26 de agosto de 2012

Destinados by Gesi

| |
Destinados by Gesi



Capítulo 1

- Minha filha, pelo amor. Não perca esse avião, minha filha! – Minha mãe já dizia isso pela... deixe-me ver... milésima vez?
- Tá, mãe! Não se preocupe! Já sou grandinha, tá? - Eu tentava lhe tranquilizar. Estávamos no aeroporto. Minha mãe e meu pai estavam comigo. Eu iria pra casa da minha tia passar uma semana; matar a saudades que eu tenho dos meus primos e daquela cidade que eu amo! Dona Renné estava preocupada desse jeito porque eu ia ter que passar por uma conexão. Ok. O que há de tão perigoso em uma conexão? Não é só troca de aeronaves? Então... Acho que ela duvida da minha capacidade de fazer isso. – Mãe, a senhora está duvidando da minha capacidade de seguir o movimento?
- Não, minha filha. É só que... Eu não sei... Nós nunca ficamos separadas antes e eu me preocupo de você fazer essa viagem sozinha... Mas está tudo bem! Vai dá tudo certo! Só se cuide e me ligue assim que chegar! Não, me ligue a cada parada, ok?
- ‘Tá bom, mãezinha... Daqui a uma semana nos vemos... Nem é tanto tempo assim... Mas com certeza vou sentir saudades também! Eu lhe amo muito!
- Deus te abençoe, minha filha! Deus te proteja! – Ela me abraçou forte e me beijou.
- Cuidado lá, minha filha! E se divirta! - Meu pai me abraçou, me beijou, me cheirou... Meu pai é um lindo!
- Eu lhe amo, pai! – Lhe disse, dando um beijo na testa, digo, careca dele. – Amo vocês! – disse isso entregando o ticket pra moça e entrando no corredor que leva pro avião.
Entrei no avião e fui logo recebida pelos sorrisos da equipe de bordo. Cumprimentei-os e foi procurar meu assento. Não tive muita dificuldade para localizar. Quando vi quem ia sentar ao meu lado tive um choque. Foi como se várias borboletinhas acordassem dentro do meu estômago. O homem estava lendo algo e vestia calça jeans e uma camisa social preta. Quando ele percebeu minha presença, levantou seu olhar para mim e puder ver que seus olhos eram verdes, e em seus lábios avermelhados. Pude ver que ele sorria para mim. Eu me senti sem ar por um momento. Ele era simplesmente perfeito.
- Você vai sentar aqui? – Fui despertada dos meus devaneios por sua voz que combinava perfeitamente com ele.
- Sim, vou! 22-B, meu assento! Sou ! – disse, estendendo minha mão a ele.
- . Prazer em lhe conhecer! Deixe-me lhe ajudar com sua bagagem de mão – ele disse, se levantando e pegando da minha mão minha frasqueira sansonite e guardando no porta-bagangens acima de nossos assentos.
- Muito obrigada! – Aproveitei que ele levantou e me sentei no meu lugar. Amo ficar na janela!
- Pronto! – ele disse, se sentado ao meu lado. – Você está indo pra onde? - O perfume que ele deixou pairando no ar me deixou ligeiramente tonta. Disfarcei. Acho que não adiantou muito. Ele riu.
- Estou indo passar uma semana na casa da minha tia em Port Angeles... E você? – Não ia perder a oportunidade de saber. Nesse momento os comissários de bordo já checavam nossas bagagens e sintos de segurança. E ainda tinha dois deles fazendo as orientações necessárias em caso de acidentes e essas coisas...
- Voltando pra casa, em Forks; acho que vamos passar pela conexão juntos então! Estava trabalhando aqui e fazendo uns cursos, mas saí da empresa, pois minha família sente minha falta! – Ele explicou.
É claro que um homem tão lindo como ele não estaria por aí solteiro. Alguém bem esperta já tinha com certeza, garantido ele para si. Minha amiga sempre fala que homem quando é bonito, ou é casado ou é gay! Acabo de sentir na pele essa emoção. Não pude deixar de sorrir ao lembrar-me da minha amiga e suas filosofias de 18 anos super bem vividos.
- Ha! Eu imagino que seus filhos devem está realmente sofrendo com sua ausência e...
- Não! Eu não sou casado não e nem tenho filhos, pelo menos não ainda... – ele falou rápido, como se quisesse tirar qualquer impressão errada que tenha me causado.
Ele não é casado. Será que ele é gay? Olhei mais uma vez pra ele. Não podia ser... Que desperdício se fosse... Ok. Parei com meus pensamentos.
- Não? Desculpe. É que o jeito que você disse pareceu que se tratava de... enfim... – eu disse.
Definitivamente não pode ser. Minha amiga tava errada nessa sua filosofia. Não devemos generalizar. Sorri mais uma vez. Talvez ele esteja me achando uma boba risonha. Então o ouvi responder:
- Não, eu estava falando dos meus pais! Minha mãe sente muito a minha falta! E de qualquer jeito, quero abrir meu próprio negócio na minha cidade!
- Nossa, muito legal! Mas relacionado à quê? – Não consegui conter minha curiosidade.
- Ainda não sei direito... Forks é uma cidade muito pequena, não sei se você teve a oportunidade de ir lá antes; mas acho que algo relacionado a hotéis - ele disse.
- Não, eu nunca fui lá. Na verdade, quando íamos para Forks acabou que choveu muito e não fomos... Queríamos ir até a La Push. Você conhece? – perguntei.
- Conheço, sim! Costumávamos ir à ‘First Beach’ nos feriados e nos fins de semana...
- Sabe, hotéis seria um ótimo negócio lá... Ainda mais depois que Forks ficou famosa. – Eu ri.
- Bom, realmente Forks não é mais a mesma... – ele disse isso rindo.
Silêncio.
- Sua família é grande? Você tem irmãos? – perguntei, pois queria saber mais sobre ele.
- Sim. Sou eu e mais dois! Sou o filho do meio e o único solteiro! – Não pude deixar de sorrir quando ele falou isso. Acho que ele percebeu. Droga. Ele continuou:
- Meu irmão mais velho já é casado e tem uma filha linda! Olha a foto dela aqui – ele disse, tirando da carteira a foto de uma menininha linda parecia ter uns 2 anos, de cabelos loiros e ondulados. Tivemos que nos aproximar mais pra eu poder ver a foto. Borboletas enlouqueceram dentro de mim.
- Que linda! É uma fofa! - eu disse, sorrindo pra foto. Havia uma menina com os cabelos loiros e olhos claros, segurando uma boneca. Adoro crianças!
- E essa aqui é minha irmã mais nova. Alice, seu nome! É uma pedra no meu sapato, mais eu sinto muito a falta dela! - ele disse, meio sorrindo de lado.
- E ela também já é casada? Parece ser tão novinha! Quantos anos ela tem?
- Novinha?! Isso é uma idosa! Se ela estivesse aqui agora me dava uma beliscão – Ele soltou uma gargalhada gostosa e continuou. – Ela tem 22 anos!
- E você? – perguntei.
- 23, e você? – ele perguntou.
- 17.
Eu tenho problemas com aviões quando eles levantam vôo ou posam. Fechei meus olhos, respirei fundo e apertei minhas mãos nos braços na poltrona. E então ouvi uma voz muito próxima a mim:
- Também tem medo de avião – ele falou, mas soou mais como uma confissão. Abri meus olhos e virei meu rosto em sua direção. Me perdi em seus lindos olhos verdes e até esqueci onde eu estava, para me encontrar novamente demorou uns instantes.
- Não, só quando sobe e desce. Você tem? – perguntei, desconfiada de que ele tinha o mesmo problema que eu com aviões. Voltei a direcionar minha cabeça pra frente e comecei a respirar fundo.
- Er... Mais ou menos... Se meu irmão estivesse aqui estaria me zoando. Posso segurar sua mão? Quer dizer se você não se incomodar; eu também tenho um problema com aviões... – ele se apressou em dizer quando notou minha cara de surpresa com sua atitude.
- Humrum – minha resposta saiu rápido demais.
Foi tudo o que eu consegui dizer. Então ele colocou sua mão por cima da minha no braço da poltrona. E então, se antes só havia borboletas voando no meu estômago, agora eu podia sentir uma corrente elétrica entre a gente. Senti quando o avião estabilizou, porém ele continuou com sua mão sob a minha. Será que ele está sentindo isso também? Sentindo toda essas sensações que pra mim são tão estranhas?
- Já estabilizou, eu acho... – eu disse, meio sem jeito.
- Sim – ele disse, retirando sua mão da minha rapidamente. Respirei fundo e olhei pra ele.
Silêncio.
- Você deve estar na escola... – ele ponderou.
- Sim! No último ano! – Que fique bem claro...
- Ah, legal! Já sabe o que vai fazer? Qual faculdade você pretende ir? – ele perguntou.
- Vou fazer Maketing. Michigan College. – Sonhava com esse curso fazia muito tempo.
- Muito bom! – ele disse. Eu apenas sorri para aquele homem lindo.
Depois disso passamos o tempo todo conversando sobre tudo: família, namoros, nosso jeito de ser, o que gostamos de fazer, musica, cinema, e até política! Ele é muito divertido e uma pessoa maravilhosa! Eu nem percebi o tempo passar. Quando vimos já estávamos no lugar onde faríamos conexão, em uma cidade pequena na Califórnia. Na hora do avião pousar repetimos o mesmo ritual e novamente pude sentir a corrente elétrica quando nossas mãos se tocaram. Saímos do avião, e logo chegamos ao lobby do minúsculo aeroporto. Ele foi ao banheiro e me deixou em uma lojinha onde compraria um cartão telefônico pra ligar pra minha mãe. Meu celular fez o favor de ficar sem serviço. Ótimo. Claro que eu não me esqueci dela. Ela me mataria se eu não ligasse!
- Bom Dia! – Já eram duas da manhã. – Me veja um cartão telefônico, por favor?
- Estamos sem eles, moça! – A moça do caixa falou. Tudo o que eu não precisava que acontecesse.
- E agora como vou ligar pra minha mãe? – Nessa hora virei pra trás e vi no stand da mesma companhia área que estávamos viajando.
- Desculpe! Acabaram todos! – Retornei minha atenção à atendente da loja.
- Com licença. – Uma voz atrás de mim me chamou atenção; me virei e vi um senhor muito simpático acompanhado de um outro senhor, eles estavam muito bem vestidos e seguravam pastas como se fossem executivos ou até mesmo políticos. Ele continuou. – Não puder deixar de ouvir que você quer ligar pra sua mãe. Você pode ligar do meu celular – ele disse estendendo sua mão com o celular.
- Tem certeza? É pra outro estado, Texas...
- Absoluta! Você pode ligar a vontade! – Ele sorriu.
- Muito obrigada! - Comecei a discar o número da minha mãe. Ela atendeu no primeiro toque:
“Alô?”
- Oi, mãe! Estou em conexão! Não se preocupe, porque está tudo bem! Conheci um rapaz que esta em conexão comigo!
“Gracas a Deus, minha filha! Cuidado, muito cuidado!”
- Um beijo, mãe! Não se preocupe. Até mais. – E desliguei.
- Muito obrigada, mais uma vez! – disse, entregando o celular ao senhor.
- Não há de quê, mocinha! Boa viagem!
- Boa viagem ao senhor também! – Sorri.
Fui me sentar em um banco de espera pensando que ainda existem pessoas prestativas no mundo. E logo ouvi um barulho de avião... parecia subindo. E depois avistei como uma expressão estranha em seu rosto andando em minha direção. Preocupação?
- Você ouviu esse barulho? - perguntou.
- Acho que sim... – respondi, confusa.
- É nosso avião que acabou de decolar – ele disse isso e saiu correndo pro mesmo stand que o vi há alguns minutos.
Fiquei o observando correr, sem muito entender o que ele havia dito... Oh, não! NÃO! MINHA MÃE VAI ME MATAR! EU NÃO ACREDITO QUE ISSO ‘TÁ ACONTECENDO!


Capítulo 2

Corri até o stand. Fui me aproximando do local, meio insegura... Já podia ouvir:
- Mas como vocês autorizam a decolagem do avião faltando dois passageiros?! Isso é um absurdo! Olha o tamanho desse aeroporto! Se você gritasse aqui, todo mundo ouviria! - Edward estava parecendo irritado, com seu rosto antes branco e lindo, e que agora tinha um tom avermelhado (e ainda assim maravilhoso). Vi-me perdida mais uma vez em meio toda aquela confusão aos detalhes do rosto de Edward.
- Mas foi avisado dentro da aeronave, senhor! Cinco vezes! Tanto que só vocês dois saíram – disse o rapaz.
Essa declaração me fez acordar do meu momento fuga da realidade. Oops! Acho que conversamos demais e, ainda por cima, esquecemos o mundo!
- Perdemos mesmo? - perguntei pro rapaz da companhia.
- Sim – respondeu Edward.
- AI, MEU DEUS, MINHA MÃE VAI ME MATAR! – Tava andando de um lado pro outro, ora passando as minhas mãos em meus cabelos, ora colocando-as sob a boca. Sempre faço isso quando estou nervosa. E já, já me dá vontade de ir ao banheiro! - Mas e agora? A que horas o próximo vôo? – perguntei.
- Eu já estou colocando vocês pro próximo vôo: amanhã, nesse mesmo horário. Suas identidades, por favor – disse o rapaz.
- SÓ AMANHÃ?! – Agora eu me desesperei de verdade! Minha mãe definitivamente vai me matar! - Vamos ficar aqui esse tempo todo?!
- Não! Claro que não. Eles vão fornecer transporte, alimentação e hotel para a gente! Eles têm que fazer isso! - disse Edward, encarando o rapaz da companhia: Bejamin.
- E nossas bagagens? – O que vou vestir, papai do céu?!
- Já devem está em Port Angeles – disse Bejamin, meio que rindo. Inacreditável! Eu juro que não grudei chiclete na cruz!
A única coisa que conseguia pensar no momento era: “OMG! Minha mãe vai me matar!”
- Tudo pronto! Aqui suas identidades e o táxi já está esperando vocês. Mais alguma pergunta? – disse Bejamin, entregando nossas identidades.
Preciso ligar para minha mãe.
- Posso ligar para minha mãe? – disse, envergonhada, com a mão pra cima, como se fosse uma estudante que quisesse perguntar algo a professora. Uma hora eu tinha que contar a ela...
Eles riram e o Bejamin assentiu:
- Claro que pode! Acompanhe-me!
Nós fomos até uma mesinha onde tinha um telefone e eu fui a primeira a ligar.
“Alô?”
- Mãe?
“Que foi, minha filha?” - Minha mãe já atendeu o telefone, com uma voz apreensiva, como se já soubesse o que eu diria.
- Mãããããããe... Perdi meu vôo.
“COMO É QUE É, ?”
- Perdi meu vôo, mas não se preocupe, porque vou ficar em um hotel e vou ter comida, transporte e tudo! Não se preocupe, mãe!
“NÃO ME PREOCUPAR?! Eu acho que eu já tava sentindo que isso ia acontecer! Eu falei tanto, !”
(...)
Depois de um tempo dizendo que estava tudo bem e que eu estava segura, minha mãe desligou. Edward ligou logo em seguida para sua família, avisando que não ia chegar naquele dia em casa.
Ligações feitas, fomos de táxi para o hotel.
- Não se preocupe, , vai dar tudo certo! Já que estamos aqui, vamos conhecer a cidade! Aproveitar! – disse Edward, durante o caminho para o hotel. Acho que ele tava adivinhando meus pensamentos de ficar o dia inteiro trancada no quarto de hotel com medo de sair e minha mãe me matar mais ainda quando eu chegar em casa.
- Acho que você está certo, Edward! Minha mãe vai brigar de todo jeito! Você acredita que isso foi o que minha mãe mais disse desde que comprou minha passagem?
- O que ela disse? – Ele riu.
- “Não vai perder esse avião, minha filha! CUIDADO!” – eu disse, tentando, muito mal, imitar a voz da minha mãe. – E qual e primeira coisa que eu faço?! Perco o avião!
- Acho que mães sentem as coisas. E mãe é tudo igual! A minha é assim. AINDA! Mesmo eu já sendo grandinho. – Dessa vez, quem riu fui eu da cara de “eu sou grande” dele.

Ao chegarmos no hotel, fizemos o check-in e fomos pro quarto. É claro que não ficaríamos no mesmo quarto. Seria demais pro coraçãozinho dos meus pais.
- Er... Bom dia, então... Já passam de três da manhã... – disse Edward.
- Bom dia! – Eu ri. – Qual o seu quarto? – perguntei, olhando pro chaveiro gravado com a numeração do meu quarto.
- 1205, o meu. E o seu?
- 1204! Deve ser ao lado! – Gostei, mas de que devia.
- Ah, que bom, então! Qualquer coisa você grita! – ele disse, rindo.
- Ok! – Silêncio. Estávamos caminhando no corredor de quartos.
- É aqui – disse, indicando a porta com a numeração “1204”.
- Bom, então... Boa noite! – ele disse, sorrindo.
- Boa noite! – eu disse e ele se aproximou para dar um beijo de despedida ou de boa noite em minha bochecha. E as borboletas que habitavam meu estômago? Preciso ainda falar delas?
Depois do beijo e um abraço meio sem jeito, sorrimos, e então entrei em meu quarto, fechando a porta logo atrás de mim. Dei um suspiro... Céus! O que foi tudo isso que aconteceu comigo hoje?!
Depois de respirar fundo, pude notar a linda suíte em que eu iria ficar. A suíte era linda, com área com vista pra piscina, cama de casal e TV a cabo! Maravilhosa! Meu Deus! Se alguém me contasse, eu não acreditaria! Olhe aonde eu vim parar: uma cidade desconhecida, uma pessoa que eu nunca vi na minha vida – e que pessoa! Vamos combinar que pelo menos nisso eu tive sorte! Edward era uma pessoa que, apesar de eu conhecê-lo há algumas horas, já conseguia confiar e sentia que era um homem extraordinário.
Precisava ligar pra minha mãe, mas antes, ia tomar uma ducha! Ainda bem que eu vim com a minha frasqueira com todas as minhas coisas pessoais: escova de dentes, pasta, shampoo, condicionador, hidratante, absorventes.
Depois do banho, me enxuguei, coloquei o roupão e chinelo do hotel e me joguei na cama. Que dia longo, papaizinho...
- Mãe?
“Minha filha! Onde você tá?” – Minha mãe atendeu, meio sonolenta.
- Já tô no hotel, mãe! Está tudo bem comigo! Vou dormir agora, tô muito cansada! Amanhã pela manhã torno a te ligar!
‘‘Tá, minha filha! CUIDADO! Te amo!”
- Tá, mãezinha! Me desculpa pela falta de atenção. Também te amo! Beijinhos e bom dia...
“Bom dia!” Ela disse, rindo. “Descanse, Tchau!” E desligou.
Quando pensei que finalmente iria me entregar ao sono e ao cansaço do dia intenso, o telefone da minha suíte começou a tocar. Depois de um suspiro, atendi, afinal, poderia ser da recepção, que se esqueceu de coletar mais algum dado ou documento de mim.
- Alô? - Atendi ao telefone do quarto.
- Alô? Oi... ? – perguntou a voz.
- Edward?
- Sim, sou eu! Desculpe por ligar agora... – ele disse, sem jeito.
- Oi, Edward! Está tudo bem? – eu disse, sorrido. Será que ele já sentiu saudades de mim?! Ok, sonhei muito alto agora.
- Sim, sim! Está tudo bem! Acabei de tomar um banho... enfim... Mas não é por isso que estou lhe perturbando. Quero saber a que horas você vai acordar... Que horas podemos tomar café da manhã?
Nem tinha pensado nisso! Estava tão cansada... Isso me encheu de expectativas para o outro dia. Ele queria tomar café-da-manhã comigo. E eu queria vê-lo assim que possível.
- Er... que tal às 9 nos encontrarmos no restaurante? - Sugeri.
- Ok! Às nove eu lhe pego na porta do seu quarto, pode ser assim? - Ele está mesmo querendo me ver... A recíproca é verdadeira! Ou está simplesmente com medo de se perder.
- Pode ser, sim, Edward! – eu disse.
- Bom... Durma bem, então! Até mais tarde! – ele falou.
- Até mais tarde! Descanse! – E ele desligou.
Depois disso liguei pra recepção do hotel pedindo pra me acordarem às oito da manhã. Adormeci em algum momento, pensando no que o dia de amanhã me esperava... Ou melhor, o que as próximas horas prometiam.

- Bom dia, Senhorita ! Serviço de despertador! – O recepcionista me ligou às exatas 8 horas da manhã.
- Oh! Ok! Obrigada e bom dia! – Desliguei. Só mais 15 minutinhos...
Quando levantei, me assustei ao ver o relógio marcando oito e trinta da manhã. Logo Edward bate na porta! Fui correndo pro banheiro tomar um banho e fazer minha higiene matinal. Liguei no noticiário enquanto vestia a mesma roupa de ontem, com a única diferença de que não usaria o sobretudo, já que fazia sol lá fora. Um lindo dia de sol!
Quando estava terminando de secar meus cabelos com o secador do hotel, ouvi baterem na porta. Era ele! Passei apenas um gloss nos lábios, dei mais uma olhadinha no espelho e fui abrir a porta.
- Bom dia! – eu disse. Edward estava todo lindo em minha porta.
- Bom dia! Vamos? – disse ele, com um sorriso que mal cabia em seu rosto.
- Claro! – disse, saindo do quarto e trancando a porta.
- Dormiu bem? – perguntou no caminho para o restaurante do hotel.
- Pra falar a verdade, nem senti as horas passando. Foi como se eu tivesse fechado os olhos e aberto dois minutos depois. Mas estou me sentindo bem! E você? – Eu não podia estar me sentindo melhor, na verdade.
- Ainda estou com sono... Mas não quero perder tempo dormindo no dia de hoje – disse olhando em meus olhos.
- É uma boa idéia, Edward! – disse, desviando o olhar - Vamos tomar o desjejum e procurar o que fazer nessa cidade. Gostaria de ir a lojas e comprar que seja ao menos uma blusa pra viajar mais tarde! Não vou aguentar passar o dia inteiro com a mesma roupa e ainda ter que viajar com ela! – disse, fazendo cara de nojo.
- Nós vamos, sim, princesa! Não se preocupe, hoje estou à sua disposição! – Ele sorriu e eu fiquei sem jeito.
Após café-da-manhã, caminhamos em direção ao centro da cidade, que não ficava distante. Pedimos informações às pessoas da rua e acabamos encontrando algumas lojas. Fomos primeiro a loja de roupas femininas. Nunca pensei que eu iria comprar coisas tão pessoais na frente de uma pessoa (e ainda por cima, homem) que eu nunca tinha visto na vida. Ele foi muito compreensivo. Mesmo eu não dizendo nada, ele se afastou um pouco pra eu me sentir mais a vontade. Peguei o que eu queria, mas na hora de pagar, tivemos que esperar um pouco pela emissão de uma nota especial, porque ainda iríamos ser reembolsados por todos os gastos com objetos pessoais que precisássemos aqui.
- Ei! – Na hora que virei, ele estava com uma câmera digital tirando uma foto minha.
- Ah, Edward! Apaga isso! Eu devo ter ficado horrível! – Reclamei.
- Apago não. E você ficou linda! Você é linda! – Sorriu. E eu? Fiquei completamente vermelha! – Vem – ele continuou –, vamos tirar essa juntos! Quero deixar esse momento registrado para sempre! Amei te conhecer! – ele disse, sorrindo.
- Eu também! – disse, me aproximando. Borboletas se agitaram em meu estômago; isso já estava ficando comum – desde que ele estivesse comigo.
- Pronto.
- Deixa eu ver se está bom mesmo. - Peguei a câmera para ver melhor a foto. – Hum... lindo é você, Edward! Olhinhos verdes... - Quando vi, já tinha falado. Senti minhas bochechas ardendo.
Ficamos tirando mais algumas fotos até a moça trazer a nota. Em seguida, paramos em outra loja, onde comprei mais algumas coisas que achei interessante. Quando vi que ele tinha se distraído conversando com um vendedor da loja, separei para ele um presentinho. Pensei em presenteá-lo no jantar.
Ele estava sendo sempre muito paciente comigo e dando opiniões a respeito das roupas. Encantador!
Depois fomos ver as roupas masculinas. Ele ficou me mostrando todas as roupas que experimentava. Tudo fica lindo nele! Ok, sei que estou parecendo aquelas loucas obcecadas... mas que culpa eu tenho se ele é realmente perfeito?
Comprada as roupas, voltamos para o hotel.
- Vou tomar um banho e aí, daqui a quarenta minutos podemos nos encontrar no lobby para almoçarmos juntos. O que você acha? – sugeri a ele.
- Tá legal! Estarei esperando aqui!
- Tchau. – Entrei em meu quarto.
~x~
- Vamos, minha princesa? Estou morrendo de fome! – Ele veio pelo lobby em minha direção.
- Claro, meu príncipe! – Eu ri. – Um aviso: sua princesa é diferente das outras, ela come muito! – eu disse.
- Quero ver pra crer! – disse, sorrindo e me oferecendo seu o braço.
O restaurante era na frente do hotel. Ele trabalhava com sistema de rodízio de carne no almoço. AMO! Acompanharam-nos até uma mesa com dois lugares. Achei muito lindinho o restaurante... Tinha um estilo meio rústico. As mesas já estavam todas servidas com pratos, talheres, taças...
- Você gosta de rodízio de carne, ? – perguntou, puxando a cadeira para me sentar.
- Sim! Amo! – disse, com um sorriso enorme no meu rosto.
- Que bom! Eu também! - ele disse, se sentando a minha frente.
- Então, vamos começar? Estou faminta!
- Claro! Dois rodízios, por favor. – Edward pediu ao garçom, que veio nos atender.
- Claro, senhor.
Logo outros garçons vieram, oferecendo todos os tipos de carnes possíveis e imagináveis. Vez ou outra nos levantávamos para nos servir com as guarnições. Quando estava chegando à mesa, meu celular tocou. Coloquei o prato ali e me sentei, já pegando meu celular.
- Oi!
?”. Era meu primo.
- Mike! Oi... Tudo bem? – Edward voltava pra mesa, sorrindo pra mim. A cada vez que eu via seu sorriso me sentia mais encantada por ele.
“Tudo sim, . O que houve? A tia me disse que você perdeu o vôo. Nossa! Que aventura, hein?”
- Acho que me distraí... Não ouvi anunciarem a bordo que não era pra descer do avião. Você já ouviu falar de conexão assim? Porque eu nunca vi conexão em forma de escala... – falei, com uma cara meio emburrada.
“Eu também não... Que pena, não é? Um dia a menos de você aqui com a gente... Mamãe preparou aquele bolo que você ama!”
- Ai, nossa! Não come tudo, Mike! Amo os bolos da tia... E até que não ‘tô achando ruim, não... Estou conhecendo uma cidade nova e fazendo novos amigos... – eu disse isso olhando nos olhos de Edward e sorrindo docemente pra ele. E ele me retribuiu.
“Bom... Vendo por esse lado... Só se cuida, prima... Nos vemos amanhã!”
- ‘Tá bom, priminho. Até amanhã! – eu disse, desligando, e voltei-me para Edward. – Era meu primo.
- Família preocupada, não é? - disse ele.
- É... Estou indo passar essa semana lá. Sinto falta deles. Eles moraram muito tempo na nossa cidade, mas se mudaram porque meu tio recebeu uma proposta de trabalho em Port Angeles – disse, colocando em seguida um pedaço de carne na minha boca.
- Entendo.
Ficamos um tempo comendo e conversando sobre coisas sem muita importância.
- Pra onde vamos agora? – perguntei, terminando de comer minha sobremesa.
- Eu estava pensando da gente ir num parque que me indicaram na recepção do Hotel, mas antes podemos ir ao museu da cidade. Seria interessante. Você gosta de museu?
- Assim... há museus e museus. Tem uns que são chatos e têm outros que são interessantes. Podemos ir, e se eu achar chato, falo!
- Como quiser! Vamos? - convidou.
Depois disso pagamos a conta. Quer dizer, a nossa companhia área pagou e Edward completou.
Fomos caminhando em direção ao museu mais próximo. Visitamos dois deles. Eu amei os museus da cidade - em um deles havia várias coisas interessantes contando a história da cidade e no outro havia vários achados arqueológicos nos limites da cidade; uma coisa mais interessante que a outra. Edward se mostrou o homem mais culto que conheci nessa minha breve vida e isso só ia me deixando cada vez mais deslumbrada por ele.
Já no fim da tarde, chegamos ao parque. Lá havia muitas pessoas correndo, andando de bicicleta e patins, crianças brincando no parquinho, pessoas voltando para seus lares depois de um dia longo de trabalho, ou estudantes voltando pra suas casas. Em meio a essa doce loucura que estava acontecendo em nossas vidas, era meio estranho perceber que a vida continuava para as outras pessoas - estranho e ao mesmo tempo prova de que tudo aquilo que acontecia conosco era real. Foi uma experiência única, como se tivéssemos passado o dia em uma bolha particular com ele (onde eu não queria sair nunca mais).
Compramos sorvete pra gente e ficamos caminhando pelo parque, sempre conversando muito. Depois de um tempinho, um silêncio se instalou entre a gente. Estava pensando em como tudo pode mudar em um único dia e em como situações que acontecem com a gente podem ser inesquecíveis, quando senti Edward pegando minha mão e entrelaçando a dele, me guiando pra sentar num baquinho. Senti meu coração pular. Nos sentamos, ainda de mãos dadas. Eu nunca senti nada assim; todas as vezes que nossas mãos se encontravam por acaso, assim como agora, era como se eu sentisse meu corpo todo formigar. Era uma sensação muito intensa. As borboletas já tão familiares no dia de hoje voltaram a brincar no meu estômago quando decidir falar:
- Sabe, Ed, nunca vou esquecer desse dia... Está sendo inacreditável. – Sorri pra ele, me sentando virada para ele no banco. Olhei nossas mãos ainda entrelaçadas.
- Eu também não... – Se virou da mesma forma que eu no banco para que ficássemos um de frente pra o outro. – Eu estava pensando no dia que tivemos e em como uma pessoa pode passar pela nossa vida tão rapidamente e marcar tão fundo... – ele disse isso olhando diretamente em meus olhos, me fazendo desviar o olhar. Não sabia como agir ou o que falar.
Silêncio.
- Você tem alguém na sua cidade? Assim... namorado? – ele me perguntou, meio sem jeito.
- Não. Já gostei de um rapaz, mas... sabe como é, amor platônico - disse isso rindo da minha própria desgraça. Soltei nossas mãos por um momento para ajeitar meu cabelo que voava com o vento que soprava naquela tarde quente. Não tive coragem de retorná-la como estava.
- Como alguém pode não corresponder você? Uma garota tão linda, meiga e inteligente como você...
Fiquei sem ação de novo. Silêncio.
- E você? – em um momento de coragem, perguntei, olhando-o nos olhos.
- Não... Na verdade, acabei de sair de um relacionamento. Não dava certo – ele respondeu.
- Eu sinto muito. – Não tanto.
Na verdade, estava feliz não por não ter dado certo o seu antigo relacionamento, mas sim por ele esta aqui hoje e livre pra mim.
- Não sinta, pois não vale a pena – ele falou.
Nos encaramos por um tempo. Seu olhar para mim expressava tanta coisa! Uma admiração, alegria em estar ali comigo, tendo aquele momento e outras emoções que não pude ler. E então ele começou a se aproximar de mim, pouco a pouco. Eu já sabia o que estava por vir e tudo em meu corpo reagiu em antecipação. Eu queria aquilo. Mais que imaginava! E então nossos narizes se encostaram, e eu já podia sentir sua respiração em meu rosto e o cheiro do seu hálito, quando, de repente...




Capítulo 3

E então nossos narizes se encostaram, eu já podia sentir sua respiração em meu rosto e o cheiro do seu hálito, quando, de repente:
- CUIDADO! – alguém gritou. Nos separamos rapidamente, assustados. Quando olhamos a volta uma bola vinha em nossa direção. se levantou rapidamente para alcançá-la.
- PEGUEI! – gritou , que não tinha uma cara muito amigável ao responsável por ter nos interrompido. Eu continuava parada no banco, assimilando tudo o que estava prestes a acontecer; ainda podia sentir o cheiro do hálito dele.
Ele entregou a bola ao dono, que devia ter uns 13 anos. O menino agradeceu, sincero, e em seus olhos eu pude ver que ele pedia desculpas também por ter nos incomodado. E eu ainda estática.
- Bom... – começou . – Er... – Ele não sabia o que dizer. Olhei para ele e ele passava a mão pela nuca. Sentou-se ao meu lado.
- Bom, hm. – Pigarreei, procurando por minha voz. – Já está escurecendo. Por que não voltamos para o hotel? – Tive vontade de me bater logo depois que falei essas palavras. Voltar para o hotel? Ele tava quase te beijando e o que você fala é isso? Tive a sensação que ele nunca mais tentaria me beijar de novo. E o dia esta chegando ao fim.
Ele pensou por um momento e respondeu:
- Talvez seja melhor mesmo... Antes que um avião caia sobre nossas cabeças, dessa vez. - Ele riu. Eu sorri para ele após isso. E o tempo está acabando...
Logo voltamos pro hotel e o caminho foi extremamente silencioso. Silêncio do tipo desconfortável. Eu não sabia o que falar, se eu tomava alguma atitude ou soltava alguma indireta. Será que eu iria parecer muito desesperada se desse indícios demais? Ou... não sei... a única coisa que eu pensava era: e o tempo está acabando... E se nunca mais nos víssemos e nunca mais eu tivesse a oportunidade de ter seus lábios tão próximos dos meus? Se houvesse uma próxima vez dele estar tão próximo a mim, eu não iria deixar escapar novamente. Eu iria curtir todo o tempo possível perto dele.
Combinamos nos encontrar para o jantar no Bar do hotel. Eu tinha me arrumado especialmente para ele. Passei uma leve maquiagem e um pouco de perfume, não algo forte. Como sempre, muito pontual, ele já estava a minha espera no bar quando eu cheguei.
- Vamos? – perguntei, sorrindo para ele. Ele virou para mim e parou por um momento, me observando.
- Você está especialmente linda esta noite, ! – ele disse isso e me deu o sorriso mais lindo.
- Obrigada! – eu disse, corando. – Você também esta lindo... como sempre! E... – Me aproximei de seu pescoço – Muito, muito cheiroso!
Ele sorriu e disse:
- Senhorita? - ele disse isso, oferecendo seu braço para que eu me apoiasse nele.
- Você é muito encantador, ! Não faz assim que eu me apaixono! – Eu ri.
- Ótimo! Se assim você se apaixona, então vou fazer sempre! – Ele sorriu de orelha a orelha. Mal sabia ele...
Passei o tempo todo do banho pensando nos momentos no parque, em todas essas estranhas sensações que eu vinha sentido perto dele, de como meu corpo respondia a aproximação do dele. Eu só podia está extremamente encantada por ele, eu diria até que estava... Oh, não! Estou perdida, eu estou completamente deslumbrada por esse estranho que agora está tão familiar pra mim, que tenho me sentido tão segura e bem ao seu lado. Tenho me sentido tão “eu” com ele. Senti meus lábios se repuxarem automaticamente em sorriso para ele. Resolvi entrar na brincadeira:
- Você quer me seduzir, senhor encantador? – perguntei, arqueando a sobrancelha e parando a frente dele. Já estávamos no lobby do hotel.
- Você é “seduzível”, princesa? – perguntou ele, se aproximando perigosamente de mim. Imediatamente senti minhas bochechas arderem. Fiquei sem resposta. Literalmente sem palavras. Como dizem: “quem brinca com fogo...’’
- Vamos logo, mocinho, to com fome! – falei, puxando sua mão, nos guiando ao restaurante do outro lado da rua, em frente ao nosso hotel. Eu sei... sou uma besta mesmo. Mais uma oportunidade perdida.
Entramos no restaurante. Durante a noite ele parecia tão diferente de como ele é a luz do dia. A noite ele tinha um ar romântico, misterioso. Fomos recepcionados por um garçom mesmo, o mesmo que nos atendeu no almoço. Ele estava sendo muito gentil e atencioso conosco; guiou-nos a uma mesa “para dois” bem reservada e nos apresentou o cardápio. Fizemos nossos pedidos e ficamos aguardando. O restaurante estava vazio, eu só conseguia ver uma família jantando a umas mesas de distância da gente.

- Você disse mais cedo que canta... por que não canta pra mim agora? – perguntou ele.
- Não, não. Eu não canto, não. Quer dizer, eu cantava na igreja, gravei uma vez uma música pra colocar na lembrança do meu aniversario de 15 anos, mas agora não tem dado tempo de cantar. Provas na escola.
- Ah, por favor, ... Canta pra mim, vai? Por que você não canta a musica que você gravou? - Ah, não! Pagar mico nessas alturas do campeonato?! Não mesmo.
- Não, , você não ia querer ouvir... Por favor, não...
- Por favor, . Pra encerrar com “chave de ouro” nosso dia juntos! Quero te ouvir, vai... - Ele insistiu, fazendo a carinha mais fofa que eu havia visto. Não tinha como negar nada àqueles olhinhos verdes.
- Tá, ok... Depois não diz que não avisei... – eu disse, totalmente rendida por ele.
Comecei a cantar.

Go on and close the curtains (Vá em frente e feche as cortinas)
'cause all we need is candlelight (Porque do que precisamos é da luz das velas)
You and me... and the bottle of wine (Você, eu e uma garrafa de vinho)
And hold you tonight [ohh] (E te abraçar essa noite [ohh])

Well we know I'm going away (Bom, nós sabemos que eu estou indo embora)
And how i wish - I wish it weren't so (Como eu desejaria... desejaria que não fosse assim)
So take this wine and drink with me (Então pegue este vinho, e beba comigo)
Let's delay our misery (Vamos atrasar a nossa desgraça)

Save tonight and fight the break of dawn (Salve esta noite e lute contra o amanhecer)
Come tomorrow - tomorrow I'll be gone (O amanhã vem - amanhã eu estarei indo)

Save tonight and fight the break of dawn (Salve esta noite e lute contra o amanhecer)
Come tomorrow - tomorrow I'll be gone (O amanhã vem - amanhã eu estarei indo)


- Você é linda, ! Eu... – Ele me olhou tão fundo em meus olhos. Como se quisesse que eu visse o que ele via.
- Ah, , não foi tudo isso! - eu disse e mais uma vez senti minhas bochechas arderem.
- Não. Você é ótima! – Ele ainda me encarava quando nesse momento, John, o nosso garçom, chegou com nossos pedidos.
- Bom apetite para vocês! Desejam mais alguma coisa agora?
- Não, John, muito obrigada, está tudo bem! - eu disse, sorrindo.
Nós pedimos massa. E de talher pude ver apenas uma colher e um garfo. Fiquei curiosa:
- Er... John, como se come macarrão com uma colher e um garfo? Acho que nunca fiz isso... – Não consegui segurar minha língua e quando vi já tinha falado, digo, pagado esse mico de não saber comer macarrão “chiquemente”...
John sorriu para mim e disse:
- É bem simples! Eu lhe ensino. Observe!
Fiquei atenta quando ele pegou a colher na mão esquerda e o garfo na mão direita. Com o garfo ele pegou o macarrão e começou a enrolá-lo só que apoiando o garfo na colher. Acho que entendi: na verdade a colher só serve mesmo de apoio.
- Aaaaaah... Entendi agora! Nossa, nunca ia imaginar! – Eu ri. Quando olhei para ele estava me olhando e sorrindo. Me senti como uma criança que tinha acabado de aprender a andar de bicicleta. – Muito obrigada, John!
- John, você pode tirar uma foto nossa? - Pediu , entregando sua câmera para John.
- Claro, senhor! - Quando nos aproximamos mais pra tirarmos a foto e pude sentir seu cheiro delirante... Suspirei. - Sorriam! – disse John.
- Depois você vai ter que dá um jeito de me mandar essas fotos, ! Vou querer! – adverti.
- Claro! Depois pegamos papel e caneta no hotel e trocamos e-mails! – ele sugeriu.
- Ótima ideia! - Nem tinha pensado que internet existia.
Depois disso comemos nossa refeição em um silêncio confortável. Vez ou outra falávamos sobre algo de nossas vidas ou sobre o nosso dia juntos. Estávamos na hora da sobremesa. Chegou a hora.
- Uma lembrancinha especial, para uma pessoa especial, em um momento especial. Pra você nunca mais se esquecer de mim – disse, colocando o pequeno embrulho prata em cima de nossa mesa em sua direção. Eu não consegui segurar um sorriso no meu rosto. Ele tava com uma cara surpresa. Depois dele recuperado da minha surpresa, falou:
- Bem, acho que tivemos o mesmo pensamento – ele disse, colocando um pacotinho rosa em cima da mesa. Ele sim me pegou de surpresa!
- Uau, achei que seria exclusiva em lhe dar um presente. Obrigada, não precisava, você sabe... – disse, sorrindo envergonhada.
- E você sabe que também não precisava se incomodar. Mas eu comprei esse presente, porque eu queria que você carregasse uma lembrança desse dia – ele disse, ainda sorrindo.
Nos levantamos e nos abraçamos, ele me deu um beijo em minha testa e depois em minha bochecha. Minha respiração estava começando a ficar um pouco pesada e meu coração batia ainda mais forte, se é que isso era possível. Depois de um tempo nos soltamos e voltamos a nos sentar um de frente para o outro em nossa mesa. Eu peguei a caixinha rosa que ele havia me dado e quando levantei meu olhar e sorri para ele o vi fazer o mesmo com a caixinha prata que eu havia lhe dado. Ele também estava sorrindo. Que lindo sorriso!
- Primeiro as damas! - ele disse, apontando para mim.
- Ok... Tô muito curiosa mesmo... - falei isso, terminando de abrir a caixinha de papelão rosa, sempre com um sorriso que havia se instalado em meus lábios. Ele fazia isso comigo. Dentro dela havia uma pulseira dourada com pingentes: um mini avião (o que me fez rir), e dois corações.
- Nossa, que linda! Eu amei... é perfeita! – eu disse, pegando-a, tentando colocar em meu pulso.
- Deixa eu lhe ajudar – ele disse isso, a colocando em meu pulso.
- Olha tem até um mini avião aqui! Nossa, cara! Que lindo! – eu disse, depois que ele o colocou em meu pulso. – Obrigada. – Sorri, doce.
- O avião significa como nos conhecemos e toda essa adorável confusão, é claro. E os corações, é... – Ele passou a mão na nuca como se tivesse sem jeito. Achei aquilo tão fofo.
- É perfeito. – Acariciei sua bochecha. Ele pegou minha mão e a beijou. – Agora é a sua vez - eu disse, animada. Queria muito ver o que ele ia achar do meu.
- É... vamos ver! – Desembrulhou o pacote.
- Não é uma pulseira linda como a que você me deu... ou um presente à altura, mas achei que combinou com o que eu queria expressar – eu disse, explicando meus motivos por ter escolhido aquele objeto.
- Não, não diga isso... é interessante e... eu realmente preciso, mas fiquei curioso, quais foram os motivos? - ele perguntou.
- Relógios de bolso como esses me lembram aqueles homens que não se fazem mais igual, aquele do tipo educado e cavalheiro e achei que combinava perfeitamente com você – eu disse.
Eu lhe dei um relógio de bolso, todo dourado, e na parte de dentro da sua tampa pedi que gravassem a palavra “inesquecível”, que é a palavra que encontrei para descrever nossos momentos juntos, e além disso, pedi que colocassem a data de hoje.
- Me sinto honrado, jovem dama! – ele disse.
- Encantada! – eu respondi, sorrindo. E logo prossegui: - E dentro eu pedi que gravassem uma palavra que eu achei que era perfeita para a ocasião.
- Inesquecível... – Ele leu. – Não podia ter uma palavra melhor... – ele disse e eu sorri.
- E um relógio simboliza tempo – eu continuei – que eu vou contar a partir do momento em que você não tiver comigo até nosso próximo encontro – eu confessei.
- Vou fazer o possível que seja pouco. Você é muito especial para sair da minha vida – ele disse isso e beijou minha mão. Sorriu.

Já estava em minha suíte, arrumando minha pequena bagagem. Precisava deixar tudo pronto, pois daqui a umas horas o ônibus do hotel nos levaria ao aeroporto. Fomos avisados que o micro-ônibus chegaria à meia noite e meia. Estava distraída, tentando fechar minha frasqueira quando ouço alguém bater em minha porta.
- Quem é? – perguntei, curiosa, próxima a porta, antes de abri-la.
- Sou eu. ! - ? Aqui? O que será que aconteceu? Abri a porta.
- Oi! Aconteceu alguma coisa? – perguntei, sorrindo.
- Não. Na verdade... Meia noite está bem longe de chegar e... Eu estava sozinho no quarto... Imaginei que eu poderia esperar aqui... com você... Já que nosso tempo juntos está chegando ao fim e... – Ele se atrapalhava com as palavras e parecia muito, mais muito envergonhado e nervoso. Eu ri disso.
- Bem... – Eu o interrompi. Eu e ele. No quarto. Sozinhos. Será? A frase veio em minha cabeça como um lembrete: e o dia está chegando ao fim. E então decidi.
- Acho que pode! Entra! – eu disse, abrindo mais a porta.
- Espera só eu pegar minha sacola de doces – ele disse e saiu correndo até sua porta. Doces? Sacola? Hum... eu quero! Eu entrei novamente em meu quarto, deixando a porta entreaberta e enquanto ainda tentava fechar minha frasqueira entrou trazendo suas sacolas.
-Querida... cheguei! – Quando levantei meu olhar para ele não pude deixar de soltar uma gargalhada. estava parado perto da porta com o sorriso enorme do tipo “eu sou o cara.” Com as sacolas levemente levantadas.
- Oi, querido! Seja bem vindo em casa! Com foi seu longo e cansativo dia de trabalho? – Entrei na brincadeira.
- Na verdade, minha querida, não foi ruim não. Conheci uma linda princesa. – Ele soltou as sacolas no canto do quarto e caminhou ate mais perto de onde eu estava.
- Oh! Uma princesa? E como ela é? – Olha eu aqui brincando com fogo?!
- Ela é maravilhosa. Na verdade... Ela é apaixonante. – Agora ele estava mais sério. - E você? O que fez hoje? – ele continuou. Agora ele estava perigosamente próximo a mim. As borboletas já davam sinal de vida dentro do meu corpo.
- Eu passei o dia esperando... – minha respiração e meu coração já me denunciavam. Eu estava nervosa.
- Esperando? O quê? – ele se aproximou mais e colocou uma mão sua em volta da minha cintura.
- Er... Bem... – Sua respiração batendo em meu rosto não estava me ajudando muito a raciocinar. - Você – eu disse, finalmente.
- ... Você é Linda! Inesquecível, com certeza! – Ele colocou sua outra mão em minha nuca por baixo de meus cabelos e quando dei por mim eu já estava com meus braços em volta de seu pescoço e podia sentir nossos narizes se tocando. Suspirei. Ele então começou uma pequena brincadeira de beijar delicadamente todas as partes do meu rosto: nariz, queixo, bochechas, olhos...
Eu já não sentia mais minhas pernas. Já não sabia meu nome, ou onde eu estava o que estava fazendo. Tudo o que eu sabia era o que eu sentia. A minha frente estava um homem maravilhoso que me conquistou e sem fazer nada demais já marcava minha vida. Eu o queria para mim. E não importava se depois desse momento eu não o visse mais. O que importava era o agora. O que eu estava sentido por ele. E nada poderia nos atrapalhar dessa vez.
- Acho que sua espera chegou ao fim – ele sussurrou.
Dito isso, a única coisa que senti depois foram seus lábios tocando os meus. No início eram apenas pequenos selinhos que aos poucos foram crescendo e se tornando um beijo mais íntimo. Senti sua língua tocar meus lábios e automaticamente entreabri minha boca em busca de sentir o seu sabor. Não tínhamos pressa, apenas queríamos curtir o momento e a presença um do outro.
O beijo foi diminuindo a intensidade e se transformando novamente em selinhos e ele voltou a beijar todo o meu rosto. Abri meus olhos e vi que ele me analisava. Sorri para ele e lhe beijei rapidamente seus lábios novamente.
- Se esse dia já era inesquecível, depois desse beijo ficou ainda mais... se é que era possível. – Sorri. – Gostaria que isto tivesse acontecido antes... no parque... - confessei.
- Não tenho palavras para descrever... – ele falou. – Eu também gostaria, porém, foi melhor... De repente um foguete caía em cima da gente... – Ele riu. – Não daria certo.
Nos deitamos na cama. Eu apoiei minha cabeça em seu peito e podia ouvir seu coração acelerado. Ele permaneceu fazendo um carinho gostoso em minha cabeça. Alguns minutos depois ficamos de lado na cama, um de frente para o outro, nos olhando intensamente. Ele passou então a distribuir carinhos em minha face, passava os dedos pela minha sobrancelha, nariz, bochecha e boca... Beijei seus dedos suavemente e em seguida me aproximei para então iniciarmos mais um beijo inesquecível!
Ficamos assim durante muito tempo. Acho até que cochilamos em alguns momentos. Beijamo-nos em outros. Era uma sensação indescritível ter ele em meus braços. Sentia-me completa. Como se tudo se encaixasse.

- Aqui está meu e-mail e o número do meu celular. Você pode me ligar – disse , me entregando o papel com as informações. Já estávamos no lobby terminando o check-out no hotel.
- Aqui o meu! – disse-lhe, entregando um papel com meu e-mail e número de telefone.
- Assim que puder, me mande e-mail! – Ele pediu.
- E assim que puder, me mande as fotos! – Lhe disse.
- O ônibus já lhes aguarda, senhores! – disse a recepcionista do hotel.
Durante o caminho para o aeroporto, encostei minha cabeça em seu ombro e nos demos as mãos. Havia outras pessoas no micro-ônibus. Eu estava nas nuvens, senti as borboletas dando cambalhotas em meu estômago. Eu estava feliz estando aqui e assim com ele. Durante todo o caminho permanecemos em silêncio.


Capítulo 4

Um confortável silêncio. Eu me perguntava o que seria daqui pra frente. Será que ele, assim como eu, queria que nos víssemos de novo?
Eu, com certeza, daria tudo para ter mais um fim de semana com ele.
Quem me dera ele morasse na mesma cidade que eu. Tudo poderia ser tão diferente! Nós poderíamos sair mais vezes, poderíamos manter uma amizade e quem sabe até algo mais (o que era o que eu mais desejava). Eu poderia lhe apresentar para minha família, para minha amigas e amigos... Tanta coisa poderia acontecer! Tantas possibilidades passavam por minha cabeça! Passeios de mãos dadas, beijos, carinhos, pôr-do-sol juntos, até mesmo as possíveis discussões que poderíamos ter. Tanta coisa poderia acontecer... Porém a realidade é outra. Pertencemos a mundos diferentes. A verdade é que talvez nós não nos víssemos nunca mais. E só de pensar nisso meu coração se aperta. Como vou poder viver sem ele aqui comigo? Sem seu sorriso, seu olhar, seus beijos... Eu sei que posso, mas por que pensar nisso doe tanto? É claro que se pode viver sem uma pessoa ao seu lado, mas a questão é que se eu pudesse escolher eu gostaria que ele estivesse comigo. Céus! Como tudo isso é tão louco?! Se eu contasse pra alguém acho que ninguém acreditaria. Como em um dia tanta coisa pode mudar e a minha vida virar assim, de cabeça para baixo e tudo por causa de alguém?! Como eu gostaria de saber o que ele está pensando neste momento. Como eu adoraria saber se posso ou não deixar que esse sentimento crie raízes em mim! Por hora eu preciso ter calma e manter minha cabeça sã. Controlar-me. Ou procurar ter os pés no chão. E o que tiver de ser será. Afastei todos esses pensamentos da minha cabeça. O melhor é pensar em nada.
Até chegarmos ao aeroporto não se ouviu muitas palavras. Todos vinham muito calados, como se fossem solidários ao nosso momento que tinha todo um ar de despedida ou como se estivessem apenas cansados (o que era bem mais provável). Eram uma e meia da manha quando chegamos ao aeroporto. Como ontem à noite, o pequeno aeroporto estava com poucas pessoas. Fomos diretamente para o stand de nossa companhia aérea.
- Olá, Bejamin! – eu disse, assim que o avistei.
- Bom dia, Bejamin! – falou .
- Hey, vocês! Liguei quatro vezes pro hotel e todas às vezes vocês estavam fora! O dia foi agitado, hum? – ele falou, sorrindo. Não pude deixar de gargalhar com esse comentário. De fato, não ficamos muito no hotel.
- Estávamos aproveitando a estada inusitada na cidade! – respondeu, sorrindo e apertando a mão de Bejamin com cumprimento.
- Deu pra perceber. Gostaram? – ele perguntou, interessado, apertando minha mão também.
- Bom, eu respondo por mim e adorei! – disse, divertida.
- Muito linda a cidade, porém, não teria sido a mesma coisa sem a companhia que tive... – respondeu . E minhas bochechas coraram, tenho certeza.
- Hum... To sentindo que rolou um clima, hein? – Ele riu e continuou: - Muito bem, vamos fazer o check-in de vocês. Identidades, por favor!
- Aqui está – disse, entregando minha identidade, aliviada porque ele não fez muitas perguntas. também entregou sua identidade.
- Bejamin, é pra você que entregamos as notas fiscais? – perguntei.
- É, sim! Pode me dar agora que depois de fazer o check-in de vocês, resolvo essa parte – ele disse, mais prestando atenção no computador a sua frente que em mim. Ele continuou:
- Você tem preferência por acentos? Há bastante disponíveis! O avião vem um pouco vago – Bejamin perguntou.
- Você gosta da janela, não é, ? – perguntou .
- Sim! – respondi um pouco surpresa de ele ter percebido isso.
- Eu gosto das poltronas do fundão! – ele disse.
- Então, poltronas 27 A e B. Ok? – Bejamin checou.
- Ok. – concordou.
- Vou ali naquela lojinha enquanto você ajeita essas coisas, ok? – Avisei ao Bejamin e ele apenas fez que “sim” com a cabeça. – Quer vir comigo, ? – perguntei.
- Claro, princesa! - ele disse, sorrindo e fazendo o mesmo gesto que no jantar dando o braço para que eu me apoiasse como o costume do século passado. Eu sorri.
- Vou sentir falta de estar com você! – confessei, enquanto caminhávamos em direção a uma loja de conveniência próxima.
- E eu vou sentir falta de estar com você... – Vi-o me encarar e suspirar. - Mas logo vamos nos ver! – ele disse essa última frase, parando na minha frente e acariciando minha bochecha. Eu inclinei minha cabeça em direção a seu carinho e fechei os olhos aproveitando cada momento. Logo senti seus lábios nos meus e todas aquelas sensações maravilhosas tomaram conta do meu corpo e nada mais eu via ou sentia, se não seus lábios nos meus. Ele me deu mais um selinho, finalizando o beijo e encostou sua testa na minha.
- Logo vamos nos ver – eu disse isso mais pra mim mesma. E em seguida lhe dei mais um beijo e me separei dele. – Vamos comprar chicletes. Preciso deles no avião.
- Vamos! Vou aproveitar para ver o que está acontecendo no mundo lá fora! – Ele disse, indo em direção aos jornais.
Te entendo, . Acredite! Hoje foi como se tivesse passado o dia em uma bolha com ele e o mais interessante de tudo: não querer sair de lá nunca mais, se eu tivesse escolha. Comprei meu chiclete e uma revista de fofocas (como se eu fosse realmente aproveitar meus últimos momentos com lendo uma revista). Me perdi de na loja. Onde será que ele está? Enquanto pagava perguntei a moça do caixa:
- Você viu o rapaz que estava comigo? Não o vejo por aqui...
- Há, ele pediu que você o encontrasse no stand! – ela respondeu.
- Ok, flor! Obrigada - eu disse.

Quando cheguei ao stand, encontrei com nossos tickets na mão. Bejamin foi logo mandando nós irmos para a sala de espera do embarque, pois o avião que íamos já estava pousando. Fomos caminhando até lá conversando sobre coisas aleatórias e logo embarcamos no avião. colocou minha frasqueira no porta bagagens e em seguida ocupamos nossas poltronas. Colocamos nossos cintos de segurança e depois nos olhamos. Eu peguei sua mão e entrelacei a minha colocando em meu colo. Inclinei minha cabeça em sua direção e beijei seus lábios. Deitei minha cabeça em seu ombro. Está acabando... O que será que vai acontecer com a gente? Quando será que vamos nos ver de novo?
Balancei minha cabeça discretamente em sinal de negação. Não pensar. Não pensar.
Estava perdida em meus pensamentos concentrados em não pensar (é confuso, eu sei, mais é assim que me sinto) quando o ouvi falar:
- Quero que leia isto quando chegar à casa da sua tia - ele disse, me entregando um envelope branco.
Levantei minha cabeça de seu ombro e o olhei arqueando minha sobrancelha. Senti minha curiosidade se aflorando. Golpe baixo.
- Ah, , golpe baixo. Não sei se vou aguentar. O que há nele? – disse, pegando o envelope e tentando ver o que havia através do papel branco do envelope.
- Você não vai conseguir ler, . E eu não quero que você o leia comigo perto. É constrangedor demais – ele disse, sem jeito.
- Ok, ok... – disse, guardando o envelope em minha bolsa que estava em baixo da minha poltrona.
- Me dê sua mão, vamos voar agora! - ele disse, quando terminei de devolver minha bolsa onde estava. Nos posicionamos com as mãos dadas em cima do braço da poltrona, direcionei minha cabeça para frente e respirei fundo.
- Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez – contei baixinho e pausadamente, enquanto sentia o avião levantando voo chegando ao dez quando o senti estabilizar.
- Acho que essa técnica de contar funciona um pouco. Me acalmou de alguma forma – ele disse, rindo.
- Você pode usá-la daqui pra frente, moço. – Sorri. E ele continuou me olhando. Fez uma cara que me pareceu meio que de dor e disse:
- Vem cá, vem... – Colocou uma mão em cada lado de meu rosto e logo em seguida se aproximou para me beijar. Ah... Como vou sentir falta desses lábios! Tão cedo ele me soltou e me abraçou. Nos soltamos e eu fiquei apoiando minha cabeça em seu ombro e brincando com seus dedos. Acho que adormeci. Um barulhinho chato de saco estava me deixando irritada. Abri meus olhos e vi abrindo um bombom de chocolate e comendo. Ajeitei-me na poltrona.
- Dormi muito tempo? - eu perguntei, tentando ajeitar meu cabelo, que devia está não muito bom de se ver.
- Não, acho que no máximo vinte minutos. Você quer? – ele disse, depois de beijar minha testa, me oferecendo um bombom de chocolate.
- Você gosta de doces? Não tem cara não, hein? - eu disse, pegando o que ele me ofereceu e abrindo.
- Precisa ter “cara” para gostar de doces agora, princesa? - ele disse, divertido.
- Não sei... mas é que geralmente homens não são muito fãs de doces... acho que você é o primeiro que vejo gostar de verdade. Na verdade, o segundo – eu disse, comendo meu doce distraidamente.
- Quem é o primeiro? – ele perguntou desconfiado.
- A Gilvanete. – Eu ri lembrando do meu amigo.
- Ta insinuando alguma coisa, senhorita? – ele disse, deixando o bombom na poltrona do lado e se virando para mim.
- Eu?! Nada... quer dizer, meu amigo, que tecnicamente é homem, é o único que adora doces... – eu disse, fingindo prestar mais atenção no meu bombom.
- Agora você me ofendeu – ele disse, colocando a mão no peito e fazendo uma voz afetada que não tinha nada haver com ele. Eu gargalhei alto. E logo depois coloquei minha mão na boca. Afinal, eram umas 2 e meia da manhã.
- Desculpe. – Sorri.
- Não desculpo, não... Agora você vai ver como eu sou diferente desse seu amigo que tecnicamente é homem. – Fez cara de quem vai aprontar algo. Uma palavra: medo.
- O que você ta pensando em fazer, ? – perguntei, desconfiada, meio que me afastando dele.
- Eu?! Nada... - ele disse, me imitando. – Estamos em um avião, são... – Olhou no relógio (o que eu dei). – Duas e meia da manhã, e você não pode gritar.
- Oh, Não, por favor... – eu disse já imaginando o que ele faria.
- Oh, sim... - Dito isso, ele começou fazer cócegas em mim. Senhor, eu não podia gritar! Sussurrei:
- Por favor, por favor, para! Isso e muita maldade... – implorei fazendo um esforço imenso para não gritar bem alto. Até pra me mexer ta difícil.
- Não, não. – Parou. - Só se você falar – continuou a cócegas.
- QUALQUERCOISA! – eu gritei.
- shhhhhhh... – Ele me beijou e parou de fazer cócegas, e por um momento esqueci-me de tudo. Tão logo ele se afastou centímetros e disse:
- Não grite... tem muita gente dormindo.
- Então, para... – implorei.
- Só se você falar que eu sou o homem mais macho que você já conheceu - ele disse e continuou a fazer cócegas.
- Você é o homem mais macho de todos, todos, do mundo! – eu falei, ofegante.
- Bem melhor assim... – E ele parou. E pegou seu bombom e o colocou todo na boca.
- Seu chato. Te odeio – falei, emburrada, cruzando os braços em meu peito.
- Ah, princesa! Você não me odeia... Você me ama – ele falou, me abraçando.
- Quem te garante isso? Você nem me conhece...
- Claro que te conheço! E já faz mais de 25 horas! – Isso me fez rir. – Olha! Um sorriso. – Beijou minha bochecha. – Adoro seu sorriso.
- E eu adoro você; quando não está fazendo cócegas em mim. - E agora fui eu quem beijei sua bochecha.
Agora ele estava sentado normalmente na poltrona, porém, com o rosto virado para mim e segurando minha mão, eu estava sentada na poltrona só que com meu corpo virando em sua direção com a cabeça apoiada de lado na poltrona. Eu acariciava sua bochecha. Eu não sabia o que pensar ou o que falar... Tava preferindo seguir minha técnica de não pensar muito e deixar as palavras de lado. Simplesmente o beijei mais uma vez...
E passamos o resto do voo curtindo a presença um do outro e nossos últimos momentos juntos. Logo desembarcamos no aeroporto de Port Angels. Pegamos nossas bagagens. E lá de dentro pude ver Mike e Tia Grace me esperando e acenando para mim. Era hora de dizer adeus.
- , foi maravilhoso. Muito obrigada por tudo... amei te conhecer. – Estávamos um de frente para o outro próximo as nossas bagagens. Ele iria alugar um carro e iria até Forks. Eu ficaria pela cidade na casa da minha tia.
- Adorei te conhecer. Mas isso não é uma despedida. Nós ainda vamos nos ver, . Não vou deixar você sair da minha vida.
E nos beijamos como nunca tínhamos nos beijado. Ele me abraçava com muita força como se não quisesse que saísse de seus braços nunca mais. Ah, se pudesse. E estava com meus braços em volta de seu pescoço e bagunçava seus cabelos da nuca. Queria gravar tudo dele, a sensação de seu toque, seu gosto, seu cheiro.
- Até logo, . – Me deu mais um selinho.
- Até, . – Sorri e fui caminhando até a saída. Ele ficou lá dentro tentando alugar um carro.
Eu estava com uma sensação estranha de que algo faltava. Fora isso estava até bem. Fui caminhando meio em piloto automático em direção a minha família.
- Hey, ! Priminha, quase não chega, hein? - Mike disse ao me abraçar.
- Oi, Mike! Que saudades! - Retribui seu abraço.
Mike tinha o estilo capitão do time da escola, só talvez porque na verdade ele é o capitão do time de futebol da sua escola. Super popular, com um corpo com os músculos definidos e olhinhos azuis e cabelos loiros. Ele vestia uma calça jeans e uma camiseta amarela e uma jaqueta jeans também. No rosto, ele tinha um sorriso com todos os dentes a amostra.
- Filha! Como você cresceu! Minha nossa, está uma moça! – Tia Grace.
- Ah, tia! Que saudades da senhora! - eu disse, lhe abraçando.
- E quem é aquele gatão que tava ali com você, hein? - Me cutucou – Eu vi TUDINHO! – Piscou um olho. Senhor, eu mereço!
Minha Tia Grace é uma mulher de 40 anos com a aparência de 30. Super jovial, com um corpo de deixar muita menina com inveja. Ela é uma pessoa maravilhosa, muito divertida e com uma alma jovem. Ela é o misto de uma menina de 15 anos com a uma mulher de 40. Usava jeans, botas pretas de cano curto, uma blusa de gola alta preta e uma jaqueta jeans.
- Ah, tia, é o , meu... amigo? – disse, sem graça.
- Amigo? Nossa! Quisera eu ser amigo assim das minhas amigas! – Mike disse olhando para o horizonte. – Outch – disse depois que dei uma bofetada em seu braço.
- Seu tarado! Ele é meu amigo... Não deu tempo de decidirmos o que nós somos um para o outro... Mas eu... nós... ah, vamos ver no que vai dar! Agora me falem como andam as coisas por aqui? E onde está o Tio Phill? – disse, tentando colocar outro rumo na conversa.
- Ele é lindo, ! Espero que vocês encontrem um tempo para decidirem ser mais que amigos! – ela riu.
- Tia! - eu disse, indignada.
- Está tudo bem por aqui, querida! – ela disse, rindo do meu embaraço e depois continuou:
- Ele teve um imprevisto no trabalho e não deu pra vir lhe buscar aqui. Ficou muito chateado com isso.
- Há... que pena! Mas em casa eu o vejo – eu disse e logo lhe abracei em seguida. – Estava com saudades de vocês, tia. E minha mãe mandou um monte de coisa! - Eu ri.
- Nossa, fiquei curiosa. Vamos logo pra casa! – tia Grace disse, rindo.

5 comentários:

  1. Juro q tô morrendo de curiosidade!!!!!! Guria, eu vou ter que esperar a att que por sinal vai demorar mto!! Sabe não é legal torturar suas leitoras!

    ResponderExcluir
  2. de repente?????O QUÊ MEU GZUIS???? ai ai ai to morrendo aqui de curiosidade ...se eu tivesse algum problema de coração tinha infartado com esse final kkkkk #exagerada... continua estou amando.
    bjos

    ResponderExcluir
  3. Wow, a estória está perfeita, simplesmente linda!!!
    Que belo imprevisto eles tiveram... graças a perda do avião puderam passar momentos inesquecíveis. Ameeeei demais!!!
    E estou louquinha por mais, bjssss!!!

    ResponderExcluir
  4. Queira eu ter um imprevisto assim, aiai, foco garota foco! mal posso esperar pra saber como vai ser o reencontro deles e o que tá escrito na carta.
    A fic tá perfeita e você é uma gênia pra ter uma ideia dessas parabéns, e muuuuuito obrigada por compartilhar com a gente.
    Estarei ansiosamente esperando pela a att, bjos *v*

    ResponderExcluir