15 de abril de 2011

Além do Crepusculo by Lilly Angel88

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Além do Crepúsculo











Disclamer: Como vocês devem imaginar Crepúsculo não me pertence porque se não eu tava de férias no Caribe tomando um drinque com um gato do lado e não pegando no batente e esperando as aulas começarem pra escrever a monografia. Enfim voltando à realidade. Crepúsculo é da sortuda e talentosa Stephenie Meyer, assim como algumas citações da fic, que pertencem a própria Saga Crepúsculo, mas essa estória aqui, sim é minha.

Aviso: Essa fic é UA ou AU como preferirem. As personalidades dos personagens continuam as mesmas, mas algumas características deles como vampiros e do universo da tia Steph serão alteradas, como o fato da Bella não existir.

Aviso²: Como em breve começarei minha monografia às vezes os capítulos poderão demorar um pouco, mas se vocês gostarem mesmo dela, prometo que continuarei postando aqui sempre que puder.





Prólogo
‘Este gênero de união, criada e alimentada pelo sacrifício, tem o nome de amor. E não existe amor sem sacrifício. E não há outra coisa a que tão propriamente se possa chamar amor como à decisão desinteressada de tornar feliz outra pessoa custe o que custar.’
Paulo Geraldo


Se me dissessem há um tempo atrás que Crepúsculo era real e que eu seria a protagonista dessa história, com certeza teria considerado a pessoa em questão totalmente insana. Entretanto aqui estou eu, no meio de uma disputa entre humanos e vampiros, arriscando minha vida por um vampiro... Pelo meu vampiro.

É verdade que estava assustada e com medo. Muito medo, admito, mas havia um sentimento muito mais poderoso dentro de mim, que parecia inundar todo meu ser. Algo quente, inebriante e terno, que aquecia meu coração como nada mais havia feito, colocando o frio do medo longe. Nada nem mesmo o medo era capaz de obscurecer essa luz que brilhava dentro de mim com a força de mil sóis. Então eu percebi... Aquilo era amor.

Amor incondicional.

Eu finalmente entendia o significado dessas duas palavras, eu as sentia como parte de mim, como se sempre tivessem feito parte de mim e a profundidade e intensidade daquela emoção, quase me roubavam o fôlego. Pela primeira vez em minha vida eu não sentia aquele vazio no peito. Eu finalmente me sentia... completa.

E eu mal podia acreditar.

Enquanto a maioria das pessoas busca esse tipo de amor a vida inteira e alguns apenas conseguem sonhar com ele, eu por mais incrível e surpreendente que fosse, tinha alcançado, verdadeiramente o tinha vivido.

E agora que ele precisava de mim me dei conta de que faria algo para que tudo estivesse bem, morreria por ele até. E por mais estranho que fosse, a idéia de morrer por ele me dava uma sensação de dever cumprido. Como se minha vida tivesse um real sentido. Como se nada fosse em vão. Como se toda a minha vida, se convergisse naquele único momento, naquele ato de desprendimento.

Meu coração se serenou, assim como minha expressão. Um sorriso satisfeito curvou os lábios do caçador, que trazia a morte nos olhos.

Minha morte.

Sabia que se não tivesse conhecido Edward, nada disso estaria acontecendo. Mas tudo que eu conseguia pensar, era que se tivesse uma oportunidade, uma única oportunidade de voltar atrás... Faria tudo de novo.

Eu sabia que não haveria um final feliz nessa história, mas talvez devesse ser assim, talvez na vida real uma história de amor como a nossa não tivesse que ter um final feliz.

Talvez...

Eu não tinha certeza de quase nada, não sabia se morreria naquele mesmo dia, se meu sacrifício seria em vão, se ele seria feliz... Mas uma coisa eu sabia do fundo do meu coração. Ninguém, nunca poderia tirar de mim o amor que eu sentia por ele.

Isso ficaria gravado para sempre no meu coração

Na minha alma.

Pela eternidade...

Capitulo 1 – Mudanças

‘Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações.’
Vinícius de Moraes
’s POV

‘Maria Valentina Pereira Nunes, para com isso já!’ disse tentando fazer minha amiga parar de viajar na maionese.

‘Argh! Não me chame assim, sabe que eu detesto!’ Tina disse irritada.

‘Pelo menos você parou de divagar absurdos.’ Sorri com seu tom irritado do outro lado da linha.

‘Não tem nada de absurdo aqui, .’ Disse com convicção.

‘Ah, não?!’ indaguei incrédula ‘Você está pirando com essa briga por nada!’

‘Nada! E se o Miguel não voltar a falar comigo e se ele se interessar por outra garota?’ seu tom era alarmado agora, quase desesperado.

‘Relaxa! Você é linda, interessante, inteligente e engraçada. Só um idiota terminaria com você. Além do mais ele sabe que está errado, vai te pedir desculpas.’ Era totalmente incrível como ela simplesmente não se dava conta disso sozinha, mas não me importava de ter que falar isso pra ela.

‘Você está dizendo isso só porque é minha amiga, mas eu sei que não sou tudo isso.’ Revirei os olhos, mesmo que ela não pudesse ver. Ela realmente não conseguia enxergar as coisas claramente, era incrível!

‘Tina, acorda garota, todos os caras da escola dariam a mão pra sair com você. Você é a garota mais linda do segundo ano e a terceira mais bonita da escola inteira. E isso minha querida é um fato, então pare de drama.’ Eu estava falando a sério, não era só pra animá-la a Tina realmente era linda, sem sombra de dúvidas e todo mundo sabia disso. ‘Além do mais o Miguel é doido por você.’

‘Eu não ligo pra o que todo mundo pensa.’ Eu fiz um barulhinho de incredulidade do outro lado da linha que ela entendeu bem ‘Tá, tudo bem! Eu ligo e adoro, satisfeita!’ ela disse um pouco irritada.

Eu a conhecia bem, ela não gostava de admitir que gostava da atenção dos garotos para não parecer esnobe, aliás esse era um dos motivos, pelos quais eu gostava tanto dela. Apesar de sempre chamar a atenção ela nunca se vangloriava disso como muitas garotas com a aparência e carisma dela fariam.

! Escutou o que eu disse.’ Chamou, me tirando dos meus pensamentos. Pelo tom percebi que não era a primeira vez.

‘Não, desculpa, pode repetir?!’ Pedi meio sem graça. Eu tinha essa horrível mania de as vezes - leia-se: quase sempre - me desligar completamente e divagar sobre tudo, nesse momento era sobre a Tina.

‘Divagando absurdos?’ Seu tom foi sarcástico e risonho.

Touché!

Ela já estava mais que acostumada com as minhas divagações por isso não se irritava quando eu perdia alguma coisa, mas sempre se vingava zombando um pouco de mim.

‘Que coisa feia usando minhas palavras contra mim.’ Meu tom era falsamente magoado.

Ela riu.

‘Tive uma boa professora.’ Tina agora tinha um tom presumido na voz.

‘Tá, tá!’ disse tentando encerrar o assunto ‘Mas o que você me perguntou, que eu não ouvi?!’

‘Ah, eu disse que já faz três dias que ele não fala comigo.’ Tina disse voltando ao seu tom de lamento, eu quase me arrependi de voltar ao assunto, mas precisava fazer ela entender, que suas preocupações eram totalmente infundadas.

‘Dá um tempo pra ele, Tina, ele precisar pensar, perceber que foi ele quem errou, engolir seu grande orgulho e pedir desculpas a você.’

‘E se ele não falar?’ ela perguntou cheia de dúvidas.

‘Ele vai, confia em mim.’ Disse com convicção.

Ela deu um grande suspiro antes de falar.

‘Tudo bem, eu vou esperar... Bom vou tentar, pelo menos.’ ela soltou um risinho fraco.

‘Vai dar tudo certo, eu sei.’ E sabia mesmo, conhecia bem meu primo e sabia que apesar de ser tão orgulhoso ele reconheceria que estava errado.

‘Certo.’ Tina disse um pouquinho mais animada ‘Eu vou ter que desligar minha mãe está chamando, amanhã a gente se vê.’

‘Até amanhã, então.’ Me despedi.

‘E ’ Chamou antes que eu desligasse.

‘Sim?’

‘Obrigada, amiga.’ Sorri ao ouvir seu tom agradecido.

‘Estamos aqui pra isso!’ Disse num tom de brincadeira, pra ela não perceber o quanto eu tinha ficado emocionada com o que ela disse.

É, eu sou uma boba, chorona. Uma verdadeira manteiga derretida, fato.

‘Boa noite!’ Ela disse por fim.

‘Boa noite, tchau!’

Desliguei o telefone e girei sobre o meu corpo ficando deitada de barriga pra cima. Era tão bom ter uma amiga, sei lá, para a maioria das pessoas deve ser algo bem comum, mas para mim era totalmente diferente. Era... especial. Quer dizer, eu tinha um monte de conhecidos e colegas, pessoas que eu gostava de passar o tempo, eu até tinha alguns, poucos, amigos – note o gênero. Eu sempre tinha sido a garota dos amigos e de nenhuma amiga. Também convivendo durante toda a minha vida, apenas entre garotos - primeiro meu irmão, depois meus onze primos e todos os amigos deles – eu realmente não podia esperar por mais. Por isso era difícil para mim, arranjar companhia feminina com menos de 30 anos de idade.

E na escola tão pouco se mostrou um lugar fácil de conseguir alguma companhia feminina amiga, alias qualquer espécie de companhia. Tinha um monte de colegas convenientes com quem eu podia pegar a matéria de uma aula que eu tinha faltado ou fazer trabalhos em grupos, mas para mim amizade de verdade era algo bem diferente do que essa superficial troca de amabilidades e favores, talvez por isso eu não fosse lá muito solicitada para qualquer coisa que fosse.

Eu era só a aluna mediana que não se destacava em absolutamente nada e que parecia não se encaixar muito bem em qualquer lugar. Isso não quer dizer que eu vivia em uma caverna ou era algum tipo de anti-social, pelo contrário eu sempre falava com todos, era... agradável. Conversava com todos e não me metia em fofocas, era neutra, nem mais, nem menos. Nem um pouco extraordinária. Normal. Uma garota comum num ambiente cheio de pessoas superficiais. Algo que eu também fingia ser, na tentativa de me encaixar de algum modo, que piada!

Eu me sentia tão... sozinha! Sabia que a minha família me amava, mas todos sempre estavam tão ocupados com suas próprias vidas e responsabilidades. Quanto aos meus primos e meu irmão, bom eles tinham seus próprios amigos, para terem que ficar o tempo todo prestando atenção em mim. Eu, sinceramente não os culpava. E na verdade não era a companhia deles ou dos meus avós ou pais, que eu realmente queria. Eu só queria de verdade era ter alguém da minha idade, com quem conversar, alguém que me visse como eu era e gostasse do que via. Alguém com quem eu pudesse compartilhar meus segredos e falar algumas besteiras, sem me importar em ser julgada, sem ficar me preocupando em ser legal e agradar, porque ela gostaria de mim assim mesmo, alguém com quem eu sempre pudesse contar e que também pudesse contar comigo.

Mas depois de um tempo eu desisti de pensar nisso, me conformei com a minha vidinha simples e apagada. Desisti de ter uma amiga de verdade.

Até conhecer a Tina e logo depois Lígia. Me senti tão feliz por conhecê-las! Mesmo que fosse algo pequeno na visão da maioria das pessoas.

Tina veio de São Paulo para morar com o pai divorciado e desde o primeiro dia, quando ela sentou do meu lado, nos tornamos amigas. Eu gostei dela desde o primeiro momento. E mesmo ela se tornando uma das garotas mais requisitadas por todos os garotos da escola e se tornando popular, ela nunca tinha me abandonando. Ela era linda, não só bonitinha como muitas garotas, mas realmente linda, ela até tinha feito alguns comercias e trabalhos como modelo fotográfica em umas campanhas pequenas, o que com certeza reafirmou sua popularidade, não que ela realmente ligasse para isso. Afinal ela queria mesmo era juntar dinheiro para pagar a faculdade de medicina dela... Isso mesmo, além de linda ela era muito inteligente. Nada mais, nada menos do que a primeira aluna da sala. Do tipo crânio mesmo. No entanto ninguém a chamava de CDF, apesar dela ser.

Depois veio a Lígia irmã gêmea não idêntica e totalmente diferente da Tina. Lígia foi um caso a parte, eu não me aproximei dela, aliás eu até ficava um pouco intimidada sempre que a via, mas a admirava de longe. Ela era agressiva e sabia se impor, o que fazia com que muitos garotos tivessem medo de se aproximar dela e muitas garotas nem chegassem perto, como eu. Mas ela era quase tão popular quanto a Tina, afinal ela era a estrela do vôlei e estava cotada pra entrar na seleção brasileira de vôlei. Nos tornamos amigas graças a Tina e logo descobri que apesar de durona ela tinha um coração de manteiga como eu. Ou quase...

Éramos sem dúvida o trio mais desencontrado e diferente de toda escola. Tina a linda, popular e aluna número um. Lígia a estrela do vôlei, quase tão popular e rebelde sem causa. E eu a garota comum, praticamente invisível, aluna mediana e meio certinha.

E de garota semi-transparente eu me tornei, a garota quase popular. Todos, além do meu pequeno círculo de colegas habituais, passaram a saber meu nome e falar comigo. Não que eu tivesse me tornado amiga delas pela popularidade, eu sinceramente não me importava. Até porque se eu realmente tivesse me aproximado delas com esse objetivo, eu teria sofrido uma grande decepção. Afinal as pessoas me travam bem, tentavam se aproximar de mim ou falar comigo, não porque queriam se aproximar da MacKeltar – e podem culpar meu pai pelo sobrenome incomum - ou serem minhas amigas. Não... Elas só queriam falar com a a amiga da Tina ou a amiga da Lígia e saber tudo sobre elas ou apenas se aproximarem delas através de mim.

Eu tinha me tornado uma ponte. Isso resumia toda a ópera. E eu detestei isso quase tanto quanto a minha antiga vida solitária. Quase. Porque agora pelo menos eu tinha as duas do meu lado o que tornava tudo, mais tolerável. Acho que era meu preço por conseguir amigas tão incríveis.

E era exatamente por esse motivo que eu ria um pouco agora depois de recapitular, nossa conversa. Todo o drama que a Tina estava fazendo pela primeira briga dos dois, por um motivo totalmente bobo. Era realmente engraçado o quanto a Tina se sentia insegura em relação a isso. Quer dizer ela era o tipo de garota que qualquer cara com o mínimo de bom senso ia querer conservar. Todos os garotos da sua longa lista de namorados, bem que tinham tentado. O fato era que ela tinha terminado com todos eles. Por isso era difícil para uma simples mortal como eu entender toda essa insegurança, não da parte dela, pelo menos... Afinal desde que chegou era ela que sempre terminava com os garotos e não eles com ela. É claro que o meu primo era diferente da maioria, ele estava pouco se lixando com popularidade e beleza, mas ainda sim ela não devia se sentir tão insegura.

Neguei com a cabeça com a singularidade da situação.

Me estiquei na cama, sorrindo e meu braço acabou esbarrando em algo duro e retangular. Logo me lembrei que era meu livro preferido: Crepúsculo. Que eu tinha parado de ler pra atender a ligação de três horas que tive com a minha amiga.

Me virei de novo na cama e segurei o livro, já com alguns amassados, dobrado em algumas pontas e todo riscado sob os trechos e as minhas frases favoritas. Mesmo já sendo a sétima vez que eu lia aquele livro não me cansava. Era um círculo vicioso, eu ficava dois meses sem ler o livro e depois começava a ler a saga inteira de novo, parava por mais dois meses e depois começava tudo de novo e de novo.

Eu adorava histórias sobre vampiros e amava romances, por isso foi impossível não me apaixonar por Crepúsculo.

Era minha história preferida.

Uma humana que se apaixona por um vampiro. Mas era mais que isso, era mais do que essa história central, que me cativava e atraia. Eu sentia que tinha mais a ver com os personagens do que com a história em si. Apesar de eu não gostar dos nomes que a autora tinha dado para eles, afinal nem tudo é perfeito.

Não tinha como não se apaixonar por eles. Anne a pequena fada saltitante sempre junto de Ronald aquele que sempre podia controlar as emoções. O doutor Carleill com a doce e maternal Sophie. Kenneth e seu jeito brincalhão ao lado da sempre vaidosa Caroline Howell. Até mesmo com ela eu passei a simpatizar. E aquele que eu mais gostava, Edmund Connors. Eu era total e completamente apaixonada por ele e isso era um fato incontestável, por mais louca que essa afirmação fosse. Afinal não é absolutamente normal uma garota ser apaixonada por um personagem de livro.

Mas quem disse que eu era totalmente normal?

Quer dizer Tina tinha uma longa lista de ex-namorados e agora mesmo estava namorando. Até mesmo Lígia a senhorita osso duro de roer tinha arranjado um namorado, muito do corajoso, na minha opinião. Sem contar todas as outras garotas da minha classe. E eu com 16 anos de idade ainda não tinha dado meu primeiro beijo. Se isso não é estranho, eu não sei o que mais é. Não só estranho como constrangedor também.

Em parte isso era culpa minha, já que eu ainda sou uma tola romântica que acredita no amor verdadeiro e que só quer dar seu primeiro beijo quando estiver realmente apaixonada.

É claro que a minha relutância em trocar saliva com um membro do sexo oposto não se resumia apenas na minha paixão secreta e totalmente platônica por Edmund Connors, ou com certeza já teria procurado ajuda profissional especializada.

Em todo o caso, haviam vários motivos por trás desse meu “estado” de celibato auto-imposto, por assim dizer. Primeiro e mais importante eu queria estar apaixonada, veja bem nem precisava amar o cara em questão, só estar apaixonada, atraída o mínimo que fosse e que o garoto também estivesse realmente interessado em mim e não em se dar bem com uma garota ou em me usar para se aproximar das minhas amigas. Sim, isso já tinha acontecido.

Esse era exatamente o segundo motivo, depois que eu tinha me tornado melhor amiga das duas, vários garotos começaram a tentar chamar a minha atenção, eu até saí uma vez com um dos imbecis, mas logo descobri o que ele realmente queria de mim, depois disso eu nunca mais tentei sair com ninguém da escola.

O terceiro motivo era que todos os caras que não eram da escola e não queriam subir na escala social escolar ou sair com as minhas amigas e que pareciam levemente interessados em mim, tinham dois defeitos básicos: ou eram toupeiras completas, como foi o caso de um garoto que teve a coragem de me mandar uma cartinha romântica com tantos erros de português que eu achei que fosse criptografia ou talvez a solução para o código Da Vinci - e eu fui muito lenta pra descobrir –; haviam também os esquisitos, como uma vez que um garoto que todo mundo tinha certeza que era gay e com quem eu era muito próxima tentou me agarrar e acabou levando uma bela joelhada, como esses haviam outras bizarrices do gênero na minha vida.

Então não era que eu não queria, eu queria e muito! Mas eu simplesmente não tinha sorte com os homens. Era isso. E depois que Edmund Connors apareceu na minha vida, nenhum cara pareceu o suficiente bom para mim.

Era por esse motivo que eu tinha virado uma mentirosa consumada. Eu mentia a torto e a direito sobre um admirador secreto que me mandava uma rosa uma vez na semana para a escola, na verdade era eu que me mandava essas rosas. É, eu definitivamente sou patética. Sempre me dizia que isso era marketing pessoal, mas eu sabia que era só para não parecer tão abandonada pelo sexo oposto como eu realmente me sentia.

Ninguém sabia que eu fazia isso, até porque seria incrivelmente humilhante e embaraçoso. Nem mesmo as minhas melhores amigas. O que me dava um grande sentimento de culpa, por mentir para elas, mas eu simplesmente não queria falar sobre isso com elas. Não tinha a ver com confiança, porque eu sabia que elas não zombariam de mim por isso, talvez tivesse a ver com um pouco de orgulho, mas principalmente porque eu sabia que se elas descobrissem não me deixariam em paz e tentariam arranjar um namorado pra mim. E eu sabia muito bem que essa história não ia dar certo, por isso preferia ficar calada.

Decidi deixar esses pensamentos deprimentes de lado e voltei a ler sobre Edmund Connors, minha impossível paixão platônica.

~*~

Acordei com a minha mãe me chamando para jantar, a ultima coisa que eu me lembrava era estar lendo o segundo capítulo de Crepúsculo e provavelmente em algum ponto eu tinha dormido.

Mas rapidamente me levantei quando ela disse que tinha uma surpresa num tom animado. Ana Francisca MacKeltar - mais conhecida como Fanny, apelido que papai deu a ela e que ela não gostava, mas que tinha se tornado estranhamente popular entre todos – psicóloga e conselheira de relacionamentos, não era muito conhecida pela sua animação, na maior parte do tempo. Minha mãe era uma pessoa séria, durona, metódica e decididamente paranóica, mas tinha seus momentos de mãe carinhosa e super protetora. Então eu sabia que fosse o que fosse era muito bom.

Sai do quarto, logo atrás dela e vi que não tinha me enganado, a surpresa de quase 1,80 de altura estava parado bem no meio da sala, falando com William, meu irmão.

- Papai! – Sai correndo para abraçá-lo.

Ele se virou pra mim e me girou no ar como sempre fazia quando voltava de viagem desde que eu era pequena.

- Saudades. Você demorou muito mais tempo dessa vez.

- Também senti saudades, princess. Eu tinha alguns assuntos para resolver que acabaram estendendo a minha viagem mais do que o esperado. – Meu pai me disse naquele sotaque britânico forte que ele tinha.

Henry Cromwell MacKeltar, co-piloto da American Airlines – o que nunca me garantiu viagens internacionais grátis, aliás eu nunca sai do Rio de Janeiro, só para constar, irônico sim eu sei e triste também – inglês, com descendência escocesa, aliás era daí que vinha o curioso MacKeltar. Papai não fazia muito o estilo inglês frio e indiferente, pelo contrário... Ele era fã do Rush, Led Zeppelin e Rollings Stones. Sim papai era um garotão de 50 anos, divertido, brincalhão e charmoso - o completo oposto da minha mãe. Ainda era um verdadeiro mistério para mim como eles ficaram juntos, sendo tão diferentes, mas enfim… são coisas da vida.

Eles se conheceram quando mamãe estava na Inglaterra fazendo seu doutorado em psicologia e papai ainda tentava tirar o seu brevê. Acabaram se apaixonando e alguns anos depois eu nasci, meu irmão veio logo em seguida.

- E então filha, o que você prefere? – Ouvi meu pai me acordar.

- Entre o quê? – Perguntei confusa.

- No mundo da lua de novo, cabecinha de vento?! – Disse rindo.

- Pai, você sabe que eu detesto esse apelido bobo! – Respondi meio irritada.

- Tudo bem. – Ele respondeu rindo de novo da minha cara de brava. Às vezes ele conseguia ser irritante.

- E então o que você disse? – Perguntei cruzando os braços.

- Eu perguntei se você prefere comer ou saber das novidades?

- Que novidades?

- Então prefere ouvir antes de comer?

Hum... Duvida cruel, matar minha curiosidade ou minha fome? O forte ronco na minha barriga respondeu por mim.

- Fanny melhor você preparar o jantar. – Ele disse para minha mãe enquanto ele e meu irmão riam de mim.

Homens, eles as vezes eram impossíveis!

Edward Cullen’s POV

Tédio.

Um grande e enorme tédio. Isso era o colegial, segundo grau ou como queiram chamar.

Se já não estivesse morto tenho certeza que esse maldito tédio me mataria, ou então pensaria seriamente no suicídio.

Como sempre várias vozes falavam na minha cabeça nessas horas e na verdade em muitas outras. Eu realmente adoraria ter um botão para desligar meus poderes, principalmente quando a outra opção era ouvir os irritantes pensamentos de Mike Newton ou as incessantes ladainhas mentais de Jéssica Stanley que não parava de suspirar por Mike.

Mas de certa forma deveria agradecer por ela ter superado sua paixão platônica por mim, do começo do semestre, na época era quase insuportável agüentar toda a euforia mental que ela tinha toda vez que estava no mesmo recinto que eu. Jéssica era e ainda é uma das humanas que mais gritava na própria mente com quem eu tive o desprazer de cruzar e ficava mais alto quanto mais próximo ficava dela e sua euforia não tinha limites, por isso passei quase um mês fugindo e me esquivando da garota, até que ela finalmente desistiu e passou a se interessar pelo pseudo popular Mike Newton.

Hoje, entretanto era um dia ruim para tentar ignorar todos os pensamentos, como eu sempre fazia para abaixar o volume das vozes e transformá-las em apenas um baixo zumbido. Isso porque Jéssica estava nas nuvens e totalmente suspirante por conseguir ajudar o Newton nos estudos e passar algum tempo a sós com ele. Ela nunca esteve tão alta.

Resolvi então me focar na mente de meus irmãos.

Rosalie mais uma vez pensava no quanto o grande sucesso que a nova fragrância da sua companhia de perfumes, Hale Essências, a faria ficar famosa e colocaria seu nome, ou melhor, o nome da companhia, no topo do mundo, como ela não parava de repetir em pensamentos. Essa tinha sido a forma que Rosalie tinha encontrado de se tornar famosa e alimentar seu grande narcisismo, sem comprometer nossas identidades. Na verdade a idéia brilhante tinha sido de Esme, quem finalmente a tinha desencorajado a tentar uma carreira de modelo. Depois disso só foi uma questão de gastar um pouco de tempo testando combinações de aromas e contando com o melhor sentido de todo vampiro, o olfato. Em pouco tempo Hale Essências se tornou um império. E agora de acordo com seus pensamentos se tornaria a maior companhia de perfumes do mundo. Definitivamente me focar na mente egocêntrica de Rosalie era garantia de irritação e aborrecimento. Afinal ela conseguia ser tão profunda quanto uma colher de chá.

Em contra partida a mente do meu irmão Emmett nunca me aborrecia realmente, irritava um pouco as vezes, mas era sem dúvida mais confortável ler seus pensamentos simples e sinceros do que o de qualquer outra pessoa. Eu nunca me sentia invasivo quando estava na mente dele, havia poucas coisas que meu irmão pensava, que não dizia ou fazia. O que não acontecia com meus outros irmãos, mas eles já tinham se acostumado com a falta de privacidade. Agora mesmo Emmett estava animado com a próxima corrida da Nascar que participaria. Apesar de não poder correr como piloto o que seria perigoso para todos nós, por razões óbvias - algo que ele tinha entendido muito melhor que Rosalie - ele tinha se tornado o engenheiro e mecânico chefe de uma das equipes da Nascar, o que para ele estava de bom tamanho. Emmett apesar de não ser tão profundo era sem duvida mais agradável que minha irmã.

E Alice estava… ansiosa.

Sabia disso mais pelos sentimentos que Jasper podia sentir vindos dela que pelos próprios pensamentos dela, que nesse momento pairavam distraidamente na sua nova linha de roupas para a grife Brandon. Não havia real interesse nos seus pensamentos, ela só estava pensando nisso para ocultar algo de mim e ela fazia isso melhor do que qualquer pessoa da minha família. Mas eu sabia que isso tinha a ver com suas visões, ela não costumava esconder suas visões de mim. No entanto de um tempo pra cá ela tinha feito de tudo para passar o mínimo de tempo do meu lado para não ser pega desprevenida tendo uma de suas visões repentinas. Eu estava ficando cada vez mais curioso com todo esse mistério, porque sabia que tinha algo a ver comigo, já que ela não estaria tão determinada em me evitar se o motivo fosse outro. Confiávamos demais um no outro para ser diferente.

Sabia também que o que ela escondia de mim tinha algo a ver com a nossa atual estada em Forks. Tinha sido Alice quem sugeriu que viéssemos passar um tempo em Forks e voltássemos a escola. É claro que eventualmente fazíamos isso, mudávamos de cidade e começávamos tudo de novo. No entanto Alice tinha sugerido isso mais cedo do que o esperado e apesar de ser um pouco incomum a minha irmãzinha tinha, como sempre, conseguido convencer a todos nós a fazer o que ela pedia. Era por culpa dela que agora estávamos novamente em Forks e que nós quatro tínhamos sido obrigados a voltar a escola.

Jasper era o único de, nós além de Esme e Carlisle, que não tinha que passar por isso. Ele tinha sido transformado com mais idade que nós quatro e apesar de não parecer tão mais velho que nós ele sempre usava isso como desculpa para não ter que voltar para o colegial. Agora ele provavelmente estava no seu escritório em Port Angels ou investigando algum caso que ele tinha pegado recentemente. Jasper possuía uma pequena agência de detetives no lugar e sempre resolvia casos para quem não podia gastar muito dinheiro. Ele adorava poder usar suas habilidades para resolver os casos, eu sempre o ajudava nos casos que tinha para resolver – nessas horas poder ler a mente de todos era uma ótima vantagem - principalmente quando sabíamos que havia algum vampiro fora da linha no caso.

Muitos de nós, não gostavam de respeitar as regras, se achavam acima de tudo e tratavam os humanos como meros pedaços de carne. Matavam e maltratavam humanos sem nenhum motivo, afinal não precisávamos matar para nos alimentar deles. Não hoje em dia que havia varias outras formas de fazermos isso.

Grande parte dos sociopatas e psicopatas que atacavam os humanos eram na verdade, vampiros. Apesar dos Volturi cuidarem de vampiros como esses, não podiam estar em todos os lugares, então apesar de nunca querermos fazer parte deles, sempre os ajudávamos quando resolvíamos casos envolvendo vampiros perigosos. Também cuidávamos de casos corriqueiros envolvendo desaparecimentos, roubos e coisas menores. Não eram os meus preferidos, mas no momento qualquer coisa seria melhor do que ter que assistir mais uma aula de física, algo que estava cansado de saber – quando se é um vampiro há realmente poucas coisas que não sabemos, ainda mais quando se trata de colegial, nós tínhamos muito tempo livre. No final o único que estava sofrendo realmente com a nossa mudança era eu que podia cuidar dos casos apenas a noite.

Enquanto Emmett, sempre podia viajar para acompanhar a equipe dele quando quisesse e Rosalie podia muito bem administrar sua empresa daqui e fazer suas fragrâncias no laboratório que havia em baixo da nossa casa…

A visão de Alice foi tão repentina que me pegou de surpresa me tirando rapidamente dos meus pensamentos.

‘Um humano... não uma humana, sentado de baixo de uma árvore, abraçando o próprio corpo de cabeça baixa, enquanto a chuva aumentava cada vez mais, com raios e trovões. Alice ia em direção da humana segurando um guarda-chuva que colocou bem em cima da cabeça da garota.

- Se continuar nessa chuva vai acabar ficando doente. – Disse na sua voz musical, parecendo preocupada.

Agora eu podia ver os cabelos molhados de chuva da garota, ela levantou a cabeça, mas antes que eu pudesse ver o seu rosto a visão acabou.’

Percebi que Alice tinha deliberadamente desviado seus pensamentos para começar a soletrar mentalmente o alfabeto em hebraico, para bloquear a visão. Não consegui deixar de me surpreender com a rapidez que ela conseguiu se desviar da sua visão, normalmente não era assim tão fácil ou rápido, não sem que ela ficasse com uma grande dor de cabeça no processo. Alice definitivamente não queria que eu descobrisse algo. E devia ser realmente importante.

Será que teria a ver com a humana na visão? Provavelmente... E porque eu sentia esse estranho sentimento de antecipação ao cogitar essa possibilidade?

Antecipação por uma humana? Para conhecê-la? Não! Acho que esses meses nessa escola estavam começando a afetar minha mente.

Neguei com a cabeça tentando ignorar aqueles pensamentos absurdos.

Eu não sabia o que aconteceria, mas tinha certeza que essa história não ia acabar bem, principalmente para mim.

’s POV

Tínhamos acabado de jantar e estávamos na sala conversando sobre a novidade que papai queria falar com a gente. No primeiro momento eu tinha adorado saber que meu pai tinha sido finalmente promovido a capitão, mas quando ele disse que seria transferido para outra filial da companhia nos Estados Unidos e que nos mudaríamos em um mês para uma cidade que eu nunca tinha ouvido falar... Digamos que um soco no estômago não teria me deixado mais atordoada, por isso demorei um bom momento para conseguir falar.

- Você está brincando, não é?! – Perguntei o nervosismo e incredulidade na minha voz era notável até mesmo para mim. Tinha que ser brincadeira!

- Não é muito sério. – Disse papai num tom de gravidade que poucas vezes eu tinha ouvido ele usar. – Nós vamos nos mudar. – Disse num tom definitivo que não dava brecha a qualquer argumentação. Ele provavelmente tinha percebido que eu não gostei nenhum pouco da idéia.

- Você não pode fazer isso comigo! – Disse numa voz estridente, levantando intempestivamente.

- ... – Dessa vez foi minha mãe, que disse meu nome num tom de aviso.

- Mãe a gente não pode se mudar e ainda mais para os Estados Unidos! Todos os meus amigos estão aqui, minha vida está aqui.

- Querida, eu sei que isso vai ser difícil para você... – Ele nem tinha idéia. – Mas nós temos que mudar, por favor querida entenda, é uma ótima oportunidade, nada mais de viagens internacionais, vou poder ficar mais tempo em casa, ganhar mais e poderei pagar uma ótima universidade para você e seu irmão. Você sabe que eu estive esperando por algo assim durante muito tempo.

Eu sabia que tudo o que ele disse era verdade, mas naquele momento, eu só conseguia pensar que ele ia me tirar do único lugar que eu conhecia e dos meus amigos.

- Tudo bem! – Disse firmemente cruzando meus braços. – Vocês podem ir eu vou ficar aqui, com a minha avó.

- Nada disso mocinha você vai connosco. – Seu sotaque saiu muito profundo quando ele falou, um indício bem claro do quanto ele estava irritado. Papai podia ser um cara super legal e alguém bem liberal, mas nunca admitia ser contestado, como eu estava fazendo agora.

- Você não pode me obrigar. – Disse realmente alto, sem pensar.

- É claro que posso! – Ele falou se levantando do sofá como eu tinha feito. – Você é minha filha e menor de idade. Você vai! – Seu tom saiu muito alto quando terminou.

Nunca o tinha visto tão irritado, pelo menos não comigo. Ele sempre foi uma pessoa calma que quase nunca levantava a voz e nunca para mim. Esse normalmente era o papel da minha mãe. Era papai que sempre apaziguava nossas brigas. O choque de vê-lo perder a calma comigo tão rápido me desconcertou e fez com que eu me calasse.

Olhei do meu irmão que parecia tão surpreso quanto eu, para minha mãe que não parecia totalmente surpresa com a reação do meu pai.

- Mãe. – Pedi olhando para ela. – Você não pode concordar com isso! Porque está apoiando essa loucura! Você tem seu trabalho e amigos aqui também.

Sei que estava apelando, mas não podia me mudar, não agora...

- Nós vamos nos mudar , você querendo ou não. – Mamãe respondeu com calma.

Então eu entendi.

- Há quanto tempo você sabe?

Não teria como ela aceitar isso tão facilmente se já não estivesse preparada, ela era muito metódica para agir diferente.

- Há algum tempo. – Ela respondeu por fim.

Olhei para o meu irmão em busca de alguma ajuda, ele deu de ombros como se se desculpasse comigo. Parece que ele tinha aceitado isso muito melhor que eu. Mas o que eu podia esperar do meu irmãozinho nerd, seus melhores amigos eram os livros e ele detestava a escola em que nós estudávamos por todos zombarem dele, provavelmente seria um lucro para ele, mesmo sem a presença dos meus primos.

- Ótimo! – Disse numa voz alta com raiva, meus olhos já ardiam.

Droga!

Eu odiava chorar, mas pior do que chorar era chorar na frente de outras pessoas. Por isso terminei dizendo mais besteiras pra sair da sala o mais depressa possível.

- Podem ir, mas não contem comigo. – Sai correndo da sala para meu quarto e bati a porta com força.

Ainda pude escutar meu pai gritando meu nome e minha mãe o acalmando dizendo que era melhor me deixar sozinha. Dessa vez ela tinha razão.

Liguei o som para não escutar mais nada do lado de fora. Conspiracy do Paramore tocava alto no rádio e no momento estava perfeito, tudo parecia mesmo uma grande conspiração e eu realmente me sentia só. E estaria muito mais só em breve...

Droga!

Meu rosto estava quente e já podia sentir as primeiras lágrimas caindo. Sentei no chão encostando na cama e abracei minhas pernas junto ao corpo.

Será que eles não entendiam, que eu simplesmente não podia ir embora para um lugar que eu não conhecia, tendo que começar tudo de novo. Mais sozinha do que nunca, sem minhas amigas, sem nem ao menos poder contar com a presença dos meus primos ou da minha avó. Só pensar nisso me fez soluçar forte. Minha vida estava perfeita, mais que perfeita. Eu tinha amigas, eu finalmente sentia que tinha me encaixado de alguma forma, eu não estava mais sozinha... E agora eles vinham e tentavam tirar tudo isso de mim!

Chorei de raiva, solidão e tristeza. Em poucos minutos meu choro ficou tão forte que meu corpo inteiro tremia.

Eles não tinham idéia do quanto era difícil... Mas eu tão pouco fiz questão que eles soubessem o quanto as vezes me sentia infeliz com a minha solidão, não queria preocupá-los, também não queria que me achassem ridícula por me sentir tão sozinha - tendo toda a minha família por perto - como era toda vez que eu me sentia quando pensava mais profundamente em tudo aquilo. Mas também era inevitável. E eu nem ao menos sabia o quanto me sentia sozinha até conhecer Tina e Lígia, só para descobrir que agora, mais uma vez eu me sentiria sozinha novamente, muito mais do que antes porque agora eu sabia exatamente a extensão da minha solidão e não teria mais primos para tentar disfarçá-la.

Não era justo! Mas como Bella mesmo disse, a vida não era justa.

O sentimento de culpa veio rápido e forte. Eu tão pouco estava sendo justa com meu pai, ele tinha esperado quase dez anos por uma boa oportunidade e agora que ele tinha uma, eu fazia um escândalo e agia como uma garotinha egoísta e mimada.

Mas eu não era perfeita, tão pouco fazia o estilo altruísta, no entanto aceitei rapidamente o sentimento de resignação, por saber que no fim eu acabaria pegando aquele avião e deixaria as pessoas que eu amava para trás.


N/A: Oi pessoal! Bom, sou nova por aqui, na verdade achei esse site por acaso. Na verdade já estava postando essa fic em outro site, mas como o site em questão está em manutenção e eu realmente achei o trabalho daqui muito legal, então resolvi postar aqui também.
Esclarecendo algumas coisas: Vocês devem estar um pouco confusas sobre os nomes… esclarecendo, eu só mudei eles como a autora colocou nos livros, mas os nomes deles serão mantidos na fic, coloquei assim porque seria muito estranho se eles tivessem exatamente o mesmo nome que no livro ou vice-versa vocês sacariam logo quem eles eram, por isso eu mudei o nome nos livros da saga para manter o original na fic, se vocês repararem eu coloquei os primeiros nomes que a tia Steph escolheu para o Jasper e a Rosalie. Espero que vocês tenham gostado e que comentem!!!

Capitulo 2 - Despedidas
‘O mais triste de uma despedida é a incerteza de uma volta.’
(Autor desconhecido)

’s POV
O mês passou assombrosamente rápido para a minha infelicidade, no fim, e nesse momento tão odiosa lei da relatividade atuava contra mim. Fato!
Pelo menos uma coisa boa tinha acontecido, papai e eu havíamos feito as pazes. Não que fossemos ficar naquele climão chato, que ficou depois do meu “ataque” ou que ficaríamos dias sem nos falar, de qualquer modo, afinal não conseguíamos ficar sem nos falar por muito tempo. Só precisávamos de espaço e tempo para esfriar os ânimos, colocar a cabeça no lugar e nos entendermos para tudo ficar bem.
Eu entendi porque ele ficou tão bravo, ele havia se magoado com a minha atitude negativa, ele tinha esperado que eu ficasse feliz e vibrasse por ele como sempre fiz e minha reação contrária o desestabilizou. Depois de compreender isso não foi difícil pedir e aceitar as desculpas. Afinal ele entendeu o meu lado também – não que isso mudasse seus planos, de qualquer forma – provavelmente não tão profundamente quanto eu em relação a ele, ainda assim era muito mais do que eu podia esperar quando não me abria totalmente nem mesmo com ele.
Minhas amigas receberam bem a notícia... Quer dizer elas receberam a noticia bem melhor do que eu. Tina ficou abertamente triste, como era tão próprio dela, diante da notícia de que íamos nos separar, já Lígia fingiu não se importar muito, como ela sempre fazia, mas eu sabia lê-la bem o suficiente para saber que ela se importava e muito e que estava tão triste quanto a irmã. Mas ao invés de lamentarmos até a minha viagem, decidimos passar a maior quantidade de tempo que pudéssemos juntas. Elas desmarcaram todo e qualquer compromisso que teriam e passamos o resto do tempo, como queríamos, grudadas. Fosse empacotando minhas coisas, indo ao cinema e fazendo muitas compras – esse último cortesia do cartão de credito do papai – ele tinha me avisado que Forks era fria e meu guarda-roupa verão/verão carioca teria que ser substituído. É claro que não estouramos o cartão de crédito dele, na verdade eu provavelmente só comprei um terço da roupa que meu pai havia dito que eu precisaria. Tinha resolvido que compraria o restante das roupas por lá mesmo, afinal o Rio não era conhecido pelas suas roupas de inverno. Ainda assim gastamos um bom tempo escolhendo roupas e nos divertindo no processo.
Vovó, junto com minhas tias, organizou um bota fora em grande estilo, com direito a presença de praticamente toda a família. Devido às ridículas proporções da minha família a festa teve que ser feita na chácara do meu tio, em Petrópolis. A festa de despedida, rapidamente se converteu em uma das maiores reuniões de família dos últimos anos. Revi primos de terceiro e quarto graus que nem lembrava que tinha conhecido. Tina e Lígia, que obviamente foram convidadas junto com tio Hélio, pai delas, ficaram surpreendidas com o número de convidados, que tirando os três, eram todos membros da família. Mas era como vovó dizia, quando a família dava uma festa, ela realmente dava uma festa. E essa com certeza entrou para os anais da família. Tinha tido absolutamente de tudo, desde karaokê – uma verdadeira prova para nossos ouvidos, diga-se de passagem - passando por um jogo de mímica, até um barraco básico, algo que nunca faltava nas festas da nossa família. Ainda bem que vovó tinha marcado aquela festa para dois dias antes da nossa viagem, senão, depois de virar a noite numa festa animada como aquela, não teríamos a menor condição de enfrentar uma viagem tão longa quanto essa.
Agora lá estava eu no aeroporto Tom Jobim, ladeada pelas minhas melhores amigas e meu primo Miguel. Meus pais e William – que por sinal estava lendo um livro só para variar - andavam mais a frente acompanhados de minha avó e minha tia Ana Maria, mãe do Miguel. Eles eram os únicos membros da família presentes, todos os outros estavam confortavelmente em suas casas, por razões óbvias. Toda a minha diversão pelas lembranças da festa e pelo papo agradável que estávamos tendo, se esvaia a cada passo que eu dava em direção a área de embarque. Depois de me despedir do meu quarto, da minha casa - ou melhor apartamento - da casa da minha avó e como Bella fez antes de ir para a cidade de Spoon, também me despedi até mesmo do sol escaldante do Rio que nesse verão tinha estado mais quente do que nunca e mesmo detestando o calor exagerado e as altas temperaturas, sabia que sentiria falta disso como de qualquer outra coisa meramente familiar. E isso era só mais uma prova, do quanto essa mudança estava sendo difícil para mim. Eu, que nunca tinha saído do estado do Rio de Janeiro, agora não só estava mudando de casa, de cidade, como de país, de língua e amigos, isso se eu tivesse a sorte de encontrar algum na nova escola, algo no que eu não apostaria nem um centavo.
A vozinha irritantemente educada no alto-falante anunciou pela segunda vez o número do nosso vôo me fazendo acordar para a minha dura realidade, minha nova realidade. Meu estômago deu um perigoso tombo que me trouxe um forte enjoo, tudo parecia assustadoramente real, agora mais do que nunca. Tudo ia mudar, minha vida nunca mais seria a mesma e isso me amedrontou e deprimiu ao mesmo tempo. Em poucos minutos eu teria que me despedir dos meus amigos, da minha família.
Senti a mão de Tina apertar a minha, como se pudesse sentir meu estado de espírito, num intento de conforto que não funcionou muito, mas que de qualquer forma me fez sentir agradecida, só por ela mostrar o quanto se importava comigo. Não a olhei, sabia que se a olhasse naquele momento romperia em lágrimas e provavelmente ela também.
Já estávamos perto da fila de embarque por isso todos pararam. Era a hora.
- Vai dar tudo certo. – Tina me olhou com uma fraca animação acompanhada de um sorriso apagado – Você vai ver. – terminou mais confiante.
- Você sempre foi a mais otimista de nós três. – respondi, eu não estava tão confiante de suas palavras quanto ela.
- E você sempre foi a drama queen de nós três. – Lígia disse com seu famoso ar de suficiência.
Sorri.
- Ela sempre foi a drama queen de toda a família, afinal é a nossa princesinha. – Miguel corrigiu irreverente como sempre, enquanto apertava dolorosamente minhas bochechas.
Dei um soco de leve em seu ombro, me soltando dele. Ia sentir falta disso... muita falta.
- Vou sentir falta de vocês. – externei meus pensamentos com uma voz tremida por conter o choro.
- Nós também, amiga! – Tina respondeu com a voz se possível mais tremida que a minha.
- Abraço em grupo! – Miguel praticamente gritou, pegando nós três e espremendo num abraço apertado.
Quando nos separamos Tina estava claramente chorando, como eu e Lígia para a minha surpresa parecia secar uma lágrima inconveniente.
- Você tá chorando? – perguntei quase descrente. Nunca em mais de quatro anos de amizade havia visto Lígia derramar uma lágrima sequer, e nós tínhamos passado por poucas e boas.
- Claro que não, tá louca garota! – ela respondeu num tom que variava entre o alarmado e o irritado – Foi só um cisco que caiu no meu olho.
Eu, Tina e Miguel, trocamos um rápido olhar conhecedor, que Lígia nem percebeu.
- Claro, essa era minha segunda opção. – disse num tom falsamente sério que ela pareceu ignorar.
Mais uma vez a voz do além anunciou nosso vôo, acabando com nosso breve momento de diversão. Minha tia e minha avó se aproximaram de nós para se despedirem de mim.
- É melhor não ficar com essa carinha triste – vovó disse segurando meu rosto - senão quando as aulas terminarem, nem vou fazer aquele bolo enorme de chocolate que te prometi quando você vir passar as férias aqui.
Ela estava claramente emocionada com a despedida, mas se mantinha firme, a única coisa que eu podia fazer era seguir seu exemplo.
- Tudo bem vovó. – disse sorrindo realmente ao lembrar que passaria as férias aqui.
- Vamos, ! – papai chamou.
Peguei minha bagagem de mão com Miguel e olhei por um longo minuto para os meus três amigos juntos.
Tina se agarrava a Miguel que tinha um dos braços em torno da sua cintura, Lígia estava logo do outro lado de Miguel com um braço dele sobre o ombro, algo que ela nem parecia notar.
Gravei aquela imagem na minha memória.
- Até logo, então!
- Até, miga! – Tina respondeu.
- Até, moça e vê se arranja logo um gato novo nessa tal de Forks! – todos rimos do conselho de Lígia.
- Juízo hein, mocinha. E nada de seguir o conselho da destrambelhada da minha cunhada, não quero nenhum marmanjo perto da minha priminha.
- Hunf! Olha só quem fala! – disse com deboche.
- É, e destrambelhada é a mãe. – Lígia falou e deu uma cotovelada na costela dele que fez uma careta de dor que pareceu genuína, Lígia sempre soube bater muito bem – Ah, desculpa tia! – ela disse logo depois de perceber que minha tia estava ali, o que fez todos nos rimos mais.
- E assim que chegar tem que nos mandar um e-mail – Tina disse em tom de ordem.
- Pode deixar comigo, chefe – disse batendo continência e dando um tchau a todos.
Me virei e quase corri para a fila de embarque, sabia que se olhasse para trás só tornaria as coisas mais difíceis.
~*~
Eu estava exausta e não era para menos, ficar quase dez horas com o traseiro enfiado numa cadeira – mesmo que fosse acolchoada – era mais cansativo do que eu tinha suspeitado.
A maior parte do voo eu tinha ficado acordada ouvindo meu mp4, totalmente ligada, apesar de não ter dormido quase nada na noite anterior. E na hora que eu estava quase pegando no sono meu pai me acordou dizendo que já estávamos em New York e que teríamos que pegar outro avião para Port Angels.
Perfeito!
Como se não bastasse passar uma vez por aquela situação no detector de metais tive que enfrentar aquilo de novo. Meu pai tinha me olhado culpado, o que fez eu me sentir um pouco melhor, não que eu gostasse de vê-lo se sentir culpado, mas me confortava saber que se ele pudesse, eu não estaria passando por aquilo de novo.
“Aquela situação” pela qual eu tive que passar duas vezes no detector de metais. Foi que eu simplesmente não podia passar pelo detector de metais graças a um atestado médico, que me liberava de uma situação, ainda mais constrangedora, assim o “guarda enfezado do detector” como eu carinhosamente tinha denominado, os dois rabugentos com quem eu tive que lidar, tinham sido obrigados a usar o detector portátil em mim. O motivo desse escarcéu todo, com o atestado, os guardas e o odiado detector, era por causa de uma pequena placa metálica de titânio, que eu tinha na minha linda cabeçinha.
Quando eu tinha 11 anos, estive a ponto de morrer quando caí do quarto andar da casa da minha avó. A queda foi tão terrível que rompi vários ossos na cabeça – e infelizmente em outras partes também - e sofri o que os médicos chamam de traumatismo craniano. Pelo que os médicos disseram, foi muita sorte minha, ter sobrevivido a queda e voltado do coma em que fiquei logo depois da cirurgia. Tinha perdido um ano na escola por causa disso, mas com a ajuda do Miguel consegui me recuperar nos estudos, foi nessa época que nós tornamos incrivelmente próximos.
Quando chegamos a Port Angels, estava frio como gelo. Dei graças aos céus por ter deixado um grosso casaco na minha bagagem de mão e o juntei ao cardigã roxo que vestia. Mas o pior não foi o frio, foi a chuva fina que caia e deixava um rastro úmido no ar. Mau sinal, muito mau aliás, porque eu odiava chuvas e começar meu primeiro dia na minha nova casa com chuva, não pressagiava nada de bom.
Tivemos que pegar um carro de aluguel para chegar a nossa nova casa. E nesse mesmo momento eu estava dentro do quentinho do carro observando a paisagem exageradamente verde.
Linda, com certeza. Mas verde demais para o meu gosto. Talvez porque fosse tão diferente da minha cidade, apesar do Rio de Janeiro ser conhecido pelas suas belezas naturais, ainda era uma cidade grande, onde as áreas verdes eram bem estudadas e ordenadas para se adequar à cidade - e não o contrário - criando vários pontos verdes. As árvores disputavam espaço com edifícios e casas, pontilhando a cidade com verde. Aqui ao contrário, a cidade - ou nesse caso, a estrada - parecia disputar um espacinho no meio de tanto verde. Até mesmo as árvores que sempre me pareceram tão iguais agora eu notava, eram muito diferentes das do Brasil.
O verde do Rio era tão colorido e diverso, diferente desse que só variava em seus tons. O verde não era figura tão predominante a não ser em lugares como o Jardim Botânico e a Quinta da Boa Vista, mas mesmo quando o verde era o ator principal do cenário, as cores coadjuvantes eram muito bem representadas e vistas. Aqui, diferentemente de qualquer parque ou reserva natural que eu já tinha visitado, o verde não era só o ator principal, mas parecia atuar um grande monólogo, e as árvores eram tão desordenadas e se espalhavam por tantos cantos -tirando a própria estrada - que logo se percebia que tudo aquilo era totalmente natural, e eu apostava que aquelas árvores estavam aqui há bem mais de dois séculos, totalmente preservadas. Até mesmo o ar desse lugar era diferente, mais limpo o que fazia minhas narinas arderem um pouco pela pureza dele.
Agora vendo esse cenário verdejante, não consegui deixar de recordar uma passagem de Crepúsculo, logo no primeiro capitulo quando Bella chega a cidade de Spoon e descreve o que via pela janela do carro patrulha de Charlie. Como era mesmo? Ah, sim me lembrei...
“Era lindo, claro, não podia negar isso. Tudo era verde: as árvores, os troncos cobertos de musgo, os galhos pendurados formando uma cobertura, o chão coberto com plantas. Até mesmo o ar ficava meio verde ao passar pelas folhas.
Era muito verde - um planeta alienígena.”.
Excerto do Livro Crepúsculo
Capítulo À Primeira Vista
Um planeta alienígena...
Nossa que estranho... era exatamente como Forks parecia. Era como se Bella tivesse descrevendo tudo que eu podia ver com os meus próprios olhos nesse momento.
Um arrepio frio passou pela minha espinha e eu balancei a cabeça tentando afastar a tola ideia que passou pela minha cabeça. Afinal deviam existir milhares de cidades nos Estados Unidos que eram exatamente assim.
Finalmente chegamos ao nosso destino, o que me afastou de vez dos meus absurdos pensamentos.
O carro parou e todos nós descemos com nossos respectivos guarda-chuvas e qual não foi a minha surpresa ao dar uma boa olhada na casa. Como eu tinha esperado havia aquela cerquinha branca e um lindo gramado, com pequenos arbustos e muitas folhas, como nos típicos filmes americanos que eu costumava ver na sessão da tarde. Havia também duas grandes árvores em cada lado do gramado que era dividido por um curto caminho de tijolos vermelhos expostos. Mas o que me surpreendeu e paralisou foi a casa.
Era uma casa em estilo vitoriano, com um alpendre com colunas torneadas, adornado delicadamente, janelas de guilhotina em vãos salientes, de estrutura assimétrica, ao estilo da época, adornada com detalhes sinuosos e elegantes, pintada de branco, com detalhes em turquesa e rosa pálido, com um telhado cinzento, era romântica e delicada, simplesmente...
- Perfeita. – disse inconscientemente em voz alta olhando embasbacada para o meu pai, mal acreditando no que via.
Ele apenas me deu um largo sorriso agradado com a minha reação.
Sempre que papai voltava dos seus voos vinha carregado de fotos dos lugares em que viajava, já que não podia nos levar com ele. Eu e papai, particularmente, passávamos horas olhando detalhadamente cada foto e ele me contava a história de todas elas. Ele tirava foto de tudo, de pessoas, de lugares, da paisagem, de pontos turísticos, mas principalmente dos não turísticos, dos lugares onde realmente havia a essência da cidade, onde nós verdadeiramente a conhecíamos. E o que eu mais gostava era da diversidade arquitetônica, dos lugares em que ele visitava, era um estilo mais lindo do que o outro e o meu preferido era sem dúvida o vitoriano, tão romântico e delicado apesar de um pouco pomposo. Papai sabia bem disso, por isso eu não podia acreditar que aquela casa tinha sido escolhida ao acaso.
- Como? – foi a pergunta mais inteligente que eu consegui formular, emocionada demais para pensar com coerência.
- Linda, não é?! – ele mais afirmou do que perguntou – Estava meio abandonada porque fica um pouco distante da cidade e tive que reformá-la. Esse foi um dos motivos pelo qual atrasei nossa chegada aqui.
- Deve ter sido muito caro. – essa foi a minha mãe sempre pratica e pé no chão falando.
- Não tanto quanto parece querida, além do mais você esqueceu que recebi um bônus adicional junto com a minha promoção?
Ele lhe deu um olhar esperto, que fez minha mãe revirar os olhos. O que na estranha linguagem não falada deles significava, que estava tudo certo.
- É incrível pai! – consegui formular, recebendo mais um sorriso dele.
- Nós vamos ficar aqui na chuva mais quanto tempo? – William perguntou já impaciente para entrar e provavelmente continuar lendo o livro que ele começou a ler quando embarcamos ainda no Brasil.
- Liam tem razão, vamos entrar antes que peguemos um resfriado, além do mais vocês tem que ver a casa por dentro.
Eu, é claro, fui a primeira a entrar e me surpreendi novamente pelo interior da casa ser diferente do estilo atravancado e ostentoso das casas vitorianas. Quer dizer, a estrutura continuava a mesma por dentro com uma escada linda de mogno polido, logo depois do gracioso hall de entrada e a lareira – é tinha uma lareira de verdade! – com adornos também em mogno assim como os portais das portas que nesse caso eram pintados de branco. O que realmente diferenciava das casas nesse estilo eram os móveis, esses eram todos os nossos móveis que pudemos trazer para cá e alguns outros novos, o que dava ao ambiente uma familiaridade aconchegante. Mal podia acreditar que aquela casa era realmente nossa!
Papai logo nos levou para um tour por toda a casa. Passei ansiosamente por toda a parte inferior da casa, esperando para ver o meu quarto. Finalmente depois do que pareceu uma década subimos. Vi os banheiros, que graças aos céus eram dois, sem contar com o da suíte no quarto dos meus pais. Segui pelo quarto de Liam que aliás tinha ganhado um computador novinho, depois fomos até mesmo para o quarto de hóspedes. E aquelas horas eu já tinha certeza que papai estava demorando para chegar no meu quarto de propósito!
- E onde está o meu quarto. – soltei cansada de ser educada e conter a minha ansiedade. Se ele queria que eu fosse direta então eu ia ser bem direta – Já passamos por todos os cômodos desse andar e ainda não vi o meu quarto!
- Ah, é mesmo. – ele respondeu com um ar de ausente surpresa, que fez Liam rir sob a respiração e eu bufar de impaciência.
- Pai! – chamei em tom de aviso.
Ele fez caso omisso da minha evidente irritação.
- Vamos logo Henry, eu tenho muitas malas pra desfazer e todos nós estamos muito cansados para as suas brincadeiras. – mamãe disse num tom monótono e cansado, já bem acostumada com as brincadeirinhas do meu pai.
- Certo, certo. Você realmente tem o dom de tirar a graça das coisas Fanny. – disse num tom entre o aborrecido e o irônico.
- Me processe. – mamãe respondeu sarcasticamente dando um sorrisinho de lado, que fez meu pai sorrir.
Eu não pude deixar de sorrir com o pequeno intercâmbio de provocações deles. Mamãe podia não ter muito senso de humor, mas tinha uma língua afiada e rápida, sem falar na mente aguda, algo que curiosamente divertia muito meu pai. Eu e Liam sempre nos divertíamos com a relação deles. Era sempre assim entre os dois, viviam brigando ou trocando insultos e sarcasmos e tinham a relação mais perfeita que eu já tinha visto, apesar dos dois serem tão diferentes, ou talvez exatamente por serem tão diferentes.
Eu esperava fervorosamente ter a metade da sorte deles...
- Vamos ou já mudou de ideias querida. – papai me chamou percebendo que mais uma vez eu estava fora de órbita.
Fiz uma caricatura de sorriso pra ele e voltamos a segui-lo enquanto se dirigia ao quarto de hospedes que eu sabia que não era meu, porque além de não ter nenhum dos meus móveis que foram trazidos para Forks, tinha uma decoração impessoal demais para ser meu. Passamos pelo quarto e já estávamos quase no fim do corredor quando praticamente em frente de um dos banheiros, papai parou de repente o que fez com que eu e Liam que estávamos logo atrás dele, esbarrássemos um no outro.
- Aqui. – papai disse simplesmente estendendo os braços de forma abrangente.
- Pai, pára de suspense!
- Henry, está certa diga logo onde está o quarto dela pra gente descansar eu já estou morta depois dessa viagem.
- Tudo bem Fanny. – ele deu um longo suspiro resignado, um pouco dramático demais, o que fez tanto eu quanto meu irmão rimos baixo – O quarto da está aqui... em cima – disse apontando para o teto, fazendo que eu notasse pela primeira vez que havia uma corda que pendia dele.
Ele puxou a corda que estava ao alcance de qualquer um de nós e ela acabou revelando uma pequena escada de madeira dobrável que foi até o chão.
- Aqui está o seu quarto. – disse apontando em direção a escada. Abri minha boca bobamente em total surpresa – Pode subir primeiro, afinal o quarto é seu.
Eu não precisei ouvir uma segunda vez para subir rapidamente e dar uma boa olhada no meu novo quarto e se eu achei que não poderia abrir mais a minha boca, estava redondamente enganada. Diferente do que eu tinha imaginado, enquanto subia aquele pequeno lance de escadas, o quarto/sótão era grande, pelo menos um terço maior do que o do meu irmão, mas um pouco menor do que o dos meus pais. Se eu bem me lembrava da rápida imagem que eu guardei da casa, aquele sótão era como uma pequena torre e a forma alta, triangular e abobadada que o teto tinha, só confirmava isso.
O quarto era quase totalmente tomado por um papel de parede branco com desenhos de pequenos lilases por toda sua extensão, aliás minha flor favorita. Para a minha surpresa minha cama não havia sido trazida como imaginei, no lugar dela, entretanto, havia uma grande cama de mogno com dossel, dessas bem antigas, dois criados mudos em cada lado dela, no mesmo estilo da cama e um antigo baú na frente da cama todo em mogno como a cama, com lindos adornos em torno dele. Uma penteadeira ficava no lado oposto da cama, com um armário ao lado, que fazia às vezes de um rack com um som estéreo e a televisão, uma das poucas coisas que quebrava aquela atmosfera clássica que havia no quarto. Eu sempre amei antiguidades e a maior parte dos móveis do meu quarto eram objetos tirados de antiquários. Só estava faltando a cama e agora eu tinha uma de dossel como sempre quis!
O sótão ficava na parte lateral da casa, graças a isso o quarto tinha uma forma engraçada, algo parecido com um hexágono. Haviam janelas grandes que davam para a frente, a lateral e o jardim dos fundos da casa. Fui até uma delas para olhar o jardim dos fundos que eu não tinha visto e dei de cara com uma árvore, antiga e grande que eu supus ser um carvalho, cujos troncos grandes, longos e fortes se estendiam para bem perto da janela, tão perto que eu suspeitava, que se quisesse, com um pouco de esforço poderia descer por ela, não que eu fosse tentar de qualquer modo, a única experiência desagradável que eu tive com alturas, valeu por uma vida inteira, obrigado. Fui para a janela frontal e logo ao lado dela, havia uma escrivaninha com um computador novinho em folha, daqueles coloridos, na cor lilás, minha antiga estante de livros estava logo ao lado.
- É meu? - perguntei admirada ainda olhando o computador.
Assim como antiguidades, eu amava parafernálias eletrônicas e estava louca para trocar meu computador por um novo.
- Claro, esse foi presente da sua avó, depois que ela ficou sabendo que o Liam tinha ganhado um do seu tio, ela resolveu comprar um pra você também e acabou ficando com o seu para manterem contado. Eu não sei como a Amália vai se virar com um computador, mas estou curioso para saber. – ele riu um pouco. Realmente imaginar vovó mexendo no computador era uma imagem engraçada de se imaginar.
- Obrigada, pai! – disse pelo quarto.
- De nada filha, toda princesa precisa de uma torre. – era uma clara provocação, pois ele sabia muito bem minha opinião um tanto feminista sobre princesas em suas torres esperando para serem salvas. E também sabia que apesar de mim mesma, eu adoraria aquele quarto de “princesa” - Era o mínimo que eu podia fazer. – ele terminou um pouco mais sério.
Todos no quarto entenderam bem o que ele queria dizer, principalmente eu, mas não deixei que qualquer pensamento deprimente passasse pela minha mente, pelo menos por hoje... Estava decidida a curtir um pouco a nova casa e meu novo quarto, antes de me preocupar e me entristecer com as consequências daquela mudança.
~*~
Tinha tomado um bom banho e colocado um conjunto de moletom que fazia às vezes de pijama. A noite estava enregelante, esperava que o clima por aqui não fosse tão ruim quanto parecia.
Papai pediu uma pizza para comermos algo. Afinal a nossa despensa estava zerada. E eu realmente agradecia a Deus por mamãe não me colocar no plano de compras que ela tinha estabelecido para o dia seguinte. Eu sabia que depois daquela longa viagem ficaria fora de combate, por umas boas horas.
Comemos e depois papai me ajudou a levar todas as malas para o meu quarto, o que não foi pouca coisa. Ele me deixou sozinha logo em seguida, para ajudar minha mãe. Finalmente fui direto para o computador e escrevi um e-mail para minhas amigas, Miguel e minha avó contando da minha chegada, da nova casa e do meu novo quarto e é claro, agradeci a vovó pelo computador. Depois disso fiquei na minha nova cama antiga dobrando algumas roupas e o cansaço e estresse da longa viagem acabaram cobrando seu preço e logo o sono me venceu, sem eu nem me dar conta.
Edward Cullen’s POV
Apesar de ter sido Alice a nos meter nessa história e nessa cidadezinha irritantemente chuvosa, eu tinha que dar um crédito a ela e agradecê-la por ter tido uma visão sobre um assassino em série que estava atacando em Seattle. Pelo menos isso nos manteria afastados de Forks ao menos esse fim-de-semana. O que apesar de ser menos tempo do que eu gostaria era melhor do que nada.
Jasper e eu estávamos de campana perto da casa de Jordan Simpson, o nosso serial killer, só esperando ele sair da toca e agir novamente para pegarmos. Simpson era um homem muito rico e respeitado na comunidade e apenas a palavra de um detetive e seu assistente que lia mentes não seria o suficiente para prendê-lo, por isso resolvemos esperar até que ele desse o primeiro passo.
- Você devia ir caçar, Simpson não vai sair de casa tão cedo. E você está há muito tempo sem se alimentar, pode ser perigoso. – disse a Jasper.
- Mas se ele sair...
- Eu te ligo. – encerrei o assunto. Ele estava há muito tempo sem se alimentar e isso já estava me deixando inquieto. Lhe dei um olhar significativo e Jasper logo saiu do carro com um assentimento de cabeça.
Não que Jasper, não fosse capaz de controlar a própria sede, mas era bom não arriscar. Pelo menos não tendo que lidar com um homem asqueroso como Simpson, esse tipo de gente sempre despertava os piores instintos tanto de mim, quanto em Jasper, mas eu já estava mais do que alimentado. Ler os pensamentos sujos de um tipo como Simpson da forma que eu podia fazer ou sentir a indiferença com a qual ele matava suas vítimas como Jasper fazia, era sempre algo que nos colocava muito à beira, muito no limite de nossa própria natureza predadora.
Afinal que mal faria tirar alguém como ele do mundo?
E era aí que estava o perigo, era assim que vampiros descontrolados começavam. Primeiro tratando um humano com displicência, para depois começar a tratar todos da mesma forma e logo não seria muito melhor do que o primeiro que tinha matado.
Tirar a vida de um humano enquanto se alimentava era o último passo de um vampiro, para abrir as portas da escuridão que habitava a essência de todo vampiro. Eu tinha dado esse passo e nunca me perdoei por isso, tinha aberto as portas para o meu monstro interno, quando ainda era muito jovem pra entender e respeitar as regras do jogo. Agora nunca mais poderia confiar totalmente em mim, mesmo quando se tratava de um humano. Foi por isso que nunca mais ousei morder outro humano e passei a me alimentar apenas de bancos de sangue. É claro que nem de longe era tão bom quanto me alimentar de sangue fresco, mas era definitivamente mais seguro.
Vampiros podiam se alimentar de humanos, sem grandes consequências, podíamos manipular a mente humana com certa facilidade e embotar qualquer memória de um interlúdio connosco. Era muito difícil para os humanos resistirem à beleza perfeita, ao som puro das nossas vozes, a tudo o que fazia um vampiro ser o que é, afinal tudo em nós era com o único intuito de atrair nossa presa e depois que ficávamos perto o suficiente era fácil demais atraí-los a nós com a mente. Alguns de nós tinham mais habilidade que outros em ludibriar a mente humana, contudo todo vampiro era capaz disso, era um dos nossos mecanismos de defesa e preservação natural, para manter nosso segredo seguro.
Os poucos humanos que conseguiam se lembrar de qualquer coisa, preferiam simplesmente ignorar, racionalizar algo que simplesmente não tinha explicação. Esse era o mecanismo de defesa deles. Principalmente quando não haviam marcas que provassem qualquer coisa que suas mentes tenham conseguido captar, porque diferente do que aparece nos filmes de Hollywood, vampiros não deixam marcas, nossas presas liberam uma substância que cicatrizava instantaneamente qualquer marca de perfuração, a única coisa que sobra é um leve hematoma, muito parecido com uma “mordida de amor”, para eles realmente se incomodarem.
Apesar disso nunca deixei de me assombrar com a capacidade que os humanos tinham de proteger suas mentes de tudo que não fosse estritamente normal e que pudesse alterar de algum modo seu perfeito mundo ordenado. Parecia quase um pacto entre nós e os humanos. Nós fazíamos de tudo para enganar suas mentes e eles faziam de tudo para se deixarem enganar e se tornarem ignorantes ao nosso mundo. Graças as minhas habilidades como um leitor de mentes eu tinha muito mais habilidade de manipular a mente humana e iludi-la do que a maioria dos vampiros, não que eu usasse essa habilidade de qualquer forma.
~*~
Já estava quase amanhecendo quando Jasper voltou, não foi preciso ler sua mente para saber porque ele demorou tanto, ele tinha ido visitar Alice em Forks. Apesar de não serem tão explícitos em relação aos seus sentimentos, quanto Rosalie e Emmett, os dois não podiam ficar muito tempo longe um do outro... e como poderiam? Eles eram os companheiros ideais um do outro, o moonbeam um do outro. Alias todos os membros da minha família tinham encontrado seu moonbeam e eu os invejava por isso.
Os humanos chamam de alma gêmea, os vampiros de moonbeam. Todo vampiro está em busca do seu moonbeam, seu raio de lua, seu escolhido, seu companheiro de sangue, aquele ou aquela que é a única pessoa no mundo capaz de iluminar a escuridão que permeia a existência de todo vampiro, o único com a capacidade de aplacar a solidão que espera todo imortal.
Solidão era algo muito perigoso. Muito mais perigoso do que um mortal poderia supor.
Havia duas maneiras de um vampiro perder o controle. A primeira era matando um humano ao se alimentar, liberando o monstro dentro de nós. Essa era a forma rápida, contudo ainda assim a mais fácil de se controlar. A outra era permanecer só por muito tempo. Era muito mais lenta, mas indiscutivelmente mais perigosa e praticamente impossível de se impedir ou controlar.
A solidão trazia, a loucura imortal, era como todos chamavam, podíamos dizer que essa era uma das únicas doenças que podia destruir um imortal de um jeito ou de outro. Nenhum humano conseguiria compreender em sua totalidade o que era viver dia após dia, ano após ano, década após década em completa solidão, vendo humanos morrerem e nascerem, vendo o mundo mudar e continuar intacto, imutável. Até que chegava o momento em que nada, absolutamente nada tinha qualquer importância ou valor tudo e todos se tornavam indiferentes e monótonos. E por fim o vampiro se tornava incapaz de sentir e é nesse momento que qualquer sentido de honra ou respeito pela vida humana se volatilizava como éter. E tudo o que importava era a breve emoção de matar, de sentir o poder de ser um vampiro.
Era isso o que me esperava, era isso que esperava todo vampiro sem um moonbeam. Eu estava muito perto de perder o controle, apesar de ainda ser considerado um vampiro jovem, ter matado um humano há décadas atrás me empurrou muito à frente, me deixou muito mais suscetível à loucura imortal. Carlisle sempre achou que a minha rígida disciplina em relação a mim mesmo tinha conseguido me garantir muito mais tempo, do que outro poderia ter conseguido na mesma situação que eu. Isso, é claro, não diminuía a preocupação de todos em relação a mim, eles tentavam não pensar ou não olhar para mim com pena, algo que me frustrava e irritava profundamente, mas que eles não podiam evitar.
Era muito difícil conviver com três casais de companheiros perfeitos como eles, vendo como eram tão dramaticamente apaixonados um pelo outro, sendo tão felizes por terem encontrado seu companheiro ideal e saber que eu nunca teria a mesma sorte.
Apesar de ser quase torturante conviver com eles, algumas vezes mais do que outras, sabia que se não fosse por eles eu teria sucumbido à loucura há muito tempo. Eles tinham sido a minha pequena e única âncora de lucidez nesses últimos anos. Mas sabia que algum dia nem mesmo a presença deles seria suficiente para me salvar, também sabia, ou melhor, sentia que esse dia estava muito próximo, mais próximo do que eles podiam imaginar. A única que talvez tivesse uma pista dessa verdade fosse Alice, ela sempre enxergou muito mais à frente, mesmo sem seus poderes. E tinha sido por esse motivo que eu os tinha feito prometer que se um dia eu sucumbisse à loucura, seriam eles que dariam fim a minha vida.
Senti uma onda de tranquilidade e alegria me inundarem de repente me afastando de meus sombrios pensamentos e olhei para Jasper. Ele sempre fazia isso, sempre me monitorando, nunca me deixando ir muito longe ou navegar muito profundamente no mar sombrio e escuro que existia dentro de mim. Dei um olhar agradecido a ele, mesmo sabendo que essas emoções eram falsas e que não me pertenciam.
~*~
Olhei para a janela vendo que o dia estava amanhecendo e o sol surgia para mais um novo dia. Mais algumas horas e nós teríamos que dormir num hotel. Apesar do que as lendas falavam sobre a alergia letal dos vampiros pelo sol, as coisas não eram exatamente como os humanos imaginavam. O sol não nos matava, pelo menos não do jeito que Hollywood mostrava. Ele nos incomodava levemente de manhã e nos drenava, a tarde quando ele era mais forte, nos deixando fracos e lentos, quase como humanos. Era como acontecia com os humanos quando ficavam expostos a um sol muito forte, por muito tempo, ficavam fracos, desidratados. A única diferença era que ao invés de água precisávamos de sangue para nos restabelecermos. Por isso vampiros que escolhiam viver à luz do dia como humanos, precisavam de mais sangue do que um vampiro noturno.
Esse também tinha sido um dos grandes motivos por termos escolhido Forks como morada em mais de uma ocasião. Lá o sol só aparecia realmente pouquíssimas vezes ao ano e sempre haviam espessas nuvens no céu o bloqueando na maior parte do tempo, por isso quase não era incomodo ficar exposto às manhãs de Forks e se não fosse o inevitável sono que sentíamos à tarde, não teríamos tampouco problemas de ficarmos expostos a essas horas.
Outra coisa na qual, os humanos se equivocam totalmente a respeito de nós era sobre o fato de não respirarmos. Vampiros respiravam, menos do que os humanos, mas ainda sim respirávamos, apesar de podermos prender o ar por muito mais tempo que eles.
E muito diferente do que se imagina vampiros tinham coração e eles realmente batiam, não tão forte ou vigoroso como o dos humanos, mas realmente batiam. Vampiros também tinham sangue, eles só não eram capazes de produzir como os humanos, mas quando se feriam era notável o sangue que escorria dos ferimentos. E diferente do que reza a lenda, vampiros não estão mortos.
Na verdade, toda essa história de morte, é a nossa piada pessoal, afinal todo vampiro quando se transformava, morre para a vida mortal para sempre. E a transição de humano para vampiro é tão profunda que é referida como a morte em vida e nossa existência como vampiros, é chamada de renascimento. Mas isso não queria dizer que um vampiro morria no processo da transformação e mesmo aqueles que se convertiam à beira da morte, como tinha sido o meu caso, não morriam realmente, não da forma como os humanos definiam a morte pelo menos. Essa morte ao que nos referíamos era o fim da mortalidade, o fim da humanidade e uma queda livre no profundo e escuro abismo infinito que era a vida imortal, se isso não era morte, então eu não sabia de mais nada...
Um pequeno raio de sol incidiu sobre a janela do carro tentando encontrar lugar entre as pesadas nuvens escuras que já cobriam o céu, enquanto eu observava a pequena nuvem de poeira que dançava no feixe de luz. A lembrança dela surgiu na minha mente tão inevitável como o nascer daquele novo dia. A lembrança da garota misteriosa, como eu a tinha denominado, há um mês invadia minha mente nos momentos mais inesperados do dia e em todas as horas do meu sono como se ela tivesse o direito de fazê-lo. A lembrança vinha de forma lenta e clara, fazendo eu reparar nos menores detalhes, em cada detalhe dela. E de uma forma estranha essa lembrança, fazia com que meu peito se aliviasse um pouco do exaustivo esforço e peso que era manter, a escuridão, o monstro que existia dentro de mim, sob meu rígido controle e que as vezes parecia me sufocar.
E isso me assustava.
Não era apenas o fato de aliviar, mesmo que por um breve momento, o peso que a minha resistência me obrigava a carregar, algo que era incrivelmente reconfortante, como nenhuma emoção que Jasper tinha me incutido fez alguma vez, mas o fato desse alívio vir da simples lembrança de uma humana, uma humana que eu nem ao menos conhecia e que tinha essa capacidade de fazer isso por mim.
Afinal o que eu conhecia dela? Só sabia que ela tinha cabelos , naquele momento mais escuros, pela chuva, que vestia uma roupa que mal cobria seu corpo deixando aqueles longos e delicados braços à mostra e um pescoço sinuoso e definitivamente feminino tão exposto quanto os braços. Parecia pequena, ainda mais encolhida do jeito que estava, também parecia triste, quase desamparada, havia algo de muito frágil na posição e na forma como ela se apertava ao próprio corpo, que eu suspeitava não tivesse muito a ver com o frio e mais com a forma que seu corpo às vezes sacudia tentando conter um soluço. Ela inspirava tanta vulnerabilidade, quer fosse por estar tão encolhida, quer fosse por estar chorando ou simplesmente por ser humana, que tudo o que eu sentia sempre que aquela lembrança inundava minha mente era um poderoso instinto de proteção em relação a ela. Uma vontade tão grande de simplesmente rodeá-la em meus braços e abraçá-la tentando afastar qualquer coisa que pudesse fazer mal a ela, que a fizesse chorar, que às vezes esse sentimento parecia me sufocar.
Não fazia sentido, pensar em uma humana nesses termos, aliás não fazia sentido eu pensar em qualquer pessoa que não fosse membro da minha família nesse sentido, ainda mais em alguém que eu sequer conhecia. O que a simples lembrança dela estava fazendo comigo era desconcertante e frustrante, porque eu simplesmente não sabia de onde vinham esses sentimentos. Uma parte de mim simplesmente queria que a imagem dela desaparecesse da minha mente de uma vez por todas e acabasse com aquela confusão que se instalava sempre que isso acontecia... Outra parte de mim, e eu temia que fosse a maior parte de mim, ansiava a cada dia por essa lembrança, que parecia um pequeno feixe de luz no meio da escuridão que descansava dentro de mim.
Se uma simples lembrança dela era capaz de causar essa reviravolta dentro de mim, eu nem conseguia imaginar o que a presença dessa, garota misteriosa, seria capaz de fazer comigo.Capítulo 3 - Uma nova amiga (1ª parte)

‘Não há prazer comparável ao de encontrar um velho amigo, a não ser o de fazer um novo.’
Kipling



’s POV

Acordei coberta até o pescoço, estranhando o fato. Nós estávamos na primavera ainda, então porque eu sentia tanto frio e aquela moleza no corpo que só os dias frios me despertavam?

Abri os olhos devagar, sem muita vontade, e quando tudo começou a tomar foco eu compreendi que não estava no meu quarto - o que me fez levantar rapidamente da cama. Me senti muito confusa e um pouco assustada. Normalmente eu era muito lenta de manhã e em dias frios como aquele, minha lerdeza tomava grandes proporções, por isso demorei vários minutos até compreender onde realmente estava.

Na minúscula cidade interiorana de Forks, longe da minha casa e de tudo o que me era caro e familiar.

Levantei me sentindo desanimada e triste, olhei o meu criado mudo vendo que horas eram no despertador. Já passava das três horas da tarde, talvez o despertador ainda não estivesse programado ou mais provavelmente eu estava desmaiada na cama para que o barulho do despertador me acordasse. Minha mãe sempre dizia que quando estava muito cansada, eu não dormia e sim desmaiava como se estivesse morta pro mundo. Agora imaginem que imagem linda! Deixei os devaneios inúteis de lado, uma mania irritante que eu tinha de sempre devanear tolices cotidianas, quando estava chateada e levantei de vez.

Depois de fazer a minha higiene pessoal pra voltar a me sentir gente de novo, resolvi voltar pro meu quarto, ver se os meus e-mails já tinham sido respondidos e de quebra tentar falar com as minhas amigas no MSN. Eu já sentia tantas saudades delas!

Sentei em frente ao computador e quase dormi esperando a minha conexão com a internet funcionar. Outra coisa ruim sobre Forks: além de não ficar no Brasil, ser uma cidadezinha de interior (onde fazia um frio desgraçado e um mal tempo horroroso) tinha a pior conexão de internet que eu já tinha visto! Até pensei em descer pra arranjar algo pra comer, mas me sentia tão desanimada que até meu apetite parecia prejudicado.

- Até que enfim! – disse depois de minutos que pareceram intermináveis.

Fui logo pro meu e-mail, enquanto logava o MSN, provavelmente ainda iria demorar alguns séculos pra ele entrar, mas felizmente eu tinha recebido as respostas dos e-mails que eu tinha mandado ontem. O primeiro e-mail que eu abri foi o da vovó, que eu rapidamente descobri que tinha sido o próprio Miguel que tinha escrito, aliás ele aproveitou o espaço e respondeu o e-mail que eu tinha mandado pra ele, por isso estava cheio das brincadeiras dele e dos conselhos da vovó. Tinha sido bem engraçado de ler, alias só a imagem deles dois em frente de um computador, resolvendo o que iriam me escrever já me dava vontade de rir, mas uma vontade ainda maior de estar lá.

Suspirei, tentando deixar esses pensamentos de lado e abrindo o e-mail das meninas. Eu nem tinha estranhado delas terem respondido juntas, elas tinham esse hábito de responderem meu e-mail, juntas, afinal tudo o que eu falava pra uma, falava pra outra. Eu acho até que o e-mail do Miguel e da vovó tinha sido inspirado nos e-mails delas. Lígia tinha reclamado que eu tinha feito praticamente um diário de viagem, mas Tina tinha adorado e disse que eu tinha que documentar os meus dias aqui, desse jeito mesmo, como um diário, assim nos sentaríamos mais perto. A ideia era mesmo ótima, tanto que a Tina tinha feito no final do e-mail um diário do dia dela e da Lígia. O que a irmã obviamente tinha achado uma “bobagem”. Eu fiquei sabendo quem tinha ficado com quem, quem tinha terminado com quem e quem tinha voltado na escola. Lígia comentou que tudo aquilo estava mais parecendo um quadro desses de celebridades que se via na TV, e eu já podia imaginar em que tom e com que cara ela tinha falado isso e podia igualmente imaginar a reação da Tina, sobre o que a irmã disse.

Dei um sorriso triste, com a imagem mental de tudo isso. Aquele pequeno “diário” que a Tina, fez do dia delas, só fez aumentar a minha saudade. Só me fez desejar mais ter passado aquele dia tão aborrecido, como a Lígia tinha feito questão de grifar, com elas. Na minha casa, na minha terra, falando a língua que eu sempre amei. No final do e-mail elas disseram exatamente o mesmo que eu sentia agora: que queriam ter passado esse dia comigo e que já estavam morrendo de saudades.

Respondi mais uma vez o e-mail da minha avó e do Miguel dizendo que quando tivesse novidades mandaria mais notícias. Depois respondi o das meninas enfatizando – só pra implicar um pouquinho com a Lígia - o quanto eu tinha gostado da ideia dos e-mails diários e dizendo também que eu estava sentindo muito a falta delas.

Fui dar uma olhada no meu MSN, que já estava aberto, mas infelizmente elas não estavam on-line. Alias nenhum dos meus contatos estavam on-line. Foi aí que eu me lembrei da droga do fuso. Fiz as contas e vi que ainda devia ser por volta do meio-dia no Rio e que elas provavelmente estavam almoçando.

Já que não tinha ninguém com quem conversar on-line, fui tomar um banho e troquei o conjunto de moletom por uma regata, uma calça jeans e um casaquinho. Logo depois fui procurar pela minha família, era melhor ter com quem conversar antes que minha mente me levasse a pensamentos com os quais eu não queria lidar, porque sabia que eu acabaria me deprimindo mesmo com isso. No entanto não tive muito sorte, depois de procurar pela casa inteira só encontrei meu irmão enfiado no quarto provavelmente lendo um livro novo, que novidade! Além de um bilhete da minha mãe grudado na porta da geladeira.

, já fizemos algumas compras, prepare algo pra comer e faça o jantar do seu irmão, seu pai e eu fomos resolver coisas do trabalho só voltamos à noite.

Bjs Mamãe.

Ps.: Seus livros novos da escola estão na mesinha da sala”


Preparar algo pra comer e fazer o jantar? Fiz uma careta, não estava com nenhuma vontade de me enfiar na cozinha hoje, só esperava que eles tivessem comprado macarrão instantâneo. Abri a geladeira vendo o que tinha e em seguida os armários e como eu esperava o “algumas” da minha mãe queria dizer que estava tudo praticamente cheio, mas ao invés de toda aquela comida me dar mais fome só conseguiu acabar com o pouco apetite que me restara.

Ter que ver todos aquelas embalagens escritas em inglês – sendo que a maioria eu sequer conhecia – só me fez mais consciente do quão longe de casa eu estava e aquilo sim só me deixou mais desanimada. Resolvi deixar de comer por hora e fui pra sala levar os benditos livros pro meu quarto, mas antes resolvi passar no quarto do Liam. Com um pouco de sorte e uma encheção de saco básica ele me ajudaria a carregar os livros até o meu quarto.

Antes de ir aumentei a temperatura do termostato. É agora nós tínhamos até um termostato, melhor pra mim, já que eu detestava o frio. Rapidamente comecei a sentir a temperatura ambiente subir e tirei o casaquinho que eu tinha colocado.

Bati com o pé na porta semi-aberta do quarto, já que tinha de segurar os livros com as duas mãos, ele como o esperado me ignorou e eu fui entrando assim mesmo, derrubando a pilha de livros na escrivaninha dele e sentando na cama.

- E aí lendo o que? – falei já pegando o livro que tinha certeza que devia ser da escola como os que meu pai tinha deixado pra mim, mas me enganei – Ué?! Vinte mil léguas submarinas, mas você já não leu esse?

- Já – ele respondeu mal-humorado, tirando o livro das minhas mãos. Liam sempre ficava mal-humorado quando interrompiam a leitura dele.

- Estranho, achei que estaria se deliciando com os livros novos que papai pegou da escola, aliás que escola entrega livros em pleno sábado?

- Papai pegou no começo da semana só que ele esqueceu no escritório, hoje mais cedo ele se lembrou. Se você estivesse acordada saberia – ele disse irônico – E elucidando a sua dúvida, eu não estou lendo os livros da escola porque eu não recebi os meus.

- Ah, devia ter imaginado – respondi com o mesmo tom irônico – Mas então qual é a dos livros, eles não tinham os seus?

- É , basicamente – disse aborrecido, provavelmente com a minha presença atrapalhando sua edificante leitura. Note a ironia. – A escola da reserva ainda não tinha livros pra mim, vou pegar os meus só segunda-feira – ele completou sabendo que eu não sairia dali sem uma resposta minimamente decente, mas espera aí...

- Reserva, que reserva?

Ele deu um longo suspiro antes de responder.

- A reserva indígena de La Push – era por isso que eu gostava do meu irmão ele sempre explicava tudo tão bem que eu não precisava perguntar mais nada. De novo a ironia, esse era o efeito Liam-mal-humorado, sobre a minha amável pessoa.

- Reserva indígena, é?! Eu tenho até medo de imaginar em que mato isso fique, sem falar a tecnologia que deve ser inexistente, né?! – ri com sarcasmo ainda sem acreditar na nossa sorte – Mas eu achei que a gente ia estudar em Forks e não em La Push.

- Eu vou estudar em La Push e você em Forks.

Demorei ainda uns segundos pra processar a informação antes de falar.

- O quê? Você tá brincando , né?! – disse ainda incrédula, rindo nervosamente, esperando muito que tivesse ouvido errado.

- Não , eu não estou, papai me disse hoje antes de sair.

- E porque ele não me disse?! – falei já muito nervosa.

- Talvez porque ele quisesse evitar outro ataque seu – respondeu calmamente.

- Eu não estou tendo um ataque! – eu praticamente gritei – Droga!

Saí do quarto batendo a porta indo em direção ao meu, sem dizer mais nada e me sentindo muito pior do que quando tinha acordado. Porque agora em menos de 48 horas eu estaria tendo meu primeiro dia de aula totalmente sozinha! Uma verdadeira estranha no ninho.

Que ótimo! Realmente perfeito, era tudo o que você precisava, !

Eu sabia que segunda iria ser bem ruim na escola, sendo a garota nova e de outro país ainda por cima, numa escola onde provavelmente todos se conheciam desde as fraldas, mas ao menos teria Liam ao meu lado nos intervalos, não que ele fosse um grande apoio moral, mas quando não estávamos irritando um ao outro ou quando ele não estava completamente de mau-humor, ele sabia ser legal. E eu sabia que inevitavelmente nós iríamos dividir os holofotes juntos, alias muito provavelmente ele acabaria chamando mais atenção que eu, afinal ele era o gênio da família já que apesar dos seus 12 anos de idade já cursava o primeiro ano do ensino médio e independente dele ser um perfeito nerd, esse tipo de coisa sempre chamava a atenção. Mas agora nem esse consolo eu teria!

Sabia que estava provavelmente sendo dramática em relação a isso e a todo o resto, mas eu era uma adolescente e estava no meu direito! Assim que entrei no meu quarto fui direto pro computador que ainda estava ligado e esperei desesperadamente encontrar minhas amigas. Mas novamente não tive sorte!

Queria tanto falar com elas, precisava tanto falar com elas, não sobre coisas cotidianas, mas sobre coisas realmente importantes. Sobre como eu estava me sentindo, sobre os sentimentos que ontem eu tinha ignorado e que mais uma vez ignorei mais cedo. Eu não era muito boa em ignorar meus sentimentos, era do tipo de pessoa passional, que se guiava muito mais emocional do que racionalmente. Apesar de conseguir fingir bem e saber separar meus sentimentos, deixando alguns de lado quando a situação exigia, mas isso não queria dizer que eu fosse boa em controlar minhas emoções ou deixá-las de lado por muito tempo. Normalmente ignorar e negar o que eu sentia, só piorava as coisas, porque depois tudo o que eu ignorava, tudo o que eu negava, tudo o que eu continha, voltava pra mim com mais força. E agora eu sentia que a minhas emoções estavam sendo arrastadas dentro de mim com a violência de uma enchente. Tornando tudo, mais sensível, mais duro.

Sentei na minha linda cama de dossel e nesse momento ela parecia menos do que especial, na verdade todo aquele lindo quarto, tão diferente do meu antigo quarto parecia bem menos especial olhando agora. Naquele momento , eu só conseguia ver o quão diferente ele era do meu antigo quarto. Que nesse momento devia estar tristemente vazio. Pronto pra ser ocupado por outra pessoa. Aquele pensamento, só me encheu de uma grande melancolia. A ideia de saber que eu não iria voltar por um longo tempo, que eu sentia mais do que sabia, que seria muito mais longo do que eu gostaria, simplesmente me sufocou. Ver aquele quarto sabendo que seria ali que eu viveria me sufocava.

Peguei meu tênis e sai do quarto. Eu precisava de ar, precisava me sentir menos oprimida por aquelas paredes. Só me dei o tempo de colocar os tênis e logo abri a porta da frente sem me importar se só estava usando uma regata fina e sem mangas, num dia totalmente enregelante. Meu nariz ardia com o ar puro e frio, minha pele estava arrepiada, mas não me importava, porque aquele desconforto físico aliviou um pouco a sensação de opressão.

Ficar parada em frente a minha casa não era uma opção naquele momento, Liam poderia sair do quarto e ver pra onde eu tinha ido ou pior meus pais poderiam chegar. E eu sinceramente não estava pronta pra encarar nenhum deles com serenidade. Estava muito no limite, muito sensível, muito exposta.

Talvez o frio me anuviasse a mente. Me ajudasse a clarear as ideias e me tornasse mais conformada com a minha situação. Mais racional em relação a tudo. Decidi seguir sem rumo até me sentir novamente no controle das minhas emoções para voltar pra casa. Nesse momento, no entanto, eu sabia que tudo o que eu precisava era colocar tudo pra fora.

O ar gelado me fez consciente das grossas e quentes lágrimas que escorriam do meu rosto. Droga, tudo parecia tão fora de lugar! Errado de uma certa forma... Céus agora devia ser primavera, não outono!

De um momento pro outro eu estava em outro país, longe das amigas que por tanto tempo eu desejei ter ao meu lado... Num lugar onde até as estações do ano eram o oposto das do meu país natal, onde aparentemente até mesmo quando eram pouco mais de 3 horas da tarde, já parecia noite de tão nublado, onde mais uma vez eu teria que fazer aquelas amizades superficiais e vazias, onde eu estaria sozinha novamente...

Eu sei que eu devia parecer uma garotinha carente e patética, mas não era só uma simples questão de carência, era algo mais profundo... A minha vida inteira, mesmo vivendo em uma família grande, sempre me senti meio deslocada, meio fora do lugar, fora de contexto, como... como se não pertencesse totalmente ao mundo ao qual vivia. Um verdadeiro peixe fora d’água... Dei um riso amargo com o pensamento.

Sempre foi engraçado , de um jeito bem torto, me sentir assim, quer dizer eu não era diferente da maioria das pessoas, não tinha uma inteligência privilegiada como a do meu irmão - na verdade nenhum traço de genialidade. Me lembro de que quando era menor, muitas vezes chegava a sentir um pouco de pena do meu irmão por causa disso, ele sempre estudava em séries mais adiantadas e sempre zombavam dele por ser o menor da turma, foi por isso que tentei me aproximar dele pra que ele não se sentisse tão sozinho, até finalmente perceber que ele se sentia muito confortável com a sua solidão, Liam era um lobo solitário. Tão diferente de mim, eu gostava de estar com outras pessoas, me sentir ligada, me sentir parte de algo, talvez porque eu sempre me senti um pouco a margem de tudo e de todos.

Eu estranhamente na minha total normalidade, sempre a pessoa comum que era, sem nenhuma habilidade destacável ou sequer notável, me sentia diferente. Me sentia à parte de tudo, como se houvesse só eu e o mundo inteiro.

Era tão estranho, porque minha lógica sempre me fez ver o quão normal e comum eu era, mas o que eu sentia lá no fundo, tão fundo e marcante quanto alguém pode sentir, era que eu era diferente. Era como se houvesse dos lados de mim, um que era tão diferente que nem mesma eu sabia precisar o quanto ou como e o outro que só queria se sentir normal e parte do resto do mundo.

E durante quase toda a minha vida eu me senti assim, até conhecer Tina e Lígia. Elas não me fizeram sentir totalmente encaixada como eu sempre quis, mas me fizeram sentir parte de algo, parte da amizade delas. Tinha mais a ver com a sinceridade da amizade delas e a lealdade da relação que as duas tinham uma com a outra, que me fez sentir essa segurança na nossa amizade, que me fez sentir parte desse laço. Elas contavam comigo e eu com elas. Ainda que eu não contasse todos os meus pequenos segredos, sempre foi tão especial e ainda mais quando Miguel passou a fazer tão parte disso quanto eu. Éramos os quatro mosqueteiros, um por todos e todos por um.

E agora...

Agora eu não teria nada disso, nada tão especial quanto isso. Era impossível e mesmo que fosse possível eu teria que começar tudo de novo e só essa ideia me deixava tão abatida! Por isso eu sabia que no fim seria só eu... de novo.

Andei por um tempo que nem mesmo eu soube precisar o quanto, até me encostar numa arvore e sentar no chão frio, as lágrimas ainda rolavam grossas pelo meu rosto e eu me sentia grata por estar sozinha. Não queria que ninguém visse a minha fraqueza, o meu descontrole. E foi somente por isso que eu deixei meus sentimentos tomarem o controle completamente. Em poucos minutos o som dos meus soluços era o único som que eu ouvia.

Não sei bem quanto tempo chorei ali, sentada e sozinha. Mas em algum momento uma chuva forte passou a fazer companhia as minhas lágrimas caídas no chão. Não me importei no quão molhada eu fiquei ou na queda da temperatura. A única coisa que fiz foi abraçar meu corpo com força e encostar minha testa nos meus joelhos.

Eu chorei pelo que pareceu uma eternidade e ainda sentia que minhas lágrimas tão cedo não acabariam. Chorei pelo último mês em que fingi que estava tudo bem, chorei pela despedida no aeroporto, chorei por chegar aqui, chorei por não saber quando iria voltar, chorei pela saudade e tristeza que sufocavam meu peito e oprimiam meu coração. Desejando apenas me sentir leve como antes, antes de toda minha vida virar de cabeça pra baixo, pra simplesmente me sentir livre daquele peso.

Estava tão perdida em mim mesma que nem sequer percebi a presença de mais alguém ali, até a pessoa se pronunciar.

- Se continuar nessa chuva vai acabar ficando doente. – disse num tom preocupada uma voz feminina e musical, que eu nunca tinha ouvido.

E apesar de não querer que me vissem chorando, minha curiosidade falou mais alto e eu só esperava que ela confundisse minhas lágrimas com chuva. Mas no momento em que vi seu rosto todo pensamento a respeito do quão patética eu estaria parecendo sumiu da minha mente.

- Não pode ser... Anne?


Edward Cullen’s POV

O sol já tinha abandonado o horizonte, fazia quase meia hora quando eu finalmente acordei. E como eu sabia disso? Assim como eu, todos os vampiros possuíam esse pequeno radar interno que sempre nos dizia quando a noite chega e finalmente podíamos acordar. Jasper já havia acordado há algum tempo e isso só mostrava o quão perto da escuridão eu me encontrava.

Vampiros descontrolados, não suportavam ficar expostos à luz do dia, nem mesmo as manhãs mais amenas e nubladas como as de Forks, tão pouco conseguiam acordar enquanto o sol estivesse no céu e sempre demoravam mais do que os outros vampiros a acordar. Eles só conseguiam viver na mais completa escuridão. Logo, eu farei parte disso também.

Conforme o tempo passava, eu acordava mais e mais tarde, o que apenas constatava o fato de como estava perto do fim. Em pouco tempo eu sabia que as manhãs aborrecidas, assistindo aulas em uma escola secundaria, também acabariam. Mas era perda de tempo eu me aprofundar nesses pensamentos, nada mudaria isso. E eu sabia disso melhor que ninguém. Senti uma onda de calma vir de Jasper e resolvi deixar esses pensamentos definitivamente de lado.

Saí debaixo da cama, isso mesmo, quando não estávamos em casa éramos obrigados a recorrer a esse tipo de tática patética. Normalmente eu teria dormido no meu quarto que ficava logo abaixo da casa assim como todos os quartos dos meus irmãos e dos meus pais. Era muito mais confortável e recomendável para vampiros dormirem, bem longe do sol e mesmo uma cidade como Forks tinha seus momentos de sol. Por isso todas as nossas outras casas espalhadas no mundo tinham sua área subterrânea, onde ficavam nossos verdadeiros quartos. Alias muitos vampiros usavam desse mesmo artifício.

- Eu vou seguir Jordan, tenho certeza de que hoje ele sai da toca – disse Jasper me fazendo voltar à realidade – Você vai ficar bem? – indagou seriamente.

- Pode ir atrás dele tranquilo Jasper, eu vou revistar cada canto da casa dele, tenho certeza que ele guarda os seus pequenos troféus lá – Jordan Simpson não apenas matava suas vítimas, jovens enfermeiras, com requintes de crueldade, como também gostava de guardar lembranças delas, normalmente algo físico, desde uma mecha de cabelo a um dedo – Quando o pegarmos vamos precisar de provas que o incriminem para não haver nenhuma possibilidade dele sair impune. Se eu realmente souber onde todas as provas estão escondidas vai ser bem mais fácil da polícia achar, com uma pequena dica anônima.

- Você está certo – ele sorriu aprovando a ideia - Cuide disso então – ele estava abrindo a porta quando pareceu se lembrar de algo – Ah, dê uma olhada nas outras propriedades relacionadas a ele também.

Com a ajuda de um contato, nós tínhamos conseguido a localização de todas as propriedades que pertenciam a Jordan e qualquer conhecido ou parente dele.

- Eu já estou com a relação de todas elas, não se preocupe.

- Está certo então, mais tarde a gente se encontra e se achar alguma coisa me ligue.

- O mesmo vale pra você, caso ele dê problemas – ele apenas acenou afirmativamente e saiu.

Antes de irmos dormir Jasper tinha me convencido a não participar, da caçada à Jordan, ele tinha alegado que minhas emoções estavam muito instáveis e que ele não queria se preocupar comigo tentado rasgar a jugular daquele cretino e em manter nosso segredo a salvo. Infelizmente eu tive que dar razão a ele, Jasper precisava de concentração pra lidar com um tipo como ele e eu acabaria o distraindo.

Enquanto saía do quarto em direção a primeira casa da lista, não consegui deixar de lembrar que mais uma vez havia sonhado com ela, a garota misteriosa, contudo dessa vez o sonho pareceu de certa forma mais... forte, quase como se fosse real, tão real que eu tive a sensação de que poderia tocá-la.

E como eu desejei tocá-la!

A única coisa que me impediu de realizar aquele desejo foi saber a total insanidade que era a atitude - quase tanto quanto essa necessidade premente de querer tocá-la - e que se realizasse tal feito mesmo em sonhos, isso só serviria para alimentar esses pensamentos e necessidades, tão adversos a mim, principalmente em relação a uma total desconhecida. E eu francamente já sentia falta de ser eu mesmo e voltar a minha normalidade ou pelo menos tão normal quanto um vampiro poderia ser.

E em toda essa história o que realmente me intrigava era sentir que essa completa estranha, essa total desconhecida, não me era tão estranha quanto deveria ser. Toda vez que pensava ou sonhava com a visão de Alice, eu não conseguia deixar de experimentar essa sensação de conhecimento. Eu sentia que a conhecia, em um nível muito elementar. Algo profundamente enterrado dentro de mim a reconhecia como algo... Algo que eu sequer saberia nomear.

E que sinceramente temia ter que um dia fazê-lo.

E hoje tinha sido tão real, tão próximo como se ela estivesse por perto. Como se ela fosse mesmo real. Toda vez que sonhava ou pensava naquela visão gostava de imaginar que aquela garota não era real, que era apenas um sonho ou um delírio, simplesmente porque pensar o contrario, me deixava extremamente perturbado.

E quanto mais meus pensamentos se voltavam à misteriosa estranha mais a certeza de que ela era real se firmava em minha mente e meu estúpido desejo de que tudo isso fosse apenas um sonho se esmaecia como uma miragem. E na minha certeza de que ela era real, ainda mais firme depois daquele último sonho, me sentia extremamente tentado a abandonar minha missão de vasculhar as propriedades de Simpson e correr de volta a Forks na esperança de encontrá-la.

O meu desejo de vê-la era tão forte, tão profundo que eu precisei parar por um segundo e respirar fundo, para buscar novamente o meu controle e foi com um esforço literalmente sobre-humano que consegui me controlar novamente.

Isso estava se tornando uma completa...


’s POV

Loucura.

Eu só podia estar ficando louca!!!

Era a única explicação racional que me ocorria no momento. Embora se eu estivesse ficando louca não deveria pensar de maneira racional ou seria o contrário?! Não consegui me aprofundar naquele pensamento estúpido por muito tempo, já que novamente a garota na minha frente se pronunciou.

- Na verdade é Alice, muito prazer! – se apresentou num sorriso radiante, estendendo a mão para mim, aquele gesto, juntamente com o som da sua voz e seu lindo sorriso me fizeram finalmente despertar e muito consciente da minha boca que parecia estar ridiculamente aberta e imóvel – Tudo bem?! – ela indagou num tom novamente preocupado como o de antes, à minha evidente falta de reação.

Segurei a mão ainda estendida pra mim, mais para ter a total certeza de que ela era real, do que por uma questão de educação. Ela, Alice, se eu tinha escutado bem, me puxou me pegando desprevenida com a força de alguém tão pequena.

E agora que finalmente estava de pé e podia encarar melhor aquele rosto me senti ainda mais abalada. Consegui ouvir claramente na minha cabeça, a voz de Bella Swan...

“A outra garota era mais baixa e parecia uma fadinha. Bem magra, com feições pequenas. O cabelo dela era totalmente preto, cortado curtinho e apontando para todas as direções.”
Excerto do Livro Crepúsculo
Capítulo 1. À primeira vista

- Eu... Não pode ser – balbuciei de forma incoerente. Sem acreditar que Anne Connors, estava bem na minha frente.

Não, claro que não era ela! Não podia ser. Balancei a cabeça como se para afastar a ideia ridícula que surgia na minha mente e segurei com a mão livre uma das minhas têmporas, depois de sentir uma pontada na cabeça causada pelo gesto brusco.

- Desculpa, acho que puxei muito forte – ela se desculpou num tom que ia do preocupado ao envergonhado agora, provavelmente julgando mal meu gesto.

- Não precisa se desculpar – respondi com um tímido sorriso, ainda um pouco atordoada, mas já tomando o controle de mim mesma. Alice retribuiu meu sorriso com outro.

É claro que ela não era Anne, só era muito parecida com ela. Afinal muitas garotas poderiam se encaixar nessa descrição. Embora eu não pudesse negar que Alice era quase sobrenaturalmente linda, ela mais se parecia a uma pintura renascentista na verdade. Alegria, vida e inocência irradiavam de seu semblante com uma pequena centelha de perigo em seus olhos. E mesmo aquela pequena centelha de perigo, naqueles olhos tão azuis, não conseguiram me afastar, pelo contrario...

Espere, aí?! Olhos azuis, me aproximei mais um pouco tentando ser discreta e constatei que seus olhos eram realmente azuis, não negros, nem dourados e muito menos vermelhos, mas sim de um límpido e caloroso azul. O que me fez relaxar imediatamente, deixando o pequeno resquício de tensão que eu ainda mantinha – e sequer tinha notado - de lado. E foi só nesse momento que eu notei que ainda segurava sua mão.

- – disse simplesmente como forma de cumprimento, para logo depois soltar sua mão.

- É um bonito nome, mas acho que seria melhor continuarmos essa conversa num lugar mais seco, o que acha? – perguntou rindo um pouco. – Além do mais se continuarmos aqui você vai acabar doente – disso num tom mais sério e preocupado. Me fazendo finalmente perceber que o seu guarda-chuva me cobria também, algo inútil agora, devido ao meu estado totalmente ensopado.

- Er... – fiquei sem saber o que dizer, não queria voltar pra casa. Podia sentir meu rosto afogueado, apesar do frio e podia ter certeza que meu nariz devia estar vermelho como um tomate e nem conseguia pensar no estado que estava o restante do meu rosto, obviamente assim que chegasse em casa todo mundo notaria que eu tinha chorado como uma condenada.

- Podemos ir para a minha casa é aqui perto – Alice anunciou de repente como se tivesse lido a minha mente ou mais provavelmente notado minha apreensão.

Ela mais uma vez estendeu a mão pra mim e mais uma vez eu a segurei. Eu decididamente não queria voltar pra casa com aquela cara pra lá de inchada e Alice parecia realmente amigável. Porque não?!

Eu a seguia de perto, sem questionar, sabia que era uma loucura seguir uma desconhecida, mas havia algo em Alice que me fazia confiar nela cegamente. E a forma como ela me olhava... parecia que já nos conhecíamos há anos. Durante todo o caminho eu percebi que ela me olhava dessa forma muito curiosa, entre o preocupado e o extremamente feliz. Como se eu fosse uma grande e velha amiga que ela não via há anos e que encontrava nas piores condições possíveis.

E como eu sabia disso? Minha avó tinha me ensinado desde pequena que as pessoas diziam muito mais com um olhar ou um gesto do que com mil palavras e eu tinha aprendido a lê-los muito bem, na maioria das vezes pelo menos.

Após o impacto que o aparecimento de Alice e a semelhança dela com Anne terem passado. E graças à repentina lembrança da minha avó, se tornou impossível não me lembrar de casa, da minha verdadeira casa no Brasil e de todos que ficaram para trás. Me fazendo sentir novamente aquele melancolia que tinha me feito companhia durante todo aquele dia. Um arrepio tomou meu corpo e eu sabia que esse frio não tinha nada a ver com o clima e tudo a ver com o que eu sentia. Abracei a mim mesma numa tentativa inútil de me aquecer, de aquecer meu coração.

Alice se aproximou de mim repentinamente ou não tão repentinamente estava muito distraída em mim mesma para notar algo tão banal como a noção de tempo e espaço. Só sabia agora que ela segurava meu ombro com um braço a modo de proteção e o estranho é que de alguma forma o gesto me confortou e quase me aqueceu por dentro, quase...

Podia ser só carência, mas Alice fez eu me sentir um pouco melhor. Talvez eu realmente devesse confiar nela ou talvez eu só tivesse perdido qualquer noção de bom senso. Não importava de qualquer forma, naquele momento poucas coisas realmente importavam e eu não queria pensar em nenhuma delas.

N/A: Mil desculpas meninas por ter sumido por tanto tempo, mas os meus rolos com a minha mono e os horários malucos do meu trabalho, estão me tirando meu pouco tempo, sem contar que a minha criatividade não tem colaborado, enfim, vou fazer como resolvi fazer em Aurora Boreal e enviar caps. mais curtos e tentar ser mais assídua. Já dividi esse cap. em dois, porque o fim dele tá complicado de desenrolar, mas vou tentar escrever ele o mais rápido que eu puder, me desejem sorte. Graças a essas mudanças o cap. em que o Eddie e vocês se encontram vai demorar mais um pouquinho, espero que não me matem por isso. E girls MUITO obrigada pelo apoio e incentivo, os comentários de vocês foram muito importantes pra mim, me animaram a continuar escrevendo. Até breve!

Capítulo 4 - Uma nova amiga (2ª parte)

‘Às vezes, a ajuda vem dos lugares mais inesperados.’
Autor desconhecido

Chegamos à casa de Alice mais rápido do que eu imaginei, o que me fez notar que provavelmente nós éramos vizinhas, pelo menos os mais próximos que tínhamos. Agora eu estava no banheiro sentindo a água quente descer pelo meu corpo e esquentá-lo a uma temperatura saudável.

Assim que tínhamos chegado Alice me levou a uma viagem sem escala para o banheiro da suíte dela, eu particularmente não me incomodei, não estava com ânimo pra fazer um tour pela casa dela. Aliás eu sequer tinha notado a casa, talvez em outro momento eu pudesse apreciar os traços e formas que a casa possuía, talvez...

Saí da água ignorando o arrepio frio que cruzou meu corpo agora pelo choque com o ar frio em meu corpo recém aquecido. Eu teria ficado mais tempo se eu não soubesse que minha mente traiçoeira me levaria invariavelmente ao meu ponto de início e sinceramente estava um pouco cansada de chorar, de me sentir melancólica e triste e principalmente de agir como uma garotinha mimada e carente, aquilo já estava me aborrecendo! Além do mais seria falta de educação deixar Alice esperando por mim, indefinidamente.

Deixei o banheiro protegida pelo roupão de banho e encontrei Alice parada em frente à cama de casal do quarto segurando algumas peças de roupa nos braços, obviamente nenhuma daquelas peças me pertencia já que ela tinha feito questão de se livrar das minhas quando eu cogitei a possibilidade de voltar a vesti-las só para não dar trabalho para ela. Alice estava tão sinceramente preocupada com a minha saúde quando eu cheguei aqui que eu não discuti muito o sumiço das minhas roupas e aceitei as que ela segurava sem questionar. Sem contar que a ideia de vestir novamente minhas roupas molhadas depois de um banho quente não era nenhum pouco atrativa.

- Me encontre na cozinha, você precisa de uma sopa bem quente, agora! – disse já saindo do quarto num passo quase saltitante, mas se virando no último minuto antes de fechar a porta como se, se lembrasse de algo – Ah, não precisa se preocupar com as suas roupas elas estão em ótimas mãos. E a cozinha fica no primeiro andar depois da sala de estar, a primeira a esquerda, não se esqueça!

Dei um pequeno sorriso em forma de agradecimento, antes que ela fechasse a porta completamente.

Rapidamente coloquei as roupas quentes que Alice tinha separado pra mim. Ela era tão atenciosa que eu sentia que estava abusando da sua hospitalidade, mas parecia tão pronta a ajudar e tão preocupada com a minha saúde que foi inevitável não me deixar levar. É claro que o fato de que nenhum membro da sua família estivesse presente me deixava com uma sensação de alivio e segurança. Aliviada por não ter que enfrentar um monte de desconhecidos com a cara inchada e segura... bom depois de ouvir Alice dizer que não tinha ninguém em casa a pequena centelha de apreensão que a minha mente racional tinha guardado em relação a ela se evaporou e eu relaxei completamente.

Segui para onde Alice tinha indicado e mesmo que não soubesse direito o caminho o cheiro delicioso de comida invadiu minhas narinas indicando facilmente o caminho certo. Meu estômago deu sinais de vida assim que cheguei à cozinha com um ronco alto me fazendo morrer de vergonha e Alice rir do meu desconforto.

- A sopa está prontinha! – disse levando um prato fumegante pra mesinha da copa o que me obrigou a sentar à mesa.

- E você não vai me fazer acompanhar? – perguntei indicando o prato, assim que ela sentou a minha frente.

Ela deu um sorrisinho e trouxe seu prato para a mesa, se sentando em minha frente.

– Mas então o que estava fazendo no meio de uma chuva dessas? – eu percebi que ela parecia estar realmente interessada na minha resposta.

Talvez fosse melhor mentir, contar a verdade parecia tão estúpido, dizer os meus motivos parecia tão ridículo. Ela provavelmente riria da minha cara. Mas o olhar que Alice me direcionava era tão franco que eu não pude pensar em mais nada a não ser dizer a verdade.

- Estava com saudades de casa – revelei num meio suspiro. Agora que ouvia o som das palavras como reais elas pareciam tristemente patéticas.

Eu definitivamente não devia responder assim, deveria ter dado apenas uma resposta superficial, uma resposta educada a uma pergunta educada. Alice não queria saber da minha vida, devia ter coisas muito mais importantes e interessantes em que pensar do que em se incomodar com a minha insignificante vidinha e os meus anseios igualmente insignificantes.

- Você não é obrigada a dizer nada... mas se quiser eu estou aqui – ela disse como se percebesse minha vergonha e hesitação.

E foi isso, o fato de não me pressionar a dizer nada e de simplesmente dispor a sua companhia sem exigir nada em troca que fez com que eu me abrisse. Falei sobre tudo que me afligiu desde o momento em que meu pai disse que nos mudaríamos até o momento em que ela me encontrou, ocultando apenas meus sentimentos mais profundos e a forma como me sentia em relação a tudo.

Contei apenas os fatos e deixei que ela deduzisse o resto, ainda era muito cedo para que eu me expusesse tanto, ainda mais para alguém que eu sequer conhecia. Alice aceitou tudo o que eu disse sem pedir mais explicações sobre nada, algo que me confortou mais do que eu imaginei. Na verdade falar sobre tudo aquilo, mesmo não tendo dito tanto sobre como me sentia me aliviou um pouco deixando aquele peso no meu peito mais leve, assim como a agonia que tinha me acompanhado todo o dia e que de alguma forma agora tinha se tornado mais branda.

Ela esperou alguns momentos antes de se pronunciar, talvez esperando que eu não tivesse mais nada pra falar e como eu tinha falado! Nem mesmo eu tinha acreditado ser capaz de falar tanto sobre algo tão pessoal.

- Sabe... acho que você não precisa se sentir envergonhada, por isso, se quer saber a minha opinião – e como eu tinha imaginado ela pareceu ler tudo o que estava nas entrelinhas mesmo agora, não pude conter um tímido sorriso pelo apoio – Mudanças são sempre... complicadas – disse a última palavra com um cuidado curioso, como se tivesse mudado de ideia sobre o que realmente ia dizer no último momento, algo me dizia que ela já devia ter passado por muitas mudanças na vida e não só de endereço... – Mas pense pelo lado positivo.

- E tem um? – indaguei com certa ironia, porque eu não conseguia enxergar muitas vantagens para mim naquela mudança.

- Claro que tem! Você vai conhecer novas pessoas, outra cultura e talvez... Forks guarde ótimas surpresas para você – dessa vez ela claramente mudou de ideia quando disse a última frase, como se soubesse mais do que eu sobre as coisas – Além do mais, você já fez uma nova amiga, não vai estar sozinha no primeiro dia de aula – terminou num sorriso brilhante.

A ideia de ter alguém como Alice ao meu lado como minha amiga fez aquele dia triste e cinzento, parecer um pouco menos ruim, como se pequenos e pálidos raios de sol aparecessem para iluminá-lo ainda que timidamente, espalhando um pouco de conforto em meu peito.

- Obrigada! – disse mordendo os lábios, sem saber muito bem como agir.

- Se quiser me agradecer, trate de comer essa sopa antes que ela esfrie, tudo bem?!

- Tá certo – disse retribuindo o sorriso que ela me deu.

Comecei a tomar a sopa, não perdendo os movimentos de Alice em direção a própria sopa, ela pegou a colher cheia e a passou pelos lábios perfeitos. Por um momento achei que ela não fosse tocar em sua sopa, por um momento achei que ela esperaria eu começar a comer e deixaria sua sopa de lado ou fingiria esperar a sopa esfriar e depois a largaria com desinteresse, mas ela realmente a tomou e continuou tomando junto comigo. Por um louco momento eu percebi, achei que ela fosse Anne, esperei que ela fosse. Que ideia estúpida! Tive vontade de rir com o absurdo desse meu pensamento secreto. Tinha ficado tão impressionada com sua aparência que inconscientemente realmente cogitei a possibilidade de... Deixei o pensamento tolo de lado e continuei comendo a minha sopa.

Foi apenas enquanto estava ouvindo Alice tagarelar alegremente sobre as aulas que dividiríamos (já que estávamos no mesmo ano para a minha grande sorte) que finalmente me dei conta que estávamos falando em português. Como eu não tinha notado algo tão gritantemente óbvio, eu só podia creditar ao meu estado de ânimo.

- Você fala português – interrompi estupidamente seu monólogo.

- Sim, pensei que você já tinha notado – respondeu rindo.

- Eu não... estava... – comecei a balbuciar desconcertada, pela minha flagrante falta de atenção.

- Tudo bem, acho que eu entendo – disse ainda rindo.

Eu ainda fiquei a encarando surpresa a colher cheia de sopa a meio caminho da boca, agora finalmente fazia sentido aquela sensação de conforto que Alice me trazia, acho que inconscientemente ouvindo ela falar a minha língua pátria me fazia sentir em casa de alguma forma, agora também finalmente entendia aquela sensação meio fora de contexto que a nossa conversa tinha me trazido.

- Er... me desculpe – disse me dando conta que ainda estava com a colher no ar e a colocando de volta no prato – Quer dizer não é muito comum as pessoas saberem português sem terem nenhuma ligação... quer dizer é inesperado.

- Eu imagino.

- Como você... quer dizer, onde aprendeu?

- Nós já moramos no Brasil, há alguns anos atrás, foi assim que aprendemos a língua. Ainda temos a nossa casa lá.

- Sério?! Então todos sabem português! – disse contente e surpresa. Seria realmente incrível conversar na minha própria língua com outras pessoas além da minha família.

- Sim, todos nós – respondeu parecendo muito satisfeita.

- Me fale mais sobre a sua família – falei me sentido um pouco animada com a perspectiva de conhecer gente que falava português – Como eles aprenderam a minha língua?

- Bom, nós viajamos muito e gostamos de aprender a língua mais falada do lugar sempre que possível, o português é uma língua muito interessante e rica. Como passamos um bom tempo no Brasil decidimos aprender a língua.

- Quantas línguas vocês sabem?

- Italiano, espanhol, francês, português e alemão - enumerou distraidamente.

- Nossa! Vocês devem aprender rápido e ter muito tempo pra estudar todas elas. Eu sei inglês porque meu pai é inglês e tenho um francês sofrível apesar de ter estudado anos a língua – comentei um tanto impressionada.

- Ah, bem acho que temos um pouco dos dois – Alice comentou parecendo um tanto desconfortável agora, talvez estivesse envergonhada.

- Mas e sua família como eles são? – desviei um pouco do assunto propositalmente para ver se ela esquecia a vergonha, uma coisa eu já tinha notado, vergonha e timidez eram algo que não combinava em nada com ela o que igualmente me incomodou.

- Eles são incríveis tenho certeza que quando conhecê-los vai concordar comigo, tenho certeza mesmo – disse me dando um sorriso reluzente.

- Então me fale um pouco deles – pedi curiosa.

- Bom, meu pai Carlisle é uma pessoa única, adotou a todos nós... Primeiro Edward logo após sua mãe morrer, depois conheceu Esme que trouxe com ela os dois sobrinhos órfãos, Jasper e Rosalie. Em seguida Carlisle me tirou do orfanato e ao Emmet, é claro.

- Nossa! – disse surpresa mais por descobrir que ela era adotada do que por qualquer outra coisa.

Pensar que ela tinha passado qualquer quantidade de tempo em um orfanato mudava muito minha perspectiva sobre Alice. A tornava de alguma forma mais forte aos meus olhos. Eu só podia imaginar como poderia ser a vida num orfanato, sem ter uma família que pudesse chamar de sua e sabendo ou não, onde estava sua família e qualquer que fosse a alternativa, ter a certeza de que não havia uma família em que se apoiar.

Sem contar que houve algo de tão insondável em seu olhar quando mencionou que tinha vivido em um orfanato, que me fez inconscientemente questionar sobre quem era de fato Alice Cullen? Uma jovem efusivamente alegre e solicita ou alguém que tinha muitos segredos escondidos e só usava essa “mascara” para se esconder? No entanto não pude investigar mais a fundo minhas indagações, porque Alice tinha acabado de chamar minha atenção, provavelmente não pela primeira vez.

- O que foi que você disse? – indaguei envergonhada, por ter deixado me levar pelos meus pensamentos.

- Eu estava dizendo que Esme é a melhor mãe do mundo, ela é bem mãezona mesmo, sabe?! Se preocupando com todos e tentando tornar tudo harmônico e agradável – disse parecendo não se importar com a minha distração.

- E seus irmãos? – perguntei querendo que ela percebesse meu interesse genuíno apesar da minha distração momentânea.

- Eles são ótimos! Emmet é engraçado e sempre bem humorado, com certeza vai adorá-lo, Rosalie é muito bonita a mais bonita da família – a olhei cética. Rosalie precisaria ser uma visão pra ser mais bonita que Alice – só é um pouco mais... difícil do que o resto de nós, posso dizer que ela não é muito sociável. – eu poderia facilmente imaginar o que ela queria dizer com difícil. Pelo menos se ela fosse tão linda como Alice falava. Uma coisa sobre pessoas lindas, seu ego é decididamente proporcional a sua beleza, Alice era só uma exceção bizarra à regra. – Jasper é o mais sério de nós, ele é muito reservado, cauteloso e protetor, mas também educado e gentil. De nós quatro ele é o mais velho e o único formado, trabalha como investigador particular, deve ser por isso que ele é tão cuidadoso e protetor – ela revirou os olhos quando disse a última palavra.

- Investigador? Legal! Mas ele não deve ter conseguido muito trabalho por aqui, né?! – terminei ironicamente.

- Na verdade ele trabalha em Port Angeles na maior parte do tempo – respondeu dando um pequeno suspiro, que pareceu curiosamente saudoso e um tanto derretido demais para se falar de um irmão, na verdade ela pareceu falar mais de um namorado que não via a um tempo do que de um irmão. – Ah, mas eu quase esqueci! – disse repentinamente, um decibel mais alto – Tem o Edward também, ele é incrível, engraçado do seu próprio modo, gentil, um perfeito cavalheiro, apesar de um pouco solitário – enumerou as qualidades dele como se estivesse querendo me vender seu melhor produto no estoque e terminou num suspiro que parecia mais triste do que o teatral que eu havia esperado.

Eu ergui a sobrancelha com o final inesperado de sua frase e ela pareceu entender a dúvida em meu olhar, porque continuou em tom de explicação.

- Na verdade a minha família não é muito convencional, por assim dizer. Nós somos muito unidos, quer dizer mais unidos que o normal, é que todos nós somos casais. Esme e Carlisle, obviamente; Rosalie e Emmet; eu e Jasper, entende?

- Oh! – minha boca formou um O perfeito quando a compreensão do que ela disse caiu sobre mim. Deve ter sido uma situação muito complicada, nem conseguia imaginar como seria me apaixonar por um irmão de criação, franzi o cenho quando desenhei o cenário na minha mente, talvez complicado não abrangesse toda a questão.

- Isso não é um problema pra você, é? – perguntou claramente preocupada com certeza interpretando mal a minha expressão.

- Não, não! De verdade, não me sinto incomodada – disse enfaticamente – Só estava pensando que deve ter sido muito difícil pra vocês encararem e aceitarem esses sentimentos vivendo sobre o mesmo e tendo sido criados como irmãos, sabe?

- Ah, isso! Foi de fato difícil, mas depois tudo se encaixou e eu não poderia estar mais feliz! – disse com um rosto luminoso e um brilho no olhar.

- Mas e seus pais, eles não tentaram separar vocês?

- É claro que foi complicado pra eles aceitarem que seus quatro filhos adotivos tinham se apaixonado, mas eles perceberam que realmente nos amávamos e no fim ia ser perda de tempo tentar nos separar porque faríamos qualquer coisa para ficarmos juntos. É claro que o fato de não termos nenhum parentesco real pesou na decisão deles. E aí tudo ficou perfeito, agora imagine como Edward ficou no meio dessa história toda? Imagine viver na casa de uma família onde todos são casais e estão sempre tão felizes...

- Eu ia me sentir um candelabro gigante – ri sem humor, porque sabia que essa situação devia ser incomodamente solitária na maior parte do tempo.

- Eu acho que é assim como ele se sente – comentou parecendo ainda mais triste.

- Mas ele não tem amigos ou sei lá?

- Edward também não é uma pessoa muito sociável, ainda menos aqui em Forks. Por isso que vai ser fantástico podermos dividir algumas aulas, nós três. – disse a ultima frase completamente animada, parecendo bolar mil planos em conjunto.

- Eu não sei... – disse incerta – Quer dizer, o fato de você gostar de mim, não quer dizer que ele vá também, você sabe... gostar de mim, ainda mais se ele é tão pouco sociável como você disse.

- Ele não é tão pouco sociável, só menos do que a maioria das pessoas. Ele vai te adorar, eu tenho absoluta certeza!

- O que te garante que isso vai realmente acontecer? Eu posso vir de uma cidade grande e tudo mais, mas não sou uma pessoa assim tão cosmopolita ou sofisticada se é isso que te dá toda essa certeza de que seu irmão vai gostar de mim.

- Vamos dizer que seja intuição feminina. Vocês ainda vão ser grandes amigos, pressinto isso... – terminou com um sorrisinho malicioso.

- Eu vou tentar ser amiga dele por você, mas não garanto nada. – adverti.

- Está certo, você vai ver que eu estou certa no fim das contas.

Depois disso, nossa conversa passou para assuntos mais triviais como roupas, compras e a nova tendência da estação, algo que apesar de não ser a minha especialidade sem duvida era a de Alice e eu me vi me sentindo bem mais relaxada e mais divertida desde que eu deixei minha casa no Brasil.

~*~

Uma coisa para se dizer do caminho de volta é que ele foi agradavelmente seco e bem mais confortável com a presença de Alice. Como eu pude notar os Cullen’s seriam mesmo nossos vizinhos mais próximos, já que a viagem, ou melhor, dizendo a caminhada entre a minha casa e a dela demorou apenas 15 minutos.

Para o meu alívio o carro que meus pais tinham alugado ainda não estava na garagem da nossa nova casa, apesar da luz da sala estar acesa eu deduzi que meu irmãozinho fanático por livros e rato de biblioteca assumido tinha despregado os olhos um minuto dos livros para iluminar um pouco a casa.

Paramos no batente da porta, eu um pouco desconfortável com a realidade de toda a situação que enfim me atingia, com toda aquela choradeira e drama fora do meu eu normalmente alegre e disposto, já Alice parecia realmente muito a vontade chegava até a cantarolar um pouquinho de um jeito todo satisfeito.

- Bem, chegamos. Então até mais... – disse querendo quebrar aquele silêncio que tinha se tornado um pouco incomodo pra mim.

- É, mais segunda nós vamos nos encontrar na escola e eu vou poder te apresentar meu irmão – disse terminando num tom totalmente eufórico – Ah, e claro o resto da família também – falou mais comedida, me fazendo rir entre dentes.

- Certo, vai ser maravilhoso ter companhia – sorri abertamente começando a me sentir mais otimista quanto ao primeiro dia de aula.

- Bom, já vou indo até segunda, boa noite – cantarolou alegremente sumindo da minha vista com seu andar saltitante e incrivelmente gracioso ao mesmo tempo.

~*~

Depois de ouvir um pedido de desculpas breve e conciso de Liam, sem nenhuma pergunta adicional além de um olhar preocupado que me perguntava como eu estava, respondi apenas que tudo estava sob controle e decidi ir para o meu quarto dormir. Mal eram nove horas da noite e meus pais nem haviam chegado mais o dia tinha sido muito mais longo do que eu tinha imaginado e me encontrava exausta.

Sabia que Liam avisaria que eu estava dormindo e não comentaria sobre a minha desabalada saída de casa. Podiam dizer tudo sobre nós dois, sobre o quanto éramos diferentes, sobre o quanto brigávamos ou discutíamos ou o quanto ele conseguia ser irritantemente antipático comigo (enquanto eu era só irritante com ele), mas éramos e sempre seríamos cúmplices, sempre que um estava em apuros o outro dava cobertura. Era um daqueles tipos de acordos não verbais, que as pessoas seguiam a risca.

Apesar do cansaço minha cabeça aparentemente está cheia demais para conseguir pegar no sono. Então cá estou eu, deitada na minha cama, repassando o dia que tive pra ver se conseguia finalmente esvaziar minha mente e dormir.

A conversa que eu havia tido com Alice passava repetidamente na minha cabeça. Tinha que admitir que ouvir Alice falar sobre a família dela, fez eu realmente me sentir melhor, não que eu me regozija-se com a infelicidade e dificuldade alheia, até porque eu realmente me sentia mal por todas as dificuldades que Alice tinha passado, mas ter a ciência de que ela passou por tudo isso e me lembrar que tantas outras pessoas no mundo passavam por coisas tão ruins ou piores que isso e sobreviviam, isso me fazia sentir muito melhor.

É claro que eu sabia que muitas pessoas passavam por coisas muito piores do que a que eu estava passando agora, mas ver que alguém tinha lidado com situações e momentos tão difíceis e mais do que sobrevivido tinha realmente vivido e ainda ser uma pessoa tão alegre e cheia de vida, me fazia ver que meus problemas eram pequenos demais, embora não fossem insignificantes. Talvez eu estivesse supervalorizando a situação toda. Eu devia sim, era parar de sentir pena de mim mesma e seguir em frente de uma vez por todas. Os momentos de lágrimas iam ficar para trás eu ia tentar tirar o melhor da situação que eu me encontrava. Com essa decisão tomada e o coração um pouco mais leve, consegui finalmente cair num sono sem sonhos.

Edward Cullen’s POV

- Já encontrou, Edward?

- Sim e você terminou o trabalho?

- Já está feito – a voz de Jasper saiu calma e sem emoção. Ao fundo ouvia claramente o som de sirenes da policia se aproximando do local.

- Então agora só falta denunciá-lo, pode deixar isso comigo.

- Sem rastros como sempre.

- É a minha especialidade.

Depois de quase seis horas de buscas nas propriedades de todas as pessoas que tivessem qualquer envolvimento com Simpson, finalmente encontrei o que procurava numa cabana de caça nos arredores de Seattle. Agora só precisava encontrar a pessoa certa para informar a policia.

Relaxei minha mente e deixei que ela se abrisse para todos ao redor. Foquei minha mente nas pessoas que como eu, ainda estavam na rua. Havia um humano há dois quarteirões de mim, a pior parte da cidade, por isso não me surpreendi dele ser um alcoólatra inveterado. Obviamente não servia aos meus propósitos.

Fui um pouco mais longe, um casal voltava de carro de uma festa de gala. Ele pensando no encontro que teria mais tarde com a amante e ela pensando no dinheiro que conseguiria arrancar no acordo do divorcio, assim que o caso do marido fosse desmascarado, ambos agiam com superficial cordialidade. A dissimulação humana não era algo que me chocasse ou surpreendesse mais, não depois de ser um vampiro leitor de mentes por tanto tempo. Me desliguei do casal, afinal eles me serviriam tanto quanto o bêbado.

Agora passava mais rapidamente pelas mentes de todos que estivem mais perto em busca da pessoa certa. Um viciado em jogo, uma prostituta, não! Nenhum deles serviria, aumentei meu raio de busca, dez, vinte, trinta quilômetros... Um homem gerente de uma lanchonete, voltando para casa muito depois da hora, ele estava cansando do dia fatigante, pensamentos já turvos e anuviados pelo sono e cansaço.

George tinha que me alugar novamente para falar da ultima briga com a namorada, eu devia ter fechado antes dele começar a contar a história. Molly vai ficar bem irritada quando eu chegar em casa. Ainda assim pensava em reclamar no dia seguinte, para a companhia de luz, iluminar o parque perto de casa. É um perigo para as pessoas, imagine se assaltam alguém por lá. Logo Molly e minha garotinha também estarão frequentando o parque, definitivamente eu preciso fazer algo, amanhã...

Um bom samaritano. Era tudo que eu precisava, se chegassem a descobrir quem tinha ligado nunca suspeitariam de Artie Harris, o gerente de uma lanchonete, casado e com uma filha para nascer. Ele era uma opção muito segura, seria mais fácil conter meus instintos perto de uma pessoa boa, que tinha uma família que precisava dele. Uma família que ficaria destruída se ele morresse.

Fui o mais rápido que pude até encontrá-lo. Em poucos segundos apenas cinco passos me separavam de Artie Harris e do meu objetivo. Cheguei em sua mente com um cuidado e uma lentidão estudada, uma coisa era acalmar os humanos e fazerem eles não resistirem a nossa aproximação e se deixarem dominar, para que nós nos alimentássemos deles e depois apagarmos o interlúdio de suas memórias.

O que eu estava fazendo agora, no entanto exigia muito mais controle e habilidade do que um vampiro comum poderia ter, porque agora eu estava tentando controlar sua mente através de sugestão para que ele executasse uma tarefa específica, algo muito mais complexo do que pedir para ele ficar parado e não resistir a minha aproximação. Era parecido com hipnotizar. Eu iria me conectar a imaginação e não a mente consciente, a mente iria aceitar o que a imaginação criasse por mais bizarro que fosse. No entanto, eu sabia, que nenhuma sugestão no mundo poderia levar ninguém a fazer algo contra seu caráter moral, contra a sua vontade, um santo hipnotizado, ainda seria um santo.¹ E era exatamente por isso que Artie Harris era a pessoa perfeita para concluir meus objetivos. Era um cidadão consciente o suficiente para denunciar um assassino se a oportunidade existisse e agora eu estava dando essa oportunidade a Harris, mesmo que ele não tivesse ciência disso.

As palavras fluíram da minha mente a dele e logo fizeram eco em seus lábios. A leve conexão que eu precisaria manter para induzir Harris estava estabelecida. Depois disso foi fácil convencê-lo a seguir até uma cabine telefônica e repetir as palavras que condenariam definitivamente Jordan Simpson.

Agora era hora de liberar Harris. Rápido assim, simples assim. Era ridiculamente fácil, manipular a mente humana, fazê-los acreditar nas nossas ilusões e mentiras. E eu era tão talentoso, que quase os fazia ultrapassar seus limites morais para acatar uma vontade minha. Ainda conseguia me lembrar com uma assustadora riqueza de detalhes o quão poderoso eu me senti quando dominei um humano completamente. Ainda lembro bem de como me senti quando eu suguei toda a vida do corpo daquele humano. Me senti tão forte, tão poderoso. Nunca estive melhor, a sensação era intoxicante, embriagadora, viciante... um prazer completamente hedonista.

Eu ainda podia sentir o gosto de sangue quente e fresco nos meus lábios, com uma saudade dolorosa e uma queimação funda no meu estomago. E ali bem na minha frente tinha um humano de sangue quente, pronto para atender o simples pedido de ficar parado e não reagir enquanto eu saciava a minha sede. Eu só precisava experimentar um pouco, sentir apenas uma dose do gosto do sangue escorrendo pela minha garganta, aquecendo o meu corpo, inflando imediatamente cada célula do meu corpo com mais vida e mais rápido do que o insípido sangue frio que eu era obrigado a suportar, jamais poderia fazer.

Não havia nada de ruim em experimentar, tirar uma pequena prova. Mas e se eu não conseguisse me controlar e se eu o matasse? minha consciência se intrometeu me impedindo de dar um passo a frente. Um sussurro irritante. Consciência estúpida! E daí, se ele morresse, o mundo era cheio de humanos. Eles povoavam esse mundo como baratas, um grande Buffet pronto para ser servido. Um a mais um a menos, não faria diferença. Para que eu precisava liberar aquele humano, ele só continuaria com uma vida tola e medíocre. Eu estava fazendo um favor a ele o livrando de uma existência inócua.

Ninguém ia precisar saber, ninguém da família ia precisar se preocupar com um pequeno deslize como esse. Eu era o único que podia ler mentes, além disso eu facilmente poderia sumir com o corpo, enterra-lo no mato, ou melhor queimar a loja com seu corpo drenado dentro. A policia viria e provavelmente alegaria um curto circuito, logo o caso seria esquecido. Eu podia fazer isso.

Dei um passo a frente, pedi para ele inclinar seu pescoço, pedido que ele obedientemente acatou, mal sabendo o quão perto do fim ele estava. Minhas presas se alongaram em antecipação, então quando eu estava pronto para cravar elas no pescoço do humano, a imagem dela saltou inesperadamente na minha frente. Na mesma posição vulnerável da visão de Alice, enrolada em si mesma, chorando sozinha, uma frágil humana que eu não apenas queria tocar, mas que eu queria desesperadamente proteger.

Recuei em choque, eu não sabia se pelo pensamento ou pela minha atitude. A lembrança dela foi tornando a nevoa vermelha que eu nem havia percebido nublando meus olhos e minha razão, se dissipar. O que eu estava fazendo! Ia matar uma pessoa inocente, ia cair na teia de loucura que me esperava e depois? E se um dia eu a encontrasse? Ela se tornaria minha vitima? Recuei ainda mais, enojado com a simples ideia de machucá-la. Rosnei uma ordem para liberar o humano... Não, Artie Harris, casado, com um filho a caminho, me lembrei e repeti como um mantra em minha mente, até que eu pudesse me afastar o suficiente.

Alguns quilômetros depois, me encostei em um beco abandonado, conseguindo recordar claramente o que tinha quase acontecido. Eu estava além de mim. Sabia que estava mal, que o meu frágil controle estava se deteriorando mais rápido do que todos poderiam imaginar, mas sempre consegui me controlar o suficiente para parar a mim mesmo, sem intervenções externas.

Controlar um humano, uma pessoa sempre era arriscado, uma tentação em si mesmo, eu sabia, por isso tinha tanto cuidado com as pessoas que eu submetia ao meu controle, lembrar que elas tinham família, que eram pessoas boas, decentes, que não mereciam morrer, tornava o trabalho mais fácil, colocava a tentação a baila, a vontade, o desejo era sempre inevitável, mas ele ficava em um lugar longínquo da minha mente onde não conseguia me afetar. Eu podia me controlar, pois estava sempre ciente do que estava fazendo, apesar do desejo, da vontade insana de sangue espreitar das sombras. Meu monstro pessoal.

Mas há alguns minutos atrás eu simplesmente tinha me perdido, não era mais eu. Já tinha ficado assim apenas uma vez, mas estava com tanta sede, com tanta raiva, que fui facilmente engolfado no frenesi da luxúria pelo sangue, o que apesar de não justificar meu ato abominável, era compreensível.

No entanto naquele momento quase farto de sangue, eu me senti por um segundo tranquilo, talvez eu só tenha baixado a guarda. Ainda assim era grave demais, estremeci só de lembrar como me senti ávido, como o perigoso predador que eu era, como o monstro que eu me permiti ser. Não houve mais que um breve suspiro de racionalidade que foi brutalmente ofuscado pelo mais cru instinto.

Eu estive tão perto, tão perto de dar o passo derradeiro. Então a visão dela surgiu como sempre quando menos esperava, entretanto quando mais precisei. Era a mesma visão, a mesma postura, só a mesma imagem de um filme diversas vezes visto e ainda assim, naquele momento obscuro foi como luz, iluminando minha mente, minha alma me fazendo recordar quem eu era.

Ela tinha salvado mais do que a minha vida, apenas com a sua memória, a memória de um futuro roubado. Silenciosamente agradeci a ela. Esperava um dia ter a oportunidade de fazer isso pessoalmente. O pensamento afastou os últimos resquícios obscuros da minha mente.

Talvez, apenas talvez, se eu a encontrasse poderia ter um pouco de luz por algum tempo.

Se eu tivesse sorte.

Muita sorte.

***

N/A: Pedir desculpas é pouco para compensar uma ausência tão longa, a única coisa que posso fazer ou dizer é que sinto muito e vou tentar ser assídua ou pelo menos não dar intervalos tão longos as atualizações, agora abandonar a fic, não está nos meus planos, pelo menos não agora.

Essa ultima parte do capítulo foi um verdadeiro parto para escrever, eu não conseguia inspiração, tempo ou concentração necessária para fazê-lo e foi por isso que eu enviei logo a primeira parte do capítulo que seria originalmente enviado inteiro.

Como estou tentando fazer em Aurora Boreal, vou tentar escrever capítulos mais curtos ou dividi-los para conseguir enviar mais cedo. É claro não prometo nada sobre o tempo que vai demorar para eu enviar o capítulo 5, tenho passado por momentos complicados, sem trabalho e tentando achar alguma coisa que pague meu curso, então não tenho tido muito tempo. Alias eu justamente consegui aproveitar esses dias de carnaval para finalmente terminar de escrever. E girls como me sinto aliviada, eu estou empacada nesse capítulo a meses foi angustiante ficar na frente do documento e simplesmente não conseguir traduzir os eventos que eu queria que acontecesse em palavras. Como disse não prometo nada quanto a previsão do próximo capítulo, só posso garantir que ele vai ser escrito.

Queria também agradecer muito pelo apoio de vocês pela força que vocês tem dado com seus pedidos por um novo capítulo e seus comentários gentis. Sério, não parece mas isso dá muita força pra uma autora, saber que vocês não esqueceram da fic e estão aí do outro lado esperando ansiosas por um novo capítulo e ver vocês vibrarem depois de lê-lo, nossa é realmente gratificante e motivador. Então muito obrigada!

Por fim, gostaria de pedir ajuda a vocês, minha antiga beta nessa fic está muito ocupada, por isso ela não poderá mais betar a fic – alias esse cap. não está betado então desculpem qualquer erro - e como eu não consigo viver sem uma beta, gostaria de saber se alguma de vocês poderia se candidatar ao cargo. Preciso de alguém que saque de português e me ajude a não viajar muito na história ou distorça sem querer a personalidade de nossos queridos. Quem estiver interessado me mande um e-mail para conversarmos. Me adicionem no facebook, Lilly Angel ou se preferirem meu e-mail é: Lillyangel88@hotmail.com

¹ Trecho adaptado de O Mentalista Episódio 18 "Russet Potatoes", “Em Transe”

Comentários:

Luiza Rubin – Como você queria, estou aqui de volta. Fico feliz que esteja adorando, espero que curta esse capítulo e aguarde os próximos!

Jess – Que bom que curtiu a ideia, sempre quis ler uma fic com uma história assim, como ninguém escreveu resolvi fazer por mim mesma, rsrsrs... Espero que não tenha te matado de ansiedade ou te decepcionado com esse capítulo. Ele ainda não ficou totalmente do jeito que eu queria, mas era isso ou segurar por mais tempo o capítulo, então escolhi a primeira opção. Não sei se ficou claro a questão dos olhos de Alice, mas se não vou explicar, as características vampiricas, por assim dizer, do livro foram alteradas na minha história, isso quer dizer que a cor dos olhos deles continua a mesma depois da transformação, a não ser que usem lente de contato, rs.

Waaal – Espero ter matado a sua saudade! Demorou, MUITO, mas chegou. Espero que aprecie sem moderação.

Baby Suh – Baby, fofa! Desculpe ter te feito esperar e ainda por cima por um capítulo na minha opinião fraquinho, mas vou me esforçar pra ficar melhor no próximo. Espero que eu tenha o mínimo do talento que você acha que eu tenha. Bjokas!!!!

Thammy Brenda – Que bom!!! *-* Aí está! Espero que tenha gostado desse tanto quanto do ultimo.

Jessica Barros – Nossa! Espero continuar no caminho certo, então ;)

Anônimo – Bom, aí está a continuação. Como disse não pretendo abandonar, então apesar de poder demorar, irei postar o próximo capítulo. Supondo que você é todos os anônimos... Fico muito feliz que tenha amado tanto! Muito obrigada mesmo! Seu Nick é Ruu? Tenho que te agradecer demais aos seus pedidos, sempre que dava uma olhada na página da fic e via um coment seu me dava mais vontade de escrever – apesar da inspiração fraca. Bjs e apesar do atraso para o Natal, acho que os meus desejos de um feliz ano novo ainda são válidos.

Laila – Brigada moça! Ai, fico tão contente por você está apreciando! Esse é o presente de toda autora, saber que quem lê está curtindo. Bjs!!!

Anônimo – É a mesma pessoa de ali de cima? Bom, aí está mais um pouquinho! E obrigada pelo lado que me toca :) Bjinhos!!!!!

Finny – Caramba Finny, você deu sorte. Capítulo novinho pra você!!!!





28 comentários:

  1. amei o 1 capitulo muito bom nossa to curiosa quero mais !!!

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  2. Oi flor...Nós é que agradecemos por você postar aqui no blog.Obrigada!o blog foi feito justamente, para nós que amamos fics interativas. Tenho que falar que sou team Jake 4ever, mas adoro uma boa historia e a sua promete. Bjus!

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  3. aderi o 1 cap, não espero a hora de encontra com ed... será? eu espero bjs gina
    n/a, posta logo próximo cap,tá legal!!

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  4. caramba, quando eu vi essa fic na home do blog quase gritei, sempre tive vontade de ler ela no outro site mas nunca vc postava,
    FIQUEI TÃAAAAO FELIZ *-*
    por favoor posta mais, realmente quero saber o que vai acontecer :DDDD

    beeijos :**

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  5. caramba, quando eu vi essa fic na home do blog quase gritei, sempre tive vontade de ler ela no outro site mas nunca vc postava,
    FIQUEI TÃAAAAO FELIZ *-*
    por favoor posta mais, realmente quero saber o que vai acontecer :DDDD

    beeijos :**

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  6. Aiiiiiii eu amei muitooooo
    Quero mais att logo por favor ou eu morro de curiosidade (exagero?não).
    Combinei quase completamente com a principal ( a nao ser pela parte de nunca ter beijado e ter 16 anos) mais sim eu sou paixonada pelo Edward,..... Jasper,Emmett (sou muito apaixonada por todos.
    Agora ao que interessa parabens Lilly vc escreve muito bem...e o assunto na fc eh muito legal .
    amei d++++

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  7. Uauuuuu!!!!!!

    Lilly botou o banner que eu fiz para ela (chorando de emoção)....

    A sua historia é otima, eu sou suspeita para falar ne :D

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  8. Gente, eu não sei como fiz, mas eu deletei uma parte da N/A da Lilly! kkk
    Sorry amore:
    Tive de descarregar de novo o ficheiro e copiar para aqui. Então seguinte:

    N/A: Oi, girls!!!! Tudo bem com vocês? Eu fiquei realmente feliz pela aceitação da fic por partes de vocês, principalmente porque esse é um projeto diferente do que eu já vi, por isso tinha ficado com um pouco de receio de postá-lo, mas a ideia era e é tão forte que eu não pude fazer outra coisa se não postar. Obrigada Baby-chan pelo apoio! E a vocês pelo incentivo. Essa história me veio depois que eu escolhi Crepúsculo como o meu objeto de estudo para a minha monografia, mas acabou se frutificando pelo meu gosto pelo sobrenatural e por vampiros, por isso essa fic vai englobar um variado universo de histórias sobrenaturais e de vampiro. Por isso se você achar nessa fic algo que te lembre outra história, não é mera coincidência eu provavelmente me inspirei, mas são tantas as referencias que tenho, que fica difícil para mim apontá-las corretamente. Também tenho que dizer que não pretendo abandonar a fic Yasmim, vou continuar com ela, mas pode ser que o meu estágio, minhas aulas e a monografia dificultem a frequência das minhas atualizações, mas elas estarão lá, então não se preocupem!!!! E se por um infeliz acaso desistir da fic,avisarei a vocês ao invés de deixá-las ansiosas e no escuro. Também tenho que dizer que o grande encontro não acontecerá, até o cap. 4, espero que não se incomodem muito de esperar um pouco... Bom, é isso vou terminar essa nota, antes que vire um cap. também, rsrsrsrsrs... Espero que tenham gostado desse cap. também!!!! Beijos a todos e até a próxima att...

    Sorry de novo. Kisses da Baby

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  9. Oi flor, esse capitulo foi muito bom...Despedidos são um saco, mas adoro mudanças...Principalemnte se o lugar de destino for Forks!Adorei!!!!

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  10. eu queria tanto q a autora continuasse a escrever essa fic...eu adoro mas é uma pena q tenha tao poucos caps

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  11. Estou adoooooorando a ideia e esperando ansiosamente pelo próximo cap. Tbm to louca pra saber porque os olhos de Alice são azuis, kkkk adoro um mistério! att sempre ;D bj

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  12. Que saudade que eu tava dessa fic!

    Amo demaais, não vejo a hora do próximo capítulo :D

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  13. Morri de saudade dessa fic, menina! Finalmente pude reler ela e acompanhar tudo. Ficou maravilhoso. Vc tem talento!
    Kisses da Baby

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  14. adoreiiiiiiiiiiiiiiiiiii muito bom to emga curiosa quero amsi por favor !!!

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  15. eu li esta fic agora 09/11/2011 e amei, porem não visualizei os proximos capitulos.Não teremos continuação?Assim como esta tem outras fic muito boas e sem continuação.Que peninha!!!!!!!

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  16. AMEI AMEI AMEI, Juro fico passando por aqui o tempo todo pra saber se tem mais algum capitulo, por favor escreva logo estou ansiosa. Beijos e Parabéns

    Ruu

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  17. Lily,posta mais capitulos essa é linda e estou acompanhando sempre as atualizaçóes.

    bjosss

    feliz Natal e Ano Novo

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  18. Você e ÓTIMA!!!!!
    Escreve MUITO bem =D
    bjs!!

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  19. Eu preciso de mais menina.
    Sua fic é otima e muito bem escrita.beijos ate a proxima

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  20. Simplesmente maravilhoso, essa fic é ótima estou louquiha esperando mais caps até o próximo

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  21. Lindo!! adorei a fic.
    Posta mais e não demora por favor!!!

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  22. Só agora fui ler o capitulo 4, meu deus mal posso esperar para ver como e qual vai ser a reação quando Eu (ai que emoção) conhecer os Cullen, em especial o Edward
    sonhando aqui com a próxima att, um bjão

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  23. Amei essa Fic.
    Espero que continue logo.

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  24. AHH essa fic é muito perfeita.Espero que continue logo

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  25. To adorando a fic. posta mais!!

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  26. Continua, please!!!! Olha o tempo mds

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