10 de fevereiro de 2011

Love is Murder

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Love is Murder











Prólogo

Comecei a ter a sensação de que o ar estava ficando rarefeito. A sala mal iluminada e abafada começava a parecer menor. Sufocado. Eu sei que eles estão me observando pelo vidro, analisando cada traço, enquanto o homem de aparência cansada, gravata ridícula e terno desgastado pronuncia.

- Não é hora para jogos rapaz! – diz ele visivelmente alterado com meu descaso.

- Acho que o jogo acaba aqui então.

- Só acaba quando eu souber o que aconteceu aquela noite.

- Já contei a verdade!

- Ainda não contou como matou sua namorada, canalha! - disse como quem cospe as palavras.

Agora eles haviam me tirado do sério.

Capítulo 1


“Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela.” Paulo Coelho

Ás vezes acordo me sentindo cansada, especialmente após aquela madrugada o céu parecia estar desabando. Odeio tempestades, costumam parecer não ter fim. Crio coragem, enfim, levanto da cama. Calça Jeans. Rabo de cavalo. All star. Blusa Amarela. Desço as escadas correndo, jogo beijos pra alguns espelhos da casa e noto alguns hospedes sorrindo.

- Bom dia. – disse meio zumbi entrando na cozinha.

- Finalmente! Achei que você estivesse em estado de coma. – disse Charlie com seu bom humor matinal.

- Oi amor, come rápido! Charlie leva você e Rosalie para a escola. – disse mamãe sorrindo enchendo pratos de panquecas.

- Eu vou começar a cobrar pelos serviços extras de motorista! Vocês deviam ir alguns Km andando pra saber desde cedo que a vida é difícil. – disse Charlie sorrindo e bebendo café logo em seguida.

- Você ainda vai comer? Eu já estou praticamente pronta, só falta arrumar o cabelo, você vai atrasar a gente. – disse Rosalie surgindo do nada na cozinha.

- Nesse caso, vou comer tranquila, vai demorar muito até seu cabelo ficar bom. – disse eu entre mordidas.

- ... - disse mamãe em tom reprovativo saindo da cozinha para servir o pessoal.

Charlie sorri. Rosalie fingindo estar ofendida saiu da cozinha pisando forte. Eu não menti o cabelo dela realmente lembra o do palhaço Bozo de manhã.

No caminho para a escola Rosalie encarava o espelho, ela tagarelava coisas irrelevantes, Charlie não estava ouvindo, prestava atenção na estrada e na música dos Strokes que ecoava pelo carro, ainda assim fingia interesse, balançava a cabeça em afirmação e murmurava “Uhum” vez ou outra. Boa atuação.

Faziam três anos que havíamos nos mudado para Forks. Para quem não sabe, é uma cidade pequena, população insignificante, colocada no mapa apenas pelas manchetes de alguns crimes violentos, acho que o clima de cidade tranquila acaba pirando as pessoas, uma hora ou outra.

Tínhamos uma casa grande na beira da estrada e minha mãe resolveu alugar alguns quartos para quem estava por ali de passagem, de certo modo é bom, a casa vive cheia. Minha mãe e Charlie se conheceram fazem uns dois anos, ela é viúva, ele é divorciado. As coisas podiam ser perfeitas, se não fosse a filha do primeiro casamento de Charlie, Rosalie.

Charlie é o xerife de Forks, faz o tipo pai protetor, as mulheres o consideram um cara bonitão, olhos castanhos, cabelos castanhos. Eu não consigo enxergá-lo dessa forma, talvez porque ás vezes eu o veja de boxers. É traumatizante. De qualquer modo é um bom padrasto, me dá uma boa mesada pra que eu espalhe isso por aí.

Rosalie é mais velha um ano, é linda como a mãe dela, cabelos compridos, ondulados e loiros, ela tem os olhos são de um tom violeta-azul, é a típica líder de torcida hostil, namora um dos caras populares da escola, Royce King,os dois formam o casal perfeito.Igualmente arrogantes.

Minha mãe, Renée, é um desses raros encontros que nos fazem sentir privilegiados, tem um sorriso ortodôntico e cabelos iguais aos meus, ela é totalmente transparente, tem aquele jeito meio hippie de se vestir. Despojada.

Me assustei com Rose estalando os dedos compulsivamente, eu odeio quando ela faz isso,acho que ela pensa que sou um bichinho,sei lá.

- Acorda garota! Chegamos!

Eu realmente não havia percebido estávamos estacionados em frente a escola havia certo tempo, nos despedimos de Charlie e entramos correndo na escola, íamos ter problemas se chegássemos atrasadas, de novo.

Todos já estavam sentados quando entrei, Alice sorrindo na primeira carteira usava uma blusa de gola vermelha e uma correntinha prata com um “A” no pescoço. Alice era um pouco mais baixa que eu, tinha cabelos curtos,super repicados, escuros, contrastavam com a pele clara, éramos amigas desde o meu primeiro dia de aula.

Jacob estava sentado no fundo da sala, guardava meu lugar ao lado, ele é o tipo de amigo por quem um dia você se apaixona, tinha um sorriso sincero, parece um modelo,cabelo longos escuros, olhos castanhos, usava uma blusa azul marinho e all star.

- Oi linda. – disse ele sorrindo- Adivinha quem é o gostosão que vai levar Rebecca Willis pro cinema sábado...

- O Jasper vai levar Rebecca pro cinema?- Eu sabia que Jake falava dele, mas gosto de provocar.

-Você sabe que sou eu. – disse fingindo estar chateado.

-Bom dia turma!- disse o Sr. Rust entrando na sala,era alto,careca e tinha pele oleosa,algo nele me lembra ovos,vagamente. Distribuía um milhão de apostilas, conversas paralelas continuam, mas ele pede silêncio e inicia a matéria.

Senti uma bolinha de papel me atingir, um bilhetinho de Jake.

“Você tá com cara de quem não dormiu! Andou aprontando essa madrugada espertinha? Quer ir ao Delli’s hoje?

P.s: O professor está dando a aula em que língua?”

“Obrigada... Você sabe como fazer uma garota se sentir bonita! A insônia é que andou aprontando comigo. Não posso vou ajudar minha mãe hoje.

P.s: Acho que ele está falando élfico, sei lá...”

Um bilhetinho novo chegou até nós dois num papelzinho rosa bebê, é claro que é de Alice.

“Tô me sentindo muito excluída aqui na frente... Qual é o assunto?”

Ao que Jake responde:

“Estamos falando de sexo... Quem mandou sentar aí na frente!”

Infelizmente quem recebeu o tal bilhetinho foi o Sr. Rust que mandou eu,Jake,e Alice falarmos sobre isso com o diretor. Não acho que o diretor realmente queira falar sobre isso.

Capítulo 2


“Nós eramos jovens quando te vi pela primeira vez, eu fecho os olhos e começo a lembrar.” Taylor Swift

Depois da constrangedora conversa sobre hormônios, educação sexual e a juventude terrível de hoje, o diretor nos liberou, e pasmem, disse que sempre que precisarmos conversar sobre esse assunto tão “delicado” devíamos conversar com ele. Okay, totalmente normal falar de sexo com o diretor da sua escola.

Depois da escola como prometido fiquei ajudando mamãe, atendi um telefonema de Alice, quando voltei, mamãe conversava animadamente com uma senhora que estava fazendo um tour pelos Estados Unidos, acabara de vir do Texas, ou algo assim. A questão é que todos estavam distraídos demais para perceber o Volvo prata que se aproximava da casa, todos menos eu.

A primeira intuição que tive é que ele era surreal, alguns feixes de luz incidiam sobre seus cabelos cor de bronze, meio desgrenhados, usava uma blusa branca, jeans surrados e Ray ban, ao tirar os óculos percebi os olhos de um verde tão intenso que se aproximavam do balcão me encarando,tinha um sorriso irônico nos lábios, na verdade tudo nele era uma grande ironia, e sua ironia era a perfeição. Qual a probabilidade de Jake Gyllenhaal ter um primo?Qual a probabilidade dele estar aqui e agora?

- Oi, boa tarde. Eu gostaria de me hospedar aqui por uma temporada.- disse
- Bo-boa tarde...- Eu realmente me odeio por guaguejar em momentos crucias.

- Certo...- Ele sorriu amarelo.- Então você não deve preencher alguma ficha?

Eu realmente deveria preencher,mas eu só consegui ficar inerte, enquanto tentava mandar comandos ao meu cérebro e tudo parecia falhar, já era um milagre eu não estar babando, se é que eu não estava.

- Oi, sou Renée, desculpe não o vi chegar.- disse minha mãe estendendo a mão e o cumprimentando.

- Oi, como eu ia dizendo, gostaria de me hospedar aqui.

- Claro, sente-se ali ! Preciso de seu nome e alguns dados e...

Eu realmente sou grata a minha mãe por ter me dado a vida, me sustentar, e principalmente...Por ter me tirado desse momento embaraçoso.

- Sou Rosalie Hale, prazer !- A voz de Rose me arrancou do transe.

- Edward Cullen, o prazer é todo meu.- O aperto de mãos deles fez meu corpo antes inerte, agora querer dar um soco em Rose involuntariamente. É só um instinto.

-Precisa de ajuda com as malas Edward?- perguntou mamãe.

- Não, é só uma mala e um violão.

- Ah, pode deixar eu ajudo com o violão. – disse Rose, a oferecida.

Rose é tão cara de pau,não lava nem a louça, e está agora ajudando ele subindo com o violão,posso escutar daqui as risadas dela falando sobre como ele vai amar isso aqui...Onde o Charlie guarda a arma? Quer saber,vou dormir um pouco,amanhã me preocupo em como mudar a imagem de retardada que eu deixei em Edward. Subi as escadas rumo a meu quarto, dei uma olhada lá fora, a tarde passou tão rápido e a lua estava estonteante. Adormeci, e confesso que estava pensando no novo hospede antes disso.

Na manhã seguinte,foi inevitável não acordar ansiosa, gastei um pouco mais de tempo me arrumando, e discretamente, procurei ele enquanto descia para ir tomar café, Charlie e mamãe estavam na cozinha como de costume.

- Bom dia.

- Oi querida,-disse mamãe me olhando de cima a baixo – você está linda hoje!

- Você sempre é bonita ,mas hoje tem algo especial.- disse Charlie pela primeira vez levantando os olhos do jornal.-Tem alguma paquerinha na escola? Algum pão?

- Quem usa essas expressões?De onde você veio?Dos tempos da brilhantina?!- eu disse rindo Charlie sempre fala essas coisas quando tenta parecer jovem e descolado.Acredite.Fail.

- Bom dia, algum de vocês viu o Edward?- Rose também estava procurando por ele,não tão discreta.

- Quem é Edward?- Charlie perguntou desconfiado.

- O novo hospede,quero saber se ele precisa de alguma coisa, se dormiu bem...- disse a garota mais cara de pau que conheço.

- Eu é que não vou dormir bem de agora em diante.- disse Charlie,honestamente concordo com ele, acho que terei pesadelos com Rose e Edward essa noite.

- Ele ainda não apareceu querida,-disse mamãe. – deve estar dormindo, ainda é cedo.
Depois do café subimos pra escovar os dentes, Charlie iria nos levar pra escola ainda que sob protestos. Rose, como sempre, se trancou no banheiro, no início bati insistentemente, depois desisti, isso nunca funciona com ela mesmo.

Resolvi usar um dos outros banheiros da casa, notei a porta entreaberta,havia alguém lá dentro,era ele,e estava sem camisa,minha convivência nessa casa está se tornando emocionante,ele tinha o corpo perfeitamente desenhado, parecia ter acabado de escovar os dentes,encarava o espelho,tinha um ar engraçado,deu aquele mesmo sorriso irônico de ontem a tarde, foi quando percebi, ele sabia que eu estava ali,enrubesci instantaneamente.

- Aposto que você só vê caras bonitões sem camisa nas suas revistas teen!- ele disse sorrindo,parecia se divertir com aquela situação.

- Érr...é eu não estava olhando,só quero usar o banheiro.- disse meio chateada,não gosto do efeito que ele tem sobre mim.

-Olha... Então você não é gaga?! Fui eu que te deixei daquele jeito ontem?!

-Dá licença,quero usar o banheiro, estou atrasada ! – Falei chateada por ele estar certo.

- Pode usar.-disse abrindo ainda mais a porta fazendo menção de sair. – Eu já estou terminando por aqui.

Me aproximei um pouco mais, o que me surpreendeu foi ele segurar minha mão e me puxar para extremamente perto.

- O-o que você está fazendo? – Meu coração ia explodir a qualquer segundo.

- Calma,só vou te dar um beijo de bom dia..-disse ainda sorrindo me encarava, perigosamente perto.

Eu podia sentir o hálito de hortelã dele,extremamente quente,seu rosto era ainda mais incrível agora que eu o via a poucos centímetros do meu.Acho que esse é o ponto da história em que as coisas começam a ficar interessantes.


Capítulo 3


“Eu ainda fico indiferente, não sou o tipo de garota que você levaria pra casa.” Sheryl Crow

- Droga! Como assim? Quer dizer que ele não fez nada? Será que ele é gay? - Alice dizia (lê-se gritava), parecia tão confusa quanto eu.

- Não sei... Honestamente não entendi. – eu disse refletindo sobre a possibilidade do gay,ele tem um cabelo perfeito,e se veste tão bem... Mas tenho quase certeza de que não.

O pequeno “encontro” com Edward no banheiro foi o assunto do dia, Alice ficou indignada por ainda não conhecer o novo hospede, e ainda mais depois que descrevi os fatos ocorridos naquela manhã.

Os lábios de Edward estavam tão perto que quase podia senti-los, ele mantinha o sorriso, deslizou a mão pela minha cintura, tão autoconfiante. Eu fechei os olhos instintivamente, foi questão de segundos, ele se afastou. Abri os olhos meio atordoada, bem a tempo de vê-lo saindo, tinha um ar engraçado, aquele garoto estava querendo me provocar. E ele sabia como fazê-lo.

- Terminei, pode usar agora!- disse ele me deixando cheia de interrogações na entrada do banheiro, saiu cantarolando alguma canção idiota, finalmente entrou no quarto.

- Descreve pra mim... Como ele é sem camisa?- Alice às vezes é tão direta e curiosa.
- Não sei Alice, não prestei tanta atenção. – menti, eu havia reparado, e muito, só não queria que ninguém percebesse isso.

- A gente só vê esses caras em revistas teen... Você vê um ao vivo, no seu banheiro, e não aproveita?!Você é retardada?- ela dizia como se tudo fosse tão absurdo. - Eu vou te visitar mais vezes, vou levar minha câmera junto, tenha certeza!- ela disse me fazendo rir do comentário, amo a Alice.

- Meninas... Concentração!- O Sr. Kensey, o professor de teatro, pediu.
Eu e Alice fazemos parte do clube de teatro, Alice está trabalhando na decoração, assim como eu também estava, antes de decidir fazer testes para o papel principal da peça, a qual estamos ensaiando,confesso, no início era apenas atividade extra curricular. Mas ultimamente tem se tornado uma paixão, faz alguns meses que estamos ensaiando a peça “Beauty and the Beast.”, eu realmente me encontrei no palco.

- Muito bom ! Vamos fazer mais uma vez essa última cena, Lauren preciso que você direcione a iluminação neste ponto, Rob você fala... - O Sr. Kensey dava as instruções.
O ensaio terminou um pouco mais cedo graças a alguns compromissos do Sr. Kensey. Eu e Alice decidimos assistir ao treino dos meninos, não tivemos aula em comum com Jake hoje, seria uma boa oportunidade de vê-lo e contar as novidades.
- Eu disse... Ele ficou me encarando o tempo todo!- dizia Rose para Lucy, Sarah e para quem mais quisesse ouvir, ela costuma falar alto quando está contando vantagens.
- Nossa Rose, você tem tanta sorte amiga!- disse Lucy falsa, fingia empolgação assim como as outras líderes de torcida.
- Ele é muito lindo... Eu estou pensando em pedir a ele que me ensine a tocar violão- disse Rose que, a propósito, não toca nem a própria vida.
- Cala boca Rose ! Você está falando desse cara desde que chegou. - Royce parecia irritado.
- Ai amor, você tá com ciúmes?- Rose diz se aproximando, lhe dá um beijo e o clima tenso some.
Na verdade, sempre foi assim, Rose trai Royce com metade da escola, e só não com a toda porque a outra metade é composta por garotas, que normalmente a odeiam. Todos sabem, ela não vale nada, ainda assim ela tem Royce na palma das mãos.
- Minha torcida particular chegou! – disse Jake nos agarrando por trás. –Vocês adoram minha companhia.

- Temos um monte de coisas pra te contar. - disse Alice entusiasmada.

- Se for sobre o cara na casa da , não precisa... Rose fez questão de espalhar pra todo mundo, falou disso a manhã inteira. -ele disse entediado. - Eu já sei que ele é “Lindo. Perfeito. Gostoso...”- fazia uma careta engraçada enquanto imitava Rose e, falava tudo com aspas exageradamente, e fazendo uma voz como a de Rose, só que menos irritante.

Todos saímos rindo de algumas piadas que Jake estava contando, chamamos Jasper,Tommy,Eric,James e alguns outros jogadores e fomos ao Delli’s almoçar.Não quero saber se Rose já contou tudo,Jake vai ter que ouvir tudo de novo, na minha versão.

Capítulo 4

“Alguém tirou a sua fé?
É real a dor que se sente
A vida, o amor, você morre para se curar.” Foo Fighters

Edward PDV

Acho que as coisas estão acontecendo de modo insano, quase excedi meus limites essa manhã. Ainda tenho o rosto dela gravado em minha mente, preciso de autocontrole, não é a hora certa para pensar em alguém, não posso me dar ao luxo de ter uma pessoa, não agora que não pertenço a lugar algum. Não vejo a minha vida de modo mutável.

Alguns dias atrás decidi não viver mais naquele inferno, sai de casa com vontade de ganhar o mundo, eu prometi que voltaria por ela, para buscá-la. Ela não me liga fazem dois dias, estou preocupado o lugar dela é comigo e não com aquele desgraçado.

Forks é o melhor lugar para se estar agora, a escolha foi mesmo opcional, tenho a certeza de que cidades pequenas são um bom ponto de partida. Lembro de ontem, da primeira vez que a vi, blusa amarela, cabelos compridos e enrolados até a cintura, castanhos. Tudo nela é atraente,e acho que nem ela sabe o quanto, encarava-me do balcão, tirei os óculos, queria enxergá-la por inteiro, sem transfigurações.

Não costumo ficar nervoso à toa, nesses momentos esboço um sorriso irônico, as pessoas acreditam que isso é um modo de se mascarar, eu acredito que pondo máscaras me torno uma pessoa melhor. Às vezes. Um diálogo. Ela gagueja. Eu relaxo, ainda tenho controle.

A música do Aerosmith preenche o carro. E eu lembro por algum motivo da irmã, totalmente diferente, Rosalie, eu a defino como “pegável”, a verdade é que Rose é muito gostosa, e extremamente fácil, eu encontro garotas como ela aos montes, garotas fáceis são comuns e não excitam minha imaginação,odeio previsibilidade,mas não acho isso um bom motivo para deixar de aproveitar oportunidades.Às vezes.

Minha fraqueza está em desafios, é um desafio. É esse o nome dela, foi a única coisa realmente útil que Rose disse ontem.

- Você vai amar isso aqui, vou te mostrar os melhores lugares e te apresentar todas as pessoas legais... -Rose dizia animada, vez ou outra se aproximando,segurava meu braço enquanto olhávamos pela janela, ela realmente queria manter o contato físico.

- Qual o nome da garota lá embaixo? No balcão... - perguntei

- Ah... Deve ser a , mas se você precisar de alguma coisa deve chamar a mim, a tem problemas psicológicos,toma remédio controlado, não vou deixar ela te incomodar. – Rose disse num tom meio apreensivo, acho que quando o assunto é ela fica na defensiva.

-Sei... -disse- Certo então, obrigado! Acho que vou dormir um pouco.

- Amanhã me chama quando levantar. - disse se aproximando e me dando um beijo, bem na trave, em outra ocasião me aproveitaria disso, mas honestamente eu estava esgotado.

-Até amanhã. - disse simplesmente, meio incrédulo, uma mulher bonita,estava no meu quarto, dando mole. Droga! Precisava dormir mesmo!

Estaciono em um restaurante qualquer, Delli’s,o cartaz chamou minha atenção “PRECISA-SE DE GARÇOM.”.Não é exatamente o emprego dos sonhos,mas é o que eu tenho agora.

Me deparei com ela entrando,rodeada de amigos,surpreendentemente linda, como nesta manhã, tão espontânea e natural, num impulso,caminho até lá.Adoro coincidências.Ela está lá me olhando assustada.Todos estão me encarando.A amiga dela a cutuca compulsivamente.Pretendo ir lá para conversar.Eu estou sorrindo por lembrar que ela me deve um beijo que estou disposto a cobrar, não agora, talvez esta noite.

Capítulo 5

“Cada minuto que passa é uma nova chance para mudar tudo para sempre.” Vanilla Sky

-Oi. - disse me aproximando do grupo de amigos agora sentados, fixei o olhar nela, queria que não só ela, mas todos percebessem.

- O que você tá fazendo aqui?Tá me seguindo agora?-Ela disse parecendo alterada.

-Você que está me seguindo! Não aguentou de saudades, veio até meu local de trabalho pra me ver. - eu disse num tom sínico, confesso, meu tom era proposital.

- Você trabalha aqui?- perguntou a amiga, que a propósito, parecia ser a mais feliz em me ver ali.

- Claro, vim inclusive anotar os pedidos...

- Eu gostaria de uma porção de humildade, mas acho que você não tem aí!

- É realmente estamos em falta... Mas eu recomendo para você essas opções light aqui no cardápio.

- Olha idiota, eu não sou obrigada a escutar isso. - disse ela se levantando, não pensei muito, só segurei o braço dela, não queria que ela fosse.

- Desculpe... – eu disse ainda incrédulo por estar me desculpando com ela por alguma coisa. - Não acho que esse é o modo certo de começar as coisas, eu quero uma segunda chance!

- O quê?- Ela parecia duvidar do que eu dizia, na verdade, até eu estava duvidando.

- Oi, sou Edward Cullen, e não sou o idiota arrogante que você pensa!

- Oi, sou , e não sou a retardada hostil que você pensa!

- Oi, sou Jacob Black, eu só quero que alguém anote os pedidos, estou com fome, e sou exatamente o que vocês pensam! – disse o garoto ao lado dela me lembrando terceiras pessoas ali.

- Certo... O que vocês vão querer?

Depois de anotar e entregar os pedidos, eu continuava a atender as pessoas no Delli’s, eu a olhava às vezes, era engraçado quando a surpreendia me encarando também, ela ficava corada e disfarçava, diferente da amiga que até batia fotos minhas no celular. Vez ou outra elas sorriam. tem um sorriso lindo.

Todos se levantaram e seguiram até a porta, Jacob estava distraído falando com os meninos, a amiga deu à o dinheiro, e cochichou alguma coisa, sorrindo ela apontava pra mim, algumas pessoas não sabem ser discretas.

-Aqui o dinheiro. Bom atendimento!- ela disse sorrindo amarelo, olhava para as mãos. –Então, é isso... Até em casa.

- ...

- O que foi?

- Você acredita em amor à primeira vista?

- Honestamente, não.

- Eu também não, então acho bom termos a chance de nos conhecer de novo!

- Não desperdice a segunda chance!

- Pode deixar. – Eu a vi se afastando e entrando no carro com os amigos, eu consegui escutar os gritos histéricos da amiga vindos lá de fora, sorri involuntariamente.

Meu dia de trabalho no Delli’s foi muito cansativo, estou pensando em processar esse lugar. Isso é trabalho escravo! Fui obrigado a lavar louça até perder minhas digitais, desentupir sanitários o dia inteiro, e não tem essas frescuras de Glade toque de frescor, banheiro limpinho, luvas... O banheiro do Delli’s é a visão do inferno.

No geral até que é uma lanchonete legal, tem decoração estilo anos 60, temos uma jukebox, poltronas couro vermelho, e um chão xadrez, que agora parece um espelho, tudo graças ao cara que terá problemas de coluna por causa disso!

Meu supervisor, Emmett McCarty, que a princípio pensei ser um poste disfarçado de gente, é um cara muito legal. É mais alto que eu, tem cabelos curtos e escuros. Me ensinou a conseguir boas gorjetas.

- Cara, se alguma mulher bater na sua bunda, você deixa, sorria, elas são as que dão as melhores gorjetas! O papai aqui sabe bem disso...

Realmente, as mulheres que deram em cima de mim deram as melhores gorjetas, cada tapinha é uma grana extra que entra, eu já perdi minha dignidade mesmo. O mais estranho é uma foto de Emmett sem camisa, cheio de óleo, e com o dedinho na boca no quadro do funcionário do mês, o que mais refletir sobre qual seria o critério de avaliação na hora de contratar um funcionário por aqui.

Além de Emmett, tem um outro cara que chamamos de Lulu, ele é extremamente branco, tem uma tatuagem escrito “MATADOR” no braço, ele deve ter 1.87 de altura, era lutador de vale tudo, e segundo Emmett parou a carreira porque foi preso por matar alguém que cuspiu nele, ele é calado, no horário de almoço, comeu sozinho no almoxarifado, a gente achou estranho, mas ninguém ousaria abrir a porta e ver o que ele faz lá dentro.

No fim do dia Emmett disse que eu tive um bom desempenho nesse meu primeiro dia de teste. Teste?! Ele disse que se eu continuasse assim seria o funcionário do mês, poderia ter uma foto minha, só de cueca, se eu quisesse. Mas o que me chocou mesmo foi ele ter dito que era pra chegar cedo amanhã “Agora é que começa o trabalho duro!”. Eu quase tive um AVC ao escutar isso.


Capítulo 6

“Só uma pequena mudança, pequena, para não dizer nada, os dois um pouco assustados, nenhum dos dois preparados, a bela e a fera.” Beauty and the Beast



PDV



Chegamos em casa ao anoitecer, graças a um atalho que Jake pegou. No geral, eu estaria furiosa com esse tipo de situação, mas hoje não me importo com nada, estou tão feliz ao ponto de não ligar se quase chegarmos em Seattle.

Escutava uma música que preenchia todos os espaços da casa, Rose havia pedido que todos assistissem a nova coreografia das líderes de torcida, dançava animada, enquanto Charlie reclamava do tamanho do uniforme. Depois de cinco minutos daquela dançinha provocante resolvi subir para o quarto, não estava a fim de ver aquela coreografia que mais parecia uma dança de acasalamento.

Meu quarto é como meu mundo, tem fotos e pôsteres por toda parte, uns cactos pequenos próximo ao computador, e cortinas azul marinho contrastando com as paredes brancas, pequenas estrelas colocadas no teto por mim e Renée.

Comecei a ensaiar para a peça que será daqui a algumas semanas, na realidade, ainda não sei se me acostumei com a idéia de me apresentar na frente do colégio inteiro. Eu estava concentrada, quase morri ao notar que mesmo antes da estréia eu já tinha uma platéia, minha platéia me observa sorrindo, com olhos fixos, encostada na porta.

- Você está ensaiando pra alguma peça?- ele perguntou o óbvio.

- Sim,- falei meio constrangida.- “ A bela e a fera”.

-Graças a Deus! Achei que estivesse falando sozinha, você parece meio louca às vezes.

- Você fica se oferecendo pra qualquer um no banheiro, e depois eu é que sou louca ?!
- Eu oferecido? Você fica me dando mole, achei que quisesse um beijo de bom dia.- disse rindo extremamente irônico.- Falando em beijo, se você quiser eu ensaio a cena do beijo com você.

- Ôôh...Você adivinhou meu maior desejo!. – eu também sei ser sarcástica.

-Não me subestime tudo seria muito técnico na verdade, sou um profissional.

- Você é tão ético! Não duvido da sua capacidade de atuação.

- Vamos lá, finja que sou a besta...

-Não precisa fingir!

-Falo sério, me beije e me transforme em um príncipe.

-É preciso de muito mais que um beijo pra te transformar!

-Hum...Pensando bem, você tem razão.-disse pensativo.- Eu preciso de uma garota como você, um beijo e uma coisinhas mais.

- Que coisas?

-Eu vou te mostrar...

Em fração de segundos, ele segurou minha nuca, seus lábios contra os meus, me davam uma sensação de algo novo, depositou sua outra mão em minha cintura, e não foi difícil ceder, e permitir que ele invadisse minha boca com um beijo calmo e profundo, eu continuava achando tudo aquilo meio insano, sentir o hálito quente, o gosto dele exatamente do modo como eu queria, por um momento senti a respiração falha, e borboletas anunciando guerra em minha barriga, minhas pernas ficaram bambas, e pressionou o corpo contra o meu, parecia que queria nos fundir.

Tudo nele era atraente, seu cheiro, seu timbre, sua intensidade. Senti ele sorrir, parecia gostar do modo como me deixavaa, nossas línguas em harmonia, parecia que cada movimento espontâneo fora cronometrado. Agora sua boca deixava rastros pelo meu pescoço, me dando arrepios. Sugou levemente o lóbulo de minha orelha, e sussurrando ele diz:

- Então, você acha que pode me transformar ?
Não conseguia elaborar uma resposta, nem ao menos assimilar o que estava acontecendo, o quarto parecia mais quente, e meu coração parecia querer explodir.

De repente escutamos um som estridente. Era o celular dele. Sua expressão era um misto de surpresa e alívio.

- Volto daqui a pouco. - ele dizia meio desconcertado com tudo. – É uma ligação importante!

Saiu do quarto deixando minha cabeça ocupada com um turbilhão de pensamentos.

Nessas idas e vindas, me resumo feliz. Entre altos e baixos com ele achei o equilíbrio, ele me tinha como ele queria, e eu desejava tê-lo também.

Não sei ao certo o tempo, mas tenho a impressão de que ele saiu faz uma hora, eu ainda não havia conseguido me concentrar, estava meio atônita, continuei esperando, deitada na cama, sentindo vontade de beijá-lo pelo resto da minha vida.

Só notei que havia adormecido pela manhã, com o despertador que apitava insistente e com os raios de sol que entravam iluminando o quarto graças às cortinas esquecidas abertas. A princípio achei que ele não havia voltado. Então levei um susto enorme ao notar Edward deitado ao meu lado. Num impulso gritei, me arrependi logo em seguida por tê-lo assustado, ele caiu no chão num rompante, murmurando ele levanta com uma expressão de dor massageando o braço. Droga, eu não devia ser tão escandalosa.

-Que merda , isso é jeito de me acordar?- disse ele deitando na cama novamente.

-Você tá doido, por que dormiu aqui?

- Porque eu quis! – disse puxando o cobertor e pondo o braço em volta de mim.

- É assim simplesmente?! “Ah...Okay acho que vou dormir no quarto da !”.- eu disse meio chocada.

- Nós já somos meio íntimos, foi tão bom dormir com você, sua cama é mais confortável que a minha... Se você arranjar uma maneira mais delicada de me acordar eu vou sempre vir dormir aqui! – disse com sorrisinho safado.

- AHH, com certeza seu folgado... Vou começar a trancar meu quarto pra evitar que maníacos entrem.

-Dane-se, eu vou dar um jeito de invadir... Encare os fatos. Seu quarto agora é meu também , não vai ser fácil se livrar de mim.

Capítulo 7


“Me encontre no meio do caminho, bem na fronteira, lá é aonde vou estar esperando por você.” B.E.P


- Anda logo, levanta... Se Charlie te ver aqui vai te botar na cadeia.- disse impaciente.

- Vai nada, ele é legal!- dizia Edward sonolento.

-Cara, sério. Ele tem uma arma!

- Hum...

- Você vai ser demitido se chegar atrasado!

- Caramba! Eu me esqueci completamente... Tenho um emprego, tenho que chegar cedo. – disse se levantando da cama rapidamente, tão rápido como vampiros poderiam ser. – ...Eu não sei se vou voltar vivo, talvez, a gente devesse se despedir!

- Okay, adeus.

- Só isso?!

- Lembre-se de seguir a luz...

- A gente dorme junto e é assim que você me trata?! Não é coerente... Primeiro você me agarra e depois fica me expulsando.

- EU NÃO AGARREI NINGUÉM!- Eu praticamente berrei, que absurdo. – Você me agarrou com aquela historinha de “beijo técnico”. – disse fazendo aspas exagerada com as mãos.

- Ah, é mesmo, fui eu quem agarrou! Mas bem que você gostou...

- Claro que não, seu convencido.

- Então eu vou te dar a chance de me dar um fora.

- Como assim?

Não tive tempo de raciocinar, ele envolveu minha cintura e selou nossos lábios, dessa vez, tinha um beijo suave e carinhoso, sintonizado. Foi se desvencilhando devagar, quando eu abri os olhos ele estava sorrindo, com uma das mãos acariciou meu rosto.

- Perdeu a oportunidade!

- Você nem me deu tempo pra reagir.

- Você não reagiria, ainda que eu te desse todo tempo do mundo, você me dá muito mole ! – disse ele rindo.

- Anda logo seu idiota! Tomara que seu chefe te mate.

- Eu prometo que volto vivo pra você. – disse saindo correndo do quarto.

Em questão de horas minha vida sofreu uma metamorfose, é estranho não saber ainda se isso é bom ou não. Tudo que ele me faz sentir não se acha definido em dicionários, comparar o que estou vivendo com um filme ou um livro talvez seja um pouco superficial, acho que estou começando a viver a vida de verdade, não só mais dentro de mim.

- O quê?! O cara dormiu no seu quarto? Ele nem te pagou um sorvete e você dormiu com ele?!

- Ai, nem liga pro Jacob, eu queria alugar uns quartos lá de casa pra uns gatinhos... - Alice dizia empolgada. - Hum... Você é uma pegadora!

- Não gostei do trocadilho com meu nome.

- Eu te conheço faz uns dois anos, a gente nunca dormiu junto!

-JAKE !

- Quanto é uma diária? Talvez eu convença minha mãe e...

- Esse cara é esperto! Você e Rose, ao mesmo tempo.

- Ele não tem nada com Rose!

- Vai se chamar “HOT- el da Alice “ ! Onde você tem conforto e muita diversão.

-Só não tem vergonha na cara ! Eu vou colocar vocês duas nos eixos.

- Calem a boca! A gente só dormiu junto, DORMIU literalmente. – disse num tom convincente. – Ele não tem nada com Rose... Nem comigo. – fiquei meio triste ao notar o que eu mesma havia dito.

- Bem... Melhor assim! Não quero que ninguém te machuque, vai com calma com esse cara.

- Jake tá certo, você precisa ir com calma!- Alice tava pedindo pra eu ter calma com garotos?! – Vamos ao Delli’s depois da aula? Eu amei os garo... sanduíches de lá! São tão gostosos!

- Alice você tá começando a me dar trabalho.

Todos acharam engraçado o lado protetor de Jacob, até então desconhecido. De qualquer modo, concordamos em ir ao Delli’s almoçar, realmente os garo... sanduíches de lá são gostosos! Em especial um.

Capítulo 8

“La Push Baby, It’s La Push!” Crepúsculo

A chuva caía copiosamente escorrendo pelos vidros embaçados do carro. O vento levava as folhas secas das árvores, e o clima nostálgico parecia impregnar em Forks. Receber a ligação dela era tudo que eu precisava. Vermelho. Ainda é difícil acreditar que tive coragem de deixá-la, mas acho que tudo é uma questão de escolhas. Verde. Espero que minhas escolhas a tragam de volta pra mim um dia.
- Alô?! –Escutei a voz dela do outro lado da linha, tão doce quanto eu ainda me lembrava.
-É tão bom ouvir sua voz... Andei preocupado! Por que não ligou?
- Isso é meio complicado, você sabe... O de sempre!
- Onde ele está?
-Saiu faz pouco tempo, ele desconfia que ainda mantemos contato, tem me perguntado muito sobre você.
- Dane-se! Some daí... Você sabe que seu lugar é aqui comigo!
- Eu não posso fugir dos meus problemas como você fez. – a voz dela agora soava triste.
- Eu acho que você não compreende!
- Eu compreendo que você me abandonou aqui!
- Abandonar?! Tudo que eu tenho feito é por você! Pra te tirar dessa merda, ainda assim você prefere ficar aí com esse cretino.
- Ele precisa de mim... – ela estava quase chorando. – Eu sinto sua falta,volta... Por favor!
- Eu também sinto, mas não posso...
Nesse exato momento o rosto de veio em minha mente, me fazendo sorrir mesmo com tantos problemas. não é o que me mantém preso aqui em Forks. Ainda.
Eu mal havia chegado ao estacionamento e o grandalhão do Emmett se aproximou correndo no carro, fazia uma cara meio débil, empolgado, ele apontava pra dentro.
- Ah, cara... - disse abaixando o vidro. – Desculpe o atraso! O trânsito tava uma loucura. – O trânsito nunca seria uma loucura em Forks, mas foi a única desculpa que consegui arranjar. De qualquer modo, Emmett acreditaria.
- Não esquenta mano, tem duas loiras, peitudas, molhadas, com camisetas transparentes... Delli’s é o paraíso! – dizia animado. – loiras, peitos, molhadas! Eu sou grato a todos os fabricantes de camisetas brancas.
- Err... Acho que é nosso dia de sorte. – esse maluco só pensa nisso?!
- Ah, e o Lulu fez um servicinho no banheiro... Você precisa saber que ele tem problemas de intestino preguiçoso, todos os dias de manhã, depois do Activia isso acontece... – cara não conseguia esconder meu desespero depois de escutar isso, acho que não vou cumprir a promessa de voltar vivo.
Depois de algumas horas daquele martírio. Eu acho que já tava me acostumando com o Delli’s. As coisas aqui são mais difíceis que em “Survivor”, mas tudo bem fora minhas digitais e minha coluna, nenhum problema.
Emmett tinha sorte em ser gerente. Ele passou a tarde toda anotando telefones de garotas, na desculpa de que temos uma política importante sobre conhecer nossas clientes. Principalmente as que têm peitos.
O pior momento foi quando ele me pediu pra bater as novas fotos de funcionário do mês. Eu quase virei gay. Nunca desejei tanto ser cego. Ele se inspirou nas garotas de hoje pela manhã, colocou uma regata molhada, e ficou fazendo poses sensuais como se tivesse lavando o banheiro. Os clientes que entravam me encaravam estranho. Foi uma sessão de tortura. Vou processar o Emmett pelos danos psicológicos causados.
- Cara, eu tava falando com aquele japa ali. – disse ele apontando pro rapaz em uma das mesas. – Vai ter um festival de música em La Push.
- La Push?
- É ele disse La Push Baby... Imagine eu numa choupana com as nativas gatinhas só de rosc – rosc rapaz... - dizia ele pensativo. – Hum...Emmett vai se divertir!
- Hum... Edward também. – aquela idéia me parecia muito atraente, estava pensando em quem iria pra choupana comigo. – La Push Baby!


Capítulo 9

“Eu estava sonhando com o passado e meu coração estava batendo rapidamente,eu comecei a perder o controle.” John Lennon
- Vocês vão ficar aí batendo papo o dia todo?! Quem atende por aqui?

e os amigos estavam sentados em uma mesa não tão distante de nós. Os olhos castanhos dela brilhavam, seus lábios rosados se abriram em um sorriso largo e sincero. A amiga baixinha se abanava freneticamente, como se estivesse sentindo calor, falava algo, deixando o amigo metido a trombadinha visivelmente chateado.

- Ver você aqui é a melhor parte do meu trabalho.

- Eu só vim pra me certificar de que seu chefe havia te matado. Tô decepcionada! – ela disse em tom de brincadeira cruzando os braços.

- Eu só vim pra comer... Mas alguém sempre demora pra anotar os pedidos. – qualquer dia eu vou dar na cara desse moleque com o cardápio!

- O que você vai querer? – falei meio ríspido.

- Eu quero umas batatas, refrigerante grande, o número cinco e...

- Oi lindo! – todos foram surpreendidos quando Rose me abraçou por trás, ao me virar ela me deu beijo na trave, ela é do tipo que se aproveita mesmo.

- Rose... Eu não esperava te ver por aqui. – não esperava mesmo, ela parece o tipo de garota que nunca come por causa de dieta.

- O quê?! Eu tipo, vivo aqui. – ela disse passando a mão no meu cabelo. – Muita coincidência você trabalhar justamente na minha lanchonete favorita!

- Muita mesmo... – A voz da amiga de soou um pouco irônica.

Notei um grupinho atrás de Rose, três jogadores olhando para o painel de pedidos, e duas garotas que prestavam atenção na conversa, uma delas piscou e acenou pra mim, a mais bonita em minha opinião.

estava com a boca entreaberta, ela e amiga pareciam chocadas, tinham os olhos fixos em Rose como se achassem um tamanho absurdo ela estar ali, enquanto o garoto murmurava algo sobre a demora dos pedidos, me encarava como se a qualquer momento raios lasers fossem sair de seus olhos e me detonar.

- Gata, você é real ou uma miragem? – Emmett se materializou ao nosso lado. – Eu faço questão de te atender pessoalmente loirinha.

- Quem te trouxe? Eu já estou sendo muito bem atendida! – disse Rose voltando o olhar pra mim.

- Pelo menos uma pessoa gosta do atendimento por aqui. EU AINDA ESTOU FAMINTO!

- O cliente tem razão... Eu volto daqui a pouco. – falei tentando me desvencilhar de Rose e da situação incômoda. Inutilmente.

- Deixa... O grandão aí atende ele!

- O grandão se chama Emmett McCarty, prazer minha deusa. – disse beijando a mão de Rose.

- Que droga! Vou pra Bob’s da próxima vez.

- Que tal eu e você em La Push de rosc-rosc esse final de semana? – Emmett disse sem perder tempo piscando pra Rose.

- O que tem em La Push? – a amiga de perguntou.

- É um festival de música! – disse um dos jogadores se aproximando de nós. – Err... eu tava pensando se você não tá afim de ir comigo, o que você acha?

- Eu não sei se vai dar Jasper...

- Mal posso esperar. Edward nós vamos juntos!

- Pensando bem... Vai ser legal irmos juntos Jasper.

Juro que eu quis virar a mesa. O que tem na cabeça? O que ela e esse tal de Jasper vão fazer em La Push?! Esse pouca merda ia estragar meu final de semana.

- Tá decidido. Eu vou pra cozinha fazer meu próprio sanduíche. – disse o trombadinha indo em direção a cozinha onde Lulu estava.

- La Push tem muitos garotos. Adoro!

- Então , depois eu te ligo e a gente combina melhor. – eu vou partir a cara dele!

- Ed amigão... Eu vou com você e a loirinha de carona. – perfeito: eu, Emmett e Rose num carro.

- Vamos nos divertir horrores e beijar muito! – a amiga de disse empolgada.

O que mais me irrita esse tal de Jasper aparecer como um contratempo. Ainda to tentando compreender o que acabou de acontecer aqui.


Capítulo 10

“Por isso nunca dará certo, você faz eu querer me matar.”Sean Kingstone

PDV

O resto da semana passou voando. Naquela mesma noite depois do Delli’s Jasper me ligou, na realidade ele tem me ligado com frequência. Isso de certa forma me distrai um pouco da ânsia que tenho sentido em ver a perseguição de Rose a Edward, ela tem investido todas as fichas nele, enquanto ele por sua vez, tem estado quase sempre com um mau humor insuportável. Então temos andado meio distantes, ele inclusive não tem passado nem perto do meu quarto. Tenho a impressão de que os telefonemas de Jasper têm algo haver com isso. Acho que em certo ponto consigo abalar ele, o que acaba deixando esse jogo de provocação extremamente fascinante.

Naquela manhã, o sol havia aparecido em Forks, como dificilmente acontecia, deixava tudo num tom mais vivo, de um verde intenso, cores quase que ofuscantes. Eu esperava em frente a casa que minha carona chegasse. Edward acomodava as mochilas monstruosas no porta malas, enquanto o grandão dava em cima de Rose que se fingia de difícil. Gostaria de ter uma bomba para colocar nesse carro, ou pelo menos para atirar em Rose.

- Gostosa com sabor de amendoim... Descasca e vem pra mim!

- Edward! Coloca esse animal no porta malas por favor!

- Não dá, a bagagem de vocês ocupou tudo. – ele disse cansado enquanto forçava uma das mochilas exageradamente grande. – Cara, vamos passar menos de um dia... Só vamos ver um festival na verdade. Pra quê levar toda essa porcaria?

- Essa porcaria é pro caso de uma emergência, roupa extra, maquiagem... Eu posso precisar de tudo isso pra ficar bonita.

- Eu só tô levando minhas revistinhas, uma blusa, um sapato e uns CDs que eu peguei emprestado no seu quarto... Eu ia te pedir no caminho pra La Push! E tô levando umas coisas pra me divertir com a loirinha boazuda. – temos que tomar cuidado com esse retardoido “dedos leves” por aí. Acho que quando voltar vou verificar se tá tudo okay no meu quarto.

- Vou passar com o carro em cima de você, seu tarado! –Rose disse num tom ameaçador.

- Vamos embora, antes que eu desista de ir...

- Preciso urinar antes, calma aí! – disse aquela lontra correndo pra dentro de casa.

- Rápido Edward... Entra no carro vamos embora antes que ele volte! –disse Rose entrando no carro e fazendo menção de travar as portas.

- , eu... –ele começou a pronunciar, mas pareceu chateado ao ver o carro de Jasper atravessar o portão. – Te vejo lá!

Jasper estacionou a poucos metros de onde estávamos. Tinha um sorriso ortodôntico e estava muito bonito. Jeans. All star. Blusa verde clarinha. Jasper sempre foi um dos caras mais bonitos da escola e um dos mais legais também, sempre fomos amigos. Alguns anos atrás vê-lo assim me causaria um friozinho na barriga e uma alegria quase transcendental, ele nunca soube que por anos eu fui apaixonada por ele. Mas agora, acho que isso não importa mais, outro agora estava começando a ocupar este lugar.

- E aí ? Tá pronta? – disse abrindo a porta do Pajero preto.

- Claro, só estava esperando por você mesmo...

- você está muito linda! –disse ele de um jeito fofo me encarando.

Através do vidro do carro, puder ter o melhor ângulo de Edward. Era evidente pela expressão dele: Ele estava com ciúmes de Jasper. Pretendo tirar vantagem de cada momento disso, já agüentei muito Edward e Rose, é a minha vez de tê-lo em minhas mãos e a vez dele de aguentar as consequências.

Capítulo 11


“[...] E quando ficar encurralado, eu conquisto o coração dele. ” Lady Gaga

La Push estava absolutamente lotada, luzes e barracas deixavam a paisagem de uma praia tranquila completamente distante e diferente, o festival havia começado deixando uma multidão concentrada próximo ao palco. Realmente era complicado encontrar algum conhecido ali. Jasper segurava minha mão me conduzindo até o local onde havíamos combinado de nos encontrarmos com Alice. Após alguns minutos, avistamos Alice, Paul, Seth, Leah e todos os outros amigos de Jake, todos cantavam e pulavam animados juntamente com a multidão.

- Vocês demoraram muito! – disse ela nos abraçando. –Hum... Acho que alguém deu um jeitinho de se perder pelo caminho. – o comentário de Alice deixou Jasper meio desajeitado, ele logo arrumou um jeito de amenizar a situação se oferecendo pra ir buscar bebidas pra gente.

- Quando a pegadora vai atacar?

-Vou atacar você se não parar com esses comentários sua anã de jardim! –disse brincando dando um tapinha em Alice. – Cadê o Jake?

- Ele disse que viria pra cá depois do cinema com a Rebecca sem peito Willis. – disse fazendo careta. – Eu dei sorte de conhecer o Seth gatinho... Estamos com os caras mais gatos do festival.

- É, esse era o objetivo da minha vida: eu e você com os caras mais gatos em La Push. – falei sendo sarcástica.

- Seu objetivo acaba de ser frustrado... Rose é quem está com o cara!- disse ela apontando na direção contrária a mim. – Se eu fosse você... Não deixava isso por muito tempo.

Quando me virei, eu a vi se aproximando em nossa direção, ela parecia procurar alguma coisa, olhava para todos os cantos e trazia Edward praticamente o arrastando pela mão em seu lado, o grandão vinha logo atrás com um sorrisinho maroto, mexendo com todas as meninas que passavam.

- Vocês viram a Lucy, James... Alguém popular?

- Não. Acho que você vai ter que ficar com os losers essa noite. – ela me tira a paciência.

- Nem morta! Já não basta esse camelo que nos atrasou parando de cinco em cinco minutos pra ir ao matinho...

- Eu já falei que é porque eu fico ansioso com viagens!

- Ainda bem que achei vocês... – Jacob disse se aproximando com Rebecca, ele estava sem camisa, e Alice parecia estar tendo insuficiência respiratória por vê-lo assim. – Algum idiota vomitou na minha blusa. Droga!

- Tudo bem, você fica melhor sem ela! –todos se espantaram com a resposta rápida de Alice, até Jacob ficou meio sem jeito e acabou corando. Concordo com ela.

-Garota você é das minhas, isso aí mulher guerreira num perde tempo. –Emmett e Alice realmente tinham alguns pontos em comum.

-Você só pensa nisso seu estúpido! – Rose estava saindo do sério.

- Não agüento mais as brigas de vocês dois! Eu preciso beber alguma coisa... – disse Edward impaciente se afastando em direção a uma das barracas.

– Ei cara, voltando ao assunto, você não quer arranjar um emprego lá no Delli’s? Você preenche todos os requisitos.

- Quais os critérios de vocês? – Alice estava realmente curiosa.

- Jasper! Estou salva... Ele vai me ajudar a encontrar alguém nesse festival idiota.

- Ei pessoal daqui a pouco a banda de um amigo meu vai tocar, vamos lá pra perto. Dá pra ouvir e assistir melhor! – Seth disse apontando pra algum lugar ali no meio daquele caos.

Alice caminhava na frente com Seth abrindo espaço por entre aquele aglomerado de gente, enquanto Jacob e Rebecca os seguiam, Emmett mencionou alguma coisa sobre “Ir varrer La Push inteira!” e simplesmente sumiu. Acho que esse cara tem algum descontrole hormonal.

Quando me dei conta estava completamente perdida, comecei a pensar se foi uma boa idéia ter me metido com eles no meio daquele desespero catatônico. Por diversas vezes pisaram em meus pés, e tudo começava a se tornar insuportável, todos me empurravam, e eu tentava me esquivar mal conseguido andar direito. Senti alguém segurar minha mão de repente. Era Jasper, aparecendo em um momento crucial, ele me guiou até um ponto mais afastado.

- , tá tudo bem? Alguém machucou você?

- Não, tá tudo bem... Eu tava procurando Alice e Jake, acabei me perdendo...

- Eu tava procurando você. Precisamos conversar sobre uma coisa.

- Sobre o que? – me fiz de idiota, de algum modo, a maneira como ele falava pausadamente me permitiu prever o assunto.

- isso pode parecer clichê. Eu não consigo explicar ou entender ao certo o que eu tenho sentido, acho que seria mais fácil demonstrar.

Eu estava meio confusa com tudo aquilo, de modo que não tive reação nenhuma quando ele me puxou pra si e me beijou, seu beijo era urgente, levemente mordiscava e sugava meus lábios. Uma música conhecida começou a tocar. Ao som de “Decode” do Paramore, aos poucos fui me desvencilhando. Exatamente quando percebi que Edward nos observava de longe com uma expressão nítida de raiva. Tinha os punhos cerrados. Parecia ter presenciado bem mais daquele momento do que gostaria.


Capítulo 12


“Quando pensei que ele era meu, ela o pegou pela boca.” Paramore

Rose PDV
O vento gelado penetrava em nossa pele com a rapidez do carro, Edward tão vidrado parecia nem perceber o exagero com que pisava no acelerador. Eu sabia que ele estava magoado com aquela sonsa. Eu sentia um gostinho agradável com tudo aquilo.

- Eu tô me sentindo em “Velozes e Furiosos”... - Emmett dizia assustado a cada curva que o carro dava. -Tu tá doidão é?! O que eu vou fazer se perder esse lindo rostinho num acidente?

Edward permanecia ignorando, tinha um sorriso debochado, liga a rádio e ultrapassa mais um sinal. Completamente fora de si.

- Gata, nós devíamos aproveitar... Nos dar um pegas aqui nesse carro, antes que todo mundo morra!

- Vai se pegar com capeta seu tarado!

- Vocês podem se pegar com quem quiserem, contanto que calem a boca.- disse ele ríspido pela primeira vez se pronunciando.

- Caramba, o que te deu hoje? É sério que você não fumou nada?!

Eu já sabia o que havia dado nele hoje. A minha alegria era quase palpável por ter uma parcela de culpa por isso.

Uma semana antes:

- Você quer que eu faça o quê?! – Jasper parecia surpreso com minha proposta.

- Não se finja de santo... Como se você não tivesse feito coisas piores Jazz!

- Rose, é sua irmã! Não liga pros sentimentos dela?

- Rose não tem sentimentos e nem liga pros sentimentos de ninguém...- Royce dizia sarcástico enquanto acendia um cigarro.-O que está me deixando intrigado é o interesse pela irmãzinha besta e esse otário, eu deveria me preocupar com isso Rose?

- O que você está insinuando? Esse cara não tem nada haver comigo, acho que ele é um idiota por correr atrás da ... De certa forma, estou preocupada com ela! Ele veio de sei lá onde, é todo misterioso, eu já vi ele sair do quarto dela um dia inclusive.

- Você é tão sínica meu amor...Honestamente, eu me preocupo com essas suas mentiras compulsivas, acho que qualquer dia eu posso acabar caindo em uma das suas armadilhas... Ou pior, você pode acabar numa delas!

- Pede pra outro cara, não vou fingir que gosto de ninguém... Nem tentar conquistar ninguém por um simples capricho seu.

- Jazz, ela já foi afim de você! E eu sei que você também já gostou dela... Por que não?! Talvez vocês descubram algo em comum, não sei... Você é o único das pessoas que eu conheço que ela ainda considera legal!

- Exatamente. Não vou estragar as coisas com .

-É pro bem dela, por favor, é só até esse esquisito ir embora, você não está lá em casa pra ver... eu tenho certeza que esse Edward não é boa coisa.

- Certo. Eu espero que isso seja no fim, pro bem dela, ou essa crueldade toda não irá compensar em nada.

- Claro que é...

Apertamos as mãos no acordo mais promissor que eu poderia formular. Ele cuida da estúpida. Eu cuido do Edward. Os fins justificam os meios, e essas boas intenções tão falsas vão se consumindo e garantindo minha tão desejada finalidade.

Paramos em frente a uma casa bonita, branca, dois andares, cortinas cor de vinho que se destacavam. O grandão quase passou por cima de mim para sair do carro.

- Obrigado!- disse exagerado erguendo as mãos para o céu. – Ainda tenho minha bundinha fofa e essa carinha de bebê...

- Emm, desculpa! Eu tava meio chateado acabei descontando no carro e em vocês, eu podia ter machucado alguém... Não vai se repetir.

-Claro! Eu nunca mais entro no carro com você seu maníaco! Na próxima eu pego carona com a garota de “ O Exorcista”,mas nunca, nunca com você!

-Cara, sério... Foi mal.

- Tá, eu deixo pra lá, se você convencer essa devassa loira a me dar o telefone dela.

- Eu vou arrebentar sua cara se encostar em mim seu animal !

- Depois te dou o número dela.- disse Edward acenando pra aquela lontra e ligando carro.

- Pra onde vamos?- perguntei me fazendo de boba.

-Casa.

-Tem certeza?! Conheço um lugar ainda melhor...

- É... A cela em que Charlie vai me colocar se não te levar logo!

- Eu ligo e digo que estou com a Lucy, vou dormir lá... Ele não vai nem esquentar.

- Hoje não!

- Vai ser uma droga voltar pra casa agora... Eu vou ficar sozinha, Bells provavelmente vai dormir fora. Como ela e Jasper fazem às vezes. – chamá-la de “Bells” é o cúmulo da falsidade, mas não ligo... Minha genialidade é incrível.

- Diga.

- O quê?

- Pra onde nós vamos ?!– o tom de voz dele parecia sério e havia algo diferente nele, talvez fosse a raiva que estava sentindo e que eu de certa forma nutri nesse exato momento.

- Prossiga. Daqui a pouco eu digo.

Edward aumentou a velocidade em poucos segundos, parecia com isso querer afastar os pensamentos sobre e Jasper que tanto lhe incomodavam. Outro sinal vermelho é ultrapassado. Ele deposita uma de suas mãos em minha perna subindo rapidamente.Tenho a leve impressão de que a noite agora silenciosa, será muito longa. Especialmente quando se tem um carro, um garoto tomado por ciúmes e uma garota que faz absolutamente tudo para conseguir aquilo que ela quer. Nesse exato segundo ela quer a ele. Ainda que ele deseje outra, essa noite ela o teria.

Capítulo 13

“Quero você inteira e minha outra metade de volta!” O teatro mágico

Edward PDV

Escutei um barulho abafado do meu celular, levantei cambaleando um pouco e procurando em meio às roupas no chão. Eu tinha a certeza. Só poderia ser ela.

-Alô?!

-Ihhh... Tá com uma voz de sono, - eu escutei sua voz do outro lado da linha, ela nunca perdia a ternura. – acho que te acordei, sinto muito. Eu realmente só queria falar com você, sempre fico preocupada, como andam as coisas


- Você sabe que eu sei me virar bem... Eu é que me preocupo com você!

- Eu preciso ser sincera Edward ,- o modo como ela disse isso me deu um sensação ruim.- ele tem piorado muito, ontem a noite uns caras vieram atrás dele e...- todas as palavras pareciam pesar em sua boca.- eu realmente acho que ele está metido em problemas de novo, não sei como ajudar, as coisas tem se tornado um inferno aqui!

-As pessoas te machucam até onde você permite! Você sabe que o dia que quiser eu te pego aí, nós podemos dar um jeito, não precisa afundar com ele...

-Eu não vou a lugar algum. É melhor tomar você tomar uma atitude! Você se julga intocável estando aí tão longe, mas honestamente, acho que isso te afeta também, de certa forma você ainda está ligado á tudo isso. Você sabe o que não deveria ter feito e sabe o que deve fazer para concertar.

- Algumas coisas não têm concerto! Sinto muito.

-Então só resta jogar tudo no lixo mesmo... – parecia chateada. – Falo com você depois. – disse isso e desligou logo em seguida, sequer dando chance para despedidas, eu sabia o quanto ela precisava de mim lá, mas ainda era um pouco cedo pra encarar tudo aquilo, eu precisava de um tempo para me recompor antes de assistir o meu passado me fragmentar.

Notei o relógio na cabeceira da cama. Eram exatamente sete e quatorze da manhã. Demorei um pouco pra associar as coisas. O papel de parede verde descascado. Uma cama desconhecida. Móveis diferentes e com um aspecto usado. Era outro quarto, um quarto de motel. O pior foi lembrar que eu não estava sozinho ali. Flashbacks começaram a lampejar em minha memória.

A penumbra no quarto mostrava perfeitamente o corpo nu de Rose. Se aproximando ela beija minha nuca enquanto abre alguns botões da camisa cinza. Eu sentia o perfume forte dela que inebria e impregna o quarto. Por algum motivo ocupa meus pensamentos, e eu beijo Rose, me deito em cima dela esperando que suma de minha mente. Aperto ela com força ao que ouço um gemido. Ela me beija com paixão, e eu sei que seria fácil estar com ela. Ela é a mulher pra mim, mas é infelizmente não é a mulher a que pertenço. Pertencer. É a primeira vez que penso desse jeito. É a primeira que sinto isso a respeito de uma mulher, e ainda assim, não estou com ela essa noite.

Ela estava entre os lençóis, seus cabelos loiros claros se espalhavam por toda cama e ela dormia tranqüila enquanto eu ainda estava tentando entender o que havia acontecia. Eu vi a menina que gosto beijando outro cara. O que me dá raiva é o desejo que tive de estar no lugar dele. A semana inteira estive me esquivando de todos os telefonemas que ele dava. De todo tempo que ele podia estar com ela.

A verdade é que não consigo mais ficar afastado dela, não tenho mais forças pra resistir, ainda sabendo que não deveria, ainda sabendo que não sou exatamente o tipo de garoto que ela merece, merece alguém menos complicado. Complicado. Essa é a palavra que me definia. Mas eu sei que eu a quero. Eu enfrentaria as complicações por ela.

- Rose?! Precisa acordar agora!- disse sussurrando, não queria ser grosso com ela e acordá-la entre berros.

- Hum... – ela soltava resmungos sem a mínima vontade de se levantar. –Bom dia meu lindo.- disse mal abrindo os olhos acariciando meu rosto.- Já é muito tarde?

-Não na verdade é meio cedo ainda, mas acho que devemos ir embora.

- Pode me deixar na casa da Lucy?

- Certo, se arruma rápido... Tenho umas coisas pra fazer.

- Eu também... Preciso urgente falar com Bells, ontem o Jasper me falou que ia pedir ela em namoro, - dizia ainda deitada tinha um sorriso triunfante no rosto. – eu tenho certeza de que ela aceitou, ela sempre foi meio afim dele. – senti meu sangue ferver.

- Isso não é da nossa conta. – ainda que Jasper pedisse o que fosse pra eu estava disposto a falar tudo o que estava engatado.

- Aiii, é só uma curiosidade! Você vai se vestir?- ela perguntou o óbvio já que eu estava catando minhas roupas. - Por mim, você deveria ficar sem elas. – disse me dando um olhar safado.

- Vou pensar nisso. – falei num tom irônico enquanto entrava no banheiro.

- Edward... Posso usar seu celular pra avisar a Lucy que estou indo? – ouvi Rose falar pouco antes de trancar a porta e ir ligar o chuveiro, murmurei um “sim”, acho que ela mencionou obrigado, ou sei lá o que, não escutei mais nada, estava ansioso para ver e resolver tudo.

-Alô, ?

-Alô, é ela, quem fala?

- Oi, aqui é a Rose, preciso de um super favor seu...

- Rose nunca me ligaria. Isso é uma espécie de trote?!

-Claro que não... Escuta, deixa de brincadeira, estou falando do celular do Edward não posso demorar!

- Vo-você está falando do celular dele?

- Escuta, eu e ele passamos a noite juntos, mas é claro que ninguém sabe, nem pode saber! Eu to te contando porque confio em você... Pode me dar cobertura?! Estou indo pra casa da Lucy, se Charlie perguntar alguma coisa sobre com quem eu fui embora ontem, não diga nada, okay?! Posso contar com você pra manter silêncio?

- Eu não vou contar nada Rosalie. Espero que vocês tenham se divertido.

- Na verda... Safada desligou na minha cara!- disse ela quando sai do banheiro, parecia chateada. – Obrigada!

-De nada. Por favor, se apresse...

Rose deu um pulo da cama e correu em direção ao banheiro. Liguei a televisão. Só tinha canais proibidos nesse lugar. Pensei em como Emmett gostaria de estar aqui agora, ele e a loirinha devassa só de rosc-rosc.

- Tô pronta... Agora eu é que estou com pressa, não quero perder nadinha desse dia. – disse observando a televisão com uma expressão de nojo. – Por favor, pare de andar com aquele seu amiguinho tarado.

Capítulo 14

“A dor eleva-se ao seu orgulho
E você procura um lugar para se esconder?
Alguém quebrou seu coração?”
Green Day



Durante o caminho inteiro ficamos num silêncio constrangedor, me concentrei apenas na estrada, ela procurava algo bom na rádio, reclamava vez ou outra sobre as músicas de hip-hop que tocavam a essa hora da manhã e mencionou algo sobre os clipes previsíveis dos rappers, depois sobre a prisão de alguém famoso que agrediu a mulher. E o silêncio se transformou em monólogo. Parei o carro em frente à casa de Lucy, uma senhora distinta mexia nas flores no jardim, olhou surpresa acenando para Rose.
-Bom, é isso mais tarde você me liga?Gravei meu número aí ent...
- Olha... Não acho justo continuar fazendo isso com você!
- Fazer o quê?
- Não leve a mal, você é linda, mas... - eu realmente tive medo da reação de Rose, pensei que ela poderia ter um ataque. Eu precisava ter coragem pra continuar.
-Mas é da que você gosta!
-Como você sabe?!Tá tão na cara?
-Tá... – ela disse rindo. – Aposto que ela sabe disso, eu já vi comentando sobre você com os amigos. Mas por favor, só não me diga que isso tudo é realmente sério, quero dizer... Vocês se conhecem faz pouco tempo, não deve gostar tanto dela assim, certo?!
-Não posso dizer que isso é amor ou algo assim, mas sua irmã é como alguém por quem eu esperei minha vida inteira. Ela me fascina.
-E-eu preciso te contar uma coisa, ela não é como você pensa, ela está brincando com seus sentimentos. Ela é do tipinho que conquista por conquistar e nunca quer nada e...
- Como pode falar assim dela?! Acho mais fácil isso ser uma descrição sua!
- É verdade, você vai ver... Só não diga que eu não avisei, sou uma amiga Edward.
- Você já terminou? Eu realmente preciso ir ver alguém.
- Eu não vou me esquecer o que nós tivemos.
- Ótimo. Não esqueça! Vai ficar só na sua memória mesmo, não vai se repetir. – disse vendo-a sair do carro e bater a porta do carro com força.
- Eu vou te perdoar.
- Não vou pedir desculpas.
- Vai quando perceber que está completamente errado.
Vi a imagem de Rose se afastando. Saí cantando pneu. As palavras dela continuaram em minha cabeça. Eu nunca pensaria assim de , aquilo fazia com que eu me sentisse meio apagado, eu não prestava pra ela e não o contrário. Mas ainda assim, acho que não haveria nada melhor agora do que sermos nós dois.
Charlie e estavam em frente a casa. estava linda usava um vestido marrom. Charlie lhe dizia algo firmente enquanto ela apenas revirava os olhos e sorria hora ou outra com algum comentário.
-Se ele te passar a mão você o lembra de que eu tenho uma arma!
-Cara, ele não é um estuprador. Não exagera.
- Olha, eu conheço esses carinhas só querem te levar pro mormaço.
- CHARLIE!
- Lembre-se dessa área do pescoço, é a mais sensível e... - ele dizia fazendo demonstração de um golpe. - Se ele te oferecer drogas, lembre de que isso não é uma parada maneira, radical como vocês acham. Se ligou mano?! Se eu pegar você chapada ... Quem vai ficar doidão sou eu.
-Para de falar com esse linguajar.
- Oi, Bom dia. – disse me aproximando. – , eu posso conversar com você?
-Na verdade eu vou sair com Jasper, ele já deve estar chegando! – aquilo de certa forma me pegou desprevenido.
- Não vai demorar muito!
- Vai lá Bells, se o seu amiguinho chegar eu dou jeito nele...
-Só não mate!- disse me puxando pra dentro da casa.
- Então. Vamos conversar!
- eu sei que tenho agido de modo errado.
- Todos nós temos estado um pouco errados, não é?! Interpretando mal algumas coisas... – ela me olhava fixamente parecia estar incomodada com alguma coisa. – Eu gostaria de deixar bem claro que nós dois deveríamos ser só amigos.
- O quê?! Eu pensei que... - ela me interrompeu.
- Isso é realmente tudo que eu posso te dar agora.
Ouvimos a buzina que soava lá de fora. Infelizmente Charlie não havia matado aquele idiota. me olha como se suplicasse para que eu não insistisse em mais nada. Estende a mão.
- Por favor... Vamos nos contentar, eu quero ser sua amiga e quero você por perto!
- Você vai me ter por perto, do modo como quiser. – disse apertando a mão dela e sentindo meu corpo se apertar por inteiro, de repente todas as palavras de Rose vieram com tamanha força em minha mente. Hoje eu me contento em ser só seu amigo, mas não sei quanto tempo isso irá durar. Se depender de mim. Não muito.

Capítulo 15

“Nós mudamos, mas ainda somos os mesmos...Depois de tudo que nós passamos...Eu sei que nós estamos bem”Gwen Stefani

PDV

Minha Amizade era tudo que eu ainda poderia dar a ele. Estava completamente em pedaços. Com que direito ela e ele se achavam ao me machucar assim?! Eu sabia que não conseguiria me afastar dele completamente ou mesmo odiá-lo, ainda que eu tentasse, ainda que ele merecesse.
- Bells, você tá tão distraída!
- Desculpe, eu...
- Não tem escutado nenhuma palavra que eu lhe disse. – Jazz disse se fingindo magoado. – Tem alguma coisa que você queira me falar? Se eu puder ajudar em qualquer coisa eu faço.
- Não. Não tem absolutamente com que se preocupar! – disse tentando forçar um sorriso no rosto, não queria envolver ele nisso.
- Esse sorriso sinistro tá me deixando preocupado. – disse tentando me imitar e exagerando um pouquinho, seu celular começa a tocar.
- E aí? Cara, to no shopping com a tava pensando em ligar pra te chamar. -sua expressão logo mudou assim que ouviu as palavras de alguém do outro lado da linha. – Como assim termiram?! Por que ela faria isso? Não, não isso é besteira... Olha vou aí daqui a pouco, vou falar com ela.
- Aconteceu alguma séria?
- Bells, é o Royce, sua irmã disse que estava cansada dele e resolveu terminar... – ele realmente estava preocupado. – Ele gosta dela de verdade, preciso ir lá. Ele não tá bem.
O engraçado era que Jasper me convidou para passar o dia com ele, na verdade foram no máximo uns quarenta minutos. Depois de ouvir um milhão de pedidos de desculpa por nosso dia perfeito juntos ter sido uma completa furada ele finalmente me deixou em casa.
- Esse cara deve ser bom mesmo... Nunca vi um encontro tão rápido! –Edward disse surpreso quando me viu subindo a escada.
- Primeiro: Não era um encontro. Segundo: Aconteceu um imprevisto. Terceiro: Ele é bom mesmo.
- E o que vai fazer durante o resto do dia?
- Ver filmes que já passaram um trilhão de vezes na SKY... Ligar pra Alice... Sei lá.
- Sua vida é muito badalada!
- Como se você tivesse alguma idéia melhor.
- Você tá me subestimando Swan, lógico que eu tenho uma idéia melhor... Eu e você vamos sair!
- Não sei se é uma boa idéia sair com você, na verdade eu nem me sinto tão bem assim hoje. –ela disse num tom meio triste.
- Somos amigos, é isso que amigos fazem, eles nos ajudam a se sentir melhor...
- Nesse caso é diferente.
- Você está linda , eu não vejo porque passar o dia aqui trancada. – disse achando engraçado o fato de que corei instantaneamente com o comentário. – Vamos Bells, por favor...
- É melhor eu realmente me divertir hoje, ou nunca mais saiu com você. – disse sorrindo. – Eu vou te mostrar a cidade inteira hoje. Serei sua guia! – logo em seguida eu o puxei pelo braço indo em direção ao carro.


Capítulo 16

“Estou de saco cheio de mim
Estou de saco cheio de você
Andando pelas ruas
e eu mal te conheço
Parece que fomos feitos um para o outro”
Liz Phair
Sorriamos um para o outro, sem o mínimo esforço, nossos cabelos esvoaçavam, sob a luz do entardecer ele era ainda mais bonito. O carro parecia ir rápido demais, porém se movia uniforme e tranquilo. Nós sabiamos o quanto erámos diferentes e ainda assim tudo parecia se encaixar quando estavamos juntos.Uma canção conhecida começa a tocar.
- You change your mind, like a girl changes her clothes… Yeah you PMS like a bitch…
-AH... Não. Gosta mesmo dessa música?
- Não exatamente, só estou dedicando ela a você!
- Como assim? Essa música não tem nada haver comigo... – parecia sincero ao dizer que não entendia a relação dele com a música. – Fala sério , porque “Hot n Cold”?
- Cause you’re hot then you’re cold, you’re yes then you’re no, you’re in and you’re out…
- Engraçadinha. Muito engraçado! Não sou bipolar. - ele dizia fingindo um riso forçado. – Certo, vou procurar uma música melhor. – disse isso mudando de estação, “Candy Shop” agora está tocando.
- Nossa! Essa é a melhor música que você poderia escolher? – questionei rindo vendo-o fazer uma careta e desligar o som logo em seguida.
- Muito bem, você prometeu me mostrar à cidade inteira e só está me enrolando com músiquinhas.
-Não tem tanta coisa para se ver em Forks.
- Mudou de idéia?! Tô começando a achar que você é a pior guia que eu poderia ter arrumado, não vou pagar pelos seus serviços! – ele fingia estar falando sério.
- Seu folgado. Você não ia me pagar mesmo...
- Eu pretendia pagar um sanduíche pra você.
- Bom, devia ter falado antes, sendo assim vou fazer um serviço bem feito. – disse. – Olhe ali, do lado direito temos a estátua de alguém completamente desconhecido, mas que um dia foi importante. – apontei para uma estátua da rua enquanto Edward fazia uma cara engraçada, como se realmente estivesse maravilhado com a informação.
- Você explica tudo tão bem guia ! – dizia irônico.
- Certo, e ali temos uma importante loja de artigos esportivos dos Newton. – falei apontando para a loja dos pais de Mike. – Sabe, o filho deles é da minha escola!
- Que interessante, como se houvessem muitas opções de escolas em Forks.
- Seu idiota, vou parar de te dar informações, você nem tá valorizando o passeio.
- Desculpa... Por favor, continue, eu preciso de cada detalhe... – as caras que Edward fazia ao se fingir de interessado me fazia rir até doer minha barriga.
- Ali temos algumas árvores. Mais árvores. Mais árvores.
- Que droga! Nunca irei me perdoar por não ter trazido minha câmera para esse passeio incrível. – bateu as mãos no volante e soltou um suspiro. – Estou completamente frustrado.
- Não se preocupe, podemos fazer isso de novo outro dia. – falei simplesmente me sentindo meio envergonhada depois, não queria admitir, mas eu gostava da companhia dele, queria fazer aquilo de novo.
- Eu aceito o convite, mas acho melhor achar um guia de verdade, você dá umas explicações muito fajutas.
-Ah é?! Como se pudesse fazer melhor!
- Eu posso. - ele virou pra mim dando aquele sorriso irônico, o mesmo de quando eu o conheci. Convencido.
- Então, me diga espertinho... - falei com um ar de inteligente pondo a mão no queixo. - Qual a principal economia daqui?
- Bom, por muitos anos era a indústria de madeira local, mas agora o Condado de Clallam é a fonte de empregos. – eu fiquei surpresa por ele saber disso. -1,77245385.
- Eu não perguntei a raiz quadrada de PI.
- Pulemos para a próxima pergunta.
Ele respondeu todas as perguntas. Era um milhão de vezes melhor que eu pra dar explicações. Conversar com ele era como ter uma nova perspectiva de tudo, até banalidades se tornava interessantes. Descobrimos o gosto musical em comum. Ele me olhava uma vez ou outra, algo que deixava meu coração descompassado.
- É nesse lugar?! – disse olhando para a placa na entrada com nome que eu o indicara.
- Aqui fazem meu hambúrguer favorito.
- Contanto que não tenham fotos do Emmett seminu... – disse ele abrindo a porta da lanchonete.
Sentamos em uma mesa um pouco afastada. Nossos pedidos não demoram muito, o mais divertido foi ver Edward tentando fazer suspense ao provar o sanduíche. Primeiro ele fez uma cara de nojo, depois admitiu que era mesmo um dos melhores que ele havia comido. Eu nem havia percebido a quão faminta eu estava, comi o sanduíche em poucos minutos, notando logo em seguida o espanto dele.
- Não faz essa cara. Poxa, eu tava com fome!
- Isso justifica o fato de você ter comido como uma desvalida, eu quase achei que você fosse me devorar depois que acabasse com esse sanduíche. Eu até empurrei as batatas pra você numa tentativa de ganhar mais tempo. – eu dei um soquinho no ombro dele, fazia muito tempo que eu não tinha uma tarde como aquela, tudo aparentava mais leveza.
- Besta! – falei mostrando a língua. – Percebeu que nunca fazemos nenhuma pergunta pessoal, acho que você nem me conhece.
- É o que mais quero, - ele disse me olhando sério. – Estou tentando te conhecer , mas ás vezes é como um enigma pra mim.
- Você é que um enigma! Não sei praticamente nada sobre você... Pelo menos você conhece minha família, sabe onde eu moro, estudo. Eu estou em desvantagem!
- Que tal um jogo?
- De que tipo?
- Falso ou verdadeiro, - ele disse ainda me encarando. – Eu digo uma frase, algo sobre mim, que pode ou não ser verdade.
- E... Como vou saber quando estiver dizendo a verdade ou mentindo?
- Você julga!
- Que os jogos comecem então...
- Eu sou de Nova York.
- Hum... – eu pensei que seria mais fácil julgar, tentei procurar aqueles sinais básicos sobre quando alguém mente, não sei basicamente tentei raciocinar como o cara de “Lie to Me”. – Verdadeiro. – fiquei feliz ao ver Edward surpreso balançar a cabeça em afirmação com minha resposta, acertei uma. – Próxima!
- Eu fazia faculdade de moda.
- Mentiroso! – achei divertido tentar imaginá-lo como estilista ou algo assim. Muito gay. – Você fazia faculdade de quê?
- Hum... Não faz parte do jogo dizer, você só diz falso ou verdadeiro conforme as afirmações.
- Não é justo! Você pode jogar um monte de mentiras aí e eu nunca saber qual seria a afirmação certa...
- Tem razão, - ele parecia refletir. – deixo essa de bônus, concentre-se e acerte todas as outras. Se no fim você tiver ido bem eu digo!
- Continua... Aposto que acerto tudo.
- Eu aprendi a tocar piano cedo, com onze anos fiz uma apresentação meio importante.
- Verdadeiro.
- Eu sou casado e tenho vinte filhos.
- Poxa, agora me pegou... Tô na dúvida, mas acho que é FALSO.
- Quando eu era criança, eu quase morri.
- Verdadeiro. – minha garganta deu um nó ao pensar que ele poderia não existir ou estar aqui exatamente agora.
- Algo muito sério foi o motivo por eu ter saído de Nova York.
- Que tipo de motivo o traria até aqui? – eu perguntei ainda sabendo que ele não me responderia, não agora, ainda é cedo. – Verdadeiro.
- Eu acho que estou realmente gostando de alguém. – ele disse me olhando de um modo diferente, foi como se uma corrente elétrica percorresse meu corpo.
- Mentira. – falei na esperança de decifrar a expressão dele naquele momento, estava torcendo para estar errada.
- Errou essa! – ele disse se fazendo de decepcionado. – Mas eu deixo passar porque eu sei que foi de propósito... Quer dizer, eu espero que tenha sido e que um dia você possa enxergar isso! – ele disse se levantando e segurando minha mão para que eu também me levantasse, então se aproximou perigosamente como naquele dia, eu estava meio nervosa, não queria cair nos mesmos erros me precipitando.
-Err... Acho que ganho meu bônus! – isso foi a única coisa que consegui falar, ele pareceu entender o que eu estava tentando fazer, se recompôs e sorrindo disse.
- Eu fazia faculdade de Direito em Yale, mas tranquei no mês passado, pouco antes de vir pra Forks. – ele disse logo em seguida indo pagar a conta. – Então, guia , qual a próxima parada?
- A próxima parada é um segredo, conto quando estivermos perto. Fica um pouco longe daqui.
- Isso é bom. Ainda temos o dia inteiro juntos.
- E ainda podemos continuar esse jogo... Fiquei feliz com as coisas que descobri sobre você hoje!
- Já é um começo. – disse abrindo a porta do carro, ele realmente não fazia idéia de onde eu o levaria. – Vamos, a badalada cidade de Forks nos espera!
Minha cabeça estava apoiada no vidro agora embaçado da janela. Não estava com tédio ou nada assim, na verdade, tentava desvendar um pouco mais sobre o que havia descoberto. Edward apenas se voltava para mim pisca e dá um meio sorriso. Estava curioso para saber qual seria afinal nosso destino. Fecho os olhos um pouco, completamente entregue aos pensamentos. Ele afasta uma mexa de cabelo do meu rosto. Eu recuo por ter sido pega de surpresa. Ele nota e volta atenção ao trânsito. Lindo. Sua jaqueta preta fechada. All Star. Cabelo meio desgrenhado. Parece o dono do mundo. Do meu mundo.
- Como era sua vida em Nova York?- minha curiosidade não se conteve.
- O que quer saber especificadamente?
- Não sei... Sua família, sua casa, o que seus pais fazem... Esse tipo de coisa. Não é pedir muito, é?!
- Bom, a lembrança mais antiga que tenho é de competir quem ficava debaixo da água mais tempo com minha mãe, ela era incrível... Havia uns garotos na escola que sempre me provocavam, ela foi na sala de aula, simplesmente parou a aula pra dizer que tinha um taco de beisebol e que não teria medo de usá-lo se eu chegasse em casa com olho roxo de novo.- ele dizia rindo como se estivesse exatamente naquele dia vivendo aquilo, eu só conseguia olhar e sorrir involuntariamente, ele estava dividindo algo da vida dele comigo. – É claro, o diretor achou que ela era louca, e pediu pra ela manter-se distante da escola, pra segurança dos alunos.
- Ela devia ser realmente boa, me fala mais dela!
- Eu costumava ter insônia, ela ficava a madrugada inteira acordada comigo, tirávamos fotos umas duas horas da manhã. Ela vivia me dizendo sobre como a vida não precisa ser tão perigosa.
- E o seu pai?
-Eu pulo essa pergunta. – ao notar que a expressão dele mudou de repente, decidi não tocar mais no assunto. – Aliás, me fala sobre você, seu pai, você não é de Forks certo?!
- É. Na verdade sou de Phoenix, vim pra cá faz uns três anos. – falei pensando no dia em que mudei e lembrando a primeira impressão que tive da cidade. - No começo, achei tudo muito chato, eu detesto toda essa umidade, e chuva todo tempo, eu não sei, mas tudo parecia meio cinza, até o dia em que compreendi que esse era meu lugar.
- Como era em Phoenix?
- Meu pai era o melhor, morávamos numa casa legal, não dá pra ver as estrelas como aqui, meu pai sempre me levava pro telhado. Um dia tivemos que ir pra um apartamento, fiquei tão triste por não poder mais subir no telhado, meu pai colou estrelinhas no teto do meu quarto, para que eu as pudesse ver sempre. Eu sinto falta disso, sinto falta dele e de tudo que fazíamos juntos. – meu pai era meu melhor amigo, e perder ele foi a coisa mais difícil que já me aconteceu. Logo depois viemos pra cá e conhecemos Charlie, ele nunca substituiu ou tentou substituir meu pai, é só um complemento na nossa família, ele viu todos os filmes de amorzinho comigo um milhão de vezes, eu sei que ele gosta muito de mim.
- E a... – ele disse parando bruscamente, eu sabia o que queria perguntar.
- Não tem problema você perguntar da Rose. – disse. – Ela e eu nunca conseguimos nos dar tão bem, ela sempre me tratou mal, Charlie e mamãe sempre disseram que ela sentia ciúmes, não sei, acho que se tornou algo pessoal. Rose não se dá tão bem com a mãe, e por isso mora aqui com a gente. Apesar de tudo, eu lembro de uma vez, eu me perdi no supermercado, eu sei que isso parece bobo, quando eles conseguiram me achar Rose me abraçou, eu nunca a vi chorar, mas naquele dia acho que alguma coisa aconteceu, lembro dela dizer que havia pedido a Deus pra que ninguém houvesse me sequestrado e que eu era a única irmã dela, algo assim.
- Isso é realmente algo que eu não esperava. – pra ser honesta nem eu esperava, Rose podia agir de um modo ruim, mas eu sei que quando ela estava sem máscaras podia se tornar alguém melhor, pena que ela esquecia quase sempre de tirá-las.
- É bem aqui é só dar a curva e ir reto. – falei apontando o caminho entre as árvores, uma estradinha escondida.
Poucos quilômetros e havíamos chegado a uma antiga mansão abandonada, era meu local favorito. Todos tinha um pouco de medo, havia lendas sobre clãs de vampiros que moravam ali. Mentira. Um dia seria minha casa.
- Linda não acha?! Quero morar aqui!
- Boa sorte então, essa casa a qualquer momento pode cair em cima de você!
- Bobagem, é claro que vou ajeitar, precisa de uma pintura, um piso...
- UM TRATOR!
- Feche os olhos por um minuto. Consegue imaginar como ela será daqui a alguns anos?!- disse fazendo-o fechar os olhos e guiando ele pela casa. – Então, Edward Cullen, pode ver a minha sala de estar? – disse sentando-o num móvel velho. – Vou te chamar pra jantar na minha casa nova, vou fazer sua comida favorita, ela está bem ali...
- Nossa estou sentindo a magia do lugar! – disse debochando e abrindo os olhos. – Eu não tenho esse negócio de poder da imaginação e tal.
- Você vai ver, aposto que vai ser o primeiro a ver minha casa nova... Vai se arrepender por ter debochado. – disse me fazendo de ofendida. – Como pode não achar ela linda?
- É linda mesmo. – disse me encarando. – Eu não duvido que essa casa um dia será sua, não duvido que você possa fazer aquilo que quiser Bells, você tem o mundo nas mãos, basta perceber isso. – ele se aproximou e colocou a mão em minha cintura, colocou minha mão no ombro dele e quando eu estava quase tendo um AVC e perdendo o controle, ele apenas começou suavemente a me guiar de um lado pro outro, estava dançando comigo.
- Nem tem música.
- Uma pessoa com a imaginação tão fértil ao ponto de imaginar essa casa perfeita, não pode imaginar uma simples melodia.
- Não mesmo. Sou péssima dançarina!
-Eu te obrigo a dançar!
- Não tenho medo de você... – falei rindo.
- Não devia ter dito isso.
Ele simplesmente me puxou. Eu pude sentir o perfume dele. Com uma das mãos agora acariciando meu rosto sua boca se aproxima. Eu me rendo de modo espontâneo. Ele sorri e me beija. Seus lábios começam com selinho suave. Minha boca logo se abre dando passagem para que nossas línguas se encontrem. Elas se tocam na urgência. O beijo antes calmo agora se torna violento. Estremeço. Sua língua percorre toda minha boca e ele afaga meu cabelo com a mão. Eu percebo o que esteve o tempo todo evidente, é cada vez mais impossível resistir a ele.
- ... Eu... Desculpe. – disse interrompendo o beijo. – Eu sei. Só amigos, eu pretendia... Quer dizer pretendo respeitar isso. – ele falava pausadamente, como se escolhesse as palavras para por tudo por água abaixo.
- Talvez a gente devesse ir embora... Já tá tarde. – eu via nossa relação como algo meio frágil, talvez devêssemos mesmo ir com calma. Ainda não esqueci a suposta noite que ele pode ter tido com Rose.
Já estava escurecendo quando voltávamos pra casa. A chuva havia aumentado. Nós ignoramos o ocorrido na mansão no caminho de volta. Os assuntos eram os mais variados possíveis, falamos desde nossos diretores favoritos, filmes, cores. Mas ainda havia algo que eu queria perguntar.
- Você mencionou que quase morreu quando era pequeno... – disse estava receosa que esse fosse um assunto sobre o qual ele preferisse não falar. – O que aconteceu?
- Minha família estava viajando de carro, meus pais estavam discutindo, ele acabou se distraindo, o carro capotou. Eu fiquei seriamente ferido, passei um mês no hospital. Meu pai ficou muito mal. Prometeu nunca me machucar novamente. Mas ele não cumpriu a promessa. – ele disse sério.
Chegamos em casa quando mamãe e Charlie estavam jantando. Rose iria dormir na casa de Lucy por mais um tempo por algum motivo que eu não me lembro. Alice ligou durante toda a tarde, Renée estava quase surtando. Charlie, Edward e um velhinho de Chicago que estava se hospedando estavam falando sobre o baixo índice de criminalidade em Forks, ou algo assim. O telefone toca e mamãe ameaça jogá-lo pela janela se eu não atender logo.
- Você o quê? – ela dizia incrédula do outro lado da linha. – Você passou a tarde com esse deus grego, enquanto eu mofei em casa?!, eu vou arrebentar sua cara! Você levou ele pra sua mansão perebenta, devia ter trazido ele pra cá... – ela dizia atônita. – Droga. Caras gatos deveriam nascer trigêmeos!
-Concordo... Podiam ter três Ian Somerhalder.
- Por falar em concordar... Gente! O que é o Jake sem camisa?
- Você não tem jeito né?! Nem Jake escapa da sua mira!- dizia rindo.
- Eu não te contei ainda amiga, mas no festival vi a Rose e Jasper conversando sobre você...
- Como assim?
- Sei lá, ela só disse pra ele aonde você estava. Mas se eu fosse você tomava cuidado com essa sua irmã bandida... – ela dizia quando ouvi um barulho que parecia ser de panelas caindo. – Bells, olha só vou ter que desligar. Amanhã a gente se fala, eu tava tentando cozinhar e minhas panelas começaram um ataque terrorista aqui! Beijo. Tchau. You know that you Love me. Xoxo. Gossip Girl.
Só Alice mesmo pra terminar todas as conversas como se fosse a Gossip Girl. Já era tarde. Todos na casa deveriam estar dormindo. Tomei um banho e coloquei uma roupa bem confortável. Uma blusa preta dos Bee Gees. Uma calça xadrez. Pantufas do Homer Simpson. Escutei batidas na porta.
- Quem é?- perguntei.
- Serviço de quarto!- ao ouvir a voz de Edward corri desesperadamente pelo quarto atrás de algo mais decente, mas parecia uma conspiração, todas as roupas legais haviam sumido. Fui obrigada a abrir a porta daquele jeito. Dane-se. – Nossa! Você tá linda, especialmente a pantufinha. – ele disse me fazendo corar.
- Eu não pedi serviço de quarto!
- Vem comigo. – disse me puxando pelo braço.
- O que está fazendo? Sequestro é crime!
- Não é exatamente um sequestro! – já estávamos do lado de fora da casa, ele subiu em cima do carro. Eu só permaneci parada sem entender o que ele estava fazendo. Ele estava chapado?! – Você não vem?O telhado era muito arriscado com Charlie e sua arminha por aqui! Fiz o melhor que pudia! – Então percebi o que significava tudo aquilo, ele se deitou reclinando a cabeça e olhando pro céu. Me deitei ao lado dele imitando o gesto, estava deslumbrada com o céu tão estrelado.
- Eu não acredito que está fazendo isso. Obrigada é tão lindo.
- Nunca o céu fica tão estrelado como depois de uma chuva... – ele disse ainda olhando pra cima.
- É perfeito. Olha como a lua tá linda!- A lua parecia ter sido desenhada apenas para nós esta noite. – Eu ouvi alguém dizer que tinha vontade de se esconder na lua... Nunca parei pra pensar nisso, mas acho que eu também gostaria ás vezes.
- Não seria um bom lugar pra se esconder!
- Por quê?
- Por que eu te procuraria e te acharia até mesmo lá. – disse isso me encarando e voltando o olhar pra cima logo em seguida. Um turbilhão de emoções tomava conta de mim naquele momento. Nunca o céu me parecera tão estrelado.

Capítulo 17

“Eu não posso te dizer o que realmente é
Eu só posso te dizer como faz me sentir
E agora há uma faca de aço
Na minha traqueia
Eu não consigo respirar.”
Eminem

A iluminação foi reduzida, foco na cena principal, Austin deitado no meio do palco, está ferido, vestido de Fera, há algo de um modo tão engraçado nisso. Silêncio absoluto.
- Você... Você voltou. – ele dizia ofegante, desfalecido.
- É claro que voltei, não podia deixar vo... Foi tudo minha culpa! – disse tentando pensar nos conselhos do Sr. Kensey sobre entonação e a expressão certa.
- Por hoje chega! – disse o Sr. Kensey no ápice da cena. – Ainda temos algumas coisas para melhorar, lembrem-se faltam apenas alguns dias! Mas acho que o desempenho dos dois contracenando é ótimo. Agora é só e Jacob ensaiarem a cena final e estaremos prontos. - Jacob seria o príncipe transformado, o Sr. Kensey decidiu que não haveria beijo, bastava treinar alguns passos da dança com ele. A combinação: e dança nunca bateram muito bem, não preciso dizer que seria um fracasso essa última cena. Vou deixar todos descobrirem na hora.
Escutei Alice me chamar dos bastidores, ela dizia algo a Jake, que por sua vez, parecia tremendamente desconcertado.
- Você não dormiu nada ontem certo?! Zumbi lifestaly!
- Você não devia ser tão sincero... Qualquer dia pode acabar morrendo por isso Jacob Black!- falei estalando o punho enquanto ele fez cara de medo. Eu realmente não havia conseguido dormir direito ontem, e não me arrependia.
- Bells diga que concorda comigo em fazer uma campanha pra que ele pare de usar camisa!
- Eu tento encontrar uma razão sobre porque eu ainda ando por aí com vocês! – Jake disse pondo a mão na cabeça.
- Você ama a gente! Aceite isso! – disse arqueando a sobrancelha. – Considere a idéia de andar por aí sem camisa, faria mais sucesso.
- Aposto que a Rebeca sem peito gostou...
- Ela nunca mais vai sair comigo, dei a maior mancada... Quando fui deixar ela em casa, tinha uma foto lá, achei que era ela quando criança, sei lá, então eu falei brincando “Quem é essa garotinha feia?”, ao que ela respondeu: “É o meu irmão, ele tem problemas hormonais, não fale dele assim!”. Caramba foi uma brincadeira, eu tentei explicar, mas acho que ela levou pro lado pessoal.
- Tadinho, mas eu tenho uma surpresa pra vocês dois! – Alice disse pegando algo de sua mochila. - TCHÃRAMMM... Isso vai animar todo mundo.
- Que merda é isso? – Foi a única coisa que Jake conseguiu expressar diante daquilo que deveria ser uma comida, mas por algum motivo lembrava merda mesmo.
-Ai que horror seu insensível! Eu passei a madrugada inteira cozinhando pra vocês, é assim que vocês agradecem a gentileza?!
- Faça a gentileza de fechar essa vasilha. Esse cheiro tá muito forte!
-Isso é comestível? – eu realmente tinha minhas dúvidas sobre isso.
- Claro! Vocês já comeram palha italiana?
-Já. – nós dois respondemos em coro.
- É totalmente diferente! Mas vocês vão amar... Prova. – disse enchendo uma colher daquilo e levando-a em direção a minha boca logo em seguida.
- Não, espera!
- Bells, você é minha melhor amiga... Vai rejeitar algo que eu fiz pra você com tanto carinho? – ela tá me convencendo. Droga.
-É Bells, coma! Se tiver coragem... – odeio Jacob Black. – Você se lembra do bolo delicioso que Alice fez em sua festa de aniversário? – a lembrança de Jake distraindo Alice enquanto eu me livrara daquele bolo medonho. – Hum... Gostinho de ovo podre com chocolate. Meu favorito!
- Por favor! – ela praticamente estava implorando, tentei não pensar muito coloquei aquela colher inteira na minha boca.
Senti um gosto extremamente ruim, no inicio foi difícil identificar. Chocolate. Banana. Trigo. Trigo. Trigo. Alice sempre exagera em algum ingrediente, senti um líquido ácido e quente subindo minha garganta. Ânsia.
- Acho que ela vomitar! Parabéns pra cozinheira! – ele disse afobado tentando achar um saco, uma lata de lixo, qualquer coisa serviria.
- Ai Bells, rápido vomita na camisa do Jake.
- Rápido, corre pro banheiro, corre pro banheiro.
- Go ! Go ! – Alice disse imitando um treinador de futebol americano.
Foi a última coisa que escutei antes de passar correndo pela porta. Consegui chegar a tempo no banheiro, não era tão longe do local onde estávamos, caso contrário, a camisa de Jake não seria uma má opção. Prometi a mim mesma que nunca mais comeria nada que a anãzinha fizesse. Vou tentar manter o gosto dessas experiências bem nítido.
- Me falaram que o Royce bateu nela. – escutei a voz de uma garota.
- Aí que ridícula! Pelo menos ele teve a coragem de dar um soco naquela nojentinha da Rose. – eu mal pude acreditar, como aquele imbecil teria coragem de bater em Rose?!
- Que história é essa? – perguntei saindo da cabine, o que acabou assustando as meninas, elas realmente não tinham idéia de que poderia haver mais gente ali, e de que elas falavam um pouco alto demais pra alguém que guarda segredo.
- Você não sabe? – uma delas perguntou com uma cara extremamente sínica. – Toda escola está comentando. O Royce e sua irmã terminaram, acho que ele não estava conformado, acabou excedendo alguns limites, bateu nela! Mas cá entre nós, ele realizou nosso maior desejo... – eu quase quebrei a cara daquela vadia por estar brincando com algo tão sério, mas eu precisava tirar isso a limpo.
A campa tocou e os estudantes ocuparam os corredores, eu nem sabia ao certo qual era a sala de Rose. Seria impossível achá-la ali. Decidi procurar no refeitório. Tentei observar cada canto, eu a vi em uma das mesas com todas as amigas, parecia estar abatida, o óculos escuro não conseguia disfarçar, na verdade deixava um pouco evidente o que ela tentava esconder. As garotas do banheiro estavam certas. O covarde havia agredido ela.
- Rosalie. Precisamos conversar!
-O que você quer? – disse ela levantando o rosto e me encarando pela primeira vez.
- Agora. – tentei me impor ela, pra minha surpresa, ela se levantou e me puxou pra um lugar mais afastado.
- Pode dar o seu showzinho! O que você quer?
- Foi o Royce que fez isso?
- Não é da sua conta. – ela falou seca.
- Tem razão, é da conta de Charlie, é da conta da polícia! – eu realmente estava chocada com o descaso dela.
- Sua cretina! Não vai contar nada pra ninguém ou faço pior com você. – meu sangue ferveu. –Não se meta! – disse ela se virando e voltando pra mesa, eu sentia vontade de arrancar o cabelo de Rose, se ela não se importava com ela mesma. Dane-se. Apesar de tudo, eu me importo. Corri até Jake e Alice.
- Preciso de um favor.
- Você já tá melhor? Nós estávamos te procurando!
- Desculpa Bells...
- Gente, é sério! Escuta. Vou ligar pro Jasper, preciso saber onde Royce está...
- Pra quê? – Jake perguntou.
- No caminho eu explico, você vai me levar até lá! – eu nunca o deixaria sair ileso disso, ele teria que me escutar pela situação absurda que provou, ou eu não me chamo Isabela Swan.
Não foi tão difícil conseguir o endereço com Jazz, ele parecia não saber sobre o que se tratava o meu interesse repentino em Royce. A casa exageradamente grande parecia estar vazia, ainda assim não me importei, bati na porta como quem está prestes a arrombar se não fosse atendido.
- Qual é a de vocês? Erraram o caminho pro inferno otários?! – quem atendeu foi o próprio Royce, usava umas roupas largadas, uma camisa do Nirvana, completamente diferente de quando o vemos na escola.
-Acho que é aqui mesmo então! – falei aumentando o tom de voz. – Eu só vim aqui pra lhe dizer que a próxima vez que encostar um dedo em Rose vai se ver comigo! Vou chamar a polícia se não manter distância, OTÁRIO. – falei cerrando o punho e enfatizando a última palavra, queria deixar bem claro que sabia quem ele era.
- Nossa! Isso realmente me deixa assustado... Eu nunca iria querer me meter com a pouca merda da irmãzinha da Rose...
- A é muita merda pro seu caminhãozinho se quer saber! – Alice nunca foi boa em brigas, nem pra defender ninguém pelo que estou vendo.
- Só viemos dar um aviso, resolva bater em alguém novamente e eu juro que te ponho na cadeia ou em um hospital. – Jacob falou se metendo entre mim e o idiota. Jacob estava prestes a chutar a boca dele.
- Vão embora da minha casa, e se querem um conselho, não se metam com cachorro grande! – disse fazendo menção de fechar a porta.
- Tarde demais. – Jacob disse metendo a mão e empurrando a porta, impedindo-o de fechar completamente.
- Se não aprender a se conter, nós vamos fazê-lo. –disse vendo Jake parar de pressionar a porta logo em seguida, todos nos viramos pra ir embora.
- Ei Swan, avisa pra sua irmã ficar esperta, aliás, fiquem todos vocês! Eu juro que vão se ferrar comigo, eu ainda nem comecei a me divertir. – ele disse fazendo Jacob quase sair do carro de novo, ele realmente estava pedindo uma surra. – Você, Rose, e aquele imbecil filho da mãe que mora naquela espelunca com vocês, o melhor vou guardar pra ele... A gente se vê! – Jake saiu cantando pneu, e não sei exatamente o porquê, mas as palavras dele ficaram em minha cabeça, isso parecia um pouco mais sério que uma ameaça.
***
Edward PDV
-Ma que porca miséria!
- Acha mesmo que só porque aprendeu a falar isso em italiano vai conquistar a professora?
- Ma como banbino? Tienes alguna dica melhore pra conquistar La chica caliente?!
- Você devia tomar mais banho e nunca, nunca dizer uma palavra na frente dela, aí talvez, você tenha chance... E, esse italiano fajuto não engana ninguém.
- Ah cara, volta pra terra dos emos! Tá tentando ensinar o mestre a pegar mulher... Vai lavar banheiro seu vassalo! – será que ele realmente se considera pegador? – Ah esqueci, o Lulu tá no almoxarifado, não tem como pegar o material, ele sempre pede privacidade.
- Você é quem manda aqui! Deveria saber o que ele tanto faz lá dentro... Quem bota moral aqui, você ou o Lulu?
- Lulu.
- Não... Tá tudo errado! Vai lá, bota moral e descobre o mistério do almoxarifado, só você pode fazer isso, está em suas mãos. – eu sempre achei que Emmett era o único capaz de tentar botar moral em lulu, só ele era suficientemente estúpido pra isso.
- Pelos poderes de Greyscow! – disse ele indo em direção ao almoxarifado, colocou a mão na fechadura, estávamos prestes a abrir, então Emmett supostamente começou a farejar alguma coisa. – Tá com cheiro de sexo aqui! – disse apontando pro banheiro. – Você limpa bem esse lugar?
- Para de me enrolar e abre isso!
- Se ele for um maníco.
- É MA-NÍ-A-CO. Tudo bem, você também é.
A porta se abriu num rompante. Quase caiamos, mas Lulu nos segurou. Tipo, ao mesmo tempo. Ele tinha uma expressão enigmática no rosto. O mais engraçado era a cara de Emmet, parecia que a qualquer momento ele iria chorar e chamar a mãe dele. Ou algo assim.
-Parece que alguém andou malhando? – foi a única coisa que consegui pensar pra quebrar o gelo.
- Os mocinhos perderam alguma coisa? - a voz dele era extremamente grossa, eu demorei um pouco pra traduzir. Parecia mais um grunhido. – Esse é o momento do Lulu, e Lulu odeia que estraguem... Lulu sente vontade de chorar e de partir a cara de quem faz isso.
- O rosto não, o rosto não. – Emmett idiota. – Se Lulu chorar, eu vou chorar também.
- Desculpa ninguém mais vai estragar o momento do Lulu! Eu vou garantir isso. Até porque o Lulu é bonzinho, não faz mal a ninguém!
- É bom mesmo. – disse isso nos pondo no chão. Eu nunca mais chego perto do almoxarifado, e definitivamente nunca vou fazer Lulu chorar. - Lulu vai pra cozinha descontar a raiva nos hambúrgueres.
- Acho que isso deixa claro quem bota moral aqui. – Emmett disse assustado. – Volta pra terra dos emos vassalo! –ele disse rindo imitando o tom de voz do Lulu, não chegou nem perto.
- Mimimi no rosto não! – eu o imitei praticamente chorando.
- Você não devia brincar comigo, sou seu patrão, vou tirar do seu salário.
- Você nunca faria isso, é meu amigo... Na verdade, eu preciso de um aumento, e um favor!
- De que tipo? – ele realmente estava curioso.
- Vamos sair mais cedo hoje, temos muita coisa pra fazer!
- Esse seu sorriso maligno tá me assustando... – realmente dei um sorriso sinistro pra assustá-lo um pouco, ele não fazia idéia do que eu estava planejando.

Capítulo 18

“Eu gosto de ficar acordado até tarde
Ficar horas no telefone
Sair com todos os meus amigos
E nunca estar em casa.” Simple Plan
PDV
Cheguei em casa um pouco mais cedo, minha sorte é o fato de Renée e Charlie nunca estarem atentos pra horários de escola. Talvez estivessem ocupados demais assistindo a Oprah pra me fazer indagações. Muito obrigada Oprah.
- Bells, que bom que chegou bem na hora do programa... – mamãe falou empolgada ao constatar a minha chegada.
- Hoje foi péssimo. – eu estava praticamente bufando de raiva quando joguei todas as coisas no chão da sala e deitei no sofá. – Ás vezes eu acho que vou explodir.
- Você ainda é adolescente e já julga ter tantos problemas! – eu julgo ter problemas? Minha pseudo-irmã me trata como inimiga, o ex dela praticamente me ameaçou de morte, minha vida amorosa é um desastre catatônico e meu padrasto acha que minha vida é perfeita. Eu estou julgando errado?!
- Isso é coisa da puberdade querida!- eu já saí da puberdade faz um bom tempo, mas prefiro que eles acreditem nessa desculpa furada. - Rose ligou, perguntou por você e se algo havia acontecido. - ela deveria estar querendo saber se eu contei alguma coisa. Ainda não.
- Olha, eu sei que é complicado ser adolescente, mas os problemas passam Bells, você um dia vai notar que eles eram pequenos e insignificantes. – Charlie anda assistindo a Oprah demais. – Seja confiante. Okay. Vá buscar um café pra mim tá! – acabou o sentimentalismo.
Voltei com o café de Charlie na exata hora em que o comercial começou. Minha mãe e Charlie tentaram me fazer uma massagem. Deveria ter sido algo relaxante. Mas de um modo inexplicável estou mais tensa e dolorida. Eu decidi não contar a eles sobre Rose, eu poderia interferir, mas achei que isso era algo que eles deveriam ouvir da boca dela. Edward é outra pessoa para quem eu não pretendo contar, acho que se contar ele pode ir confrontar Royce, ou algo assim, o que aconteceu hoje era algo em que eu preferia esquecer.
O telefone começou a tocar insistentemente, a princípio, eu admito que eu ignorei completamente de propósito, detesto atender telefone, mas Charlie começou a me intimidar com um olhar do tipo: “ Atende essa porcaria logo eu quero ver meu programa!”, atendi sem vontade.
- Alô, “Pousada dos Swan”. – dei uma olhada rápida no relógio. – Boa tarde!
- Eu estava torcendo pra você atender, Charlie sempre fica de mau humor quando ligo na hora do programa! – escutei a voz de Alice do outro da linha. – Tem planos pra hoje?
- Nada além de ficar em casa preocupada com Rose...
- Seus planos são horríveis. Mas hoje é seu dia de sorte, sou sua fada madrinha e vou te levar pra se divertir.
- Fadas madrinhas me dariam roupas novas, carruagens... Você é muito mão de vaca, só vai me levar pra dar uma volta mesmo é?!
- Mal agradecida! Eu sei que o inconveniente de hoje te deixou meio pra baixo, até eu tava meio mal... Mas aí Jake me ligou ainda pouco, vão fazer aquela noite da fogueira, sei lá, aquilo que os parentes dele fazem de contar histórias, pensei que seria melhor ir pra La Push, do que ficar em casa sem fazer nada.
- Não sei... Nem é fim de semana, acho que Renée e Charlie não vão me deixar ir.
- Bells, o Charlie adora o Jake e o pai dele! É claro que vão, eu não aceito desculpa... Anda, vai se arrumar, e traga umas coisas, talvez a gente durma por lá mesmo. Jake vai passar pra te pegar daqui a uma hora! Vai muito bonita, lembre-se: Os garotos de La Push são gatinhos, e não usam camisa!
- Eu ligo daqui a pouco pra confirmar...
- You know that you Love me. Xoxo. Gossip girl!
Um pouco depois que desliguei o telefone vi o carro de Edward chegar. Ele estava acompanhado daquele amigo, metade humano e metade ogro. Assim que me viu pela janela esboçou um sorriso. Calça jeans surrada. Blusa preta. Eu seria repetitiva se dissesse como ele estava tão lindo?! Aproximaram-se da casa conversando, foi um pouco inevitável não ouvir.
- Então quando vai me apresentar sua namorada? – Emmett perguntou curioso. O quê?! Namorada? Do que estão falando?
- Não é minha namorada. Eu não pretendo te apresentar ninguém. – alívio.
- Você recebe ligações, quem seria então? – Edward safado responda logo “quem seria então?”.
- Sobre o que estão falando? – me intrometi na conversa.
- Edward anda por aí falando com uma garota misteriosa...
- Nunca te disse que era uma garota!
- Você é gay então? – o tal de Emmett perguntou espantado.
- NÃO. – ele praticamente gritou assim que ouviu a pergunta do menino-ogro. - Só estou dizendo que não se trata de uma namorada, eu converso com quem eu quero!
- Hum... – foi o único som que emiti, estava feliz por não ser uma namorada. – Ei, vocês vão sair? – perguntei assim que uma idéia pairou em minha cabeça.
- Não. Eu e ele só viemos ver umas coisas. – Edward falou. – Já fizemos tudo que tínhamos que fazer hoje.
- Mas se você quiser gatinha eu topo tudo! – o ruim de morar em uma pousada é que praticamente qualquer um pode entrar. Mas até que acho ele um pouquinho legal. Principalmente quando atormenta Rose.
- Tem uma fogueira em La Push... Vão contar histórias e poderia ser legal, acho que vamos dormir lá. Só falta falar com Charlie.
- Pode ser. – Edward disse. – Fala com Charlie, vou pegar umas coisas... – disse subindo as escadas sendo seguido pelo amigo.
- La Push Baby! – senti vontade de dizer a mesma coisa. Estou apostando em uma noite divertida.
Alice quase me deixou surda ao telefone com tantos gritinhos eufóricos. Eu não compreendo o que ela acha que “Eu vou de carona com Edward” significa. Até mesmo Jacob pareceu empolgado em saber que haveria mais pessoas na tal noite da fogueira. Pra garantir de que todos chegariam no mesmo horário, combinamos de sair juntos de Forks. Fiz o possível para estar um pouco mais apresentável, não porque haveria meninos sem camisa em La Push, mas porque essa noite haveria alguém a mais lá.
- Tem certeza de que é só uma fogueira, coisa bem simples? – Edward perguntou.
- Sim, por quê?
- Por que você tá muito bonita... – falou me encarando. – Você vai ficar vermelha. – eu sorri fazendo que não com a cabeça, eu já estava corada, não tinha importância.
- Eu to pensando em trocar de roupa, to parecendo um farrapado. – disse o Emmett do banco de trás.
- Você tá lindo, se melhorar estraga! – falei deixando-o convencido, ele é legal.
- Vê se não dá uma de pirado do volante... – não compreendi o motivo de ele ter dito isso, só vi a reação de Edward balançando a cabeça em afirmativo e ligando o carro.
Durante o caminho escutamos todas as piadas de duplo sentido que Emmett conhecia, noventa e nove por cento eram sem graça, um por cento foram que eu não entendi. Edward estava tão descontraído. Fingíamos estar fazendo racha com Jake. Quer dizer, pelo menos eu estava fingindo, mas o motorista do meu carro exagerava na velocidade ás vezes. Cantamos algumas músicas engraçadas da rádio. O melhor era a performance do menino-ogro imitando as Pussycat Dolls.
Pudemos ver a fumaça de longe, tudo parecia estar pronto. Próximo a praia estavam Quill, Embry, Leah, Seth, todos estavam tão à vontade. Jacob cumprimentou todo mundo, e tratou logo de apresentar os novos visitantes.
- Ei galera, esses são Emmett e Edward! – disse alto apontando pros dois respectivamente. – Vamos fazê-los se sentir em casa hoje. - Os outros vieram cumprimentar os meninos, escutamos alguém nos chamar. – Está começando...
Eu não tinha muito a noção do tempo, caminhamos pela floresta até o topo do penhasco. Edward segurava firme em minha mão, observamos a comida, o fogo brilhante queimava obscurecido pelas poucas nuvens. Tudo casual. Billy estava lá, nos tratou como se pertencêssemos ali, apertou minha mão, e nos indicou um local para sentarmos no chão frio de pedra ao lado de Emily.
- Fartura! – disse Emmett agarrando um cachorro quente que havia por lá, observando os sacos de batatas e cervejas pretas.
Jacob já estava enfiando alguns em um fio de aço esticado. Alice era o cúmulo dos sorrisos ao lado de Emmett e dos amigos de Jake. Edward estava sentado ao meu lado na fogueira e colocou o braço em volta de mim, por alguns segundos ficamos apenas nos encarando. Paul era o único que parecia um pouco estressado, mas desde que o conheço sempre foi assim, não havia nada de incomum naquilo. Todos desejavam que as histórias e as lendas começassem logo. Faíscas brilhavam em nuvens repentinas contrastando com o céu escuro. O sol havia se posto.
Era fácil estar com os Quileute, são completamente simples e espontâneos. Billy se posicionou no centro do círculo, junto a ele estava o avô de Quil, Sue Clearwater. Sam se aproximou trazendo uma senhora que honestamente, parecia muito velha, tipo um fóssil ambulante, nunca havia visto àquela senhora.
- Atchulimaequiiii... – essa mulher tá falando minha língua? – Eiuuiiu... – a essa altura todos estavam prestando atenção na mulher que parecia não girar muito bem. – Vamos iniciar a reunião secreta de La Push! – isso era pra ser secreto?!
- Não bisavó... Hoje vamos contar histórias, a reunião é outro dia. – Billy se pronunciou, então a mulher era parenta de Jake.
- É a senhora quem vai contar história pra gente vovó? – Emmett falou admirado com a mulher bizarra.
- Cala a boca! Todo mundo ficar calado. Bisavó Zeura vai contá as história dos Quileute. – ela tinha sérios problemas com concordâncias. – Todo mundo se senta!
- Bells, o que tá acontecendo?- Edward perguntou no meu ouvido me provocando um arrepio. Eu realmente não sabia.
- Ela é a mais velha da tribo, sempre inicia as reuniões com histórias, não ligue, ela é assim mesmo. – Emily falou sorrindo.
- E que a história comece. – disse Quil jogando um pó estranho que fez o fogo aumentar rapidamente.
- Caramba, isso tá parecendo o “Clube do terror”! – disse Edward apertando um pouco o braço em volta de mim.
- Que tipo de história? – Alice perguntou.
- Já mandei cala a boca, não interrompê Zeura. – a velha meio maluca disse, eu é que não a interrompo pra não levar patada.
- Érr... Comece a história Bisavó Zeura! – Jake silabou, meio receoso.
- Nossos ancestrais são pouco desde o início, nós nunca desapareceu... – a mulher iniciou, vou dar um livro de gramática de presente pra ela.
- Quem são nossos ancestrais? – Emmett ainda não aprendeu a lição. – É tipo a Pocahontas?!
-Já mandei cala ele, esse menino está defecando pela boca, não deixa Bisavó continuar. – disse ela se irritando.
- Não tá mais aqui quem falou. – o menino-ogro realmente havia ficado assustado agora.
- Tem mágica o nosso sangue, nós era espírito guerreiro... – apesar de falar igual a um mano havia certa realeza na voz dela, fez com que todos se mantivessem cativados por suas palavras. – O porto era da tribo, nós tinha habilidade, nós fizemô barco, tudo era pequeno, tinha peixe, mas havia outros que queria nossas terra. Keheleha não foi o primeiro espírito guerreiro. Nós num sabê quem foi o primeiro, mas Keheleha usô mágica pra deter. As mulher cuidava dos corpo e das onda.
- Posso ir ao banheiro? – Alice ousou perguntar.
- Só escuta aí mana! – disse a velhinha. – Tentaram tocar em nós, mas não dos jeito físico, eles faz um vento feroz aterroriza. Mas nós vence todo mundo, e nós vencia tudo. Mas Utlapa não tava feliz não, daí nós explusamo ele, e ele ficou ai pelo a redor da floresta, aí aconteceu uns rolos que nem é tão importante. Resumino tudo, nós viro lobisomí. Fim.
- Jake é um lobinho depilado! – Emmett se pronunciou pela primeira vez, recebendo um tapa de Jake pelo comentário.
- Só isso?! – Edward perguntou.
- Besta insolente. Ainda falta a história de verdade, que eu inda não comecei a contá.
- Vou ao banheiro! Não tente me impedir. – disse Alice se levantando e indo embora correndo, eu também queria fazer o mesmo.
Quil mudou de posição, Billy deu um gole demorado em sua cerveja e enxugou a testa. Todos os jovens se ajeitaram em suas posições inicias, estavam cientes do que estava por vir. Alice voltou com uma expressão de alívio no rosto se sentou. A velha pigarreou prestes a recomeçar.
- Agora... “O sacrifício da terceira esposa”. – é um bom nome pra livro. – Muita mulé começou a desaparecê, a gente ficamo preocupado. Os lobo da redondeza foram culpado por isso, mas nós sabia que era algo mais... A criatura fedia, um cheiro enjoado! Tinha sangue humano na trilha. Só encontrava silêncio, mas nós quer vingança pela morte do filho velho. Daí umas menina despareceu, num lembro os nome, daí a gente fomo caçar, e voltou com uns cadáveres estranhos, frio, igual pedra. Foi uma coisa odiosa, eles parece humano, igual esse daí. – disse a mulher doidona apontando pra Edward que se encolheu. – Mas, são os frio, umas criatura demoníaca igual aos duendes! – essa mulher fumou o quê? – A criatura ia mata nós tudo, mas a terceira esposa interferiu, ela se dá de sacrifício, ela se corta toda e quando os frio vem atacar, daí o marido matou eles. Todo mundo viveu felizes para sempre.
- Como assim?! Ela morreu? – perguntei.
- Tu num prestasse atenção na história pequena? Morreu!- a velha disse. – É por isso que nós podemos contar as história da tribo hoje, ela venceu os frio, nós também vence os vampiros. Agatahugtipo!
- Obrigada... Bisavó Zeura! – disse Embry e Sam se levantando e levando a mulher macabra pros seus aposentos. Sério. Eu achei a história péssima.
- Foi linda sua história... – Alice estava com lágrimas nos olhos, igual a Emmett, Emily... Só eu percebi que essa historinha foi completamente sem noção?!
- Bom... Crianças é hora de ir pra cama! – disse Billy.
Todos nos levantamos e seguimos em direção as casas. Foi decidido que eu e Alice dormiríamos na casa de Emily, Leah também passaria a noite lá. Emmett e Edward ficariam na casa de Jacob. Eu descobri que não era a única inconformada com a história, Edward estava tão confuso quanto eu. Seth e Jake ficaram no penhasco com Billy, estavam ajudando a arrumar as coisas.
- Boa noite Bells. – disse Edward me dando um beijinho no rosto. – Por favor, tenta acordar cedo... Eu quero me mandar daqui, aquela velha medonha me assusta. – disse se afastando. Honestamente, a mim também.
***
Jacob PDV
- Vocês estão prontos?! Fizeram o combinado?
- Claro... Vamos fazê-los se sentirem em casa. – Seth disse com a voz carregada de ironia. – Os cachorros estão atrás da casa.
Fomos caminhando até minha casa como se não houvesse absolutamente nada errado. Edward e o grandão já estavam se arrumando para ir dormir...
- Cara, que merda meu colchão tá todo sujo, isso é sal grosso? – disse o grandão tentando limpar o colchão. E que os jogos comecem.
- Ih, foi a Bisavó que colocou aí esse sal grosso!- falei convincente. – Ela faz isso em noites de lua nova como essa, é pros espíritos de lobos não vierem e nos transformarem... Caso contrário... – tentei deixar a última parte subjetiva.
- Você acredita mesmo nessas histórias? – Edward perguntou.
- Parece besteira, mas sabe, era uma noite exatamente como essa. Eu nunca me esqueci. Paul e eu éramos meninos, eu tinha um gato... No meio da noite, enquanto eu dormia, Paul se transformou, ele ficou descontrolado, tentou me matar. Juro. – o grandão estava acreditando em cada palavra. – Ele matou meu gato, depois, como que por mágica, ele voltou a forma normal, deixou de ser o cachorro enorme. Eu estava tão assustado, nós escondemos o gato na caixa da água...
- Péssima idéia! – disse Seth. – No dia seguinte, Billy foi tomar banho, e saiu sangue por toda parte!
- SANGUE? – ele caiu direitinho.
- Emmett, isso é lenda, não acredite, eles só estão brincando.
- Vocês tão jogando pôquer com a minha cara é?! – ele agora estava irritado.
- Não, só estamos avisando, foram vocês que perguntaram... – falei me deitando. – Tem toalhas ali em cima, o banheiro é logo ali. Boa noite.
Emmett pegou uma toalha disposto a tomar banho, e disfarçando o medo que sentia. Eu permanecia quieto na cama, na verdade, tanto eu quanto Seth só aguardávamos o sinal. Logo tomaríamos nossas posições.
- AHHHHHHHHHHHHHHHH. – o sinal foi dado. – Tem sangue no chuveiro!
- Droga. O que está acontecendo? – o tal do Edward foi socorrer o amigo, eu e Seth vimos a oportunidade perfeita para uma possível fuga. Segunda Etapa.
Ouvíamos os gritos dos dois, começamos a uivar alucinadamente, ouvimos a correria dentro de casa. Colocamos os cachorros presos no corrimão da porta. Dois Huskys Siberianos de Sue. Não era uma ameaça, mas completariam a brincadeira. Todos haviam saído das casas para ver o que estava acontecendo. Eu não pude me controlar, eu e Seth riamos como loucos diante da cena, o grandão só de toalha passando pela porta, seguido por Edward. Gritavam de pavor.
- Eles viraram lobos, a velha doidona tava certa! É a lenda! É a lenda! – ele disse tentando voltar pra dentro da casa e dando de contra com Edward, que já havia se dado conta da brincadeira, e nos encarava com muita, muita raiva.
- Jacob Black! O que você fez? – meu pai perguntou.
- É só um trote pai, coloquei pó de suco de morango no chuveiro, peguei os cachorros de Sue, tudo é uma brincadeira pra eles fazerem parte do bando agora! – disse ainda rindo. Para minha surpresa meu pai e todos os outros caíram na gargalhada, até a velha pirada da Zeura estava debochando deles.
- Bem vindos aos Quileutes meninos! – Billy disse.
- Não tem graça. – ouvi se aproximar.
- Na verdade, tem sim! – disse Edward para minha surpresa, ele próprio esboçou um sorriso, confesso, esse sorriso meio maligno me deixou assustado. – A vingança tem mais graça ainda, certo Jacob?!
- Vai ter revanche Black! – Emmett gritou quase soltando a toalha, não preciso dizer que Alice quase teve um troço quando isso aconteceu.
- Esqueça a revanche, vocês agora são dos meus! – disse tentando me esquivar.
- É isso aí amigo... – o Cullen parecia estar bolando alguma coisa.
- Psiuuu... Ei você da toalha, - disse a Bisavó Zeura pra Emmett. – acho que acabei de ter um impriting! – Emmett voltou assustado pra dentro de casa, eu também voltaria.
O resto da noite foi tranquila, acho que eles entenderam a brincadeira, estão até mais a vontade com a gente. Todos os caras vieram pra minha casa depois , passamos boa parte da noite falando sobre motos e garotas. Esse último parece ser o assunto favorito de Emmett. Ele e Edward estão convencidos de que eu tomo bomba. O dia nem clareou ainda e decidimos fazer uma espécie de racha com as motos que estão na garagem. Preciso admitir, estou começando achar eles gente boa. Espero que tenham esquecido a parada da revanche, ou isso vai acabar dando em merda pra mim.

18 comentários:

  1. Cara,gostei da Fic.Bem legal.
    Posta mais ae flor.
    Kisses

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  2. Ahhhhhhh! Eu não via a hora de ver essa fic interativa. Mesmo não sendo team Ed, eu amooooooooooo... Obrigada Lulus , por deixar posta-la aqui. BJus!

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  3. Huahuahuahuahua

    só quero ver no que isso vai dar.

    Bjs flor obigada por ermitir a postaem da fic no blog. Foi muito bem recomendada.

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  4. Ahhh! Eu amo essa fic... O capitulo ficou ótimo...Como ja li *shhhhhhhhhh* sei que darei novas gargalhadas.Bjus!

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  5. muito bom mesmo por mais q seja team jake
    post mais to adorando a fic
    bjs

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  6. Amei! Só espero que o Jake não sofra nessa fic.=(

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  7. To gostando muito dessa fic,pena que os cap sejam tão pequenos.
    Bjosss

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  8. Ahhhhhhhh eu amo muito essa fic. Ja te disse forma que adoro a forma simples e viciante que vc escreve...

    P.s- Luiza, a Lulus ja se preocupou em aumentar os capitulos, pq estavam pequenos. Não se preocupa a medida que os capitulos forem postados vc verá que eles estarão maiores. Bjus!

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  9. Nossa que lindo Lany!
    Obg por continuar postando, hoje consegui uma folga vim correndo ver o site e como estava minha fic, eu tava esperando uma atualização de CA... Tô com saudade de escrever e tô com mais saudade ainda de ler sua fic ;)

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  10. Ahhhhhhhhh eu amo muito essa fic mesmo sendo totalmente team Jake, mas é que Ed tb ta meio diferente, Fato. Eu sempre me acabo de rir com Emmett, vc tem que arranjar alguem para ele nessa fic ele ta necessitado. auhauhauhauhauhauh!

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  11. Aaah,
    eu estou amando a fic,

    O Ed nem é cara de pau, hein?

    Tô confusa e team Ed ou team Jake.

    Bom, estou amando de qualquer forma.

    Beeeeijos!

    P,S: Sinto que o Ed vai me causar alguns problemas.

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  12. flor eu adorei essa faceta de um Edward completamente sinico e misterioso, e esse beijo ,dormir comk um homem desses toda noite não é nada mal rsrsrsrsrsrrs

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  13. Ai, Flor... Lany sempre me recomendava essa fic... e eu simplesmente adorei!!! Posta mais, por favor!

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  14. ADOREIIIIIII ESSA FIC!!!!!
    CONTINUA FLORR ;D!

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  15. Aah,
    eu ADORO essa fic!*-*

    Nossa, vou com o Jazz para La Push!
    Rsrs

    Aah, o Ed ficou com ciúmes. Rsrs

    É impressão minha o Jake está com ciúmes??

    Beeeeijoos!

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  16. Como eu faço para ver os outros capítulos? Me ajudem por favor estou desesperada!

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