Choices of the life
Uma pessoa imatura pensa que todas as suas escolhas geram ganhos. Uma pessoa madura sabe que todas as escolhas tem perdas.
Augusto Cury
Nem acredito que estou de volta. Foram os três meses mais dolorosos de minha vida. Não sei como consegui ficar todo esse tempo longe dele, longe de seus carinhos, seus afagos durante a noite, seu corpo quente me aquecendo nas noites frias de La Push, seu sorriso de sol que iluminava tudo a minha volta e principalmente, longe do seu amor. Só mesmo estando fora de mim.
Só de pensar que me afastei por nada, a dor da distância parece ter dobrado de tamanho. Ele com certeza deve estar me odiando depois de tê-lo abandonado sem dizer nem ao menos adeus, e ainda por cima, faltando apenas uma semana para o nosso casamento. Droga! Eu não deveria ter vindo.
- ! – escutei a voz firme e inebriante de Billy Black, o pai de Jake.
Eu estava parada em frente a casa vermelha simples e aconchegante, onde passei grande parte de minha vida e sem sombra de dúvida, os melhores momentos também. Havia acabado de chegar de Washington, deixei minhas malas em casa e fiz o que deveria ser feito, encarar a realidade e reencontrar a minha outra cara metade. Meu coração que já estava acelerado, devido ao encontro que estava por vir, conseguiu a proeza de dobrar as batidas freneticamente. ‘Calma , você precisa se manter calma, principalmente agora’. Recitava como um mantra a cada passo que dava.
Virei-me para Billy, que vinha em minha direção com um sorriso sereno e os olhos marejados. Sorri de volta e não pude controlar as lágrimas que já teimavam em descer. ‘Quanta saudade eu senti!’ Billy era o único que sabia sobre minha partida e o verdadeiro motivo que me levou a tomar aquela fatídica decisão, decisão essa que poderia mudar nossas vidas completamente. Afinal, três meses sem nenhum tipo de contato ou explicação plausível, não eram três dias. Como não poderia deixar de ser, ele me apoiou mesmo que isso significasse sofrimento a ele e ao filho.
- Não acredito que está aqui, você...você está vi...
- Sim! Eu estou viva e bem. – respondi já encurtando a distância que estava entre nós e lhe abraçando. – estou viva Billy, viva!!!
Afastei-me, mas ainda segurava em suas mãos. Em seu olhar vi o quanto estava surpreso com minha aparição repentina, mas também havia a felicidade por me ver de volta e acima de tudo esbanjando saúde.
- Você tem muito a me contar mocinha. – repreendeu-me com o dedo em riste e encarando meu olhar. Enxugou seus olhos e virou em direção a casa. – está esperando o quê? Ande! Quero saber tudo o que aconteceu com você todos esses meses em que fiquei sem notícias suas.
Ainda fiquei em dúvida se deveria entrar. Não sabia se Jake estava lá e mesmo louca para revê-lo, ainda tinha receio de sua reação, afinal, eu havia cometido a grande burrada de deixá-lo.
- ! Venha logo, antes que eu vá até aí te buscar. – ele disse parando próximo a porta e girando sua cadeira em minha direção.
- Billy, eu, eu...
- Ei! Jake não está. Ele provavelmente está com Ren... quer dizer com o Embry. – sua voz saiu trêmula e percebi o quão nervoso ele havia ficado, não sei, mas ele parecia me esconder algo.
Ao mesmo tempo em que foi um alívio saber que ele não estava, senti também uma angústia, um nó se formava em meu peito. Tinha algo errado. Eu sentia que logo teria que encarar as conseqüências de meu ato. Apenas dei um pequeno sorriso e o segui para dentro de casa.
A casa continuava a mesma de sempre, apenas uma coisa me chamou a atenção, uma foto em que estávamos eu e Jake em nossa formatura. As mãos de Jake circulavam em minha cintura, minha cabeça repousava em seu peito e sorríamos. Éramos tão felizes. Por que aquilo tinha acontecido comigo, com a gente? Peguei a foto que estava na mesinha de centro, ele não se desfez dela. Sorri. Ainda o amo tanto.
- Pronta?! – assustei-me com a voz de Billy, estava tão entretida com as lembranças que não me dei conta de que ele estava ali, esperando respostas.
Billy sabia que eu havia ido ao médico na manhã daquele dia, eu mesma havia lhe contado, pois pensava que seria somente alguns simples exames. Amargo engano.
Flash Back
- Você não quer que eu vá com você , ou posso chamar a Emily para te acompanhar. Você com certeza se sentirá mais a vontade com uma mulher ao seu lado, não é mesmo?
Billy tinha razão, uma amiga nessas horas seria de grande ajuda, além de ser uma boa companhia, já que eu não tinha ninguém. Meus pais faleceram quando eu ainda era uma menina e eu vivia com minha tia Dolores, mas ela não era aquela pessoa agradável de conviver, dei graças a deus quando, enfim, completei a maioridade. Com o dinheiro que meus pais me deixaram e que, eu já podia tomar posse, comprei uma casa simples que ficava bem próxima a casa do Jake. Era pequena, confortável, possuía um jardim que eu mesma cuidava e estava ficando a nossa cara, já que era ali que viveríamos.
- Não precisa Billy, são somente alguns exames de rotina, não há necessidade de incomodá-la e, além disso, quero passar na Sue e ver o meu vestido. – Meu sorriso logo apareceu.
Despedi-me de meu sogro e segui radiante até o hospital. Era nítida a minha felicidade, em apenas alguns dias seria chamada de Black. Iria me casar com Jacob Black o garoto de pele morena, olhos de um negro intenso e sorriso estonteante. Eu o amava mais que a mim mesma e foi devido a esse intenso amor que o deixei, logo após a amarga notícia que recebi no consultório.
Eu não queria e não podia acreditar no que o médico tinha me dito naquele hospital, mas os exames estavam ali para me martirizar. Fui diagnósticada com Leucemia Mielóide Crônica (LMC). A leucemia mielóide crônica (LMC) é um dos quatro tipos de leucemia existentes e é bastante rara. É um distúrbio hematológico (do sangue) no qual há uma produção excessiva de glóbulos brancos imaturos (leucócitos) que se caracteriza pela presença de células anormais, e pelo que parece, essa doença me dava apenas 40 % de chances de sobreviver se eu tivesse sido diagnosticada há tempo, mas infelizmente, ela já tomava conta de toda minha medula óssea. De acordo com os médicos minhas chances eram mínimas.
Meu mundo desabou. Tudo o que eu sonhei, toda a minha felicidade estava escorrendo pelos meus dedos como água. Saí dali sem destino, a única coisa em que eu pensava era nele. Jacob, como ele ficaria? Como eu contaria a ele que logo eu não estaria mais aqui ao seu lado.
Avistei a pracinha e me deixei cair sob os pés de uma das árvores, a vida poderia ser tão cruel ás vezes... Há algumas horas eu era a mulher mais feliz do mundo. Ia me casar com o homem que amo e que me ama também. Quantas mulheres têm essa benção? E agora, recebo a notícia de que talvez não chegue nem a ver o meu próprio casamento. Isso não era justo, mas quem disse que a vida é justa?! Fechei os olhos com força, balançando a cabeça, tentando dissipar aquele pesadelo, mas eu sabia que seria inútil.
Fiquei ali durante horas até tomar a mais difícil de todas as minhas escolhas, a que me afastaria do grande amor da minha vida. Mesmo sofrendo, não queria vê-lo sofrendo junto, não queria que ele me visse definhar até a morte. Se dependesse de mim, ele nunca saberia que eu estava com os dias contados. Eu iria embora, me distanciaria assim ele só se lembraria da menina romântica, divertida, serena, às vezes um pouco mandona e até egoísta, mas que sempre esteve ao seu lado. Ele sofreria com meu abandono, mas logo me esqueceria e poderia encontrar alguém. Alguém que o acalentasse e o fizesse feliz, pois eu não poderia, não mais.
Levantei-me e fui pra casa, onde arrumei uma pequena mala. Peguei meu passaporte, documentos e saí, deixando para trás os momentos mais felizes de minha vida. Suspirei e segui para a casa de Jake, ele ainda não estaria lá, pois se encontrava na oficina, que ele montou junto com Embry e Quil, dois grandes amigos nossos. Jake era fascinado por carros e era ótimo em consertá-los, por isso era o melhor. Só de lembrar dele a dor já me sufocava. Cheguei aos prantos na casa de Billy, que me recebeu com um forte abraço, mesmo não sabendo o motivo de meu sofrimento.
Contei-lhe tudo. Ele ficou chocado e, assim como eu, transtornado. O tempo todo ficou abraçado a mim, deixando-me desabafar e dando-me o aconchego e a segurança que precisava naquele instante. Depois de algum tempo desvencilhei-me do seu abraço, sequei meus olhos e contei meus planos. Quando viu minhas malas e teve a certeza de que eu iria mesmo embora, sua feição se transformou em desespero. Ele não queria aceitar minha decisão, não queria que eu fosse, não queria me deixar sozinha e muito menos que abandonasse seu filho. Eu o entendia, mas era para o bem de Jake. E estava disposta a tudo.
- Você não precisa ir , vamos a outro médico, faremos novos exames. Jake precisa saber, ele te ama e deve estar ao seu lado nesse momento. Fugir não é e nunca será a solução.
- Eu sei Billy, mas... mas eu não quero que ele me veja morrendo dia após dia. Ele merece viver. E se ele estiver ao meu lado, sua vida será um tormento. Não quero que ele passe por isso. Não quero que ele me veja sem vida. Quero que sua última lembrança comigo, seja a que tivemos hoje ao acordarmos juntos. Quero que ele sempre se lembre dos nossos beijos e principalmente o que trocamos hoje pela manhã quando ele saiu para o trabalho, a nossa despedida. É assim que eu quero que ele se recorde de mim.
Billy mesmo relutando acabou aceitando que eu fosse, mas eu tinha que mantê-lo informado e prometer que procuraria outro diagnóstico. Recomendou-me um de seus amigos em Washington e esse me levaria a alguém que era especialista no assunto. Carlisle Cullen, um dos melhores médicos dessa área.
Aceitei sua condição, pois também queria que isso tudo fosse um tremendo engano e que logo esse pesadelo acabasse. Faria todos os exames de novo, assim que fosse possível, e mesmo tudo sendo verdade, eu lutaria com todas as forças para voltar pro Jake, para o meu Jake. Mas só voltaria quando pudesse, enfim, continuar vivendo a seu lado.
- Eu vou voltar! Você vai ver. – tentei ser o mais convincente possível – Só cuide dele para mim. Não permita que ele faça nenhuma besteira. Diga que eu o amo mais que tudo e que sempre, sempre vou estar com ele. Mesmo depois de...
- Ei! Você não vai morrer , não vai! E tenho certeza de que voltará mais cedo do que pensa. Amo-te, , você é como uma filha para mim e só estou deixando que vá, por que sei o quanto estar sozinha nesse momento é importante para você, mas se precisar é só ligar e estarei lá no mesmo segundo. Cuide-se e volte! Pois estaremos te esperando.
Abracei-o mais uma vez e o fiz prometer que cuidaria do Jacob.
Peguei minha mala e me dirigi ao táxi que estava a minha espera, já que Billy fez questão de chamar um, pois o crepúsculo já se aproximava.
Da janela acenei dando adeus, adeus não, até breve a todos os instantes mágicos que ali passei. Momentos intensos e maravilhosos junto das pessoas que amo e junto daquele que me tirava do eixo, que sempre fazia meus dias mais felizes, mais vívidos. Junto do meu sol!!! Não sei o que me esperava, mas sei que de um jeito ou de outro eu estaria aqui para cuidar e proteger a minha alma gêmea.
Fim do Flash Back
Depositei o porta-retrato na mesinha e sentei-me no sofá de frente para Billy, que esperava ansioso por minhas argumentações. Respirei fundo juntando a coragem para lhe contar sobre os três meses em que estive longe.
- ! Você sabe que pode confiar em mim, não sabe? – sua mão pegou a minha, me fazendo encará-lo e encontrar em seus olhos a segurança que precisava para enfrentar meu erro do passado e tentar começar um novo futuro.
- Eu sei! E foi por isso que vim. Você foi o único para quem eu contei e eu só tenho a agradecer por não ter contado ao Jake. Você é como um pai para mim e sei o quanto foi difícil ter que ocultar de seu filho o meu paradeiro e o motivo que me levaram a partir.
- Realmente não foi nada fácil esconder de Jake, mas fiz porque eu entendia seus motivos, mesmo eles sendo errados e egoístas. Mas eu pedi que me mantivesse informado do lugar onde estaria e como você estava. Por que não ligou? Por que não cumpriu sua parte no acordo? Você não sabe a preocupação que fiquei quando não recebi mais nenhuma notícia sua. E já estava me preparando para ir atrás de você, mesmo sem ter idéia de onde estava, pois Charlie informou-me que depois de sua consulta nunca mais a vira.
Agora eu via o quanto não ter notícias minhas o havia afetado, Billy estava tenso, angustiado e não era para menos. Eu o fiz mentir para o Jake e não cumpri com minha promessa. E tudo graças a mais um grande golpe do destino, que mais uma vez se colocava entre nós.
- Eu... eu sinto muito Billy! Mas eu posso explicar.
- Então explique! – seu tom de voz era suave, mas forte e firme.
- Bem, eu.... – fechei meus olhos deixando com que as lembranças aos poucos voltassem. – Eu fui até seu amigo Charlie Swan, assim que cheguei a Washington, queria acabar logo com aquele pesadelo. Dois dias depois ele conseguiu uma consulta com o Dr. Carlisle. – minhas mãos suavam e meu coração já batia mais descompassado só de me lembrar de suas palavras naquele dia.
- Ele verificou meus exames atentamente e... – não agüentei e me levantei ficando de costas para Billy, as lágrimas desciam pela minha face. Não era nada fácil me recordar do piores momentos de minha vida.
- Continue ! Estou aqui para te escutar e te ajudar, como sempre fiz e farei.
Sequei meu rosto e voltei a encará-lo. Ele merecia saber de tudo e eu contaria.
- Dr. Carlisle, assim como o Dr. Adam, viu que eu não tinha chances de sobreviver. A doença estava ceifando minha vida a cada segundo.
Suspirei pesadamente, a fim de reunir forças para continuar. Billy estava atento a todos os meus movimentos e eu percebia o quão preocupado e temeroso ele ficava a cada nova informação.
“Você deve imaginar como fiquei. – sorri tristemente – não quis saber de mais nada, saí do consultório transtornada, ainda o escutei dizendo para eu voltar e fazer novos exames, mas minha cabeça naquele instante estava pesada e eu só queria sair dali. Lembro-me de vagar horas sem rumo, mas era assim mesmo que eu me sentia, sem direção, sem esperança e sem nada. Estava em choque! Completamente fora de mim.”
“Fui encontrada a quilômetros dali, por uma senhora. Não tinha consciência do que estava acontecendo em minha volta. Era como se só o meu corpo estivesse presente. Eu via tudo, escutava e até sentia o que estava ao meu redor, mas não conseguia pronunciar nada, nem uma palavra ou reação.”
“A mulher que me amparou se chamava Sarah, assim como...” – o vi ficar admirado e surpreso.
- Minha Sarah! – Sorri e assenti.
- Sim! E ela cuidou de mim como pôde mesmo não me conhecendo e não sabendo o que estava acontecendo comigo. Fiquei em sua humilde casa durante dois meses. Não me lembrava o que tinha acontecido comigo e o motivo pelo qual estava andando sem destino certo. Sabia o meu nome e imagens iam e viam como flashes em minha mente. Sabia que as pessoas que eu via eram importantes, mas não sabia o porquê. Fazia minhas refeições, ajudava a Sarah no que podia. Ela, mesmo sem saber nada sobre mim, apenas o meu nome, parecia que me conhecia como ninguém. Sempre me dizia palavras de conforto, palavras que me enchiam de paz e me faziam querer viver mais e mais. Aprendi muito com aquela mulher simples e com um coração imenso.
“Eu havia perdido a noção de tempo e espaço, era como se eu não quisesse me recordar e só de forçar qualquer pequena memória, uma dor invadia minha alma e era insuportável. Então parava de lutar contra e continuava o meu caminho. Eu estava vivendo. Vivendo ao lado de uma senhora, a qual eu não tinha a mínima idéia de quem seria e o motivo pelo qual estaria me ajudando. Mas ela não se importou e abrigou-me em seu lar, me dando comida, roupa e um lugar quente e confortável para ficar.”
“Um dia, levantei passando muito mal, e o mal estar se repetiu durante uma semana, junto com tonturas e sonolência. A Sarah ficou apavorada e acabou me levando até o hospital mais próximo. Onde fui atendida por um médico que estava de plantão, ele fez os exames necessários e então foi diagnosticado que eu estava...”
O barulho da porta se abrindo fez com que eu parasse. Minha respiração tornou-se irregular e meu coração já sabia o que estava por vir, pois ele sempre sabe quando o seu dono está por perto, fazendo-me perder o ar e qualquer tipo de razão.
- O QUÊ VOCÊ ESTÁ FAZENDO NA MINHA CASA?
Meu peito se comprimiu diante de seus gritos furiosos, a voz que outrora me fazia tremer de expectativa, de desejo, agora só transmitia a intensidade de sua mágoa. E era tudo culpa minha, só minha. Eu temia o que encontraria assim que me virasse para encará-lo, então por extinto cerrei meus olhos. Um bolo se formou em minha garganta, queria tanto que aquilo fosse somente um sonho ruim.
Mesmo temendo sua reação, obriguei-me a encará-lo, virei lentamente em sua direção, pronta para voltar a vê-lo, mesmo sabendo que ele me odiava. Eu queria ver de novo o brilho de seus olhos, seu sorriso radiante, eu queria voltar a ver o meu Jake.
- Jake! – sussurrei ao encontrá-lo parado em frente a porta, em seu olhar onde tanto encontrei paz, amor, carinho e aconchego. Agora tudo o que eu via era dor, angústia e ódio.
Meus olhos marejaram. Eu nunca pensei que me depararia com tanta repulsa vinda do único homem que amei, amo e sempre amarei. E isso era pior que a morte, aquele olhar, aquele semblante duro e agressivo, me machucavam mais do que saber que eu estava com os dias contados. Pois Jake era tudo para mim, se eu o perdesse, se ele não me quisesse mais ao seu lado, eu sinceramente não saberia como continuar.
- Eu não quero que pronuncie mais esse apelido, pra você é Jacob Black. – ele disse desviando de meus olhos e andando de um lado para o outro. Era nítido o quanto estava tenso e agitado. – aliás, quero você bem longe da minha vida. Você não me deixou? Então o que está fazendo aqui?
Ele então parou se voltando para mim. Não conseguia dizer nada. As palavras se perderam diante do Jake que estava a minha frente.
- Jake pare com isso! Você só está magoado. Deixe a se expli... – Billy tentou acalmá-lo, mas Jake estava fora de si.
- MAGOADO?! – ele protestou interrompendo Billy e dando dois passos em minha direção. Ele se encontrava tão próximo, que eu podia sentir sua respiração em minha face, seu aroma amadeirado emergindo de sua pele, me deixando inebriada, como sempre. – E como você acha que eu deveria estar? Ela me abandonou, fugiu, faltando apenas uma semana para o nosso casamento. Agora você me diz que eu não deveria me sentir assim?
Ele disse baixo, mas em bom tom. Ele me dizia tudo aquilo face a face e eu sentia toda a sua fúria. Fiquei com tanto receio, que desviei meus olhos e ameacei me afastar, mas senti suas mãos em meus braços, impedindo que eu me distanciasse.
- Jake! Eu... eu posso explicar! – balbuciei
- Por quê? Por que fugiu? – nessa hora ainda vislumbrei o olhar de meu Jake, ele ainda estava ali, machucado, mas estava. E aquele fio de esperança encheu meu coração.
- Eu precisei ir...
- Ahhh!! Sim claro! Você precisou ir. – ele disse me interrompendo, o sarcasmo estava explícito em suas palavras.
- Jake! Deixe a falar. Você não quer saber os motivos dela ter te deixado, então saiba escutar. – Billy bradou. Jake me soltou, mas não se afastou.
- Não! Não quero saber! – ele falou calmamente, me deixando surpresa e amedrontada. Fiquei estática sem saber o que fazer, Jake tinha um sorriso cínico nos lábios.
- Como assim, não quer saber? – Billy falou vindo até mim.
- Não me importa mais. – essas palavras foram certeiras, se ele pretendia acabar de vez comigo, ele estava no caminho certo – Você, Sullivan, não me interessa mais, você morreu no dia em que me deixou. – levei a mão aos lábios e com a outra protegi meu ventre, eu estava perdendo o meu alicerce, estava perdendo a pessoa que me ensinou a amar, a viver, aquele que com apenas um sorriso alegrava todo o meu dia. – Sabe de uma coisa? – ele deu um sorriso de canto dos lábios e um arrepio frio percorreu minha espinha. – Estou noivo e ela não me abandonará no altar, não como você fez.
- No...no..noivo?! – gaguejei.
As lágrimas já teimavam em sair, minhas mãos e meu corpo se encontravam gelados, estava trêmula e sentia que o ar já faltava em meus pulmões.
- Sim! Noivo! E vamos nos casar o mais rápido possível. Não há porque esperar, nos amamos e isso é o que importa.
Aquilo foi a gota d’água que faltava, o meu mundo foi abaixo. Olhei em seus olhos, a fim de encontrar qualquer resquício de mentira, mas ele desviou o olhar. Eu não queria escutar mais nada, queria ir embora o mais rápido possível.
- Ehhh, a...adeus Billy!! – disse virando para o homem que era meu segundo pai. Ele parecia chocado com o que o filho acabara de dizer, mas não disse nada, apenas me olhou com preocupação e assentiu.
- Jak... Quer dizer, Jacob eu sinto muito! Eu não queria que nada daquilo tivesse acontecido... Eu... Eu...
Não terminei a frase, apenas abaixei a cabeça e saí dali o mais rápido que pude. Não queria que ele visse minhas lágrimas, não queria que ele visse o quanto saber que ele amava outra me feria profundamente. Já era noite e a chuva constante em La Push já caía, molhando-me por completo, eu corria em direção a minha casa. As lágrimas e a chuva embaçavam a minha visão e de repente senti um mal estar, uma tontura, minhas pernas bambearam, por extinto decidi sentar-me, escutei a voz de Embry ao fundo me chamando e depois não vi e nem ouvi mais nada, a escuridão se fez presente.
Despertei com o cheiro forte de álcool, minha vista aos poucos ia se acostumando com a claridade. Pisquei tentando apressar o processo, e encontrei os olhos de Embry sobre mim.
- Que bom que acordou. Fiquei preocupado, como você se sente?
- A..acho que bem. Como eu vim parar aqui? – perguntei querendo desfazer a confusão em que me encontrava.
- Te vi correndo e você não parecia estar bem. Depois você parou, gritei seu nome, mas ao invés de me responder você desmaiou. Corri até você e te trouxe para minha casa.
- Eu caí? – perguntei angustiada, ergui-me e levei minhas mãos ao ventre.
- Sim! Mas por sorte você caiu sobre a grama, não digo nem que você caiu, pois antes você se sentou e depois se inclinou para trás. Parecia que você já sabia que iria perder os sentidos.
Assenti, lembrando vagamente do ocorrido e ficando mais aliviada ao saber que não tinha caído. Aconcheguei-me na cabeceira da cama e pus-me a observá-lo. Como senti falta do meu melhor amigo.
Embry continuava o mesmo, moreno, olhos castanhos escuros como a noite, cabelos negros, lisos e bagunçados, assim como todo garoto Quileute. Seu semblante era sério e preocupado. Encontrava-se sentado na beira da cama, onde eu estava. Olhei em volta e percebi que estava em seu quarto.
- E quem me trocou? – perguntei assustada, ao observar que as roupas que usava, não eram as minhas.
- Não se preocupe, minha mãe pegou uma roupa de Leah e vestiu-lhe. Você não poderia ficar molhada, afinal, você tomou uma senhora chuva. – riu da minha cara de assustada, por ter pensado que ele havia me trocado. Acabei rindo junto.
- Onde está a Leah? – perguntei após observar que não havia nenhum barulho que denunciasse a presença de mais alguém na casa.
- Está na casa de Sue. A chuva apertou e ela ficou ajudando na preparação do jantar de aniversário de Seth. E minha mãe provavelmente está na cozinha preparando algo pra você.
- É verdade!! Já estava me esquecendo que amanhã é o aniversário dele. – sorri mesmo que no fundo eu quisesse chorar.
- Pois é! Mas não parece que foi só o aniversário dele que você se esqueceu, não é? – recriminou-me.
Levantei e fui até a janela de vidro, a chuva ainda estava forte. Senti Embry se aproximar e colocar as mãos em meus ombros, me passando confiança.
Ele era como um irmão para mim e eu sempre soube que poderia contar com ele para tudo.
- Vou te contar tudo, chega de bancar a egoísta sabichona, mas prepare-se, pois será uma longa conversa. – disse indo até a cama onde me sentei e bati ao meu lado indicando para que ele se sentasse.
- Tenho toda a noite, pelo visto a chuva vai demorar. – sorrimos como nos velhos tempos. E então me pus a contar tudo o que havia acontecido.
Havia contado tudo ao Embry, que agora encontrava-se em frente a janela com o olhar perdido no firmamento, que nesse instante estava limpo, sem estrelas, sem nuvens carregadas. A lua nova encontrava-se brilhante e iluminava a escuridão da noite.
- É tão difícil acreditar que tudo não passou de um engano. Eu vi meu irmão se acabando . – murmurou dirigindo-se a mim. – Dia após dia, o Jacob morria um pouco. Naquele dia, quando chegamos e ele não te encontrou, Jake ficou transtornado, passou a noite toda atrás de você, atrás de alguma pista. Só sossegou, quando Billy contou-lhe que você tinha deixado a cidade. Então, depois disso meu irmão deixou de sorrir, fechando-se para o mundo. Ele achou que tinha sido abandonado, fugiu e só voltou um mês depois, nos deixando preocupados e com o coração na mão, por pensar que ele poderia fazer alguma loucura.
“Voltou agressivo e se negando a falar sobre você. Quase não fala com ninguém, somente o essencial no trabalho. Com Billy é a mesma coisa. Eles pouco se falam e quando Billy tentava conversar, ele ficava furioso, saía batendo a porta e só voltava altas horas da manhã. Billy então parou de tentar qualquer contato com ele, ficou apenas cuidando do filho de longe.”
“Por isso acho que ele conseguiu manter a promessa que fez a você. – deu um sorriso sem dentes.”
- Eu... eu não sabia. – uma lágrima desceu pela minha face. Embry se aproximou abraçando-me logo em seguida. – Eu não queria causar esse sofrimento a ele, Emb. Não queria!
- Shhh!! Eu sei! Agora eu sei! E está na hora dele saber também. Você não acha?! - Afastei-me e olhando em seus olhos fiz somente o que era o certo. Assenti!
- Você tem razão. Só não sei como fazer para contar a ele, já que o mesmo não quer me ver nem pintada de ouro. – suspirei cansada – E também tem a noiva dele. – falei entre dentes.
- Noiva? Que noiva? – perguntou.
- A noiva dele! Não sei quem é e também não tenho curiosidade nenhuma em saber, mas ele fez questão de jogar na minha cara, que a ama e vai se casar logo.
Só de pensar na voz de Jake dizendo essas palavras a outra mulher. Era uma tortura.
- Eu não... – ele começou a falar, mas batidas na porta o interromperam. Ao abrir, Tiffany, mãe de Embry, entrou com uma bandeja recheada com uma deliciosa refeição.
- Trouxe o jantar, você deve estar com fome . E precisa se alimentar bem para que não desmaie de novo, você teve sorte de ter sido o Embry a te encontrar. – A senhora Tiffany era uma mulher e tanto, cuidou sozinha do filho. Embry tinha o maior orgulho da mãe e não era para menos, pois ela foi uma heroína.
Ela apenas deixou a comida na cabeceira da cama e se retirou.
Tiffany tinha razão, eu tive muita sorte por ter sido Embry a me encontrar.
- Você está bem ?
- Hã... ah, sim, claro! – respondi saindo de meus devaneios. – Que horas são? – perguntei, indo até a cabeceira e pegando o prato. Eu estava faminta e agora eu não poderia me dar ao luxo de ficar sem comer.
- São exatamente onze horas. Por quê? Você não está pensando em ir pra casa a essa hora, sozinha, não é?!
- Claro que vou! A chuva já passou e ainda tenho muito que fazer por lá, deixei minhas coisas jogadas na sala e fui direto para a casa do Jake.
- Nem pensar que vou te deixar sair assim.
Ergui levemente minhas sobrancelhas, sinal evidente de que não acreditava no que ele me dizia. Mas Embry se manteve com a mesma postura autoritária e com isso pude deduzir que ele falava sério.
- Não sou mais criança Emb, sei muito bem o caminho e meu lar não fica longe daqui, é só virar a esquina.
- Eu sei que você sabe ir direitinho para casa. – afirmou como se estivesse falando com um garotinha da educação infantil. Aff!!! Ele sabia como me irritar. – Mas, nas suas reais condições e depois de ter desmaiado na rua, acho que você nem deveria estar discutindo comigo. Você vai para casa, mas eu vou com você, pronto!
Revirei os olhos e assenti, afinal, não tinha com o que argumentar. Terminei o jantar que estava divinamente delicioso, fui até a cozinha, onde o lavei e sequei os talheres, mesmo com Embry dizendo que não precisava. A senhora Call já havia se retirado para dormir, então agradeci ao Embry.
Peguei minha roupa e Embry me acompanhou até minha casa.
- Está entregue. Qualquer coisa você sabe o meu telefone, ligue a qualquer hora. – Ele me abraçou fortemente – Se cuida baixinha e saiba que apesar de tudo o que aconteceu, eu sei o quanto você ama o Jake, tenho certeza que tudo vai se resolver.
- Obrigada, Emb! Obrigada por cuidar dele quando eu não pude. E mesmo sabendo que ele me odeia – ri sem humor – farei o possível para concertar, nem que seja um pouco, o estrago que fiz.
- Sei que sim! Tchau, baixinha! – olhou para mim sorrindo e se despediu, dando-me um casto beijo em minha testa e se retirando.
- Tchau, grandão!
Suspirei e virei-me para a casa de madeira, branca e simples a minha frente. As imagens vieram como avalanches. Fechei meus olhos e deixei-me levar pelas lembranças. Como queria poder voltar no tempo e impedir-me de cometer a loucura de ir ao médico. Ainda podia sentir o seu abraço quente, o beijo amoroso e apaixonado que trocamos. Seu cheiro e sua voz rouca sussurrando o quanto me amava. Essa é a última lembrança que eu tenho antes de partir. A última em que o Jacob, ainda era o meu Jake. Abri os olhos e balancei a cabeça, a fim de afastar, aquelas memórias. Ele já não era mais meu.
Antes que começasse a chorar de novo, segui até a porta, a chave se encontrava no mesmo lugar, dentro de uma caixinha atrás de um pequeno vasinho de flor, ao pé da porta. Sorri, Jake havia dado essa idéia, assim ele sempre saberia como entrar em minha casa. Como se ele precisasse de artimanhas para entrar, a casa sempre foi dele, assim como eu.
Entrei, fechando a porta logo em seguida, apertei o interruptor ao lado da mesma, acendendo a luz. Pulei de susto quando me deparei com aqueles olhos negros hipnotizantes, não consegui falar nada, meu coração já batia descompassado, minha bolsa já se encontrava no chão, mas me negava a acreditar que Jacob Black estava ali, na minha frente.
- Jake!!! – murmurei o vendo se aproximar.
Ele nada falou e seus olhos não deixavam os meus. Senti-me como na primeira vez em que nos beijamos. ‘Seria sempre assim?’ Ele sempre me causaria o mesmo efeito, o mesmo frio na barriga, a sensação de estar no Pólo Norte? Pois o tremor já se manifestava mesmo depois de meses separados. ‘Pelo visto, parece que sim!’
Senti seu toque em minha face, acariciando minha pele, deixei-me levar pela carícia, fechei meus olhos aproveitando o momento em que ele voltava a ser meu. Sua respiração quente tocava meu rosto numa carícia muda.
- Senti tanto sua falta! – sussurrei, enquanto mirava seus olhos e me transportava para um mundo só nosso.
- Shhh! – silenciou-me com um dedo em meus lábios e segurando em minha cintura com a outra. – Só preciso saber que está aqui comigo, só preciso te sentir, ter você de novo em meus braços e ver que não estou sonhando.
Suas mãos foram para minha nuca, me levando para um beijo intenso, quente e cheio de saudade. Entreabri meus lábios reencontrando o meu caminho, a fonte inesgotável de meu amor, onde eu sempre me perdia e sinto o meu mundo girar.
Ergui minhas mãos enlaçando seu pescoço, unindo mais os nossos corpos, aquecendo-me na noite fria, sua boca deixou a minha e sem abandonar minha pele, percorreu todo o caminho depositando selinhos até meu colo, levando-me ao delírio.
Minhas mãos me guiavam por aquele corpo tão conhecido por mim e que tanto me fez falta. Os seus lábios então me deixaram, seus toques me abandonaram. Vi-me com medo de que ele tivesse caído em si, mas Jake mantinha seus olhos nos meus e antes que eu pronunciasse algo, voltou-se a mim pegando na bainha de minha blusa retirando-a com facilidade. Seus olhos se encontravam mais negros do que o natural.
- Continua linda!! – sorri ao saber que ele ainda me desejava.
Segurou em minha cintura, voltando a me beijar com paixão, nossas línguas entrelaçavam-se numa dança mística. Ele me ergue do chão, então laço-me sobre teu corpo, que sempre foi meu abrigo, chocando assim nossas intimidades, fazendo com que nós dois gemêssemos, ante ao nosso desejo.
Retirei sua blusa, enquanto minhas mãos passeavam pelo seu corpo, relembrando a sensação de ter aquele corpo forte sobre mim, me fazendo desejar todas as carícias. Jake mordiscava o lóbulo de minha orelha, levando-me a um novo universo. Só percebi que estávamos no quarto, quando senti a maciez do colchão sob meu corpo, estava totalmente perdida diante das sensações que o meu moreno me proporcionava e eu sabia que aquilo era só o começo.
Seu corpo me deixou, abri os olhos e vislumbrei o brilho nos olhos quentes de Jake que, assim como os meus brilhavam de desejo, de saudade e de amor. Pois só Deus sabe o quanto eu amo esse homem. Em seguida ele se aproximou, voltando a me beijar com volúpia e paixão, suas mãos corriam pelo meu corpo, a fim de, relembrar cada canto, cada pedaço de minha pele. Entrelacei minhas pernas em seu quadril, trazendo-o para mais perto, me trazendo um desejo alucinado. Seus beijos desceram para meu colo, enviando as tão conhecidas correntes elétricas, enquanto ele retirava meu sutiã, libertando meus seios, que agora estavam mais voluptuosos. No mesmo instante fiquei tensa, mas Jake mais uma vez me fez esquecer-se de tudo a minha volta quando tomou posse do que já era seu, ele brincava com meus seios, acariciando um enquanto beijava e mordiscava o outro me levando ao delírio. Fazendo-me abraça-lo mais forte arranhando suas costas. Mordi meu lábio inferior e cerrei os olhos diante de tanto prazer.
- Jake! – gemi. – Ah! Como eu senti falta de seus toques, seus beijos...
Jake nada disse, apenas voltou a me encarar. Ele não precisava dizer nada, seus olhos já me diziam tudo, mesmo magoado, dizia o quanto ele também sentia minha falta, o quanto ainda se perguntava o porquê de eu ter ido. Mesmo querendo que ele mais uma vez me fizesse sua, eu sabia que ele merecia uma resposta. Acariciei seu rosto, que agora parecia calmo e sereno. Ele parecia querer guardar aquele momento, assim como eu.
- Sinto muito por te fazer sofrer tanto. E...eu não queria que nada daquilo tivesse acontecido. Eu te amo, Jake! Te amo mais que tudo.
Ele poderia até não sentir mais o mesmo por mim, mas eu ainda o amava e precisava dizer, precisa que ele soubesse.
O senti ficar tenso sobre mim. Seus olhos se fecharam se desconectando dos meus. O medo de que ele me deixasse se fez novamente presente, meu coração já batia a mil por hora, minha respiração era irregular, meu peito subia e descia numa velocidade além do normal. Eu não podia me descontrolar. Eu precisava me acalmar. Pensei nele, naquele por quem eu ainda lutaria, mesmo que tudo pudesse estar perdido.
- Por que me deixou? Por que? Eu te amava tanto...
Saí de meus devaneios quando ouvi a voz rouca, que sempre me trazia confiança e segurança. Eu senti naquelas palavras o quanto o magoei, o quanto o feri.
- Eu não queria te deixar, mas...
- Não diga que foi preciso, não diga. Pois qualquer que tenha sido o motivo, nós poderíamos ter dado um jeito.
Ele se afastou. Seu semblante era duro e ele estava furioso. Não era mais o Jake que a pouco me tomava em seus braços me fazendo acreditar que ainda sentia algo por mim, ele novamente colocara a sua máscara. Aquela mesma máscara que mais uma vez me afastava do homem que eu amava.
‘Mas desta vez ele saberia a verdade, ele tinha que saber.’
Voltei a colocar minha blusa e fui até ele, que agora se encontrava próximo a janela. Ele ainda estava rígido e eu soube que não seria nada fácil.
- Não vou dizer que precisava partir, mas naquele dia eu achei que me afastar seria o melhor para você.
- Se afastar seria o melhor? – Ele ironizou e se virou para mim. Seu sorriso de lado me mostrava que ele já formava uma opinião sobre o motivo que me levou a deixá-lo e que seria complicado fazê-lo acreditar em mim.
- Por favor, me deixe explicar. – implorei e faria o impossível para que ele ao menos escutasse.
- Você me machucou muito, ! Não sei se quero saber. Não sei em que, isso poderia mudar o que foi feito. – ele disse se retirando logo em seguida, com passos firmes e decididos.
Ele já havia feito uma escolha e eu não fazia mais parte dela. O vi se distanciar pegando sua blusa e partindo. Não consegui dizer nada, ele estava certo, eu poderia ter ficado e enfrentado tudo junto dele, mas fui covarde. Dei-me por vencida e o abandonei.
A dor que eu estava sentindo agora era pequena diante da que eu merecia, por ter sido tão estúpida. Deixei-me cair ao lado da cama e o único som ouvido eram os meus soluços. Eu o tinha perdido. Tinha afastado o único homem que me fazia feliz, o único capaz de me fazer feliz.
Mas, não poderia deixá-lo ir sem realmente saber o que houve, está na hora de lhe contar a verdade. Levantei-me apressadamente e corri em sua direção, nada me importava mais do que fazê-lo me ouvir. Saí batendo a porta atrás de mim. A noite estava fria e já dava sinais de que voltaria a chover. Olhei ao meu redor e não o via em lugar nenhum.
“Não vou me dar por vencida, eu vou te encontrar, nem que seja a última coisa que eu faça.”
Continuei andando até sua casa, ele provavelmente não estaria lá, mas eu tinha que tentar. Então o vi andando em direção a praia. Apressei meus passos até ele.
- JAKEEE!! – gritei. Ele se virou me encarando, mas voltou a caminhar.
Corri mais do que minhas pernas suportavam, mas o alcancei. Fazendo-o se virar em minha direção.
- Já disse que não quero ouvir nada. Não quero saber de mais nada que venha de você. Acabou, ! ACABOU!! – ele exclamou furioso.
- Não! Não acabou até você me escutar. – disse também furiosa. Eu havia sim errado, mas reconheci e estou arrependida de tê-lo abandonado. Jake teria que me ouvir, por bem ou por mal.
Ele passou as mãos pelos cabelos em um gesto claro de nervosismo.
- Você já teve três meses para me contar o que é que seja. Agora é tarde demais para se desculpar.
- Nunca é tarde demais! Sei que errei, mas estou aqui e quero que você ao menos, me escute. – indaguei carinhosamente. – Não estou pedindo para que voltemos Jake, sei que você encontrou um novo caminho, mas, por favor, me deixe falar.
Dizer aquelas palavras me machucavam tremendamente, mas sabia que eram a mais pura verdade. Ele mesmo havia me dito, acabando de vez com qualquer sonho de que voltaríamos a estar juntos.
- Você tem razão. Encontrei mesmo outro caminho e nada me fará mudar de idéia. Então vamos lá... diga o motivo que a fez me abandonar faltando uma semana para o nosso casamento, diga o que te fez ir sem nem ao menos ter a decência de dizer o porquê do adeus. – suas palavras saíram duras e cheias de ironia.
Suspirei juntando a coragem que precisava para voltar aquele fatídico dia e contar-lhe tudo o que havia acontecido.
- Eu fui ao médico naquele dia buscar os resultados dos exames que eu tinha feito. Você sabia sobre isso. – ele assentiu e eu continuei – Bom, o resultado daquele exame não foi o que eu esperava. – senti o nó se formar em minha garganta. Fechei meus olhos e me forcei a encarar a realidade. – Eu... eu iria morrer, Jake. Os exames diagnosticaram que eu tinha leucemia e... e para acabar de vez com todas as minhas expectativas, meus sonhos e forças. Era um tipo raro e mortal. Não tinha chances nenhuma de escapar com vida.
Soltei num rompante. Abri meus olhos fitando seu olhar negro. Ele parecia em choque, aflito...
- Eu...
- Me deixe terminar. – disse interrompendo-o. Abracei meu próprio corpo, a fim de, me proteger daquelas lembranças tão dolorosas. Segui em direção ao mar, ele estava calmo e então me deixei levar pelo barulho das ondas. Ouvir aquele som me acalentava e dava-me a força que eu precisava. – Saí daquele consultório arrasada. Nada mais me fazia sentido e eu só pensava em como você ficaria. Então cometi a maior burrada da minha vida. Te deixei! – falei sabendo que ele estava ouvindo.
- Por que? Não entendo. Eu ficaria ao seu lado, te daria o apoio que precisava. Você não precisaria passar por tudo sozinha. Você tinha a mim.
Ele agora estava ao meu lado, observando cada movimento meu. Suas palavras eram verdadeiras e eu sabia disso.
- Eu sei! – ele me olhou incrédulo – E, por isso, me afastar parecia a melhor alternativa. Eu sempre soube que você não me abandonaria se soubesse, mas não queria que sofresse me vendo morrer dia após dia. Pois era isso que aconteceria. Eu definharia e a última coisa que poderia agüentar era te ver definhar ao meu lado. Isso eu não permitiria. Você sempre foi tudo para mim. Era o meu Sol, minha vida. E você precisava viver, precisava seguir sem mim. Mesmo que isso me machucasse.
Jake me olhava apreensivo e sem esperar, senti seus braços envolverem meu corpo, num abraço quente e acolhedor. Apoiei minha cabeça no vão de seu pescoço inalando seu doce aroma. Ali sempre foi o meu abrigo e Jake sempre fora o meu alicerce. Ele me aconchegou mais em seu abraço. Deixei as lágrimas descerem, limpando os vestígios daquele dia que foi minha perdição.
- Eu só queria que você continuasse. Eu sabia que você sofreria, mas logo encontraria alguém e seguiria em frente. – desvencilhou-se do meu abraço, mas não se afastou. Com o polegar limpou minhas lágrimas.
- Eu nunca conseguiria seguir sem você. – afirmou encarando meu olhar. – Somos um só, esqueceu?!
- Não! Não esqueci. – indaguei me lembrando do dia em que me entreguei a ele pela primeira vez, o dia em que ele me fez mulher, sua mulher. E que nos tornamos um só, de corpo e alma. – Nunca me esqueceria do dia mais feliz de minha da minha vida, o dia em que você foi meu e eu fui sua. O dia em que nos entregamos pela primeira vez, nos tornando um só.
Podia sentir meus olhos brilharem com a lembrança, assim como os de Jake brilhavam. Não podia negar, o nosso amor era real e não importa os enganos, a distância ou o orgulho, nada apagaria esse sentimento.
- Por isso digo que foi a maior burrada que cometi. O meu amor por você me fez cometer o mais ridículo e doloroso erro. E você não sabe o quanto foi difícil te deixar, quando o que eu queria e precisava no momento era ficar, estar ao seu lado.
- Mas, você se foi e conseguiu ficar todo esse tempo longe. – Ele retirou sua mão de minha face, dando-me as costas.
Dava para perceber o quanto ele se encontrava confuso e o quanto ainda estava magoado comigo. Não o condeno. O destino foi muito cruel conosco. Mas agora tudo havia se esclarecido e ele nos dava mais uma chance de recomeçar.
- Eu só consegui, pois havia perdido temporariamente a memória.
- Co...como assim? – perguntou voltando-se a mim. – Você não se lembrava de nada? Por quê? O que aconteceu ? O que mais aconteceu? – ele estava desesperado e fazia uma pergunta atrás da outra.
- Calma! Eu vou te contar tudo. Foi para isso que eu voltei pra te contar o que realmente aconteceu naquele dia e nos últimos três meses. – Jacob assentiu e então continuei.
“Estava decidida a ir, mas primeiro fui até seu pai. Ele sabia que eu tinha ido ao médico e eu precisava me abrir com alguém. Ele foi o escolhido, afinal, confiava nele como em meu próprio pai. Contei-lhe tudo. Ele não ficou nem um pouco feliz com minha escolha, mas aceitou com tanto que eu o mantivesse informado e que procurasse o Dr. Cullen.”
- Meu pai sabia de tudo? – interrogou-me com fúria – Ele sempre soube e não me disse nada?
Jake ficara nervoso, mexendo constantemente em seu cabelo e andando com passos firmes de um lado para outro.
- Jake! A culpa foi minha, eu pedi para que ele não falasse nada. Foi uma decisão minha, desculpe!
- Mesmo assim. Ele viu o meu estado, ele deveria SIM ter me contado.
- Ele tentou, mas Embry disse que você se afastou de todo mundo, inclusive de Billy. Você também poderia ter evitado tanta dor se não tivesse afastado todo mundo que te ama. – vociferei.
- Hã?! Agora a culpa é minha? Foi você quem me deixou e impediu meu pai de me contar a verdade. A culpa é toda sua. – acusou-me, vindo em minha direção.
- Verdade! Não vou negar que a maior culpada de tudo isso sou eu. Mas você também poderia ter evitado muita coisa se não fosse tão imaturo e não tivesse fugido. – retruquei encarando aqueles olhos negros e hipnotizantes.
Ele parecia ponderar minhas palavras e com um suspiro concordou com tudo o que foi dito.
- Tem razão fui um imaturo. Estava cego de ódio e dor, não permiti a aproximação de ninguém. Nem mesmo de meu pai. Fui um grande tolo. – aproximei-me dele acariciando seu rosto.
- Você não foi tolo. O destino é que não foi nada gentil conosco.
- Mas como você sabia que eu... eu havia fugido.
- Embry! – Jake me olhava incrédulo, então continuei. – Quando saí de sua casa, estava transtornada e acabei desmaiando no cam...
- Como?! – Ele gritou apavorado – Droga, eu fui um idiota! Meu pai tinha razão não deveria ter dito aquilo. Você está bem? Ahhh, , me desculpe!! Eu fui um ogro com você...eu...
- Ei! Está tudo bem! – exclamei o tranqüilizando, já que ele estava totalmente desesperado e fora de si. – Não aconteceu nada comigo, Jake. Embry me encontrou, quando estava perdendo os sentidos. Levou-me para sua casa, onde ele e sua mãe cuidaram de mim. Foi ele que me disse o que havia acontecido com você durante esses meses.
- E o que aconteceu com você durante esse tempo? Como você perdeu a memória?
Ele perguntou ansioso por saber as respostas. Suspirei iniciando meu pesadelo.
“Fui para Washington como seu pai havia me dito. Procurei por Charlie, no dia seguinte. Ele conseguiu uma consulta para dois dias depois com o Dr. Cullen, pois ele estava em uma conferência e só voltaria naquele dia. Quando chegou o dia, eu estava cheia de esperanças, e com uma saudade imensa de você, mas tudo acabou quando ele leu os meus exames e mais uma vez me vi com a vida por uma fio. Não fiquei mais no consultório, saí sem rumo e vaguei sem direção. Fui encontrada por uma senhora chamada Sarah. Havia perdido minhas memórias recentes, apenas me lembrava de meu nome e algumas imagens de meu passado iam e viam em minha mente sem que eu conseguisse identificar. Sarah cuidou de mim, deixando-me ficar em sua casa durante dois meses.”
“Foi quando eu comecei a sentir enjôos e tontura, então fui levada ao hospital, onde voltaram a me fazer exames e descobriram que eu estava...”
- ! Eu... – Ele me interrompeu – Não precisa... Não precisa continuar, eu vou cuidar de você agora, nada nem ninguém me afastará de você. Eu não vou te deixar. – ele disse abraçando-me logo em seguida. Sentia suas lágrimas molharem minha blusa.
- Não vou morrer Jake. – afirmei em meio a lágrimas, ele se afastou sem desviar os olhos dos meus. – foi tudo um amargo engano. O exame não era meu, ele foi trocado no laboratório.
Surpreso, ele se afastou de mim ficando de costas.
- Humpft!! Então tudo não passou de um erro médico... todo esse sofrimento... toda essa dor...
Deixou-se cair sentado sobre a areia, encolhendo as pernas e apoiando sua cabeça com as mãos. Ele parecia transtornado e vê-lo daquele jeito era agonizante.
- Preciso ficar sozinho. Hoje foi um dia e tanto, você deve estar cansada da viagem e eu tenho muito que pensar agora. – em seu tom de voz estava claro que ele não me queria por perto.
Eu podia sentir a confusão em que ele se encontrava, mas tentar consertar as coisas agora só pioraria a situação. Jake precisava de um tempo para assimilar tudo e quem sabe entender que eu não fugi, apenas fui vítima de um erro. Um erro que levou a uma péssima escolha.
- Tudo que aconteceu, foi devido a esse equívoco. Não vou me justificar... eu só queria que você soubesse. Eu nunca te deixaria. Você sempre foi e sempre será o amor da minha vida. – indaguei com a voz embargada pelo choro incansável.
Jake não se pronunciou, então entendi que ele queria e precisava ficar sozinho. Virei-me e segui em direção a minha casa. Meu coração estava mais aliviado por, enfim, ter conseguido contar-lhe o que havia acontecido, mas eu sabia que teria que arcar com as conseqüências. Se eu não tivesse ido embora, hoje eu seria a senhora Black e nada nos separaria.
Cheguei em casa e a primeira coisa que fiz foi me deitar, Jake tinha razão, o dia foi cheio e longo. Abracei meu lobo, dado por Jake em meu último aniversário, queria poder estar abraçando o corpo viril e caloroso do meu moreno, mas isso não iria mais acontecer. Ele iria se casar com outra, ele agora não era mais meu. As lágrimas rolavam teimosas, molhando meu travesseiro, até que o sono se fez presente livrando-me da minha cruel realidade.
Despertei com uma dor aguda em meu ventre. Isso não poderia estar acontecendo, eu não posso perdê-lo também, não é justo.
Curvei-me diante de tanta dor, eu precisava de ajuda. Tateei a mesinha ao lado da cama, derrubando os objetos que se encontravam em meu caminho, até encontrar meu celular, disquei o primeiro número que encontrei.
A dor aumentava a cada segundo, mas parecia que o destino não queria conspirar ao meu favor. O telefone de Embry tocava insistente, mas ninguém atendia.
- Droga! Eu não vou te perder também, não vou, não posso. – murmurei entre dentes, não agüentava mais tanta agonia.
Desliguei trêmula e voltei a tentar um novo número, desta vez tinha que dar certo.
- O que você quer? Você fez sua escolha e mesmo que tenha sido feita baseada num terrível engano, você preferiu me manter longe. Então siga o seu caminho e me deixe em paz. – ouvi a voz dura de Jake do outro lado da linha, mas não me importei. Eu precisava de sua ajuda.
- Jake! Jake por favor... eu ... eu preciso de ajuda...eu não estou...
Não consegui dizer mais nada, minha voz foi sumindo, assim como minha consciência.
A vida é vivida de momentos de alegrias, tristezas, perdas e aprendizagem.
Vivi as mais intensas alegrias ao lado de meus amigos, que eram mais que amigos, eles eram minha verdadeira família. Ao lado de Jake fui a menina doce, meiga e carinhosa, mas também ao seu lado me tornei a mulher sedutora, amiga e companheira, a sua mulher.
No momento crucial de minha vida, conheci a tristeza... o medo... não por mim, mas pelas pessoas que amo.
E por medo, perdi. Perdi o único homem que amei em toda minha vida, o único capaz de me fazer feliz.
E quando achei que não poderia perder mais nada, que já havia perdido tudo, a vida me mostra o quanto eu estava enganada.
- Ela vai ficar bem, não vai doutor? – despertei ao ouvir a voz cansada e angustiada de Billy.
Estava tão cansada... parecia que eu tinha feito uma faxina durante horas. Tentei abrir meus olhos para descobri onde eu estava, mas minha vista estava pesando toneladas.
Com quem será que Billy está falando e de quem? O cheiro característico de hospitais me levou a recordar da dor intensa que senti e da ligação que havia feito.
Então foi como montar um doloroso quebra-cabeças. Meu coração disparou, abri meus olhos e percebi o que eu temia. Eu estava em um hospital. E isso só poderia significar uma coisa.
- Meu filho! – gritei, levando minhas mãos até meu ventre. As lágrimas rolavam pela minha face. – Meu filho, não, por favor!
- , por favor, se acalme! – o médico veio até mim me fazendo deitar.
- Por favor, diga que eu não perdi o meu bebê. Eu não posso perdê-lo... não posso. – supliquei.
- Infelizmente, eu... eu não pude fazer nada. Sinto muito! Quando você chegou aqui, era tarde demais.
A dor era sufocante demais. Eu o tinha perdido, eu não consegui trazer meu filho a vida. Não consegui impedir que me tirassem a única coisa que ainda me restava. Não tinha mais nada.
- Vou deixá-los sozinhos, qualquer coisa me chamem. – o médico disse lançando-me um olhar piedoso e gentil. Saindo logo em seguida.
Senti um toque suave em minha mão, segurando forte. Olhei em sua direção e vi Billy, que com sua outra mão tocou em minha fronte. Fechei os olhos instantaneamente, deixando as lágrimas rolarem.
- Sinto muito, ! Eu não sei o que dizer...
- Não diga nada, Billy. – murmurei o interrompendo. – Isso é tudo culpa minha, se eu não tivesse ido embora, eu... eu...
- Ei! , não diga isso nem de brincadeira. Você não tem culpa de nada, era para ter sido assim, esse bebê já cumpriu o dever dele. Ele te trouxe de volta. – Billy falou.
- Como você sabe que voltei por causa dele? – perguntei o encarando – Eu não contei a ninguém que estava grávida, somente Embry sabia... ahhh, claro, só poderia ter sido. – sacudi a cabeça dando-me por vencida.
- Foi ele sim.
- E como eu vim parar aqui? – indaguei sentindo as lágrimas descerem insistentemente. Lembrei-me da ligação e da dureza com que Jake me tratou.
- Ehhhh!!! Jake ficou desesperado quando você pediu ajuda e logo em seguida o telefone ficou mudo. Ele então saiu desesperado para sua casa e lá te encontrou desacordada caída próxima a cama, com o celular ao lado.
- O..o Jake me encontrou? – interroguei incrédula, ele me tratou tão mal que eu julguei que ele me queria longe de sua vida.
- Sim! Por que o espanto?
- Não é nada. Tem razão. O fato dele me odiar não significa que ele me queira morta.
- Jake não a odeia, . Ele só está confuso e agora ele...
- Ele me acha uma mentirosa. Já que não contei a ele sobre nosso filho.
- Ele realmente não está feliz, ele ficou bem abatido...
Billy foi interrompido por batidas na porta, que nos fizeram olhar em sua direção na mesma hora. E logo depois se abriu revelando Leah e Embry. Sorri melancolicamente. E instantes depois senti os braços delicados e fortes de minha amiga circularem meu corpo.
Como eu senti falta de seus carinhos. Deixei-me levar e chorei tudo o que estava acumulado em meu interior. Eu precisava daquele ombro amigo e sabia que podia contar com meus irmãos. Eu sabia que não estava sozinha.
- Minha amiga, eu sinto tanto! Mas estaremos com você sempre. Nós te amamos, ! – Leah se pronunciou olhando em meus olhos.
- Dói tanto!! Ele era meu porto seguro. Foi por ele que eu voltei e lutei. Foi por causa dele que eu saí do estado de choque em que me encontrava, que voltei a me lembrar de tudo. Esse pequeno ser que crescia aqui dentro – disse apontando para minha barriga – me ensinou a lutar, a enfrentar os obstáculos que a vida me impôs e graças à ele, eu descobri que eu... eu não estava doente.
- !! – Embry se sentou do meu outro lado, abraçando-me em seguida – Baixinha, nós sabemos o que essa criança significava para você. E quando eu soube o milagre que ele fez, me senti grato por ele ter feito parte de sua vida. Foi por pouco tempo, mas ele fez o que nenhum de nós foi capaz de fazer. Ele te mostrou que não se pode fugir do destino e que precisamos seguir em frente, precisamos confiar nas pessoas que amamos, pois somente elas nos darão a força que precisamos.
- Embry tem razão! Essa criança veio para te mostrar que você não estava sozinha. Ela cumpriu seu objetivo, filha. E agora você está aqui de novo, tendo a oportunidade de uma nova chance. – Billy disse me fazendo virar em sua direção e sorri em agradecimento.
Ajeitei-me sentando entre Leah e Embry, segurando em ambas as mãos, após secar minhas lágrimas, olhando para cada um deles e por último me prendi em Billy. Eles tinham razão, aquele pequeno ser era mesmo um pequeno grande milagre e tinha feito maravilhas.
- Eu... eu agradeço por vocês terem me aceitado de volta depois de ter causado tanto sofrimento. Eu não queria em nenhum momento trazer tanta dor.
- Você não foi a única culpada . Todos nós tivemos nossa parcela nesse contratempo. Eu também não deveria ter deixado você ir, não deveria ter omitido seu paradeiro quando Jake chegou transtornado em minha casa, depois de horas sem notícias suas. – ele suspirou cansado – Eu também contribuí para tanto sofrimento, me desculpe.
Desci da cama sobre os protestos de Leah e Embry, mas eu sabia como o Billy deveria estar se sentindo e sabia que ele não tinha culpa de nada. Foi um erro humano, o causador de tanta desgraça, um erro médico que desencadeou todos os outros erros. Errar é de nossa natureza, afinal somos meros humanos e só cabe a nós reconhecer o erro e se arrepender.
Abracei o Billy fortemente à procura de consolo, ali em seus braços eu me sentia segura e eu sabia que ele mesmo se fazendo de forte também precisava de apoio. Afinal, havíamos perdido muito nesse caminho tortuoso.
Billy e Embry me fizeram voltar para a cama, eles ainda ficaram um bom tempo comigo no hospital. Como eu havia feito a curetagem, precisaria passar esse dia aqui.
Quando me vi sozinha é que percebi o quanto era grande a dor que estava sentindo. Meu filho era a única coisa que ainda me restava do homem que amo, a única coisa que ainda me mantinha em pé desde que eu soube que ele já não me amava mais. Virei-me para o canto da cama e deixei que as lágrimas caíssem levando com elas um pouco de tanto sofrimento. Queria tanto que ele estivesse aqui comigo. Que me dissesse que tudo ficaria bem. Mas Jake não estava e pelo visto nunca mais estará. Eu nunca mais teria meu porto seguro, nunca mais teria onde me aconchegar e esquecer todos os meus sonhos ruins. Havia jogado fora a minha grande chance de ser feliz.
Acabei adormecendo com a imagem de Jake e nosso filho brincando na praia de First Beach. Uma imagem que nunca iria se concretizar.
Despertei sentindo toques suaves e quentes em minha face. Fazendo-me acreditar que eu ainda só poderia estar sonhando, pois aquele toque macio e o perfume amadeirado que invadia minhas narinas, só poderiam ser de uma pessoa e ela deve me odiar agora.
- Eu sinto tanto, pequena. – escutei a voz rouca e embargada de Jake. Eu só poderia estar imaginando, mas a voz era tão nítida.
Abri meus olhos e virei-me em sua direção encontrando sua face cansada, olheiras profundas e já não havia mais aquele brilho intenso em seus olhos negros. Meu peito se comprimiu diante do Jake que estava a minha frente. Ele estava sofrendo tanto ou mais que eu, afinal, ele havia acabado de descobrir que seria pai e perdeu o filho no mesmo dia. Ele não pôde nem curtir a idéia ou se quer fazer planos, assim como eu.
Sem me importar com minhas dores, lancei-me contra ele num abraço sufocante. Não precisamos dizer nada, as palavras eram desnecessárias. Só precisávamos um do outro, do cheiro capaz de inebriar e nos acalentar, da pele quente de nossos corpos passando segurança e nos aconchegando num abraço mútuo onde nos sentíamos amparados e abrigados.
- Eu não queria que isso tivesse acontecido, pequena... eu..eu fui um idiota. – ele disse, nos afastando e acariciando minha face.
- Você não fez nada Jake. – falei enquanto secava suas lágrimas – Eu queria tanto ter tido tempo de te contar. Perdoa-me! Eu devia ter te contado mesmo você não querendo saber.
- Eu fui um imaturo. Por ódio e vingança, acabei matando o nosso filho. Se eu não tivesse te tratado daquele jeito grosso e estúpido, se eu tivesse ao menos te dado a oportunidade de falar, nós não estaríamos aqui. – ele disse enfurecido.
- Ei, ei!! – o interrompi levando minhas mãos em seu rosto e o fazendo me olhar. – Você só estava magoado. Você só agiu daquele jeito, pois não sabia a verdade. Você não é culpado Jake.
- Por que isso aconteceu conosco? – disse segurando minhas mãos entre as suas e apoiando nossas cabeças – Nós estaríamos juntos, curtindo a nossa família, curtindo o nosso primeiro de muitos outros filhos que teríamos.
- Isso é uma coisa que está além do nosso querer. Eu só sei que se tivesse uma chance de voltar no tempo, eu voltaria e te deixar seria a última coisa que eu faria. – falei olhando intensamente suas esferas negras. – O nosso filho pode não estar mais entre nós, mas ele cumpriu o seu papel. Graças a ele, recuperei minha memória e lutei para trazê-lo ao mundo, foi quando descobri que tudo não passara de um amargo engano, e por fim, voltei decidida a lutar por você, por nós, mas acho que cheguei tarde demais. Perdi você e perdi o nosso filho.
Uma lágrima desceu de meus olhos, me fazendo fechá-los. Eu não conseguia me imaginar sem ele ao meu lado. E a dor era sufocante. Senti seus lábios quentes em minha face secando o rastro de meu choro contido. Abri meus olhos deparando-me com seu rosto próximo demais do meu.
- Você nunca me perderia pequena! Pois sou teu para sempre. – ele sussurrou em meu ouvido, fazendo um arrepio delicioso descer por minha espinha.
- Mas, você disse... Você disse que... – tentei dizer, mas fui impedida por seus lábios que tomaram os meus de forma avassaladora.
E como sempre, eu me perdia em seus braços, era uma sensação única, onde nada mais no mundo importava. Éramos um só. Minha mão foi para sua nuca segurando em seus cabelos negros e sedosos, o trazendo para mais perto de mim. Enquanto uma de suas mãos apertava levemente meu pescoço a outra segurava firme em minha cintura. Nossas línguas se entrelaçavam, brincavam e degustavam o gosto doce do nosso amor.
Separamos-nos ofegantes e com um sorriso no rosto.
- Eu nunca deixei de te amar, ! – Jake murmurou com nossas testas ainda unidas e com sua mão em meu rosto – Eu não sei como tive coragem para mentir para você.
- Você... você mentiu? – perguntei nos afastando e ainda mantendo nos olhos fixos.
- Eu não estou noivo e nunca poderia amar outra pessoa, pois você é única para mim, ! Desculpe-me por ter dito aquilo tudo para você... eu...eu apenas me deixei levar pela mágoa, pela vontade de te fazer sofrer o tanto que eu sofri quando me deixou.
- Mas, eu... eu pensei que...
- Que eu te odiava. – assenti – Eu nunca te odiei. Eu só não entendia o motivo que a afastou de mim. Nós sempre nos amamos tanto. Sempre confiamos um no outro e de repente... tudo desmoronou e eu não tinha idéia do que poderia ter acontecido.
- Eu sinto muito...
- Shhh! Nós sentimos. Eu também errei com você, mas agora eu entendo os seus motivos. E nunca mais a deixarei, quero ter você para sempre ao meu lado. – ele segurou em minhas mãos, fazendo meu coração parar e voltar a bater acelerado. – Quero que você seja minha, Sullivan, hoje, amanhã e sempre.
- Jake!! – disse com a voz embargada – Eu... te amo tanto. Eu também quero e muito estar junto de você. Eu nunca mais o abandonarei, pois esse foi o meu maior erro. Eu deveria ter te contado, teríamos evitado tanta coisa... Saber que você ainda me ama... me faz renascer de novo. Quero sim ter você para sempre ao meu lado. Amo-te Jake, mais do que a mim mesma. E vou te amar por toda a minha vida e além.
Sorri e nos entregamos mais uma vez ao nosso amor. Entregamos-nos aos beijos que sempre nos fazia sair de órbita, que expressavam mais do que as palavras o que sentíamos.
Já não esperava ser tão feliz como estava sendo nesse instante. Um amargo engano me tirou a felicidade de estar nos braços daquele que amo, me fez cometer o erro de deixá-lo, de abandonar o nosso sonho, o nosso futuro juntos. Mas por obra do destino, um milagre em forma de anjo me foi dado, então nada mais me faria desistir. Lutei, voltei para onde nunca deveria ter saído e perdi, mas essa perda me trouxe de volta o grande amor da minha vida. Um amor maior que tudo e que nem o tempo e nem a distância foi capaz de apagar.
- Te amo, Jake! – sorri ainda próxima aos seus lábios.
- Te amo mais, pequena! – retribuiu o sorriso, com aquele riso iluminado capaz de aquecer e reconfortar.
Então tive a certeza de que agora nada mais nos afastaria. Nosso filho cumpriu seu destino e agora nós cumpriríamos o nosso. Aprendemos com nossos erros e com as escolhas que fizemos durante o percurso. Estávamos juntos e assim enfrentaríamos qualquer obstáculo na busca da nossa felicidade.
Só de pensar que me afastei por nada, a dor da distância parece ter dobrado de tamanho. Ele com certeza deve estar me odiando depois de tê-lo abandonado sem dizer nem ao menos adeus, e ainda por cima, faltando apenas uma semana para o nosso casamento. Droga! Eu não deveria ter vindo.
- ! – escutei a voz firme e inebriante de Billy Black, o pai de Jake.
Eu estava parada em frente a casa vermelha simples e aconchegante, onde passei grande parte de minha vida e sem sombra de dúvida, os melhores momentos também. Havia acabado de chegar de Washington, deixei minhas malas em casa e fiz o que deveria ser feito, encarar a realidade e reencontrar a minha outra cara metade. Meu coração que já estava acelerado, devido ao encontro que estava por vir, conseguiu a proeza de dobrar as batidas freneticamente. ‘Calma , você precisa se manter calma, principalmente agora’. Recitava como um mantra a cada passo que dava.
Virei-me para Billy, que vinha em minha direção com um sorriso sereno e os olhos marejados. Sorri de volta e não pude controlar as lágrimas que já teimavam em descer. ‘Quanta saudade eu senti!’ Billy era o único que sabia sobre minha partida e o verdadeiro motivo que me levou a tomar aquela fatídica decisão, decisão essa que poderia mudar nossas vidas completamente. Afinal, três meses sem nenhum tipo de contato ou explicação plausível, não eram três dias. Como não poderia deixar de ser, ele me apoiou mesmo que isso significasse sofrimento a ele e ao filho.
- Não acredito que está aqui, você...você está vi...
- Sim! Eu estou viva e bem. – respondi já encurtando a distância que estava entre nós e lhe abraçando. – estou viva Billy, viva!!!
Afastei-me, mas ainda segurava em suas mãos. Em seu olhar vi o quanto estava surpreso com minha aparição repentina, mas também havia a felicidade por me ver de volta e acima de tudo esbanjando saúde.
- Você tem muito a me contar mocinha. – repreendeu-me com o dedo em riste e encarando meu olhar. Enxugou seus olhos e virou em direção a casa. – está esperando o quê? Ande! Quero saber tudo o que aconteceu com você todos esses meses em que fiquei sem notícias suas.
Ainda fiquei em dúvida se deveria entrar. Não sabia se Jake estava lá e mesmo louca para revê-lo, ainda tinha receio de sua reação, afinal, eu havia cometido a grande burrada de deixá-lo.
- ! Venha logo, antes que eu vá até aí te buscar. – ele disse parando próximo a porta e girando sua cadeira em minha direção.
- Billy, eu, eu...
- Ei! Jake não está. Ele provavelmente está com Ren... quer dizer com o Embry. – sua voz saiu trêmula e percebi o quão nervoso ele havia ficado, não sei, mas ele parecia me esconder algo.
Ao mesmo tempo em que foi um alívio saber que ele não estava, senti também uma angústia, um nó se formava em meu peito. Tinha algo errado. Eu sentia que logo teria que encarar as conseqüências de meu ato. Apenas dei um pequeno sorriso e o segui para dentro de casa.
A casa continuava a mesma de sempre, apenas uma coisa me chamou a atenção, uma foto em que estávamos eu e Jake em nossa formatura. As mãos de Jake circulavam em minha cintura, minha cabeça repousava em seu peito e sorríamos. Éramos tão felizes. Por que aquilo tinha acontecido comigo, com a gente? Peguei a foto que estava na mesinha de centro, ele não se desfez dela. Sorri. Ainda o amo tanto.
- Pronta?! – assustei-me com a voz de Billy, estava tão entretida com as lembranças que não me dei conta de que ele estava ali, esperando respostas.
Billy sabia que eu havia ido ao médico na manhã daquele dia, eu mesma havia lhe contado, pois pensava que seria somente alguns simples exames. Amargo engano.
Flash Back
- Você não quer que eu vá com você , ou posso chamar a Emily para te acompanhar. Você com certeza se sentirá mais a vontade com uma mulher ao seu lado, não é mesmo?
Billy tinha razão, uma amiga nessas horas seria de grande ajuda, além de ser uma boa companhia, já que eu não tinha ninguém. Meus pais faleceram quando eu ainda era uma menina e eu vivia com minha tia Dolores, mas ela não era aquela pessoa agradável de conviver, dei graças a deus quando, enfim, completei a maioridade. Com o dinheiro que meus pais me deixaram e que, eu já podia tomar posse, comprei uma casa simples que ficava bem próxima a casa do Jake. Era pequena, confortável, possuía um jardim que eu mesma cuidava e estava ficando a nossa cara, já que era ali que viveríamos.
- Não precisa Billy, são somente alguns exames de rotina, não há necessidade de incomodá-la e, além disso, quero passar na Sue e ver o meu vestido. – Meu sorriso logo apareceu.
Despedi-me de meu sogro e segui radiante até o hospital. Era nítida a minha felicidade, em apenas alguns dias seria chamada de Black. Iria me casar com Jacob Black o garoto de pele morena, olhos de um negro intenso e sorriso estonteante. Eu o amava mais que a mim mesma e foi devido a esse intenso amor que o deixei, logo após a amarga notícia que recebi no consultório.
Eu não queria e não podia acreditar no que o médico tinha me dito naquele hospital, mas os exames estavam ali para me martirizar. Fui diagnósticada com Leucemia Mielóide Crônica (LMC). A leucemia mielóide crônica (LMC) é um dos quatro tipos de leucemia existentes e é bastante rara. É um distúrbio hematológico (do sangue) no qual há uma produção excessiva de glóbulos brancos imaturos (leucócitos) que se caracteriza pela presença de células anormais, e pelo que parece, essa doença me dava apenas 40 % de chances de sobreviver se eu tivesse sido diagnosticada há tempo, mas infelizmente, ela já tomava conta de toda minha medula óssea. De acordo com os médicos minhas chances eram mínimas.
Meu mundo desabou. Tudo o que eu sonhei, toda a minha felicidade estava escorrendo pelos meus dedos como água. Saí dali sem destino, a única coisa em que eu pensava era nele. Jacob, como ele ficaria? Como eu contaria a ele que logo eu não estaria mais aqui ao seu lado.
Avistei a pracinha e me deixei cair sob os pés de uma das árvores, a vida poderia ser tão cruel ás vezes... Há algumas horas eu era a mulher mais feliz do mundo. Ia me casar com o homem que amo e que me ama também. Quantas mulheres têm essa benção? E agora, recebo a notícia de que talvez não chegue nem a ver o meu próprio casamento. Isso não era justo, mas quem disse que a vida é justa?! Fechei os olhos com força, balançando a cabeça, tentando dissipar aquele pesadelo, mas eu sabia que seria inútil.
Fiquei ali durante horas até tomar a mais difícil de todas as minhas escolhas, a que me afastaria do grande amor da minha vida. Mesmo sofrendo, não queria vê-lo sofrendo junto, não queria que ele me visse definhar até a morte. Se dependesse de mim, ele nunca saberia que eu estava com os dias contados. Eu iria embora, me distanciaria assim ele só se lembraria da menina romântica, divertida, serena, às vezes um pouco mandona e até egoísta, mas que sempre esteve ao seu lado. Ele sofreria com meu abandono, mas logo me esqueceria e poderia encontrar alguém. Alguém que o acalentasse e o fizesse feliz, pois eu não poderia, não mais.
Levantei-me e fui pra casa, onde arrumei uma pequena mala. Peguei meu passaporte, documentos e saí, deixando para trás os momentos mais felizes de minha vida. Suspirei e segui para a casa de Jake, ele ainda não estaria lá, pois se encontrava na oficina, que ele montou junto com Embry e Quil, dois grandes amigos nossos. Jake era fascinado por carros e era ótimo em consertá-los, por isso era o melhor. Só de lembrar dele a dor já me sufocava. Cheguei aos prantos na casa de Billy, que me recebeu com um forte abraço, mesmo não sabendo o motivo de meu sofrimento.
Contei-lhe tudo. Ele ficou chocado e, assim como eu, transtornado. O tempo todo ficou abraçado a mim, deixando-me desabafar e dando-me o aconchego e a segurança que precisava naquele instante. Depois de algum tempo desvencilhei-me do seu abraço, sequei meus olhos e contei meus planos. Quando viu minhas malas e teve a certeza de que eu iria mesmo embora, sua feição se transformou em desespero. Ele não queria aceitar minha decisão, não queria que eu fosse, não queria me deixar sozinha e muito menos que abandonasse seu filho. Eu o entendia, mas era para o bem de Jake. E estava disposta a tudo.
- Você não precisa ir , vamos a outro médico, faremos novos exames. Jake precisa saber, ele te ama e deve estar ao seu lado nesse momento. Fugir não é e nunca será a solução.
- Eu sei Billy, mas... mas eu não quero que ele me veja morrendo dia após dia. Ele merece viver. E se ele estiver ao meu lado, sua vida será um tormento. Não quero que ele passe por isso. Não quero que ele me veja sem vida. Quero que sua última lembrança comigo, seja a que tivemos hoje ao acordarmos juntos. Quero que ele sempre se lembre dos nossos beijos e principalmente o que trocamos hoje pela manhã quando ele saiu para o trabalho, a nossa despedida. É assim que eu quero que ele se recorde de mim.
Billy mesmo relutando acabou aceitando que eu fosse, mas eu tinha que mantê-lo informado e prometer que procuraria outro diagnóstico. Recomendou-me um de seus amigos em Washington e esse me levaria a alguém que era especialista no assunto. Carlisle Cullen, um dos melhores médicos dessa área.
Aceitei sua condição, pois também queria que isso tudo fosse um tremendo engano e que logo esse pesadelo acabasse. Faria todos os exames de novo, assim que fosse possível, e mesmo tudo sendo verdade, eu lutaria com todas as forças para voltar pro Jake, para o meu Jake. Mas só voltaria quando pudesse, enfim, continuar vivendo a seu lado.
- Eu vou voltar! Você vai ver. – tentei ser o mais convincente possível – Só cuide dele para mim. Não permita que ele faça nenhuma besteira. Diga que eu o amo mais que tudo e que sempre, sempre vou estar com ele. Mesmo depois de...
- Ei! Você não vai morrer , não vai! E tenho certeza de que voltará mais cedo do que pensa. Amo-te, , você é como uma filha para mim e só estou deixando que vá, por que sei o quanto estar sozinha nesse momento é importante para você, mas se precisar é só ligar e estarei lá no mesmo segundo. Cuide-se e volte! Pois estaremos te esperando.
Abracei-o mais uma vez e o fiz prometer que cuidaria do Jacob.
Peguei minha mala e me dirigi ao táxi que estava a minha espera, já que Billy fez questão de chamar um, pois o crepúsculo já se aproximava.
Da janela acenei dando adeus, adeus não, até breve a todos os instantes mágicos que ali passei. Momentos intensos e maravilhosos junto das pessoas que amo e junto daquele que me tirava do eixo, que sempre fazia meus dias mais felizes, mais vívidos. Junto do meu sol!!! Não sei o que me esperava, mas sei que de um jeito ou de outro eu estaria aqui para cuidar e proteger a minha alma gêmea.
Fim do Flash Back
Depositei o porta-retrato na mesinha e sentei-me no sofá de frente para Billy, que esperava ansioso por minhas argumentações. Respirei fundo juntando a coragem para lhe contar sobre os três meses em que estive longe.
- ! Você sabe que pode confiar em mim, não sabe? – sua mão pegou a minha, me fazendo encará-lo e encontrar em seus olhos a segurança que precisava para enfrentar meu erro do passado e tentar começar um novo futuro.
- Eu sei! E foi por isso que vim. Você foi o único para quem eu contei e eu só tenho a agradecer por não ter contado ao Jake. Você é como um pai para mim e sei o quanto foi difícil ter que ocultar de seu filho o meu paradeiro e o motivo que me levaram a partir.
- Realmente não foi nada fácil esconder de Jake, mas fiz porque eu entendia seus motivos, mesmo eles sendo errados e egoístas. Mas eu pedi que me mantivesse informado do lugar onde estaria e como você estava. Por que não ligou? Por que não cumpriu sua parte no acordo? Você não sabe a preocupação que fiquei quando não recebi mais nenhuma notícia sua. E já estava me preparando para ir atrás de você, mesmo sem ter idéia de onde estava, pois Charlie informou-me que depois de sua consulta nunca mais a vira.
Agora eu via o quanto não ter notícias minhas o havia afetado, Billy estava tenso, angustiado e não era para menos. Eu o fiz mentir para o Jake e não cumpri com minha promessa. E tudo graças a mais um grande golpe do destino, que mais uma vez se colocava entre nós.
- Eu... eu sinto muito Billy! Mas eu posso explicar.
- Então explique! – seu tom de voz era suave, mas forte e firme.
- Bem, eu.... – fechei meus olhos deixando com que as lembranças aos poucos voltassem. – Eu fui até seu amigo Charlie Swan, assim que cheguei a Washington, queria acabar logo com aquele pesadelo. Dois dias depois ele conseguiu uma consulta com o Dr. Carlisle. – minhas mãos suavam e meu coração já batia mais descompassado só de me lembrar de suas palavras naquele dia.
- Ele verificou meus exames atentamente e... – não agüentei e me levantei ficando de costas para Billy, as lágrimas desciam pela minha face. Não era nada fácil me recordar do piores momentos de minha vida.
- Continue ! Estou aqui para te escutar e te ajudar, como sempre fiz e farei.
Sequei meu rosto e voltei a encará-lo. Ele merecia saber de tudo e eu contaria.
- Dr. Carlisle, assim como o Dr. Adam, viu que eu não tinha chances de sobreviver. A doença estava ceifando minha vida a cada segundo.
Suspirei pesadamente, a fim de reunir forças para continuar. Billy estava atento a todos os meus movimentos e eu percebia o quão preocupado e temeroso ele ficava a cada nova informação.
“Você deve imaginar como fiquei. – sorri tristemente – não quis saber de mais nada, saí do consultório transtornada, ainda o escutei dizendo para eu voltar e fazer novos exames, mas minha cabeça naquele instante estava pesada e eu só queria sair dali. Lembro-me de vagar horas sem rumo, mas era assim mesmo que eu me sentia, sem direção, sem esperança e sem nada. Estava em choque! Completamente fora de mim.”
“Fui encontrada a quilômetros dali, por uma senhora. Não tinha consciência do que estava acontecendo em minha volta. Era como se só o meu corpo estivesse presente. Eu via tudo, escutava e até sentia o que estava ao meu redor, mas não conseguia pronunciar nada, nem uma palavra ou reação.”
“A mulher que me amparou se chamava Sarah, assim como...” – o vi ficar admirado e surpreso.
- Minha Sarah! – Sorri e assenti.
- Sim! E ela cuidou de mim como pôde mesmo não me conhecendo e não sabendo o que estava acontecendo comigo. Fiquei em sua humilde casa durante dois meses. Não me lembrava o que tinha acontecido comigo e o motivo pelo qual estava andando sem destino certo. Sabia o meu nome e imagens iam e viam como flashes em minha mente. Sabia que as pessoas que eu via eram importantes, mas não sabia o porquê. Fazia minhas refeições, ajudava a Sarah no que podia. Ela, mesmo sem saber nada sobre mim, apenas o meu nome, parecia que me conhecia como ninguém. Sempre me dizia palavras de conforto, palavras que me enchiam de paz e me faziam querer viver mais e mais. Aprendi muito com aquela mulher simples e com um coração imenso.
“Eu havia perdido a noção de tempo e espaço, era como se eu não quisesse me recordar e só de forçar qualquer pequena memória, uma dor invadia minha alma e era insuportável. Então parava de lutar contra e continuava o meu caminho. Eu estava vivendo. Vivendo ao lado de uma senhora, a qual eu não tinha a mínima idéia de quem seria e o motivo pelo qual estaria me ajudando. Mas ela não se importou e abrigou-me em seu lar, me dando comida, roupa e um lugar quente e confortável para ficar.”
“Um dia, levantei passando muito mal, e o mal estar se repetiu durante uma semana, junto com tonturas e sonolência. A Sarah ficou apavorada e acabou me levando até o hospital mais próximo. Onde fui atendida por um médico que estava de plantão, ele fez os exames necessários e então foi diagnosticado que eu estava...”
O barulho da porta se abrindo fez com que eu parasse. Minha respiração tornou-se irregular e meu coração já sabia o que estava por vir, pois ele sempre sabe quando o seu dono está por perto, fazendo-me perder o ar e qualquer tipo de razão.
- O QUÊ VOCÊ ESTÁ FAZENDO NA MINHA CASA?
Meu peito se comprimiu diante de seus gritos furiosos, a voz que outrora me fazia tremer de expectativa, de desejo, agora só transmitia a intensidade de sua mágoa. E era tudo culpa minha, só minha. Eu temia o que encontraria assim que me virasse para encará-lo, então por extinto cerrei meus olhos. Um bolo se formou em minha garganta, queria tanto que aquilo fosse somente um sonho ruim.
Mesmo temendo sua reação, obriguei-me a encará-lo, virei lentamente em sua direção, pronta para voltar a vê-lo, mesmo sabendo que ele me odiava. Eu queria ver de novo o brilho de seus olhos, seu sorriso radiante, eu queria voltar a ver o meu Jake.
- Jake! – sussurrei ao encontrá-lo parado em frente a porta, em seu olhar onde tanto encontrei paz, amor, carinho e aconchego. Agora tudo o que eu via era dor, angústia e ódio.
Meus olhos marejaram. Eu nunca pensei que me depararia com tanta repulsa vinda do único homem que amei, amo e sempre amarei. E isso era pior que a morte, aquele olhar, aquele semblante duro e agressivo, me machucavam mais do que saber que eu estava com os dias contados. Pois Jake era tudo para mim, se eu o perdesse, se ele não me quisesse mais ao seu lado, eu sinceramente não saberia como continuar.
- Eu não quero que pronuncie mais esse apelido, pra você é Jacob Black. – ele disse desviando de meus olhos e andando de um lado para o outro. Era nítido o quanto estava tenso e agitado. – aliás, quero você bem longe da minha vida. Você não me deixou? Então o que está fazendo aqui?
Ele então parou se voltando para mim. Não conseguia dizer nada. As palavras se perderam diante do Jake que estava a minha frente.
- Jake pare com isso! Você só está magoado. Deixe a se expli... – Billy tentou acalmá-lo, mas Jake estava fora de si.
- MAGOADO?! – ele protestou interrompendo Billy e dando dois passos em minha direção. Ele se encontrava tão próximo, que eu podia sentir sua respiração em minha face, seu aroma amadeirado emergindo de sua pele, me deixando inebriada, como sempre. – E como você acha que eu deveria estar? Ela me abandonou, fugiu, faltando apenas uma semana para o nosso casamento. Agora você me diz que eu não deveria me sentir assim?
Ele disse baixo, mas em bom tom. Ele me dizia tudo aquilo face a face e eu sentia toda a sua fúria. Fiquei com tanto receio, que desviei meus olhos e ameacei me afastar, mas senti suas mãos em meus braços, impedindo que eu me distanciasse.
- Jake! Eu... eu posso explicar! – balbuciei
- Por quê? Por que fugiu? – nessa hora ainda vislumbrei o olhar de meu Jake, ele ainda estava ali, machucado, mas estava. E aquele fio de esperança encheu meu coração.
- Eu precisei ir...
- Ahhh!! Sim claro! Você precisou ir. – ele disse me interrompendo, o sarcasmo estava explícito em suas palavras.
- Jake! Deixe a falar. Você não quer saber os motivos dela ter te deixado, então saiba escutar. – Billy bradou. Jake me soltou, mas não se afastou.
- Não! Não quero saber! – ele falou calmamente, me deixando surpresa e amedrontada. Fiquei estática sem saber o que fazer, Jake tinha um sorriso cínico nos lábios.
- Como assim, não quer saber? – Billy falou vindo até mim.
- Não me importa mais. – essas palavras foram certeiras, se ele pretendia acabar de vez comigo, ele estava no caminho certo – Você, Sullivan, não me interessa mais, você morreu no dia em que me deixou. – levei a mão aos lábios e com a outra protegi meu ventre, eu estava perdendo o meu alicerce, estava perdendo a pessoa que me ensinou a amar, a viver, aquele que com apenas um sorriso alegrava todo o meu dia. – Sabe de uma coisa? – ele deu um sorriso de canto dos lábios e um arrepio frio percorreu minha espinha. – Estou noivo e ela não me abandonará no altar, não como você fez.
- No...no..noivo?! – gaguejei.
As lágrimas já teimavam em sair, minhas mãos e meu corpo se encontravam gelados, estava trêmula e sentia que o ar já faltava em meus pulmões.
- Sim! Noivo! E vamos nos casar o mais rápido possível. Não há porque esperar, nos amamos e isso é o que importa.
Aquilo foi a gota d’água que faltava, o meu mundo foi abaixo. Olhei em seus olhos, a fim de encontrar qualquer resquício de mentira, mas ele desviou o olhar. Eu não queria escutar mais nada, queria ir embora o mais rápido possível.
- Ehhh, a...adeus Billy!! – disse virando para o homem que era meu segundo pai. Ele parecia chocado com o que o filho acabara de dizer, mas não disse nada, apenas me olhou com preocupação e assentiu.
- Jak... Quer dizer, Jacob eu sinto muito! Eu não queria que nada daquilo tivesse acontecido... Eu... Eu...
Não terminei a frase, apenas abaixei a cabeça e saí dali o mais rápido que pude. Não queria que ele visse minhas lágrimas, não queria que ele visse o quanto saber que ele amava outra me feria profundamente. Já era noite e a chuva constante em La Push já caía, molhando-me por completo, eu corria em direção a minha casa. As lágrimas e a chuva embaçavam a minha visão e de repente senti um mal estar, uma tontura, minhas pernas bambearam, por extinto decidi sentar-me, escutei a voz de Embry ao fundo me chamando e depois não vi e nem ouvi mais nada, a escuridão se fez presente.
Despertei com o cheiro forte de álcool, minha vista aos poucos ia se acostumando com a claridade. Pisquei tentando apressar o processo, e encontrei os olhos de Embry sobre mim.
- Que bom que acordou. Fiquei preocupado, como você se sente?
- A..acho que bem. Como eu vim parar aqui? – perguntei querendo desfazer a confusão em que me encontrava.
- Te vi correndo e você não parecia estar bem. Depois você parou, gritei seu nome, mas ao invés de me responder você desmaiou. Corri até você e te trouxe para minha casa.
- Eu caí? – perguntei angustiada, ergui-me e levei minhas mãos ao ventre.
- Sim! Mas por sorte você caiu sobre a grama, não digo nem que você caiu, pois antes você se sentou e depois se inclinou para trás. Parecia que você já sabia que iria perder os sentidos.
Assenti, lembrando vagamente do ocorrido e ficando mais aliviada ao saber que não tinha caído. Aconcheguei-me na cabeceira da cama e pus-me a observá-lo. Como senti falta do meu melhor amigo.
Embry continuava o mesmo, moreno, olhos castanhos escuros como a noite, cabelos negros, lisos e bagunçados, assim como todo garoto Quileute. Seu semblante era sério e preocupado. Encontrava-se sentado na beira da cama, onde eu estava. Olhei em volta e percebi que estava em seu quarto.
- E quem me trocou? – perguntei assustada, ao observar que as roupas que usava, não eram as minhas.
- Não se preocupe, minha mãe pegou uma roupa de Leah e vestiu-lhe. Você não poderia ficar molhada, afinal, você tomou uma senhora chuva. – riu da minha cara de assustada, por ter pensado que ele havia me trocado. Acabei rindo junto.
- Onde está a Leah? – perguntei após observar que não havia nenhum barulho que denunciasse a presença de mais alguém na casa.
- Está na casa de Sue. A chuva apertou e ela ficou ajudando na preparação do jantar de aniversário de Seth. E minha mãe provavelmente está na cozinha preparando algo pra você.
- É verdade!! Já estava me esquecendo que amanhã é o aniversário dele. – sorri mesmo que no fundo eu quisesse chorar.
- Pois é! Mas não parece que foi só o aniversário dele que você se esqueceu, não é? – recriminou-me.
Levantei e fui até a janela de vidro, a chuva ainda estava forte. Senti Embry se aproximar e colocar as mãos em meus ombros, me passando confiança.
Ele era como um irmão para mim e eu sempre soube que poderia contar com ele para tudo.
- Vou te contar tudo, chega de bancar a egoísta sabichona, mas prepare-se, pois será uma longa conversa. – disse indo até a cama onde me sentei e bati ao meu lado indicando para que ele se sentasse.
- Tenho toda a noite, pelo visto a chuva vai demorar. – sorrimos como nos velhos tempos. E então me pus a contar tudo o que havia acontecido.
Havia contado tudo ao Embry, que agora encontrava-se em frente a janela com o olhar perdido no firmamento, que nesse instante estava limpo, sem estrelas, sem nuvens carregadas. A lua nova encontrava-se brilhante e iluminava a escuridão da noite.
- É tão difícil acreditar que tudo não passou de um engano. Eu vi meu irmão se acabando . – murmurou dirigindo-se a mim. – Dia após dia, o Jacob morria um pouco. Naquele dia, quando chegamos e ele não te encontrou, Jake ficou transtornado, passou a noite toda atrás de você, atrás de alguma pista. Só sossegou, quando Billy contou-lhe que você tinha deixado a cidade. Então, depois disso meu irmão deixou de sorrir, fechando-se para o mundo. Ele achou que tinha sido abandonado, fugiu e só voltou um mês depois, nos deixando preocupados e com o coração na mão, por pensar que ele poderia fazer alguma loucura.
“Voltou agressivo e se negando a falar sobre você. Quase não fala com ninguém, somente o essencial no trabalho. Com Billy é a mesma coisa. Eles pouco se falam e quando Billy tentava conversar, ele ficava furioso, saía batendo a porta e só voltava altas horas da manhã. Billy então parou de tentar qualquer contato com ele, ficou apenas cuidando do filho de longe.”
“Por isso acho que ele conseguiu manter a promessa que fez a você. – deu um sorriso sem dentes.”
- Eu... eu não sabia. – uma lágrima desceu pela minha face. Embry se aproximou abraçando-me logo em seguida. – Eu não queria causar esse sofrimento a ele, Emb. Não queria!
- Shhh!! Eu sei! Agora eu sei! E está na hora dele saber também. Você não acha?! - Afastei-me e olhando em seus olhos fiz somente o que era o certo. Assenti!
- Você tem razão. Só não sei como fazer para contar a ele, já que o mesmo não quer me ver nem pintada de ouro. – suspirei cansada – E também tem a noiva dele. – falei entre dentes.
- Noiva? Que noiva? – perguntou.
- A noiva dele! Não sei quem é e também não tenho curiosidade nenhuma em saber, mas ele fez questão de jogar na minha cara, que a ama e vai se casar logo.
Só de pensar na voz de Jake dizendo essas palavras a outra mulher. Era uma tortura.
- Eu não... – ele começou a falar, mas batidas na porta o interromperam. Ao abrir, Tiffany, mãe de Embry, entrou com uma bandeja recheada com uma deliciosa refeição.
- Trouxe o jantar, você deve estar com fome . E precisa se alimentar bem para que não desmaie de novo, você teve sorte de ter sido o Embry a te encontrar. – A senhora Tiffany era uma mulher e tanto, cuidou sozinha do filho. Embry tinha o maior orgulho da mãe e não era para menos, pois ela foi uma heroína.
Ela apenas deixou a comida na cabeceira da cama e se retirou.
Tiffany tinha razão, eu tive muita sorte por ter sido Embry a me encontrar.
- Você está bem ?
- Hã... ah, sim, claro! – respondi saindo de meus devaneios. – Que horas são? – perguntei, indo até a cabeceira e pegando o prato. Eu estava faminta e agora eu não poderia me dar ao luxo de ficar sem comer.
- São exatamente onze horas. Por quê? Você não está pensando em ir pra casa a essa hora, sozinha, não é?!
- Claro que vou! A chuva já passou e ainda tenho muito que fazer por lá, deixei minhas coisas jogadas na sala e fui direto para a casa do Jake.
- Nem pensar que vou te deixar sair assim.
Ergui levemente minhas sobrancelhas, sinal evidente de que não acreditava no que ele me dizia. Mas Embry se manteve com a mesma postura autoritária e com isso pude deduzir que ele falava sério.
- Não sou mais criança Emb, sei muito bem o caminho e meu lar não fica longe daqui, é só virar a esquina.
- Eu sei que você sabe ir direitinho para casa. – afirmou como se estivesse falando com um garotinha da educação infantil. Aff!!! Ele sabia como me irritar. – Mas, nas suas reais condições e depois de ter desmaiado na rua, acho que você nem deveria estar discutindo comigo. Você vai para casa, mas eu vou com você, pronto!
Revirei os olhos e assenti, afinal, não tinha com o que argumentar. Terminei o jantar que estava divinamente delicioso, fui até a cozinha, onde o lavei e sequei os talheres, mesmo com Embry dizendo que não precisava. A senhora Call já havia se retirado para dormir, então agradeci ao Embry.
Peguei minha roupa e Embry me acompanhou até minha casa.
- Está entregue. Qualquer coisa você sabe o meu telefone, ligue a qualquer hora. – Ele me abraçou fortemente – Se cuida baixinha e saiba que apesar de tudo o que aconteceu, eu sei o quanto você ama o Jake, tenho certeza que tudo vai se resolver.
- Obrigada, Emb! Obrigada por cuidar dele quando eu não pude. E mesmo sabendo que ele me odeia – ri sem humor – farei o possível para concertar, nem que seja um pouco, o estrago que fiz.
- Sei que sim! Tchau, baixinha! – olhou para mim sorrindo e se despediu, dando-me um casto beijo em minha testa e se retirando.
- Tchau, grandão!
Suspirei e virei-me para a casa de madeira, branca e simples a minha frente. As imagens vieram como avalanches. Fechei meus olhos e deixei-me levar pelas lembranças. Como queria poder voltar no tempo e impedir-me de cometer a loucura de ir ao médico. Ainda podia sentir o seu abraço quente, o beijo amoroso e apaixonado que trocamos. Seu cheiro e sua voz rouca sussurrando o quanto me amava. Essa é a última lembrança que eu tenho antes de partir. A última em que o Jacob, ainda era o meu Jake. Abri os olhos e balancei a cabeça, a fim de afastar, aquelas memórias. Ele já não era mais meu.
Antes que começasse a chorar de novo, segui até a porta, a chave se encontrava no mesmo lugar, dentro de uma caixinha atrás de um pequeno vasinho de flor, ao pé da porta. Sorri, Jake havia dado essa idéia, assim ele sempre saberia como entrar em minha casa. Como se ele precisasse de artimanhas para entrar, a casa sempre foi dele, assim como eu.
Entrei, fechando a porta logo em seguida, apertei o interruptor ao lado da mesma, acendendo a luz. Pulei de susto quando me deparei com aqueles olhos negros hipnotizantes, não consegui falar nada, meu coração já batia descompassado, minha bolsa já se encontrava no chão, mas me negava a acreditar que Jacob Black estava ali, na minha frente.
- Jake!!! – murmurei o vendo se aproximar.
Ele nada falou e seus olhos não deixavam os meus. Senti-me como na primeira vez em que nos beijamos. ‘Seria sempre assim?’ Ele sempre me causaria o mesmo efeito, o mesmo frio na barriga, a sensação de estar no Pólo Norte? Pois o tremor já se manifestava mesmo depois de meses separados. ‘Pelo visto, parece que sim!’
Senti seu toque em minha face, acariciando minha pele, deixei-me levar pela carícia, fechei meus olhos aproveitando o momento em que ele voltava a ser meu. Sua respiração quente tocava meu rosto numa carícia muda.
- Senti tanto sua falta! – sussurrei, enquanto mirava seus olhos e me transportava para um mundo só nosso.
- Shhh! – silenciou-me com um dedo em meus lábios e segurando em minha cintura com a outra. – Só preciso saber que está aqui comigo, só preciso te sentir, ter você de novo em meus braços e ver que não estou sonhando.
Suas mãos foram para minha nuca, me levando para um beijo intenso, quente e cheio de saudade. Entreabri meus lábios reencontrando o meu caminho, a fonte inesgotável de meu amor, onde eu sempre me perdia e sinto o meu mundo girar.
Ergui minhas mãos enlaçando seu pescoço, unindo mais os nossos corpos, aquecendo-me na noite fria, sua boca deixou a minha e sem abandonar minha pele, percorreu todo o caminho depositando selinhos até meu colo, levando-me ao delírio.
Minhas mãos me guiavam por aquele corpo tão conhecido por mim e que tanto me fez falta. Os seus lábios então me deixaram, seus toques me abandonaram. Vi-me com medo de que ele tivesse caído em si, mas Jake mantinha seus olhos nos meus e antes que eu pronunciasse algo, voltou-se a mim pegando na bainha de minha blusa retirando-a com facilidade. Seus olhos se encontravam mais negros do que o natural.
- Continua linda!! – sorri ao saber que ele ainda me desejava.
Segurou em minha cintura, voltando a me beijar com paixão, nossas línguas entrelaçavam-se numa dança mística. Ele me ergue do chão, então laço-me sobre teu corpo, que sempre foi meu abrigo, chocando assim nossas intimidades, fazendo com que nós dois gemêssemos, ante ao nosso desejo.
Retirei sua blusa, enquanto minhas mãos passeavam pelo seu corpo, relembrando a sensação de ter aquele corpo forte sobre mim, me fazendo desejar todas as carícias. Jake mordiscava o lóbulo de minha orelha, levando-me a um novo universo. Só percebi que estávamos no quarto, quando senti a maciez do colchão sob meu corpo, estava totalmente perdida diante das sensações que o meu moreno me proporcionava e eu sabia que aquilo era só o começo.
Seu corpo me deixou, abri os olhos e vislumbrei o brilho nos olhos quentes de Jake que, assim como os meus brilhavam de desejo, de saudade e de amor. Pois só Deus sabe o quanto eu amo esse homem. Em seguida ele se aproximou, voltando a me beijar com volúpia e paixão, suas mãos corriam pelo meu corpo, a fim de, relembrar cada canto, cada pedaço de minha pele. Entrelacei minhas pernas em seu quadril, trazendo-o para mais perto, me trazendo um desejo alucinado. Seus beijos desceram para meu colo, enviando as tão conhecidas correntes elétricas, enquanto ele retirava meu sutiã, libertando meus seios, que agora estavam mais voluptuosos. No mesmo instante fiquei tensa, mas Jake mais uma vez me fez esquecer-se de tudo a minha volta quando tomou posse do que já era seu, ele brincava com meus seios, acariciando um enquanto beijava e mordiscava o outro me levando ao delírio. Fazendo-me abraça-lo mais forte arranhando suas costas. Mordi meu lábio inferior e cerrei os olhos diante de tanto prazer.
- Jake! – gemi. – Ah! Como eu senti falta de seus toques, seus beijos...
Jake nada disse, apenas voltou a me encarar. Ele não precisava dizer nada, seus olhos já me diziam tudo, mesmo magoado, dizia o quanto ele também sentia minha falta, o quanto ainda se perguntava o porquê de eu ter ido. Mesmo querendo que ele mais uma vez me fizesse sua, eu sabia que ele merecia uma resposta. Acariciei seu rosto, que agora parecia calmo e sereno. Ele parecia querer guardar aquele momento, assim como eu.
- Sinto muito por te fazer sofrer tanto. E...eu não queria que nada daquilo tivesse acontecido. Eu te amo, Jake! Te amo mais que tudo.
Ele poderia até não sentir mais o mesmo por mim, mas eu ainda o amava e precisava dizer, precisa que ele soubesse.
O senti ficar tenso sobre mim. Seus olhos se fecharam se desconectando dos meus. O medo de que ele me deixasse se fez novamente presente, meu coração já batia a mil por hora, minha respiração era irregular, meu peito subia e descia numa velocidade além do normal. Eu não podia me descontrolar. Eu precisava me acalmar. Pensei nele, naquele por quem eu ainda lutaria, mesmo que tudo pudesse estar perdido.
- Por que me deixou? Por que? Eu te amava tanto...
Saí de meus devaneios quando ouvi a voz rouca, que sempre me trazia confiança e segurança. Eu senti naquelas palavras o quanto o magoei, o quanto o feri.
- Eu não queria te deixar, mas...
- Não diga que foi preciso, não diga. Pois qualquer que tenha sido o motivo, nós poderíamos ter dado um jeito.
Ele se afastou. Seu semblante era duro e ele estava furioso. Não era mais o Jake que a pouco me tomava em seus braços me fazendo acreditar que ainda sentia algo por mim, ele novamente colocara a sua máscara. Aquela mesma máscara que mais uma vez me afastava do homem que eu amava.
‘Mas desta vez ele saberia a verdade, ele tinha que saber.’
Voltei a colocar minha blusa e fui até ele, que agora se encontrava próximo a janela. Ele ainda estava rígido e eu soube que não seria nada fácil.
- Não vou dizer que precisava partir, mas naquele dia eu achei que me afastar seria o melhor para você.
- Se afastar seria o melhor? – Ele ironizou e se virou para mim. Seu sorriso de lado me mostrava que ele já formava uma opinião sobre o motivo que me levou a deixá-lo e que seria complicado fazê-lo acreditar em mim.
- Por favor, me deixe explicar. – implorei e faria o impossível para que ele ao menos escutasse.
- Você me machucou muito, ! Não sei se quero saber. Não sei em que, isso poderia mudar o que foi feito. – ele disse se retirando logo em seguida, com passos firmes e decididos.
Ele já havia feito uma escolha e eu não fazia mais parte dela. O vi se distanciar pegando sua blusa e partindo. Não consegui dizer nada, ele estava certo, eu poderia ter ficado e enfrentado tudo junto dele, mas fui covarde. Dei-me por vencida e o abandonei.
A dor que eu estava sentindo agora era pequena diante da que eu merecia, por ter sido tão estúpida. Deixei-me cair ao lado da cama e o único som ouvido eram os meus soluços. Eu o tinha perdido. Tinha afastado o único homem que me fazia feliz, o único capaz de me fazer feliz.
Mas, não poderia deixá-lo ir sem realmente saber o que houve, está na hora de lhe contar a verdade. Levantei-me apressadamente e corri em sua direção, nada me importava mais do que fazê-lo me ouvir. Saí batendo a porta atrás de mim. A noite estava fria e já dava sinais de que voltaria a chover. Olhei ao meu redor e não o via em lugar nenhum.
“Não vou me dar por vencida, eu vou te encontrar, nem que seja a última coisa que eu faça.”
Continuei andando até sua casa, ele provavelmente não estaria lá, mas eu tinha que tentar. Então o vi andando em direção a praia. Apressei meus passos até ele.
- JAKEEE!! – gritei. Ele se virou me encarando, mas voltou a caminhar.
Corri mais do que minhas pernas suportavam, mas o alcancei. Fazendo-o se virar em minha direção.
- Já disse que não quero ouvir nada. Não quero saber de mais nada que venha de você. Acabou, ! ACABOU!! – ele exclamou furioso.
- Não! Não acabou até você me escutar. – disse também furiosa. Eu havia sim errado, mas reconheci e estou arrependida de tê-lo abandonado. Jake teria que me ouvir, por bem ou por mal.
Ele passou as mãos pelos cabelos em um gesto claro de nervosismo.
- Você já teve três meses para me contar o que é que seja. Agora é tarde demais para se desculpar.
- Nunca é tarde demais! Sei que errei, mas estou aqui e quero que você ao menos, me escute. – indaguei carinhosamente. – Não estou pedindo para que voltemos Jake, sei que você encontrou um novo caminho, mas, por favor, me deixe falar.
Dizer aquelas palavras me machucavam tremendamente, mas sabia que eram a mais pura verdade. Ele mesmo havia me dito, acabando de vez com qualquer sonho de que voltaríamos a estar juntos.
- Você tem razão. Encontrei mesmo outro caminho e nada me fará mudar de idéia. Então vamos lá... diga o motivo que a fez me abandonar faltando uma semana para o nosso casamento, diga o que te fez ir sem nem ao menos ter a decência de dizer o porquê do adeus. – suas palavras saíram duras e cheias de ironia.
Suspirei juntando a coragem que precisava para voltar aquele fatídico dia e contar-lhe tudo o que havia acontecido.
- Eu fui ao médico naquele dia buscar os resultados dos exames que eu tinha feito. Você sabia sobre isso. – ele assentiu e eu continuei – Bom, o resultado daquele exame não foi o que eu esperava. – senti o nó se formar em minha garganta. Fechei meus olhos e me forcei a encarar a realidade. – Eu... eu iria morrer, Jake. Os exames diagnosticaram que eu tinha leucemia e... e para acabar de vez com todas as minhas expectativas, meus sonhos e forças. Era um tipo raro e mortal. Não tinha chances nenhuma de escapar com vida.
Soltei num rompante. Abri meus olhos fitando seu olhar negro. Ele parecia em choque, aflito...
- Eu...
- Me deixe terminar. – disse interrompendo-o. Abracei meu próprio corpo, a fim de, me proteger daquelas lembranças tão dolorosas. Segui em direção ao mar, ele estava calmo e então me deixei levar pelo barulho das ondas. Ouvir aquele som me acalentava e dava-me a força que eu precisava. – Saí daquele consultório arrasada. Nada mais me fazia sentido e eu só pensava em como você ficaria. Então cometi a maior burrada da minha vida. Te deixei! – falei sabendo que ele estava ouvindo.
- Por que? Não entendo. Eu ficaria ao seu lado, te daria o apoio que precisava. Você não precisaria passar por tudo sozinha. Você tinha a mim.
Ele agora estava ao meu lado, observando cada movimento meu. Suas palavras eram verdadeiras e eu sabia disso.
- Eu sei! – ele me olhou incrédulo – E, por isso, me afastar parecia a melhor alternativa. Eu sempre soube que você não me abandonaria se soubesse, mas não queria que sofresse me vendo morrer dia após dia. Pois era isso que aconteceria. Eu definharia e a última coisa que poderia agüentar era te ver definhar ao meu lado. Isso eu não permitiria. Você sempre foi tudo para mim. Era o meu Sol, minha vida. E você precisava viver, precisava seguir sem mim. Mesmo que isso me machucasse.
Jake me olhava apreensivo e sem esperar, senti seus braços envolverem meu corpo, num abraço quente e acolhedor. Apoiei minha cabeça no vão de seu pescoço inalando seu doce aroma. Ali sempre foi o meu abrigo e Jake sempre fora o meu alicerce. Ele me aconchegou mais em seu abraço. Deixei as lágrimas descerem, limpando os vestígios daquele dia que foi minha perdição.
- Eu só queria que você continuasse. Eu sabia que você sofreria, mas logo encontraria alguém e seguiria em frente. – desvencilhou-se do meu abraço, mas não se afastou. Com o polegar limpou minhas lágrimas.
- Eu nunca conseguiria seguir sem você. – afirmou encarando meu olhar. – Somos um só, esqueceu?!
- Não! Não esqueci. – indaguei me lembrando do dia em que me entreguei a ele pela primeira vez, o dia em que ele me fez mulher, sua mulher. E que nos tornamos um só, de corpo e alma. – Nunca me esqueceria do dia mais feliz de minha da minha vida, o dia em que você foi meu e eu fui sua. O dia em que nos entregamos pela primeira vez, nos tornando um só.
Podia sentir meus olhos brilharem com a lembrança, assim como os de Jake brilhavam. Não podia negar, o nosso amor era real e não importa os enganos, a distância ou o orgulho, nada apagaria esse sentimento.
- Por isso digo que foi a maior burrada que cometi. O meu amor por você me fez cometer o mais ridículo e doloroso erro. E você não sabe o quanto foi difícil te deixar, quando o que eu queria e precisava no momento era ficar, estar ao seu lado.
- Mas, você se foi e conseguiu ficar todo esse tempo longe. – Ele retirou sua mão de minha face, dando-me as costas.
Dava para perceber o quanto ele se encontrava confuso e o quanto ainda estava magoado comigo. Não o condeno. O destino foi muito cruel conosco. Mas agora tudo havia se esclarecido e ele nos dava mais uma chance de recomeçar.
- Eu só consegui, pois havia perdido temporariamente a memória.
- Co...como assim? – perguntou voltando-se a mim. – Você não se lembrava de nada? Por quê? O que aconteceu ? O que mais aconteceu? – ele estava desesperado e fazia uma pergunta atrás da outra.
- Calma! Eu vou te contar tudo. Foi para isso que eu voltei pra te contar o que realmente aconteceu naquele dia e nos últimos três meses. – Jacob assentiu e então continuei.
“Estava decidida a ir, mas primeiro fui até seu pai. Ele sabia que eu tinha ido ao médico e eu precisava me abrir com alguém. Ele foi o escolhido, afinal, confiava nele como em meu próprio pai. Contei-lhe tudo. Ele não ficou nem um pouco feliz com minha escolha, mas aceitou com tanto que eu o mantivesse informado e que procurasse o Dr. Cullen.”
- Meu pai sabia de tudo? – interrogou-me com fúria – Ele sempre soube e não me disse nada?
Jake ficara nervoso, mexendo constantemente em seu cabelo e andando com passos firmes de um lado para outro.
- Jake! A culpa foi minha, eu pedi para que ele não falasse nada. Foi uma decisão minha, desculpe!
- Mesmo assim. Ele viu o meu estado, ele deveria SIM ter me contado.
- Ele tentou, mas Embry disse que você se afastou de todo mundo, inclusive de Billy. Você também poderia ter evitado tanta dor se não tivesse afastado todo mundo que te ama. – vociferei.
- Hã?! Agora a culpa é minha? Foi você quem me deixou e impediu meu pai de me contar a verdade. A culpa é toda sua. – acusou-me, vindo em minha direção.
- Verdade! Não vou negar que a maior culpada de tudo isso sou eu. Mas você também poderia ter evitado muita coisa se não fosse tão imaturo e não tivesse fugido. – retruquei encarando aqueles olhos negros e hipnotizantes.
Ele parecia ponderar minhas palavras e com um suspiro concordou com tudo o que foi dito.
- Tem razão fui um imaturo. Estava cego de ódio e dor, não permiti a aproximação de ninguém. Nem mesmo de meu pai. Fui um grande tolo. – aproximei-me dele acariciando seu rosto.
- Você não foi tolo. O destino é que não foi nada gentil conosco.
- Mas como você sabia que eu... eu havia fugido.
- Embry! – Jake me olhava incrédulo, então continuei. – Quando saí de sua casa, estava transtornada e acabei desmaiando no cam...
- Como?! – Ele gritou apavorado – Droga, eu fui um idiota! Meu pai tinha razão não deveria ter dito aquilo. Você está bem? Ahhh, , me desculpe!! Eu fui um ogro com você...eu...
- Ei! Está tudo bem! – exclamei o tranqüilizando, já que ele estava totalmente desesperado e fora de si. – Não aconteceu nada comigo, Jake. Embry me encontrou, quando estava perdendo os sentidos. Levou-me para sua casa, onde ele e sua mãe cuidaram de mim. Foi ele que me disse o que havia acontecido com você durante esses meses.
- E o que aconteceu com você durante esse tempo? Como você perdeu a memória?
Ele perguntou ansioso por saber as respostas. Suspirei iniciando meu pesadelo.
“Fui para Washington como seu pai havia me dito. Procurei por Charlie, no dia seguinte. Ele conseguiu uma consulta para dois dias depois com o Dr. Cullen, pois ele estava em uma conferência e só voltaria naquele dia. Quando chegou o dia, eu estava cheia de esperanças, e com uma saudade imensa de você, mas tudo acabou quando ele leu os meus exames e mais uma vez me vi com a vida por uma fio. Não fiquei mais no consultório, saí sem rumo e vaguei sem direção. Fui encontrada por uma senhora chamada Sarah. Havia perdido minhas memórias recentes, apenas me lembrava de meu nome e algumas imagens de meu passado iam e viam em minha mente sem que eu conseguisse identificar. Sarah cuidou de mim, deixando-me ficar em sua casa durante dois meses.”
“Foi quando eu comecei a sentir enjôos e tontura, então fui levada ao hospital, onde voltaram a me fazer exames e descobriram que eu estava...”
- ! Eu... – Ele me interrompeu – Não precisa... Não precisa continuar, eu vou cuidar de você agora, nada nem ninguém me afastará de você. Eu não vou te deixar. – ele disse abraçando-me logo em seguida. Sentia suas lágrimas molharem minha blusa.
- Não vou morrer Jake. – afirmei em meio a lágrimas, ele se afastou sem desviar os olhos dos meus. – foi tudo um amargo engano. O exame não era meu, ele foi trocado no laboratório.
Surpreso, ele se afastou de mim ficando de costas.
- Humpft!! Então tudo não passou de um erro médico... todo esse sofrimento... toda essa dor...
Deixou-se cair sentado sobre a areia, encolhendo as pernas e apoiando sua cabeça com as mãos. Ele parecia transtornado e vê-lo daquele jeito era agonizante.
- Preciso ficar sozinho. Hoje foi um dia e tanto, você deve estar cansada da viagem e eu tenho muito que pensar agora. – em seu tom de voz estava claro que ele não me queria por perto.
Eu podia sentir a confusão em que ele se encontrava, mas tentar consertar as coisas agora só pioraria a situação. Jake precisava de um tempo para assimilar tudo e quem sabe entender que eu não fugi, apenas fui vítima de um erro. Um erro que levou a uma péssima escolha.
- Tudo que aconteceu, foi devido a esse equívoco. Não vou me justificar... eu só queria que você soubesse. Eu nunca te deixaria. Você sempre foi e sempre será o amor da minha vida. – indaguei com a voz embargada pelo choro incansável.
Jake não se pronunciou, então entendi que ele queria e precisava ficar sozinho. Virei-me e segui em direção a minha casa. Meu coração estava mais aliviado por, enfim, ter conseguido contar-lhe o que havia acontecido, mas eu sabia que teria que arcar com as conseqüências. Se eu não tivesse ido embora, hoje eu seria a senhora Black e nada nos separaria.
Cheguei em casa e a primeira coisa que fiz foi me deitar, Jake tinha razão, o dia foi cheio e longo. Abracei meu lobo, dado por Jake em meu último aniversário, queria poder estar abraçando o corpo viril e caloroso do meu moreno, mas isso não iria mais acontecer. Ele iria se casar com outra, ele agora não era mais meu. As lágrimas rolavam teimosas, molhando meu travesseiro, até que o sono se fez presente livrando-me da minha cruel realidade.
Despertei com uma dor aguda em meu ventre. Isso não poderia estar acontecendo, eu não posso perdê-lo também, não é justo.
Curvei-me diante de tanta dor, eu precisava de ajuda. Tateei a mesinha ao lado da cama, derrubando os objetos que se encontravam em meu caminho, até encontrar meu celular, disquei o primeiro número que encontrei.
A dor aumentava a cada segundo, mas parecia que o destino não queria conspirar ao meu favor. O telefone de Embry tocava insistente, mas ninguém atendia.
- Droga! Eu não vou te perder também, não vou, não posso. – murmurei entre dentes, não agüentava mais tanta agonia.
Desliguei trêmula e voltei a tentar um novo número, desta vez tinha que dar certo.
- O que você quer? Você fez sua escolha e mesmo que tenha sido feita baseada num terrível engano, você preferiu me manter longe. Então siga o seu caminho e me deixe em paz. – ouvi a voz dura de Jake do outro lado da linha, mas não me importei. Eu precisava de sua ajuda.
- Jake! Jake por favor... eu ... eu preciso de ajuda...eu não estou...
Não consegui dizer mais nada, minha voz foi sumindo, assim como minha consciência.
A vida é vivida de momentos de alegrias, tristezas, perdas e aprendizagem.
Vivi as mais intensas alegrias ao lado de meus amigos, que eram mais que amigos, eles eram minha verdadeira família. Ao lado de Jake fui a menina doce, meiga e carinhosa, mas também ao seu lado me tornei a mulher sedutora, amiga e companheira, a sua mulher.
No momento crucial de minha vida, conheci a tristeza... o medo... não por mim, mas pelas pessoas que amo.
E por medo, perdi. Perdi o único homem que amei em toda minha vida, o único capaz de me fazer feliz.
E quando achei que não poderia perder mais nada, que já havia perdido tudo, a vida me mostra o quanto eu estava enganada.
- Ela vai ficar bem, não vai doutor? – despertei ao ouvir a voz cansada e angustiada de Billy.
Estava tão cansada... parecia que eu tinha feito uma faxina durante horas. Tentei abrir meus olhos para descobri onde eu estava, mas minha vista estava pesando toneladas.
Com quem será que Billy está falando e de quem? O cheiro característico de hospitais me levou a recordar da dor intensa que senti e da ligação que havia feito.
Então foi como montar um doloroso quebra-cabeças. Meu coração disparou, abri meus olhos e percebi o que eu temia. Eu estava em um hospital. E isso só poderia significar uma coisa.
- Meu filho! – gritei, levando minhas mãos até meu ventre. As lágrimas rolavam pela minha face. – Meu filho, não, por favor!
- , por favor, se acalme! – o médico veio até mim me fazendo deitar.
- Por favor, diga que eu não perdi o meu bebê. Eu não posso perdê-lo... não posso. – supliquei.
- Infelizmente, eu... eu não pude fazer nada. Sinto muito! Quando você chegou aqui, era tarde demais.
A dor era sufocante demais. Eu o tinha perdido, eu não consegui trazer meu filho a vida. Não consegui impedir que me tirassem a única coisa que ainda me restava. Não tinha mais nada.
- Vou deixá-los sozinhos, qualquer coisa me chamem. – o médico disse lançando-me um olhar piedoso e gentil. Saindo logo em seguida.
Senti um toque suave em minha mão, segurando forte. Olhei em sua direção e vi Billy, que com sua outra mão tocou em minha fronte. Fechei os olhos instantaneamente, deixando as lágrimas rolarem.
- Sinto muito, ! Eu não sei o que dizer...
- Não diga nada, Billy. – murmurei o interrompendo. – Isso é tudo culpa minha, se eu não tivesse ido embora, eu... eu...
- Ei! , não diga isso nem de brincadeira. Você não tem culpa de nada, era para ter sido assim, esse bebê já cumpriu o dever dele. Ele te trouxe de volta. – Billy falou.
- Como você sabe que voltei por causa dele? – perguntei o encarando – Eu não contei a ninguém que estava grávida, somente Embry sabia... ahhh, claro, só poderia ter sido. – sacudi a cabeça dando-me por vencida.
- Foi ele sim.
- E como eu vim parar aqui? – indaguei sentindo as lágrimas descerem insistentemente. Lembrei-me da ligação e da dureza com que Jake me tratou.
- Ehhhh!!! Jake ficou desesperado quando você pediu ajuda e logo em seguida o telefone ficou mudo. Ele então saiu desesperado para sua casa e lá te encontrou desacordada caída próxima a cama, com o celular ao lado.
- O..o Jake me encontrou? – interroguei incrédula, ele me tratou tão mal que eu julguei que ele me queria longe de sua vida.
- Sim! Por que o espanto?
- Não é nada. Tem razão. O fato dele me odiar não significa que ele me queira morta.
- Jake não a odeia, . Ele só está confuso e agora ele...
- Ele me acha uma mentirosa. Já que não contei a ele sobre nosso filho.
- Ele realmente não está feliz, ele ficou bem abatido...
Billy foi interrompido por batidas na porta, que nos fizeram olhar em sua direção na mesma hora. E logo depois se abriu revelando Leah e Embry. Sorri melancolicamente. E instantes depois senti os braços delicados e fortes de minha amiga circularem meu corpo.
Como eu senti falta de seus carinhos. Deixei-me levar e chorei tudo o que estava acumulado em meu interior. Eu precisava daquele ombro amigo e sabia que podia contar com meus irmãos. Eu sabia que não estava sozinha.
- Minha amiga, eu sinto tanto! Mas estaremos com você sempre. Nós te amamos, ! – Leah se pronunciou olhando em meus olhos.
- Dói tanto!! Ele era meu porto seguro. Foi por ele que eu voltei e lutei. Foi por causa dele que eu saí do estado de choque em que me encontrava, que voltei a me lembrar de tudo. Esse pequeno ser que crescia aqui dentro – disse apontando para minha barriga – me ensinou a lutar, a enfrentar os obstáculos que a vida me impôs e graças à ele, eu descobri que eu... eu não estava doente.
- !! – Embry se sentou do meu outro lado, abraçando-me em seguida – Baixinha, nós sabemos o que essa criança significava para você. E quando eu soube o milagre que ele fez, me senti grato por ele ter feito parte de sua vida. Foi por pouco tempo, mas ele fez o que nenhum de nós foi capaz de fazer. Ele te mostrou que não se pode fugir do destino e que precisamos seguir em frente, precisamos confiar nas pessoas que amamos, pois somente elas nos darão a força que precisamos.
- Embry tem razão! Essa criança veio para te mostrar que você não estava sozinha. Ela cumpriu seu objetivo, filha. E agora você está aqui de novo, tendo a oportunidade de uma nova chance. – Billy disse me fazendo virar em sua direção e sorri em agradecimento.
Ajeitei-me sentando entre Leah e Embry, segurando em ambas as mãos, após secar minhas lágrimas, olhando para cada um deles e por último me prendi em Billy. Eles tinham razão, aquele pequeno ser era mesmo um pequeno grande milagre e tinha feito maravilhas.
- Eu... eu agradeço por vocês terem me aceitado de volta depois de ter causado tanto sofrimento. Eu não queria em nenhum momento trazer tanta dor.
- Você não foi a única culpada . Todos nós tivemos nossa parcela nesse contratempo. Eu também não deveria ter deixado você ir, não deveria ter omitido seu paradeiro quando Jake chegou transtornado em minha casa, depois de horas sem notícias suas. – ele suspirou cansado – Eu também contribuí para tanto sofrimento, me desculpe.
Desci da cama sobre os protestos de Leah e Embry, mas eu sabia como o Billy deveria estar se sentindo e sabia que ele não tinha culpa de nada. Foi um erro humano, o causador de tanta desgraça, um erro médico que desencadeou todos os outros erros. Errar é de nossa natureza, afinal somos meros humanos e só cabe a nós reconhecer o erro e se arrepender.
Abracei o Billy fortemente à procura de consolo, ali em seus braços eu me sentia segura e eu sabia que ele mesmo se fazendo de forte também precisava de apoio. Afinal, havíamos perdido muito nesse caminho tortuoso.
Billy e Embry me fizeram voltar para a cama, eles ainda ficaram um bom tempo comigo no hospital. Como eu havia feito a curetagem, precisaria passar esse dia aqui.
Quando me vi sozinha é que percebi o quanto era grande a dor que estava sentindo. Meu filho era a única coisa que ainda me restava do homem que amo, a única coisa que ainda me mantinha em pé desde que eu soube que ele já não me amava mais. Virei-me para o canto da cama e deixei que as lágrimas caíssem levando com elas um pouco de tanto sofrimento. Queria tanto que ele estivesse aqui comigo. Que me dissesse que tudo ficaria bem. Mas Jake não estava e pelo visto nunca mais estará. Eu nunca mais teria meu porto seguro, nunca mais teria onde me aconchegar e esquecer todos os meus sonhos ruins. Havia jogado fora a minha grande chance de ser feliz.
Acabei adormecendo com a imagem de Jake e nosso filho brincando na praia de First Beach. Uma imagem que nunca iria se concretizar.
Despertei sentindo toques suaves e quentes em minha face. Fazendo-me acreditar que eu ainda só poderia estar sonhando, pois aquele toque macio e o perfume amadeirado que invadia minhas narinas, só poderiam ser de uma pessoa e ela deve me odiar agora.
- Eu sinto tanto, pequena. – escutei a voz rouca e embargada de Jake. Eu só poderia estar imaginando, mas a voz era tão nítida.
Abri meus olhos e virei-me em sua direção encontrando sua face cansada, olheiras profundas e já não havia mais aquele brilho intenso em seus olhos negros. Meu peito se comprimiu diante do Jake que estava a minha frente. Ele estava sofrendo tanto ou mais que eu, afinal, ele havia acabado de descobrir que seria pai e perdeu o filho no mesmo dia. Ele não pôde nem curtir a idéia ou se quer fazer planos, assim como eu.
Sem me importar com minhas dores, lancei-me contra ele num abraço sufocante. Não precisamos dizer nada, as palavras eram desnecessárias. Só precisávamos um do outro, do cheiro capaz de inebriar e nos acalentar, da pele quente de nossos corpos passando segurança e nos aconchegando num abraço mútuo onde nos sentíamos amparados e abrigados.
- Eu não queria que isso tivesse acontecido, pequena... eu..eu fui um idiota. – ele disse, nos afastando e acariciando minha face.
- Você não fez nada Jake. – falei enquanto secava suas lágrimas – Eu queria tanto ter tido tempo de te contar. Perdoa-me! Eu devia ter te contado mesmo você não querendo saber.
- Eu fui um imaturo. Por ódio e vingança, acabei matando o nosso filho. Se eu não tivesse te tratado daquele jeito grosso e estúpido, se eu tivesse ao menos te dado a oportunidade de falar, nós não estaríamos aqui. – ele disse enfurecido.
- Ei, ei!! – o interrompi levando minhas mãos em seu rosto e o fazendo me olhar. – Você só estava magoado. Você só agiu daquele jeito, pois não sabia a verdade. Você não é culpado Jake.
- Por que isso aconteceu conosco? – disse segurando minhas mãos entre as suas e apoiando nossas cabeças – Nós estaríamos juntos, curtindo a nossa família, curtindo o nosso primeiro de muitos outros filhos que teríamos.
- Isso é uma coisa que está além do nosso querer. Eu só sei que se tivesse uma chance de voltar no tempo, eu voltaria e te deixar seria a última coisa que eu faria. – falei olhando intensamente suas esferas negras. – O nosso filho pode não estar mais entre nós, mas ele cumpriu o seu papel. Graças a ele, recuperei minha memória e lutei para trazê-lo ao mundo, foi quando descobri que tudo não passara de um amargo engano, e por fim, voltei decidida a lutar por você, por nós, mas acho que cheguei tarde demais. Perdi você e perdi o nosso filho.
Uma lágrima desceu de meus olhos, me fazendo fechá-los. Eu não conseguia me imaginar sem ele ao meu lado. E a dor era sufocante. Senti seus lábios quentes em minha face secando o rastro de meu choro contido. Abri meus olhos deparando-me com seu rosto próximo demais do meu.
- Você nunca me perderia pequena! Pois sou teu para sempre. – ele sussurrou em meu ouvido, fazendo um arrepio delicioso descer por minha espinha.
- Mas, você disse... Você disse que... – tentei dizer, mas fui impedida por seus lábios que tomaram os meus de forma avassaladora.
E como sempre, eu me perdia em seus braços, era uma sensação única, onde nada mais no mundo importava. Éramos um só. Minha mão foi para sua nuca segurando em seus cabelos negros e sedosos, o trazendo para mais perto de mim. Enquanto uma de suas mãos apertava levemente meu pescoço a outra segurava firme em minha cintura. Nossas línguas se entrelaçavam, brincavam e degustavam o gosto doce do nosso amor.
Separamos-nos ofegantes e com um sorriso no rosto.
- Eu nunca deixei de te amar, ! – Jake murmurou com nossas testas ainda unidas e com sua mão em meu rosto – Eu não sei como tive coragem para mentir para você.
- Você... você mentiu? – perguntei nos afastando e ainda mantendo nos olhos fixos.
- Eu não estou noivo e nunca poderia amar outra pessoa, pois você é única para mim, ! Desculpe-me por ter dito aquilo tudo para você... eu...eu apenas me deixei levar pela mágoa, pela vontade de te fazer sofrer o tanto que eu sofri quando me deixou.
- Mas, eu... eu pensei que...
- Que eu te odiava. – assenti – Eu nunca te odiei. Eu só não entendia o motivo que a afastou de mim. Nós sempre nos amamos tanto. Sempre confiamos um no outro e de repente... tudo desmoronou e eu não tinha idéia do que poderia ter acontecido.
- Eu sinto muito...
- Shhh! Nós sentimos. Eu também errei com você, mas agora eu entendo os seus motivos. E nunca mais a deixarei, quero ter você para sempre ao meu lado. – ele segurou em minhas mãos, fazendo meu coração parar e voltar a bater acelerado. – Quero que você seja minha, Sullivan, hoje, amanhã e sempre.
- Jake!! – disse com a voz embargada – Eu... te amo tanto. Eu também quero e muito estar junto de você. Eu nunca mais o abandonarei, pois esse foi o meu maior erro. Eu deveria ter te contado, teríamos evitado tanta coisa... Saber que você ainda me ama... me faz renascer de novo. Quero sim ter você para sempre ao meu lado. Amo-te Jake, mais do que a mim mesma. E vou te amar por toda a minha vida e além.
Sorri e nos entregamos mais uma vez ao nosso amor. Entregamos-nos aos beijos que sempre nos fazia sair de órbita, que expressavam mais do que as palavras o que sentíamos.
Já não esperava ser tão feliz como estava sendo nesse instante. Um amargo engano me tirou a felicidade de estar nos braços daquele que amo, me fez cometer o erro de deixá-lo, de abandonar o nosso sonho, o nosso futuro juntos. Mas por obra do destino, um milagre em forma de anjo me foi dado, então nada mais me faria desistir. Lutei, voltei para onde nunca deveria ter saído e perdi, mas essa perda me trouxe de volta o grande amor da minha vida. Um amor maior que tudo e que nem o tempo e nem a distância foi capaz de apagar.
- Te amo, Jake! – sorri ainda próxima aos seus lábios.
- Te amo mais, pequena! – retribuiu o sorriso, com aquele riso iluminado capaz de aquecer e reconfortar.
Então tive a certeza de que agora nada mais nos afastaria. Nosso filho cumpriu seu destino e agora nós cumpriríamos o nosso. Aprendemos com nossos erros e com as escolhas que fizemos durante o percurso. Estávamos juntos e assim enfrentaríamos qualquer obstáculo na busca da nossa felicidade.
N/A: Olá meninas!! Bom, essa foi a minha primeira one que consegui terminar e graças à amigas maravilhosas tomei coragem de postar. Quero agradecer a Priscila Luiza que fez essa capa linda para minha fic e a Arícia que se prontificou a betar a estória para mim. Obrigada, meninas!!! Espero sinceramente que tenham gostado da estória. Bjssss e até uma próxima!!!
AAAAAAAAAAAAAAAAA!
ResponderExcluirEla postou!
Flávinhaaaaaa, vc postou! Q bom!
Nossa que carga essa PP carrega heim?! Um erro médico bem cruel, que pôs à prova o amor de nossos personagens...
Achei linda sua estória, e foi um prazer inenarrável beta-lá pra vc!
Estarei sempre aqui quando precisar.
E estou aguardando a próxima!
Bjos
Aricia
Ain, deixa eu primeiro parar de chorar depois eu comento...
ResponderExcluirQue fic linda é essa, coo eu tava com saudade do que vc escreve.
Uma preciosidade dessas não podia ficar guardada, ainda bem que a postou.
Ficamos a espera de mais.
Beijos
Perfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!
ResponderExcluirEmocionada demais. Amei essa one profundamente triste. às vezes a vida age a nosso favor e fatores a tornam contra nós e nos deixam desamparados, desesperados e inconscientes dos nossos atos.
ResponderExcluirA one ficou linda. Mtos parabéns!
Nossa Baby Suh... Mto perfeita essa one...
ResponderExcluirEla realmente traz reflexoes...Foi mto triste a PP ter perdido o bebe, mas a missão dele estava comprida... Ele juntou novamente o casal e isso q importa!!!
Fiquei mto enfurecida com esse engano q houve com o exame... Era destino mesmo, pq n é possivel!!! DOIS EXAMES serem errados...Nao foi UM erro medico, e sim DOIS! E os dois dizendo a mesma coisa... UM ABRSURDO!!!!
Enfim, adorei a one!Parabens