, de fato, não a conhecia e isso o estava atormentando.

Pra falar a verdade, isso estava atormentando mais do que nunca desde o episodio do refeitório onde ela sacaneou a garota Cullen sem ter motivo algum para fazê-lo.

Não é como se Jacob estivesse interessado na pobre garota CDF. Stacy sabia disso e fez mesmo assim. Era infantil e era típico da turminha a que ele pertencia na escola, por isso já devia ter se acostumado, mas os olhos grandes e inocentes de Cullen não lhe saiam da cabeça.

Aqueles olhos o julgaram profundamente e Jacob julgava a namorada por ser tão mesquinha.

Talvez até mesmo a atração entre os dois começasse a ser comprometida e ele bem sabia que a base de seu namoro com Stacy estava na capacidade dela de se DAR completamente, como ele poderia definir.

Não sentira nenhuma vontade de roubar a namorada para uma “caminhada noturna” durante toda essa semana e preocupou-se verdadeiramente com isso já que não estava acostumado a negar fogo.

Ouviu uma batida suave em sua porta.

- Entra. – falou sem sair do lugar.

Sua prima Leah passou pela porta vestida em um micro-vestido prateado e sandálias altas. Ela o encarava, entediada, e seus longos cílios se moviam lentamente quando ela piscava.

Leah era a segunda esposa de Sam, o alfa do bando a que Jake se juntaria quando se transformasse. Ela já era casada com Sam e tinha um filho pequeno quando ele teve seu imprinting por sua irmã mais nova que morava fora do país, Emily.

Como regia as Leis da Tradição ele desposou Emily e Leah foi rebaixada a segunda esposa.

Isso fez com que a altiva Leah se sentisse no direito de ter de volta cada ano de diversão que seu casamento precoce lhe roubara e como aos trinta anos ela ainda era uma mulher bela o suficiente para tirar o fôlego, Sam desconhecia a metade de seus chifres.

- Ta toda arrumada! – Jacob se sentou na cama e sorriu de lado para a prima. Ela fora a primeira mulher dele e eram bem dizer, amigos. Nada muito especial, visto que Leah desvirginara metade do bando de Sam.

- Embry ia me levar para um concerto de rock essa noite... – a mulher deu a volta na cama e se encostou a um dos criados mudos, sempre muito sensual. – Mas o idiota acabou escalado para a ronda e eu fiquei a ver navios! – quase fez um bico.

Jacob gargalhou de sua expressão, percebendo que embora sua fome por sua namorada tivesse acabado; Leah ainda lhe despertava a mesma vontade de sempre.

- Estou livre essa noite, Lee! – ele lhe olhou certeiro e abriu os braços em um sinal para que ela se aproximasse.

- Eu sei disso garoto! – a mulher revirou os olhos, prepotente. – Ou pensou que vim aqui atrás dos seus sábios conselhos? – desmereceu.

- Assim você magoa Lee. – ele se fingiu de ofendido, fazendo ele mesmo um bico.

- Jake, Jake... – ela chegou mais perto, alisando-o no peito semi-exposto pelos botões abertos da camisa. - Você foi um dos meus melhores alunos... – suspirou. - Acho que é hora de deixar a professora feliz, não? – disse, por fim.

Leah foi se aproximando mais ainda enquanto deslizava o zíper do vestido, fazendo com que seu lingerie preto e transparente aparecesse, descobrindo os seios pequenos e bem formados.

- Sempre as ordens Lee, sempre as ordens... – ele lhe pegou pela cintura atirando-a de encontro à cama e tomando seu colo com alguns beijos lascivos.

- Pobrezinho... – ela disse como em um gemido felino. - Deve estar realmente necessitado...

A mulher sorria e se aninhava enquanto ele trabalhava seu pescoço com gosto.

- Aquela sua namoradinha de colégio não é mulher suficiente para um lobo... – voltou a dizer com mais propriedade enquanto ele apertava sua carne com força. – Ou QUASE! – provocou se referindo ao fato de que o garoto ainda não mudara.

- Vou te mostrar o QUASE, Lee! – Jake rosnou e lhe imobilizou, arrancando gemidos enquanto a cobria.








Dia das Crianças – Pátio da Escola Católica Saint Castille, 8:00hs


A professora substituta do primário tentava manter seus empolgados alunos numa fila reta para que eles pudessem entrar no ônibus escolar em segurança.

- Precisando de uma ajuda aí, professora? – perguntou um rapaz alto e musculoso que acabara de chegar, trazendo uma de suas aluninhas. A pequena Claire Young.

- Oh, muito obrigada Sr. Ateara! - a professora agradeceu quando a alta figura do rapaz se projetou acima das cabeças de dois garotos que se desentendiam e eles voltaram a ficar quietinhos em seus lugares.

- Eu ainda sou novo demais para ser chamado de Senhor. – o rapaz argumentou passando pela porta do ônibus e ajudando a professora a subir também. – Me chame de Quil, Srtª Cullen. – deu um sorriso para a moça.

- Se vou te chamar pelo nome, também quero que faça o mesmo. Sou , ou ! – ela aquiesceu.

- Então, “”. – pronunciou Quil com certa diversão. – O que teremos de especial nesse passeio?

- Eu agradeço muito que tenha se voluntariado como salva-vidas Quil, mas vai ter que esperar para ver como todas as crianças. – ela arriscou-se em dizer ficando muito vermelha no processo.

- Tia , Tia ! – a pequena Claire pediu sua atenção. Ela se virou para a garotinha que pulou em seu colo assim que a professora tomou um dos assentos do ônibus para si.

- O que foi meu bem? – a moça perguntou com imensa paciência.

- Você deixou o Quil vir também, você é a melhor professora de tooooodas! – e abriu os braços pra indicar o quão boa considerava a moça.

A Srtª Cullen sorriu para a criança e esta passou ao colo de Quil que a olhava com uma devoção paterna.

- Me diga uma coisa, . – Quil se virou interessado enquanto Claire pulava para o banco de traz e começava a conversar com as coleguinhas de sala. – Você não é muito jovem para ser professora?

A moça sorriu nervosamente porque já estava acostumada com aquela pergunta. Sentia-se bem em conversar com Quil, assim como se sentia bem com seus tios e os pais dos alunos. Pessoas mais velhas que ela.

- Eu sou substituta, mas eu estou adiantada no colegial e curso matérias de magistério então acabei por fazer uma espécie de contrato de estagio com a diretora Filtz, mas ela está sempre supervisionando e eu ainda preciso me formar para dar aulas, oficialmente. – explicou humildemente.

- Ah, certo! – o rapaz exclamou. – Não pense que perguntei por que acho que você deveria ser afastada. – Correu a explicar, caso a garota pensasse mal de sua pergunta. – Claire gosta muito de você e seria muito ruim se não fosse mais professora dela.

- Acho que, obrigada por isso! – sorriu do pânico na voz de Quil ao pensar que a destratara.

Ali estava com certeza a diferença entre as pessoas que já haviam deixado a adolescência e aqueles que tinham a mesma idade dela. Quil tinha tato e era gentil.

A jovem Cullen se distraiu pensando por um momento em Jacob Black que sempre fora gentil com ela, também. Mas logo afastou esse pensamento da cabeça ao perceber que o olhar de pena que Black lhe lançara no corredor do colégio há poucos dias ainda estava claramente gravado em sua memória.



Enquanto isso, na Casa dos Black ...


Leah vestia sua roupa e procurava seus sapatos, que estavam espalhados pelo quarto de Jake enquanto esse ressonava pesado depois de uma noite inteira de muita atividade. Se ela soubesse que a vida de uma “segunda-esposa” era tão divertida, logo de início, teria se poupado um monte de lagrimas quando Sam conheceu Emily.

Antes de sair, não se conteve e deu um beijo na testa daquele garoto-quase-lobo que era sempre tão gentil com ela, mas não se deteve muito ali para que ele não percebesse o pequeno gesto carinhoso, afinal, ela não estava a fim de marcar favoritos nem mesmo de perder o bom nome de mulher fatal que conquistara.

Passou pela porta com um sorriso na cara pensando que um maravilhoso café da manha lhe esperava, já que Emily era uma ótima dona de casa e havia feito milagres contratando os melhores empregados da cidade para trabalharem para eles. “Doce Emily, seja louvada!” – Leah pensava enquanto gargalhava e pisava fundo nos pedais de seu jaguar preto. Alguém tinha de garantir que as coisas acontecessem enquanto ela educava o bando de Sam.

Jacob Black percebeu o beijo na testa mesmo que tenha deixado a mulher sair de seu quarto sem que o notasse já desperto. Pensou em Leah, otimista e doidivanas, mas lembrou-se dos primeiros meses em que ela se trancou em seu quarto e só seu filhinho era capaz de fazer-la comer algo.

Aquela era uma mulher que não precisava de pena mas ela mesma não poderia negar que sofreu e Jake percebeu assim que ouviu a porta de seu quarto bater que devia a Stacy Weir, pelos anos de namoro, ao menos, um termino decente antes de sua transformação. Não seria covarde ao esperar que a garota saísse de sena quando ele encontrasse sua companheira.

Daria um ultimato a ela, o mais breve possível, estava decidido.



Dia das Crianças - Clube dos Fundadores


Quil estava ocupado com todas aquelas crianças na água e ele não podia se descuidar delas. Percebeu quando sua pequena Claire saiu pra junto da professora Cullen que estava em uma espreguiçadeira com o maior maiô que ele já vira uma garota usar.

Não se preocupou, pois sua intuição de Lobo lhe dizia que era de extrema confiança e via nos olhos da moça a dedicação para com cada criança ali. Sua Claire a adorava e fazia um monte de desenhos para ela e falava dela o dia inteiro. Era sua heroína.

As duas estavam indo em direção aos banheiros e ele era agradecido por haver uma mulher disponível pra esse tipo de coisa.

(...)


estava lendo um livro em sua espreguiçadeira e se sentindo incomodada com aquele maiô por mais que tivesse a certeza de que era o mais decente que ela poderia conseguir, já que o comprara na seção para mulheres idosas sem que sua tia Alice visse.

A pequena Claire se aproximou e pediu para que ela fosse ao banheiro com ela, então se levantou e deu a mão para a criança conduzindo-a ao extremo da área da piscina. Não se preocupou com os outros, pois Quil cuidaria bem deles, tinha certeza.

Ao se aproximarem de seu destino, a professora percebeu um cheiro diferente, como de carne estragada e se virou para impedir a pequena de entrar antes dela no corredor de acesso aos banheiros, mas Claire já tinha corrido pra dentro e só pode ouvir o grito estridente da aluna.

Mais que depressa a moça entrou atrás da garotinha que continuava gritando desesperada observando o que pareceu ser o cadáver de um homem jogado a um canto e a tirou de lá sem conferir nada, esbarrando com um Quil assustado logo que saiu do banheiro.

- Chame a segurança do clube. – ela ordenou para ele sem tempo para se envergonhar. A criança estava aninhada em seus braços magros, que a despeito de sua aparência a sustentavam com firmeza.

- O que aconteceu? – o rapaz exigiu e tentou pegar a pequena Claire, mas esta parecia estar em estado de choque e só agarrou ainda mais a professora.

- Vá! Eu posso lidar com ela. – o olhou autoritária e ele fez o que ela mandou por mais que sua cabeça se virasse para Claire a cada passo que ele dava.

A professora sentou-se em uma cadeira próxima ao pequeno jardim que antecedia a área das piscinas e aninhou a pequena Claire em seus braços a embalando.

- Está tudo bem querida, está tudo bem agora... – disse murmurando em seu ouvido enquanto sentia o choro da criança se expandindo. – Eu quero que você feche os olhos querida, você me entendeu? – perguntou doce.

A criança assentiu tremula.

- Feche os olhos e imagine a historia de Alice que eu contei na semana passada, certo? – conduzia as duas mãos para as laterais da cabeça da criança. – O grande jardim onde Alice cai quando vai para o mundo maravilhoso...

Claire já havia parado o choro e agora apenas soluçava esporadicamente.

- Você pode ver as borboletas, querida? – a professora perguntou enquanto se esforçava com cada fibra de seu ser para passar a imagem de sua mente para a mente da garotinha no maior teste que seu poder já sofreu.

- Sim! – a voz infantil exclamou com admiração, se esquecendo do horror que vira para contemplar o filme que se passava por traz de seus olhos fechados. – Sim, Tia ... Elas são tão coloridas...

A Cullen podia sentir sua cabeça latejar enquanto mantinha a imagem nítida na mente da criança, mas ela não se deixaria abater até que sentisse que podia liberá-la da ilusão com segurança.


(...)


Quil chamou a segurança e se culpou por ter se mantido distraído o suficiente para não perceber aquele cheiro antes. Fez tudo rápido demais para voltar a estar com sua Claire e confortá-la, fazê-la ficar bem outra vez.

Mas quando atingiu a área das piscinas ele viu sua garotinha no colo da professora e ela parecia sorrir de olhos fechados, enquanto seu rostinho ainda molhado pelas lagrimas, relaxava completamente.

Olhou para a moça que a segurava e tinha uma expressão de dor compenetrada mantendo seus olhos abertos como fendas. A professora parecia segurar com toda a sua força, uma corda escorregadia.

Aproximou-se das duas e deixou sua mão pousar sobre o pequeno ombro de Claire sem querer interromper qualquer coisa que estivesse fazendo porque parecia estar surtindo um perfeito resultado.

Foi nesse momento que tomou um choque e seus olhos foram toldados como se não pudesse mais enxergar, ao mesmo tempo em que uma linda imagem de um jardim florido e selvagem com borboletas enormes e coloridas apareceu em sua mente como se visse um filme.


(...)


Com um sobressalto Cullen saiu de seu transe dolorido e olhou para o homem que certamente fora atingido por seu poder e a olhava espantado com um olhar sem foco.

- Professora... acabou! – a pequena Claire reclamou, mas logo percebeu Quil ao seu lado e se jogou nos braços dele sendo recebida com o mesmo amor.

- Desculpe, Sr. Ateara... Eu... – A professora gaguejou em pânico. Ele vira tudo. Ele agora sabia que ela não era normal.

- Não explique nada , e, me chame de Quil. – o homem lhe sorriu, e ela o olhou mais espantada, do que ele poderia estar.

- É lindo o que pode fazer e eu agradeço que tenha feito por ela. – indicou Claire que ainda o abraçava e parecia cair em um pré-sono tranqüilo depois de sofrer emoções demais para sua mente infantil.

- Mas, eu posso explicar... – a Cullen acorreu ainda desesperada por ter sido tão imprudente com seu segredo, que não era só seu, mas de toda sua família.

- Não, você não pode! – Quil foi taxativo, mas ainda lhe sorria doce enquanto acarinhava os cabelos de Claire. Entendimento passava pelos olhos do rapaz – Eu também tenho os meus segredos professora, e acredite quando eu lhe disser, que eles são maiores que os seus.

o encarou. Viu a verdade em seus olhos.

Ela então se acalmou e mesmo assim olhou para baixo como se ainda esperasse pelas acusações e a caça às bruxas. Nada disso saiu da boca do homem a sua frente. Quil apenas disse “Muito obrigado!” mais uma vez e começou a se afastar com Claire enquanto deixava completamente atônita por ter sido aceita em toda sua estranheza, pela primeira vez, por alguém que não fosse da sua família.



CAP. CINCO








1º de Novembro de 2007 – Residência dos Black





Jacob Black olhava impaciente o visor de seu celular esperando por uma ligação, uma mensagem ou qualquer sinal de vida por parte de sua, ainda namorada, Stacy Wheir.



A garota vinha fugindo dele já há duas semanas, evitando encontrar-se com ele na escola por mais de um minuto ou atender qualquer de seus telefonemas, desde que ele disse as três palavrinhas aterrorizantes em todo relacionamento: “Nós precisamos conversar”.



Bufou indignado e jogou o aparelho longe, fazendo com que batesse no carpete de seu quarto com um baque surdo.



“Maldita garota” pensou enraivecido pela covardia da namorada ao se deparar com um fim, que para ele, vinha se mostrando inevitável há algum tempo.



Bateram a sua porta e ele fez um muxoxo afirmativo para quem quer que fosse.



Sue Clearwater, governanta de sua casa e velha amiga da família, adentrou o aposento com sua expressão austera.



- Jacob, o seu pai quer que vá ao jantar do prefeito no lugar dele! – avisou.



Jacob bufou ainda mais. “Droga de jantar de Aniversario” – pensou, lembrando-se de mais esse problema.



Ele sabia que um jantar de gala seria oferecido em prol do Aniversario da Cidade e todas as figuras importantes estariam presentes. Também sabia desde o início da semana que era possível que ele fosse obrigado a comparecer ao martírio social para representar seu pai, caso este não estivesse na cidade, como de fato não estava desde terça-feira.



- Seu smoking chega as seis da lavanderia. – Sue informou em tom monótono enquanto arrumava uma coisa e outro através do quarto do rapaz. - Vai precisar do motorista ou prefere dirigir? – perguntou solicita.



- Prefiro dirigir. – murmurou taciturno se jogando na cama como se fosse novamente um garoto de 12 anos, emburrado com o fato de se mudar para outro estado.



Em sua opinião, não haveria pior jeito de passar a noite de sábado, que em companhia de um bando de pessoas de meia idade, esnobes e mexeriqueiras, prontas a julgar qualquer ação remotamente divertida como o maior dos pecados e loucas para empurrarem nele suas filhas adolescentes e desinteressantes.



Garotas tão banais quanto sua, ainda namorada, Stacy Wheir; que certamente evitaria acompanhar os pais ao evento apenas para não esbarrar nele e terminar de vez com essa ridícula relação de gato e rato.









Enquanto isso na casa de Edward e Bella Cullen...





- , querida. – Bella entrou no quarto da filha enquanto via a garota levantar a cabeça de um grosso livro. – Sua avó pegou um resfriado daqueles e seu avô não tem companhia para o jantar do prefeito... – disse e fitou a garota com esperança. – Você não estaria disposta a acompanhá-lo?



olhou a mãe com uma pontada clara de pânico em suas faces coradas. O jantar de gala que o prefeito promovia todos os anos para comemorar o Aniversario da Cidade era o evento mais prestigiado pela sociedade da região e entre os Cullen apenas seu avô, Carlisle, medico da cidade a mais de trinta anos, era convidado. Aquele era o tipo de coisa em que Stacy Wheir costumava ir, não ela.



- Não me olhe assim . Sua tia Alice esta ocupada demais para ir e você sabe muito bem que eu não sei andar de salto alto. – então encarou a filha com tristeza. - Não faça seu avô aparecer sozinho! Sabe que ele não merece esse tipo de vergonha perante aquelas pessoas. – terminou, e então olhou mais severamente para a filha.



A garota soube no instante em que a mãe entrou em seu quarto lhe pedindo com toda a delicadeza que fosse àquela festa importante e cheia de gente maldosa, que aquele não era bem um pedido. Era sim, um jogo com sua consciência.



E Cullen sempre perdia para sua consciência, já que nunca recusaria ajuda a seu avô, a alguém de sua família ou mesmo um estranho que estivesse precisando dela.



Então, sem nenhum ataque de rebeldia ou objeções, apenas fitou sua mãe e balançou a cabeça afirmativamente escondendo um olhar triste enquanto via Bella lhe agradecer e dar-lhe um abraço reconfortante que não era mal, mas não lhe ajudava a ter mais coragem para o que lhe esperava a noite.



- Sua tia Rosalie vem lhe arrumar as cinco. – Bella avisou, deixando o quarto da filha, satisfeita.









Mansão do Prefeito – 10:15 da noite





Os dois rapazes morenos e altos, impecavelmente trajados em smokings, cruzavam o estacionamento que foi montado à frente do jardim da Primeira Dama. Pisavam displicentemente a grama recém cortada.



- É muito gay eu ter trazido você como acompanhante Quil! – Jacob Black reclamou carrancudo. – Maldito Sam que foi lembrar que a Leah existe, logo hoje.



Quil Ateara riu do amigo mais novo, totalmente mal-humorado. Ele, por sua vez estava em um ótimo humor, pois sempre se divertiu nesse tipo de lugar, rindo das fofocas absurdas que sua super audição captava.



- Fica frio cara. – Deu algumas palmadinhas nos ombros de Jacob. – Ninguém vai nos confundir com um casal. Eu sou bonito demais pra você!



- Idiota. – o mais novo grunhiu acertando Quil com um tapa na cabeça.



- Mais cuidado aí pirralho. Eu posso arrancar a sua cabeça com muita facilidade. – o homem lobo retrucou fingindo-se de ofendido.



Fingia muito mal então Black apenas riu.



Passaram pelas grandes portas do Salão Dourado e as duas filhas do prefeito, as gêmeas loiras e superficiais que Jacob conhecia bem da escola, lhe deram as boas vindas a casa. Não se demoraram e já estavam procurando uma mesa distante quando Quil estacou.



- Cara, não acredito que é ela... – disse olhando em uma direção fixamente.



Jacob procurou o que o amigo via, mas antes da transformação seus olhos humanos não eram tão perspicazes assim.



- Mas é ela mesma! – o garoto ainda murmurou, se pondo agora em direção a uma das mesas praticamente vazias, no centro do Salão.



- De quem você está falando? – o mais novo perguntou, irritado por não conseguir perceber ainda de quem se tratava.



- É a garota de quem te falei... Aquela que encontrou o homem morto. – Quil disse impaciente vendo o amigo franzir a sobrancelha disperso. – O cara que sofreu um ataque de vampiro e foi largado no banheiro do clube, seu lesado. Eu te falei disso a semana inteira, Sam ainda está atrás do clã responsável por isso.



- Ah! – disse Jacob desinteressado. – A tal garota que acalmou a Claire? Mas ela não era professora, o que está fazendo aqui...



- Cara, ela ta tão diferente... UAL



E então Black olhou, de mais perto dessa vez, pois tinham atravessado praticamente todas as mesas e passado por quase todos os convidados.



A sua frente estava uma ruiva deslumbrante e ele não pode deixar de se lembrar que já vira aqueles olhos brilhantes antes e aquela boca, e aquele decote... “A donzela da Primavera” – pensou com um sorriso sacana, preparando-se para roubar mais um beijo da moça.



Mas todos os seus gracejos sumiram na hora em que Quil virou-se para ela e apresentou os dois.



- Srtª Cullen, esse é meu amigo Jacob Black!



Os dois já se conheciam.

















Trecho compilado do diário de Cullen, em 02 de Novembro de 2007:



(02/11 - 03h00min da manhã)



Diário, eu acho que fui abduzida.



É como se estivesse vivendo outra realidade. E essa nova realidade é totalmente irreal, pra dizer o mínimo.



Eu sai de casa hoje, ou como já posso dizer, ontem. Estava toda maquiada, penteada, apertada em um corpete muito justo como tia Rose gosta de me vestir e em cima de perigosos stilettos que quase sempre me levam ao chão se eu tento andar um pouco mais rápido com eles. Até aí tudo bem.



Eu estava indo acompanhar meu avô ao jantar anual do prefeito para comemorar o aniversario da cidade porque minha avó estava adoentada e não pode ir. E lá estava eu na mesa tentando reprimir um bocejo que seria muito mal educado e esperando ansiosamente pela minha hora de ir embora para casa. Mas nem de longe minha noite se resumiu a isso.



Porque?



Bem... Jacob Black chegou à festa.



E não foi só por isso mesmo que só isso já me deixasse completamente em pânico. Acho que ao avistá-lo de longe eu conclui que ele passaria direto por mim e não me reconheceria como alias, já aconteceu.



Mas hoje foi diferente, claro, porque ele não estava sozinho e a pessoa com ele era ninguém mais, ninguém menos do que Quil Ateara. Aquele que sabia o meu segredo, que sabia e não pareceu se importar.



Já estava pronta para fugir para a área dos banheiros por tempo indeterminado quando Quil olhou uma segunda vez pro meu lado e com um sorriso de reconhecimento veio rápido ao meu encontro, rebocando o amigo.



- , que bom ver você aqui! – ele disse animado, parecendo realmente se importar com a minha insignificante presença.



Até tive esperanças que Black se distraísse o suficiente com a bebida que pegava de um garçom e que Quil saísse logo dali mas...



- Deixe apresentá-la... Srtª Cullen, esse é meu amigo Jacob Black. – Quil até fez uma mesura, com falsa formalidade. – Jake, essa é Cullen, a garota mais legal que você terá a honra de um dia conhecer.



E a essa altura eu nem prestei mais atenção os trejeitos de Quil e é claro que eu já estava muito corada por baixo da minha maquiagem, mas o que me distraiu mesmo foram os olhos assustados de Black em mim.



Tinha mais do que surpresa no jeito como me olhava. Havia reconhecimento e um pouco de espanto.



Eu me inquietei, me perguntando se ele me reconhecera daquele dia, no Festival da Primavera há dois anos. Ele me beijara sem saber quem eu era. Mas era impossível que ele tivesse me reconhecido. Era um sonho de impossível.



Comecei a tremer com essa possibilidade.



- Você está bem? – Quil perguntou pra mim.



- Sim, um pouco tonta. – eu disfarcei, muito mal por sinal.



E quando eu sentei-me à mesa, eles se sentaram comigo e dali em diante Quil tentou de tudo para estabelecer uma conversa até que Jacob começou a entrar na dele e me tratar como se eu fosse uma antiga conhecida da escola e não a esquisita que a namorada dele adorava humilhar.



Até aí eu acho que dei conta do recado. Quer dizer... Eu gaguejei muito, eu engoli palavras e em mais de uma ocasião eu soube que Quil rira de mim e não comigo, por mais que ele fosse gentil o suficiente para não ficar escarnecendo.



Mas quando tocaram uma musica agitada e Jacob levantou-se com um sorriso galante e me chamou pra dançar e eu recusei até ele insistir tanto que ficaria muito feio dizer NÃO outra vez, tudo foi por água abaixo.



Porque era uma musica agitada e moderna, era Jacob Black quem estava me segurando e era EU tentando dançar - ou devo dizer - tentando não cair estatelada no chão.



- Relaxa um pouco , isso aqui é uma festa! – ele ia dizendo enquanto me rodava e me pegava pela cintura com firmeza, me fazendo ficar bamba com mais facilidade do que o salto exagerado.



- Do que me chamou? – eu perguntei me concentrando em não cair por cima dele e esbarrar em mais partes do seu corpo de repente próximo demais.



- ? – perguntou com uma risada gostosa e distraída.



- Sim. – disse baixo e ficando corada.



- Seu nome é muito grande e Srtª Cullen te faz parecer uma velha! – ele explicou e então me rodou de novo, me pegando com vontade e colando-se em minhas costas completamente fazendo-me arrepiar o ultimo fio de cabelo. – E nós sabemos que você não é nada como uma velha! – sussurrou no meu ouvido, piorando ainda mais a sensação.



E eu juro que vi as estrelas do céu através do teto do Salão Dourado do Prefeito. E também juro por Deus que quis correr pra bem longe quando ele me virou de volta e colou a testa na minha com um sorriso malicioso.



- Você me daria um beijo, ? – ele perguntou fazendo seu hálito agridoce bater de encontro aos meus lábios trancados. – Ou eu devo dizer... Donzela da Primavera!



ELE LEMBROU MESMO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Passei muito perto de um enfarte e fiquei tão atordoada que nem percebi que a musica já tinha acabado e estavam chamando a atenção das pessoas para alguma solenidade, o que felizmente fez Jacob se desviar de mim e me deu tempo - quando deixei de ser lesada - para fugir dele, encontrar meu avô e implorar para ir embora.



Porque sinceramente, o que aquele garoto tem na cabeça?



Ele tem uma namorada, ele nunca nem olhou na minha cara e eu sinceramente não sei nem o meu nome quando fico perto dele.



Eu não sou uma pessoa irresponsável, me orgulho disso, e nem sou qualquer uma que me joga em cima de gente comprometida, tão pouco.



Mas eu quase disse sim praquela pergunta descabida e indecente.



E eu queria muito ter dito: - Sim, Jacob Black você pode me beijar o quanto você quiser, porque você sempre pôde.



Preciso oficialmente de ajuda.



Preciso ser deixada de volta no meu planeta confortável e previsível, porque eu estava muito bem comigo mesma sendo apenas Cullen, a garota esquisita e universalmente evitada.



Mas, de repente, naquela pista de dança eu me vi almejando mais, querendo ser: .





CAP. SEIS



Novembro de 2007, Escola Católica Saint Castille – 8:00 da manhã



Cullen nunca se atrasou para uma aula, nenhum minuto sequer em toda a sua vida escolar, mas hoje a garota corria desesperada até os portões de ferro batido da Saint Castille e o tempo, não era seu amigo.

Porque ela estava atrasada?

Bem, era simples. finalmente deixou que sua Tia Alice realizasse um sonho antigo e nas palavras da própria Alice:

“Um bom trabalho nunca é feito com pressa”

Resultado: A garota estava vestida com uma legging café e um micro-vestido pêssego, cheio de flores bordadas no decote baixo e quadrado. Seu sapato de boneca tinha um laço de camurça e um salto grosso de dez centímetros. Os cabelos estavam amarrados no alto da cabeça e um cacho pendia solto adornando o lado esquerdo do rosto, que foi levemente maquiado.

Não havia nenhum sinal do grande e antiquado óculos de grau que ela sempre usou e suas orelhas delicadas faiscavam com o brinco de pingente sóbrio e elegante.

Nenhuma dessas mudanças diminuía o fato de que ela estava correndo com tudo que tinha para chegar à primeira aula dentro dos quinze minutos de tolerância, mas cada uma delas fazia seu coração disparar, lembrando de sua imagem no espelho quando a Tia terminou de arrumá-la.

Aquela sensação morna de satisfação por se olhar e se ver tão bonita e tão feminina. Nem um pouco estranha. De um jeito que ela considerou por muito tempo, impossível.

Era como um arranjo bom. Só seu. Tão... !

A garota olhou para os lados ainda desorientada com a sensação nova do atraso e dirigiu-se ao seu armário quase tropicando.

Mesmo feliz pelo visual novo, ela ainda era Caxias o suficiente para não perder a aula. Pegou os livros e foi para sua sala.

Distraída como estava, nem pode perceber que sua nova aparência foi crucial para que passasse sem problema por entre o aglomerado de alunos, estes costumeiramente atrasados. Não notou a falta de esbarrões e o fato de que não precisou pedir para lhe darem passagem, nenhuma vez se quer.

Apenas se desvencilhou de qualquer obstáculo, deixando a todos boquiabertos com a linda garota ruiva que passava por ali e que nenhum deles reconheceu de fato, como sendo apenas Cullen, a garota tímida e esquisita do segundo ano.


3 horas depois ...


Jacob Black sentia-se ridículo, ali em frente ao laboratório de Biologia, ansioso para que o alarme do intervalo tocasse logo e ele pudesse finalmente encurralar sua, ainda namorada, Stacy Weir, a quem vinha tocaiando pela ultima meia hora decidido a romper com esse compromisso por bem ou por mal, com uma platéia ou sem ela.

A garota se revelara mais escorregadia que uma cobra d’água e ele já fora paciente e indulgente com a situação. Agora deixaria o cavalheirismo de lado e resolveria aquele assunto pendente.

Bem porque, outra garota não saia de sua cabeça desde uma certa festa na mansão do prefeito e esta era uma garota que o intrigava, diferente de Stacy que a algum tempo não fazia-lhe a mínima diferença, e quando muito, apenas o irritava.

O sinal soou alto e claro e Jake se camuflou entre uma quina e um bebedouro para que a namorada não o visse a principio. A sensação de ridículo só crescia dentro de si.

Stacy já ia passando, toda sorridente, em cima de seu salto agulha e sua saia muito curta quando suas amigas distanciaram-se o suficiente para que Jake julgasse certo aparecer.

O garoto pulou na frente dela que quase se desequilibrou e foi por ele amparada. Não demorou nem meio segundo, no entanto, para que o susto se transformasse na diplomacia falsa de sempre.

- Amor, você me surpreendeu... – a garota lançou seus braços ao pescoço do namorado de um jeito meloso.

- Nós vamos conversar Stacy, AGORA! – Jake disse seco, retirando os braços dela e se esquivando do beijo.

- Ah, querido, é que hoje eu estou muito ocupada e eu prometi a Amanda que iria ajudá-la... – a garota já ia se distanciando daquele seu jeito felino quando sentiu os punhos do namorado imprensando sua carne com agressividade.

- Eu disse AGORA Stacy e se você quiser um escândalo pode ter um. – ameaçou olhando-a nos olhos e estreitando as sobrancelhas de uma forma assustadora.

A garota sabia reconhecer um ultimato quando via um e foi por isso que ela deixou-se puxar amigavelmente para o banheiro vazio mais próximo deles, onde ela finalmente teria de ouvir o que ela já sabia que ouviria a semanas.

Jake não sabia exatamente como Stacy reagiria, mas não esperava lagrimas ou resmungos implorativos. Ela nunca seria humilde o suficiente para implorar nada na vida. E nesse momento ele agradeceu por isso.

- Stacy, eu acho que você percebeu que nós não estamos mais... – ele começou, tentando ter tato. Tentando se lembrar de como tudo começou, quando ainda fazia sentido namorar aquela garota loira e superficial à sua frente.

- Poupe seu discurso ridículo, Black. – a garota o olhou de cima, ou quase, já que ele era infinitamente mais alto.

Jacob ficou calado observando o desprezo presente em cada partícula dela. Que parecia pairar sobre eles como uma teia de veneno no ar.

- Era só isso, não era querido? – ela virou em seus calcanhares. – Boa sorte em achar alguém que seja ao menos comparável, panaca! – falou se regozijando ao deixar o banheiro.

Bem, Jake pensou que seria mais difícil. Assim já estava de bom tamanho. Ele se livrara daquele problema e agora era um homem totalmente livre, outra vez. Poderia se divertir com quem realmente o interessava.

Foi quando a imagem de Cullen o arrastou para mais um devaneio e ele temeu aproximar-se dela como já vinha planejando.

Sua transformação ainda ocorreria e ele ainda estaria à mercê do imprinting. Poderia ele começar um relacionamento com a garota Cullen, sob a mesma nuvem negra que terminara seu namoro com Stacy?

Não que esse houvesse sido o maior fator para livrá-lo da loira. Jake sabia que há muito tempo não havia nada alem de atração sexual, que até já se extinguira, entre ele e sua ex-namorada.

Era certo que o despertava de um jeito novo e desconhecido que o deixava bobo e descontrolado. De um jeito que o fazia tremer com a idéia de conquistá-la e ter que deixá-la assim que encontrasse sua companheira.

E também havia aquele sentimento até estranho de dependência que ele sentia quando estava perto da garota.

Jake assumia que nunca pensara em Cullen como alguém que fosse fazê-lo se interessar desse jeito. Não que já tivesse identificado qual “jeito” era esse.

Sabia apenas que, depois de dançar com ela na mansão do prefeito, nada saiu de sua mente. Ele se lembrava da fragrância suave dos cabelos dela, se lembrava do tom vermelho profundo e sensual e se lembrava da expressão inocente e quase divina. A forma como ela se movia, sempre tão delicada e imprevisível.

Nunca – ele imaginou – poderia esquecer a forma verdadeiramente assustada e encantadora com a qual ela o olhara quando ele pedira um beijo. E então ela fugiu, provando que não apenas fingia estar embaraçada. Ela realmente estava.




12:35 da manhã no Refeitório


passou pelas portas do refeitório completamente vermelha e constrangida, pois acabara de ser abordada por um rapaz do terceiro ano.

O garoto, de quem ela não recordava o sobrenome, mas sabia estar no time de natação da escola, lhe perguntou o nome e lhe deu as boas vindas ao colégio de uma forma muito empolgada enquanto tentava, engasgando de vergonha, lhe dizer que não era aluna nova.

Sem ter muita certeza de que conseguira dissuadir seu novo admirador da vontade que ele manifestou de sentar-se com ela no almoço, encontrava-se entre a cruz e a espada e pela primeira vez no dia, amaldiçoou realmente a idéia de deixar que Alice a vestisse.

Havia algumas pessoas que estavam fora de controle com sua nova aparência. Nunca imaginou que fosse causar tamanha sensação.

Mesmo que observasse as cabeças se virando desde que entrara na sala, no primeiro horário, ainda sim, ela não conseguia visualizar o porquê de tudo aquilo. Ela ainda era Cullen, pelo amor de Deus. Ainda era esquisito e ainda era tímida demais para ter um amigo sequer dentre o corpo estudantil.

Mas os alunos da Saint Castille não pareciam pensar o mesmo. Não mais. Pessoas até acenaram para ela entre uma aula e outra, como se quisessem mesmo cumprimentá-la. Fora como uma experiência fora do corpo.

Foi para a fila e ninguém tentou tirar o seu lugar. Pegou sua bandeja cinzenta e colocou as coisas de sempre. Ninguém pisou em seu pé para depois dizer o - “Desculpe, não vi você aí!” - tão conhecido seu. Ninguém a importunou ou fez alguma piada sobre ela só para passar o tempo.

Uma menina do primeiro ano até lhe sorriu sinceramente e disse algo como: “Adorei os sapatos!”

Talvez não fosse possível se acostumar, ela pensou, entre um olhar tímido e um negar de cabeça quando o mesmo rapaz voltou a chamar sua atenção, agora sentado com os amigos em uma mesa barulhenta.

A garota seguiu até o fim do refeitório e sentou-se sozinha como sempre, agradecida por aquela mesa estar sempre disponível e longe de qualquer holofote.

Mal tinha dado uma mordida em sua pizza quando uma voz a sobressaltou.

- E aí ! Posso me sentar com você? – a voz rouca soou clara acima da algazarra do almoço.

Aquela voz conhecida e muito improvável que fez com que ela cuspisse sua azeitona. Jacob Black? Pedindo para sentar-se a sua mesa do almoço?

“Eram os quatro cavaleiros do apocalipse” – pensou.



Enquanto isso na mesa dos queridinhos da Saint Castille...


Stacy estava toda vermelha e ela sabia que isso arruinava a composição de seu belo rosto. Era inútil, nada poderia acalmá-la de sua raiva titânica e seu sangue corria tão rápido que tingir suas bochechas era o menor dos estragos que poderia esperar.

Precisava controlar-se para que nenhum dos idiotas – mais conhecidos como melhores amigos – percebessem que ela acabara de levar um pé na bunda histórico de seu namorado “desde sempre” Jacob Black.

Já havia uma desculpa de emergência para o caso de descobrirem antes do tempo que o maior casal da Saint Castille se separara e essa desculpa era muito conveniente, já que consistia em uma breve anedota sobre como ela conheceu um garoto de faculdade e se apaixonou perdidamente, deixando assim, Jacob em segundo plano.

Claro, teria de desconversar muito quando as perguntas começassem para evitar que algumas falhas de sua historinha viessem à tona, mas o que tinha ela a temer, afinal?

Suas amigas eram mais burras que mulas de carga e nunca se virariam contra ela. E se as meninas estavam com ela, os namorados viriam de brinde.

Pensando mais longe, se Jacob tentasse humilhá-la de qualquer forma que fosse... Ele é quem sairia bastante humilhado já que ela contaria a todos varias mentiras muito cabeludas acerca de seu desempenho como namorado em todos esses anos.

A loira estava tão absorta em seus próprios problemas essenciais que não percebeu o silencio na mesa quando se sentou em seu lugar habitual entre Savannah e Katy.

- O que vocês têm? - perguntou azeda, vendo as duas garotas estupefatas e com uma aparência mais patética que o normal.

- Você não viu? – Savannah arregalou ainda mais seus olhos aguados de sapo.

- Viu o que, estrupício? – perguntou muito delicadamente, já perdendo a pequena parcela de paciência que a movia nessa manhã infernal.

- Jake está almoçando na ultima mesa do refeitório com a garota novata! – foi Katy quem lhe respondeu com veneno na voz.

E só então Stacy se virou para onde estava olhando a metade de sua mesa e o que ela viu fez com que ela derrubasse suas duas porções de alface e rúcula porque ela sentiu sua raiva falar mais alto que sua razão pela primeira vez em sua vida e porque aquela vagabunda não era novata!



CAP. SETE



1º de Dezembro de 2007, Escola Católica Saint Castille – 17:00 hs.



olhou pela grande janela a sua frente. O inverno já mostrava suas garras sobre as arvores do pátio. O calor era extinto aos poucos deixando aquela luz cinzenta que perduraria até a semana do Natal, onde com sorte, nevaria o suficiente para que o mundo se tingisse do mais imaculado branco.

amava o Natal e as nevascas. Amava as comidas fartas e elaboradas e as musicas engraçadas, cantadas sempre com bons sentimentos.

À sua volta as crianças desenhavam livres e suas vozes agudas enchiam o ar como em uma velha canção irlandesa. Uma pequena algazarra que fazia com que se lembrasse do Tio Emmett e das farras de beberagem, quando ele se punha sobre a mesa de jantar, com duas canecas gigantes de chope e dançava e cantava até que alguém o convencesse a descer.

Sorte de sua avó Esme, que a mesa fosse de solido carvalho ou já teria esmaecido a muito.

O sinal soou agudo, tocando no que lhe pareceu cedo demais. As crianças reuniam suas coisas e se despediam.

- Tchau Professora! – alguns acenavam com sorrisos satisfeitos pelo fim das aulas.

- Bom final de semana, queridos! – ela respondia enquanto arrumava seus próprios materiais e uma pequena pilha de livros.

Preparou-se para deixar a sala com os pensamentos migrando soltos. Tanta coisa havia mudado em sua vida e parecia ter sido de um momento para outro, como em um despertar inesperado.

Quando, em anos, acreditaria que não só teve companhia para o almoço do dia como também teria uma carona garantida na volta para casa?

Quando em toda sua vida ela poderia apostar que esse acompanhante fosse Jacob Black, que tomara como habito sentar-se em sua mesa no refeitório e levá-la até a porta do sitio dos Cullen, como se não estivesse fazendo mais do que sua obrigação? Feliz por ter sua presença em sua vida como ele mesmo dissera um dia antes.

- Você é uma pessoa especial, . Não acredito que não ficamos amigos antes! – ele sorrira para ela antes que a garota saísse de seu carro, quando ela jurava que não conseguiria ficar mais vermelha ou sentir-se mais lisonjeada.

Tantas eram as borboletas em seu estomago que ao passar distraída demais pela porta da sala de aula, esbarrou na diretora Filtz e quase foram as duas ao chão com a pancada.

- Srtª Cullen! – a mulher endireitou-se com severa elegância.

- Me desculpe senhora! – acorreu a desculpar-se pelo pequeno acidente.

A diretora apenas meneou a cabeça concedendo as desculpas e então arrumou os óculos quadrados sobre o nariz fino enquanto fitava a moça de maneira penetrante.

- Eu tinha esperanças de encontrar a Srtª ainda por aqui, Srtª Cullen.

- Pois não, Senhora. – respondeu ajeitando os livros mais pesados de encontro ao corpo para sustentá-los melhor.

- Creio que devamos nos sentar um instante. – a diretora propôs adentrando a sala. a seguiu e esperou que continuasse. A mulher a fitou com interesse e então prosseguiu. – Estou feliz com seu trabalho a frente desta sala e acabo de receber a demissão oficial da Srtª Wings que não voltará para o próximo semestre. Creio que posso oficializá-la como professora assim que seu diploma do colegial sair, no próximo verão. – se segurou na cadeira para não cair, mesmo estando sentada. Não podia acreditar na grande sucessão de surpresas boas que saiam da boca da diretora Filtz. Então a mulher a fez ir ainda mais alto se era possível. - O que você acha de trabalhar aqui, permanentemente?

“Você precisa perguntar?” – pensou com um sorriso enorme tentando parecer mais adulta e digna embora desejasse ardentemente abraçar a diretora e pular com ela pela sala em comemoração.

- Eu adoraria, senhora, adoraria mesmo! – conseguiu por fim, dizer, com a voz embargada.



Enquanto isso no pátio...


Jake estava encostado em sua Harley, depois de mais uma tarde gasta inutilmente no treino de natação, ouvindo os idiotas do time perguntarem se ele estava mesmo comendo a garota Cullen enquanto alguns deles se admiravam de ela ter conseguido esconder “tudo aquilo” embaixo do que eles chamavam de “O disfarce de canhão”.

Pensou em um aspecto positivo de sua semana e se surpreendeu quando de fato pensou em . Ela era extraordinária! Engraçada por ser totalmente avoada, ao mesmo tempo em que podia ser adulta e muito meiga. Sua bondade era como uma aura que lhe envolvia.

Mas principalmente, ela era verdadeira. Original, sem edições do que dizia e sem um modelo pré fabricado para nada. Ele não conheceu garotas assim na escola antes. Ele tinha contato com esse tipo de mulher apenas dentre sua família e seu clã.

Então pegou-se pensando que ela daria uma ótima companheira e que de fato, ele ficaria muito contente se fosse ela a sua companheira quando a hora chegasse.

Não obstante, isso também o aborreceu, porque poderia muito bem, perde-la para sempre quando a transformação chegasse.

Talvez por isso não a tivesse cortejado ainda como desejava, ficando apenas na “amizade” e não insistindo em nenhuma forma de relacionamento físico.

Sua vontade crescia com ela como ele só tinha visto crescer com Leah, ainda em sua puberdade. Seu corpo clamava por ela de uma forma quase maluca. Havia algo muito errado em como era com ela e parecia malditamente certo que ele se sentisse física e psicologicamente domado. Mas nada podia fazer para não dar a garota esperanças que ele não poderia corresponder se suas vidas tomassem caminhos diferentes.

- Jacob você ficou me esperando? Não precisava! – a voz doce chegou até ele enquanto ainda se perdia em pensamentos.

Ela não estava apenas sendo educada. Olhava-o com uma repreensão dura e o cenho franzido. Duas coisas que não combinavam com seu rosto doce e olhos grandes e expressivos, cheios de carinho.

- Nós vamos embora juntos, esqueceu? Vou te esperar sempre . Nem adianta brigar mais por isso! – ele já ia desencostando da moto e oferecendo-lhe um capacete.

- Lembro da ultima vez que andei de moto. Tio Emmet tinha comprado uma lambreta e minha mãe não deixou que ele me levasse, mesmo assim ele me raptou. Fiquei com tanto medo! Eu devia ter uns sete anos... – e então ela parou sua tagarelice pouco comum e balançou a cabeça desacreditada. – Eu sou boba, você deve achar isso sempre!

- É aí que você se engana. – Jake respondeu sem conseguir manter seu plano de superficialidade funcionando. – Você não é nada boba, ou fútil, ou desinteressante. Você é a melhor !

E ele estava definitivamente perdido com essa garota.

- Você é o meu único amigo, acho que devo te contar as novidades... – ela disse insegura, colocando o capacete e subindo na moto.

- Você tem novidades? – ele soou animado.

-Sim, e são muito boas...

- Não diga nada agora. Vamos passar em uma sorveteria antes da sua casa e você pode me contar tudo. Eu quero detalhes! – ele a interrompeu e as bochechas dela se tingiram de vermelho vivo enquanto ele levou seus dedos aos lábios grossos da garota para proibi-la de recusar o convite.

Trocaram um sorriso cheio de significado e auto-contenção e então Jake acelerou, saindo a toda do pátio da escola.




Sorveteria Sweet Hidden, 18:00 hs


- Isso parece ótimo . Meus parabéns! – Jake sorriu brilhantemente para a garota a sua frente enquanto ambos tomavam gigantescos Sundays e lhe falava a respeito da proposta que a diretora Filtz lhe fizera apenas uma hora antes.

Mesmo que estivessem no inverno e a temperatura não colaborasse com o consumo do doce gelado, o calor que emanava dos dois, em seus olhos, seus gestos contidos e seus sorrisos grandiosos, seria capaz de manter aquecido até mesmo um bloco de gelo no próprio Pólo Norte.

- Como você consegue comer isso? Parece até uma pintura de um de meus alunos! – riu ao fitar novamente o sorvete de Jacob. Ele escolhera todos aqueles sabores super coloridos e artificiais que levam o mesmo sabor enjoativo de tutti-fruti.

- Não seja careta Senhorita “Chocolate e Baunilha, por favor!”. – Jake retrucou divertindo-se com a cara de desgosto que ainda fazia para sua taça multicolorida.

- Isso com certeza não está gostoso. Não tem como! – a garota desmereceu tomando uma grande colher de seu distinto sorvete de chocolate.

- Pois você vai experimentar e me dizer se não é até melhor que o seu. – ele estendeu sua colher cheia na direção dela.

Depois de fazer mais uma careta que soou um tanto apelativa e ouvir um autoritário: “Ande logo e prove !”, ela decidiu provar.

Manteve sua expressão vazia fazendo com que ele prestasse atenção a cada sutil mudança em sua face. Depois ela sorriu pra ele, um sorriso grande e inocente, balançando a cabeça afirmativamente. Jacob comemorou sua vitoria:

- Eu disse a você que era o melhor, aposto como quer o resto! – ele se fez empolgado.

riu ainda mais.

- Eu não gostei seu bobo. Isso foi à coisa mais nojenta que eu já pus na boca! – ela terminou gargalhando pela cara de espanto dele.

- Ah, então é assim? – Jake recuperou-se levantando e apertando confiante a própria taça de sorvete em uma das mãos. – Agora você vai tomar tudo. Ah se vai!

E dito isso saiu correndo atrás de que entendeu rapidamente onde tudo aquilo chegaria e deixou seu sorvete para traz na pressa de salvar seu paladar de mais um assalto.

- Por favor não!!! – ela corria e ria muito, tentando fazer com que uma coisa não atrapalhasse a outra e falhando miseravelmente.

Por fim, Jake a subjugou e ela caiu de joelhos fazendo-o vir de joelhos também, a sua frente.

- Por favor, eu imploro! Eu faço qualquer coisa pra não ter de comer isso de novo! Por favor, por favor, por favorzinho!!! – ela juntou as mãos em rendição e clamando por misericórdia.

Agora era Jake quem gargalhava sonoramente e ambos estavam alheios às poucas pessoas na sorveteria que pararam para ver aquela cena.

- Você vai me dar qualquer coisa? – ele estreitou seus olhos cheios de malicia.

- Qualquer coisa! – ela prometeu selando a jura com os indicadores sobre os lábios. – Eu posso lhe fazer um bolo, ou cookies... Talvez eu consiga uma receita de muffings com a minha avó. Os muffings dela são tão...

Mas o garoto parou o que ela ia dizer quando colocou a mão em seu rosto e a fez olhar diretamente para ele. não percebera até aquele momento o quanto estavam próximos.

A respiração quente de Jacob bateu contra suas frias bochechas e então ele falou, quase como um sussurro:

- Creio que só há uma coisa que possa me fazer agora!

E da forma mais espontânea, Cullen fechou os seus olhos aceitando, sabidamente o que viria a seguir.



Enquanto isso no sitio dos Cullen...


- Bella, Bella... – Alice Whitlock entrava pela porta da cozinha, berrando sua cunhada a plenos pulmões.

A pequena mulher parecia assustada e seus olhos sempre negros estavam bem mais claros, delatando o choro recente.

- O que aconteceu Alice? – Bella aparece no portal e ao ver o estado em que a cunhada se encontra, a abraça.

- Eu tive uma visão Bella! Uma visão com a ... Ela estava sendo atacada por um animal enorme e então mais animais apareceram... Pareciam lobos, eu não sei bem. Foi tão real! – Alice se balançou na cadeira que lhe fora oferecida. – Eu vi tanto sofrimento e tanto sangue.

Chocada Bella tampa a boca e arregala os olhos.

Aprendera desde muito cedo a confiar em tudo o que a cunhada predissesse, mas desejava que dessa vez o futuro pudesse contradizer Alice em sua totalidade.

Sentia um frio lhe subir à espinha só em pensar que sua pequena , sua filha única e adorada corria qualquer tipo de perigo.




Trecho compilado do diário de Cullen, em 01 de Dezembro de 2007:


Talvez eu devesse dizer: “Este foi o melhor dia de minha vida!” e ele realmente foi até que eu chegasse em casa e encontrasse minha tia Alice e minha mãe cheias de dedos comigo, me tratando como se eu estivesse muito doente ou fosse de porcelana, pronta a me quebrar ali mesmo na sala. Todo esse clima de velório quebrou um pouco a empolgação que eu carregava em mim, mas obviamente não a afastou de maneira alguma.

Eu nem podia acredita, realmente acreditar, que eu acabara de ser beijada por Jacob Black, não uma, mas varias vezes antes que ele me deixasse em casa e prometesse me buscar na segunda feira para irmos à escola juntos.

Pequenos flashbacks não paravam de rodar minha mente enquanto eu via mais uma vez ele entrelaçar as mãos em minha nuca e me puxar pra si, primeiro doce e suave e então quando abriu meus lábios com os seus... O toque de sua língua na minha despertando sensações irrefreáveis em todo o meu corpo, fazendo com que eu quisesse mais enquanto ele me apertava e nós nos tornávamos sôfregos.

Como mil fagulhas elétricas pinicando cada centímetro em minha pele que ansiava por mais de seus carinhos.

E então quando nos separamos e eu pensava que não poderia ter mais vergonha em toda minha vida ao mesmo tempo em que uma coragem nascia em mim para que eu estivesse pronta a atacá-lo novamente por mais.

Mas eu não precisei pular em Jake para que ele me desse um outro beijo.

Assim que pagamos a conta ele estacionou do outro lado da pracinha e escorado em sua moto, pegou-me pela cintura. Não me lembro de me sentir tão feliz daquele jeito. Talvez quando ganhei minha casa de bonecas em modelo realista quando tinha 7 anos. Todos os meus tios e o meu pai trabalharam nela por meses, era incrível...

Mas eu sabia que ter os lábios de Jake pra mim era um tanto melhor. Nós parecíamos combinar exatamente e minha falta de experiência nem chegou a me embaraçar. Era como uma nova ordem. Como se as coisas ao redor de mim finalmente se ajustassem e o mundo fizesse sentido.

Eu devia ser só mais uma boba apaixonada, mas... Eu poderia jurar que nós estávamos destinados àquilo.

26 comentários:

  1. AHHHHHH TUDO DE BOM ESSA FIC.QUE FOFO O JAKE ME DEFENDEU *-*
    LOKINHA PRA LER MAIS
    BJX ;*
    PEACE
    UM ÓTIMO ANO NOVO PRA VC

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  2. Ahhhhhhhhhhhhhhhh! Não acredito que sou Nerd Uhauhauahauh. Mas vaou adorar term Jake sempre me defendendo ..Adoreiiiiii..bjus!

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  3. Muito bom!!!!
    Adorei, Jake sempre tão fofo ^^
    Continua querida
    Bjs*)

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  4. Aaahhh, ameeei! Já aficcionei nessafic! Quero maaaiiis!!!
    Parabéns!
    BlacKisses

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  5. Amei o JAKKKE me beijou quero bis, replay qualquer coisa q fassa ele me beijar novamente surtei. Bem feito Stacy Wheir tomara q o Jake me reconheça .posta logo por favor

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  6. Posso pedir Bis?
    Por que beijar Jacob Black é a melhor coisa do universo colega hsuahsua
    Então posta mais ok
    Amo essa fic
    Bjx ;*
    Peace

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  7. Morri *polf* Beijeiiiiiiiiiiii Jake \o/\o/\o/\o/\o/ To surtando muito.Bendita barraca do beijo adoreii!

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  8. OMGGG! Eu beijei o Jake! Safadinho, ele, hein! Pena que ele não me reconheceu! mimimimi!
    Ansiosa por mais caps.
    BlacKisses Baby

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  9. Stacy vaca!!! Odeio essa loira desenxabida!
    Essa cena me fez lembrar mto o filme "A Walk to Remember" - Um amor para recordar! Adoreeei!
    BlacKisses

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  10. Mew posso mata essa tal de Stacy?
    Sério seria um bem a humanidade mew que isso.
    Mais cara a fic ta de mais mesmo
    Posta mais flor
    Kisses&Peace

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  11. Odiooooooooooooooooooooooooooooooo da Stacy vulgo piriguete, que garota sem noção =/ Pelo menos o Jake foi muito fofo, super cavalheiro adorooooooooooo...Serio eu devia ter aceitado a ajuda dele. uahauhauhauahuah...Essa fic ta cada vez melhor. Bjus!

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  12. Own,eu amo a claire de verdade.Em BD eu amo o jeitinho dela hihi.
    Então foi legal da parte do Quil néah,não me chamar de monstro e sei lá.E torço pro jake termina com a piriguete.
    Posta mais
    Kisses

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  13. Nooosaaaa! Que liiindo! Foi perfeeito!
    As coisas estão começando a ter seu rumo!
    Será que Quil vai contar o bando sobre os poderes?
    E adorei a nova "versão" para Leah. Segunda mulher que se diverte à grande!
    Ameeei!
    Muito melhor do que a tia Steph fez!

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  14. Menina que capitulo perfeito...A vingança de Leah foi a melhorrrrrrrrr....E o Jake hein não perde tempo. Amei!.

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  15. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Surtando muito aqui, Jake me pediu um beijo, mas como assim eu não o beijei? RUM, esse capitulo não pode acabar assim. *cry& T.T adoreiiiiiii!

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  16. OMG!!!! Que liiindooo! Ficou tão perfeito!
    O Jake tá caidinho por mim, lalalalala!
    aushashauhs

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  17. Wooww,
    Jake ficou caidinho por mim rum hsuahsuahs.
    E Eu ia deixar ele me beijar,e deixaria todas as vezes hihi.
    Amo a fic posta mais tá
    Kisses

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  18. Flor

    essa fic é maravilhosamente perfeita! Muito fofa! queria te pedir para mandar mais capitulos, pq os que eu tenho estão acabando! Bjs

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  19. FINALMEEENTEEE!
    Satcy levou pé na bunda!
    Ameeei!!!
    Agora é a minha ERA!!!! Bey Bey Stacy! Hellow Jake!

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  20. PEGA ESSA V***
    Era Stacy acabou agora é minha Era honey haha.
    Ameiiii esse cap amei de mais.
    Stacy se fu de mais hehe.
    Posta mais tá diva
    Kisses

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  21. Divaa ameiii de mais esse cap que isso.
    Tantos beijos,e apertos nussa.Ate senti aki meu deus do céu hihi.
    Ameii o cap amei mesmo
    Posta mais tá
    Kisses

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  22. Ain que liiindooo!
    A gente se beijooouuuu!!!
    Mas que visão foi aquela?? OMG! Isso não pode ser possivel!!!
    Os lobos não podem me atacar! Acho q vou ter um treco!
    kkkk
    Kisses

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  23. Simplesmente AMEI sua fic. No começo eu nao tava levando mto fé nao, pq a sinopse deixou bastante a desejar... Ainda bem q eu sou cabeça dura e não deixei de ler *-*
    To doida para o Jake se transformar e imprintar em mim *-*
    posta logo pelo amor de deus

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  24. Ain que perfeito!
    Jake vira logo lobo e vem me imprintar! :)

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  25. Essa fic ñ tem continuação ñ? ?? Como uma fic tão perfeita assim ñ tem continuação????? Continua poor favorrrr... :)

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