8 de abril de 2011

Estou morrendo aos poucos by Patti Rathbone

| |





Estou Morrendo aos Poucos











Prólogo

Eu precisava fazer alguma coisa. Não aguentava mais o modo como Jasper me tratava. Uma hora parecia que ele me queria por perto e no mesmo instante em que eu acreditava nisso, ele se afastava me jogando um balde de água fria. Mas agora ele não iria fugir.
Olhei em seus olhos negros, como nenhum que já tivesse visto antes, agarrei sua nuca com determinação e o beijei do jeito que sempre quis desde que o conheci. Por fim, Jasper se rendeu. Agarrou-me pela cintura, beijando-me intensamente e me pressionou na parede com seu corpo. Isso realmente doeu. Não sei como, mas ele conseguiu aprofundar ainda mais o beijo. Agora ele parecia...me devorar.



Capítulo 01: Sem palavras

’s POV



Acordei com a porta do meu quarto se abrindo e minha mãe colocando a cabeça para dentro para ver se hoje eu havia me levantado.

Fazia três dias que eu estava de cama com uma gripe maligna que só serviu pra me deixar de nariz vermelho e longe dos meus amigos. (Lembrar de nunca mais mergulhar do penhasco quando estiver chovendo). E por que eu fui a única que ficou doente?

Mamãe era enfermeira do hospital de Forks. Era bom não precisar ir ao médico por qualquer coisa, como meu pai sugeriu ao ver-me espirrando e tossindo pela casa. Sempre superprotetor.

Dra. Randee Rathbone, como eu a chamava pelas costas, entrou com um termômetro para mais uma vez medir minha temperatura.

— Como está se sentindo? – perguntou passando a mão por minha testa.

— Melhor. Só um pouco molenga – o termômetro apitou e ela o pegou para ver se a febre já tinha ido embora ou se teimava em continuar no meu frágil corpinho debilitado.

— Você ainda está um pouco febril. Acho melhor tomar seu remédio e continuar na cama. Sem escola por hoje.

— Ficar em casa é um saco! – reclamei pela milionésima vez. Nos últimos dias eu não fazia outra coisa a não serem os trabalhos que os professores me mandavam pela minha melhor amiga Stewart, que sempre passava aqui depois da aula e ficava a tarde toda na tentativa de me animar. Mas assim que começava a escurecer seu namorado Jacob Black sempre a roubava de mim.

— Eu tenho uma novidade pra você – ela fez uma pausa para dar um ar de suspense. Eu sabia que não seria nada demais. Em uma cidade como Forks que chovia a maior do tempo, até um raio de sol já seria considerado o acontecimento do dia. Pelo menos para minha mãe. — A vaga que Dr. Daniels deixou ao ser transferido já foi preenchida.

— Oh! – fiz cara de falsa surpresa que ela percebeu.

— Você não me deixou terminar, querida. O Dr. Carlisle Cullen, a esposa e três filhos adotivos chegaram ontem. Os garotos têm mais ou menos sua idade e vão estudar lá na sua escola.
— Alunos novos! – Isso era interessante. —E eu não estou lá para dar as boas vindas. Isso vai ser bom para o jornal.

— Bom, vou deixá-la com seus planos e vou trabalhar – deu-me um beijo no alto da cabeça -, descanse. Tchau.

— Tchau, mãe.

Assim que ouvi o barulho do carro se afastando de casa, levantei da cama e fui tomar um banho. Ao me olhar no espelho vi que minha aparência estava melhor. As olheiras tinham sumido.

Eu me achava privilegiada por ter uma pele morena, quando a maioria dos meus amigos da escola tinha a pele clara. Talvez devido à falta de sol dessa cidade. Os únicos que podiam ser considerados meus companheiros de cor eram os garotos de La Push. Nós havíamos crescido juntos.

Meu pai, Jack Rathbone, era o filho pródigo Quileute que deixou a reserva para morar na cidade logo depois de se casar.

Todos os domingos nossas famílias se reuniam para um almoço que se tornara sagrado. As mulheres faziam diversos pratos com os peixes que os maridos pescavam.

Harry Clearwater, Billy Black, o forasteiro Charlie Swan e meu pai eram amigos inseparáveis de pescaria.

Enquanto espalhava sabonete líquido pelo corpo, minha mente voava pra bem longe. Pensava no quanto eu adorava ficar na reserva. Principalmente quando ao anoitecer nos reuníamos em volta da fogueira. Gostava de olhar os dois casais de namorados em seu momento de adoração.

Sam Uley com Leah Clearwater; Jacob com . Eu havia tentado um lance com Embry Call, mas éramos mais amigos do que propriamente um casal e então resolvemos deixar esse negócio de namorar pra escanteio. E porque meu irmão Jensen não se acostumara com a ideia da irmã de dezassete anos ter “um cara”, como ele dizia.

Jensen era o maior pegador da cidade. Talvez não só da cidade, devido à frequência com que ele ia à Port Angels e à Seattle. Apesar de sermos gêmeos ele era o meu oposto, tanto na aparência quanto na personalidade. Típico rebelde adolescente enquanto eu era a aluna aplicada. Nenhum pai em seu juízo perfeito ia muito com a cara dele, devido a seu histórico de namoros que não passavam de uma semana.

Saí do banho e fui me vestir. Coloquei uma calça de moletom e blusa cinzas. Penteei meu cabelo e desci a escada até a cozinha. Tomei meu remédio que estava sobre a bancada ao lado de um sanduíche vegetariano que eu adorava e que só meu pai sabia fazer.

Fui com meu lanche e um copo de suco para a sala. Liguei a TV e fiz meu desjejum enquanto assistia ao noticiário da manhã. É, eu assistia jornal. Como pretendia ser repórter investigativa precisava estar por dentro do assunto.

“Ia ser mais um longo dia”, pensei resignada.
Só percebi que havia cochilado no sofá quanto a porta de frente se abriu e entrou com a familiaridade de sempre.

— Ainda de molho?! – disse se jogando na poltrona.

— Já me sinto bem melhor, obrigada por perguntar.

— Então. Acha que poderá ir pra escola amanhã?

— Espero que sim. E você tem algo a me dizer.

— Desculpe, não foi minha culpa. – fez um ar inocente.

— Do que está falando?

— Sei lá. Você disse que eu tinha algo a dizer, deduzi que seriam desculpas.

— Estou me referindo à família Cullen. Dra Randee disse que temos três novos membros na Forks High School.

— Ah... Isso.

— E então... – questionei.

— E então nada. Não falei com eles e ninguém vai falar – estava estranha.

— Isso é imperdoável Geórgia Stewart!

, você não os viu, ta. E nunca mais me chame de Geórgia de novo! – agora ela estava brava.

— Não estou entendendo nada. Eles são algum tipo de gang do mal que chegou aterrorizando e ameaçando a escola toda?

— É claro que não. Bem, eles são indescritíveis – arqueei uma sobrancelha. — O mais velho se chama Emmett e é enorme. Parece um cara bombado da faculdade; é ainda mais musculoso que nosso treinador. Tem o Edward que é incrivelmente perfeito, parece aquele ator Robert Pattinson. E o outro, o Jasper. Esse é o que mais dá medo, mas não deixa de ser lindo.

— Sabe que não está falando coisa com coisa, não sabe? Ainda não vi nenhum motivo pra não falarem com eles.

, você terá que ver com seus próprios olhos. Mas saiba que ninguém está disposto a ser amigo deles.

— Bobagem. Amanhã vou dar um jeito nisso. O que me trouxe hoje? – perguntei mudando de assunto.

Passei o resto da tarde fazendo dever de cálculo, inglês e história. Entre uma matéria e outra íamos à cozinha fazer lanche e estourar pipocas no microondas. Estava cansada de ingerir sopa e caldo por causa da gripe.

Tentei não pensar nos Cullen, isso ia ficar pra mais tarde quando eu fosse dormir.
Como era de se esperar Jacob apareceu com “carro”. Um Rabbit 86. Admirava a coragem de por andar naquela lata velha que ele havia praticamente montado.
— Como é você ainda não morreu? – gargalhou.

— Estou convalescendo – lancei-lhe um olhar fulminante. — E eu não te disse que só poderia voltar aqui depois de cortar essa cabeleira? – Jacob era um gatinho, mas quando se tratava do cabelo comprido que ele mantinha amarrado num rabo de cavalo, eu queria matá-lo.

— A não reclama... – abriu um sorriso enorme pra namorada que já estava agarrada à sua cintura. — E você, senhorita Rathbone, está proibida de participar de esportes radicais, como pulo de penhasco. Você é a única que sempre fica doente. Credo.

— Você acha que eu não sei disso, gênio? Cadê o resto do bando?

— O EMBRY – ele disse enfatizando o nome – está mexendo na moto dele de novo.

— Vocês dois deveriam abrir um ferro velho.

— Eu gostaria muito de ficar aqui ouvindo seus prós sobre carros novos e reluzentes, mas preciso namorar um pouquinho – disse dando um beijo nos lábios de que só sorria com nossa discussão diária.

— Ok, divirtam-se. Dê um beijo no Embry por mim, Jake.

— Pode deixar – ele riu – como se ele fizesse meu tipo.

Dei um abraço na e teria dado um nele também, se Jacob não tivesse dito que não queria ser infectado com meu vírus. Fingi um espirro em sua direção, antes dos dois se afastarem abraçados até onde o carro estava estacionado.

Fiquei sentada um tempo na varanda. Não era sempre que se podia fazer isso. A chuva parecia ter dado uma trégua hoje. Espero que tenha algum sol amanhã. Seria muito chato ter uma sexta-feira chuvosa.

Tirei meu celular e fones de ouvido do bolso da calça e comecei a escutar minha lista com músicas dos 100 Monkeys, minha banda favorita, quando meu irmão estacionou sua moto próxima ao meio-fio. Pelo jeito, ele pretendia sair novamente.

— É melhor você entrar, se o Jack te ver aqui enquanto ainda está doente, vai te obrigar a tomar sopa de novo no jantar. – ele estendeu a mão ajudando-me a levantar e entramos em casa.
— Vai aonde hoje? – subimos juntos a escada para nossos quartos.

— Port Angels. Assistir um filme com os caras da escola.

— Lembre-se que você ainda é menor de idade – brinquei. — Sem pornô.

— Pode deixar, mamãe. – Jensen foi para o seu quarto e eu para o meu.

Estava navegando na internet no meu notebook quando ouvi o carro de minha mãe chegar. Meu pai só viria mais tarde, pois ele era chef de cozinha de seu próprio restaurante. Pra uma cidade pequena o lugar era bem freqüentado.

Após constatar que eu estava sem febre, Randee foi tomar banho e preparar o jantar. Jensen saiu antes de comer, mas não antes de escutar uma bronca de mamãe.

Depois de comer uma refeição decente, tomei outro banho e fui dormir. Antes de pegar no sono pensei que não deixaria ninguém excluir os novos alunos. Eu era completamente contra bullyng.

Meu sonho foi totalmente estranho. Eu estava na reserva, em um dia ensolarado. De repente fechei os olhos e beijei alguém. Pude sentir mãos que acariciavam minha cintura, mas eram mãos geladas. Como alguém podia estar com frio com aquele sol todo? Ao abrir os olhos vi que não tinha ninguém ali, eu estivera beijando uma estátua de mármore. Olhei em volta, esperando não ver ninguém rindo da minha pagação de mico. Vi um movimento estranho atrás de umas árvores e em como todo sonho, eu era corajosa o suficiente para querer ver o que era. Mas ao tentar ir em direção às árvores, algo segurou minha mão. Não quis olhar pra trás porque pelo toque senti que era a estátua que entrelaçava seus dedos aos meus. Um pânico surpreendente me invadiu ao pensar que um monte de pedra podia estar vivo.

Foi então que meu despertador tocou e eu acordei. Olhei pela janela e vi o céu nublado prometendo chuva. Me arrumei pra ir à escola e ao descer encontrei meu pai terminando de lavar uma xícara na pia.

— Vai à escola? Por que não espera pra ir na segunda-feira?

— Se eu ficar mais um dia trancada aqui vou subir pelas paredes. Bom dia. – disse dando um beijo em seu rosto.

— Bom dia. Quer que eu prepare alguma coisa?

— Não precisa. Vou comer um pouco de cereal.

— Quer uma carona? Posso te esperar.

— A avó da vai passar aqui. Obrigada, pai.

— Então, eu já vou. Tenha um bom dia, querida. – ele saiu depois de me dar um beijo na testa. Às vezes eu achava que não tinha tanta sorte. Meus pais eram pessoas maravilhosas, eu os amava muito.

Comi cereal cm leite e após lavar minha tigela, ouvi a buzina do carro de Abigail. Peguei minha mochila e meu casaco, tranquei a casa e fui ao encontro de e sua avó. Lá estava ela, com suas ruguinhas, roupas coloridas e cabelos tingidos. Foi por influência dela que pintou o cabelo, antes castanho, para um vermelho vivo. Para Abigail os anos 60 ainda não haviam acabado.

— Bom dia – cumprimentei sentando no banco traseiro do mustang.

— Bom dia, flor! – Abi exclamou feliz. — Todas a bordo? Vamos lá...

Chegamos à escola rindo muito de uma história de amor de Abi no dia do Woodstock que durou menos de quarenta minutos. Despedimo-nos dela e fomos para nossa sala.

Minha primeira aula seria química, a única que eu tinha com a . Não prestei atenção, pois estava ansiosa demais por ainda não ter visto os Cullen em parte alguma.

Depois de química, tive álgebra com Jensen que dormiu metade da aula por ter chegado tarde do cinema. E enfim chegou o intervalo. Peguei minha bandeja de comida e fui sentar à mesa de sempre com meus amigos Richard, Justin, Kyle, Megan e . Conversava com sobre ir à La Push no dia seguinte quando Megan cutucou-me com o cotovelo.

— E na passarela... – segui seu olhar em direção à porta do refeitório assim que três garotos lindos entraram.

Eu não conseguia desviar os olhos. Caramba, era hipnotizante. Os três foram se sentar em uma mesa afastada das demais e conversavam entre si. Tinha um grandão, imaginei ser o tal Emmett, com músculos que davam medo. Era lindo, claro. Quando sorria fazia umas covinhas nas bochechas que eram de matar. O cabelo era escuro e crespo. O outro era um pouco mais magro e mais baixo, seu cabelo em desalinho era cor de bronze. Mas eu quase congelei ao analisar o terceiro. Era mais alto que o primeiro, mas não tão forte. O cabelo era louro cor de mel. Ele possuía uma expressão sofrida como se estivesse sendo obrigado a estar aqui. Todos eram pálidos, a pele mais branca que já vi na vida. E apesar dos diferentes tons de cabelo os olhos eram os mesmos. De um dourado intenso, como ouro derretido.

Saí do meu transe, tomei coragem e fui até eles.

— Bom dia – eles me encararam. — Eu sou Rathbone e em nome de todos os alunos de Forks High School, gostaria de dar as boas vindas.

— Oi, . Eu sou Emmett – disse o grandalhão abrindo um enorme sorriso. — Esses são meus irmãos Edward e Jasper.

Antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa, o tal Jasper se levantou e saiu quase correndo.

— O que aconteceu com ele? – perguntei.

— Jazz não está tendo um dia muito bom – Edward respondeu. — Ele só está tentando se acostumar com... a cidade.

— Onde vocês moravam antes de vir para cá?

— Na ensolarada Los Angeles – riu Emmett. Como se isso tivesse tido alguma graça.

— Agora entendo. Seu irmão deve estar meio zangado por agora morar em um lugar tão úmido.

— Talvez seja isso mesmo.

— Eu trabalho no jornal da escola e gostaria de fazer uma entrevista com vocês. Não é sempre que temos alunos de fora, todo mundo aqui cresceu junto.

— Tipo, aquele filme Entrevista com o Vampiro? – ele praticamente gargalhou.

— Não entendi...

— É só uma piada, não é, Emmett? – Edward disse entre dentes. —E acho que não seria uma boa idéia.

— Fale por você. Eu aceito, . Pode me entrevistar sempre que quiser.

— Obrigada. Vamos marcar uma hora depois. Agora vou voltar para minha mesa. Foi um prazer conhecê-los.

— O prazer foi todo nosso.

Quando voltei meus amigos estavam de olhos arregalados.

— Viram? Não foi tão difícil. – Ninguém quis se manifestar. Eu mostraria a eles que era uma besteira excluírem os Cullen.

O resto do dia foi normal. Descobri que tinha aula de inglês com Jasper. E que ele sentava na última carteira no fundo da sala, quase colado à janela. Como eu sentava na frente não dava pra ficar olhando, a única vez em que tentei fazer isso ele me encarava. Pude notar que era bem quieto e inteligente, pois respondeu todas as perguntas que o professor Peter lhe fez.

Assim que o sinal tocou, arrumei minhas coisas dentro da mochila. Ao me levantar esbarrei em Jasper que nesse momento passava por mim.

— Desculpe, senhorita. – ele disse quase num sussurro e saiu antes que eu dissesse alguma coisa. Afinal a culpa tinha sido minha.

Encontrei me esperando no estacionamento.

— Terra para . – estalou os dedos na minha frente; obviamente eu havia perdido a conversa. Não conseguia parar de pensar no comportamento de Jasper. —O que houve? Parece que está na lua.

— Nada. Só pensando sobre amanhã. La Push – sorri.

— Então tá – ela me conhecia bem demais pra saber que não era sobre isso que eu estivera tão desligada.

Meus olhos vagaram para o outro lado do estacionamento e lá estavam eles. Parados ao lado de um Land Rover e conversavam alegres exceto Jasper. Ele estava calado, alheio ao resto como eu. As mãos nas costas em uma postura militar. Aos poucos desviou o olhar do chão e me encarou.
O tempo parou. Pelo menos pra mim. Éramos só nós dois, frente a frente, nos olhando. Eu o admirava. Ele me estudava. Eu não queria, não conseguia me mexer. Parecia estar enfeitiçada.

Ele deu um passo em minha direção, mas seu irmão Edward tocou de leve em seu braço e ele parou. Os três entraram no carro. Jasper ao volante, Emmett no passageiro e Edward no banco de trás. E foram embora.

Abi chegou para nos buscar e consegui me distrair com suas histórias hilárias sobre praias de nudismo o rock’n roll. Fomos para sua casa e passamos a tarde comendo biscoitos e tomando chá em frente a TV. A chuva caía torrencialmente.

Jacob chegou tremendo de frio. Pendurou a capa de chuva perto da porta de entrada e veio juntar-se a nós.

— Está duas horas adiantado – impliquei.

— Abi disse que posso vir quando escurecer. Bem, o céu está bastante escuro pra mim. Oi, princesa – disse beijando e abraçando .

— Esse é meu garoto! – exclamou Abi. Ela simplesmente idolatrava Jake.

Conversamos sobre nossa ida à reserva no dia seguinte. Jake prometeu – sob meus protestos – de nos levar em seu carro.

Já passavam das vinte e uma horas quando me despedi deles. Minha casa só ficava a duas quadras e resolvi aproveitar que a chuva havia parado para andar um pouco.

Subi o zíper do casaco e caminhei pela calçada. Não havia dado vinte passos quando percebi um carro andando devagar ao meu lado. Virei-me e reconheci o Land Rover.

N/B: Aaaaaaaaahhh! Meninas! Vocês têm de ler e COMENTAR essa fic! Ela ela é SUPER arroz com feijão! E quando eu digo arroz com feijão eu digo: VICIANTE, MARAVILHOSO, GOSTOSO, PERFEITO!!!
Nuss, Patti! Você tem de postar mais. E LOGO!!

Vocês amaram, não amaram, meninas?
Então COMENTEM!
Kisses da Baby




Capítulo 02 Isso é errado

Jasper ‘s POV

Carlisle e Esme estavam bem animados por voltarem a Forks depois de tantos anos. A cidade parecia perfeita para nós. Nada de sol.
Particularmente, não me importava pra onde íamos. Sempre seria mais difícil pra mim do que para minha nova família.
Não fazia tanto tempo que eu havia parado de me alimentar de sangue humano, e esta seria a primeira vez que iria freqüentar uma escola com meus irmãos Emmett e Edward. Eu estava um pouco apreensivo por ter que ficar cercado de humanos. Carlisle confiava mais em meu autocontrole do que eu mesmo.
Devido à minha habilidade de sentir as emoções das pessoas, era torturante sentir o medo de minhas vítimas. Com animais estava me saindo melhor. Porém, o sabor era incomparável.
Para o meu primeiro dia de aula, me alimentei bem no dia anterior. Emmett e eu teríamos dezassete anos de novo e Edward, dezasseis. Quanto mais novos, mais tempo ficaríamos e Esme realmente gostava daqui.
Ao chegarmos a Forks High School pude sentir todos os olhares em nós, os novatos. Os alunos estavam apreensivos e alguns, com medo. Era apenas o instinto que os alertavam de que era perigoso se aproximarem. Edward disse que alguns pensavam em puxar assunto, mas tinham receio por nossa aparente superioridade e pelos músculos de Emmett, é claro.
Gostei que mantivessem distância. Se chegassem perto demais, não sei se conseguiria me segurar.
Nas aulas procurei sentar o mais longe possível de todos. O lugar perto da janela parecia perfeito, com muita corrente de ar. Tentei me distrair contando folhas de árvores. As matérias eram fáceis e eu as sabia de cor.
No intervalo nos sentamos em uma mesa afastada.
— Como está se sentindo, Jazz? – Emm perguntou.
— Contanto que fiquem longe, acho que vou conseguir.
— Está se saindo muito bem. – Edward tentou me animar.
Era fácil perceber os olhares furtivos. Os garotos estavam enciumados, pois ao que parecia as garotas ficaram fascinadas.
Eu teria Ed. Física nas próximas duas aulas. Jogar na velocidade humana ia ser entediante.
Começamos com voleibol. No começo estava tranqüilo, mas o jogo começou a ficar empolgante para os outros. Eu podia ouvir a pulsação, o coração acelerado bombeando o sangue, os rostos corados. Eu não resistiria por muito tempo.
O treinador veio em minha direção.
— Cullen, seu irmão quer falar com você. – Estendeu a mão para pegar a bola que eu segurava.
Eu não me mexia. Ele estava perto demais. O cheiro me invadiu imediatamente.
— Cullen. – Ele tentou chamar minha atenção, mas eu estava compenetrado em uma veia saltitante em seu pescoço.
— Vamos, Jazz. – Ouvi a voz de Edward tentando parecer o mais natural possível. – Depois você joga mais. – Ele tirou a bola da minha mão e a entregou ao treinador que parecia me achar um retardado.
Fomos ao estacionamento onde pude recobrar minha sanidade.
— Obrigado. – Me sentia um fraco. Antes de ser transformado em vampiro eu fora um militar brilhante e agora que eu estava mais forte, mais experiente, não conseguia ter controle sobre mim.
— Não espere conseguir isso de um dia para o outro, Jazz. Você tem a nós e não vamos desistir de você. Vamos te ajudar sempre que precisar. Não se envergonhe por algo que não fez.
— Não me deixe fracassar. – Supliquei.
— Não deixarei. – Edward me abraçou.
Não voltei pra aula aquele dia. Fiquei esperando meus irmãos dentro do Land Rover, ouvindo uns CDs de rap do Emm. As letras me ajudavam a esquecer o que podia ter feito, não fosse o dom de Edward em ler pensamentos.
Ao voltarmos pra casa, Esme já havia decorado todos os cômodos. Até nossos quartos ela colocara em ordem.
Passei o resto do dia traduzindo um livro de medicina de Carlisle do russo para o japonês. Mas à noite já não tinha o que fazer. Decidi seguir um antigo conselho de Edward e comecei a estudar astronomia. Embora tivesse que esperar por uma noite que não estivesse nublada para usar o telescópio.
Quando amanheceu, troquei de roupa e desci para a garagem, onde meus irmãos já me esperavam dentro do carro.
Parece que todos na escola já haviam tomado a decisão de não falar com nenhum de nós. Isso era bom.
No intervalo nos sentamos na mesma mesa do dia anterior.
— Logo as pessoas vão perceber que não comemos nada. – Comentou Emmett.
— Mas por outro lado é um desperdício pegar uma bandeja de comida só pra jogar fora depois.
— Não quando temos que ser convincentes, Jazz. – Riu.
Então uma garota se aproximou. Meu Deus! Ela era linda. Os sentimentos que vinham dela me trouxeram... Paz. Estava um pouco apreensiva, mas também esperançosa.
Seu cheiro era tão irresistível que fez minha garganta arder. Era incrivelmente apetitosa. Sua pele parecia tão macia.
Ela falava, mas apenas compreendi que seu nome era Rathbone. Até seu hálito me deu água na boca. Seu sangue devia ter um gosto bom...
Senti um pisão no pé; só podia ser Edward. Reuni todas as minhas forças e saí de lá. Fui até onde estava o nosso carro. A chuva fina molhou meus cabelos. Abri a porta e sentei no banco do motorista. Só então percebi que minhas mãos tremiam tamanho era o desejo que sentia.
Inspirei o ar várias vezes até me acalmar. Mas ainda podia sentir o cheiro daquela garota. A vontade de matá-la permanecia em minha mente. Em frações de segundos pensei em mais de cem maneiras de como acabar com sua vida.
Fiquei lá por um tempo, quando voltei estava mais calmo. Depois de ter História fui para a aula de Inglês.
Rathbone estava sentada na primeira carteira perto da porta. Eu fui para o meu lugar isolado de sempre. Mesmo longe não consegui tirar os olhos dela. Cada movimento seu era fascinante.
O professor deve ter percebido minha suposta falta de atenção, pois a toda hora me fazia uma pergunta sobre o que acabara de explicar. Embora estivesse com os olhos cravados nela, meus ouvidos registavam tudo o que ele dizia, então não respondia errado.
Depois que ele nos dispensou, esperei os outros alunos saírem na minha frente. continuava sentada arrumando algo dentro de sua mochila. Quando passava por sua carteira ela se levantou de repente, esbarrando em mim. Espero que não tenha quebrado nada.
Tentei prender a respiração, mas quando ela expirou, o ar quente me atingiu e eu o inspirei ávido. Ela estava tão perto, tão fácil...
— Desculpe senhorita. – Disse e corri para o estacionamento. Edward estava visivelmente preocupado.
— Desculpe Jazz.
— Foi bom você não ter aparecido. Uma hora eu teria que fazer isso sozinho.
Pela primeira vez Emmett não tinha nada a dizer. Talvez eu estivesse mesmo perto de cometer uma besteira.
Edward tentou amenizar o clima falando sobre nossa caçada para o dia seguinte, o que animou Emm.
Eu não compartilhava da conversa. Estava rígido como uma estátua. Ao levantar o olhar, dei de cara com me encarando.
Com a distância em que estava não podia sentir seu cheiro com tantos outros cheiros entre nós, mas mesmo assim ela me cativava. De repente não desejei apenas seu sangue, mas também seu corpo, seus lábios. Involuntariamente dei um passo em sua direção e parei ao sentir a mão de Edward em meu braço.
— Acho melhor irmos para casa. – Ele sugeriu.
Entramos no carro e ficamos calados todo o percurso.
Depois de um tempo sozinho em meu quarto fui até o quarto de Edward, onde ele ouvia Blues e organizava suas centenas de CDs em ordem alfabética.
Sentei-me no sofá perto da parede de vidro, nenhum de nós precisávamos de cama, afinal nunca dormíamos mesmo. Ele sabia o motivo pra eu estar ali, mas eu precisava dizer.
— Você leu os pensamentos dela, não leu? – Perguntei.
— Li. – Ele respondeu sem me olhar.
— Então me conte.
— Está aborrecida por que ninguém falou com a gente. Ela quer se aproximar, fazer amizade. Mas acha difícil conversar com você, pois parece fugir dela. – Ele se virou em minha direção. – Ela gostou de você.
— Como todas as outras garotas gostaram de nós.
— Ela pensa muito em você. Não sobre o quanto é bonito, ou estranho. acha que você está sofrendo por ter deixado sua antiga vida e vindo recomeçar em uma cidade sem atrativos, como Forks. Ela se preocupa assim como você se preocupa com ela.
— Estou tentando não matá-la. Estou tentando não matar ninguém.
— Cá entre nós. Você sabe que não é só isso. – Dizendo isso Edward saiu do quarto e foi até a sala de estar, tocar piano.
Eu precisava admitir. Seu sangue não era a única coisa que eu desejava. Queria beijá-la, tocá-la, ter seu corpo junto ao meu. Havia um sentimento novo dentro de mim. Algo que em todos os meus anos de existência não havia sentido. Nem por Maria, a vampira que me transformou e ao lado de quem eu fiquei por décadas. Eu não sabia o nome dessa coisa estranha, que me trazia felicidade e ao mesmo tempo uma dor tão grande no peito que me encolhi como se pudesse estar machucado de verdade, como se meu coração ainda batesse.
Quando dei por mim, já havia anoitecido. Resolvi dar uma volta de carro, clarear a cabeça. Estava passando por cada uma das ruas quando, ao virar uma esquina, vi saindo de uma casa e andando pela calçada. Não sei o que deu em mim, reduzi a velocidade e dirigi a seu lado.
Ela se virou um pouco apreensiva, mas quando reconheceu o carro, senti que ela ficou feliz.
Parei o carro junto ao meio fio fui ao seu encontro.
— Boa noite Srta. Rathbone. Eu sou Jasper Cullen.
— Sei quem você é. – Ela riu. – E me sentiria mais a vontade se me chamasse de .
— Não é seguro andar sozinha à noite. – O que eu estava dizendo? Qualquer lugar seria melhor do que perto de mim.
— Minha casa só fica a duas quadras daqui.
— Permita-me que a acompanhe? – Ainda tinha esperanças de que ela recusasse que ela sentisse o real perigo que eu representava.
— Eu gostaria muito. – Respondeu.
Fui até o carro e abri a porta pra que ela entrasse. Em um ambiente fechado seu cheiro era ainda mais enlouquecedor. Então abri as janelas, dei partida e dirigi lentamente pela rua. Queria ficar com ela, mesmo sabendo que isso era completamente errado.
— O que está achando de Forks? – Ela perguntou.
— É uma bonita cidade.
— Pra você que estava acostumado com o sol de Los Angeles deve ser difícil se acostumar com uma cidade tão chuvosa.
— Quem te disse que viemos de Los Angeles?
— Seu irmão Emmett.
— Ah... Só podia ser. – Ri com a piada interna. – Eu gostei de vir pra cá.
— Achei que estava tendo dificuldade em se adaptar. – Ela estava confusa.
— Meu comportamento nada tem a ver com Forks.
— Então tem a ver com o quê?
— É um interrogatório?
— Não tem nenhum gravador aqui, então encare isso como uma conversa amigável. – Como eu nada dissesse, ela encarou o pára-brisa. – Eu moro logo ali. - Disse, apontando para uma casa de um verde-claro.
Parei o carro em frente à garagem.
— Obrigada. – Ela levou a mão na maçaneta e quando toquei seu braço, ela estremeceu com minha pele fria.
— Não quero que se afaste de mim. – Disse mais pra mim mesmo do que pra ela.
— E por que eu faria isso?
— Não sei, mas espero que não faça. – Eu queria me esmurrar. Devia dizer o contrário. Que quanto mais longe ela ficasse melhor seria para sua vida. Mas eu realmente não conseguiria.
se inclinou em minha direção e depositou um beijo em minha face. O toque macio e leve de seus lábios, o cheiro de seu cabelo...
Nesse momento eu soube que estava perdido. E que não queria ser encontrado.
Ela saiu em silêncio e entrou na segurança de seu lar.
Cheguei em casa com ela nos pensamentos e encontrei Esme me esperando na sala. Sentei-me a seu lado no sofá e ela pegou minha mão.
— Edward quis ir atrás de você. Disse que seus pensamentos não estavam bons.
— Esme, como você soube que estava apaixonada por Carlisle?
— De repente, não importava quem eu era. Só queria ser boa o suficiente para ele. Carlisle é a coisa mais importante em minha vida, até mais do que eu mesma. Eu seria capaz de qualquer coisa por ele, mesmo que me doesse. É o que está sentindo por essa garota?
— Eu queria que fosse seguro...
— E será. Porque não vai deixar que nada a machuque, nem mesmo você. Não tenha medo de tentar, filho. Não abandone uma batalha sem lutar.
Esme se foi, deixando-me com a decisão mais difícil que já tive que tomar.
O quanto eu amava ? O suficiente para me afastar e salvá-la, ou o suficiente para me aproximar e não machucá-la?
Até onde meu amor era forte?

Capítulo 03

‘s POV
Na noite anterior não havia dormido bem. A maior parte do tempo, fiquei pensando em Jasper. Sua maneira de falar era encantadora. Parecia ter saído de uma daqueles filmes antigos. Seus olhos eram grandes, pareciam assustados e seus movimentos eram calculados e tensos.
Eu não entendi seu pedido para não me afastar. Será que Jasper não havia sido uma pessoa boa na outra cidade? Talvez tivesse metido em alguns problemas como a maioria dos adolescentes de sua idade. Era difícil imaginar que isso pudesse ser verdade, devido ao seu comportamento tão contido perto de mim.
Jasper guardava um segredo, isso eu podia sentir. Não importava quão insignificante, ou quão grave pudesse ser, eu iria descobrir.
Tentei tirá-lo da cabeça enquanto terminava de me vestir. Logo Jacob estaria aqui com a e se o conhecia bem, ele ficaria buzinando lá fora até eu sair.
Coloquei uma calça jeans, uma blusa preta de mangas compridas e um tênis all star. Prendi o cabelo num rabo de cavalo no alto da cabeça e passei uma maquiagem clara. Confesso que a vaidade era meu maior pecado.
Desci a escada e fui esperá-los na sala. Nesse momento a porta se abriu e Jensen entrou pé ante pé.

— Bu! - disse em meia voz.

— Caramba, . Quer me matar de susto? - abaixou o tom de voz.

— É melhor você subir antes que mais alguém acorde.

— Valeu. Fico te devendo uma.

— Fica mesmo.

Jensen subiu cauteloso. Por mais que ele aprontasse, nós éramos inseparáveis. Um sempre acobertando as travessuras do outro. Havia sido assim desde crianças. Enquanto outras garotas reclamavam por terem irmãos mais velhos ou mais novos, com ciúmes excessivos ou de língua grande, eu agradecia todos os dias por ter um que me apoiava e cuidava de mim.
Ouvi o barulho do carro de Jake assim que cruzou a esquina. Peguei minha bolsa e fui esperá-los na calçada. Entrei no banco traseiro ao lado de Quil, um dos nossos amigos da reserva que sempre estava em constante competição com Embry por minha atenção. Dei um beijo no rosto de , um tapa na cabeça de Jake, que prometeu dar o troco assim que surgisse uma oportunidade, e um abraço em Quil. Foi nesse clima de farra que fomos para La Push.

Encontramos o resto do bando na casa de Sue, esposa de Harry. Ele já havia saído para pescar e passaria o dia fora. Ela terminava de preparar o café da manhã com a ajuda de Jared e Seth, seu filho caçula. Leah estava sentada na varanda envolta pelo abraço de urso de Sam e Paul segurava vela com cara de poucos amigos.
Assim que descemos do carro, Embry chegou em sua moto. O cabelo na altura do queixo estava em desalinho devido ao vento.
Todos entraram para o café. Só então notei como Sam estava musculoso e parecia ter crescido uns quinze centímetros desde a última vez que o vi.

— Tomando bomba, Sam? – brinquei.

— Não tenho culpa se a natureza me favoreceu mais do que a esses magrelos aí. – os outros jogaram pedaços de pão em sua direção enquanto ele tentava se esconder atrás de Leah.

, – disse ela assim que a guerra acabou – minha prima Emily virá daqui a um mês para nos visitar e gostaria que a conhecessem.

— De onde ela é? – perguntou.

— Da reserva de Makah.

— Minha mãe veio de lá. – comentou Embry.

— Ela é bonita? – disse Jared todo interessado.

— Quem? Minha mãe? – brincou Embry.

— Não. A prima da Leah. – resmungou Jared dando um tapa na cabeça de Em.

— Emily é como uma irmã pra mim. – Leah os alertou.

— Então não vamos deixar que ela caia nas garras desses moleques – eu disse – vamos poupar a pobre garota.

— É uma pena que não existam dois Sam Uley – Leah disse dando um beijo no namorado. – Então ela seria completamente feliz assim como eu.

— Eu é que tenho sorte de por ter você. – respondeu Sam devolvendo o beijo.

Nunca tive constrangimento ao ver essas cenas de amor entre eles. Estava feliz com minha condição de solteira. Mas hoje senti um aperto no peito.
A primeira coisa que me veio à cabeça foram os olhos tristes de Jasper. Sua expressão sempre tão séria, seu sorriso ainda desconhecido. Me deu uma vontade de estar com ele ali, nós dois como um casal, rindo com nossos amigos.
Então uma ideia – maldita ideia! – passou por minha cabeça. Ele dissera que Forks não era o real motivo para seu comportamento retraído. Talvez, Jasper tivesse deixado outra garota em Los Angeles. Ele poderia estar sofrendo com a separação e não queria que eu me afastasse, pois fui a única que teve coragem suficiente para conversar com ele e seus irmãos. Infelizmente Jasper não se interessaria por mim, pois amava outra.
Tentei afugentar tais pensamentos. Eu não era de ficar presa a suposições. Da próxima vez que o encontrasse, perguntaria sobre a verdade.

– Quil arrancou-me de meus devaneios -, posso falar com você?

— Claro.

Nos levantamos da mesa e fomos andando por uma trilha que levava até o penhasco – o tal de nossas “aventuras”.

, desde quando nos conhecemos? – arqueei uma sobrancelha ante aquela pergunta sem pé nem cabeça.

— Desde crianças seria a resposta certa?

— Sim, seria. Sabe, estive pensando sobre a nossa história...

— Nós temos uma história? – interrompi. Que papo furado era aquele?

—... E cheguei a uma conclusão – ele continuou como se eu não tivesse falado nada. – Já que você e Embry não deram certo... e que desde que se separaram você não quis se envolver com outra pessoa...

— Quil, se vai me pedir pra namorar você, pode esquecer – parei de andar e o encarei sem conseguir esconder o riso.

— E por que não?

— Quil – peguei sua mão falando sério dessa vez -, eu te vejo como um irmão. Não só você como todos aqui são minha família. Por essa mesma razão não deu certo com Embry. Esquece isso seu bobão.

Ele começou a rir e eu o acompanhei.

— Que mico! Isso fica entre a gente, tá?

— Pode deixar – o abracei.

Voltamos para a casa de Sue e nos juntamos aos outros na varanda. Conversávamos e ríamos muito, mas notei que Embry estava calado, o que não era normal. Assim que pudesse iria falar com ele.

O resto da tarde foi tranquilo. Sue, Leah, , Abigail – que chegou depois do almoço com uma nova cor de cabelo, dessa vez estava roxo – e eu ficamos dentro de casa com nossos assuntos para pôr em dia. Sam, Paul, Jared e Quil foram fazer trilha, enquanto Jacob e Embry mexiam no motor do Rabitt com Seth os seguindo por todo lado.

À noite depois que nossos pescadores chegaram com uma caixa de isopor com vários peixes no gelo, fizemos uma fogueira e nos sentamos em volta dela para ouvir as histórias de Billy Black. Ele adorava nos contar sobre nossos ancestrais e nós adorávamos ouvi-lo.
Eu me sentava perto de Charlie Swan quando este começou uma conversa com Billy que chamou minha atenção.

— Já ficou sabendo dos novos moradores da cidade, Billy? A família Cullen?

— Os Cullen estão morando em Forks?! – Billy pareceu ficar pálido por um instante, mas recobrou a postura antes que o amigo percebesse.

— Você os conhece?

— N... Não. É que já ouvi falar no Dr. Carlisle Cullen.

— Dizem que ele é um médico fabuloso.

— Ele tem uma esposa e dois filhos se não me engano.

— Dois? Não Billy, são três.

— TRÊS?!

— Isso mesmo. São três filhos adotivos. Ao que parece sua mulher não pode ter filhos e então optaram pela adoção. Espero que os rapazes não causem problemas, afinal com pais tão novos...

Billy parecia imerso em seus próprios pensamentos. Ousaria dizer que sua expressão era de puro pavor. Agora tinha certeza que os Cullen escondiam alguma coisa e pelo jeito Billy sabia muito mais a respeito do que contara a Charlie.
Esta, talvez, seria uma boa hora para minha entrevista.

Ficamos conversando sem prestar atenção no tempo. Já passara da meia-noite quanto cada um começou a voltar para casa. Jake fez questão de levar seguido pelo carro de Abi. Eu fiquei de passar a noite na casa de Harry.
Tomei um banho rápido, retirei a maquiagem e vesti meu pijama de algodão que trouxe na bolsa junto com uma muda de roupa. Acomodei-me num colchão ao lado da cama de Leah e logo adormeci.
Tive o mesmo sonho estranho com a estátua. O beijo gelado, a pela dura. Mas aquilo me parecia familiar. Já não me incomodava o fato de beijar um ser inanimado, porque eu era correspondida.
A estátua acariciou meu rosto me fazendo estremecer. O dia não estava ensolarado como no sonho de antes, agora chovia. Abri os olhos e encontrei seu olhar. As gotas de chuva escorriam por sua face como lágrimas, me fazendo pensar que esse era o único jeito de uma estátua chorar.
Acordei com o barulho que a escova que a escova de cabelo de Leah fez ao cair no chão.

— Desculpe, não queria te acordar – disse apanhando o objeto.

— Tudo bem. Está na hora de levantar.

A manhã estava nevoenta e fria. Fui me sentar num banco de madeira em baixo de uma grande árvore, depois que fiz minha higiene matinal e troquei de roupa.
Embry surgiu cabisbaixo vindo da trilha. Ao ver-me, veio se sentar ao meu lado. Estava com aquele olhar triste do dia anterior.

— Oi – disse num meio sorriso.

— Oi. Aconteceu alguma coisa, Em?

— Não, está tudo bem.

— Sei – estiquei a palavra.

— Quil veio conversar comigo há alguns dias – disse num falso humor.

— Sobre?

— Veio perguntar se me importaria se ele a pedisse em namoro. Acho que não queria ter problemas comigo.

— Quil é mesmo uma figura – ri.

— Ele é. E então?

— Então o quê?

— Sabe como é. Vocês conversaram ontem.

— Quer saber se somos namorados agora?

— Mais ou menos isso.

— Não, não somos. Não daria certo. Crescemos juntos, somos praticamente irmãos. Pelo mesmo motivo não deu certo entre a gente, lembra?

— Entre a gente foi diferente. Éramos crianças.

— Namoramos no ano passado – eu ri.

, olha, esquece isso. É que sou seu amigo e quero o melhor pra você. E sabemos que Quil não é um poço de maturidade. Só preocupação de... irmão.

— Agora está parecendo o Jensen falando.

Dessa vez seu sorriso foi aberto chegando até seus olhos. Ele me abraçou e encostei a cabeça em seu ombro ficando ali por algum tempo. Intimamente desejava que fosse outra pessoa em seu lugar.

Com o passar do dia todos estávamos realmente reunidos. Contávamos com a presença de meus pais e Jensen. Ele não era tão amigo dos garotos quanto eu. Achava uma perda de tempo passar o domingo sem a farra com os colegas da escola, mas fazia um esforço por meu pai que tentava de todas as maneiras aproximá-lo do grupo.
Logo depois do almoço pude notar Leah um tanto inquieta. Sam não havia aparecido hoje e tive medo que tivessem brigado. Não queria me intrometer num assunto que não era da minha conta, então fiquei na minha, só observando. Mas sou péssima nisso e Leah percebeu meu olhar preocupado.

— Preciso falar com você e com a – ela disse olhando ao redor procurando por nossa amiga que estava, - imaginem só – colada no Jacob.
Fui até eles e a puxei pela mão, sendo fuzilada pelos olhos do namorado.

— Já devolvo – disse arrastando-a até onde Leah nos esperava.

— Estou preocupada – ela começou.

— Com o quê?

— É com quem, – eu disse.

— É com Sam – Leah continuou. – Ontem ao nos despedirmos ele estava queimando de febre, achou que pudesse estar doente. Prometeu que me avisaria caso não pudesse vir hoje, mas até agora não deu notícias. Acabei de ligar para a casa dele e a Sra. Uley disse que Sam não dormiu em casa.

— Já pensaram em avisar a polícia?

— A Sra. Uley falou com Charlie hoje de manhã, mas ele disse que não podem fazer nada antes de 24 horas. Caso ele não volte até amanhã, Charlie vai organizar um grupo de busca. Mas isso não diminui minha preocupação.

— Calma Leah – a abraçou. – Tudo vai se resolver, você vai ver.

Após nossa tentativa de tranquiliza-la, voltamos para junto do pessoal.
Havíamos almoçado há dez minutos e Paul e Jared já estavam atacando uma fornalha de biscoitos. Perguntei-me para onde ia tanta comida.
O resto da tarde foi como todas as outras que eu passava ali. Os mais velhos se sentaram próximos da casa enquanto os mais jovens foram para a praia. Mas devido ao frio nada de mergulhos por hoje.
Jake não desgrudava de , então eu só teria uma conversa decente com ela na escola, quando o Sr. Grudento não estivesse por perto. Os garotos começaram uma competição, tipicamente masculina, de braço de ferro. Leah estava calada, certamente pensando em Sam.
Sentei perto de umas pedras que ficavam à beira-mar.

Sem que pudesse controlar meus pensamentos voaram. Foram de encontro ao meu desassossego. Jasper Cullen.
De repente tudo que me dizia sobre o que sentia em relação à Jacob passou a fazer sentido. Há alguns dias eu estaria toda animada torcendo por um dos garotos nessa brincadeira que agora parecia infantil.
Fiquei imaginando o que ele estaria fazendo nesse momento. É claro que não estava pensando em mim, como eu nele. Mesmo não querendo me iludir, seus olhos dourados e sua boca perfeita faziam meu coração pular. Devia estar mesmo gostando dele, pois nunca fiquei tanto tempo pensando em alguém. A última vez que o vi, dentro de seu carro, entrara para minha lista de momentos perfeitos.

— Um dólar por seus pensamentos – sobressaltei com Embry sentando-se ao meu lado. – Puxa, você estava mesmo distraída.

— E quem ganhou a competição?

— Está na final entre Paul e Jared.

— Quem você acha que vai ganhar?

— É difícil dizer. Se eu fosse Jared deixaria Paul ganhar de qualquer maneira. Ele simplesmente detesta perder. – nós rimos ao lembrar a fama de estressadinho de Paul. – Não vai me dizer em que estava pensando?

— Nada importante. Só numa conversa que ouvi ontem à noite entre Billy e Charlie.

— O que você ouviu? – contei todos os pormenores, incluindo as expressões estranhas de Billy. Embry prestou atenção e não disse que era fantasia da minha cabeça. – Isso deve ser por causa das lendas. Você sabe como os adultos as levam a sério.

— Que lendas?

— Aquelas que falam sobre os Quileute descenderem de lobos e serem inimigos mortais dos frios.

— Acho que parei de prestar atenção nessas lendas desde os dez anos de idade. Você não é da reserva como sabe sobre elas?

— O Jake me contou. Ele deveria guardar segredo e tudo mais, só que ninguém dá muito crédito a essas histórias.

— Mas o que tudo isso tem a ver com os Cullen?

— De acordo com Billy eles são os frios, os vampiros – nós rimos.

— Bobagem – falamos juntos.

Nesse momento fomos interrompidos por um grito. Era que se agarrava a Jake soltando gritos de pavor. Primeiro ficamos paralisados com sua atitude. Porém ao acompanhar a direção de seu olhar vimos algo entre as árvores nos observando.

— Um urso?! – sussurrei

— Acho que aquilo não era um urso.

Embry tinha razão. A criatura era enorme, mas nem de longe se parecia com um urso. Parecia mais com um lobo, apesar do tamanho. Tão alto quanto um cavalo. Os pelos pretos eram mais espessos e suas articulações mais musculosas.
Pude perceber que o monstro não nos avaliava como sua próxima refeição. Na verdade ele encarava Leah, que estava um pouco mais afastada dos outros. Jensen percebeu o mesmo que eu e rapidamente se pôs na frente dela, ficando entre ela e o lobo. Isso pareceu irritá-lo.
Sem que qualquer um de nós ao menos se movesse, o monstro arreganhou o focinho mostrando uma fileira de dentes brancos e, evidentemente, bem afiados.

Capítulo 03

‘s POV
Na noite anterior não havia dormido bem. A maior parte do tempo, fiquei pensando em Jasper. Sua maneira de falar era encantadora. Parecia ter saído de uma daqueles filmes antigos. Seus olhos eram grandes, pareciam assustados e seus movimentos eram calculados e tensos.
Eu não entendi seu pedido para não me afastar. Será que Jasper não havia sido uma pessoa boa na outra cidade? Talvez tivesse metido em alguns problemas como a maioria dos adolescentes de sua idade. Era difícil imaginar que isso pudesse ser verdade, devido ao seu comportamento tão contido perto de mim.
Jasper guardava um segredo, isso eu podia sentir. Não importava quão insignificante, ou quão grave pudesse ser, eu iria descobrir.
Tentei tirá-lo da cabeça enquanto terminava de me vestir. Logo Jacob estaria aqui com a e se o conhecia bem, ele ficaria buzinando lá fora até eu sair.
Coloquei uma calça jeans, uma blusa preta de mangas compridas e um tênis all star. Prendi o cabelo num rabo de cavalo no alto da cabeça e passei uma maquiagem clara. Confesso que a vaidade era meu maior pecado.
Desci a escada e fui esperá-los na sala. Nesse momento a porta se abriu e Jensen entrou pé ante pé.

— Bu! - disse em meia voz.

— Caramba, . Quer me matar de susto? - abaixou o tom de voz.

— É melhor você subir antes que mais alguém acorde.

— Valeu. Fico te devendo uma.

— Fica mesmo.

Jensen subiu cauteloso. Por mais que ele aprontasse, nós éramos inseparáveis. Um sempre acobertando as travessuras do outro. Havia sido assim desde crianças. Enquanto outras garotas reclamavam por terem irmãos mais velhos ou mais novos, com ciúmes excessivos ou de língua grande, eu agradecia todos os dias por ter um que me apoiava e cuidava de mim.
Ouvi o barulho do carro de Jake assim que cruzou a esquina. Peguei minha bolsa e fui esperá-los na calçada. Entrei no banco traseiro ao lado de Quil, um dos nossos amigos da reserva que sempre estava em constante competição com Embry por minha atenção. Dei um beijo no rosto de , um tapa na cabeça de Jake, que prometeu dar o troco assim que surgisse uma oportunidade, e um abraço em Quil. Foi nesse clima de farra que fomos para La Push.

Encontramos o resto do bando na casa de Sue, esposa de Harry. Ele já havia saído para pescar e passaria o dia fora. Ela terminava de preparar o café da manhã com a ajuda de Jared e Seth, seu filho caçula. Leah estava sentada na varanda envolta pelo abraço de urso de Sam e Paul segurava vela com cara de poucos amigos.
Assim que descemos do carro, Embry chegou em sua moto. O cabelo na altura do queixo estava em desalinho devido ao vento.
Todos entraram para o café. Só então notei como Sam estava musculoso e parecia ter crescido uns quinze centímetros desde a última vez que o vi.

— Tomando bomba, Sam? – brinquei.

— Não tenho culpa se a natureza me favoreceu mais do que a esses magrelos aí. – os outros jogaram pedaços de pão em sua direção enquanto ele tentava se esconder atrás de Leah.

, – disse ela assim que a guerra acabou – minha prima Emily virá daqui a um mês para nos visitar e gostaria que a conhecessem.

— De onde ela é? – perguntou.

— Da reserva de Makah.

— Minha mãe veio de lá. – comentou Embry.

— Ela é bonita? – disse Jared todo interessado.

— Quem? Minha mãe? – brincou Embry.

— Não. A prima da Leah. – resmungou Jared dando um tapa na cabeça de Em.

— Emily é como uma irmã pra mim. – Leah os alertou.

— Então não vamos deixar que ela caia nas garras desses moleques – eu disse – vamos poupar a pobre garota.

— É uma pena que não existam dois Sam Uley – Leah disse dando um beijo no namorado. – Então ela seria completamente feliz assim como eu.

— Eu é que tenho sorte de por ter você. – respondeu Sam devolvendo o beijo.

Nunca tive constrangimento ao ver essas cenas de amor entre eles. Estava feliz com minha condição de solteira. Mas hoje senti um aperto no peito.
A primeira coisa que me veio à cabeça foram os olhos tristes de Jasper. Sua expressão sempre tão séria, seu sorriso ainda desconhecido. Me deu uma vontade de estar com ele ali, nós dois como um casal, rindo com nossos amigos.
Então uma ideia – maldita ideia! – passou por minha cabeça. Ele dissera que Forks não era o real motivo para seu comportamento retraído. Talvez, Jasper tivesse deixado outra garota em Los Angeles. Ele poderia estar sofrendo com a separação e não queria que eu me afastasse, pois fui a única que teve coragem suficiente para conversar com ele e seus irmãos. Infelizmente Jasper não se interessaria por mim, pois amava outra.
Tentei afugentar tais pensamentos. Eu não era de ficar presa a suposições. Da próxima vez que o encontrasse, perguntaria sobre a verdade.

– Quil arrancou-me de meus devaneios -, posso falar com você?

— Claro.

Nos levantamos da mesa e fomos andando por uma trilha que levava até o penhasco – o tal de nossas “aventuras”.

, desde quando nos conhecemos? – arqueei uma sobrancelha ante aquela pergunta sem pé nem cabeça.

— Desde crianças seria a resposta certa?

— Sim, seria. Sabe, estive pensando sobre a nossa história...

— Nós temos uma história? – interrompi. Que papo furado era aquele?

—... E cheguei a uma conclusão – ele continuou como se eu não tivesse falado nada. – Já que você e Embry não deram certo... e que desde que se separaram você não quis se envolver com outra pessoa...

— Quil, se vai me pedir pra namorar você, pode esquecer – parei de andar e o encarei sem conseguir esconder o riso.

— E por que não?

— Quil – peguei sua mão falando sério dessa vez -, eu te vejo como um irmão. Não só você como todos aqui são minha família. Por essa mesma razão não deu certo com Embry. Esquece isso seu bobão.

Ele começou a rir e eu o acompanhei.

— Que mico! Isso fica entre a gente, tá?

— Pode deixar – o abracei.

Voltamos para a casa de Sue e nos juntamos aos outros na varanda. Conversávamos e ríamos muito, mas notei que Embry estava calado, o que não era normal. Assim que pudesse iria falar com ele.

O resto da tarde foi tranquilo. Sue, Leah, , Abigail – que chegou depois do almoço com uma nova cor de cabelo, dessa vez estava roxo – e eu ficamos dentro de casa com nossos assuntos para pôr em dia. Sam, Paul, Jared e Quil foram fazer trilha, enquanto Jacob e Embry mexiam no motor do Rabitt com Seth os seguindo por todo lado.

À noite depois que nossos pescadores chegaram com uma caixa de isopor com vários peixes no gelo, fizemos uma fogueira e nos sentamos em volta dela para ouvir as histórias de Billy Black. Ele adorava nos contar sobre nossos ancestrais e nós adorávamos ouvi-lo.
Eu me sentava perto de Charlie Swan quando este começou uma conversa com Billy que chamou minha atenção.

— Já ficou sabendo dos novos moradores da cidade, Billy? A família Cullen?

— Os Cullen estão morando em Forks?! – Billy pareceu ficar pálido por um instante, mas recobrou a postura antes que o amigo percebesse.

— Você os conhece?

— N... Não. É que já ouvi falar no Dr. Carlisle Cullen.

— Dizem que ele é um médico fabuloso.

— Ele tem uma esposa e dois filhos se não me engano.

— Dois? Não Billy, são três.

— TRÊS?!

— Isso mesmo. São três filhos adotivos. Ao que parece sua mulher não pode ter filhos e então optaram pela adoção. Espero que os rapazes não causem problemas, afinal com pais tão novos...

Billy parecia imerso em seus próprios pensamentos. Ousaria dizer que sua expressão era de puro pavor. Agora tinha certeza que os Cullen escondiam alguma coisa e pelo jeito Billy sabia muito mais a respeito do que contara a Charlie.
Esta, talvez, seria uma boa hora para minha entrevista.

Ficamos conversando sem prestar atenção no tempo. Já passara da meia-noite quanto cada um começou a voltar para casa. Jake fez questão de levar seguido pelo carro de Abi. Eu fiquei de passar a noite na casa de Harry.
Tomei um banho rápido, retirei a maquiagem e vesti meu pijama de algodão que trouxe na bolsa junto com uma muda de roupa. Acomodei-me num colchão ao lado da cama de Leah e logo adormeci.
Tive o mesmo sonho estranho com a estátua. O beijo gelado, a pela dura. Mas aquilo me parecia familiar. Já não me incomodava o fato de beijar um ser inanimado, porque eu era correspondida.
A estátua acariciou meu rosto me fazendo estremecer. O dia não estava ensolarado como no sonho de antes, agora chovia. Abri os olhos e encontrei seu olhar. As gotas de chuva escorriam por sua face como lágrimas, me fazendo pensar que esse era o único jeito de uma estátua chorar.
Acordei com o barulho que a escova que a escova de cabelo de Leah fez ao cair no chão.

— Desculpe, não queria te acordar – disse apanhando o objeto.

— Tudo bem. Está na hora de levantar.

A manhã estava nevoenta e fria. Fui me sentar num banco de madeira em baixo de uma grande árvore, depois que fiz minha higiene matinal e troquei de roupa.
Embry surgiu cabisbaixo vindo da trilha. Ao ver-me, veio se sentar ao meu lado. Estava com aquele olhar triste do dia anterior.

— Oi – disse num meio sorriso.

— Oi. Aconteceu alguma coisa, Em?

— Não, está tudo bem.

— Sei – estiquei a palavra.

— Quil veio conversar comigo há alguns dias – disse num falso humor.

— Sobre?

— Veio perguntar se me importaria se ele a pedisse em namoro. Acho que não queria ter problemas comigo.

— Quil é mesmo uma figura – ri.

— Ele é. E então?

— Então o quê?

— Sabe como é. Vocês conversaram ontem.

— Quer saber se somos namorados agora?

— Mais ou menos isso.

— Não, não somos. Não daria certo. Crescemos juntos, somos praticamente irmãos. Pelo mesmo motivo não deu certo entre a gente, lembra?

— Entre a gente foi diferente. Éramos crianças.

— Namoramos no ano passado – eu ri.

, olha, esquece isso. É que sou seu amigo e quero o melhor pra você. E sabemos que Quil não é um poço de maturidade. Só preocupação de... irmão.

— Agora está parecendo o Jensen falando.

Dessa vez seu sorriso foi aberto chegando até seus olhos. Ele me abraçou e encostei a cabeça em seu ombro ficando ali por algum tempo. Intimamente desejava que fosse outra pessoa em seu lugar.

Com o passar do dia todos estávamos realmente reunidos. Contávamos com a presença de meus pais e Jensen. Ele não era tão amigo dos garotos quanto eu. Achava uma perda de tempo passar o domingo sem a farra com os colegas da escola, mas fazia um esforço por meu pai que tentava de todas as maneiras aproximá-lo do grupo.
Logo depois do almoço pude notar Leah um tanto inquieta. Sam não havia aparecido hoje e tive medo que tivessem brigado. Não queria me intrometer num assunto que não era da minha conta, então fiquei na minha, só observando. Mas sou péssima nisso e Leah percebeu meu olhar preocupado.

— Preciso falar com você e com a – ela disse olhando ao redor procurando por nossa amiga que estava, - imaginem só – colada no Jacob.
Fui até eles e a puxei pela mão, sendo fuzilada pelos olhos do namorado.

— Já devolvo – disse arrastando-a até onde Leah nos esperava.

— Estou preocupada – ela começou.

— Com o quê?

— É com quem, – eu disse.

— É com Sam – Leah continuou. – Ontem ao nos despedirmos ele estava queimando de febre, achou que pudesse estar doente. Prometeu que me avisaria caso não pudesse vir hoje, mas até agora não deu notícias. Acabei de ligar para a casa dele e a Sra. Uley disse que Sam não dormiu em casa.

— Já pensaram em avisar a polícia?

— A Sra. Uley falou com Charlie hoje de manhã, mas ele disse que não podem fazer nada antes de 24 horas. Caso ele não volte até amanhã, Charlie vai organizar um grupo de busca. Mas isso não diminui minha preocupação.

— Calma Leah – a abraçou. – Tudo vai se resolver, você vai ver.

Após nossa tentativa de tranquiliza-la, voltamos para junto do pessoal.
Havíamos almoçado há dez minutos e Paul e Jared já estavam atacando uma fornalha de biscoitos. Perguntei-me para onde ia tanta comida.
O resto da tarde foi como todas as outras que eu passava ali. Os mais velhos se sentaram próximos da casa enquanto os mais jovens foram para a praia. Mas devido ao frio nada de mergulhos por hoje.
Jake não desgrudava de , então eu só teria uma conversa decente com ela na escola, quando o Sr. Grudento não estivesse por perto. Os garotos começaram uma competição, tipicamente masculina, de braço de ferro. Leah estava calada, certamente pensando em Sam.
Sentei perto de umas pedras que ficavam à beira-mar.

Sem que pudesse controlar meus pensamentos voaram. Foram de encontro ao meu desassossego. Jasper Cullen.
De repente tudo que me dizia sobre o que sentia em relação à Jacob passou a fazer sentido. Há alguns dias eu estaria toda animada torcendo por um dos garotos nessa brincadeira que agora parecia infantil.
Fiquei imaginando o que ele estaria fazendo nesse momento. É claro que não estava pensando em mim, como eu nele. Mesmo não querendo me iludir, seus olhos dourados e sua boca perfeita faziam meu coração pular. Devia estar mesmo gostando dele, pois nunca fiquei tanto tempo pensando em alguém. A última vez que o vi, dentro de seu carro, entrara para minha lista de momentos perfeitos.

— Um dólar por seus pensamentos – sobressaltei com Embry sentando-se ao meu lado. – Puxa, você estava mesmo distraída.

— E quem ganhou a competição?

— Está na final entre Paul e Jared.

— Quem você acha que vai ganhar?

— É difícil dizer. Se eu fosse Jared deixaria Paul ganhar de qualquer maneira. Ele simplesmente detesta perder. – nós rimos ao lembrar a fama de estressadinho de Paul. – Não vai me dizer em que estava pensando?

— Nada importante. Só numa conversa que ouvi ontem à noite entre Billy e Charlie.

— O que você ouviu? – contei todos os pormenores, incluindo as expressões estranhas de Billy. Embry prestou atenção e não disse que era fantasia da minha cabeça. – Isso deve ser por causa das lendas. Você sabe como os adultos as levam a sério.

— Que lendas?

— Aquelas que falam sobre os Quileute descenderem de lobos e serem inimigos mortais dos frios.

— Acho que parei de prestar atenção nessas lendas desde os dez anos de idade. Você não é da reserva como sabe sobre elas?

— O Jake me contou. Ele deveria guardar segredo e tudo mais, só que ninguém dá muito crédito a essas histórias.

— Mas o que tudo isso tem a ver com os Cullen?

— De acordo com Billy eles são os frios, os vampiros – nós rimos.

— Bobagem – falamos juntos.

Nesse momento fomos interrompidos por um grito. Era que se agarrava a Jake soltando gritos de pavor. Primeiro ficamos paralisados com sua atitude. Porém ao acompanhar a direção de seu olhar vimos algo entre as árvores nos observando.

— Um urso?! – sussurrei

— Acho que aquilo não era um urso.

Embry tinha razão. A criatura era enorme, mas nem de longe se parecia com um urso. Parecia mais com um lobo, apesar do tamanho. Tão alto quanto um cavalo. Os pelos pretos eram mais espessos e suas articulações mais musculosas.
Pude perceber que o monstro não nos avaliava como sua próxima refeição. Na verdade ele encarava Leah, que estava um pouco mais afastada dos outros. Jensen percebeu o mesmo que eu e rapidamente se pôs na frente dela, ficando entre ela e o lobo. Isso pareceu irritá-lo.
Sem que qualquer um de nós ao menos se movesse, o monstro arreganhou o focinho mostrando uma fileira de dentes brancos e, evidentemente, bem afiados.

Capítulo 04: Transtorno Bipolar

O que está acontecendo aqui?




Pov’ s



Era nosso fim. Qual a chance de qualquer um de nós sobreviver ao ataque daquela fera? Lobos não andavam em grupo? Seus companheiros de alcatéia deviam estar por perto.

— Quando eu mandar, você corre – Embry segurou minha mão e sussurrou em meu ouvido.

—Sem chance – retruquei. Se houvesse outros, todos nós estávamos perdidos. Então qual a diferença entre morrer ali ou a alguns metros de distância?

O lobo ainda rosnava. Um som auto e assustador. Olhei a minha volta sem saber se essa seria a última vez que veria meus amigos.

Todos os garotos estavam numa posição desafiadora. Eles achavam mesmo que podiam lutar contra um lobo daquele tamanho? Seth tentava imitá-los, estufando o peito e fechando as mãos em punho, mas o tremor de seu corpo o traía. havia escondido o rosto nas costas de Jacob, apertando ao máximo os olhos, as lágrimas banhando seu rosto. Leah estava hipnotizada encarando a criatura, nem parecia piscar.

De repente, o lobo começou a recuar para dentro da floresta. Depois de alguns passos deu meia-volta e disparou por entre as árvores. Será que tinha ido avisar aos outros que encontrara comida?

Ficamos alguns segundos ainda paralisados pelo medo. Jared foi o primeiro a sair do transe.

—Vamos embora, antes que ele volte!

Começamos a correr em direção à casa de Harry. Embry ainda segurava minha mão.

Todos estavam tomando chá quando nos viram chegar, quase sem fôlego.

! O que aconteceu? – corri para os braços de meu pai. Não consegui fazer as palavras saírem pelo bolo que trancava minha garganta.

—Vimos um lobo enorme – começou Jensen.

—Lobo? Onde? – foi a vez de Billy se pronunciar.

—Na primeira praia. Por um instante achamos que iria nos atacar, mas de repente ele se foi em direção à floresta. Não sabemos se há outros como ele.

—Precisamos avisar a guarda-florestal – sugeriu Sue.

—Talvez não devamos nos preocupar tanto. Afinal o lobo não atacou os garotos quando poderia tê-lo feito.

—Pai, o lobo era realmente enorme – disse Jake ante o comentário de Billy.

Eu estava ficando maluca ou eles não estavam mesmo levando aquela estória a sério?

—Enquanto resolvemos esse assunto, fiquem longe da floresta e das praias – disse Harry. – Talvez ele só estivesse perdido e já tenha ido embora.

—Oh meu Deus! – exclamou Leah. – Sam não voltou para casa ontem à noite. E se esse lobo fez alguma coisa a ele?

—Não pense assim querida – Sue tentou acalmá-la – Vamos avisar a polícia e encontraremos Sam.

Assim que nos recuperamos do susto, voltamos para casa antes do crepúsculo. Fui direto para o meu quarto. Tomei banho e deitei na cama.

Demorei a conciliar o sono e quando consegui, sonhei com o monstro daquela tarde. Com seu olhar e caninos ameaçadores. Na manhã seguinte eu estava um caco humano.

Chovia desde a madrugada e papai não deixou que Jensen fosse de moto até a escola. A contragosto ele aceitou carona, com cara de quem ia pra forca.

Eu olhava pela janela sem ver realmente as imagens que passavam por mim. Minha cabeça fervia de perguntas sem respostas. Odiava isso.

Cheguei à escola parecendo um robô programado. Passei pelo estacionamento sem me importar em ficar molhada. A figura sorridente de meu amigo Sam não me abandonava. Orei a Deus, mais uma súplica que uma prece, para que ele estivesse bem.

Parei à porta de minha sala com o cabelo pingando. Lembrei que teria duas horas de Inglês e isso conseguiu, enfim me animar. Letras garrafais piscaram diante de meus olhos arroxeados – uma noite mal-dormida é desastroso – JASPER CULLEN.

Ele estava em seu lugar habitual. Soltei um longo suspiro – nunca me acostumaria com aquele deus da beleza. Parecia um modelo numa sessão de fotos. Seu lado esquerdo encostado na vidraça da janela. Mantinha dois dedos sobre a têmpora e olhava fixamente para mim com um sorriso torto – muito malicioso, diga-se de passagem.

Resolvi aproveitar seu aparente bom humor e fui cumprimentá-lo. Ao me aproximar, Jasper endireitou sua postura cruzando as mãos sobre a mesa sem deixar de sorrir.

—Er... Oi.

—Oi, . Gostaria de se sentar comigo? – nem toda terapia do mundo poderia ter me preparado para aquele baque.

—Claro – fiz menção de pegar uma carteira, mas ele se levantou e fez isso por mim. Puxou a cadeira para que eu me sentasse como se estivéssemos num restaurante francês. Quase havia me esquecido de como seu cheiro era doce. – Então, como foi seu primeiro fim de semana na cidade?

—Muito agradável. Fomos acampar em família aproveitando que meu pai não estava de plantão no hospital. E como você preencheu seu tempo livre? – precisava me acostumar urgente com seu jeito de falar.

—Passei todo o tempo em La Push.

—La Push...

—É uma reserva indígena que fica a alguns km de Forks – como sempre comecei a falar sem parar. Contei a ele sobre como minha família era ligada com as pessoas de lá apesar de meu pai ter abandonado a vida na tribo. Contei também sobre o lobo do dia anterior. Se os Cullen gostavam de acampar precisavam ficar em alerta quanto aos lugares para se dedicarem ao seu passatempo.

—Um lobo... gigante... – Jasper ficou pensativo por alguns segundos. Talvez estivesse avaliando se minha estória era verdadeira ou se eu só estava tentando transformar meu fim de semana em algo mais interessante.

Como se fosse a coisa mais natural, ou como se ele já estivesse acostumado, pegou minha mão e ficou girando o anel que eu usava no polegar. Presente de Abigail.

Seu toque gelado me fez arrepiar. Jasper não se parecia com aquele garoto sombrio de antes. Estava tão compenetrado no que fazia que me permiti admirá-lo. Seu cabelo estava molhado da chuva numa desordem super charmosa. Sua pele quase translúcida exercia um contraste gritante contra a minha. Suas roupas tinham um corte perfeito, poderiam até ser de grife. Ele usava uma camiseta preta sobreposta por uma jaqueta branca cheia de zíperes, uma calça jeans surrada e botas estilo texanas. Jasper era a primeira pessoa que tinha feito essa combinação ficar perfeita.

Ao levantar o olhar dei de cara com seus olhos me encarando. Supus que sua noite também não havia sido muito agradável, ele possuía olheiras tão arroxeadas quanto as minha e... epa! Podia jurar que seus olhos eram dourados. Mas pelo jeito havia me enganado, pois estavam em um tom de cinza escuro que jamais vi em minha vida.

Nesse momento o professor entrou na sala e Jasper soltou minha mão voltando a sua posição de antes com as mãos sobre a mesa. Gostaria de carregar um tijolo dentro da mochila para jogar na cabeça daquele ser que ousou interromper aquele momento perfeito.

Jasper era muito inteligente; sempre respondendo corretamente as perguntas que lhe eram feitas. E também muito dedicado. Anotava tudo o que o professor dizia numa caligrafia perfeita, coisa rara em se tratando de garotos. Tentei olhá-lo discretamente, mas sempre que fazia isso o pegava me encarando, então abaixava a cabeça para o caderno.

Enfim chegou o que eu temia. O sinal anunciando o término das minhas horas de lazer.

Saímos para o intervalo e percorri o refeitório atrás de Emmett. Ele me devia uma entrevista já que Edward não se dispôs a atender meu pedido e não consegui preferir uma palavra que fosse com Jasper.

Não foi difícil encontrá-lo com aquele tamanho todo. Emmett estava na fila com uma bandeja na mão pegando comida e ria toda vez que pegava alguma coisa, como se comer maçã e tomar leite fossem algo divertido. Peguei uma bandeja e me juntei a ele.

—Resolveu experimentar nosso cardápio? – lembrei que da última vez que o vira, assim como seus irmãos, ele não comera nada.

—Nunca é tarde pra tentar – deu mais uma se suas risadas trovejantes.

—Você deve ser a pessoa mais egoísta do mundo.

—Por quê?

—Só uma pessoa extremamente egoísta faz piadas que apenas ela ri.

—Adoro você, – riu novamente. – É a humana mais divertida que já conheci.

—Humana? Vai me dizer que você não é humano?

—Eu poderia ser um extraterrestre – ao se virar, Emmett deu de cara com Edward atrás dele de braços cruzados e de cara feia, se é que isso era possível.

—Você não deveria dar muito crédito ao que meu irmão diz. Ele simplesmente não leva nada a sério.

—Ah, qual é? Ela sabe que estou brincando.

Edward lançou um olhar furioso e foi sentar-se junto de Jasper que me encarava também de cara amarrada.

—Emmett, você ficou de me dar uma entrevista, lembra?

—Claro. Que tal se você vir à minha casa hoje à noite?

—Não sei onde você mora.

—Esteja pronta às oito que passo na sua casa pra te pegar. – ele saiu dando uma piscadela e um ênfase à palavra “pegar”. Se eu fosse pretensiosa podia jurar que aquilo era uma indireta para alguma coisa.

Precisava encontrar urgente. Ela iria comigo nem que fosse amarrada e arrastada.







Jasper’ s POV



Eu vou matá-lo! Eu vou matá-lo!

De uma forma lenta e dolorosa. Primeiro arrancarei seus braços e pernas e colocarei fogo neles. Deixarei que veja o fogo consumi-lo. Ele vai implorar por perdão e misericórdia e eu mandarei sua alma para o inferno de uma vez por todas.

—Jasper, você está bem?

—Quem ele acha que é? Quem ele pensa que é? Mas isso não vai ficar assim.

—Jazz?

—O QUÊ?! – só então me dei conta de que Edward chamava minha atenção.

—Parece que alguém está tendo um dia ruim. – aquela cobra peçonhenta que um dia ousei chamar de irmão se sentou a minha frente com uma bandeja. Emmett, esse era o nome da cobra, sorria – ou melhor, debochava – enquanto pegava uma maçã. Minha vontade era enfiar aquela fruta por sua garganta.

—Jazz, fique calmo. Se você ainda quiser matá-lo depois da aula posso até ajudar, mas escolha um lugar que não seja público.

—Do que estão falando? – perguntou Emmett.

—Como pôde convidá-la para vir à nossa casa? – Edward disse, eu só conseguia pensar em quebrar seus ossos.

—Qual o problema? Eu gosto da . Se vocês não repararam ela é a única que nos trata como iguais.

—Acontece que não somos iguais a ela. A ninguém. E você está conseguindo despertar o lado homicida em Jasper.

—Ele deveria me agradecer. Estou fazendo com que ele fique perto da garota por quem está apaixonado.

—Não estou apaixonado por ela – agora queria enfiar uma estaca em seu coração, se soubesse que isso funcionaria.

—Então não vai se importar se eu me tornar amigo dela.

—Você não seria louco.

—É só admitir de uma vez – ele se afastou deixando o refeitório depois de jogar sua comida intocada no lixeiro mais próximo.

—E Emmett nem lê pensamentos...

—Vai dar razão a ele agora? – fuzilei Edward com os olhos.

—Você está morrendo de ciúmes.

—Não é ciúmes!

—É o quê então?

—Raiva. Ódio. Não dele, mas de mim. Emmett não franze a nariz sempre que ela se aproxima, ou sai correndo para não matá-la. Não suporto isso – levantei-me passando por que estava ao lado de um loiro de boca grande.

Lá fora nevava. Não sabia dizer a quanto tempo, mas a superfície dos carros já estava coberta por uma fina camada branca. Decidi não voltar para as aulas aquele dia. Sei que se continuasse a faltar daquele jeito, logo os professores chamariam Carlisle e Esme para virem à escola, mas não estava com paciência.

Inspirei o ar úmido e fui me abrigar no carro. Tirei o CD de rap do Emmett e coloquei o meu do Radiohead. Encostei a testa no volante e fechei os olhos.

A quem estava querendo enganar? Que raiva o quê. Eu estava completamente mordido pelo ciúme. Essa garota mexeu comigo de um jeito que era difícil até de raciocinar. Ao mesmo tempo em que queria seu sangue, ansiava por sua boca, sua língua, seu hálito quente, suam pele... A queria inteiramente minha.

Escutei uma leve batida no vidro do lado do passageiro. Levantei a cabeça devagar e me olhava apreensiva. Com um gesto pediu que abaixasse o vidro, mas fiz melhor e abri a porta. Sem hesitar ela entrou.

—Você está bem, Jasper? – nunca gostei tanto do meu nome como quando ela o pronunciava.

—Sim estou.

—Parecia estar passando mal.

—Agradeço sua preocupação, mas estou bem. De verdade. Você não deveria estar na aula?

—Desculpe, não era minha intenção incomodá-lo... – ela levou a mão até a maçaneta e só então percebi a besteira que havia dito.

—Espere. Me expressei mal. Por favor, fique. Se quiser, é claro.

—Eu quero – ficamos nos olhando, procurando por algo sensato a dizer, mas não consegui encontrar nada de coerente dentro da minha cabeça. conseguia me enfeitiçar, me prender. Poderia passar minha interminável existência olhando para ela. Sem nunca me cansar. E a cada segundo que passasse eu a acharia mais linda. – Eu gostaria de poder te entender. Você é um mistério para mim.

—A única coisa que posso te dizer é que você tomou conta da minha mente. E estou adorando isso. Não preciso ficar sozinho ou ter qualquer motivo, minha cabeça está cheia de você e ela me leva para um lugar onde o tempo não passa.

—Que lugar?

—Qualquer um que não seja ao seu lado. Sempre que se aproxima sinto uma paz muito grande que traz sossego e calmaria.

—Isso é bom?

—Estou pedindo pra que seja.







’ s POV



Se fosse possível eu diria que meu coração estava acelerado e parado ao mesmo tempo. Havia uma chama me devorando, me aquecendo por dentro.

Mesmo sem saber nada sobre Jasper, naquele momento ele se mostrou claro como um cristal. Sem reservas, sem meias-palavras. Pude ver em seus olhos que todas as suas palavras eram sinceras. Ele sentia alguma coisa por mim e esperava que fosse o mesmo que eu sentia.

Jasper levantou uma mão e tocou meu rosto com as pontas dos dedos. Não como se quisesse fazer um carinho, mas como um cego que tenta adivinhar as feições de alguém. Tateou minha testa, minha sobrancelhas, meu olhos, meu nariz e meu lábios.

Segurou minha nuca e devagar aproximou seu rosto. Fechei meus olhos e me entreguei ao seu toque delicado. Ele inspirou o perfume de meus cabelos, o cheiro de meu pescoço, encostou sua bochecha fria na minha, depois deslizou sua boca em direção a minha. Mas ao invés do beijo, que não veio, ele apenas parou a alguns centímetros da minha boca entreaberta, sentindo meu hálito quente enquanto eu sentia seu hálito doce e gelado que me invadia paralisando todo meu sistema nervoso.

Estava totalmente entregue, não era mais dona de mim, quando senti um leve empurrão e ao abrir os olhos Jasper já estava do lado de fora do carro sob a neve que caia com mais vigor.

Ainda aturdida fui ao seu encontro. Ele arfava como se tivesse corrido uma maratona e suas mãos tremiam.

—Jasper, o que aconteceu?

—Sai de perto de mim – respondeu entre dentes.

—Me explique o que houve... – supliquei. – Fiz alguma coisa?

—Você não fez absolutamente nada. Agora volte pro colégio.

—Jasper... – sussurrei.

—SAI DAQUI! – dessa vez ele gritou me assustando.

Sem saber o que fazer, comecei a correr. Subi as escadas do hall de entrada e encontrei meu amigo Richard que voltava da aula de Educação Física.

—O que houve ? – ele abraçou-me. – Você está congelando. O que fazia lá fora com essa neve?

Não consegui dizer nada, mas vi que Richard agora olhava por sobre minha cabeça. Ele vira Jasper parado ao lado do carro.

—Aquele cara te fez alguma coisa? – mesmo sem esperar por qualquer resposta minha, me afastou pro lado e foi em direção a Jasper que tinha um olhar de pura ferocidade.

Quando Richard estava a poucos passos, Jasper deu as costas para entrar novamente no carro.

—Ei! – ouvi Richard chamá-lo. Ele então tentou segurar o braço de Jasper, mas este desvencilhou- se com um pequeno gesto de ombro. Ao menos foi o que seu vi, porém no instante seguinte meu amigo caiu no chão recoberto pela neve, gritando e se contorcendo agarrado ao braço direito.

Corri para ver o que tinha acontecido, mas ele apenas gritava pra mim:

—Esse cara quebrou o meu braço! Ele quebrou o meu braço!











PS: scriptar somente o nome e o apelido da PP (/) e da melhor amiga(e/)

22 comentários:

  1. Simplesmente MARA!!!!!!! Confesso que não me empolguei muito em ler pois não sou muito team Jasper, mas graças a Deus resolvi ler porque a história é nota 10, ou melhor nota 100000(...).

    ResponderExcluir
  2. Jasper esse cara tem a pegada postura miliar ui ui vou ler sempre bjks

    ResponderExcluir
  3. deveria ser proibido fazer tanto suspense, quase morro do coração... por favor posta logo plese???
    estou adorando a fic, esta nota 1000. jas não é o team favorito mas sobre este, fica difícil resisti!
    não é??
    Acho que eese é o objetivo?
    prabens pela fic e não nos deixe a deriva.
    bjs
    GINA

    ResponderExcluir
  4. eu goste do clima que esta rolando entre nos. acho que estou totalmente entrgue a esse romance...aahhh
    muito bom...continue nos surpriendendo bjs gina

    ResponderExcluir
  5. Amei a fic soh nao achei justo ki o Emmett e o Edward sejam solteiros nela (disperdicio total).Gostei da postura militar.

    ResponderExcluir
  6. AAAAAAAAAAAAAAAAAAA, eu preciso de mais!

    ResponderExcluir
  7. ahh...não vai ter o fim?por favor terminem a fic tá ótima e ficaria mais ainda terminada...ah vai por favor.???tô morrendo de curiosidade pra saber o que acontece;.;..bjoo adorei essa fic mais termina tá;...ok bjoo

    ResponderExcluir
  8. EU TÔ AMANDO ESSA FIC MAIS PLEASE NÃO ME DEIXE MORRENDO DE CURIOSIDADE...VAI TERMINA?PLEASE...
    ESTOU MORRENDO AOS POUCOS...ADOREI.....MAIS SE NÃO TERMINAR QUEM VAI MORRER SOU EU...BJOOO

    ResponderExcluir
  9. A fic está maravilhosa, por favor continue, bjsss!!!!!

    ResponderExcluir
  10. Ei que quero att,são tão poucas as fics team Jasper!eu adorei ela mas não demore....

    ResponderExcluir
  11. Heiiiiiiiiiii!Cadê a ATT!!!!!Amo fic com o Jasper!Poste mais capitulos por favor!

    ResponderExcluir
  12. Adorandooooo!!!
    Que bom que voltou a postar!!!
    Bjsssss!!!!

    ResponderExcluir
  13. Ain que saudades que eu tava dessa fanfic! Ela é linda por demais, e tão intensa. Esse cap foi mto mto bom. Amei. Meu coração pulou a todas as horas e esse final foi de matar! Parabéns.
    Não suma de novo, amiga!
    Kisses da Baby

    ResponderExcluir
  14. Poxa, é raro de eu gostar de uma fic team jasper, mas essa tá tão boa. Não para de escrcever a fic não, posta mais um cap please *-*

    ResponderExcluir
  15. Muitoo legaaal sua fanfic, posta maaaiis ;D brigadaa

    ResponderExcluir
  16. Muito show, eu amei !
    Nossa, sempre tive uma paixão pelo Jaspito mesmo, kkk \o/
    posta mais, estou amando !
    Beeijos, Zink.

    ResponderExcluir
  17. Gente, tô BOOOOBA! como assim eu demorei tanto pra encontrar essa fic? Tudo bem, sou totalmente teamJacob, mas essa fiction se superou. Estou até gostando mais do Jasper. Ameeeei, parabéns :) bjs

    ResponderExcluir
  18. Saudades dessa fanfic (sou a Zink Cullen lá em cima, kkk) pena que não ouve mais nenhuma atualização a um bom tempo, era uma ótima fic aos team Jasper como eu, esperando apenas que a autora de sinal de vida algum dia desses, principalmente com o final da saga essa semana, estou em depressão. Ai ai...

    ResponderExcluir
  19. eu acho q sou a unica q esta comentando em 2013 essa fanfic,li ela por curiosidade,porq na verdade sou Team Jacob kkkk,mais não q não ache o Jasper lindo,sempre achei,assim como Emmett,Edward e etc... mais é q sempre preferi Jasper com a Alice (acho os dois um casal muito perfeito,fofo e lindo),mais lendo essa fanfic foi uma coisa nova(confesso q demorou eu gostar do Jasper e eu kkkkk,mais curti),confesso q esta perfeito,só achei q o Jasper se apaixonar por mim foi rapido d+,mais gostei mesmo kkkkk assim não demora para gente ficar junto,só vai demorar porq ele acha q ele é perigoso pra mim(talvez,mais quem liga né kkkk?!? uma hora ele supera e vê q tem autocontrole,e vai perder essa vontade de querer tomar o meu sangue kkkk),com essa fanfic gostei mais do Jasper,do q ja gostava antes,na verdade continue a sua fanfic estou amando,e tem poucas fanfics do Jasper,devia escrever mais kkkk,mas termine essa ^_^

    ResponderExcluir
  20. Continueee pf ! Maravilhosa a historia ! Parabens "

    ResponderExcluir
  21. Poxa continua! Por favor mto boa

    ResponderExcluir
  22. Preciso de mais por favor Atualiza logo <3

    ResponderExcluir