27 de junho de 2012

Enfim você apareceu

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Enfim você apareceu






Sinopse: Passou-se dez anos desde que Bella se casou e foi embora. Jacob não pensa tanto nela, mas continua sozinho. Tentou encontrar alguém e suas tentativas foram frustradas. Porém algo em seu coração diz que a mulher da sua vida -seu imprinting- ainda vai aparecer.


Prólogo
Dez anos. Hoje faz dez anos que Bella se casou. Minha melhor amiga. Aquela das tardes na garagem concertando motos, bebendo refrigerante quente e deveres de casa na sala de estar. Nos primeiros meses sofri demais com a perda do meu primeiro amor, era como se tivessem arrancado um pedaço de mim, mas como dizem por aí "O tempo passa". E é verdade, o tempo passou e curou as feridas deixadas. Ainda sinto saudades com certeza, mas não podia continuar sofrendo por quem não havia me escolhido. Eu tinha minha família, meus irmãos da alcateia, minha tribo e foi por eles que superei a dor que sentia. Foi por eles que fiquei aqui em La Push e na verdade não me arrependo, amava a Bella sim, mas também amo minha família e eles precisam de mim. Agora tenho minha vida, minha oficina construída com esforço ao lado de Seth, meu grande amigo. E quanto ao meu grande amor, eu sei que ele está por aí, sem saber, esperando por mim. E ele ainda vai aparecer.


Cap. 01 Alcateia
Jacob’ POV

- Jake você já terminou o concerto da picape preta? O cliente vem buscá-la hoje às 17h00min - me perguntou Seth.

-Já Seth. Você sabe que eu não atraso o serviço - respondi entediado.

-Bom, então se não tem nada pra fazer, vou sair mais cedo. Sabe, conheci uma garota do Alabama que veio visitar uma tia em Forks. Vamos a Port. Angeles ver um filme - disse-me todo convencido.

Seth ainda não havia encontrado seu imprinting, assim como eu, e vivia saindo com várias garotas. Até me arrumava algumas que de vez em quando eu aceitava conhecer, mas não sei o que acontecia, eu simplesmente não me interessava.

Deve ser a idade. Tenho 27 anos e quero encontrar alguém definitivo, me “amarrar” como os outros do bando.

-Pode ir Seth. Hoje não tem mais nada pra fazer. Assim que o cliente vier buscar a picape, vou fechar a oficina.

Minha oficina. A Black ’s. O Seth não gostou muito do nome, mas já que é minha nada mais justo que ter meu nome. Aqui também trabalham Embry e Collin, que hoje não vieram, afinal não tem muito serviço.

-Ok. Porque você não vem? Quem sabe conhece alguma garota.

-Ficar de vela não é a ideia que tenho de sábado à noite.

-E qual é sua ideia? Ficar em casa aguentando o Paul que vai lá todo sábado se esparramar no seu sofá?- perguntou rindo da minha cara.

-Claro que não garoto- respondi mal-educado – Não sou criança, posso sair sozinho, não preciso de caridade.

-Tudo bem, não está mais aqui quem falou. Tchau – saiu sem se deixar abalar. Ele já está acostumado com meu gênio.

Mas ele tem razão, não dá pra ficar em casa hoje. Depois que o Paul casou com minha irmã Rachel há quatro anos, ele vai lá todo sábado, se esparrama no sofá, toma conta do controle remoto e além de não assistir nada porque fica zapeando a toa, também não deixa ninguém assistir.

A única coisa boa de tudo isso é a Rachel que sempre faz o jantar e meu sobrinho Joshua de um ano que eu adoro demais. Ainda me pergunto como uma criatura como o Paul pode ser pai de uma criança tão adorável. Acho que puxou ao tio, só pode.

Sam e Emily também se casaram há sete anos e tem um casal de filhos. Emma de cinco anos e Dean de três. Ele ainda é o alfa, embora esteja pensando em se aposentar e me passar a “honra” de ser o líder da alcateia. Tenho conseguido adiar esse acontecimento, mas está cada vez mais difícil, já que Emily está envelhecendo e ele quer acompanhá-la.

Jared e Kim estão casados há dois anos e esperam o primeiro filho que se chamará Ben e deve nascer daqui a mais ou menos uns três meses.

O Quil, coitado, está enfrentado a fase da adolescência da Claire – que já tem treze anos – espantando todos os garotos com hormônios demais que chegam perto dela. Ele ainda a vê como uma irmã mais nova, mas não sei se ela o vê assim. Afinal ele é um cara sem nenhum grau de parentesco com ela que vive protegendo-a de tudo. Pra ela é aquele amor platônico pelo cara mais velho.

Embry também encontrou seu imprinting. Marissa, prima de Quil que veio morar com a tia depois de perder a mãe que estava com leucemia. Ele a ajudou muito nesse momento difícil. Agora estão noivos e pretendem se casar em breve.

A Leah, graças a Deus encontrou alguém e se casou. Damon é um cara tão legal, não sei como conseguiu domá-la. Conheceram-se em um dia que Leah resolveu ser feminina e foi a Seattle fazer compras, desde então não se desgrudaram mais. Ela deixou a alcateia e foi morar em Seattle, onde se casou há um ano e meio.

Collin e Brady ainda estão sozinhos apenas curtindo, mas nada comparado a meu amigo Seth. Este sim aproveita a vida. Todo fim de semana é uma garota diferente. Quando tento dar algum conselho ele me vem com “Ah Jake, eu só vou encontrar meu imprinting procurando”, mas todos nós sabemos que não precisa procurar. Um dia ela aparece e não há nada a fazer.

Eu estou assim, não procuro, porque sei que ela vai aparecer, e quando isso acontecer à única coisa a se fazer é ser feliz.

Fui tirado de meus devaneios quando John, o dono da picape, chegou. Depois de pagar o concerto ele foi embora e eu fechei a oficina.

Estava chegando em casa quando escutei a estrondosa risada de Paul, ótimo ele já tinha chegado, mas hoje eu não ia ficar e aguentar aquele projeto de gorila que minha irmã me arrumou como cunhado. Eu ia tomar um banho, jantar e sair, nem que fosse pra ficar vagando sozinho, qualquer coisa é melhor que o Paul. Era isso. E hoje a noite estava tão bonita mesmo, com o céu estrelado, o que raramente acontece aqui. E eu ia sair e pensar.




Cap. 02 Decisão


Jacob’ s POV

Realmente a noite estava linda. Eu caminhava pela praia de La Push, meus pés descalços afundavam na areia molhada e o cheiro do mar era relaxante. Comecei a pensar nos velhos tempos, na confusão que era correr atrás se vampiros fedorentos. Hoje em dia era diferente, depois que os Cullen foram embora, quase nunca aparece nenhum sanguessuga por aqui. Só alguns nômades com sede, mas logo damos um jeito neles.

Com isso o bando não era tão necessário, fazemos rondas só por precaução, geralmente aos pares. Nesse exato momento em algum lugar por aí estão Embry e Collin, correndo sobre quatro patas e a qualquer sinal de perigo um uivo seria ouvido e nos juntaríamos a eles.

Mas estava tranquilo, somente com o som das ondas batendo nas rochas, o vento soprando as folhas das arvores e um barulhinho realmente irritante, mas espera... Ah! Era meu celular. Será que não se pode caminhar em paz?

-Alô- atendi sem ver quem era.

-Oi Jake, é o Sam. Você poderia vir aqui em casa agora? – pronto lá vinha ele com “aquela” conversa de novo.

-Claro Sam. Chego aí em 15 minutos. – desliguei e caminhei até lá.

Assim que bati na porta ela se abriu e fui recebido por bracinhos que apertaram minha perna. Dean, filho de Sam, me recebeu.

-Oi tio Jay – sorriu mostrando todos os dentinhos.

-Olá garoto – respondi com um sorriso – cadê seu pai?

-No “banhelo”.

-BANHEIRO Dean, já te disse – repreendeu Emily vinda da cozinha – Olá Jake, você já jantou?

-Já Emily, obrigado – entrei e me sentei no sofá.

-Espera só um pouco que o Sam já vem, ele está no tomando banho.

-Claro, claro – respondi.

-Olá tio Jake – Emma, filha de Sam, saiu do quarto, vestida com as roupas da mãe.

-Boa noite senhora. Como vai? – fiz uma reverência exagerada que a fez rir.

-Muito bem – respondeu.

-Está muito bonita - elogiei.

-Obrigada – agradeceu corando.

-Ah Jake, que bom que veio. – disse Sam saindo do banheiro – Você já jantou? Emily pode fazer um prato pra você.

-Já, mas obrigado mesmo assim. Rachel estava em casa e fez o jantar.

-Bom, então se ela estava lá, Paul também. Acho que fiz bem em te ligar – disse rindo.

-Na verdade quando você me ligou eu estava na praia, dando uma volta. Mas o que você queria conversar? – perguntei já sabendo exatamente qual era o assunto.

-Vamos pra varanda, assim podemos conversar a sós – pediu e eu apenas concordei seguindo-o.

Na sala ficou Emily brincando de arrumar a roupa de Emma e Dean com seus carrinhos. Sam tinha uma família linda e fiquei me perguntando quando seria a minha vez.

-Então – disse Sam chamando minha atenção – eu te pedi pra vir aqui por que preciso que você me dê uma resposta. Sabe Jake eu realmente quero que você assuma o bando. Se não for você, as únicas opções são Embry, Quil e Paul. Mas eles não são de linhagem direta. Collin e Brady são os mais novos e Seth não é o que eu chamaria de líder.

Eu sabia que Sam estava certo. Por direito eu era o líder, mas nunca quis essa responsabilidade. Agora eu tinha que aceitar por que Sam estava disposto a levar uma vida normal.

-Escute, eu sei que você nunca quis isso – continuou como se lesse meus pensamentos – mas agora que a vida está um pouco mais calma, vocês não precisam tanto de mim. É claro que se tiver algum problema maior eu posso ajudar, mas a minha família está crescendo, e eu preciso me concentrar neles.

Mas espera. Crescendo? Ele disse mesmo isso?

-É o que você está pensando – disse-me com um sorriso enorme – Emily está grávida. Descobrimos hoje.

-Caramba Sam, você nunca vai parar? – eu estava surpreso, mas muito feliz – meus parabéns cara – o abracei, um abraço de macho é claro.

-Cara, não tem nada melhor que uma família, chegar em casa e ser recebido por uma esposa amorosa e filhos maravilhosos – disse-me com lágrimas nos olhos.

Sam nunca foi de demonstrar sentimentos, mas quando se tratava da família a história era outra.

O olhei com certa inveja, eu também queria tudo isso. Ele percebeu.

-Seu dia vai chegar Jake, pode ter certeza. Ela está por aí procurando, sem saber, por você.

-Eu sei Sam. Eu só me pergunto quando isso vai acontecer – ele apenas assentiu, não tinha nada a dizer – Bom já que não tem outro jeito – eu disse mudando de assunto – eu aceito ser o “grande alfa” – rimos.

-Obrigado Jake, isso é muito importante pra mim, preciso me dedicar a minha família – me agradeceu – Então vou convocar uma reunião com o conselho e o bando amanhã para comunicar a todos.

-Claro, claro – respondi.

Despedi-me de Sam, Emily e as crianças e fui pra casa. A essa hora Paul já deveria ter ido embora e eu queria dormir um pouco.

Chegando em casa fui tomar um banho e me deitar. Logo peguei no sono e tive um sonho estranho.



Eu estava na floresta em minha forma lupina, mas não estava sozinho. Na minha frente tinha uma garota. Não conseguia ver o rosto dela, ela estava de costas, mas tinha o cabelo bonito. Era ondulado, comprido e de um castanho brilhante. Usava um vestido vermelho, soltinho que ia até a altura dos joelhos e estava descalça.

Quando a chamei, o único som que saiu da minha garganta foi um latido e quando ela ia se virar para me olhar, eu acordei. Droga, logo quando eu ia ver o rosto dela.

Levantei, fiz minha higiene matinal e fui tomar café. Na porta de geladeira tinha um bilhete do meu pai.


“Jake fui pescar com Charlie. Volto à tarde”.


Era assim todo domingo desde que Charlie se aposentara há dois anos. Ela tinha comprado um carro antigo, mas em boas condições, vinha para La Push e passava a tarde toda pescando com meu pai. Não sei por que Billy se dava ao trabalho de deixar um bilhete, eu sempre sabia onde ele estava, aliás, ele não fazia outra coisa no domingo.

De vez em quando Charlie me dava notícias de Bella, não que eu perguntasse é claro, mas ele via necessidade em me contar sobre a filha que dificilmente via. Ele sabia que havia algo de errado com ela por que nas raras vezes que vinha visitá-lo, era sempre a mesma, nunca mudava, mas ele nunca perguntava o que tinha acontecido. Era mais fácil assim.

Quando ela foi embora, logo que se casou, só apareceu para uma visita cindo anos depois. Disse a Charlie que quanto menos ele soubesse era melhor, e que se ele quisesse que ela continuasse a visitá-lo era só não perguntar nada.

Ele concordou, não queria deixar de vê-la. Entretanto a mãe dela, não sei como conseguiu enrolar, já que nunca foi visitá-la, só se falavam por telefone.

Comigo a história foi diferente. Depois do casamento, nunca mais nos vimos ou nos falamos novamente.

De repente comecei a me lembrar do sonho. Aquela garota de cabelos bonitos. Como será que era o rosto dela?

Fiquei pensando nisso até que meu celular tocou. Fui atender e era Sam.

Conversamos um pouco e ele me disse que a reunião com o conselho estava marcada para as 18h00min.

Era isso, a decisão estava tomada. Eu seria o alfa.



Cap. 03 Encontro


Jacob’ s POV

Acordei na segunda-feira com o céu desabando em La Push, há muito tempo não chovia assim. Ainda era 06h00min da manhã, mas eu tinha que levantar, precisava ir à Port. Angeles.

De repente senti um frio na barriga e meu coração disparando. Que coisa mais estranha. Será que era por causa da viagem? Mas eu sempre vou lá.

Levantei, tomei um banho, escovei os dentes e me vesti. Calça jeans, camiseta azul e tênis. Pensei em vestir uma jaqueta, mas como nunca sinto frio, deixei de lado.

Estava super cansado. A reunião de ontem terminou bem tarde.

Depois de ser anunciado como o novo alfa, ouvir reclamações de Paul e Jared dizendo que não receberiam ordens minhas, ficar aguentando Embry e Quil discutirem sobre qual dos dois seriam o beta e receber felicitações de Seth, Collin e Brady, resolvemos comemorar. Emily tinha levado sanduíches e refrigerantes. Acho que essa foi a melhor parte.

Agora eu era oficialmente o líder da alcateia, o lobo alfa, aquela que dava as ordens.

“Excelente”. Pensei com ironia. “Tudo que eu sempre quis”

Meu pai como era de se esperar estava cantando de felicidade, e isso não é uma coisa agradável aos ouvidos. É melhor eu sair logo, antes que ele comece com o discurso de como está orgulhoso.

Liguei para Seth e disse que só apareceria na oficina mais tarde, pois ia a Port. Angeles. Precisava comprar algumas ferramentas e peças que estavam em falta. Entrei no meu Jipe Wrangler e dirige rápido pela estrada.

No meio do caminho comecei a sentir de novo aquele frio na barriga e o coração disparando, mas agora não era só isso, minhas mãos também estavam suando. Eu tinha a sensação de que algo grande estava para acontecer hoje, só não sabia se era bom ou ruim.

Passei a manhã toda de loja em loja comprando peças e tudo mais que faltava pra oficina e em todo esse tempo aquela sensação nunca me deixou.

Quando acabei, parei em um restaurante para almoçar, mas era difícil com aquelas garçonetes me secando. Eu já estava acostumado com os olhares cheios de segundas intenções das mulheres, mesmo assim era desconcertante.

Comi o mais rápido que pude pra sair logo daquela restaurante, além de olhar, elas também cochichavam e não faziam nenhum esforço pra disfarçarem e aquele momento estava ficando um tanto quanto constrangedor.

Dirigi de volta à Forks, quando no meio do caminho avistei alguém. Estava todo de preto com uma mochila nas costas da mesma cor, o rosto coberto pelo capuz do casaco, mas dava pra perceber que era uma garota por que usava um All Star Pink “pouco” chamativo.

Nesse exato momento meu coração só faltou sair pela boca e eu quase devolvi o almoço, tamanho era o frio na barriga.

Diminui a velocidade do carro até alcançá-la.

-Hey, você. Quer uma carona. – perguntei chamando a atenção dela, não era seguro ela ficar andando sozinha pela estrada.

Então de repente ela levantou a cabeça e me olhou, os olhos castanhos me fitando intensamente. Nesse momento tudo ao meu redor sumiu, era como se só existisse eu e ela. Nada mais importava. Ninguém mais importava. Somente ela, apenas ela.

Aquela cena do sonho passou em minha mente, mas agora eu conseguia ver o rosto da garota por que era ela, eu tinha certeza disso.

-Até que enfim você apareceu – eu disse sem pensar.

-Desculpe. Como? – perguntou confusa.

Eu precisava disfarçar urgentemente, antes que ela pensasse que eu era um louco maníaco.

-Eu perguntei se você quer carona – respondi rápido.

Ela me olhou por mais um tempo, em duvida se aceitava ou não.

-Claro – ela olhou pro céu – parece que está vindo uma tempestade aí. – Eu apenas assenti enquanto ela dava a volta no carro e entrava no lugar do passageiro.

-Você está indo pra onde? – puxei assunto.

-Forks – respondeu - Você conhece algum hotel por lá? – ela perguntou ainda olhando pelo para-brisa a chuva que agora caía.

-Claro. Tem um na entrada da cidade.

-Você pode me deixar lá, por favor?

-Posso. – respondi, mas ainda havia uma pergunta que eu queria fazer – Desculpe me intrometer, mas o que você estava fazendo sozinha na estrada?

-Eu tinha chegado a Port. Angeles e ia pegar um táxi até Forks, mas estavam todos ocupados. Aparentemente muita gente precisava de um no momento.

“Deve ser o destino” pensei.

-E então você resolveu seguir a pé até Forks em vez de esperar – indaguei arqueando uma sobrancelha. Eu estava completamente fascinado por ela.

-Eu tinha planejado pegar carona, não queria ficar lá por muito tempo, mas ninguém estava disposto a parar. Eu já tinha decidido a ir caminhando quando você apareceu. Você foi o único que teve coragem de dar carona a uma estranha. Se bem que eu acho que ninguém seria louco de tentar te fazer algum mal. – ela disse me olhando pela primeira vez desde que entrara no carro.

Não me senti desconfortável com o jeito que ela me olhou como se me aprovasse, ao contrário, eu adorei. Apenas sorri.

-E você é de onde? – perguntei querendo manter a conversa e querendo conhecê-la melhor.

-De nenhum lugar específico. Aliás, eu não pertenço a um só lugar há algum tempo. – ela parecia disposta a responder as minhas perguntas então eu aproveitaria.

-E por que Forks? – não que eu tivesse algo contra é claro – Você não parece fazer o tipo de garota de cidade pequena.

-E que tipo de garota eu parece ser? – perguntou sorrindo. O sorriso mais lindo do mundo.

Fiquei um tempo perdido na beleza dela, enquanto ela me encarava de volta. Então voltei a minha atenção para estrada, se ficasse olhando pra ela, não conseguiria formular frase nenhuma e ainda provocaria um acidente.

-Bom você parece o tipo de garota de cidade grande como Nova York, Los Angeles – respondi e olhei pra ela de novo – mas você não respondeu minha pergunta. Por que Forks?

De repente ela ficou séria, olhou através do para-brisa sem realmente ver algo e depois de alguns segundos respondeu.

-Eu sonhei. Não exatamente com Forks, mas com um lugar muito chuvoso e com muitas florestas. Então pesquisei e esse foi o único lugar mais parecido com meu sonho que encontrei.

-Você sonhou? Apenas sonhou? – questionei confuso.

-Sim. Eu sou uma pessoa que age por puro instinto. E quando sonhei com esse lugar, eu sabia que tinha alguma coisa que me chamava pra cá. Eu só não sei ainda o que é.

Eu não sabia que dizer. Ela ainda não sabia o que a trouxera pra cá, mas eu sabia. Tinha certeza.

Chegamos ao único hotel de Forks. Parei o carro e ela desceu. Fiz o mesmo, não sei por que, mas me pareceu o certo. A chuva ainda estava forte, molhando o rosto dela. Ela era perfeita.

-A propósito – eu disse estendendo-lhe a mão – meu nome é Jacob Black, mas pode me chamar de Jake.

- , me chame de .

Então ela sorriu e apertou minha mão. Nesse momento uma corrente elétrica passou pelo meu corpo e ao que parece aconteceu com ela também, por que ela arfou e me encarou. Depois soltou minha mão e foi em direção ao hotel.

Eu entrei no meu Jipe e dirigi de volta a La Push com um sorriso bobo no rosto. Não conseguia parar de sorrir. Enfim tinha encontrado o grande amor da minha vida. O meu imprinting.



CAP 04 Agradecimento
’s POV

Forks era melhor do que eu esperava. Cidade pequena, poucos habitantes e clima chuvoso. Sempre adorei a chuva. Me acalmava, me fazia pensar.
E nesse momento meu único pensamento estava em Jacob Black. Não sei por que eu pensava tanto em uma cara que eu mal conhecia, e que só havia me dado uma carona, ele provavelmente teria feito o mesmo por qualquer outra pessoa. Então eu não devia estar aqui acordada às duas da manhã sem sono por que não conseguia tira-lo da cabeça. Ele deveria ter namorada, um cara lindo como aquele não podia estar sozinho, era até crime. Mas não era só sua beleza que tinha chamado minha atenção, eram os olhos dele, tão intensos, penetrantes. Toda vez que fechava os olhos, eram aqueles olhos que eu via. E tinha também o toque dele, a pele tão quente, que fez meu coração acelerar por um simples aperto de mão.

Fiquei pensando nele até pegar no sono.

Pela primeira vez em anos, dormi tranquilamente sem nenhum pesadelo. Sonhei com Jacob. Estávamos em uma praia com um lindo pôr-do-sol. Caminhávamos de mãos dadas, com sorrisos no rosto. Éramos só nós dois, parecia extremamente certo, como se houvéssemos nascidos para ficarmos juntos.

Acordei atordoada com aquele sonho, era estranho, muito estranho. Eu não sabia nada dele, onde morava, quantos anos tinha, o que fazia nada vida, só sabia seu nome e mesmo assim estava completamente atraída por ele.

Olhei pela janela e percebi que já era de manhã, não que tivesse sol, mas estava mais claro. Me assustei ao olhar o relógio digital do lado de minha cama e constatar que já eram meio-dia. Logo teria que me acostumar com esse tempo nublado.

Depois de me arrumar, desci e fui perguntar à recepcionista Marjorie – uma mulher que aparentava ter uns quarenta anos, baixa, magra – onde havia uma lanchonete para que eu pudesse almoçar. Ela me indicou uma que ficava a umas três quadras do hotel.

Fui caminhando bem devagar para conhecer a cidade. Era pequena. O tipo de cidade onde todos se conheciam, onde todos pareciam ser uma família. Eu queria ter crescido ali, feito amigas de infância e participado do baile de formatura. Aquele clima era acolhedor. Em vez disso cresci em um internato.

Enfim cheguei à lanchonete. Me ocuparia com a comida, observaria as pessoas e seus hábitos, não queria me lembrar do passado. Não me fazia bem.

Quando entrei, o lugar estava quase vazio, mas mesmo assim preferi sentar-me no balcão. Não fazia sentido ocupar uma mesa já que estava sozinha.

Pedi uma Coca-Cola e o prato do dia - bolo de carne, arroz e salada.

Quando a garçonete trouxe meu pedido resolvi puxar assunto, observar as pessoas não estava dando resultado já que havia poucas pessoas e se eu ficasse encarando não pegaria bem.

-Por favor, você conhece um cara chamado Jacob Black? – não sei por que havia perguntado justo por ele.

-Não. Não conheço ninguém com esse nome – ela me respondeu sem interesse nenhum.

Bom, a primeira pergunta não ajudou em nada para começar uma conversa. Quando estava pronta para recomeçar, um senhor de bigodes me olhou surpreso e perguntou:

-Desculpe, mas ouvi sem querer que você perguntou por Jacob. Você o conhece?

-Sim – respondi confusa.

-É nova na cidade? Não me lembro de você.

-Cheguei ontem. Jacob me deu uma carona e não consegui agradecer. Sabe como posso encontrá-lo?

-Ele mora em La Push. É uma reserva que fica a mais ou menos quinze minutos daqui. A propósito, sou Charlie Swan. Ex- chefe da polícia local.

- – disse apertando a mão que ele me estendia. – O senhor pode me dizer como chego lá?

-Estou indo pra lá agora. Se quiser posso te levar.

-Obrigada, mas não quero incomodar.

-Imagina. Não seria incômodo algum.

-Bom, então eu aceito – sorri agradecida.

Terminamos o almoço em silêncio. Charlie não era uma pessoa muito comunicativa. Paguei minha refeição, depois de convencê-lo que não precisava pagá-la. Fomos até seu carro.

-Está na cidade visitando alguém ou veio morar? – Charlie puxou assunto.

-Não estou visitando ninguém, mas acho que vou ficar um tempo. Gostei da cidade – ele deu uma risada que não entendi.

-Você é diferente da minha filha. Ela nunca gostou de Forks. Preferia o sol de Phoenix.

-Ela não mora mais aqui?

-Não. Ela foi embora depois que se casou. Já faz dez anos. Hoje mora no Alasca.

-Sério? Alasca não é pior que Forks? – não consegui imaginar uma pessoa que não gostasse de chuva e fosse morar onde só houvesse gelo.

-O marido dela, Edward, trabalha lá e ela o acompanhou.

-Nossa, tem que ser muito apaixonada pra fazer um sacrifício assim – comentei.

-Ele foi o primeiro e único namorado dela. Então acho que sim, é muito apaixonada por ele. E ele por ela. Não fui muito a favor do casamento na época por ela só ter dezoito anos. Mas não pude fazer nada, Bella estava decidida. São muito felizes. Nas raras vezes que ela vem me ver é isso que vejo.

Ficamos um tempo em silêncio até que ele falou de novo:

-Chegamos – disse apontando uma casa pequena e vermelha. A pintura parecia nova. – Vamos entrar?

Fiquei meio sem saber o que fazer. Como será que Jacob reagiria quando me visse?

-Vamos. Billy, pai de Jake, é gente fina.

-Tudo bem – concordei. Já que tinha vindo até aqui.

Descemos do carro e caminhamos até a porta de entrada. Charlie entrou sem bater. Acho que a amizade lhe permitia isso.

-Billy? – gritou da porta.

-Aqui na cozinha, Charlie – respondeu uma voz grave. Então um senhor em uma cadeira de rodas apareceu. -Ah, vejo que temos visita.

-Sim, esta é . Está procurando por Jake.

-Então você é a . Meu filho não exagerou. Você é realmente linda – como assim? Jacob falou de mim para o pai? E ainda disse que sou linda?

Billy viu minha cara de confusão.

-Jake não para de falar de você desde ontem – me deu um sorriso e estendeu a mão – Prazer, Billy Black.

-O prazer é todo meu – retribui o gesto. Não sei como, mas Billy me transmitia confiança.

-E então, à que devo a visita? –perguntou a Charlie.

-Eu vim ver como estava. Sue me disse que não estava bem de saúde.

-Realmente não estava muito bem, um pouco indisposto. Mas hoje estou bem melhor. – depois olhou para mim – Jake ainda está na oficina, só chega mais tarde.

-É muito longe? – perguntei ansiosa. Precisava vê-lo urgentemente e isso não era normal.

-Não. É perto na verdade. Você sobe está rua, vira na primeira esquina, anda umas duas quadras e logo avistará a oficina com o nome Black ’s. Não tem erro.

-Tudo bem. Então vou lá. Preciso agradecê-lo por ontem.

-Claro que precisa – sorriu travesso. Não entendi o porquê, mas deixei pra lá.

-Até depois senhor Black e senhor Swan.

-Ah, que isso. Me chame de Billy, e acho que Charlie também prefere ser chamado pelo nome não é mesmo? – perguntou ao amigo.

-Com certeza – respondeu o mesmo – faço questão que me chame pelo nome.

-Ok. Então até logo Billy. Charlie – apertei-lhes a mão.

-Volte pra jantar – disse-me Billy.

O convite me pegou de surpresa.

-Não sei – não quis ser indelicada, pois mal os conhecia, embora me sentisse bem à vontade.

-Tudo bem. Eu sei que Jake vai trazê-la de volta – me olhava como se tivesse certeza que eu voltaria.

Despedi-me mais uma vez e segui pelo caminho indicado por Billy e quanto mais chegava perto, mais ansiosa ficava. Parecia uma adolescente em seu primeiro encontro, mas não era só isso. Veria Jacob Black mais uma vez.







CAP 05 Sentimentos Novos
Jake’ s POV



-Não consigo parar de pensar na . Como será daqui pra frente? Como vou me aproximar? – eu estava inquieto.

Nesse momento eu consertava um Pajero que deixaram aqui mais cedo, na oficina.

-Calma Jake – Embry tentou me acalmar mais uma vez. – você sabe que não dá pra fugir. O Imprinting é forte para ambas as partes.

-É eu sei – concordei – mas você sabe como na minha vida tudo é mais complicado. E se mesmo depois que souber a verdade, ela não conseguir aceitar o que eu sou?

-Eu também fiquei com medo quando conheci Marissa, mas tudo aconteceu tão naturalmente que mandei minhas inseguranças para o inferno.

-Você está se preocupando demais cara – começou Seth – por agora deve se concentrar em arrumar direito esse carro, se não vai fazer tudo errado e quando vierem buscar...

-Eu faço meu serviço muito bem – o interrompi indignado.

Eu estava mesmo um pouco distraído, mas era muito bom no que fazia.

-Ok. Eu só estava tentando ajudar. – não respondi.

-Hey gata, em que posso ajudar? – escutei Seth perguntar a alguém. Esse garoto não perdia uma oportunidade.

-Eu estou procurando Jacob Black. – aquela voz perfeita chegou até meus ouvidos, meu coração disparou na mesma hora.

Empurrei o carrinho em que estava deitado e sai de debaixo do carro.

Era ela. Tão linda. Os olhos brilhantes, o sorriso encantador. A mulher da minha vida.

Embry tinha razão, o imprinting era forte e despertava nas pessoas um amor intenso. Isso eu podia ver nos olhos dela.

-Ah! Você é a ? – perguntou Embry ao ver minha reação, ou a falta desta.

-Sou – respondeu ela nos olhando confusa.

-Nossa Jake, ela é realmente uma tremenda gata mesmo. – disse Seth sorrindo malicioso, a fazendo corar, mas seu sorriso logo se desfez assim que viu meu olhar mortal sobre ele.

Levantei-me e fui em direção a ela, que me olhou de cima a baixo demorando um pouco em meu peito nu – eu usava apenas uma calça jeans surrada – mas depois saiu de seu transe com a risada indiscreta de Seth.

-Bom, nós vamos ajudar Collin com as peças lá no depósito. Qualquer coisa nos chame Jake. – Embry saiu arrastando Seth. Não antes deste me mandar uma piscadela e sussurrar um “vai fundo”. Apenas rolei os olhos.

-Oi – eu disse quando eles não estavam à vista, embora eu soubesse que provavelmente estariam ouvindo. Super audição às vezes era um saco.

-Oi – ela respondeu, olhando ao redor – Desculpa ter vindo até aqui, mas eu precisava agradecer por ontem, já que não o fiz quando nos despedimos.

-Tudo bem. Na verdade eu não podia deixá-la sozinha na estrada – ela apenas sorriu – Mas então, como me achou?

-Eu estava almoçando em uma lanchonete e perguntei por você à garçonete, mas ela não te conhecia. Então um senhor sentado ao meu lado escutou seu nome, disse que te conhecia e que estava vindo pra cá ver seu pai. Charlie disse que podia me trazer e aqui estou eu. – sorriu envergonhada.

-Charlie Swan? – perguntei.

-Exatamente. Na verdade quem explicou o caminho até aqui foi seu pai.

Arregalei os olhos. Ela havia estado em minha casa? Com meu pai? Será que o velho tinha falado algo? Ele pode ser bem inconveniente quando quer.

-Ele é muito simpático. – continuou - Charlie também, afinal deu carona a uma estranha. Isso deve ser costume por aqui.

Eu não conseguia parar de olhá-la. Era tão linda. Embora tivesse algo nos olhos dela. Algo que me fazia crer que ela havia sofrido muito, mas a partir de agora nada mais a faria sofrer. Dedicaria minha vida para fazê-la feliz.

-Ah! Que falta de educação a minha. Vem senta aqui. – eu disse apontando um jogo de sofá que tinha num canto.

-Eu não quero incomodar, você parece estar ocupado. – apontou com um movimento de cabeça o carro que eu estava concertando.

-Na verdade não. O cliente só vem buscá-lo na quinta, você não está incomodando em nada. – então sentamos no sofá.

-Eu só queria agradecer mesmo - de repente ela corou, olhando novamente meu peito nu. – Você não sente frio? Sabe, o vento está bem gelado.

-Não, eu não sinto frio. Não tanto quanto as outras pessoas.

-Ah! Ok. – disse, desviando olhar.

-Se você quer mesmo me agradecer, podia jantar comigo – não custava nada arriscar.

Ela me olhou divertida

-Nossa. É meu segundo convite hoje pra jantar. – olhei espantado. Quem será que a tinha convidado? – Seu pai pediu para que eu voltasse e jantasse lá. – Retiro o que disse sobre meu pai ser inconveniente. Na verdade o velho é muito esperto.

-Aliás, ele me disse que você não parou de falar de mim. – Voltei atrás, mas inconveniente não era a palavra certa, e sim linguarudo. – E também disse que sou linda.

-Billy não tem jeito. – falei para mim mesmo, mas ela escutou.

-Por quê? É mentira? – ela perguntou com um sorriso de canto de boca.

-N-Não. Você é l-linda. – Meu Deus, agora eu estava gaguejando. Tem como ser mais ridículo?

-Na verdade eu perguntei sobre a parte de você ter falado sobre mim e não se sou bonita. – ela riu.

Escutamos a risada de Seth. Eu já falei que super audição é uma saco? Sim? Então de novo. Super audição é realmente um saco.

-Será que eles estão escutando? – ela indagou.

-Acho que não. Deve ser coisa deles mesmos. – desconversei – Mas você não me respondeu. E já que meu pai também te convidou, eu só reforço o convite. Janta comigo? Quero dizer comigo e com meu pai também, e provavelmente Charlie – disse segurando seu olhar.

-Cla-claro. Tudo bem. – pelo menos eu não era o único que gaguejava.

-Enquanto isso você não quer dar uma volta? Visitar a praia? Podemos conversar mais – “e a sós”, acrescentei em pensamento.

-Tem praia por aqui? - Ela perguntou admirada.

-Sim e é muito bonita.

-Tem certeza que não estou incomodando?

-Claro que tenho. Hoje tem pouco serviço.

-Então tudo bem. – disse animada.

-Espera só um pouco que eu vou colocar uma camiseta. – disse enquanto passava meus olhos pela oficina, procurando a peça.

Nesse momento Seth apareceu.

-E aí Jake. O que vamos jantar na sua casa? – questionou-me.

Se tinha alguma dúvida que eles estavam ouvindo, agora não tinha mais.

-Seth, preza a boa educação que as pessoas sejam convidadas antes de aparecer pra jantar na casa de alguém. – repreendi. Ele estava me tirando do sério.

-Ah! Qual é Jake? Eu só quero conhecer a garota que conquistou o chefe. – continuou.

Olhei para e ela estava claramente se divertindo. Foi por essa razão que não briguei com ele.

-Vamos logo – me dirigi a – antes que eu acabe batendo nesse garoto. – ela só assentiu.

Depois de vestir minha camiseta, nos encaminhamos á praia. Fomos de Jeep. O tempo já começava a dar sinais de que iria chover novamente.

Minutos depois chegamos. Estacionei e começamos a andar pela areia úmida. Ficamos um tempo em silêncio, admirando as poucas ondas.

-É tudo tão lindo. – ela disse fascinada.

-Realmente a praia é linda. – concordei e ela riu.

-Não falo só da praia. Quer dizer, ela é linda, mas me refiro à Forks, La Push, o clima...

-Você gosta de frio? – perguntei surpreso.

-Muito. Pode parecer estranho, mas me sinto bem com o vento gelado, a chuva, o cheiro da terra molhada. Lembro-me da minha mãe, ela cantava pra mim quando eu não conseguia dormir por causa dos trovões. Depois de um tempo eu fui perdendo o medo, mas continuei fingindo somente para ouvi-la cantar.

Ela sorria enquanto falava da mãe, mas seu sorriso não chegava aos olhos. Eles eram tristes e estavam marejados.

-Sabe – ela continuou – quando eu estava na sua casa, não vi sua mãe.

-Minha mãe morreu quando eu era criança.

-É uma pena. Gostaria de tê-la conhecido. Seu pai é um bom homem e ela devia ter sido uma mulher incrível.

Eu não sabia dizer qual o sentimento que me dominava no momento, mas um deles era a saudade que há muito tempo eu não sentia.

Pela primeira vez em anos eu não escutara o velho “Oh, eu sinto muito”, parecia que ela me entendia.

-E você . Qual é a sua história? Por que estava vagando sozinha? – precisava me focar em outro assunto, meu coração estava apertado e eu não estava preparado para sentir essa dor de novo.

-Bom – ela começou – eu não tenho família. Estou sozinha há bastante tempo – ela respondeu olhando a praia, agora eu entendia seu olhar. Não sabia se perguntava o que tinha acontecido, então ela continuou.

-Não conheci meu pai, ele era um soldado e morreu em ação quando minha mãe estava grávida. Éramos só nós duas, mas eu a perdi quando tinha dez anos, vítima de um assalto.

-E como ela era? – não consegui não perguntar.

Então seu sorriso apareceu e seus olhos ganharam um brilho.

-Era doce, amorosa, a mulher mais corajosa que já conheci. Fugiu com meu pai quando tinha dezesseis anos e ele dezenove. Logo depois engravidou. Quando meu pai morreu, ela cuidou de mim sozinha, sempre fiel ao que sentia por ele. Nunca mais quis outro homem em sua vida. Dizia sempre que não precisava de mais ninguém além de mim.

-E você não tinha mais família? Com quem ficou depois que ela se foi?

-Fui mandada para meus avós, mas eles não me queriam por perto. Imagina cuidar da consumação da rebeldia de minha mãe? Então me mandaram para um internato somente de garotas. Fiquei lá até os dezoito anos. Quando saí, meus avós também já haviam falecido. Não conhecia nenhum outro parente e nem fiz questão de procurar. Desde então tenho vivido sozinha de cidade em cidade. Felizmente meu avô me deixou em uma situação confortável. Para minha surpresa ele deixou alguns bens eu meu nome, sem que minha avó soubesse, já que ela preferiu doar tudo.

-Caramba. Você parece ser tão nova pra ter passado por tudo isso. Quantos anos você tem?

-Tenho vinte e dois.

-E nasceu aonde?

-Em Dallas, no Texas.

-Minha nossa. Você viajou bastante até aqui não é mesmo?

-Não tenho feito outra coisa nos últimos quatro anos a não ser viajar. É divertido conhecer vários lugares, mas sinto falta de um lar, de um lugar para voltar, onde possa ter uma família. – ela então me olhou com uma expressão brava e divertida ao mesmo tempo. – Já falamos muito de mim, não acha senhor Black. – gargalhei com o modo com que ela se dirigiu a mim.

-Tenho muita coisa pra contar. Mas não agora, você não está pronta ainda.

Nesse momento escutamos um trovão, olhamos para as nuvens carregadas no céu já bem escuro.

-Acho melhor irmos, parece que vem um temporal por aí. – sugeri.

Então pingos de chuva começaram a cair e corremos para o Jeep.

-Ainda está um pouco cedo pra voltar pra casa, você quer fazer alguma coisa antes? – queria ficar mais tempo a sós com ela e talvez com a presença de Charlie e meu pai, ela não ficasse tão à vontade.

-Podemos ficar aqui no carro mesmo e conversar mais um pouco – eu apenas assenti – me fale mais um pouco de você.

-O que quer saber?

-Você tem namorada?

-Não. Não tenho ninguém.

-Nunca se apaixonou?

-Uma vez quando era mais novo achava que estava apaixonado, mas agora olhando pra trás, vejo que nada daquilo era realmente amor. – Afinal o que era aquilo que eu senti por Bella? Tanto sofrimento e agora aqui parado ao lado do grande amor da minha vida, vejo que tudo foi em vão, não valeu nem pra salvar a vida dela. Mas foi bom no fim das contas. Se eu já estava predestinado à , só teria feito Bella sofrer. – E você, já se apaixonou?

-Nunca conheci ninguém que valesse a pena. Até agora.

Ficamos nos olhando. Eu ainda estava absorvendo a resposta dela. Não conseguíamos desviar o olhar.
Sem pensar levantei minha mão e afaguei seu rosto. Ela suspirou e fechou os olhos. Comecei a me inclinar em direção a seus lábios. Quando estava próximo, escutei seu coração disparar em sincronia com o meu e sua respiração começou a ficar descompassada. Senti o seu hálito doce. Estava louco para beijá-la. Foi quando escutei batidas no vidro ao meu lado.

Ela abriu os olhos assustada e eu me afastei. Quem era o idiota que ousava me atrapalhar? Olhei pra janela e era o mala do Quil. Ele entrou no banco traseiro molhando todo o estofado. Eu mereço.

-E aí Jake. O que tá fazendo aqui? – ele olhou de mim para .

-Nada. – respondi sem humor nenhum.

-Olá. Sou Quil Ateara. – se apresentou, estendendo a mão pra ela.

-Oi. . Tudo bem? - ela o cumprimentou sorrindo e apertando a mão dele.

-Tudo sim. – então se dirigiu a mim – Jake você pode me levara casa de Claire.

-Claro. – liguei o carro sem dizer mais nada.

Quil foi o caminho todo conversando com , perguntando o que ela estava achando de Forks. Se, estava gostando do clima. Ela sempre respondia a tudo muito simpática e de vez em quando ria de alguma coisa idiota que ele falava. Então ele perguntou quanto tempo ela ia ficar. Prestei mais atenção a sua resposta.

-Ainda não sei. Pretendo ficar pelo tempo que me quiserem por aqui. – ela disse me olhando. Quil percebeu.

-Entendo. – ele sorriu – é provável que você fique por muito tempo. – então seu sorriso se desfez assim que chegamos à casa de Claire e a mesma estava sentada na varanda com um garoto ao seu lado. – Mas o que esse moleque está fazendo aqui? – perguntou irritado. – Depois a gente se fala Jake. Agora tenho que acabar com uma infestação de hormônios. Foi um prazer . – ele saiu sem esperar a resposta dela.

-Ele é irmão da garota? – questionou-me.

-Mais ou menos. – respondi sem me aprofundar no assunto, afinal se eu dissesse a verdade agora ela não entenderia. – Bom, então vamos jantar? Eu estou ficando com fome.

-Vamos. Também estou ficando com fome. – comentou rindo.

Quando chegamos em casa tive uma grande surpresa. Além de Billy e Charlie, também estavam lá Rachel, Paul com o pequeno Joshua e SETH.

Assim que me viu, Joshua estendeu os bracinhos em minha direção. Fui até ele o pegando no colo. Olhei para , que estava parada na soleira da porta, um pouco tímida. Fui até ela.

-, quero que conheça meu sobrinho Josh.

-Olá rapazinho. – ela disse passando a mão no cabelo dele, que sorriu e escondeu o rosto no meu pescoço. Rimos e então continuei com as apresentações.

-Esse é meu cunhado Paul – os dois se cumprimentaram com um aperto de mão, sorrindo - e essa é minha irmã Rachel.

-Muito prazer. – disse Rachel abraçando-a, o que com certeza a surpreendeu.

-O prazer é meu – disse retribuindo o abraço.

-Bom. Esse intrometido aqui é o Seth.

-Ah sim. Você estava na oficina não é?

-Estava. – ele sorriu e apertou a mão dela, sem ligar para o que eu tinha dito.

-E meu pai e Charlie você já conheceu.

-É bom revê-los – disse educada.

-Viu. Eu disse que Jake a traria de volta. – meu pai comentou.

-Pois é. Nunca mais vou duvidar do senhor. – ela riu.

-Por favor, , me chame de você. Esse negócio de senhor faz com que eu me sinta um velho.

-E você é o que? – brinquei com ele.

-Se sou tão velho assim, não acha que está na hora de me dar netos? – ele olhou significativamente para .

-Eu acho que vou terminar o jantar – começou Rachel – você me ajuda . – então olhou para meu pai, o repreendendo com o olhar. Mas este levantou os ombros sem sinal de culpa.

-Claro que ajudo. – respondeu , a seguindo.

Ficamos na sala, apenas os homens conversando banalidades. Eu brincava com Josh, tentando escutar a conversa das duas na cozinha, mas elas quase nunca falavam nada.

-Sabe, – escutei minha irmã dizendo – o Jake gosta realmente de você. – meu coração quase parou.

“Mas que família mais linguaruda” eu pensei.

-Isso é impossível – argumentou – nos conhecemos ontem.

-Não. Não é impossível e você sabe, porque você sente o mesmo. Mas não vou pedir que entenda nada. No momento certo, tudo vai fazer sentido.

nada disse então Rachel nos chamou para jantar.

Nos sentamos à mesa e conversamos quase o tempo todo, enquanto ela apenas ria das piadas de Seth e minhas brigas com Paul.

-Não liga não, isso costuma sem bem pior. Eles só estão se comportando por que você está aqui. – disse Rachel a ela que somente riu.

Billy, às vezes soltava comentários constrangedores a meu respeito, e isso parecia diverti-la.

-Bom – começou Charlie, chamando a atenção de todos – já está na minha hora. Você quer carona de volta ?

Antes que ela se manifestasse eu respondi.

-Pode deixar que eu a levo Charlie.

-Por favor, Jake – ela disse – eu já tomei muito do seu tempo, não quero incomodar.

-Não é incomodo nenhum. Eu faço questão.

-Então tudo bem. – concordou.

Billy acompanhou Charlie até a porta, enquanto Rachel segurava um sonolento Joshua.

-Nós também estamos indo – disse Paul – está na hora de alguém ir pra cama. – mexeu nos cabelos do filho, fazendo carinho.

Todos se despediram de , a fazendo prometer que voltaria inclusive Seth que lhe deu um beijo no rosto. Ele ia se ver comigo, Ah! Se ia.

Ela se despediu de meu pai, então entramos no carro.

-Todos são muito legais – comentou ela – eu não me divertia assim há muito tempo. Aliás, eu nem lembro quando foi a última vez que ri tanto.

-Embora sejam malucos de vez em quando, são muito importante para mim, todos eles.

-Você é muito sortudo de tê-los.

-Eu sei.

Não dissemos mais nada durante o percurso até Forks. Era um silêncio agradável.

Então chegamos ao hotel e ela de despediu de mim.

-Eu adorei o jantar Jake. Não só a comida, mas também a companhia. Foi fascinante.

Ouvi-la falar daquele jeito da minha família era realmente maravilhoso. Quando eu ia responder, ela me deu um beijo no rosto e saiu do carro, me deixando sem reação. Sentir o toque macio dos lábios dela foi indescritível. Mas eu precisava de mais. Desci do carro e a chamei.

- espera. – fui correndo até ela.

Quando cheguei perto não consegui me segurar. Olhei profundamente em seus olhos, segurei sua cintura e a trouxe de encontro ao meu corpo. Ela fechou os olhos, totalmente entregue.

Fechei meu olhos também. Então meus lábios encontraram os delas. Nesse momento minha vida ganhou mais sentido.

Começamos um beijo calmo, mas que logo foi ganhando intensidade. Pude sentir seu gosto. O melhor de todos, melhor que qualquer fruto, qualquer doce, um gosto único. Partimos o beijo a procura de ar, mas mantivemos nossas testas coladas, nos olhando profundamente.

-O que está acontecendo Jake? Eu nunca me senti assim.

-Eu tenho tanta coisa pra te contar. Eu só não sei se é o momento certo.

Escutamos uma buzina e quando olhamos, vi que era Embry em seu Impala e pela cara com que ele estava eu já fazia certa idéia do que era.

- fica com meu carro que eu vou voltar com Embry. Você sabe dirigir não é?

-Sim, mas o que está acontecendo Jake?

-Eu disse que tenho muita coisa pra falar, mas agora não dá. Aparece na reserva amanhã na hora do almoço e a gente conversa. Tudo bem?

-Tá.

Dei um último beijo nela e caminhei em direção ao Impala.

-O que aconteceu?

-Jared e Brady cruzaram com vampiros perto do antigo território dos Cullen. Já chamamos os outros, só estava faltando você. E então preparado para o primeiro trabalho como Alfa.

-Sempre.




Capítulo 06: Sem segredos
Jake’ s POV

Então, o que temos?” – perguntei assim que me transformei, correndo em direção aos outros.

São dois homens. Consegui vê-los.” – informou Brady, passando a imagem em nossas mentes.

Estavam bem vestidos com grandes mantos escuros e quando olharam para Brady com cara de surpresa pude ver seus olhos de um vermelho intenso.

Você não deveria ter chegado tão perto Brady” – repreendi – “Eles podiam ter atacado”.

Sei que fui imprudente. Não vai mais se repetir”.

Mas é estranho. Em vez de atacarem, eles fugiram” – comentou Embry.

Talvez tenham ficado com medo. Um logo do nosso tamanho não é qualquer coisa” – Paul sempre queria tirar vantagem.

Eles podem voltar, então é melhor ficarmos mais atentos.” – dei as coordenadas e os horários de cada dupla. – “Eu vou ficar pra continuar a ronda com Seth, Nós precisamos conversar” – disse me lembrando do beijo que ele havia dado em .

Uhu, tá ferrado” – brincou Quil, tirando sarro de Seth.

Um por um, foram voltando à forma normal. Quando restava apenas Seth e eu, ele logo começou a se explicar.

Jake, foi mal pelo beijo, mas você sabe que não tem nada a ver. A é seu imprinting. Não é como se ela fosse sentir alguma coisa. Foi só um beijo de irmão.”

Então me faça um favor? Guarde seus beijos de ‘irmão’ para a Leah” .

Ok. Desculpa mesmo”.

Vamos mudar de assunto” – eu não conseguia ficar muito tempo com raiva dele.

Continuamos com a ronda, mas sem sinal de qualquer vampiro. Depois de algumas horas Paul e Collin apareceram para nos substituir.

Seth e eu fomos embora juntos. Quando já estávamos perto de casa voltamos à forma humana. Percebi que ele estava um pouco cabisbaixo.

-Ei cara – chamei sua atenção – não queria brigar com você, mas demorei tanto para encontrar a , que nem acredito que finalmente vou ter uma família só minha.

-Tá tudo bem. Não se preocupa.

-Então por que essa cara?

-Bom, é que... Deixa pra lá – disse dando um sorriso sem graça.

-Você sabe que pode falar qualquer coisa – tentei encorajá-lo.

-É que estive pensando que agora que você subiu de posto, se já decidiu quem vai ser o segundo no comando?

-Ah! É isso. Bom eu andei pensando e acho que deveria ser o Embry.

-Paul e Jared não vão gostar nada de saber disso – disse zombeteiro.

-Eu sei, mas quem manda agora sou eu – nos olhamos e caímos na gargalhada.

-Quem sabe eu possa ser o gama (3º no comando)? – perguntou entusiasmado.

-Você acha que dá conta?

-Isso é um sim? – seus olhos brilharam, e eu só assenti – Obrigado Jake. Não vou te decepcionar.

-Não é só comigo que você tem que se preocupar. É com uma tribo inteira. E bom, é você quem vai comunicar Quil.

-Ok. Não vai ter problema. Quil anda muito ocupado no cargo de irmão mais velho.

Ele tinha razão. Claire estava crescendo e atraindo olhares e a possibilidade dela escolher outro, mesmo que isso fosse absurdo, o apavorava.

Nos despedimos e eu fui para casa descansar. Mais tarde teria uma longa conversa com .



’ s POV

O que havia com esta cidade? O que havia comigo? E o principal, o que havia com Jacob.

Jake é completamente diferente das pessoas que já conheci. Mesmo com seus dois metros de altura e músculos proeminentes, ele tinha o olhar inocente.

Quando ele me olhava, eu via seu olhar transbordar admiração. Mas eu tinha medo.
Nunca me deixei envolver, criar laços e não sabia como agir. Aprendi da pior forma que as pessoas não são confiáveis, que nos machucam e não dão a mínima para nossos sentimentos.

Mas quando Jake sorria ou me olhava eu me sentia segura, protegida e me perguntava se já não estava na hora de deixar esse medo de lado e finalmente ser feliz. Afinal eu tinha uma única certeza: Jake era confiável.
Acordei tarde mais uma vez. O tempo estava nublado. Ainda não tinha me acostumado com a ausência do sol.

Levantei-me e me arrumei, fui almoçar na mesma lanchonete. Não prestei muita atenção na comida, estava nervosa sobre a conversa que teria com Jacob. O jeito como ele falou, parecia que se tratava de um grande segredo.

Fui com seu Jipe até a reserva. Não demorei a chegar, pois o caminho já era conhecido, embora só houvesse estado lá uma única vez.

Quando me aproximei da casinha vermelha tão acolhedora senti um frio na barriga, era sempre assim quando pensava em Jake. Saí do carro e fui recebida por ele, apenas de bermuda. Era a verdadeira visão do paraíso. Como podia existir alguém tão perfeito? Aquele sorriso me tirava o fôlego e não tinha como não sorrir junto. Nesse momento percebi que ele já era essencial na minha vida.

-Oi – disse ele, me puxando em seguida para um beijo ardente.

A atitude me pegou totalmente de surpresa, mas teria de me acostumar, afinal Jacob era intenso.
Escutamos um pigarro e olhamos para a porta da casa. Billy estava lá, nos olhando malicioso.

-Jake, meu filho, deixe-a respirar um pouco – Jake apenas rolou os olhos – Olá . Como vai?

-Muito bem. E você?

-Vou bem. Jacob, você já falou para ela do aniversário do Joshua?

-Ainda não. O senhor não me deu tempo – respondeu entediado.

-Se você parasse de atacá-la teria mais tempo para conversar, não acha?

-Não tem mais nada para fazer não, pai?

-Tenho sim. Estou esperando Paul, que ficou de me buscar para ajudar nos preparativos da festa. Ah! Lá vem ele.

Nos viramos e vimos um carro se aproximando. Era o cunhado de Jake, Paul.

-Olá para todos. Como vai? – perguntou estendendo a mão para mim.

-Estou bem e você? – disse retribuindo o cumprimento.

-Bem, obrigado. Não sei se Jake já te falou, mas hoje é aniversário do meu filho e faremos uma festa para ele. Você está convidada e gostaríamos que fosse.

-Claro. Vou sim – estava realmente agradecida e surpresa com a receptividade de todos.

-Vamos Billy? Josh não para de perguntar por você – disse Paul.

-Tudo bem. Até mais tarde .

-Até.

Depois que Paul e Billy saíram, olhei para Jake que me encarava com um sorriso nos rosto.

-O que foi? – perguntei.

-Você vai mesmo à festa?

-Acho que sim. Só gostaria de ter sido avisada antes para ter comprado alguma coisa.

-Não precisa. É só uma reunião para a família e alguns amigos.

-Eu faço questão. Há alguma lojinha por aqui?

-Tem a lojinha da mãe do Quil. Deve ter alguma coisa lá, mas eu ainda acho que não precisa.

-E eu acho que precisa sim – respondi decidida.

-Ok. Como você é teimosa – brincou.

-Eu sou teimosa e você é muito misterioso. Você não tinha uma coisa para me contar? – nesse instante ele fez uma careta. Acho que o que ele ia me contar não era bom.

-Vamos até a loja, depois a gente conversa – ele estava claramente fugindo do assunto, mas eu ia deixar. Pelo menos por enquanto.

xXx


Depois de passarmos na lojinha e escolhermos o presente – um carrinho de madeira -, Jake me levou me levou para a casa de Rachel. Acabei ajudando na arrumação, mesmo ela dizendo que não precisava. Ficamos a tarde toda conversando.

Era inexplicável a forma como me sentia em La Push. Como se tivesse crescido aqui, embora eu ainda fosse praticamente uma desconhecida.

Mais tarde pedi à Jake que me levasse até o hotel para que eu pudesse me arrumar para a festa.
Ele disse que voltaria depois para me buscar.

Depois do banho, fui procurar uma roupa bonita em minha mochila. É claro que não tinha nada. Se eu pretendia ficar, precisava ir às comprar urgente.

Como sempre vesti um jeans, uma blusa preta e uma jaqueta e meu inseparável All Star, mas desta vez, preto. Fiz uma maquiagem básica.

Quando estava pronta, escutei uma batida na porta do quarto. Era Marjorie avisando que Jake estava me esperando.

Desci e o encontrei encostado em seu Jipe. Tão lindo que me fazia suspirar sem querer.

-Acho melhor eu não ir Jake. Não estou me sentindo bem – disse desanimada.

-O que foi? O que você tem? – ele perguntou preocupado.

-Olha só pra você. – respondi – Está tão lindo. Se todos estiverem assim, vou me sentir a pessoa mais mal vestida do mundo.

Ele levantou uma sobrancelha e me olhou como quem pergunta “é sério?”

-Você fala isso como se existisse alguém tão perfeita quanto você. Eu ainda estou tentando achar algum defeito. – disse me olhando da cabeça aos pés, com um olhar malicioso, me fazendo corar até o último fio de cabelo. – E então, vamos?

-Cla-claro. – queria fazer um elogio, mas quem ficou vermelha no final das contas fui eu.

Entramos no carro e ficamos em silêncio por um momento.

-Te deixei constrangida. – não era uma pergunta – Desculpa, mas você é realmente linda. Todos acham isso.

-Todos?

-Sim. Todos na reserva que te conheceram te acharam linda.

-Então obrigada. É que não estou acostumada com elogios. Ainda mais quando estou assim tão simples. Sabe, estou precisando comprar roupas, eu não tenho muitas e como pretendo ficar, vou precisar. Você conhece alguma loja? – desatei a falar para mudar de assunto e ele não me deixar mais constrangida.

-Em Port. Angeles tem algumas. Posso te acompanhar se quiser.

-E você vai aguentar ficar o dia todo de loja em loja com uma mulher? Já vou avisando que eu adoro fazer compras.

-Faço qualquer coisa pra ficar do seu lado, inclusive carregar sacolas.

Pronto, lá vinha ele me deixar com vergonha de novo.

-Não é estranho isso? Parece que nos conhecemos a vida toda, quando na verdade só faz três dias.

-Eu queria ter te conhecido antes . Teria poupado muito sofrimento.

Então chegamos a La Push. Depois de algumas ruas paramos em frente à casa de Rachel e Paul.
Encontramos com os outros nos fundos da casa, onde havia sido montada uma tenda. Sob ela pude ver mesas e cadeiras enfeitadas com toalhas azuis e no canto uma mesa maior com um bolo e muita comida. Tinha muita gente na festa, mas mesmo assim a quantidade era enorme.
Estávamos entrando quando Rachel se aproximou.

-, que bom que chegou. – e saiu me arrastando – Venha vou lhe apresentar aos outros.

-Por que não deixa que eu mesmo faça isso? – perguntou Jake, entrelaçando seus dedos aos meus.

-Claro. Enquanto isso, eu vou ver o Josh – respondeu Rachel, olhando nossas mãos e sorrindo de lado.
Ele nos levou até uma mesa onde só reconheci Seth.

-Bom. – começou Jake – Esses são Sam e Emily, Embry e Marissa, Jared e Kim e aquele ali você já conhece – apontou para Seth.

-É muito bom finalmente conhecê-la – disse Sam.

-Igualmente – cumprimentei cada um com um aperto de mão.

-Por que não vem conosco? – perguntou Emily – Vamos deixar os homens conversando.

-Tudo bem – concordei.

Kim, Marissa, Emily e eu fomos ao encontro de Rachel que estava arrumando Josh e outras crianças para as fotos.

-Aqueles dois são meus – disse Emily – Emma tem cinco anos e Dean tem três.

-Eles são lindos.

-Eu sou suspeita pra falar, já que sou a mãe.

-Você pensa em ter mais? – questionei.

-Estou esperando o meu terceiro.

-Sério? Que maravilha. – ela tinha uma família linda – E o seu é pra quando? – perguntei a Kim, sua barriga já era bem visível.

-Pra daqui a três meses. Não vejo a hora – ela sorriu.

Nesse momento uma mulher chegou. Era alta e tinha um corpo escultural.

-Olá. Eu sou Leah – apresentou-se.

-Muito prazer. .

-Eu sei. Você é o assunto da reserva – sorriu para mim.

-Acho que sim. Não é todo dia que aparece uma estranha vagando sozinha na estrada.

-Não é só por isso – então olhou por cima do meu ombro. Acompanhei seu olhar e vi Jacob me encarando.
-Ah sim. Ele falou de mim pra todo mundo não é mesmo?

-Ele não fala de mais nada que não seja você.

Fiquei mais um tempo conversando com todas. Descobri que o casamento de Marissa e Embry seria no próximo mês. Ela disse que me mandaria um convite.

Voltamos para a mesa, depois de pegarmos um prato com comida. Lá também conheci Damon, marido de Leah.

Depois de cantar o parabéns e cortar o bolo, Jake me chamou para darmos uma volta. O ar estava frio, mas de algum modo a presença de Jacob me aquecia. O calor que emanava do corpo dele era confortável, e me fazia bem. Eu adorava isso nele, adorava tudo nele.

-Se arrependeu de ter vindo? – perguntou- me, com um sorriso no rosto.

-Não, nem um pouco. Adorei na verdade, todos são ótimos.

-Você parece ter se dado bem com as garotas.

-Sim, até combinei de ir fazer compras com Kim, ainda falta algumas coisas pro bebê e ela planeja ir a Port. Angeles no sábado.

-Que bom.

Ficamos um tempo em silêncio, perdidos em nossos próprios pensamentos, ou assim eu achava, porque quando eu olhei para Jake, ele me encarava.

-Você não tinha uma coisa pra me contar? – comecei o assunto.

-Estou pensando em um jeito de contar sem que você me ache louco.

-É muito sério?

-Depende do ponto de vista.

-Então conta.

Ele então suspirou e quando abriu a boca pra falar, um movimento entre as árvores nos chamou a atenção. Não dava pra ver direito, mas pelas sombras pareciam dois homens.
Ao meu lado Jake começou a tremer compulsivamente.

-Está tudo bem? – perguntei.

-Se afasta – ele apenas sussurrou.

-Sente o cheiro? – um dos homens, o mais alto, perguntou ao outro – Ele também é um transmorfo.

-O que vocês querem aqui? – Jake questionou furioso.

-Queremos você e sua matilha. – respondeu o mais baixo – Depois é claro de matar a garota.

Então tudo aconteceu muito rápido. Em um momento era Jake rosnando ao meu lado e no segundo seguinte, era um rosnado mais selvagem. O rosnado de um lobo, que logo depois se transformou em um uivo ensurdecedor.


Cap. 07 Não são só lendas
Jake’s POV
Não era pra ser assim. Tinha que ser com calma, cuidado, mas agora já estava feito. me olhava, mas não esboçava nenhuma reação. Com certeza estava em choque.

Caramba Jake, você quer matá-la do coração?” – perguntou Seth, que escutou meu uivo e já se juntava a mim, assim como os outros.

Não tinha outro jeito. Não dava tempo pra contar e eu precisava chamar vocês” – me expliquei.

Foi melhor assim, se você tivesse apenas contado, ela te chamaria de louco” – comentou Paul.

Vamos dar um jeito nesses sanguessugas, depois me explico com ela. Se espalhem pela floresta para cerca-los. Seth, por favor, leve até minha casa e fique com ela

E vou perder toda a diversão?”

Vai agora” – ordenei. Ele não disse nada, mas antes de voltar a forma humana, consegui captar alguns xingamentos em sua mente.

Vi quando ele chegou, juntamente com Quil e Embry – estes como lobos – e ir em direção a ela. Não quis continuar ali e avancei floresta adentro com os outros, atrás daqueles malditos vampiros que saíram correndo.
Quando eu pega-los, juro que vou acabar com cada um, eles vão implorar por misericórdia e eu não vou ter.
Calma Jake, se concentra”.

O que? Sam o que diabos está fazendo aqui?

Considere uma festa de despedida” – era só o que me faltava.

Festa? Está ficando louco?”.

Claro que não. Agora quais são as ordens chefe?” – perguntou, tirando sarro de mim.

“Paul, Embry e Jared vão para leste. SAM, Quil e Collin para oeste. E os outros venham comigo” – bufei irritado.

Nem Sam era tão ranzinza” – disse Brady.

Dê um desconto a ele. Imagine sua namorada descobrir que você é um animal gigante desse jeito” – comentou Quil.

Vocês vão ficar falando de mim como se eu não estivesse aqui? Mas que saco. Eu...”.

Peguei!” – gritou Jared. Ele havia conseguido pular em cima de um dos vampiros, mas o mesmo conseguiu se esquivar.

Vá com calma” – adverti.

Nesse momento, não sei de onde, surgiram mais quatro vampiros, todos em posição de ataque. Antes que eu pudesse pensar em qualquer estratégia, ou mesmo que eu pudesse raciocinar claramente, Paul pulou em um dos vampiros que estava a alguns metros a frente dos outros.

Não, Paul” – o chamei na intenção de para-lo, o que não adiantou.

Extremamente habilidoso, o vampiro bloqueou o ataque dando um giro feito um borrão e aparecendo logo em seguida com os dedos cravados em seu dorso e com um único golpe quebrando sua clavícula e costelas do lado direito.

Paul caiu no chão urrando de dor e quando fomos avançar, estávamos paralisados. Apesar de nossos esforços nenhum músculo se movia. Não sabíamos o que estava acontecendo, enquanto Paul ainda se contorcia. Percebi o quanto um deles estava concentrado em nós.

- Bom trabalho Frederico. Agora deixe comigo.

A única vampira do grupo aproximou-se de nosso amigo, agachou ao seu lado e soprou levemente uma fumaça escura e densa em seu focinho. Quando ele a aspirou, imediatamente começou a sufocar.

- Chega Patrícia. – Disse o vampiro que atacou Paul. – Felix pegue um deles para levarmos até Caius.
Então um grandalhão se aproximou de Embry que estava mais perto e o colocou sobre o ombro.

- Vai ser difícil aguentar o fedor. Alex mantenha este cego para não termos problemas durante o caminho.

- Vão em frente enquanto eu mantenho o resto deles paralisados. Depois eu alcanço vocês.

- Tome cuidado, Frederico. – disse a vampira.

- Não se preocupe, meu amor. – ele respondeu e continuou concentrado.

Os outros vampiros se foram levando nosso amigo, enquanto nós continuávamos lá parados e com Paul machucado e sem conseguir respirar direito.

Mas que droga! O que está acontecendo? Por que não conseguimos nos mover?” – perguntou Quil.

Deve ser o poder desse vampiro” – disse Sam com raiva.

Então o vampiro começou a se afastar, ainda concentrado em nós. Quando estava a uma boa distancia, se virou e correu. Aos poucos fomos recuperando nossos movimentos.

Collin e Brady levem Paul pra casa e vejam se conseguem faze-lo voltar à forma humana. Os outros venham comigo. Vamos ver se conseguimos alcançar aqueles malditos e trazer Embry de volta” - ordenei e no mesmo momento começamos a correr.

Já era tarde. A única coisa que sobrou foi aquele odor irritante e nojento. Não tinha mais sinal de nada, era como se eles nunca tivessem estado ali.

“O que é que a gente faz agora?” – perguntou Brady.

Eu e Sam vamos voltar pra ver como está Paul. Vocês continuam procurando por alguma pista e se não encontrarem nada até o amanhecer, voltem. Vamos precisar de uma reunião com o conselho.”

Enquanto os garotos continuavam as buscas, Sam e eu fomos pra casa. Minha cabeça doía e a raiva me dominava. A vida não podia ser simples, sem complicações? O que diabos havia comigo? Por que tudo tinha que dar errado pra mim?

“Jake, por favor, não adianta se culpar agora. Nós vamos trazer Embry de volta” – disse Sam tentado me dar força.

Como posso não me culpar? É a minha primeira ronda como Alfa e olha como me saí. Tudo deu errado. Provavelmente assustei a , Paul está machucado e Embry sumiu. Tenho certeza que se você ainda fosse o líder nada disso teria acontecido”.

Você acha que eu teria feito melhor? Como? Eles surgiram do nada, cheios de poderes. Você não tem culpa Jake, aceite isso. Vamos tentar resolver tudo está bem?”

“Você está certo. Desculpe por estar pirando, mas eu realmente não esperava por isso. Agora tenho que me explicar com a . Só espero que ela não saia correndo” – Sam e eu rimos.

Relaxa, ela me parece bem durona”.

Nos transformamos de volta quando já estávamos próximos da minha casa. Pra minha surpresa Paul estava sentado em uma cadeira na varanda, aparentemente sem maiores danos. Ele nos esperava.

-Então, como você está? – perguntei, parando em sua frente.

-Um pouco tonto e enjoado, os ossos já voltaram pro lugar. Por sorte consegui voltar rápido, antes que ficasse todo torto, mas podia ser pior. Na hora achei que ia morrer. Meu corpo todo queimava, foi horrível – ele ainda parecia meio abatido. – Alguma notícia de Embry?

-Não. Os outros ainda estão procurando alguma coisa, mas acho difícil encontrar. A floresta estava calma, parecia que nada tinha acontecido – respondeu Sam.

-Acho melhor você entrar Jake, Marissa está inconsolável, afinal o casamento está próximo e o noivo sumiu. Tem alguma ideia do que fazer?

-Ainda não. Primeiro vou convocar uma reunião com o conselho, não posso tomar nenhuma decisão precipitada. – eu estava preocupado com meu amigo sim, mas tinha outra pessoa que me preocupava bastante – Paul, como está a ?

-Seu pai estava conversando com ela, mas não me pergunte sobre o que. Eu estava sem condições de prestar atenção. Ela parecia meio confusa pra falar a verdade.

-Tudo bem, eu vou entrar lá e... Não sei, vamos ver no que dá.

-Eu fico responsável pela reunião. Não se preocupe – me encorajou Sam.

-Obrigado. Espere os outros voltarem para termos uma noção de tudo.

-Está bem. Melhoras Paul, e qualquer coisa me chamem – se despediu com um aceno de cabeça.
Respirei fundo. Era a hora. Sem pensar mais entrei em casa.

Ela estava em um canto do sofá com o olhar meio perdido, mas que se voltou pra mim quando entrei. não me pareceu assustada ou qualquer outra coisa, na verdade ela não esboçou reação nenhuma. Eu realmente estava com medo. Ela não poderia ir embora, não agora que eu finalmente tinha a encontrado.

No outro canto do sofá estava Marissa com os olhos muito vermelhos, Rachel segurava a mão dela. Antes de tudo quis ir conforta-la.

-Não chora mais. Nós vamos encontra-lo.

-Por favor, Jake, o traga de volta. Eu não posso perdê-lo também – disse entre soluços.

-Eu prometo. Nós vamos trazer Embry de volta em segurança – a abracei.

-Eu vou leva-la pra casa pra descansar. Você precisa de mais alguma coisa? – perguntou Rachel, olhando de mim para .

-Não. Está tudo bem. Leve Paul e se precisar não hesite em me chamar.

-Claro que chamo – ela então se despediu.

E lá estava eu sem saber o que dizer. ainda me encarava. Achei melhor começar pelo mais simples.

-Onde está meu pai?

-Ele e Seth saíram. Acho que foram até a casa de Sue. – respondeu com a voz meio fraca.

-E você, como está? De verdade. – ela me olhou por mais um tempo, então suspirou e reagiu de uma forma que eu não esperava. Me abraçou com força, muita força. Não que eu sentisse de verdade, mas dava pra notar – Eu não esperava por isso, achava que sairia correndo ou algo do gênero – sorri.

-Eu tentei e provavelmente é o certo a fazer, mas eu não consigo. Só de imaginar ficar longe de você dói demais. Eu não suportaria. E o porquê eu não sei.

-O que você está sabendo? Meu pai te contou algo? – agora era a hora da verdade.

-Ele me contou toda a lenda Quileute, sobre os espíritos, os lobos e – ela fez uma pausa e me olhou – os frios, mas disse que tem uma coisa que só você pode me contar. Que vai fazer com que eu entenda isso que eu estou sentindo.

-Que ótimo, ele deixou a parte mais difícil pra mim – meu pai realmente não me ajuda.

-E tem parte mais difícil que você ser um lobo?

-É bom escutar você dizer isso, assim tão fácil. Faz com que eu me sinta um pouco mais normal – ela abriu um sorriso perfeito e escondeu seu rosto em meu peito de novo. Abaixei a cabeça e fiquei sentindo o cheiro dela. Tão doce. Tão . Tão meu.


’ s POV

Estávamos sentados no sofá frente a frente. Jake havia me contado sobre o imprinting, e eu ainda tentava assimilar as informações. Destinados um ao outro mesmo antes de nos conhecermos? Parecia loucura, tudo aquilo não era normal. Mas fazia muito sentido.

O fato de que eu não conseguia mais me afastar dele, de precisar vê-lo, tocá-lo, sentir seu cheiro agora tinha uma explicação, mas eu tinha que perguntar:

-Então esse é o único motivo pra você querer estar comigo?

-Vou tentar te dar um exemplo simples. Se você ainda não tivesse aparecido e eu tivesse a oportunidade de conhecer todas as pessoas do mundo profundamente, saber seus gostos, defeitos e qualidades, ainda assim esperaria por você. Eu saberia lá no fundo que algo estaria faltando, uma metade de mim perdida. Eu passaria minha vida toda te procurando mesmo sem saber que você existia. Imprinting é só um nome dado pra esse sentimento que nós lobos temos, mas continua sendo o simples e velho amor. O coração disparando, mãos suando, a necessidade de cuidar da outra pessoa, faze-la sorrir por que só assim você consegue ser feliz.

A cada palavra dele eu estremecia. Ele estava descrevendo tudo que eu estava sentindo. E isso era por que ele sentia também.

-Não tem nem uma semana que estou em Forks e pode ser cedo pra dizer isso, mas eu te amo Jacob.

-Eu também te amo minha pequena – então ali estava aquele sorriso que iluminava minha vida, que me aquecia por dentro e me fazia sorrir feito boba, por que não existia nada mais perfeito do que ele. Meu destino. Meu mundo. Meu Jake.

Ele então se aproximou lentamente, nossos narizes se tocaram. Senti sua boca na minha, me arrepiando, e desejando por mais agarrei os cabelos de sua nuca puxando-o para mim. Nossas línguas se encontraram e eu perdi a noção de tudo ao meu redor. Naquele momento só existia nós dois, nosso beijo, nossas carícias.
Finalmente eu tinha encontrado meu lugar no mundo e era nos braços de Jacob Black.



Cap. 08 Antigos vizinhos
Jake’s POV

Estava sentado no sofá de minha casa. , deitada com a cabeça no meu colo, dormia profundamente e eu acariciava seus cabelos. Tentando colocar as ideias em ordem suspirei, ela se mexeu, mas não acordou. Tinha aceitado tudo tão naturalmente que se não fosse o fato de Embry estar desaparecido, eu diria que minha vida finalmente estava perfeita.
Então como que para comprovar que nada vem de graça, aparecem aqueles demônios vindos não sei de onde e fodem com tudo. Outro suspiro de raiva e, ela acordou. No primeiro momento pareceu perdida, mas quando olhou pra mim seu sorriso apareceu e então se lembrou de onde estava.
-Desculpa ter dormido – disse se levantando.
-Tudo bem. Você estava cansada – respondi admirando-a. O cabelo bagunçado só a deixava mais linda.
-Acho melhor eu voltar para o hotel. Que horas são?
-Quase seis da manhã. Você não precisa ir, pode continuar dormindo no meu quarto – a imagem dela na minha cama preencheu minha mente. Não queria pensar nisso agora com tantos problemas acontecendo, mas foi inevitável. Fiquei me perguntando quando finalmente a teria pra mim, quando beijaria cada centímetro do seu corpo, quando...
-Jake, está ouvindo? – saí do meu transe com me olhando confusa.
-Desculpe, eu só estava pensando em umas coisas e... O que você estava falando?
-Eu perguntei se alguém já tem alguma notícia de Embry.
-Ah! – precisava me concentrar no meu amigo e não nela perto de mim, me intoxicando com seu perfume, me olhando profundamente, no jeito que ela segurava o lábio inferior com os dentes, nos primeiros botões de sua camisa abertos, mostrando a renda preta do sutiã. Ela percebeu meu olhar e, corando, se levantou arrumando a camisa. – Ainda não. Está quase na hora dos garotos voltarem da ronda e depois iremos à reunião com o conselho.
-Ok. Eu vou para o hotel tentar organizar umas coisas. Se você precisar de algo ou tiver alguma notícia, por favor, não exite em me procurar. Não que eu vá ajudar, mas quero estar informada caso Marissa precise de ajuda.
-Quando você diz organizar, ao que exatamente se refere?
-Eu quero comprar uma casa em Forks, já que decidi ficar. Então preciso procurar.
-Claro. Você devia procurar o Charlie, ele conhece praticamente todas as pessoas da cidade, deve saber de alguma coisa. E pode ficar com o jipe, você vai precisar dele pra ir e voltar.
-Eu ia memso te pedir, só não queria parecer abusada – percebi que ele corou, como se ela não soubesse que podia me pedir qualquer coisa.
-Tudo bem. Eu corro mais rápido em quatro patas – tentei fazer gracinha pra aliviar um pouco a preocupação e funcionou, ela abriu seu sorriso perfeito que só a deixava mais linda.
-Quando eu vou ter a oportunidade de te ver de novo como lobo? Ontem não pude observar direito. Estava escuro e eu estava um pouco em choque. – o jeito que ela falava tão naturalmente, me fazia ter menos raiva por ser uma aberração. Era bom me sentir normal.
-Não sei. Qualquer dia eu te mostro, com mais calma.
Nesse momento escutamos um carro e eu soube pela minha audição aguçada que era Paul, e com ele Sam. Fui em direção à porta e a abri sem esperar que eles batessem. veio logo atrás de mim.
-Os garotos já voltaram, mas sem nenhuma novidade – Sam disse sem esperar qualquer pergunta de minha parte. – Todos já estão lá em casa para a reunião, inclusive seu pai e Sue. Só viemos te buscar.
-Eu já estou pronto, só vou me despedir de – olhei pra ela que estava com o olhar atento em nós. A levei até o jipe abrindo a porta para ela.
-Eu volto mais tarde e espero que tenham notícias.
-Eu também espero – dei um beijo nela e fechei a porta do carro. Ela acenou para Sam e Paul e foi embora.
-Vamos então, já perdemos muito tempo – disse Paul. Entramos em seu carro e fomos para a reunião.

xXx

Estávamos a umas duas horas discutindo e não conseguiamos chegar à conclusão nenhuma. Eu já estava perdendo a cabeça.
-Jake, o que foi exatamente que o vampiro disse? – questionou meu pai.
-Já falei. Ele disse que queria a mim e a matilha. Só isso.
-Pelo jeito eles já sabiam da nossa existencia – disse Quil.
-Eu não sei mais o que pensar, minha cabeça está doendo e eu ainda não consigo entender nada – falei para mim mesmo, mas sabendo que eles ouviriam.
-Você não está pensando direito Jake – Seth se manifestou.
-O que você quer dizer com isso, posso saber? – o olhei com incredulidade.
-Estou dizendo que precisamos de ajuda. E quem conhece melhor vampiros do que os próprios vampiros?
-Você quer, por favor, se explicar. Eu não estou conseguindo acompanhar seu raciocínio.
-Nós conhecemos um clã de vampiros que podem ter respostas – ele olhou para mim como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
-É uma piada né? Você só pode estar de brincadeira comigo. Quer realmente que peçamos ajuda aos Cullen? E mesmo que isso fosse uma alternativa viável, não temos qualquer tipo de contato com eles e nem sabemos como encontrá-los.
-Não estou sugerindo que você vá até eles e peça ajuda, mas apenas que ligue e pergunte se eles conhecem esses vampiros. Eles devem ter alguma resposta. Fale com o Charlie, ele tem o número da Bella – eu continuava olhando pra ele procurando algum traço de brincadeira, mas não havia. E o pior de tudo era que, pelas expressões dos outros, eles pareciam concordar.
- VOCÊ SÓ PODE ESTAR MALUCO PRA ACHAR QUE EU VOU LIGAR PARA ALGUM SANGUESSUGA E PEDIR AJUDA – me exaltei.
-Calma Jake. Seth tem razão, os Cullen podem ajudar – até meu pai parecia estar maluco.
-Você tem que deixar esse orgulho besta pra trás e pensar só no Embry – Seth continuou – não fazemos nem ideia de onde ele pode estar e não sabemos por onde começar. Você tem alguma ideia melhor? Vai deixar uma obssessão do passado interferir no bem estar de um irmão?
Pensei um pouco tentando achar uma solução que não me obrigasse a passar por aquilo, mas nada vinha a minha mente. Então só tinha um jeito.
-Eu não acredito que vou dizer isso, mas você tem razão Seth, Embry é mais importante que qualquer briga antiga. Mas quem é que vai ligar?
-Você é claro. Você é o Alfa – Paul fez questão de frizar.
Esperei tanto tempo para aceitar o “cargo”, que agora me perguntava se havia feito o certo. Se não fosse ter aparecido em minha vida e ter dado algum sentido, acho que teria escolhido me tornar lobo e viver na floresta pra sempre, parecia ser mais simples. Mas eu faria qualquer coisa pra ver Embry voltar são e salvo pra casa. Qualquer coisa mesmo, até ligar para velhos conhecidos.


’s POV
Assim que entrei no meu quarto fui direto tomar um banho. Deixei a água quente molhar meu cabelo e meu corpo, fiquei um tempo pensando em tudo que tinha acontecido. Desde o momento em que Jake me deu carona até descobrir que ele era um lobo e tinha tido um “imprinting” por mim. Era tudo tão sulreal e ao mesmo tempo tão maravilhoso que às vezes parecia um sonho e se fosse eu não queria acordar nunca mais. Comecei a me ensaboar e a lembrar do olhar de Jake sobre mim, eu sabia o que exatamente se passava em sua cabeça e me faltava o ar só de pensar a respeito. Lavei o cabelo e escovei os dentes. Pensei em me arrumar e sair, mas estava tão cansada que apenas vesti uma camisola, me joguei na cama e dormi.
Acordei por volta do meio dia, assustada. Tinha tido um sonho horrível. Havia um lobo enorme que eu sabia que era Jacob. Minha mãe também estava lá ao lado de um vampiro que eu não sabia quem era, mas suas feições me eram familiar.
O vampiro segurava a mão de minha mãe e pedia para que eu fosse com eles. A cada passo que eu dava em direção a minha mãe, Jake choramingava, o que me fazia parar e olhar para os olhos do enorme lobo, ele estava sofrendo, eu podia ver. O vampiro vendo minha indecisão avançou em Jake, quebrando seu pescoço.
Uma dor profunda me invadiu e quando vi, estava chorando e isso só queria dizer uma coisa: nunca mais poderia viver sem Jacob Black. Ele era minha vida.
Me arrumei e saí, com sorte encontraria Charlie no restaurante e ele talvez me ajudasse a encontrar uma casa.
Como previ, lá estava ele, sentado em uma mesa com um enorme sanduíche. Fiquei em dívida se me aproximava agora ou esperava ele terminar seu almoço. Optei por comprimentá-lo.
-Olá Charlie. Tudo bem?
-Olá . Tudo ótimo e você? Gostaria de se sentar comigo hoje?
-Claro. Estava querendo mesmo conversar com você.
-Podemos conversar enquanto almoçamos.
Pedi meu almoço, que não demorou a chegar e resolvi começar o assunto.
-Charlie eu gostaria da sua ajuda pra encontrar uma casa. Quero ficar em Forks, mas não posso morar em um hotel.
-Sério? – ele sorriu – Jake tem alguma coisa a ver com isso?
-Tem tudo a ver – rimos – Extranho não é? Vim pra cá sem conhecer ninguém e agora não posso nem pensar em ir embora. Não conseguiria esquecê-lo jamais.
-Não acho extranho. Acho bonito. Jacob é como um filho pra mim e houve uma época que até o queria como genro, mas isso é passado. Fico feliz que tenham se encontrado – ele deu um longo suspiro – e quanto ao pedido, pode contar comigo.
-Obrigada Charlie. É bom poder contar com você – conversar com ele era tão natural e tão bom, eu sentia que podia confiar nele.
Peguei-me pensando em como seria minha relação com meu pai se ele estivesse vivo. Será que seriamos amigos? Pelo jeito como minha mãe falava dele, com certeza ele teria sido o melhor pai do mundo.
Terminamos o almoço e saímos, Charlie em seu carro e eu no jipe o seguindo. Ele sabia de uma casa que estava para vender na mesma rua em que morava, e disse que talvez eu gostasse.
No caminho fui prestando atenção nas casas e nas pessoas, era um ambiente tão agradável que me fez abrir um sorriso.
Depois de um tempo chegamos e para minha surpresa a casa era maravilhosa. Eu estava pronta para olhar várias outras, mas eu já conseguia me imaginar morando ali.

http://ideiasparaoprojetodasuacasa.files.wordpress.com/2011/10/tioga-fl-casa-com-mansarda.jpg

E não era só isso, me imaginava ali com Jake e não havia nada mais perfeito.

7 comentários:

  1. Adoooro essa fic!!!
    Ain, que bom que a PP aceitou bem toda a estória dos lobos, frios e a do imprinting.
    Agora só falta resolver o sequestro do Embry, Jake está com um senhor problema nas mãos, mas ainda bem que tem o apoio dos seus irmãos e da PP nesse momento.
    Como ele vai trazer o Embry de volta? Louquinha para descobrir.
    Adorandoooooo, bjssss!!!

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  2. AAAH que lindo *-*
    até que enfim o Jaketudodebom encontrou a PP. Mais sempre rola os problemas! /meu Deus coitadinho do Embry... Que dor de cabeça para o nosso Alpha. HAHAHA
    Ansiosa por maaaaaaais ! Parabéns pela História! beijos!

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  3. Jake il mio amore come stai? Esses saguessugas vivem lhe seguindo não é querido?!? Eu sou uma pessoa tão calma aceitei facilmente a questão lobo, mas quem não queria um lobão assim né?
    Continua please !! ;]

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  4. *_* mto emocionada com o cap pena que ja acabou :/ mas espero ansiosamente por mais e em breve se não vou ter um treco aqui :D fiquei meio confusa agora com o sonho q PP teve....e aquele negocio de matar a PP e a matilha ?? medo o_o tadinho do embry o q vai acontecer com ele??? q ele não morra pelo amor de god....
    bxu

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  5. Omg, por essa Jake não esperava, ter que rever os Cullens certamente não será nada fácil, mas Seth tem razão eles são os únicos que podem ajudar na busca de Embry e é nisso que o Jake deve se focar.
    E esse sonho da PP, heim?! Será que tem alguma coisa haver com o que está por vir? Louca para descobrir.
    Adorandoooooo, bjssss!!!!

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  6. Vish, os Cullen são um carma hahahaha
    mais como sempre eles vão ajudar de alguma forma... Tadinho do Embry, ele tem que aparecer logo :/
    To ansiosa demais! e essa casa que linda?
    até a proxiiimaaa, beijoos

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  7. Muito bom!! Ameiii. To ansiosa para a continuação.. Beijinhos '

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