9 de novembro de 2012

Caras e Bocas by Camy Caroline (a partir do capítulo 13)

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Primeira Parte (Prólogo ao capítulo 12)







Capítulo 13

Taylor P.O.V.

-NÃO! POR FAVOR, NÃO!

Acordei assustado com os gritos de . Ela gritava muito e muito alto, enquanto se debatia na pequena cama auxiliar.

Em meio aos gritos, ela implorava, implorava para não baterem nela e...

Devido ao sono, demorei alguns minutos para perceber que ela estava tendo um pesadelo com aqueles dois crápulas que tentaram estupra-la.

-. ... ! –eu a sacudia, enquanto a chamava.

Lágrimas escorriam de seus olhos e caiam pelas bochechas, manchando sua face de porcelana, apavorada pelo pesadelo.

Uma crescente agonia crescia em mim, enquanto o que havia acontecido naquele dia voltava a minha mente como um clarão. A nitidez das cenas... Meus músculos cresceram e ganharam força e leveza, como se estivessem prontos para lutar, exatamente como aconteceu naquele fatídico dia. Sim, há anos eu não treinava, mas ainda lembrava alguns golpes e a força se devia aos músculos que tive que ganhar para interpretar Jacob, e que depois não larguei mais.

-. –chamei mais uma vez, desesperado para que ela acordasse e acabasse com tudo. Aquilo já estava me apavorando... Aquele dia também havia sido traumático para mim, doía lembra-lo. –, acorda, por favor.

Em um ofego, acordou e sentou na cama. Ela tremia e respirava com dificuldade, porém, havia parado de chorar.

O alívio percorreu meu corpo. Agora eu sabia que a situação estava sob controle, sob meu controle, eu podia melhorar aquele ambiente pesado.

Abracei-a e a abriguei em meu peito da melhor forma que pude, até que ela parar de tremer. Continuamos abraçados, cada um perdido em seus pensamentos, no exímio silêncio da noite quente de verão.

-Foi só um pesadelo, certo? –ela perguntou, quebrando o silencio. Seu corpo já não tremia, o que significava que ela também havia controlado seu emocional e isso era extremamente bom para o momento.

Assenti, erguendo o rosto de pelo queixo, para que ela pudesse ver meu movimento de cabeça.

-Eram eles, naquele mesmo beco escuro e... –o pânico foi tomando conta da face delicada da mulher em meus braços, antes que ela voltasse a enterrar a cabeça em meu peito.

mantinha o rosto em meu peito, não se dando conta, ou não se importando, com minha nudez. Sua respiração quente em minha pele causava arrepios excitantes, sua pele fria e anteriormente tremula, acionava em mim um lado protetor, que eu não sabia existir, a não ser quando a situação envolvia minha irmã. Enfim, a mulher que eu tinha em meus braços, causava em mim sentimentos divergentes.

-Só mais um pesadelo. –confirmei, contendo a raiva que crescia dentro de mim e tencionando os braços a sua volta.

Aqueles vermes, aqueles monstros... Me causavam asco! Minha vontade era de caçá-los e matá-los com minhas próprias mãos. Não era só o que sentia que estava em jogo, o que eles haviam feito com ela importava, mas se eles tentaram estupra-la, eles haviam feito a mesma coisa com outras garotas. Esses criminosos mereciam a pior punição para esse crime asqueroso.

-Taylor. –a voz doce de , chegou suave a meus ouvidos. Abaixei a cabeça, só para encontrar aqueles grandes olhos azuis me encarando com inocência. –Obrigada. Obrigada por sempre estar por perto para me salvar. Você sempre chega na hora certa.

Acariciei sua face, aproveitando para sentir a maciez de sua pele contra minhas mãos. A puxei para a cama de casal e a cobri com o lençol com o qual ela estava coberta anteriormente.

Observei, enquanto aqueles lindos e expressivos olhos azuis se fechavam a meu toque.

-Sempre vou estar lá para te proteger, esteja você onde estiver. –falei, deixando toda minha sinceridade impregnada em cada palavra pronunciada.

deu uma risada curta, leve, sonolenta... Eu sentia por suas reações corporais como ela estava. Continuei a acariciar sua face, nunca deixando seus olhos, que piscavam lentamente, se entregando aos poucos ao sono que tomava conta de seu corpo.

-Bom mesmo. –ela sussurrou, finalmente fechando os olhos, mas sem se deixar entregar ao sono. –Mudando de assunto... –ela começou com a voz bem baixinha, mas parando no meio da frase, para me apalpar por cima do lençol. Quase ri com aquilo.

-Oi. –disse eu, incentivando-a a continuar. Não consegui disfarçar o tom de riso na voz, o que fez com que franzisse o cenho.

Também não pude conter a mais natural e pura reação do corpo masculino quando é apalpado. Mas não me constrangi, quem ficou constrangida foi , que tirou a mãoo me constrangi, quem ficou constrangida foi Camila, que tirou a mo momento.amente exatamente como aconteceu naquele fat dali rapidamente e a repousou no travesseiro como se nada tivesse acontecido.

-Você pode vestir algo, por favor? –ela pediu com a voz ainda baixinha.

Segurei meu riso diante daquelas palavras. Era engraçado que, mesmo estando prestes a cair no sono, ela se incomodasse com minha nudez.

-Pode deixar que eu visto sim.

Demorei mais uma pouco acariciando sua face, antes de levantar e ir até o armário, para colocar uma boxer e uma calça qualquer, antes de voltar para a cama e puxar para meus braços, mais uma vez.

-Agora durma, . Eu vou tentar te proteger de todo mal que a cerca.

Em poucos minutos, ela ressonava tranquila e segura em meus braços, exatamente como deveria ser.

_x_

-Bom dia. –disse eu, adentrando a cozinha onde minha família se encontrava, com em meu encalço.

Assumi meu lugar de sempre, ao lado de meu pai, que sentava à ponta da mesa e de frente para minha mãe, que sentava do outro lado de meu pai. sentou-se ao meu lado, em frente à Makena, minha irmã.

-Bom dia. –disse suavemente. –Adorei sua blusa, Makena. –disse ela, apontando para a camiseta bege que tinha a estampa de uma boca na frente, que minha irmã vestia.

Minha irmã sorriu com a boca fechada, para esconder os dentes cheios da panqueca de chocolate que ela comia. Só podia ser isso, pois Makena raramente sorri sem mostrar os dentes, é natural dela.

-Vocês se conhecem? –perguntou minha mãe, olhando questionadora para as duas.

-Conheci seus filhos por sua sobrinha, a Gabi, senh... Deborah. –Makena pegou os dedos de por cima da mesa e os apertou levemente, como se fossem velhas amigas e confidentes.

-Acho que não fomos apresentados. –disse meu pai, olhando diretamente para a forasteira do dia, que se movia timidamente, enquanto eu servia seu café.

Minha mãe sorriu para ela, em seguida para mim e depois para meu pai, dando a entender que estávamos juntos.

ficou tensa na cadeira, encarando meu pai como se ele fosse alguém perigoso.

-Sou . . –ela disse timidamente, estendendo a mão para meu pai, que a pegou com um sorriso. –Colega de elenco de seu filho.

-E nova namorada do Taylor? –ele perguntou, com um brilho nos olhos.

O rosto da mulher a meu lado ficou vermelho, assim que meu pai terminou de pronunciar aquelas palavras. Também fiquei constrangido, mas me contive, pois se eu fosse falar algo, eu diria que ela realmente era minha namorada.

-Bem que o Taylor gostaria que fosse, mas ela é só colega de elenco mesmo. –disse Makena, do mesmo modo petulante, que fazia quando criança.

-Makena! –repreendeu , ficando mais vermelha ainda. Quase ri, mas sabia que sobraria para mim se o fizesse.

De relance, vi minha mãe baixar a cabeça e rir discretamente, atrás do guardanapo que ela usou para cobrir a boca. Meu pai, olhava-me sério, indignado... Ele estava abusando de uma eloquência digna de atores.

-Antes só do que com aquela tal de Lily. –disse ele, voltando à atenção ao prato a sua frente.

Cerrei os punhos ao ouvir aquele nome. Lily Collins. Aquela garota havia me feito de gato e sapato, só para me trair com o arrogante do Efron mais tarde. Minha raiva não era nem por ela ter me traído, mas sim por ter me usado para se desligar um pouco da imagem do pai, o músico, Phill Collins.

-Quem disse que eu estou sozinho? –falei no calor da raiva, pegando a mão de por baixo da mesa.

Vi a cabeleira loira cair em frente a face da mulher a meu lado, quando eu disse aquelas palavras idiotas. havia resolvido dar atenção ao seu café da manhã. Mas foi uma única lágrima, uma lágrima que escorreu pelo seu nariz e caiu em minha mão, que segurava a dela, que fez eu me arrepender de ter pronunciados aquelas palavras inúteis.

Senti um leve aperto em minha mão, antes que ela fosse solta.

-Bom dia, família! –disse Gabi na maior animação, entrando de supetão na sala de jantar e assustando a todos. –E... ! O que está fazendo aqui, garota?

-Me sequestraram! –disse sarcasticamente, erguendo a cabeça e vestindo sua melhor face de indignação.

Gabi ergueu uma sobrancelha olhando furiosamente em minha direção. Ela sabia desde o começo que eu era apaixonado por sua amiga, mas nunca aprovou as coisas que eu fazia para chamar a atenção daquela mulher.

-Ela passou mal quando íamos para a entrevista e o médico sugeriu que ela passasse um fim de semana em um lugar calmo, então eu a trouxe para cá. –falei rápido, tentando explicar que eu não havia feito nada para magoar sua amiga. –Mas o que você está fazendo aqui?

Minha prima sorriu forçadamente e puxou a única cadeira vazia naquela mesa e começou a se servir, sem me direcionar palavra alguma.

-Seu tio Frank viajou a negócios filho, e sua tia Carla foi junto, a Gabi queria ficar, por isso sugeri que ela viesse para cá, já que passaríamos o final de semana aqui. –minha mãe respondeu no lugar de Gabi, enquanto arrastava discretamente sua cadeira para mais perto da amiga.

Passei o resto do café da manhã tentando atrair a atenção da mulher loira para mim, mas tudo o que consegui dela foi uma risada muito divertida, quando deixei a jarra de suco cair de minha mão, derramando todo o líquido dela em minha roupa e, logo em seguida, bati minha mão na colher que estava no pote de geleia, também a derrubando em minha roupa, que ficou lambuzada como a de uma criança. Depois disso, a única coisa que consegui fazer foi conversar com meu pai, enquanto ele comia.

-Então você não fez parte do plano para me trazer para cá? –ouvi perguntar para minha prima, a certa altura do café da manhã.

Gabi bufou e balançou a cabeça negativamente, olhando de relance para mim. Sustentei seu olhar, mostrando que eu não tinha nada a temer, porque não havia feito nada de errado.

-Eu nem sabia que você vinha para cá. –minha prima respondeu. –Não podiam ter feito isso com você! Seu pai, a ... Aqueles traidores!

Mordendo o lábio inferior de uma maneira sedutora, se ajeitou na cadeira e ficou encarando minha prima por um grande tempo, como se estivesse transmitindo algo pelo olhar.

-Meninas, vamos fazer uma massagem com pedras quentes e depois dar um jeito nas unhas? –Makena perguntou, interrompendo a conversa telepática das duas. –Estou louca por uma manicure!

-Vamos! –Gabi respondeu com os olhos brilhando como os de um anime, enquanto apenas deu de ombros.

-Não estão esquecendo nada? –perguntou minha mãe, interrompendo o que Makena estava começando a falar.

Minha irmã parou, fez uma cara pensativa e ficou olhando para minha mãe de modo estranho.

-Esquecendo o que? –ela perguntou, após algum tempo. –Ai! –gritou, com a cotovelada que Gabi deu nas costas dela.

-Acho que a tia Deborah está falando sobre nós pedirmos a permissão dela para isso. –disse minha prima de canto de boca, para minha irmã. –Nós podemos fazer essas coisas, tia?

Minha mãe encarou a três com face séria, como se estivesse pensando seriamente em seu pedido, mas eu sabia que era só brincadeira dela.

-Claro que pode meninas! –disse minha mãe, abrindo um sorriso. –Mas eu quero saber tudo que vocês querem hoje, pois eu já posso ver o que realmente vai dar. Não posso pedir para meus funcionários atenderem vocês e dispensarem os hospedes pagantes.

Elas assentiram, levantando-se da mesa e agradecendo pela refeição.

-Obrigada por tudo, Deborah e Sr. Lautner. –disse , olhando ternamente para meus pais.

-Daniel, por favor. –meu pai disse a ela, que assentiu levemente.

-E Taylor, obrigada por me convidar para tomar café com sua família. –disse ela, encarando-me ao falar. Seus olhos azuis demonstravam uma sinceridade absurda. –Eu não teria me divertido tanto se tivesse tomado meu café no restaurante, com os outros hospedes. –ela completou, olhando para minha camiseta, ainda ensopada pelo suco e com manchas da geleia.

Fiquei sem reação diante das palavras dela. Essa mulher me desarmava, me fazia despir-me de meu véu de ator e me mostrar como verdadeiramente me sentia, um homem idiota e imaturo, como qualquer um que tivesse vinte anos.

-, vem logo! –disse Gabi, a puxando pelo braço e a arrastando para longe dali.

O silencio tomou conta do ambiente quando as meninas saíram.

Fiquei encarando a porta, ainda com a imagem de me agradecendo pelo momento em minha cabeça.

-Boa garota para casar! –disse meu pai, quebrando o silencio. –Por que você não a namora?

Não consegui conter minha risada irônica naquele momento. Agora, sabendo que rumo minha vida tomava, o que eu mais queria era compartilhar tudo com a mulher que amo, mas isso era uma coisa difícil de fazer, já que fui um cafajeste.

-Eu a magoei. –falei de forma clara, limpa.

Pela primeira vez, admitia a verdade para mim e para todos em voz alta, tornando aquilo mais real e palpável do que já era.

Às eu ficava com raiva de mim e me perguntava por que eu tinha que ser tão impulsivo, leviano e irresponsável ao lidar com uma mulher que só merecia o melhor.

-Arrependimento não vale a pena, Taylor. –disse meu pai, olhando fundo em meus olhos. –Se redima e reconquiste-a.

P.O.V.

As mãos másculas do massagista, tocavam e apertavam minhas costas em pontos estratégicos, relaxando meu músculos com eficiência. A sensação da mãos ásperas e frias contra minha pele quente por conta das pedras, só aumentava o “relaxamento” que a massagem causava.

-Aproveitando o massagista, ? –perguntou Makena, erguendo a cabeça e sorrindo para meu massagista.

Virei minha cabeça para meu lado direito, que é onde ela se encontrava e revirei os olhos teatralmente.

-Você não acha que é muito safada para seu tamanho, Barbie indígena? –Gabi perguntou, usando o apelido de infância da prima.

Makena bufou e voltou a deitar a cabeça no colchão de massagem, mas desta vez, com a cabeça virada para meu lado, cobiçando meu massagista com os olhos.

Era nessas horas que eu mal conseguia acreditar que ela só tinha quatorze anos. Quando eu tinha essa idade eu não era assim tão tarada quanto ela, pelo contrário, era inocente até demais. Só fui ficar um pouquinho mais “informada”, um anos depois.

-Barbie indígena, tome muito cuidado para onde olha. –alertei. –Daqui a pouco o Taylor chega aqui e dá o maior ataque de ciúmes por conta da irmãzinha mais nova dele.

A confusão tomou conta de mim, quando a garota começou a gargalhar, sendo acompanhada por aquela que dizia ser minha amiga, mas que ria da minha cara na primeira oportunidade que vinha.

-O Taylor? Com ciúmes de mim? –ela disse sarcasticamente. –Se toca!

Ergui as sobrancelhas, diante das palavras da garota, só para testar até onde ia abusar, tirando com a minha cara.

-Naturalmente, ele é seu irmão. –disse eu. –Você aí, semi nua, comendo o... –virei a cabeça em direção ao meu massagista da melhor forma que pude. –Qual seu nome mesmo?

-Rafael, senhorita. –ele respondeu, exibindo seus dentes branquíssimos, em contraste com a pele negra.

Sorri para ele em agradecimento e prossegui:

-Enfim, você fica aí, semi nua, comendo o Rafael com os olhos... Ele vai querer proteger a irmãzinha dele, nem que seja dela mesma.

A gargalhada veio em alto e bom som, de Makena e de Gabi, que estavam ficando vermelhas de tanto rir, sendo que a segundo já estava a beira de lágrimas por conta das risadas. O pior de tudo, é que os massagistas se contagiaram com as duas e começaram a rir junto com elas.

-Amiga, é mais fácil meu maninho dar ataque por ver você semi nua, sendo massageada por um gostoso como o Rafael. –as palavras de Makena foram como um tapa na cara para mim.

Foi através de um formigamento nos pés que a irritação foi subindo por meu corpo, até que chegasse à minha cabeça e explodisse.

-CHEGA! –gritei, me levantando e usando a toalha para cobrir os seios. –CHEGA! EU NÃO AGUENTO MAIS, ENTENDERAM? JÁ ME BASTAM AS REVISTAS DE FOFOCAS ME ENCHENDO COM ISSO! Vocês também não, por favor...

Todos me olhavam com caras espantadas, enquanto eu tentava controlar a respiração, que se acelerara com minha explosão.

Saí correndo pelo SPA, em direção ao meu quarto. Eu mal via por onde passava, apenas corria pelo caminho que fizera até chegar ali e, sem querer, acabei esbarrando em alguém, que caiu com tudo no chão.

-Desculpa, eu não vi...

Estendi a mão para ajuda-la a se levantar, mas fui rudemente ignorada.

-É, percebi! –a mulher me cortou, com voz aguda e enjoada.

Suas luzes me pareciam familiares, assim como o estilo de roupa e o corpo excessivamente magro. Não tive tempo de avaliar seu rosto, pois ela se levantou com agilidade e seguiu seu caminho sem olhar para trás.

Balancei a cabeça, antes de continuar meu caminho, só que agora mais calma. Cheguei ao quarto e corri para o banheiro. Eu precisava de uma ducha que tirasse o óleo essencial que fazia parte da massagem, da minha pele. Eu precisava de algo que arrancasse de mim, aquelas palavras que ouvi. E nada melhor que um banho para isso.

Joguei a toalha que me cobria em um canto qualquer do banheiro e fiz o mesmo com o minúsculo short que eu vestia, antes de ligar o chuveiro numa temperatura agradável ao corpo e, me jogar de corpo e alma naquele banho, que poderia ser renovador.

Deixei que a água escorresse por meu corpo por um longo tempo, antes de começar a me lavar.

A tristeza e o vazio profundo eram minha companhia naquele banho. Eu queria chorar, mas já não me restavam lágrimas para chorar por aquilo, elas já havia acabado. Já estava decidido que eu não cederia ao Taylor, eu deveria seguir minha vida. Mas... Mas por que aquilo doía tanto?

Lavei-me com calma, desconectei a mente do mundo e deixei que aquele vazio que eu sentia, tomasse conta de meu corpo e mente. Apenas me permiti não e pensar e limpei com intuito de rejuvenescer a mente e alma, me desligar dos maus sentimentos e me abrir para novos.

-? Já aqui? –disse Taylor, entrando de supetão no banheiro e me assustando.

Peguei a toalha, me enrolei nela e desliguei o chuveiro, constrangida com a situação. Coloquei a cabeça para fora do boxe, encarando-o com a melhor cara de raiva que pude.

-Não sabe bater na porta, não?

Eu não sabia se era raiva ou constrangimento que me tomou conta no momento e jogou para o alto o vazio que eu tanto me forcei em focar.

-Estava aberta. –Taylor respondeu com cara de inocente, andando em minha direção. –Eu não achei que você estivesse no banho.

Saí do banheiro, esbarrando nele. Fiz questão de fechar a porta e deixa-lo lá dentro, para que eu pudesse trocar de roupa em paz.

-Qual o seu problema? –a porta foi aberta com força, antes que eu conseguisse alcançar o armário para pegar minhas roupas.

-Quer saber qual o meu problema? –perguntei, me virando em sua direção e transmitindo toda minha raiva através do olhar. Uma das coisas boas de ser atriz, é que você aprende a expressar muito bem suas emoções. –Meu problema é você, Lautner, simplesmente isso.

Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete passos. Foi o que ele precisou caminhar para que ficasse face a face comigo, o que é uma coisa difícil de fazer, considerando minha altura e a dele.

-Por quê? –foi com a voz sofrida, que aquela pergunta chegou a meus ouvidos, causando-me um mínimo de pena.

-Você é um aproveitador. Me “pega”, se gaba e me magoa no dia seguinte, ou melhor, no minuto seguinte. –falei, fazendo aspas no ar, ao dizer a palavra pega.

Minha toalha caiu com esse movimento, deixando-me exposta do pior jeito possível diante daquele imbecil.

-Eu não quero ser assim. –as palavras de Taylor vieram acompanhadas de um abraço. Não resisti quando senti seus braços a minha volta, apenas me deixei envolver naqueles braços fortes e carinhosos.

Instintivamente, enterrei minha cabeça em seu pescoço e o cheirei, inalando aquele aroma tão conhecido por mim.

-Prove. –o provoquei, sabendo que era o único jeito de ter o que eu queria no momento.

E em questão de segundos, os lábios de Taylor tomaram os meus, levando seu doce sabor para minha boca, que avidamente correspondeu o beijo. Joguei meus braços em volta de seu pescoço e o puxei mais ainda para mim, o que fez com que nosso contato corporal fosse impedido apenas pelas roupas dele.

Me soltei de seus braços e, saí em disparada pelo quarto, ameaçando sair dali, mas o homem que infelizmente mexia comigo, saiu atrás de mim, bloqueando minha saída. Risadas ecoavam pelo ambiente, durante o desenrolar do pega-pega. Aquilo era algo divertido, perigoso, provocante, colocava à prova todas as minhas promessas feitas com relação à Taylor, com relação a nós. Segundo minhas promessas, isso não deveria estar acontecendo por conta do que eu sentia por ele, mas minha promessa não tinha nada contra eu me divertir com ele...

Continuei correndo igual a louca que eu era, até me distrair e dar de cara no armário e começar ir em direção ao chão.

Mas aqueles braços fortes e quentes me seguraram, antes que eu desse com o nariz no chão. Ri ao mesmo tempo em que era colocada de pé novamente.

-Te peguei. –os olhos daquele homem, brilhavam em expectativa e felicidade, assim como sua voz, que saía forte, feliz e fluída.

Tentei me conter, mas foi impossível não rir da diversão contida no rosto daquele homem. Porém, logo fui calada por mais um beijo arrebatador. Um beijo que fez um fogo desconhecido subir e se espalhar por todo meu corpo e me levou a tomar o controle da situação e conduzir aquele beijo, ao deixa-lo mais intenso por pegar as mãos de Taylor e com elas, traçar um caminho por meu corpo.

Conforme eu ia passando as mãos dele por meu corpo, ele ia se soltando e tomando controle da situação. Em poucos minutos, eu estava com as pernas em volta de sua cintura e, tentava tirar sua camiseta, o que estava sendo difícil, considerando que minhas pernas seguravam a barra da mesma, prendendo-a em sua cintura. Desisti de tentar e fechei os olhos, me entregando mais uma vez, aos beijos daquele que me enlouquecia.

Senti Taylor andar em direção à cama, então cortei o beijo, o clima, ansiosa por falar algo. Doida eu por cortar um momento desses apenas para falar algo? Talvez, mas eu não podia deixar de me preocupar com isto.

-Não, para cama não. –falei, assim que deixei os lábios de Taylor livres para passear por outros lugares, como o meu pescoço. –Estou toda molhada!

Ele riu contra meu pescoço, causando arrepios prazerosos em minha pele.

-Isso é bom...

Bati em seu ombro e desenrosquei minhas pernas da cintura dele, pousando com suavidade no chão e lhe dando as costas logo em seguida. O clima havia acabado completamente! E tudo porque eu não perdia a oportunidade de ficar calada.

-Onde você pensa que vai? –perguntou Taylor, enlaçando minha cintura por trás, assim que ameacei sair pelo quarto, procurando minha toalha.

-O clima acabou, não?

Meu cabelo foi colocado para o lado, para dar espaço para os lábios de Taylor, que começou a traçar um tortuoso em meu pescoço e em meu corpo, ao subir as mãos por minha barriga até chegar aos meus seios, acariciando-os com lentidão e os deixando mais eriçados do que já estavam.

-Para mim? –ele soprou as palavras em meu ouvido. –Nem por um segundo.

Inclinei a cabeça para trás, ávida por sentir mais uma vez os seus lábios contra os meus. Depois desse movimento, não foi preciso dizer palavra alguma para que Taylor sugasse meus lábios.

Em meio ao beijo, carícias eram trocadas. Coloquei minhas mãos para trás e alcancei a barra da camiseta de Taylor, a puxando para cima da melhor forma que pude, mas sem nunca parar o beijo, que ficava mais quente a cada segundo.

Não tenho ideia de como consegui tirar a camiseta de Taylor. Tudo o que eu sei, é que quando vi, ele estava apenas de boxer branca e me levando –de um jeito meio torto, para manter nossa posição. –, em direção ao... Tapete turco, que ficava no meio do enorme quarto.

Ele me deitou no tapete e me “atacou” logo em seguida, levando-me à loucura, com suas ações. Seus olhos, fitavam os meus com intensidade, enquanto ele me penetrava com os dedos de forma ágil e irrevogavelmente prazerosa.

Os suspiros, gemidos, grunhidos, qual for o barulho que eu emitia, saiam de meus lábios naturalmente, demonstrando o quanto aquele homem mexia comigo, tanto física, quanto mentalmente.

Segurei os ombros dele e o puxei para cima, querendo beijá-lo, mordê-lo... Mas ele parou na metade do caminho, beijando meus seios, enquanto me estimulava.

-Tay... lor. –suspirei seu nome em meio a gemidos. Eu queria mesmo era pedir mais, mas o êxtase que me atingia era tanto, que as palavras ficaram entaladas em minha garganta. Ele parou os movimentos e, instantaneamente, abri os olhos e olhei para Taylor, percebendo que seus olhos estavam queimando sobre mim. –Eu preciso... Agora!

Mas ele não atendeu meu pedido, apenas parou seus movimentos e voltou a me beijar, calando todos os meus pensamentos que protestavam diante da atitude dele.

-Tay, eu preciso... –pedi mais uma vez.

Foi estranho dizer aquilo, porque... Era a primeira vez que o chamava pelo apelido e, não era por um motivo sentimental, como eu imaginava que seria, mas sim por uma coisa carnal.

Taylor fechou os olhos, encostou a testa na minha e cerrou a mandíbula por um tempo, antes de dizer:

-Eu não tenho camisinha.

Fiquei o encarando por um bom tempo, aquela face dura e irritada que ele fazia questão de sustentar, enquanto aguardava uma resposta minha, uma resposta, que foi simples natural e direta: eu caí na gargalhada.

O homem em cima de mim abriu os olhos e ficou me olhando de modo confuso, enquanto eu ria incontrolavelmente no chão. Só não rolei de rir, porque ele me segurou no lugar.

-Eu tomo pílula, ainda não percebeu? –falei, assim que consegui controlar o ataque de risos. –Tirando que eu tenho camisinha.

Tentei sair debaixo dele e ir em direção à mesa de cabeceira, pegar minha nécessaire para pegar uma camisinha, mas Taylor foi mais rápido do que eu e o fez em questão de segundos.

Não consegui vê-lo colocando a camisinha, só sei que quando o fez, ele me penetrou de forma rápida.

Sorri quando o movimento foi completo e, comecei a mexer meu quadril, ansiosa por mais. E foi o que ele fez. Com os olhos nos meus, Taylor começou a me estocar, sempre alternando entre um ritmo lento e mais rápido.

Arqueei as costas, me entregando totalmente ao prazer de ter aquele homem só para mim, mas eu não estava totalmente satisfeita com aquele contato, eu precisava de mais.

-... –Taylor grunhiu, quando passei uma de minhas pernas em volta de seu quadril.

Ele inverteu nossas posições, me deixando conduzir nossos movimentos. Deitei contra seu peito, sem nunca deixar de movimentar o quadril. Senti a camisinha estourar dentro de mim, mas não me importei, pois tudo o que eu queria era mais e mais de Taylor, que deslizou as mãos suavemente por meu corpo, antes de segurar meu quadril com força, guiando meus movimentos.

Meu corpo estava em combustão. Quanto mais rápido Taylor ia, mais quente e extasiada eu ficava.

-Mais rápido. –sussurrei em seu ouvido, em vão, pois ele diminuiu a velocidade e a força das estocadas. –Você é cruel.

-Cruel, é?

Mais uma vez, ele inverteu nossas posições. Me aproveitei deste fato para arranhar toda a extensão de seu corpo, até chegar à aquele glúteo firme e forte, que fiz questão de apertar e arranhar.

Taylor riu em meu ouvido, causando-me cocegas prazerosas e aumentou o ritmo das estocadas, incontestavelmente, coisa que me fez delirar e chamar seu nome várias vezes.

-Tay, eu... –foi a única coisa que consegui falar, antes de chegar a meu ápice.

Ele continuou estocando, até chegar a seu ápice, o que me acarretou mais um pico de prazer. Quando Taylor se derramou dentro de mim, desabou pesadamente a meu lado, respirando com dificuldade.

-A camisinha... –ele começou a dizer, tirando aquele pedaço de látex rasgado de seu pênis.

-Não importa. –o cortei, colando um dedo em seus lábios, para que ele se calasse. –Não vai acontecer nada.

Minha resposta foi um sorriso largo e brilhante, antes de ser puxada para um beijo que indicava que começaria tudo de novo.

(Continua...)

N/a: Oiiii pessoas!!! Quanto tempo, né?
Então, antes de falar do capítulo quero dar os mesmos avisos que eu dei em CN. Como meu tempo anda meio escasso por conta de vestibular/fim de ano/danças/trabalho, vou postar a fic uma vez por mês. Por favor, não me condenem por isso. Posso até ter mais capítulos prontos, mas ainda tenho que corrigir e não quero parar por muito tempo novamente para escrever capítulos novos, então...
Hmmm, o que acharam do capítulo? Morri para escrever, confesso, foi meio forçado, mas no próximo capítulo eu compenso ;D
Digamos que essa camisinha rasgada vai dar confusão! Kkk’ (olha o spoiler!)
O que mais?
Ah, sim! A Makena e a Gabi terão grande força na história daqui a alguns capítulos, mas antes tem algumas coisas muito importantes para acontecer, como passado mal resolvido e desenvolvimento da vida das outras personagens, quero apostas sobre isso, hein?
Me voy minhas lindas. Estoy apaixonada demais pela vida para escrever uma n/a maior que o capítulo. Kkkk (hã?)
Beiijapas, beijinhos, beiigradeiros, beiiimorangos, biijocas e beiijones!
E até o próximo capítulo.


Capítulo 14

P.O.V.

Acordei num pulo, assustada com a claridade excessiva que atravessava as cortinas e batia em meus olhos. Olhei para o lado, encontrando olhos intensos a me devorar, que me fizeram lembrar cada segundo do que havia acontecido entre nós, há poucas horas atrás. Aqueles os brilhantes perfuravam os meus próprios. Eu poderia dizer que ele estava olhando para o cerne de meus pensamentos, mas visão raio-x é coisa de super-herói, coisa que eu sei que não existe e que ele está longe de ser.

-Você cochilou. –ele disse, se erguendo no antebraço e apoiando o rosto na mão.

Revirei os olhos, mostrando que nem ligava para este fato. Eu costumava dormir até durante o banho quando estava cansada, então aquilo não era novidade para mim.

-Que horas são? –perguntei, ignorando o comentário dele.

Pode ser só impressão, mas percebi o brilho diminuir nos olhos de Taylor, tornando-os menos empolgados do que segundos atrás.

-Quase meio-dia.

Foi impossível não soltar uma genuína gargalhada. Mais de duas horas? Fizemos sexo intenso por mais de duas horas seguidas? Era nesses momentos que eu me admirava com minha resistência física. Pois vamos combinar, isso não é para qualquer um, não é?

Tentei me levantar, mas minha musculatura das costas ficou tensa e, caí com tudo no tapete novamente.

Gemi de dor e Taylor levantou uma sobrancelha em questionamento. Seu olhar admirador havia ido embora, dando lugar ao olhar sacana, que eu tanto gostava e muito bem conhecia.

-Dor nas costas. –choraminguei manhosa.

-Vamos dar um jeito nisso. –disse Taylor, levantando-se e logo e seguida, se abaixando em cima de mim, só para me erguer em seus braços.

Ele me carregou até a cama e me pousou delicadamente sobre o colchão. Minha mente pervertida imaginou mil possibilidades, Quando ele me virou de barriga para baixo e ergueu meus braços acima da cabeça e segurou meus pulsos com uma só mão. Como o bom ator que era, Taylor aproximou vagarosamente o rosto perto de meu pescoço e sussurrou contra ele.

-Relaxe. –meu corpo se arrepiou, quando sentiu sua respiração quente em minha pele.

Rapidamente, ele soltou meus braços e percorreu as mãos ao longo de minhas costas, iniciando uma massagem e decepcionando meu eu malicioso, porém, desembolando todos meus músculos tensos.

Com o rosto apoiado no macio travesseiro, meus músculos foram relaxando enquanto as mãos de Taylor percorriam meu corpo de forma suave e firme. Foi impossível conter os suspiros de bem estar.

-Agora, –ele disse em voz baixa, se aproximando mais uma vez de meu pescoço e sussurrando contra ele. –concentre-se em sua respiração, relaxe os ombros, os quadris, braços, pernas, musculatura do rosto, sinta a língua solta dentro da boca... Quero ver seu corpo mole sobre a cama, para você poder sentir melhor o que vou fazer agora.

Não processei as últimas palavras dele, pois eu já estava relaxando todo o corpo, me largando contra o colchão e quase me entregando, mais uma vez, ao sono e ao prazer corporal.

Me assustei, quando fui virada com tudo de barriga para cima e senti a língua de Taylor invadindo minha boca e sugando minha língua, até agora inerte dentro de minha boca.

-Corresponda! –ele ordenou, durante os breves segundos que sua boca deixou a minha.

Abri os olhos, e encarei os seus mais uma vez, afundando naquele mar de luxúria.

Desta vez, não foi ele que buscou o beijo, fui eu. Fui eu quem atacou seus lábios, puxou seu cabelo a arranhou suas costas, quando suas mãos começaram a passear por meu corpo, dando pequenos excitantes apertões em minha pele quente e incendiada pelo desejo.

Senti cada milímetro da minha pele ser coberta pelas mãos quentes de Taylor. Senti ele acariciar meu pescoço, meus ombros, meus seios e até mesmo uma pintinha que eu tinha na barriga, deixando-me mais quente ainda.

Arfei, quando ele penetrou minha intimidade com os dedos. A surpresa foi o que mais deu prazer, pois ele não teve rodeios antes de completar o gesto e começar a movimentar dois dedos dentro de mim.

Ensandecida, e em um ato impulsivo, percorri minhas mãos por seu corpo bem definido, arranhando-o o máximo que podia, até minhas mãos chegarem ao seu pênis, que envolvi com as duas mãos e comecei a estimulá-lo, assim como ele fazia comigo.

Taylor tirou a mão de dentro de minha intimidade, para pegar uma de minhas pernas e passar em volta de sua cintura. Fez a mesma coisa com minha outra perna, antes de envolver minha cintura com um braço, nos colocando sentados na cama. Eu podia sentir sua ereção roçando em minha intimidade, e aquilo aumentou meu prazer a ponto de eu começar a movimentar meu quadril, o estimulando sem as mãos.

Mordi seu ombro, quando ele, de algum modo, colocou a mão entre nós e começou a me estimular. Segui o gesto dele e coloquei minha mão entre nós, o estimulando com as mãos novamente.

-Então é assim? –ele perguntou. Não respondi, apenas mordi seu ombro mais forte ainda.

Depois destas palavras, ele tirou as mãos de minha intimidade e me penetrou com força, tirando-me o ar e todos os outros sentidos. Eu estava entregue ao prazer.

Quando percebi que ele parou, comecei a movimentar meu quadril de encontro ao seu, ansiando pelo preenchimento completo. 

A pressa do prazer me tomava conta cada vez mais, fazendo-me aumentar a força e a velocidade com que me movia.

Taylor enfiou o rosto entre meus seios, enquanto ajudava no movimento de meus quadris com as mãos. No outro segundo, ele lambia e sugava meus mamilos, levando-me ao céu, ou talvez o inferno da luxúria, pois era impossível que algo tão prazeroso, um pecado capital, pudesse levar ao céu.

O quarto havia virado um estúdio musical, onde sons de grunhidos, gemidos, arfadas e outros sons de prazer eram muito ouvidos e venerados por nós.

-Mais forte... mais rápido! –gritei, quando ele travou meu quadril e diminuiu nosso ritmo.

Ergui sua cabeça o puxando pelo queixo e encostei minha testa na sua, encarando seus olhos com fúria. Eu queria mais, precisava de mais. Parecendo ler meu olhar, meu ator favorito voltou ao ritmo anterior, fazendo-me sair da Terra e viajar ao mundo de prazer que só ele me proporcionava. Naquele ritmo, eu estava quase chegando a meu ápice.

Cravei minhas unhas em suas costas, enquanto meus gemidos aumentavam e preenchiam o quarto. Taylor aumentou a intensidade das estocadas, fazendo-me chegar rapidamente ao ápice e me derramar em cima de seu membro, antes de cair molemente sobre seu ombro e deixar um estranho torpor tomar meu corpo.

Ele estocou mais três vezes, antes de gozar dentro de mim e cair de costas no macio colchão.

-O melhor. –foi a única coisa que o homem que me levou a loucura disse, antes de tomar meus lábios mais uma vez.

_x_

-Já vai! –gritei para quem quer que estivesse batendo na porta de meu quarto.

Coloquei a primeira camiseta que vi e corri para a porta, para abrir para o impaciente que batia incansavelmente.

Taylor já havia saído do quarto, avisar sua mãe que eu estava tomando banho e logo chegaria para almoçar com ele e sua família.

Abri a porta e dei de cara com a Gabi, que me olhava com os olhos arregalados.

-O que foi? –perguntei confusa, assim que vi que a mesma estava estática. –Está tudo bem?

Ela assentiu, pegou minhas mãos e me nos direcionou para divã do quarto, indicando silenciosamente para que nos sentássemos lá.

-Que barulhos suspeitos foram aqueles que ouvi, quando passei por esse quarto a meia hora atrás? –ela perguntou, ainda com os olhos arregalados. Sua voz saiu sussurrada, como se não estivesse acreditando no que estava perguntando.

Baixei a cabeça e senti meu rosto esquentar. Sabia que adquiria a cor de um tomate maduro. Tive que fazer um enorme esforço para não rir e chorar de vergonha ao mesmo tempo. Sim, vergonha... Não que fazer sexo com Taylor não fosse bom, mas não é algo que eu queria que alguém tivesse ouvido.

-Estávamos nos divertindo. –respondi após encarar minhas mãos por um longo tempo. –Mas e daí, isso é normal! Pessoas fazem isso o tempo todo.

Pela minha visão periférica, pude ver Gabi assentir levemente, antes de levantar e se encaminhar para a porta.

-Não de modo tão escandaloso. –disse ela suavemente para eu não me constranger mais ainda, mas foi impossível não ficar mais constrangida. –Vamos, a tia Deborah está nos esperando para o almoço.

Respirei profundamente, antes de levantar a cabeça e seguir minha amiga para fora do quarto.

-O que veio fazer aqui há meia hora, para ter ouvido o que ouviu? –não era minha intenção ter feito essa pergunta, mas quando percebi as palavras já haviam escapado de minha boca.

-Bom, depois que você saiu, Makena começou a se agarrar com um dos massagistas e eu não estava a fim de ficar segurando vela para minha prima safada. –assenti, encorajando-a a prosseguir. –Então eu vim pedir desculpas, mas...

Meu coração acelerou. Eu não queria que ela completasse aquelas palavras, não que minha amiga comentasse o acontecido novamente, pois os mesmo contradiziam completamente os meus planos.

-O que é isso, amiga, já passou! Sei que não foi sua intenção. –me apressei em dizer.

Um brilho feliz e carinhoso trespassou seus olhos.

-Mas Makena e eu não deixamos de ter razão, não é, dona ? –ela disse, com um ar travesso.

Não sei se fiquei indignada ou qualquer outra coisa, só sei que comecei a andar tão rápido, que a Gabi quase não conseguia me acompanhar. Com meu andar apressado, a deixei para trás com muita facilidade.

-, espera! –ela gritou, quando eu já tinha coberto metade da distância para chegar à cozinha de Deborah.

Parei no meio do caminho e esperei Gabi, mas sem me virar em sua direção. Era incrível como simples palavras poderiam me afetar de tal modo. Acho que isso se deve ao fato de meu coração querer uma coisa, quando minha mente quer e ordena fazer outra.

-Só não fale isso de novo, ok? –falei olhando profundamente em seus olhos. Minha amiga apenas assentiu, percebendo tudo o que acontecia.

Um flash de compreensão passou pelos olhos verdes de Gabi. As palavras “estou aqui”, apareceram em minha mente.

Ri de minha imaginação fértil, fazendo-a me olhar com ar confuso.

-Tudo vai dar certo, você vai ver! –disse Gabi, ignorando minha recente onda de risos.

Enganchamos nossos braços e saímos marchando pela SPA. Pulamos degraus, saltitamos pelo piso, rimos das caras com que as pessoas nos olhavam, cantamos nossas canções preferidas e conversamos banalidades.

Era bom estar assim com os amigos, alegre e literalmente saltitante. Isso sempre faz com que eu me sinta leve, feliz e inocentemente amada. Eu estava rindo exultante, quando virei para compartilhar com minha amiga minha felicidade e a vi me encarando com olhos preocupados.

Sem dizer palavra alguma, Gabi tentou me puxar para outro lado e tomar um caminho diferente, mas resisti. Mil pensamentos passavam por minha cabeça, criando hipóteses para o que teria acontecido, mas nenhum fez jus à realidade.

Sinti minha pressão baixar e o mundo girar, quando me virei e me deparei com a cena repugnante mais repugnante do mundo: uma garota muito magra, a que eu havia esbarrado mais cedo, dependurada no pescoço de Taylor, beijando-o obscenamente.

Meu sangue ferveu, meu corpo tremeu de raiva, minha visão se tingiu de vermelho e meus músculos adquiriram a resistência adequada para uma briga.

Eu sabia que seria assim, mas eu ao menos esperava que estivéssemos longe um do outro e que tivesse se passado algumas horas depois de nossos momentos intensos, antes que ele fosse procurar outra.

-... –Gabi chama chorosa, quando me viu andando em direção aos dois.

Mas não dei atenção, apenas continuei seguindo o caminho que me levaria para cozinha, passando bem ao lado do casal, que agora se soltara do obsceno abraço. Porém, não perdi a oportunidade de esbarrar nas costas de Taylor.

-! –sua voz profunda chama meu nome.

Acelerei o passo. Em poucos segundos, percebi por minha visão periférica que os primos me perseguiam, ambos carregavam expressões preocupadas em suas faces. Parei apenas quando uma mão segurou meu braço com força e me impediu de seguir em frente, ao me puxar contra um peito musculoso.

-O que foi? –perguntei virando-me de frente para ele e olhando para cima, para não encarar seu corpo tentador.

-Não é isso que... –coloquei um dedo em seus lábios o impedindo que continuasse.

-Sei o que vai dizer. Mas, falando sério, não precisa se explicar. Somos livres. Você pode fazer o que quiser e digo o mesmo sobre mim.

A dor em seus olhos me machucava mais que tudo, por isso, não dei tempo para que ele respondesse, apenas virei na direção que seguia antes e fui para a cozinha com Gabi em meu encalço.

Taylor P.O.V.

No momento em que soube que ela viria para cá, soube que algo de ruim ia acontecer, ainda mais com por perto.

Por quê? Por quê? Por quê?

Era a única coisa que me perguntava desde aquele maldito beijo. Já não bastava Hannah, agora Lily também tinha de voltar à minha vida?

Fiquei muito surpreso quando minha mãe me comunicou que quem tinha reservado o quarto que era para ser de , era minha ex-colega de elenco e ex-namorada, Lily Collins. Fazia um bom tempo que eu não a via, pois procurava evitar os eventos que eu sabia que ela ia e coisas do tipo. Não esperava que ela tomasse a atitude que tomou, não mesmo.

Minha mãe havia ficado desconfiada, quando viu que a reserva havia sido feita, até chegou a me perguntar se ainda não tínhamos algo, mas neguei com toda a veemência, pois era verdade, e agora... Bom, agora ela deve achar que eu estava mentindo, pois a primeira coisa que falou quando minha mãe perguntou o motivo dela estar tão nervosa, foi falar que a esnobe da minha namorada a destratou. Eu podia a ter desmentido na hora, mas fiquei tão sem ação por ela ter mentido, que não consegui pronunciar palavra alguma.

A cena se repete em minha cabeça como um filme sem fim. Lembro-me exatamente das palavras pronunciadas por todos, há algumas horas atrás.

Mini Flashback on

Minha mãe respirou profundamente e apertou as mãos em punho antes de perguntar:

-Você está com essa... essa... garota novamente? –ela pronunciou aquelas palavras com muita raiva. Não era segredo algum que minha mãe não gostava de Lily, mas toda a situação me assustou, por isso não consegui responder.

Ela tomou meu silencio como um sim e foi se refugiar na cozinha, enquanto Gabi e desabavam nas cadeiras, parecendo muito cansadas.

Mini Flashback off

Me joguei de costas na cama macia e fiquei encarando o teto por um bom tempo, pensando em tudo o que eu tinha passado desde que conheci .

Foi estranho que de uma hora para outra, comecei a sentir tudo com maior intensidade, o desejo sexual a flor da pele, o zelo, ciúmes dela, raiva por ela, inveja daqueles que estavam constantemente perto dela e, com minha infantilidade criei uma rixa com a pessoa de quem eu mais queria me aproximar.

-Que porra! –gritei o palavrão para as paredes, ao me sentar subitamente, socando o ar. –Por que tem que ser assim? Por que é tudo tão complicado?

-Talvez porque sua vida seja complicada por causa da fama. –a voz suave de Makena adentrou o quarto, juntamente com ela.

Fiquei surpreso com a presença de minha irmã ali. Será que ela havia ido me dar um sermão, como sempre fazia quando eu era escroto com alguém na frente dela?

Não respondi, não me mexi, não fiz nada além de encara-la, enquanto ela pegava minhas mãos e as apertava, antes de me abraçar. Apertei sua cintura, senti seu cheiro familiar de rosas, que ela possuía desde bebê e busquei conforto na forma diminuta de minha irmã mais nova.

-Como ela está? –me vi perguntando depois de algum tempo.

Soltei o abraço e sentei na cama. Minha irmã sentou-se de frente para mim, pegou um travesseiro na cama e colocou-o sobre suas pernas, só para bater em cima dele logo em seguida, me chamando para deitar ali. Fiz o que ela queria e deixei que suas mãos passassem suavemente por meus cabelos.

-Como você acha? –Makena respondeu com outra pergunta, mas não tive tempo de responder. –Ela tenta não demonstrar, mas também está muito mal.

Nunca imaginei ter minha irmã caçula me consolando, assim como nunca imaginei ficar mal por uma mulher, mas a vida dá voltas... E estamos aqui, minha irmã e eu, fechados em um quarto do SPA de nossa mãe, conversando sobre os meus sentimentos.

-Há uma solução?

-Dê um tempo para vocês, apenas isto.

Não fiz a pergunta aguardando respostas, mas o que Makena disse era verdade, precisávamos de tempo. Tempo longe um do outro, tempo fora de estúdios de gravação, tempo longe do foco das câmeras, tempo longe das confusões que sempre nos metíamos quando estávamos juntos.

_x_

Acordei disposto a agir normalmente com , durante nosso último café da manhã juntos neste SPA. Afinal, depois de hoje não nos veríamos, a não ser que remarcassem logo a coletiva de imprensa sobre o filme Para Sempre.

Tomei banho rápido, apenas para tirar o suor da noite. Vesti as roupas mais simples que achei, um jeans escuro e uma camiseta branca, juntamente com um tênis estourado que, por algum motivo, minha mãe havia trazido para mim.

Uma estranha ansiedade me tomava. Sei que não deveria estar ansioso para vê-la, ainda mais depois da conversa que tive com Makena ontem, mas era um sentimento de proteção incontrolável. Não me perdoaria se ela estivesse mal.

Andei vagarosa e distraidamente pelo SPA, sempre a olhar para as árvores, aproveitar o som das fontes, dos pássaros, da música relaxante que dançava pelo ambiente. Andava tão distraído, que nem percebi que alguém vinha em minha direção, esbarrando acidentalmente nesta pessoa e derrubando-a no chão.

-Desculpa, deixe-me ajudar. –disse eu, já baixando o tronco e estendendo a mão para a pessoa e encontrando os olhos falsamente amarelos e cabelos tingidos de Lily.

Nossos olhares ficaram presos um no outro, enquanto eu a ajudava a se levantar. Eu sentia raiva. Lily sabia, de algum modo, que eu estaria aqui neste lugar durante o final de semana, por isso veio para cá, tinha de ser isso. Porque, para alguém que pode pagar o SPA mais caro que quisesse, dificilmente ela viria no de minha mãe, onde por ventura ela já havia visitado e saído reclamando do péssimo serviço aos sete ventos.

-Tay, com relação ao que aconteceu ontem...

Não dei tempo para ela terminar a frase, apenas saí de seu caminho e segui o meu, agora visando chegar o mais rápido possível à cozinha de minha mãe.

Apesar do dia quente, meus músculos tremiam em expectativa do que estava por vir.

Queria vê-la, queria tê-la, queria ajoelhar-me e pegar suas delicadas mãos entre as minhas, implorando perdão por algo que não fiz. Minha mão vacilou na maçaneta da porta da cozinha, quando parei em frente à mesma. Respirei fundo, segurei a maçaneta com mais força e a girei, só para empurrar a porta e me deparar com algo muito inesperado por mim.

Era . Ela carregava a mala de roupas que fora enviada para ela, assim que a mesma chegou no SPA. Estava se despedindo de minha mãe e meu pai, enquanto minha prima a abraçava de lado, pousando a cabeça em seu ombro.

Todos viraram para mim assim que adentrei o ambiente.

-O que está acontecendo? –perguntei, com a voz rouca pela surpresa.

Os olhos azuis brilharam em minha direção, tomados por uma frieza que até hoje não havia sido dirigida a mim.

-Estou indo para casa. –anunciou, com um sorriso forçado no rosto.

-Mas já? –questionou Makena, indo para o lado de que Gabi não abraçava, e a abraçando também.

-Tenho coisas a resolver Mah, mas tenho certeza de que vamos nos ver logo.

Foi quando percebi que mais uma mala estava pousada no chão, ao lado dos pés de minha prima.

-Tem certeza de que quer ir querida? –perguntou minha mãe, com os olhos pesarosos pousando brevemente sobre mim.

A resposta foi um lindo sorriso que não chegou a seus olhos, demonstrando a obviedade de que havia algo muito maior do que assuntos pendentes para que fosse embora.

-Tenho sim, Deborah.

O silencio reinou sobre o ambiente, enquanto esperávamos algo que eu não sabia exatamente o que era. Enquanto isso, fiquei a encarando e refletindo sobre todo nosso tempo juntos mais uma vez.

Um toque estridente de celular me tirou de meus devaneios, assim como a todo mundo, fazendo com que a inquietação novamente reinasse naquele lugar, enquanto a dona do aparelho escutava o que a pessoa do outro lado da linha dizia.

-Já estou indo. –disse pouco antes de desligar. Focou novamente em meus pais, e delicadamente se desviou de minha irmã e prima. –Obrigada pela hospitalidade Daniel e Deborah. –agradeceu, dando um abraço em cada um. –Makena, liga para marcarmos de sair qualquer dia, ok? –e abraçou-a. –Até a próxima coletiva, Taylor. –disse virando-se e caminhando em minha direção. Porém, ela passou direto por mim, atravessando as portas e sumindo de minhas vistas.

-Tchau Taylor. –disse Gabi, com uma secura contida na voz, antes de me abraçar e sair pela porta, seguindo a amiga.

Não havia percebido que a mala no chão era de minha prima, assim como não tinha percebido o momento em que ela se despedira de meus pais.

Makena me encarou emburrada e dirigiu-se a mesa, sentando com tal força em sua cadeira, que causou um baque surdo.

-Deixou o ouro escapar por suas mãos meu filho. –disse meu pai olhando para mim, antes de fazer a mesma coisa que minha irmã.

-Mãe? –chamei esperando uma resposta de sua parte, mas nada recebi além de um olhar reprovador.

(Continua...)

N/a: Oie peoples, como estão? Primeiramente gostaria de agradecer as flores que comentaram o capítulo passado. Só não agradeço cada uma, porque já é quase três da manhã e estou meio grogue! Kkkk’
Esta é a hora em que entramos em um momento crítico da história. Digo, tanta água já rolou entre esses dois, não? Como o coraçãozinho partido da PP irá reagir ante esta traição, sendo que os dois nem ao menos namoravam? Como reage um coração diante da traição de um grande amor? Só posso adiantar que será tudo ou nada a partir de agora. Os sentimentos estarão mais a flor da pele...
Damos início a segunda fase da fic, meus amores. Talvez apareça uma nova capa no próximo capítulo, ainda não sei.
É isso, peço que comentem e me digam o que acharam deste curtíssimo capítulo.
Beiijos e até a próxima!



Capítulo 15

P.O.V.

“Estava flutuando na escuridão, caindo...
Em meio a um fundo negro, via quadros de minha vida passar por mim enquanto eu caía, sem nunca chegar ao fundo daquele lugar.
Os momentos mais marcantes se ampliavam e vinham para minha frente como uma tela de TV a exibir um filme, o filme de minha vida.
O momento de meu nascimento, minhas primeiras palavras, minha primeira peça de teatro, meu fatídico aniversário de 7 anos, onde eu cometi a peripécia de quebrar a perna ao cair de uma escada, a dificuldade de não enxergar direito, por não ter dinheiro para comprar um óculos,meu primeiro beijo, minha primeira vez, minha cirurgia nos olhos, meus primeiros testes de elenco, o dia em que recebi a notícia de que iria fazer o papel de Ever, o dia em que conheci Taylor... Depois, vieram os recentes e tristes acontecimentos em minha vida, como o dia do quase estupro.
Perdi-me na nostalgia e tristeza, deixando-me afundar e finalmente caindo em alta velocidade, como se finalmente fosse chegar ao chão.
Fiquei feliz quando avistei o chão, pois estava mais do que pronta par pôr um fim em tudo, um fim em minha vida.”

Acordei chutando os lençóis. Estava ensopada de suor, meu coração batia muito rápido e minha respiração era curta. Vários minutos se passaram até que minha respiração acalmasse e meu coração voltasse ao ritmo normal.

Era a segunda vez naquela semana que aquele pesadelo se repetia. Ele sempre vinha em momentos que inconscientemente eu me deprimia, mesmo tendo mil e um motivos para sorrir sem parar.

Ouvi uma leve batida na porta, seguida por meu irmão atravessando-a e encarando-me com expressão muito preocupada, assim que viu meu estado deplorável.

-Está tudo bem, ? –perguntou ele, se jogando com tudo em minha cama e passando a mão por meu rosto, para verificar minha temperatura.

Seus olhos azuis, como os meus, irradiavam preocupação, seu cenho estava franzido, deixando sua face pesada, os cabelos loiros, desgrenhados. Anthony era realmente lindo, menos quando estava preocupado.

Não consegui responder sua pergunta, pois minha voz estava presa em minha garganta, como se algo a impedisse de sair. Tentava gesticular, fazer mímica, para dizer-lhe o que minha boca não dizia, porém, meu irmão sempre foi péssimo nessas brincadeiras e acabou interpretando minhas mímicas como um ataque de asma, o que o incitou a pegar minha bombinha que estava em cima do criado mudo e enfiá-la em minha boca, estimulando o ar para meus pulmões.

O excesso de ar me fez engasgar, o que causou um intenso ataque de tosse.

Tive de bater com força na mão de Anthony, para que ele se tocasse que o que estava me fazendo mal era a bombinha de asma, para que ela a tirasse de minha boca.

-Está louco? –perguntei com a voz fraca, enquanto voltava a respirar normalmente. –Falta de ar no corpo mata, mas excesso também, sabia?

-Não estava com falta de ar? Seu peito chiava como se estivesse. –disse Anthony, confuso com minha declaração.

Ele se aproximou de mim, olhou bem fundo em meus olhos e depois puxou a parte de baixo de um olho meu e continuou a olhar, como se quisesse encontrar algo de estranho ali. Eu realmente não entendia aquele exame médico idiota, mas preferia não questionar o fato de meu irmão faze-lo em mim.

-Não...

-O que estão conversando? –perguntou minha mãe, abrindo a porta de meu quarto com toda a força, fazendo com que nos abraçássemos assustados.

Meu coração pulou no peito e meus olhos se arregalaram com o susto. Minha pele ficou fria e meus músculos dormentes. Odiava quando minha mãe fazia isto, pois meu corpo sempre tinha reações estranhas, fazendo-me ficar desnorteada por alguns segundos.

Anthony me apertava com força, provavelmente tendo as mesmas reações que eu, pois eu podia senti-lo suando frio, através de seus braços em volta do meu corpo. Reação de família, fazer o que?

-Nossa, até parece que viram um fantasma! –disse mamãe atravessando meu quarto e abrindo as pesadas cortinas, para que o sol adentrasse o ambiente pela janela.

-Quase isso! –meu irmão e eu exclamamos ao mesmo tempo.

Soltamo-nos do abraço encaramos um ao outro, impressionados com nossa sincronia na fala e reações ao medo e caímos na gargalhada.

Peguei meu travesseiro e bati com ela na cabeça de Anthony com tanta força, que ele caiu de costas em minha cama e continuei batendo nele, enquanto ele tentava se defender, colocando os braços em frente ao corpo. Bati nele até meus braços cansarem, antes de cair de costas na cama, rindo feito a louca que era.

E foi assim que meu irmão aproveitou a deixa e começou a fazer cócegas em minha barriga, meu ponto fraco. Não sei quanto tempo ficamos naquela palhaçada, só sei que quando ele parou, eu já estava vermelha igual a um pimentão e quase sem ar.

-Meu Deus, coloquei dois loucos no mundo! –disse minha mãe, sentando-se ao nosso lado em minha cama.

Ela apresentava uma face de medo e sentava-se na ponta da cama, como se fosse fugir de nós ao primeiro sinal de loucura extrema. Anthony falou baixinho em meu ouvido, que achou engraçado o jeito de mamãe e, mais uma vez, caímos na gargalhada, assustando-a ainda mais.

-Qual os planos para hoje? –perguntou meu irmão, assim que se recuperou da onda de risos.

-Algumas compras para a viagem de quarta-feira.

-COOOMPRAS! –gritei, pulando da cama e começando a correr pelo quarto, pegando tudo que eu levaria em minha bolsa. –Compraas! –Desta vez até Anthony me olhou assustado com minha estranha reação. –Qual o problema? Só estou feliz por ter meu irmão por perto. –pulei na cama novamente, ficando entre meu irmão e minha mãe.

-Onde é a festa? –perguntou meu pai, também entrando no quarto e se apossando do espacinho na cama ao lado de minha mãe.

Mamãe nada disse, apenas nos abraçou da melhor forma possível e caiu em lágrimas.

-É bom estar de volta. –disse Anthony.

Ficamos ali, naquele estranho abraço, acomodados e felizes com a companhia um do outro. Não havia maior felicidade do que estar com a família reunida.

_x_

-Filha, atende o telefone para mim? –minha mãe gritou da cozinha.

Como estávamos prestes a sair de férias, dispensamos todos os empregados, com a ordem de que só deveriam voltar para casa dois dias antes de nossa volta, apenas para manter a residência apresentável, até que chegasse o dia da faxina, onde todos enfiaríamos a cara nos produtos de limpeza e daríamos um trato na casa.

Já era hora do almoço e mamãe cozinhava algo com um aroma delicioso. Depois de comer sairíamos para fazer compras, assim como havia sido anunciado em meu quarto, hoje pela amanhã.

Levantei-me do confortável sofá de veludo champagne, onde estava acomodada assistindo “O Diário da Princesa” na enorme TV de 50 polegadas e corri para o telefone que tocava estridente, em cima de uma escrivaninha de carvalho branco, que se localizava perto da janela.

-Já vou! –gritei para o aparelho. Ah tá, como se ele fosse ouvir! –Residência dos Gligeusky.

Ao pegar o aparelho, voltei a caminhar em direção ao sofá, pois não estava com nenhuma vontade de ficar perto do local do telefone. Hey, é para isso que serve telefone sem fio, sabia?

-Posso falar com a ? Diga que é a . –ela pediu, com uma voz extremamente cansada.

-Não reconhece minha voz? O que acontece? –indaguei sem delongas.

O tom de voz de minha amiga me assustou profundamente. Há dias não nos falávamos pessoalmente e em todas as nossas ligações, eu percebia que ela me escondia alguma coisa, mas não fiz pressão para que ela falasse, pois sabia que ela o faria assim que se sentisse pronta.

-Eu não vou poder viajar com vocês, amiga.

-Por... –a induzi a falar. Sabia que ela falaria de qualquer modo, mas quanto antes falasse, melhor seria para ela e para minha preocupação (curiosidade).

Meu coração acelerou de nervoso, com o medo de que alguma coisa ruim tivesse acontecido nesse final de semana em que estive fora.

-Papai está velho. –disse ela, como se aquilo pudesse encerrar a conversa.

Respirei fundo e contei até vinte.

Sei que disse que a deixaria contar no tempo certo, mas odiava quando ela fingia que ia contar e ficava nessa enrolação agoniante.

-O que aconteceu com o padrinho?

-Papai está velho. repetiu. –Escorregou na cozinha que a diarista tinha acabado de limpar e bateu a cabeça de novo.

O alívio percorreu meu corpo, aliviando os músculos que eu nem havia percebido que havia tensionado.

Arthutr e Tina, pai e mãe de , respectivamente, e meus padrinhos, são muito próximos de minha família. Eles cuidaram de mim como se fosse sua filha, quando meus familiares não podiam fazê-lo por motivos maiores como a carga extra de trabalho. A ideia de que algo ruim pudesse ter acontecido a um deles me apavorava muito.

-Então não foi nada grave?

-Não era para ter sido, mas ele bateu a cabeça bem no lugar onde ele levou os pontos por conta do acidente, o que quer dizer que os pontos abriram. –ela respondeu chorosa. , estou desesperada! Minha mãe não atende ao telefone e quando liguei para o trabalho dela, disseram que ela não ia atender se não fosse com urgência. Eu expliquei que era urgente, mas não me deram ouvidos!

Minha amiga chorava desesperada ao telefone.  E assim como ela, eu não tinha ideia do que fazer, então fiz a coisa que qualquer pessoa desesperada e sensata faria:

-MÃÃÃÃEEEE!

_x_

A sala de espera possuía pressão natural, o que me causava uma inquietação maior que o normal. Aquelas pessoas ansiosas, presas em um desespero interno, os bancos metodicamente espalhados pela sala, a pequena TV que passava um programa qualquer, mas ninguém prestava atenção... Isso tudo era totalmente estressante e me deixava com os nervos a flor da pele.

-Pode parar de andar de um lado para o outro? –perguntou , quando eu estava prestes a completar minha quinquagésima volta pela sala.

Estaquei por um segundo.

-Então pare de enrolar o cabelo! –rebati antes de voltar a caminhar pela sala.

De um modo ou de outro, sempre acabávamos no hospital, presas em uma nuvem de ansiedade, dentro da sala de espera, ou de qualquer outro setor do local. Parecia uma sina feita especialmente para minha amiga e eu.

Lembro-me de todas as vezes em que viemos parar aqui. A primeira foi quando quebrou o dedinho da mão direita, na aula de Ed. Física, ainda no primário. Fiquei horas com ela até que minha mãe chegasse para nos buscar. Naquela época, minha mãe cuidava de nós duas, pois a mãe de minha amiga trabalhava dia e noite num shopping Center, enquanto o pai, passava o dia no banco. A segunda vez foi quando batemos nossas cabeças, ao corrermos de encontro uma a outra, para nos abraçarmos. Fazia dias que não nos víamos, e a saudade era grande. Acontece que a saudade era tão grande que ao nos abraçarmos, batemos a cabeça com tal força, que ficamos mais tontas que bêbados saindo de boteco, o que resultou num enorme galo. Outras vezes que viemos para este hospital foi por acidentes fatidicamente engraçados, assim como os dois primeiros, o que me fez cair na gargalhada com as lembranças, em plena sala de espera.

-Sua louca! Estamos no hospital, lembra? –disse se aproximando de mim e me empurrando para fora da sala logo em seguida.

-Estava lembrando todas as vezes que paramos aqui NESTE hospital! –consegui falar entre risos.

Ela ficou quieta por longos segundos, encarando o nada, enquanto eu ria de seu modo e de meus pensamentos insanos neste momento inadequado. Não demorou muito até que se juntasse a mim e gargalhasse, fazendo com que passássemos atestado de loucura.

-Peixinho fofinho! –disse a louca, apertando minhas bochechas com força.

-Não!

Ela apertou com mais força, dando maior proeminência ao bico em que minha boca se transformou com o aperto. (?)

-Peixinho fofinhooo!

Sabia que ela continuaria a apertar minhas bochechas até que eu falasse, mas eu não queria ceder, não mesmo!

-Peixinho fofinhooo!!!

Fiquei em silencio, lutando com suas mãos ao tentar repuxar meus lábios em um sorriso, mas de nada adiantava. Sua mão era mais forte que minha bochecha e, quando a mesma começou a arder, achei que era hora de ceder.

-Pexinhoofofino. –disse eu emburrada, tentando pronunciar direito a palavra, por entre os lábios abertos em “O”.

soltou minhas bochechas, dando-me o prazer de senti-las livres depois do apertão, mas elas estavam dormentes, o que significava que eu não conseguia falar direito e isso só fez minha amiga rir mais ainda de mim.

-, estava pensando... –comecei a falar, assim que senti minhas bochechas voltarem ao normal.

-Você pensa? –ela me cortou com mais uma de suas piadinhas, antes de começar a rir feito uma hiena.

Fechei a cara e fiquei a encarando até que parasse de rir e tratar o assunto com a devida seriedade.

-Estava pensando, –disse novamente, assim que ela parou de rir. –se sua mãe e seu pai não gostariam de viajar com a gente também e não só você, como a gente sempre faz.

Fui respondida por um enorme silencio vindo da parte de minha amiga. Não queria que ela ficasse sozinha com o pai e a mãe aqui em L.A., ainda mais com a filha do pai dela os importunando o tempo todo, pisando moralmente nela e na mãe, como se fossem insetos indignos da companhia do velho Arthur.

Se fosse pela irmã de , o pai delas estaria em uma casinha precária, ainda sofrendo com a morte de sua falecida esposa e cedendo a todo o tipo de depressão, mesmo depois de anos. Eu achava um belo milagre ele ter conhecido a mãe da e se casado com ela pouco tempo da morte da antiga esposa. Não conseguia imaginar o padrinho sozinho e sem um filho que desse atenção para ele, como minha amiga fazia. Então, mesmo sem ser atingida pelo mal de Samanta, não podia deixar de odiá-la.

-Pode ir a aproveitar suas férias com tranquilidade, . Papai vai precisar de cuidados e ninguém ia aproveitar nada. Aliás, eu gosto de cuidar do meu velho, e aposto que vou me divertir muito passando as férias aqui com ele e com a mamãe.

-Tem certeza? –insisti, pensando que seria muito bom se o padrinho saísse da cidade para espairecer, largar os problemas que o atormentavam por aqui.

-Tenho certeza de que você quer descansar depois de tudo o que aconteceu nas últimas semanas.

-O que aconteceu? –perguntei, fazendo-me de desentendida.

-...Ainda mais depois do que está acontecendo agora. – complementou, olhando fixamente para um ponto acima de meu ombro.

E, em um momento de pura curiosidade com açúcar, olhei para o ponto que minha amiga encarava, dando de cara com uma cena que poderia ser vista como terna para uns, mas para mim, era algo repugnante.

Hannah e Taylor, ambos sentados na espera de consulta. Aquilo me enojou, ainda mais quando ela pegou a mão dele com delicadeza e colocou-a em cima de sua barriga lisa. Ela havia me visto. Cheguei a essa conclusão, porque, depois de ter executado aquele “lindo” gesto, a vadia se jogou com tudo para cima do cafajeste e começou a beijá-lo libidinosamente, em plena sala de espera!

Senti meu café da manhã me subir todo à garganta, e saí em disparada em direção ao banheiro. Entrei no mesmo de supetão, assustando duas mulheres que ali estavam e entrei num reservado, mal conseguindo trancar a porta, antes que todos os alimentos que eu havia consumido fossem expelidos garganta a fora.

-Amiga, está tudo bem? – perguntou batendo a porta, no momento em que dei a descarga, eliminando todos os vestígios de meu recente mal estar.

Saí do reservado sem dizer uma palavra, correndo direto para pia e lavando minha boca com água, da melhor maneira possível. Dei graças por estar em um hospital de bom status e que possuía recursos como fio dental e enxaguante bucal nos banheiros. Utilizei o segundo recurso antes de falar:

-Estou bem, foi apenas enjoo por ver aquela cena de vermes fazendo vermisses.

A palavra inventada veio naturalmente, dando mais veracidade as minhas palavras. Não havia sido intencional usar ironias, –pois Hannah realmente parecia um verme ambulante. –mas elas vieram.

-Vermisses? –perguntou .

-Coisas de vermes. –respondi, como se real pergunta fosse algo banal, como o significado da palavra risada.

Minha amiga caiu na gargalhada, logo me puxando junto com ela. Ficamos um longo tempo rindo no banheiro, até que a louca parou de rir, segurou meu pulso com força e saiu me arrastando do banheiro, novamente para a sala de espera.

Mal sentamos e minha mãe apareceu, com a face um pouco abalada.

-Como ele está? –perguntou pulando de sua cadeira.

Minha mãe respirou muito fundo, antes de sentar-se, pegando a mão de entre as dela e fazendo que minha amiga sentasse no lugar vago, a seu lado.

-Arthur está bem. Ele apenas levou mais alguns pontos na cabeça e precisará de muita atenção nos próximos dias. Não foi nada grave, mas como a batida foi forte, ele ainda está meio desorientado.

Um suspiro de alívio escapou pelos lábios de minha amiga, fazendo com que sua face, antes vermelha de nervosismo, voltasse à cor normal.

-Posso vê-lo? –perguntou minha amiga, já se levantando e virando na direção da porta.

-Vai rápido, você só tem 15 minutos até que o horário de visitas acabe. –minha mãe respondeu, empurrando em direção à porta e logo voltando para se sentar perto de mim.

Olhei bem fundo nos olhos também azuis de minha mãe, pisquei e deitei minha cabeça em seu ombro, deixando-me consolar com palavras não ditas, por conta do que vi recentemente.

Uma mão suave passava entre meus cabelos, naquele delicado momento. Agradecia aos céus todos os dias, por ter minha família ao meu lado o tempo todo, pois se não fosse por minha mãe, meu pai e irmão, não sei o que seria de mim.

-Algum problema?

-Nada mãe, apenas uma coisa na sala ao lado denominada pela mídia de Taylor Lautner.

Não pude evitar o soluço que me subiu a garganta, ele apenas veio, apenas para me colocar ereta e ver o momento em que a pessoa cujo nome eu havia acabado de pronunciar, adentrou a sala de espera que eu estava.

“Em espanhol, "consciência" é a unidade de medida internacional que, em noites de insônia, calcula a pressão exercida sobre um travesseiro.” –dizia certa frase de autor desconhecido. E, ultimamente, sentia que a consciência de certa pessoa que me encaravam agora, andava tão pesada, que essa tal pessoa sentia a necessidade de me perseguir para se desculpar, mas sempre acabava cometendo algum erro e me magoando a um ponto que, “desculpa”, não era uma palavra que a salvasse de seus erros para comigo.

-E qual foi a da vez? –mamãe sussurrou em meu ouvido.

-Cafajeste. –respondi em voz alta, para que todos ouvissem. Minha mãe ficou vermelha de vergonha e afundou em sua cadeira.

-Não deixe seu pai saber disso. –falou mamãe, tentando inutilmente se fundir com a cadeira em que estava sentada.

-Quero mais é que ele saiba. –respondi. –Oi Taylor, o que faz aqui? –falei para ele, elevando a voz.

O olhar de surpresa que recebi do ator foi hilário. Tenho certeza de que ele não esperava a reação fria, desinteressada e sociável que eu tive ao falar diretamente com ele.

Segurei o riso, enquanto minha mãe nos olhava perplexa. Acho que depois daquele dia que Taylor jantou em casa, sendo tratado tão bem, ela não imaginava que eu colocasse meu lado vingativo em ação na frente dele. Ah, ela não tinha visto nada!

-Vim acompanhar Hannah em seu primeiro pré-natal. –disse ele, ainda surpreso com minha reação. –Te vi aqui e...

Levantei para ficar a uma altura aceitável, para que conseguisse colocar o dedo nos lábios dele, o silenciando.

-Então o teste de DNA deu positivo? O filho é seu? –o desafiei. –E não precisa se explicar, baby. Já sei que quer ficar perto da sua namorada e de seu filho.

Foi nesse momento, o momento em que vi a raiva passar rapidamente por seus olhos, que eu soube que nossa rixa estava de volta.

-O filho é meu. E adoraria acompanhar a MÃE dele em suas consultas. –confirmou friamente. –Sinceramente, espero que o motivo que a trouxe para este hospital não seja nada de mais. Agora, se me dá licença Gligeusky, preciso acompanhar Hannah.

Mais uma vez tive de segurar o riso, enquanto o via dar as costas e começar a se direcionar para a saída da sala de espera em que eu estava.

Me adiantei em sua direção, mas minha mãe segurou meu braço com força, fazendo com que eu me atrasasse alguns segundos, em alcançar Taylor.

-Calma mãe, depois te explico tudo. –disse eu mal olhando para ela, antes de me soltar e fazer o que queria. –Hey, Lautner! Tenho mais uma pergunta! –ele parou, virou-se para mim novamente e arqueou uma sobrancelha, aguardando a pergunta. –Por que não a levou em um médico particular de sua confiança?

Ele apertou a mandíbula, diante de meu questionamento debochado e com segundas intenções.

-Porque ela queria se consultar com seu médico de longa data. –respondeu, apertando os olhos. –Entendi exatamente o que quis dizer, ok? Sei que desconfia que o teste de DNA possa ter sido manipulado, mas... E se esse filho realmente for meu?

Dei de ombros, mostrando desinteresse, mas a verdade era que eu estava louca para ver a bomba explodir e causar rebuliço.

Virei as costas e voltei ao meu lugar. Não fui impedida de fazê-lo, apenas caminhei e sentei onde estava anteriormente, como se nada tivesse acontecido.

Tirei de minha bolsa meu velho exemplar de Hamlet e comecei a lê-lo despreocupadamente, como se a cena anterior não tivesse acontecido.

Sentia os olhares das pessoas presentes na sala, queimando em cima de mim. Afinal, não é todo dia que se tem um confronto civilizado entre atores em um hospital, não é? Mas nem me incomodei, apenas continuei a ler meu livro, até que minha mãe me interrompeu.

-O que aconteceu ? –perguntou com aquele tom autoritário que só as mães sabem usar.

Contei mentalmente até vinte, fechei o livro e virei de frente para ela, com um sorriso cadenciado nos lábios. Não gostava de discutir esse tipo de assunto com ninguém, mas não podia escapar quando minha mãe perguntava daquele jeito.

-Sabe aquele dia que ele jantou lá em casa? –perguntei para minha mãe, baixando a voz e imediatamente sentindo meu rosto queimar de vergonha. Prossegui quando ela assentiu. –Então, aquele dia, bem... Nós ficamos intensamente, por assim dizer. –Mamãe arregalou os olhos e olhou para mim, incrédula com o que fiz.

-E por qual motivo não me contou sobre isso? –ela esbravejou.

Mamãe e eu tínhamos um ótimo relacionamento. Contávamos (quase) tudo uma para outra, inclusive meus namorados, casinhos, parceiros sexuais e etc. Ela estava realmente muito estupefata e brava por eu não ter contado para ela antes. Aquilo já havia acontecido há semanas! Eu podia ver toda a decepção em seus olhos e aquilo realmente me incomodou.

-Com o Taylor é diferente, mãe. Eu realmente achei que ele tinha deixado de ser aquele cara convencido que eu tinha conhecido nos sets. –respondi às suas perguntas não pronunciadas. –Aconteceram mais vezes. –ela arregalou ainda mais aqueles olhos azuis, tão iguais aos meus. –Mas, no final, ele é apenas mais um conquistador barato.

Mamãe estava com seu máximo ódio estampado no rosto. Sua face vermelha, os lábios apertados em uma linha, os olhos determinados e insanos. Tive medo do que ela poderia fazer, pois não seria a primeira vez que ela enlouqueceria por fazerem coisas do gênero aos seus filhos. Digamos que minha progenitora era uma leoa legítima quando queria.

Mas nossa conversa foi interrompida por uma a beira de lágrimas, chegando à sala de espera.

-O que aconteceu querida? –minha mãe se adiantou para ela.

-Ele está bem! Estou tão aliviada!

Não pude deixar de me sentir felicíssima. Apesar de tudo, meu padrinho estava bem, e era isso o que me bastava para me sentir feliz.

-Agora eu posso vê-lo? –perguntei, ansiosa para ver pessoalmente como ele estava.

apenas balançou a cabeça negativamente, antes de responder:

-A enfermeira acabou de dar o sedativo para ele, está dormindo agora. E o horário de visitas já acabou. –ela fez cara de culpada. Por quê? Eu realmente não sei. –Talvez, se eu não tivesse ficado tanto tempo... Minha mãe vai poder ficar, porque meu pai precisa de acompanhante, mas só ela pode ficar.

Ergui a mão, com a palma virada para seu rosto. Um pedido mudo para que ela parasse de falar.

-Seu pai. Seu direito de vê-lo é bem maior que o meu.

Baixei a mão, e um silencio mortal se instalou entre nós três. Eu, ao menos, não sabia o que falar num momento desses, então nem arrisquei abrir minha boca grande.

-Vamos para cara meninas? –mamãe perguntou após algum tempo de silencio.

Assentimos, antes de ajeitarmos nossas coisas e sairmos da sala de espera em silencio. Foi assim o resto do trajeto até a porta do hospital: mamãe na frente, do meu lado esquerdo, mas ainda assim um pouco a frente e eu, a dois passos atrás de minha amiga.

Quando estávamos quase chegando a porta de saída, senti uma mãe forte e quente segurar meu braço com delicadeza.

Virei e encontrei aqueles olhos calorosos, ora negros, ora castanhos, que aquecerem meu corpo e alma. Era o olhar que eu havia visto um dia, em certo evento que ele nem deveria se lembrar. Àquela época, eu era apenas uma fã sonhadora, e com muita sorte, por sinal, pois havia conhecido quase todos os meus ídolos.

-Não faz isso. –ele pediu, com a voz pesada.

Suspirei, balancei a cabeça, fechei os olhos e me segurei ao máximo para não chorar.

-Quem sabe, quando você voltar a ter aquela inocência, calor, felicidade, simpatia... Se algum dia deixar de ser o ser odioso que hoje você é... –abri os olhos e o encarei o mais profundamente possível. –Quem sabe se você voltar a ser aquele Taylor que conheci, aquele que ama o que faz, ama a família, os fãs e sempre faz de tudo para ser feliz, sem ser mesquinho. O Taylor que me abraçou e disse que eu era uma garota linda, sendo que eu tinha uma tonelada de espinhas na cara, usava óculos fundo de garrafa e também usava um aparelho horroroso... Se um dia isso acontecer, talvez você ganhe uma nova chance. –as palavras travaram em minha garganta. Sabia que choraria a qualquer momento, então soltei meu braço de seu aperto, e saí o mais rápido possível atrás de minha mãe e minha amiga, que já me esperavam na porta do hospital.

(Continua...)

N/a: Hey, amores! Capítulo cheio de lembranças, não?
Esse é o último capítulo de nossa primeira temporada, um capítulo que dá o fim a esse rola não rola da PP e o Taylor e nos leva para novos rumos. Talvez eles se tornem amigos nessa nova temporada, ainda não posso dar muita certeza, mas...
Também teremos um pouco mais da história das outras personagens, como da família do Tay, da avó morta da PP, da , da Gabi e do Anthony. É isso mesmo, esse lindo e amoroso irmão vai ser bem presente nesta temporada e vai abalar muitos corações com seu jeito doce de ser.
Ah, e aproveitem bem para descansar depois desse capítulo, porque o próximo será giganteeeee! E posso afirmar que suas cabecinhas vão ralar neste próximo capítulo, porque apesar de ser simples, ele está cheio de sentimentos subjetivos e confusos e isso embola a cabeça de muita gente, ou pelo menos a minha, sei lá!
Mas então é isso, amoras.
Beiijos e até o próximo capítulo. ;D


Capítulo 16

P.O.V.

As pequenas peças que jaziam em cima da minha cama gritavam um nome que eu desesperadamente queria esquecer. Devia joga-las fora, devido às lembranças que me traziam, mas eu gostava tanto delas que... As peguei com delicadeza e as vesti, aproveitando a boa sensação do pequeno e gelado tecido deslizar por meu corpo quente. Caminhei pelo quarto de hotel até o elegante espelho de moldura dourada e encarei a imagem da garota que Taylor um dia vira na loja de roupas de banho; biquíni com misto de tons azuis e esverdeados, sobrepostos com fio dourado, que realçava meus olhos também azuis, o modelo possuía um decote discreto e um corte não muito cavado na calcinha, que evidenciava um bonito corpo sem deixá-lo vulgar.

Pensei como era incrível como um biquíni poderia me deixar tão triste e tão feliz ao mesmo tempo. Percebendo o quanto aqueles pensamentos me deixavam aérea, balancei a cabeça em negação e peguei minha escova de cabelo, a fim de ajeitá-los para que pudesse prendê-los no simples rabo de cavalo, que sempre prendia para ir à praia.

E antes que eu pudesse terminar de escovar os cabelos, uma batida soa levemente a porta, despertando abruptamente do pequeno prazer, que era arrumar o cabelo. Sabendo que a porta do quarto só abria por dentro, levantei a contragosto e fui ver quem era.

-Que cara de enterro. –disse Anthony entrando em meu quarto sem pedir licença e se jogando na cama e logo em seguida ligando a enorme TV.

Revirei os olhos e voltei a escovar meus cabelos. Terminei de escová-los e prendi-o em silencio, antes de voltar para meu irmão e responder:

-É só o sono, acabei de acordar. –menti, sabendo perfeitamente que minha expressão morta não era pelo sono e sim, pelas lembranças que minha roupa trazia.

Ele assentiu em concordância, pois sabia que eu ficava mal humorada logo que acordava pela manhã. Franziu o cenho para meu biquíni e levantou-se para analisa-lo.

-Que pedacinhos de pano são esses? –perguntou me rodeando e analisando minha pequena vestimenta.

Não pude deixar de rir. Esse era o irmão que eu conhecia e amava. Gostava dele assim, ciumento, brincalhão e folgado, não o exageradamente ocupado e indiferente para com a família que vi, quando fui visitá-lo na faculdade, em um feriado qualquer.

-Um presente. –respondi indo em direção a cama e tentando desamassar o simples vestido Pink, feito de malha fria e estampado com um belo arabesco com borboletas na barra, que Anthony havia deitado em cima. –Eu ia colocar esse vestido por cima, mas você fez questão de amassar. Agora vou ter que sair assim. –brinquei.

Veio como um vulto até mim. Só deu tempo de sentir a roupa passando por minha cabeça e alguém puxando meus braços pelas mangas da roupa e em um tempo inimaginável, eu estava vestida.

Recuei alguns passos, enquanto ele avançava para cima de mim. Infelizmente, bati de costas na parede do quarto, mas não senti sua frieza, pois bati exatamente na parte onde começava a cortina voal.

-E nunca mais brinque com isso. –disse brandindo o dedo na minha cara.

-Tudo bem.

Estava sem fôlego algum para dizer qualquer outra coisa. Apenas peguei algum dinheiro, o bloqueador solar e meu celular e o segui para fora do quarto em direção aos elevadores.

Nervosa demais para sequer encarar meu irmão depois daquela cena estranha, me pus a analisar o cenário a minha volta. Pela primeira vez desde que chegara ao hotel, me vi admirando as lindas pinturas de pontos turísticos, contidos em diversos quadros na parede, ao longo do corredor. Eram lugares como o Coliseu, em Roma; o Museu do Louvre, na França; a grande Muralha da China; o Big Bang, em Londes... Fiquei imaginando se aqueles lugares eram tão bonitos quanto nas pinturas e prometi a mim mesma que assim que possível, iria visitar todos esses lugares, apenas para provar sua diferente cultura e beleza. Estranhamente aquela simples atividade de observar os quadros e imaginar como aquelas paisagens eram na vida real, acalmou meus nervos o suficiente para me fazer esquecer momentaneamente a estranha ‘explosão’ de Anthony.

O último quadro que vi antes de chegar ao lugar onde esperaríamos o elevador foi uma magnífica cachoeira, que criava diversos arco-íris a suas margens. Não fazia ideia de que lugar poderia ser, mas ao ver a imagem, minha imaginação ganhou vida e em poucos segundos, eu estava em uma estranha passarela que era próxima demais a cachoeira. Podia até sentir a água que caía com força no rio sendo espirrada para todos os lados e me banhando de forma inovadora.

-, vamos! –ouvi Anthony gritar. –Terra para . Vamos logo! Não vou conseguir segurar o elevador por muito tempo. Não vê está apitando? Estão o solicitando em outro lugar.

Dei uma última olhada no quadro antes de entrar na moderna lata de aço, que era aquele elevador. Dentro daquela lata de sardinha que nos levaria para qualquer andar que quiséssemos dentro do prédio, havia um enorme espelho de corpo inteiro e uma minúscula câmera no canto superior esquerdo. Não entendia porquê tanto luxo ali dentro, sendo que o único objetivo do elevador era nos levar de um andar a outro. Era para isso que estávamos ali, não era?

-Não Tony, não vejo o elevador apitar, eu o ouço apitar. –respondi com uma pitada de sarcasmo e me aproveitando do apelido que meu irmão não gostava que usássemos.

Fui fuzilada por intensos olhos azuis, antes de ganhar a total desatenção de meu irmão.

Confesso que me senti um pouco mal por isso, mas pouco me importei com meus próprios sentimentos, pois sabia que isso acabaria em pouco tempo. Anthony me amava tanto quanto eu o amava e nós nos víamos pouquíssimas vezes no ano, então tinha total certeza de que essa pequena rixa entre irmãos acabaria em pouco tempo.

Dei graças quando o elevador finalmente parou no térreo, me libertando da prisão de lata. Admirava tal invento humano, que nos subia e descia nos andares em pouco tempo, poupando nossas pernas de grande esforço, mas odiava-o por ser uma pequena prisão, que parecia fechar suas pequenas paredes a nossa volta, mais e mais a cada segundo.

Inspirei profundamente, deixando que o delicioso cheiro de café, bacon e pão torrado com manteiga, me invadisse. Apesar do cheiro deixar meu estômago inquieto, aquele cheiro de café da manhã me acalmava, com sua promessa de um delicioso sabor e o inicio de um novo dia.

-A mãe e o pai já desceram? –perguntei a meu irmão, que já entrava no restaurante e começava a se servir. Era hábito de família esperar todos estarmos juntos, antes de começarmos a nos servir quando estávamos em um hotel. Fui respondida com o silencio.

Dei de ombros para o nada e também comecei a me servir, seguindo meu irmão para onde quer que ele fosse. Sempre fui péssima em procurar pessoas em locais grandes e com muitas pessoas, por isso, nem arrisquei a procurar meus pais sozinha.

O buffet do café era extenso e cheio de variedades. Ao longe, eu podia ver diferentes tipos de bolos, tortas, queijos, cereais, bolos e pães, tirando os recipientes de metal, que deveriam conter as coisas quentes, como: ovos, bacon e pães quentes. Eu olhava tudo com a imensa vontade de pegar um pouco de cada, mas cada vez que me imaginava comendo algo, meu estômago revirava, lembrando-me que se eu comesse, passaria mal.

-Não vai mesmo falar comigo? –perguntei quando já nos encaminhávamos para uma mesa.

-Depois conversamos.

O tom de voz de meu irmão era sombrio, o que me assustou de verdade, mas me contive, pois chegávamos à mesa onde meus pais se encontravam e aquele era um assunto entre irmãos, não sentia a necessidade de incluí-los.

-Bom dia minhas crianças. –ela nos saudou com voz melodiosa. Mamãe era tão cantante quanto um passarinho, tinha a voz linda e amava cantar. Nunca entendi o motivo dela não ter arriscado na carreira de cantora e, sempre que perguntava, ela mudava de assunto bruscamente, nunca respondendo.

Meu pai apenas sorriu com nossa chegada e me limitei a fazer o mesmo, totalmente o contrário de Anthony, que beijou minha mãe no topo da cabeça e bateu no ombro de meu pai com um forte “bom dia” em sua voz.

Depois de servida e acomodada, me permiti observar o luxuoso restaurante, com suas mesas metodicamente arrumadas com duas toalhas cada uma e um plástico de sobreposição, suas cadeiras de madeira entalhada e os assentos almofadados, o piso de um branco impecavelmente brilhante, os vasos de flores estrategicamente espalhados pelo salão e os funcionário muito bem uniformizados. Fiquei imaginando quanto dinheiro era desperdiçado naquele exagerado luxo e quantas crianças famintas podia-se alimentar com aquele dinheiro.

-Vejo que minha boneca resolveu comer como passarinho hoje. –comentou minha mãe, fazendo com que minha atenção se voltasse para ela. Ela encarava a pequena fatia de bolo, a torrada com mel e o suco de laranja. –Não é de seu feitio comer assim tão pouco, filha. O que houve?

E era verdade. Eu costumava comer horrores em qualquer ocasião, com exceção apenas a dias em que eu estava atrasada para algo e saía correndo de onde quer que fosse, com o estomago a roncar como um trator de tanta fome que tinha.

-Só estou sem fome. –franzi meu cenho para a comida e coloquei a mão sobre a barriga antes de prosseguir. –Acho que aquele hambúrguer que comi depois do jantar me fez mal.

Quanto mais eu olhava para meu prato, mais meu estômago revirava.

-Precisamos de um médico? –perguntou meu pai em tom preocupado. Não pude ver sua expressão, pois só conseguia olhar para a comida no prato, que parecia falar comigo.

Balancei a cabeça negativamente, sem desviar os olhos do apetitoso e estranho bolo de chocolate.

Mesmo estando insegura com relação ao café da manhã, peguei o garfo e o afundei com vontade no bolo e o coloquei na boca. Tinha gosto estranho e textura totalmente pastosa, assim como creme de amendoim. Foi preciso um esforço monumental para fazê-lo descer pela garganta.

A sensação da comida descendo pela garganta foi horrível, mas continuei a insistir e mandar tudo para dentro, pois sabia que seria pior se não comesse.

O café da manhã passou com conversas amenas e pouca comida, ao menos para mim. Era bom estar me divertindo em família.

 Desde que fui chamada para gravar Os imortais, minha vida tinha virado uma correria sem fim, o que me tirava completamente desses momentos em que eu poderia aproveitar meu pai e minha mãe, sem falar em meu irmão, que só ia para casa em feriados, dias em que também me faziam trabalhar, fosse ensaiando falas, ou gravando.

Não que eu não gostasse da vida de atriz, pelo contrário, eu amava. Mas às vezes tinha que abrir mão de alguns bons momentos, como este que se passava.

Lembrei de todos os lugares em que vi nos quadros e fiquei pensando em como seria bom ter um desses momentos naqueles lugares magníficos. Fiquei fantasiando como seria passar um dia nesses lugares com minha família.

-! –gritava minha mãe. –Onde está com a cabeça, filha?

Pisquei os olhos repetidas vezes ao acordar de meu devaneio e fiquei encarando minha mãe sem saber o que responder.

-Nem ligue, mãe. Ela está assim desde que acordou. Precisava ver o que tive de fazer para que ela entrasse no elevador.

-Vai ter vingança. –sussurrei para meu irmão, enquanto ele e meu pai riam ruidosamente das minhas proezas.

Minha mãe foi mais discreta e apenas revirou os olhos, mantendo um leve sorriso nos lábios.

-Agora me responda. –disse ela olhando diretamente em meus olhos. –Onde pretende passar o dia?

Olhei para meu irmão seriamente, até que ele parou de rir, para eu poder contar nossos planos para o dia. Foi um longo tempo até que seu riso cessasse e ficássemos em completo silencio. Silencio que fiz questão de prolongar alguns segundos, antes de responder.

-O paspalho e eu combinamos de ir a praia pela manhã, fliperama depois do almoço e cinema a noite.

-Claro que respeitando as normas de não gastar muito e comer nas horas certas. –completou o paspalho. –E paspalho é o senhor seu colega de elenco, o Lautner.

No começo eu não entendia essa cisma que meu irmão tinha com o Taylor. E isso era desde que eu era apenas uma tiete dele, na época de Twilight. Meu irmão sempre franzia o cenho, quando eu suspirava ao ver filmes com ele, ficava feliz só de vê-lo na TV ou levava alguma coisa que o mencionasse para casa. E assim, tempos depois, era difícil admitir que Anthony tivesse razão com essas cismas. Taylor Daniel Lautner realmente não era flor que se cheirasse.

-São farinha do mesmo saco. –desdenhei, apenas para não sair por baixo.

O cão sarnento rosnou para mim e cerrou os punhos por baixo da mesa. Fechei os olhos esperando a bronca. Sabia que havia passado dos limites, pois meu irmão sempre deixou claro que odiava que o equiparassem ao astro, mesmo que fosse de brincadeira.

Esperei, esperei, esperei, esperei... Nenhuma reação vinha do meu irmão e dos meus pais, até que meu pai resolveu soltar uma longa gargalhada, que chamou a atenção de muitas pessoas a nossa volta.

-Adorei a piada! –comentou em voz alta, totalmente sem graça por ter chamado a atenção de tantas pessoas. – O quê? A nunca te compararia com o Lautner, não é mesmo? –completou em resposta à expressão incrédula de meu irmão.

Apenas assenti, segurando um sorriso amarelo nos lábios. Não queria contrariar meu pai e muito menos dizer que compararia sim, Anthony ao Taylor.

O ódio de meu pai por Taylor era extremamente engraçado. Meu pai só o conhecia de poucas visitas que fazia ao estúdio de gravação e nunca se importara com ele, até o dia em que o mesmo jantou em casa. E quando perguntávamos a ele de onde vinha esse ódio, ele dizia que nunca gostara do jeito do rapaz e que havia confirmado suas suspeitas dele não ser boa pessoa, quando dormiu no portão de nossa casa. “Nenhuma pessoa decente faria isso”, afirmava. Minha mãe dizia que isso não passava de ciúmes, mas não fazia diferença alguma para mim, afinal, Taylor e eu éramos apenas colegas de elenco.

O café da manhã passou com conversas amenas e pouca comida, ao menos para mim. Foi bom estar me divertindo com a família.

Ao final do café, mamãe desatou a falar do lugar onde ela e o papai iriam passar o dia. Era uma ilha próxima a San Francisco, a Ilha de Alcatraz. Ela contou como a ilha fora uma base militar no passado e, anos depois, havia se tornado uma prisão de segurança máxima, que durou apenas 29, por o governo não conseguir mantê-la. Também contou como anos depois, um grupo de nativos norte-americanos ocupou a ilha, baseando-se num tratado federal de 1868, que permitia que os nativos utilizassem todo o território que o governo não usava ativamente. Após quase dois anos de ocupação, o governo os retirou da ilha. E por fim, esclareceu que depois disso o governo tornara a ilha um ponto turístico operado pelo National Park Service.

-Deve ser incrível. –pensei em voz alta, após toda a história ser contada.

Meu pai esfregou as mãos, como ele sempre faz em antecipação a algo.

-E aí crianças? Querem ir também? –perguntou depois de aquietar suas mãos.

-Não! –respondeu Anthony. Rápido demais... Meus pais desconfiaram de algo, é claro. Podia ver isso na testa franzida do meu pai e nos olhos curiosos de minha mãe.

-É que não queríamos mudar nossos planos, mãe. –respondi revirando os olhos.

-Também não queríamos atrapalhar seu momento como casal. –completou Anthony.

Tive que me controlar, para não gritar um “Não estraga!”, para meu irmão na frente de todos, pois ele só fazia meus pais ficarem mais desconfiados quanto aos nossos objetivos do dia.

-Então se cuidem. –advertiu minha mãe apertando os olhos, enquanto se levantava da mesa. E foi só nesse momento que percebi o quão linda ela estava em seu vestido longo de frente única, que era preto e adornado com flores brancas. –Ligaremos pela tarde para saber como estão. –disse minha mãe dando um beijo na bochecha de cada um de nós e se virando para sair do restaurante.

-E juízo! –falou meu pai antes de seguir minha mãe. Ele também estava belo em sua camisa pólo azul clara e seu calção cáqui. Raramente o via metido em roupas esportivas e vê-lo assim, livre de tantos compromissos de trabalho e leve em suas férias, só me fez ficar feliz por ele.

-É bom ver o papai longe do trabalho, não? –perguntou Anthony e eu assenti, ainda encarando a porta pela qual eles haviam saído. –Ele fez e faz tanto por nós...

Assenti mais uma vez, me levantei e meu irmão fez o mesmo. Rodeei sua cintura com meu braço direito e ele pousou seu braço esquerdo sobre meus ombros e assim saímos do restaurante em direção aos nossos passeios do dia.

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O calor era maçante e fazia com que eu me sentisse cansada. Não era um dia em que o sol brilhasse muito, o céu estava até obscurecido com nuvens, mas o mormaço criava o efeito de uma estufa e entorpecia os sentidos através de sua elevada temperatura.

Olhei desejosa para o Museu de História Natural, pensando no quão fresco deveria estar dentro dele. Nem o ar condicionado do táxi melhorava a temperatura, não conseguia me sentir mais gelada, nem nada do tipo.

Estávamos indo para Ocean Beach, praia muito conceituada no mundo do surf e sempre tinha poucos turistas se banhando por lá, o que era uma mão na roda para mim, já que ultimamente eu estava sendo um tanto assediada por qualquer lugar que passasse.

A cidade de San Francisco passava por nós como um borrão através da janela do táxi e isso me deixava um pouco tonta. Fechei os olhos e tentei sentir o ar gelado do ar condicionado, enquanto rezava para que chegássemos o mais rápido possível a nosso destino.

-... Acorde, chegamos! –alguém disse ao meu ouvido, mas não dei atenção, apenas ignorei, ansiando voltar para meu tranquilo sono. –! –e dessa vez gritou, e acordei com um pulo e o coração batendo forte contra minhas costelas.

Olhei para um Anthony que me olhava preocupado do lado de fora do táxi. Observei a minha volta e estranhei o ambiente. Como havíamos chegado tão depressa? Ocean Beach era do lado oposto da cidade, do lado oposto de nosso hotel! Ouvi um leve riso vindo do taxista, que esperava pacientemente minha saída de seu carro.

Ainda meio confusa por ter acabado de acordar, saí do carro e segui meu irmão até a mais próxima loja de surf, onde alugavam equipamentos para praia, como guarda-sóis, cadeiras e obviamente, artigos para surf. Durante nosso pequeno trajeto do táxi até a loja, Anthony não desgrudou seus preocupados olhos de mim.

-O que foi? –questionei, já irritada demais com aquele olhar.

-Nada. –respondeu aéreo.

-Então entra logo na loja. –disse eu empurrando-o para dentro. E lá, atrás do balcão, uma bela surpresa nos esperava. Era ele, o Jude de Os Imortais na vida real, com sua pele bronzeada pelo sol, os cabelos louros com dreads e olhos incrivelmente verdes a única diferença gritante era o trabalhado porte físico dele, porque em minha mente, o verdadeiro Jude era mais magro, não tinha músculos tão proeminentes como ele.

Meu irmão limpou a garganta, fazendo-me acordar de meu breve estado de letargia ao ver aquela personificação da beleza na minha frente. Mas isso foi bom, pois me fez reparar no resto da loja e me pus a admirar o varejo de pranchas. Estava louca para surfar!

-Desejam alguma coisa? –perguntou o cosplay natural de Jude, assim que meu irmão interrompeu nosso contato visual.

Anthony olhou para mim e eu olhei dele para uma pranche evolution, que além de ter um design fashoin, era uma das melhores para manobras, e eu sabia que ele entenderia esse meu olhar de desejo para a prancha.

Fiquei admirando tanto a prancha, que mal vi meu irmão se aproximar do balcão e fazer seu pedido em voz extremamente baixa. Um bom tempo se passou até que “Jude”, pegasse todos os pedidos de meu irmão, como o grande guarda-sol, as duas cadeiras e uma prancha evolution para ele.

-E qual das longboards você quer, mocinha? –perguntou o balconista se aproximando de mim, após pegar tudo o que fora pedido.

Levei meio minuto para entender o que ele dizia, por estar hipnotizada por seus belos olhos verde mar e pela quentura de sua mão, que estava pousada em meu ombro direito.

-Longboard? A usada para iniciantes? –perguntei incrédula. Não conseguia acreditar que ele estava fazendo aquilo comigo.

-Sim... –disse o vendedor calma e lentamente, como se estivesse falando com uma criança.

E foi nesse momento que vi Anthony sair de fininho da loja, carregando uma das cadeiras debaixo de um braço e o guarda sol debaixo de outro. Respirei fundo, virei-me para o vendedor e ergui um dedo, como se pedisse para que ele esperasse um momento e corri atrás de meu irmão.

-Tony! –e ele se virou em minha direção, a menção de seu odiado apelido.

Corri para ele, como uma criança corre para os braços da mãe, assim que a mesma chega de um longo dia de trabalho, mas diferentemente, não era para abraça-lo, mas sim para enche-lo de pancada. Estava a poucos passos dele, quando o mundo resolveu dar uma volta de quase 360º e tudo saiu de foco. Eu estava caindo... Exatamente como naquele estranho sonho que tivera há alguns dias atrás, mas a diferença é que algum tempo depois, horas talvez, ou segundos – eu realmente não consegui ter uma noção de tempo –, braços quentes e fortes me ampararam, impedindo que eu quebrasse o nariz na calçada.

-! –uma voz preocupada chegou a meus ouvidos, antes que eu caísse na inconsciência.

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“-Não vê que eu te amo? –perguntou ele me abraçando repentinamente. –E lembre-se que estamos juntos nessa. Afinal, eu também sou responsável por isso.

Não soube o que dizer nem como reagir, pois tudo era muito novo e assustador para mim e... Meu pai com certeza iria me matar e o mataria depois, eu tinha muito medo.

-Só não me deixe. –sussurrei, enquanto quentes lágrimas rolavam por meu rosto.

-Nunca.”

-Nunca! Ela não é de desmaiar assim! sempre foi forte e extremamente saudável. Ah, que raios de aluno de medicina eu sou, se nem consigo socorrer minha própria irmã quando ela desmaia?

Tentei abrir os olhos, mas a luz era forte demais e meus olhos estavam extremamente sensíveis. Não lembrava onde estava e com quem estava, mas podia arriscar um palpite pelas palavras que havia acabado de ouvir.

-Anthony? –minha voz saiu arranhando a garganta seca e imediatamente percebi o tamanho da minha sede. –Á... água.

-Para onde a levo? –perguntou uma voz desconhecida que estava próxima a mim. Talvez próxima até demais, já que senti a vibração da mesma em um peito, e foi nesse momento que descobri que estava em braços fortes e quentes.

-Pode leva-la para dentro de sua loja? –perguntou a voz que eu tinha certeza ser de Anthony.

Não ouvi respostas, apenas senti meu corpo mole ser elevado do chão e depois o suave balançar de uma caminhada. Também não sei quanto tempo demorou, só sei que logo estávamos em um lugar mais fresco e escuro e assim, pude abrir meus olhos. Abri-os lentamente, piscando várias vezes devido a claridade do ambiente, mas dei graças a Deus que a claridade deste ambiente era menor que a do ambiente anterior.

Ao me acostumar com a claridade, fui surpreendida com incríveis olhos verde mar me encarando e, em um segundo, tudo veio a minha mente em um flash. Os quadros do hotel, meu estômago inquieto durante o café da manhã, minha pequena briga com meu irmão, a história sobre a Ilha Alcatraz, o pequeno cochilo no táxi e os acontecimentos na loja de surf.

“Jude” me colocou delicadamente sobre uma cadeira de praia espreguiçadeira e a deitou completamente.

Logo meu irmão desesperado chegou e sentou no chão, ao lado de minha cabeça, segurando um copo que transbordava de tanta água. Ansiosa por esvaziar o copo, sentei rápido e uma pequena vertigem me atingiu. Meus ombros foram levemente empurrados pelo vendedor, até que eu estivesse encostada contra o peito de meu irmão, que havia aproveitado minha ansiedade para sentar na parte da espreguiçadeira, onde antes estava minha cabeça. Ele posicionou o copo em meus lábios e eu bebi toda a água.

-Mais. –pedi. A voz já estava mais forte, assim como meu corpo. Me sentia pronta para uma maratona, mas a sede ainda era grande.

Mas ao invés de ir buscar mais água para mim, meu irmão se limitou a acariciar meus cabelos e depois começar a avaliar minha temperatura. Levantou-se e eu voltei a deitar, enquanto ele se sentava no chão, ao lado de minha cabeça.

-... O que aconteceu com você?

Balancei a cabeça negativamente e desviei o olhar. Ao completar o ato, percebi que o vendedor se movia pela loja recolocando tudo o que havia tirado para mim e para Anthony, em seu devido lugar.

-Por que está guardando as coisas? –perguntei encarando as costas do vendedor, enquanto ele encaixava uma prancha em seu lugar.

Ele virou para mim, franzindo as sobrancelhas sobre seus olhos, me encarando de forma curiosa. Senti que seu olhar me escaneava e reconhecia. Sim, vi o brilho do reconhecimento em seus olhos, no momento em que eles se encontraram com os meus.

-Vi você na capa da Faces and Mouths esses tempos atrás. –disse virando-se para pegar o guarda sol que estava encostado na parede as suas costas. –É atriz daquela nova série que está para lançar nos cinemas, não é?

Ignorei o fato de que poderia ter uma nova tontura e levantei-me rapidamente, me surpreendendo ao me sentir bem, após me levantar. Caminhei a passos firmes e decididos até o vendedor e segurei seu braço levemente, obrigando-o a olhar para mim.

-Não guarde os objetos, ainda vamos ficar com eles, não é mesmo, Anthony? –disse procurando meu irmão, só esperando que ele concordasse comigo, mas não foi isso que veio.

Ele, em resposta, baixou a cabeça e negou levemente.

-Como assim? –me exaltei. –Estamos esperando por isso há séculos!

O vendedor se livrou de minha mão em seu braço e colocou o guarda sol em seu devido lugar.

-Deveria procurar um hospital. –disse rudemente.

Fiquei estupefata, travada no lugar igual a uma estátua. Quem era ele para falar tão duramente comigo? E por que passara de uma hora para outra, a ser frio comigo, se há alguns minutos antes fora tão atencioso?

Braços me rodearam carinhosamente. Não percebi quando Anthony se aproximou de mim, apenas senti seu abraço, pouco antes dele me virar para encarar sua face, pegar uma de minhas mãos e tentar me puxar para fora da loja.

-Ele tem razão. –sussurrou, enquanto me obrigava a dar pequenos passos em direção a saída. –E desculpe o transtorno. –falou mais alto, para que o vendedor ouvisse.

Meu cérebro demorou um longo tempo para perceber, não sei se pelo choque de ser tratada tão mal sem motivo, ou por qualquer outro motivo. Só fui ter uma reação às palavras daqueles dois homens, quando estava na porta da loja, pronta para sair.

-Não.

-O quê? –perguntou Anthony, parando junto comigo.

-Não. –tornei a repetir, desta vez com mais ênfase. –Eu não vou para o hospital, estou ótima!

Meu irmão largou minha mão e segurou meu queixo, obrigando-me a encarar seus olhos.

-, há menos de 10 minutos atrás você estava desmaiada sem motivos aparentes, você precisa ser examinada.

Desviei meu rosto de sua mão e tornei a entrar na loja, indo direto ao vendedor, que já se encaminhava para o balcão.

-Por favor, poderia pegar novamente os pedidos de meu irmão? Só com a diferença de que quero a tenda, ao invés do guarda sol e a minha prancha eu aceito longboard mesmo, não pretendo passar muito tempo na água.

Ele me ignorou, foi para trás do balcão, sentou-se em sua cadeira em frente a um computador, que até o momento eu não tinha reparado, e começou a jogar um jogo qualquer.

-Desculpe atrapalhar seu jogo, mas eu fiz um pedido. –insisti. Não poupei o tom azedo na voz, odiava que me ignorassem e era exatamente isso que aquele vendedor estava fazendo.

Não me ouviu, ou se ouviu, ignorou mais uma vez. Continuei ali, parada com um dois de paus, esperando que aquele homem atendesse meu pedido, como deveria fazer para qualquer cliente. Olhei a minha volta para me distrair e fiquei impressionada como era tudo milimetricamente organizado dentro daquela loja, desde as pilhas com as caixas das tendas, que formavam uma pirâmide, até o suporte para as pranchas de surf, onde as mesmas eram organizadas por tamanhos e cores.

Mais uma vez, Anthony se aproximou de mim e tentou me tirar dali, me puxando pelo braço, mas desta vez ele não conseguiu me mover, pois finquei meus pés no chão com toda força dali e repeti um antigo mantra em minha cabeça: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”.

-Vamos , isso é loucura, você estava passando mal há pouco tempo. Pare de insistir nesta loucura e vamos a um médico.

Respirei lenta e profundamente, antes de me virar para meu irmão e dizer:

-Estou ótima. É sério! –completei, quando ele me olhou desconfiado. –Foi só um mal estar por conta do calor, minha pressão baixou, só isso.

-E você quer ficar aqui e arriscar que isso aconteça de novo? Nem pensar! Vamos, –novamente pegou meu braço e tentou me puxar dali. –você precisa de uma consulta.

O sangue subiu a cabeça, esquentando ainda mais meu corpo. Como ele não via que eu estava perfeitamente bem? Aquilo foi apenas... Apenas... Um leve mal estar, poderia ter acontecido com qualquer um!

-Você é o médico aqui! –acusei em um impulso. –Olha, eu estou bem e só quero aproveitar minhas férias, essa brisa do mar e um pouco de calmaria, que não tenho desde que as gravações começaram. –consertei, quando percebi que havia magoado aquela incrível pessoa, que tinha olhos azuis tão parecidos com os meus. –Se quiser, eu posso ficar só na areia, observando a paisagem e todo o resto, mas voltar para o hotel ou ir para um hospital.... Realmente não sei se aguento o estresse de ficar no meio de um monte de gente realmente doente, esperando que um médico me atenda.

-Será que dá para parar de ser mesquinha e ouvir o seu irmão? –disse o vendedor, saindo de frente de seu computador e parando as minhas costas, com apenas o balcão nos separando. E mais uma vez naquele dia, me virei para encarar a pessoa que impregnava toda sua raiva nas palavras ao se dirigir a mim.

Anthony se adiantou para ele, estava prestes a falar algo, quando coloquei a mão em seu peito para tentar para-lo, e isso bastou para que meu irmão calasse as palavras que estava prestes a pronunciar. Aquela discussão era minha e somente minha.

-Quem você pensa que é para falar assim comigo? Quem você pensa que é para se intrometer na minha vida desse jeito?

Vi a raiva obscurecer seu ser, enquanto seus olhos pareciam soltar raios de puro rancor. Por um momento, temi que fizesse algo contra mim, mas me surpreendi ao vê-lo abaixar-se atrás do balcão e levantar-se logo em seguida, segurando um porta retrato simples e uma revista desgastada. Jogou a revista para mim, mas ela acabou por cair no chão e aquele que possuía olhos iguais aos meus, correu para pega-la.

A revista foi-me entregue, com um olhar sombrio vindo de Anthony. Abaixei dos olhos para a revista e meu coração perdeu um compasso, ao deparar com a capa da Faces and Mouths, que falava sobre meu quase estupro e sobre meu salvador.

-Isso é verdade? –o vendedor perguntou rudemente.

Apenas assenti, ainda encarando a revista, pois não havia nada a fazer além disso. Mas minha atenção não ficou na revista por muito tempo, já que uma foto foi delicadamente posta em minha mão, cobrindo a capa da revista.

A foto era de uma garota loira arruivada, com cabelos lindamente cacheados, pele bronzeada e olhos de um castanho intenso e ela segurava um livro nas mãos, um livro que reconheci como Para Sempre, de Alyson Nöel.

-Essa era minha irmã, Emma. Ela era muito fã dessa série que você está gravando e te admirava por estar trazendo a vida uma personagem incrível como a...

-Ever. –completei sem saber onde ele queria chegar.

-Isso. Um dia depois dessa matéria aparecer na revista, Emma foi violentada enquanto voltava para casa. –e aquelas palavras doeram como se fossem facas atravessando meu coração. –Os assassinos usaram objetos para violenta-la, antes de se deleitarem no corpo de minha irmã. Não sei de onde veio a denúncia, só sei que ela foi encontrada morta em uma casa abandonada, aos arredores da cidade. –fique completamente paralisada, aterrorizada demais, por pensar que aquele poderia ter sido meu fim, e que aquele não seria o último ataque a mulheres no mundo e que muitas ainda sofreriam por esse mal.

Horrorizava-me saber que coisas como essas aconteciam frequentemente. Com tantas coisas boas na vida, como poderíamos nós, humanos, fazermos coisas tão terríveis como essa? E saber que as pesquisas apontavam que os estupradores eram em geral pessoas com boa vida, me enojava de minha própria raça, pois estas eram pessoas que realmente não tinham o que reclamar da vida, mas ainda assim reclamavam e cometiam temeridades como essa.

As primeiras lágrimas desceram quentes e lentas por meu rosto. Nada me entristecia mais que descaso com a vida, com os sentimentos e dores de outros seres vivos. Nisso, uma pressão enorme tomou conta de meu peito, transformando minhas leves lágrimas em um choro incontrolável. E pensar que aquela garota poderia ser eu!

Larguei a foto e a revista em cima do balcão, antes de me jogar nos braços de meu irmão e chorar toda minha dor. Lembrei de cada momento que passei naquele horrível dia, lembrei de como me jogaram no chão e da dor que atingiu minha cabeça, quando ela bateu no chão. E para ajudar, minha traiçoeira mente imaginou como teria sido se Taylor não tivesse chegado, como teriam me batido e rasgado tudo o que tinha, antes de se aproveitarem de meu corpo, como eu me sentiria fraca após o acontecido e como adoeceria ao ficar largada naquele beco, por não ter forças para nada. Talvez até morreria se não me encontrassem a tempo, exatamente como aconteceu com Emma.

-Chega! –e desta vez não teve quem impedisse que Anthony falasse. –Não vê como ela está sofrendo? Peça desculpas! Se redima por tê-la lembrado desse dia!

-A vida te deu uma chance. –insistiu o vendedor. –Aproveite-a, não faça as coisas que coloquem sua vida e saúde em risco, só porque planejou essas coisas.

Não vi quando ele atravessou o balcão, apenas senti mãos fortes me tirando dos braços do meu irmão e segurando meu queixo, fazendo com que eu olhasse para cima e encarasse olhos cheios de dor. E naquele momento eu soube que também sofria por mim, que ele via em mim, sua irmã que fora morta por algo que quase aconteceu comigo.

Aos poucos minhas lágrimas foram parando e eu meu soltei de suas mãos, peguei na mão de meu irmão e o puxei para fora da loja, exatamente como ele tentara fazer muitas vezes comigo, minutos antes.

Mal via por onde andava. A sorte, era que eu havia decorado todos os estabelecimentos comerciais, de tantas vezes que já passara por ali. Sabia da loja de suvenires, da pizzaria, da loja de calçados e de tantas outras que haviam por ali, mas nenhuma delas me importava, nenhuma a não ser... Andei uma quadra e meia, até chegar à maior farmácia da região. Quando um dos farmacêuticos meu viu, ficou assustado com meu estado e rapidamente me levou para a sala de pré-exames deles e meu colocou sentada em uma cadeira, perguntando o que acontecera.

Contei sobre o desmaio e sobre como o calor me afetava. Ele tirou minha pressão e se assustou ao ver o quão baixa estava. Perguntou se me alimentei pela manhã e Anthony denunciou minha falta de apetite, assim como denunciou meus maus hábitos alimentares, ao falar do hambúrguer da noite anterior. Depois de todas essas perguntas, o farmacêutico me liberou, dizendo que eu deveria comer alguma coisa saudável. Estava prestes a sair, mas ele fez questão de retardar meu passo e perguntar em voz baixa como andavam minhas... “regras”. Aquela pergunta me pegou totalmente desprevenida, tive de pensar por um longo tempo antes de dizer que já tinha passado cinco dias desde que parei de tomar eu contraceptivo e nada acontecera, sendo que o normal era descer três dias após eu parar de tomar a pílula.

Saindo da farmácia, fomos a uma lanchonete, onde me acabei num sanduíche natural, mas não parei de pensar na pergunta que o farmacêutico fizera.

Aquilo ficou rondando minha mente, me tentando a falar algo para Anthony, mas me segurei, pois sabia que ele surtaria e perguntaria se eu tive relações sem proteção e surtaria mais ainda, quando eu lhe contasse com quem foi. Ele com certeza o mataria se a suspeita fosse confirmada.

-Anthony, o que queria falar comigo que tinha que ser longe da mamãe e do papai? –perguntei, tentando tirar aquele assunto da cabeça.

Meu irmão respirou fundo, cruzou os braços e se recostou em sua cadeira, me encarando profundamente. Era um olhar opaco, sério demais para alguém eternamente alegre como ele.

-Quer mesmo falar sobre isso agora?

Assenti, largando meu sanduíche no prato, pronta para ser toda ouvidos ao que ele tinha a dizer.

-Então coma enquanto ouve. –ordenou e eu franzi as sobrancelhas, por conta de que aquele sanduíche fazia com que meu estômago revirasse. –Ou isso, ou nada feito.

-Você pode ser um irmão muito mau às vezes, Anthony. –comentei, pegando novamente o sanduíche e o mordendo pelas beiradas, sem realmente comer muita coisa.

Um grande silêncio se instalou entre nós, antes que qualquer palavra fosse proferida e agradeci aos céus por aquilo, pois precisávamos disso mais do que qualquer outra coisa. Precisávamos, ao início, nos preparar para a longa e séria conversa que estava por vir.

-Esta noite tive um pesadelo. –Anthony começou com a voz suave, como orvalho da manhã. –Nele aqueles... bandidos, te encontravam e faziam com você tudo o que não fizeram naquela noite em que Lautner te salvou. Foi tão real, tão horrível, que tive que te ver assim que acordei, porque aquilo me assustou muito. –mais um longo silêncio, uma longa e fria dor e um sanduíche revirando no estômago. Parei imediatamente de comer e passei o dedo indicador da barriga até a garganta, falando silenciosamente que se comesse mais, vomitaria. –Tudo bem. –meu irmão concordou com minhas silenciosas palavras, antes de continuar. –E quando você fez aquela brincadeira sobre sair só de biquíni nas ruas, aquele sonho voltou a minha cabeça rapidamente e fiquei extremamente irritado com você, porque pensei que estava falando sério e fiquei indignado com o descaso que fazia de sua vida, pois só chamaria a atenção de mais caras como aqueles e... Não culpo mulheres que se vestem com roupas ousadas e são estupradas, mas às vezes, roupas, ou falta delas, realmente chama a atenção.

Em pleno impulso, levantei de minha cadeira e corri para abraçar meu irmão. Ao final de tudo, ele só queria me proteger de um mal que já passara e do qual eu provavelmente estaria protegida, porque depois daquela noite, nunca mais saí à luz da lua sozinha.

-Não se preocupe, agora tomo todas as precauções para não sair sozinha a noite.

Ele respirou aliviado contra meu cabelo. Nós sabíamos que aquilo não era o suficiente para afastar qualquer tipo de agressor, mas duas pessoas sempre se defendem melhor que uma, então, já estava valendo.

-E você fez a denuncia? –perguntou, se soltando de meu abraço.

Aquela era uma pergunta extremamente difícil de responder, porque eu não havia feito denuncia alguma, mas tinha meus motivos e não sabia se uma lanchonete seria o lugar ideal para contar aquilo ao meu irmão.

-É complicado.

-Como assim complicado?

Se me perguntarem, realmente não sei descrever qual foi a cara que fiz diante dessas, digamos, suaves palavras do meu irmão, só sei que me afastei dele e voltei a sentar no meu lugar e fiquei fitando a parede. E assim foi por muito tempo. Novamente, ninguém disse nada, apenas meditamos sobre nossas questões internas, nesse novo silencio.

-Não vai me responder? –Anthony me perguntou depois de vários minutos.

Mordi o lábio, pensando numa maneira simples de dizer aquilo, mas não encontrei. Teria de ser o jeito difícil. Me aproximei de meu irmão, com o intuito de que ninguém além dele pudesse me ouvir. Era muito perigoso revelar aquele segredo e preferia fazer isso em um local privado, mas do jeito que aquele que me perguntava era, ele não sairia do lugar sem uma resposta.

-No dia seguinte ao ataque, fomos almoçar em um restaurante e um dos agressores me viu e ele fez ameaças a mim e ao Taylor. –segredei-lhe aos sussurros. –O médico que me examinou também contou a história à imprensa, por isso a matéria na revista. Não posso garantir que a polícia mantenha meu depoimento anônimo, pois assim como o médico contou, qualquer outro pode contar.

-Isso é loucura! –ele gritou, após ouvir minha história.

Dei um tapa na parte de trás da cabeça dele e puxei sua orelha para perto de meus lábios.

-Está querendo chamar atenção? Isso é perigoso. Não ouviu o que eu disse? –e soltei sua orelha, deixando-o livre para se recostar na cadeira novamente.

O “senhor discreto” ficou um tempão massageando a orelha e a nuca ao mesmo tempo, ou ao menos tentando fazer isso, já que não tinha coordenação o suficiente.

-E não tem como pedir para os policiais assinarem um termo concordando em não falar nada? –perguntou em voz baixa, após algum tempo.

Respirei fundo, antes de responder. Sabe, às vezes meu irmão, apesar de sua grande genialidade, era muito ingênuo. Ele realmente acreditava na bondade das pessoas e isso só o fazia se ferrar constantemente, mas ele nunca aprendia.

-Quando a mamãe ia fazer nossa matrícula na escola, tinha um termo que dizia que não podíamos levar celular ou qualquer aparelho eletrônico para escola. –comentei, aumentando o tom de voz, pois as palavras já não eram algo comprometedor. –E mesmo assim você nunca deixou de levar seu celular.

-Ok, mas o que isso tem a ver com a conversa?

Apertei a ponte do meu nariz e fechei os olhos, tentando absorver a burrice de meu irmão.

-O que eu quero dizer, é que regras, leis, termos e etc, são para serem quebrados. E no mundo, há pessoas que são facilmente subordinadas. Entende isso? –e abri os olhos, encarando os de meu irmão, profundamente.

Ele assentiu, franzindo o cenho, como se nada daquilo que eu tivesse lhe dito fizesse sentido.

-Ainda acho que é loucura. –falou, por fim. –Mas confio em você e no que está fazendo.

E depois disso houve um terceiro longo silencio. A conversa tinha acabado e não tínhamos mais nada a discutir ou fazer e, por conta disso, ficamos mergulhados no mar das músicas que não podiam ser ouvidas ou recitadas: nossos pensamentos. Mas fiquei extremamente feliz, pois eu finalmente havia contado a alguém de minha família, o que acontecera no dia após o ataque.

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-Você tem certeza de que realmente quer fazer isso? –Anthony me perguntou pela milésima vez.

Apenas olhei de canto de olho para ele. Já havia tomado minha decisão e nada me faria mudar de ideia. Aquelas eram nossas férias, um dos únicos momentos em que éramos capazes de nos divertir juntos, irmão e irmã e não seria um desmaio a estragar nossa diversão na praia.

-Vamos logo. –falei, entrando na mesma loja em que havíamos entrado mais cedo.

O sino da porta soou e o vendedor ergueu seus olhos do que quer que ele estivesse fazendo no computador, para ver quem chagava. Quase vibrei de felicidade, quando ele nos olhou cheio de surpresa.

-O que fazem aqui?

Me aproximei do balcão como uma cobra: rápida e pronta para dar o bote.

-Não pense em fazer desaforos. Tive minha consulta e o diagnóstico foi que tive apenas uma queda de pressão. Estou bem agora e vim aqui para ter aquilo que você me negou há uma hora atrás, com aquele seu papinho que me assustou.

O vendedor ficou atônito ante ao meu ataque verbal a ele. Ficou parado, me encarando sem saber o que fazer e tive de me segurar muito para não desfazer minha cara séria e cair na gargalhada.

-Vamos, faça seu trabalho e pegue as mesmas coisas que pedi hoje mais cedo!

Mesmo depois destas palavras, ele não se mexeu ou teve reação alguma. Era estranho e eu estava começando a ficar realmente preocupada, mas ainda assim mantive minha face séria, pois isso podia ser só mais um joguinho dele.

Anthony se aproximou de mim e colocou uma mão em meu ombro. E não precisei olhar para trás, para saber que ele também encarava o vendedor. Agora, éramos uma família unida contra uma pessoa prepotente, e essa pessoa prepotente, teria de fazer seu trabalho.

-Hã? –o vendedor conseguiu “falar” após algum tempo de atordoamento.

Retomando um gesto de infância, bati em minha testa e escorreguei minha mão pelo resto do rosto, para demonstrar minha indignação, ante tanta babaquice.

Respirei fundo, contei até dez, cerrei os punhos, os dentes e tentei de tudo para conter minha raiva, antes de apertar a mão de meu queridíssimo irmão – que até agora não servira para nada – e voltei a me direcionar ao vendedor.

-Você pode, por favor, pegar uma barraca, duas pranchas, e duas cadeiras? –pedi com delicadeza.

E finalmente a pessoa estátua resolveu sair de seu modo imóvel e começou a ficar vermelho, e eu esperava que esse vermelho do rosto dele fosse de vergonha pelo modo como ele agira mais cedo e pelo modo que agiu há minutos atrás.

-Como assim veio aqui refazer os pedidos? Não era para estar no hospital? –ele perguntou, quando já parecia um pimentão maduro ou uma maçã mutante, eu realmente não sabia diferenciar.

Alguma coisa estranha aconteceu naquela hora, pois o louco que se dizia da minha família sentou no chão e começou a gargalhar, mas os sons da gargalhada dele, pareciam os mesmo sons que os macacos faziam, então foi uma coisa realmente estranha.

Me assustei muito com aqueles sons e quase saí correndo da loja, mas o que realmente aconteceu, foi que de alguma maneira, eu pulei por cima do balcão e abracei o vendedor pimentão e fiquei gritando e apontando para o macaco. E por que fiz isso? Só Deus sabe!

Depois que eu comecei a gritar, o macaco parou de rir e... Olhou para mim de um jeito estranho, só para começar a gargalhar novamente e eu fiquei com mais medo ainda.

-Chega de palhaçada na minha loja! –gritou o vendedor, desfazendo meu abraço e me colocando sentada em cima do balcão. –E você mocinha, trate de passar para o lado de lá, atrás do balcão, só funcionários!

Aquelas palavras foram para mim, a facada da realidade, a realidade de que havia passado um triste e forte momento com aquele estranho e que depois do acontecido, criou-se um muro entre nós. E a felicidade e brincadeira que se instalou ali minutos antes, ruíram em milésimos de segundos.

O ambiente ficou pesado e mais escuro, ou talvez fosse só impressão minha, mas algo mudara drasticamente. Quando entramos ali, o vendedor ficou atordoado e após nossa brincadeira, agressivo demais... Era um mistério o porquê disso, mas eu estava disposta a descobrir.

A figura revoltada e desesperada daquele homem não me causava medo ou pena, apenas me dava uma forte determinação para descobrir o que causava aquilo e eu tinha certeza que não era preocupação com minha saúde, ia muito além. Minha vida inteira tive pessoas cuidando de mim, a pobre garotinha fraca, doente e indefesa, pessoas tentando descobrir meus temores internos, me aparando no momento em que meu corpo sucumbia por conta de doenças, tentando me dizer que não podia fazer isso ou aquilo, porque meu corpo era fraco, mas agora esse tempo passara e eu era forte o suficiente para cuidar de mim mesma. Era chegada a hora de eu cuidar de alguém, e esse alguém era o abalado e desconhecido vendedor da loja de surf.

Olhei para Anthony e percebi que ele me encarava com a mesma intensidade que encarei o vendedor nos últimos segundos, e esse olhar foi o que bastou para que ele soubesse o que eu estava prestes a fazer. Sabe, sempre tivemos essa estranha ligação. Bastava um olhar para que o outro soubesse o que pensava, sentíamos as dores do outro, ficávamos doentes juntos e nos curávamos juntos, éramos, de algum modo, dois em um. Ele assentiu silenciosamente, exatamente como fiz várias vezes nessa curta manhã, antes que eu me virasse para o vendedor e me aproximasse e colocasse minha mão sobre a sua, que estava em punho em cima do balcão, e a apertasse levemente.

-Hey, se sua preocupação é comigo, está tudo bem. Fiz a pré-consulta em uma farmácia aqui perto e isso determina se o paciente deve ser encaminhado a um médico ou não, é assim nos hospitais. –enquanto eu falava, subia minha mão lentamente sobre seu braço. Meu objetivo era chegar ao rosto, para toca-lo como uma irmã, mas para isso eu precisava acalma-lo através do leve toque e meu coração me dizia que a melhor opção era essa. –O farmacêutico/enfermeiro que fez minha consulta, disse que tive apenas uma queda de pressão, ele fez perguntas e até tirou minha temperatura e nisso ele conseguiu concluir que não era nada e me liberou, me fazendo prometer que me alimentaria direito antes de fazer qualquer coisa e foi o que fiz... –minha mão estava em seu ombro, quando ele a afastou bruscamente.

Ele colocou as mãos na cabeça, fechou os olhos e deu livres passos de um lado para o outro, atrás daquele largo e impenetrável balcão. Se o muro que nos separava fosse representado por algo físico, com certeza seria esse balcão.

Ele parou, abriu aqueles lindos olhos e me encarou com olhar opaco e cheio de raiva.

-Vocês artistas são todos da mesma laia! –acusou, brandindo o indicador a centímetros de minha face. –Sempre vem um aqui, todo esnobe e cheio de si, achando que é melhor que todo mundo e que pode tratar qualquer um com desprezo e superioridade, mas quer saber? Cansei disso! Cansei de baixar a cabeça e cumprir meu trabalho, olhando para os calçados de marca de vocês. De hoje em diante, nunca mais ouvirei um desaforo de um famoso.

Respirei fundo, a fim de conseguir energias para ajudar essa mente perturbada. Concordava com o que ele disse sobre não se deixar receber desaforos de pessoas que se achavam superiores. Dignidade acima de tudo, mas não era esse o problema.

Mãos seguraram meus ombros com força. Não foi preciso olhar para trás para saber que era Anthony que me passava suas energias positivas, a fim de me dar forças para enfrentar esse estranho momento.

-Peço imensas desculpas se te esnobei, não era minha intenção, é só que você está me impedindo de aproveitar minhas férias. Se está preocupado com minha saúde, com medo de que eu passe mal e caia no mar, até aceito fazer o surf acompanhado. –e desta vez ele olhou para mim com surpresa. Talvez estivesse pensando: “O que deu na cabeça dessa aí? Primeiro ficou brigando com o irmão porque não queria uma prancha longboard, queria uma evolution, que permite o surfista a fazer mais manobras e agora quer o surf acompanhado, pois é mais seguro? O que é isso?”. Ignorei o espanto dele e apontei o cartaz que estava na parede atrás do balcão. –Sei que é só para crianças, mas ali diz que é até para 60 quilos e eu tenho 54, então... Tudo o que quero é me sentir deslizar sobre as ondas, isso tem efeito calmante sobre mim e estou precisando muito disso, você mesmo já viu isso na revista. –encerrei meu pequeno discurso com a cartada final.

Não queria manipula-lo, mas essas palavras acalmariam seus ânimos, eu sentia isso. De alguma forma, consegui perceber que sua raiva se desencadeou quando eu quis surfar a qualquer custo, pois naquela hora, eu colocaria minha vida em risco, não estava nada bem com aquela tontura. E agora eu estava bem, pensei que isso fosse acalma-lo. Agora era esperar ele absorver as palavras para ver sua reação.

Aos poucos sua face foi voltando a cor normal e as mãos relaxaram sobre o balcão. Ele abaixou a cabeça, fechou os olhos e respirou profundamente por um bom tempo, antes de levantar e cabeça e me encarar com olhos menos turbulentos, porém um tanto preocupados.

-Tem certeza de que está bem o suficiente para fazer isso?

-Você acha que eu mentiria para você depois daquele susto que me deu hoje cedo? –perguntei em tom de brincadeira.

Tentei ao máximo não expressar minha felicidade extrema, pois isso delataria minha pequena e involuntária manipulação, mas não pude conter um pequeno sorriso, afinal, também estava feliz por ele estar mais calmo.

O desconfiado vendedor desviou os olhos para meu irmão, esperando que ele confirmasse minhas palavras. Não sou uma especialista em Anthony, mas conhecendo meu irmão tão bem quanto eu conhecia, sabia que ele daria um de seus discursos diplomáticos sobre como cuidar de sua irmã mais nova.

Um leve aperto no ombro foi o suficiente para eu saber que aquele que era parecido comigo, queria conversar a sós com “Jude” e assim, saí e fiquei a porta da loja, apenas tentando ouvir um fragmento da conversa, mas nenhum som passou pela porta e chegou até mim.

Dei uma pequena espiada por cima do ombro e pude ver que estavam conversando próximos demais, baixo demais, como se estivessem segredando algo de infinita importância e isso me assustou um pouco. Seria minha ‘segurança’ tão importante assim?

-? –uma voz insegura chamou meu nome, com suavidade até agora não ouvida vindo daquela pessoa.

Virei-me lentamente, sentindo os raios de sol que batiam na porta, aquecer minha pele e dar brilho ao meu cabelo, que refletiu esses mesmos raios. Mantive um leve e sincero sorriso na face, enquanto eu caminhava lentamente até as duas pessoas que segundos antes conversavam sobre mim.

Tentei falar algo, mas uma mão foi-me estendida e a peguei em um aperto firme e delicado.

-Meu nome é Ethan Grützmacher. Hoje serei seu acompanhante de surf.

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E era tão bom sentir a água fria contra minha pele... A água salgada e que fazia arder os mínimos cortes, também refrescava o corpo e acalmava a alma inquieta. Não me contentando com ter apenas as pernas mergulhadas na água, toquei a água com a mão e esquerda e, logo em seguida, mergulhei o braço inteiro, gostando a sensação refrescante que a água causava.

-Ok, . Vejo que está tudo bem até aqui. Agora, quando a onda vier, quero que fique sentada, perto da minha perna frontal, para manter o equilíbrio. –disse Ethan, finalmente subindo na prancha, depois de nadar muito para levar a prancha até o fundo, para que pudéssemos pegar uma boa onda.

Assenti, mesmo estando decepcionada por essa primeira onda que pegaríamos ter que ser sentada. Eu estava em perfeitas condições para ficar em pé de primeira. Podia não ser a melhor surfista, mas eu sabia muito bem me virar em cima de uma prancha.

-Mas por que sentada?

Ethan olhos verdes, puxou de leve meu rabo de cavalo e eu fiz minha melhor cara questionadora para ele, que caiu na gargalhada assim que viu minha face confusa.

-Para encontrar o equilíbrio. Precisamos fazer isso duas ou três vezes para encontrar o balanço ideal entre nossos pesos, para que você possa ficar em pé e desfrutar da sensação de deslizar em cima da crista da onda, sem cair.

E desta vez fui eu quem riu ao imaginar o suave deslizar sobre a onda, nesta maravilhosa água. Em minha mente, não havia melhor sensação.

Muitos diriam que é simples e pura bobagem, mas sempre que eu surfava, sentia que meus pecados, traumas e medos eram levados comigo durante o trajeto do fundo do mar até quase a areia e se desfazia junto com a onda e tudo o que sobrava era um receptáculo vazio (conta-se corpo e mente), pronto para novas experiências.

Fechei os olhos, para sentir a brisa marítima, assim como o som sorrateiro do mar. Fechar os olhos sempre me fazia mais próxima do mar, senti-lo em meu coração e por um momento, fazer parte dele. Assim eu nunca precisava olhar para saber quando uma onda estava chegando, bastava ouvir atentamente, que eu a sentia chegar a mim.

Senti um leve borbulho nas profundezas do oceano, um movimento a principio tímido, mas que depois foi ganhando força e velocidade. Era a onda perfeita.

-Está vindo! –olhos verdes gritou, animado. –E é das boas, você deu sorte! Quando a onda se aproximar, fique de joelhos e rapidamente sente em cima das panturrilhas e procure ficar num lugar da prancha em que se sinta segura o suficiente, é o melhor jeito de encontrar o equilíbrio.

Não precisei abrir os olhos para ver a onda chegando, pois todos os nervos do meu corpo sentiam e me alertavam disso. Eu apenas fiz o que Ethan mandou e me movi levemente para a ponta da prancha, para que ele também pudesse ficar confortável em cima dela. Suas pernas eram grandes e ele precisaria de um grande espaço para ficar em pé.

A onda bateu com toda força em nossa grande prancha e assim deslizamos meio metro, até que a meu acompanhante ficou de pé e nós caímos no mar gelado. Talvez tenhamos caído por estarmos perto demais, digo, eu havia me mexido mais para a ponta, mas talvez não foi o suficiente, assim como não foi suficiente o tanto que ele se moveu para a parte de trás da prancha e, como estávamos fazendo peso demais em um só local, tombamos.

Se eu dissesse que foi ruim tombar, estaria mentindo, pois adorei a sensação do mar refrescando minha pele. O único porém, era aquela roupa de borracha que éramos obrigados a usar para manter a temperatura corporal, pelo mar dali ser gelado demais. Essa roupa esquentava e não deixava eu me refrescar direito. Se eu contasse isso para uma pessoa sensata, ela diria que era bom, pois me impedia de ter um choque térmico por estar com corpo quente em água gelada, mas eu estava com calor demais para considerar a possibilidade de choque térmico.

Emergi, cortando a calmaria das águas após a incrível onda. Nadei até a prancha, apenas esperando Ethan voltar à superfície. Talvez ele quisesse me pregar um susto, mas não conseguiu nada devido a clareza das águas, pois pude vê-lo nadar na direção de minhas pernas e surgir do meio da água, a meros centímetros de mim.

Arqueei uma sobrancelha, enquanto ele perdia o fôlego de tanto rir, e ria sem motivos aparentes. Era um riso gostoso e contagiante, tanto que não pude conter o meu por muito tempo e o acompanhei em sua alegria sem motivo.

-Adoro levar vacas! –declarou, rindo mais ainda. –É cada uma mais engraçada que a outra!

Continuamos rindo muito, enquanto passava em minha mente um filme com todas minhas vacas, pequenas ou grandes quedas da prancha, que eu já levara. Concordei com ele, no quesito de todas serem engraçadas, pois era uma trapalhada só de prancha, pés batendo loucamente, assim como os braços, todos tentando encontrar a superfície, apenas para ver a prancha virada para baixo na água, antes de tentar mais uma vez.

Olhos verdes colocou as mãos em minha cintura e me ergueu na prancha. Ficamos nariz com nariz, sentindo a respiração um do outro, encarando intensamente os olhos do outro. E aqueles olhos verdes brilhavam tanto... Ele desviou os olhos para meus lábios com desejo e me senti tentada a fazer o que qualquer mulher sensata faria, beija-lo intensamente, mas por mais que eu quisesse, eu não consegui. Infelizmente, meu doce e traidor coração batia por outro, e era esse outro que eu ansiava beijar.

Virei o rosto para o lado, quebrando aquele olhar e voltando bruscamente a realidade. Ethan era uma pessoa incrível, quando não estava dando ataques por ser extremamente protetor. Eu poderia facilmente me apaixonar por ele, mas eu já estava apaixonada pelo canalha do Lautner e por enquanto, nada mudaria isso.

-Vamos tentar novamente. –disse ele, voltando a se concentrar na nossa meta, que era surfar. –Desta vez tente ir mais para frente, assim distribuiremos melhor nosso peso, ok?

Assenti brevemente, ainda sem jeito pelo quase acontecido. Estava de frente para a areia, onde poucas crianças brincavam, quando senti a prancha se deslocar pelas águas. Olhei para o lado e vi Ethan andando no mar e empurrando a prancha. Ele era alto o suficiente para que a água batesse apenas na altura do peito dele na profundidade em que estávamos, mas para mim, ali já não dava pé e se eu caísse novamente, eu dependeria apenas de meu nado.

Quando chegamos à altura que estávamos antes de nossa desastrosa vaca, Ethan subiu na prancha e ficou observando o mar. Eu me ajeitei e fiquei pronta para a próxima onda, que demorou a vir. Na verdade, fiquei vários minutos de olhos fechados, sentindo a calmaria do mar, antes que sentisse o borbulhar de uma onda em meu âmago.

-Na próxima onda. –meu acompanhante sussurrou em meu ouvido.

E eu me preparei mais do que nunca, indo para frente o máximo possível. O impacto da onda na prancha foi suave e logo estávamos deslizando pelo mar em um ritmo tão gostoso, que me permiti abrir os braços para aproveitar melhor a suave brisa causada por nossa velocidade.

Chegamos ao local onde poucas pessoas se banhavam, com leve risos de felicidade. Aquele simples deslizar pelas ondas fora tão libertador, que até me esqueci dos recentes acontecimentos ruins desta manhã, desde o surto de proteção, até o quase beijo.

Sem uma palavra, voltamos ao local onde pegávamos onda e esperamos muito pouco até que a próxima onda viesse, mas desta vez fomos somente até meio caminho, pois eu tentei me levantar e desajeitada, acabei caindo e afundando com força.

Retornamos ao inicio, comigo levando bronca de olhos verdes, devido a minha “imprudência” de tentar levantar sem que ele tivesse me dito o melhor jeito de fazer isso.

-Agora me escute, . –ele disse segurando meus braços, após ter me colocado sentada na prancha. –O melhor jeito de levantar, estando você de joelhos, é apoiar primeiro o pé esquerdo atrás, apoiar as mãos perto do joelho da frente e daí levantar. Minha perna da frente e sua perna de trás dividirão o meio, enquanto minha perna de trás fica com a parte traseira e a sua da frente com a frontal, está entendendo?

-Sim capitão! –tentei bater continência, mas não consegui, por meus braços estarem sendo segurados por Ethan, que riu assim que pronunciei aquelas palavras.

-Vou tentar te segurar da melhor maneira possível, mas tente se equilibrar sozinha, pois não posso garantir nada. –completou.

Assenti para o que ele disse, antes que a prancha começasse a se deslocar para o fundo. Não precisei olhar para saber que ele andava ao invés de nadar, já havia entendido que assim ficava mais fácil para ele empurrar a prancha do que nadando.

Eu insisti dizendo que podia nadar até o local, mas ele negou veementemente, dizendo que era melhor assim e, sendo folgada como sou, simplesmente concordei.

Fiquei sentada na prancha, enquanto olhos verdes nadava a minha volta, apenas esperando uma onda boa para irmos. Olhei para o horizonte, observando o sol subir lentamente no limpo céu azul, ao longe também vi Anthony pegar suas ondas, fazer suas manobras e levar seus tombos. Fiquei feliz por ele estar se divertindo, mesmo não sendo aquele um dia com ondas tubo, como as que ele gostava de pegar.

Deitei na prancha, apenas esperando que algo de bom ou diferente acontecesse e aconteceu, mas pela força com que joguei minhas costas na extensão da prancha, ela virou com tudo e caí de cabeça no mar. Sim, de cabeça, a parte que afundou primeiro foi minha cabeça, deixando apenas minhas pernas de fora, enquanto eu afundava.

Minha garganta ardeu com o tanto de água de engoli, mas eu logo tratei de mexer meus braços e pernas, já afundadas, para subir a superfície em busca de ar. Quando minha cabeça cortou a água, inspirei profundamente, antes de tossir um tanto de água que entrou em minhas vias respiratórias.

-Está tudo bem? –disse Ethan aparecendo em meu socorro.

-Tudo certo. –disse eu, com a voz áspera como lixa.

Ele se aproximou de mim, apoiou um braço na prancha, que apenas virara de cabeça para baixo com a minha queda e tirou alguns fios de cabelo da minha testa.

-Vamos para a areia, você precisa de um pouco de água para melhorar essa garganta. –disse ele, já tentando me arrastar pelo braço.

-Se você quiser ir, fique a vontade, mas eu vou pegar aquela onda ali. –apontei para trás, para uma grande onda que se formava. Minha voz ainda estava rouca, mas pouco me importei.

Virei a prancha e subi nela, prontíssima para pegar a onda. Ela estava quase chegando quando Ethan se deu conta de que eu estava falando sério e também subiu na prancha, para me acompanhar.

Esperamos pacientemente até que a onda chegasse a nós, para começar nossa grande preparação. Primeiro, olhos verdes se ergueu lentamente na prancha, como fez da outras vezes e foi aí que tudo começou. Apoiei a ponta do pé esquerdo na prancha, o mais perto possível da perna direita dele, apoiei levemente os braços ao lado do joelho direito, já me sentindo confiante para colocar o pé esquerdo inteiro na prancha, empurrei meu tronco para cima, com a maior delicadeza possível e em pouco tempo eu estava com os joelhos flexionados, costas apoiadas no peito de meu acompanhante, enquanto seu braço direito se apoiava em minha cintura e braços abertos, como se para dar um abraço no extenso oceano.

O vento em meu rosto, o peso leve sobre um material pretenso a afundar, mas que em verdade, deslizava na água e não exatamente me transportava para um lugar, mas que me movia pela água, impulsionando somente para frente, para a areia, que era o fim de seu curso.

Aquilo aparentemente não tinha finalidade alguma, mas me fazia viajar e esquecer de tudo de ruim que me acontecera nos últimos meses. Eu estava finalmente livre.

-De novo! –exclamei como uma criança, quando chegamos ao local dos banhistas. E repetimos o processo, de novo, de novo e de novo. Inúmeras vezes, incansáveis vezes, pois cada vez era uma emoção diferente, uma renovação diferente e eu queria aquilo mais que tudo.

Pegaríamos uma última onda, já era quase meio dia e o sol estava a pino, eu estava morrendo de fome e a maioria das pessoas já haviam saído da praia, tanto para almoçar, quanto para fugir do sol nocivo.

Mas havia algo de errado com o mar. Apesar do sol estar forte e brilhante, as ondas estavam fortes demais e instáveis, talvez até um pouco perigosas. Eu estava com um pouco de medo e totalmente receosa em pegar mais uma onda, mas com as ondas fortes como estavam, eu não conseguiria vencer a distancia até areia a nado e ficaria muito difícil para Ethan me carregar e tentar não se afogar, por isso insisti tanto nessa última onda, porque seria mais fácil de chegar a areia.

-Tem certeza? –meu acompanhante perguntou, pronto para entrar na próxima onda. Ele também estava receoso, mas havia concordado com meu raciocínio.

-Não, mas vamos lá. –disse eu, já me preparando em cima da prancha. Concordamos que desta vez, ambos ficaríamos sentados nela, não por ser mais seguro, mas por ser menos perigoso que ficar em pé.

Entramos na forte onda, clamando para que chegássemos seguros a areia, porém o destino preparou algo diferente para nós. A onda era forte demais e em contrapeso, éramos leves demais. Não fomos engolidos pelo mar nem nada do tipo, mas fomos arremessados para uma pedra, que por sinal era perto da areia, só que isso não foi boa coisa.

Além da dor nas costelas por te batido na pedra, Ethan foi empurrado para cima de mim, o que me tirou totalmente o ar. Eu tentei empurra-lo, mas meus braços não foram tão fortes como a onda que veio a seguir, que graças a Deus, nos empurrou para longe da pedra, mas o pesadelo estava longe de acabar. Foi um estranho e certeiro pressentimento, porque olhei para trás bem a tempo de ver um rastro vermelho que me seguia na água e uma barbatana ao longe, que logo foi encoberta pelas ondas. A julgar pelo tamanho, eu tinha certeza que era um tubarão.

A adrenalina tomou conta de meu corpo, tomei o impulso necessário e comecei a nadar desesperadamente em busca da areia, tão próxima e tão distante naquele momento. Felizmente, Ethan seguiu meu exemplo desesperado e começou a nadar tão rápido quanto eu, em busca do destino final. Não soube se ele também havia visto o tubarão, mas ele nadava mais rápido do que eu e, quando passou por mim, tomou um de meus braços e começou a me arrastar com ele. Eu batia o braço livre e pernas, visando chegar mais rápido, mas o que realmente me preocupava não era a velocidade com que fugíamos do tubarão, mas sim o rastro de sangue que me seguia. Tubarões são criaturas totalmente olfativas e o que os atiça é o sangue, por isso quando sentem seu cheiro, ficam mais agressivos.

Eu temia que aquela perigosa criatura nos alcançasse, porém isso não era mais possível, pois depois do que me pareceu séculos, finalmente chegamos à parte rasa. Levantamos e começamos a correr para a areia, mas para meu desespero eu não consegui ir muito longe, caí de cara na água e não consegui levantar.

-Ethan! –gritei para a figura que já estava há muitos passos de mim.

Ele virou para trás, arregalou os olhos, correu novamente até mim, me tomou em seus braços e correu para areia mais rápido do que estava correndo anteriormente e não era para menos, porque de algum modo, o turbarão chegava cada vez mais perto da areia.

Uma dor excruciante tomou conta de minha esquerda e eu a olhei, finalmente descobrindo o motivo do rastro de sangue que me seguia: meu tornozelo estava em um ângulo totalmente estranho, o osso havia perfurado muito minha pele e eu perdia muito sangue. Não entendi como consegui nadar e correr um pouco antes de cair.

O mundo começou a girar, nada estava em seu devido lugar e isso fez com que minhas energias fossem lentamente sugadas.

-Tubarão, tubarão! –foi a última coisa que ouvi, antes que a escuridão recaísse sobre mim.

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Hospital... E no final de tudo acabamos no mesmo lugar onde deveríamos ter ido desde o começo.

Meu pé já estava imobilizado, o tornozelo exatamente no lugar onde deveria estar. Eu havia passado por uma pequena cirurgia, tive de colocar pino para que meu tornozelo pudesse parar no lugar certo, mas por mim estava tudo bem, pois o mais importante era que eu havia sobrevivido ao susto de quase ser atacada por um tubarão.

A única coisa realmente ruim daquilo tudo, era que eu tinha que aguentar o cheiro de éter do hospital e o sangue da grande bolsa conectada ao meu braço, que eu era obrigada a ver. Eu havia perdido muito sangue por conta do ferimento exposto, por isso a bolsa de sangue, mas esse fato não melhorava o amargor infiltrado em baixo da minha língua, que eu sentia por olhar aquilo que entrava em minha veia.

Olhei para o lado e dei de cara com Anthony olhando impacientemente no relógio. Já fazia meia hora que eu acordara e esperávamos o médico, mas nada do mesmo chegar.

Eu até entendia que a demora era porque o médico que me atendeu era o único de plantão na área ortopedia naquele fim de tarde, mas vai explicar isso para meu irmão.

Papai e mamãe haviam ligado perguntando se estava tudo bem conosco, dissemos que havíamos tido um pequeno acidente, mas não era nada com que se preocupar. É claro que minha mãe não acreditou e insistiu para que contássemos a verdade, porém, meu irmão foi firme ao dizer que estava tudo sob controle e que ele lhes contaria o ocorrido quando chegassem ao hotel.

-Anthony, por que você ficou tão bravo quando eu te comparei com o Taylor? –perguntei, querendo nos distrair com relação a espera pelo médico e querendo também terminar a conversa iniciada durante a manhã.

Meu irmão olhou para mim, com a face cansada. Ele não havia saído do hospital desde que eu saíra da cirurgia e só agora que eu acordei, que as enfermeiras o deixaram me ver. Eu devia manda-lo para o hotel, descansar, trocar de roupa, mas temia que ele me deixasse. E de qualquer modo, ele não me obedeceria.

-Isso não é...

-Então não poderemos conversar. –o cortei, já sabendo que ele diria que não era hora, nem lugar para aquele tipo de assunto. –Pense bem: quando mamãe e papai chegarem, eles vão querer pegar o primeiro avião para L.A., mamãe ficará em cima de mim e ainda tem os preparativos finais do meu aniversário de 18 anos, depois disso você volta para Harvard, lá em Cambridge e só nos falaremos por telefone e computador... –iria continuar meu discurso se pudesse, mas fui interrompida por um violento ataque de espirros, causado pelo forte cheiro de éter contido ali. –Ok, apenas essa é a melhor hora para falar. –concluí, quando o ataque passou.

Meu irmão apertou os lábios em uma fina linha, enquanto assentia para si mesmo. Silenciosamente, ele admitia que infelizmente eu estava certa. Eu o fiquei encarando, até que ele encontrasse as palavras certas para proferir seus sentimentos e pensamentos.

-Não é novidade para você meu ódio pelo Lautner, não é? –perguntou retoricamente e suspirou logo em seguida. –O acho arrogante. Ele é exatamente o tipo de cara que não fica satisfeito até conquistar uma garota, apenas para usa-la e joga-la fora, assim que se cansa. O pior de tudo é que ele é ator, portanto, tem a lábia perfeita para fingir o cara apaixonado. Odeio esse tipo de pessoa, odeio esse tipo de pessoa convivendo com quem amo e... –aquela altura eu já mordia o lábio com força. Estaria meu irmão certo? –Sei que pensa que ele é diferente, que ele é atencioso e prestativo, exatamente como ele foi, no dia em que o conheceu naquela sessão de autógrafos, mas aquilo era só interpretação para satisfazer a mídia. Não quero desmerecer o fato dele tê-la salvado, mas me preocupa que ele esteja tão perto de você, penso que ele pode usa-la. –meus olhos arderam em lágrimas, mas não permiti que elas caíssem.

Todos os momentos com Taylor desabaram como uma avalanche em cima de mim. Cada olhar, cada palavra, cada carinho, cada beijo, cada... Eram tantas lembranças boas, tantos momentos maravilhosos, que eu me recusei a acreditar que era pura e simples interpretação da parte dele.

-Não! –gritei em meios as lágrimas, que caíram sem minha permissão. –Você está errado! Não dá para mentir sentimentos, eu estava lá, eu vi tudo, eu senti tudo... ELE NÃO MENTIU SEUS SENTIMENTOS!

O desespero tomou a face de meu irmão. Ele estava desesperado diante de minha exagerada reação e não era para menos, eu estava abalada por tudo o que tinha acontecido hoje. Desde manhã havia sido um dia estranho, um dia que me prendeu a todas as tristezas do passado.

Foi preciso três enfermeiras e um calmante, para que eu sossegasse. A choradeira parou e fui ficando mole, era uma casca vazia e desprovida de sentimentos. O certo era que eu dormisse com aquele calmante, mas não tinha sono, portanto, me obriguei a repetir para Anthony:

-Ele não fingiu seus sentimentos.

Meu irmão tinha o semblante cansado, a testa franzida e olhos opacos de preocupação. Passou uma das mãos em minha testa, afastando uma mecha de cabelo que me caía aos olhos. Depois, ficou vários minutos acariciando meu cabelo antes de prosseguir com nossa conversa.

-Você se envolveu com ele. –não era uma pergunta.

Me limitei a assentir, antes de começar a fitar o nada, na esperança de que algo acontecesse, mas não aconteceu, então fiquei fitando o nada infinitamente.

-Quanto? –a voz de meu irmão era dura e raivosa. Eu queria responde-lo de modo ousado e impertinente, mas a julgar pelo meu recente ataque, não era a melhor hora.

Fechei os olhos, respirei lenta e profundamente, antes de partir para minhas explicações, que eram complicadas demais para ser falada com leviandade.

-Escute. –comecei com a mais tradicional das palavras em uma conversa, onde uma pessoa tenta convencer a outra sobre algo. –Sei que pensa que o Taylor é esse tipo de cara e realmente ele foi, mas... Alguma coisa mudou no dia em que ele me salvou, eu fui a maior testemunha disso. Ele foi meu porto seguro durante muitos dias, me apoiou e me questionou da maneira certa enquanto eu ainda estava confusa com o acontecido, me protegeu, me irritou profundamente e me amou. Os olhos não mentem, Anthony e o que eu vi nos olhos dele foi amor. Sei que nós brigamos e ele fez/faz suas cagadas, mas foi verdadeiro, mesmo que por pouco tempo. Ele ainda me manda mensagens dizendo que sente minha falta, mesmo depois de semanas, até os pais dele disseram que ele estava diferente desde que me salvou. Não pode ter sido mentira.

Meu irmão olhou pensativo para a parede que eu encarava anteriormente. Ficou muito tempo em silencio, assim como eu, cada qual com seus pensamentos.

-E respondendo a sua pergunta, nos envolvemos o mais intensamente possível, diversas vezes.

Ele fechou os olhos e nada disse, o assunto estava encerrado. Não sei quanto tempo se passou, só sei que estava quase dormindo quando o médico finalmente adentrou meu quarto.

-Onde está nossa paciente agitada? –perguntou ele se aproximando de mim com o prontuário em mãos. –Está se sentido bem, querida?

-Forte como um touro. –respondi com voz pesada. –Um touro sonolento e com o pé quebrado.

A risada do médico ecoou pelo quarto, tirando meu irmão de seu profundo devaneio, que virara cochilo. Ele apenas balançou a cabeça, fingindo que não tinha nada de errado. O médico percebeu, mas se conteve, colocando um belo sorriso na face.

-Bom humor faz bem. –disse por fim, antes de começar a ler o prontuário. –Muito bem, senhorita, acho que você tem razão, estará livre amanhã no final da manhã. Está forte como um touro, mas vai sentir dores quando o efeito do analgésico passar. O médico da manhã passará a receita, assim que te liberar. Vejamos... –largou a prancheta em cima de meu gesso e manuseou o estetoscópio.

Fez vários exames básicos, aqueles chatos que eu achava sem sentido, como verificar meus olhos e testar meus reflexos da perna do pé quebrado.

-Está tudo certo, Dr.? Eu verifiquei sua pulsação de trinta em trinta minutos, duas vezes, tentei fazer o tipo de exame manual, mas obtive resultados normais. Isso é bom, não é?

-Irmão. –o Dr. afirmou. –Estudante de medicina? Bem, ela está muito bem, só aguardo o exame de sangue para ver como o corpo dela anda reagindo ao sangue do doador.

Uma leve batida na porta, antes da enfermeira entrar com um papel em mãos. Não conseguia ver o rosto dela de tanto sono que tinha, mas consegui presumir que aquele papel era meu exame de sangue. Ela entregou o papel ao doutor, sussurrou algo em seu ouvido e saiu de fininho, enquanto o “chefe” analisava meu exame.

-E ora, vejam só, forte como um touro. –ele disse, sorrindo para mim. –Seu corpo está aceitando bem o sangue, está tudo bem com o bebê e ele também não rejeita esse sangue, talvez porque o doador tenha sido seu irmão, então voc... –eu estava quase dormindo, mas ainda ouvia as palavras do médico perfeitamente e uma delas me surpreendeu, a ponto de me acordar.

-Bebê? –Anthony e eu indagamos juntos.

O médico nos olhou assombrado, talvez com medo por nossa sincronia, ou pelo fato de ficarmos tão assustados com uma notícia dessas.

-Sim, a senhora não sabia? –perguntou o médico. –Está esperando um bebê, um saudável bebê de 6 semanas.

Olhei para meu irmão e ele olhou para mim ao mesmo tempo, ambos estupefatos com aquilo. Eu estava perdida.

Capítulo 17

Taylor P.O.V.

Um latido alto e agudo soou em meu quarto, anunciando a chegada de um tornado em forma de cachorro ao meu quarto.

-Só não faça xixi aqui dentro. –falei, como se ela realmente fosse entender.

Um latido a mais, antes dela saltar com impecável leveza para cima da minha cama e ir se acomodar nos macios travesseiros. Sentei-me a seu lado e deslizei minhas mãos por seu brilhoso pelo champanhe. Era incrível como uma criaturinha dessas pode animar e acalentar uma pessoa. Ela era uma cocker spanil de dois meses, elétrica e carinhosa, como quase qualquer cachorro. Makena e eu havíamos comprado ela pela manhã, como presente de aniversário para .

Bom, esse presente seria entregue em pouco tempo, já que é difícil se entregar um cachorro como presente em meio a uma festa. Na verdade, estava esperando minha irmã sair do banheiro para irmos à casa de minha colega de elenco.

No momento, o que me deixava louco era essa demora de Makena para se arrumar. Queria sair logo, queria vê-la logo... A preocupação tomava conta de mim e me impedia de pensar em outras coisas. Desde que vi a foto de em um site qualquer, tão pequena e frágil com aquela perna quebrada, eu quis vê-la. Tentei ligar, entrar em contato, perguntar se estava tudo bem, mas a única vez que ela atendeu ao telefone foi quando Makena ligou de seu próprio celular e conversou com a amiga e quando eu pedi para falar com ela, a negação foi imediata, nada mais foi dito.

Peguei o telefone e digitei mais uma vez os números já decorados por meus dedos. Chamou, chamou, chamou... Caixa postal!

Levantei da cama frustrado e soquei a primeira parede que me apareceu a frente. Era demais para mim! Sabia que havia acontecido algo a mais, não era só a perna quebrada e nossa última conversa que a impediam de me atender. Mesmo quando discutíamos - o que era frequente -, ela sempre me atendia, não podia ser diferente desta vez. Com toda a certeza, havia algo a incomodando.

-Makena! –berrei a plenos pulmões assustando o cachorro, que saltou de imediato da minha cama e saiu correndo de meu quarto.

Saí a passos largos em direção ao quarto de minha irmã e comecei a bater em sua porta incansavelmente, pois já não aguentava essa demora.

-Não precisa quebrar a porta do meu quarto. –disse uma voz atrás de mim.

Virei-me assustado, não esperava que ela estivesse fora do quarto. Tentei usar minhas habilidades de ator para mascarar meu susto, mas algo naquele olhar me dizia que já não adiantava, pois meu susto, minha ansiedade e falta de concentração, eram evidentes.

-O que está fazendo aqui? –questionei autoritário. –Por que não se apronta logo para partirmos?

Aquela criatura que eu chamava de irmã começou a rir sem motivo, até que perdeu o fôlego. Demorou um tempo antes que ela se recompusesse e respondesse minha simples e nada engraçada pergunta. Durante esse meio tempo, tentei não esboçar nenhuma emoção, porém sentia que todos meus sentimentos exalavam evidentemente de meus poros.

-Calma, Tay. –disse, pousando a mão em meu braço. –A está bem, pode ter certeza disso. E respondendo a sua pergunta, eu estava arrumando os outros presentes dentro do carro, coisa que o Sr. deveria ter feito.

Engoli a resposta perfeita para aquilo e respirei fundo, tentando me livrar daquela angustia e agir como uma pessoa normal. Olhei para o teto e tentei colocar meus pensamentos no lugar. Esse desespero me fazia mal, só piorava as coisas.

Voltei minha cabeça no lugar antes de abraçar minha diminuta irmã, em busca de algum conforto para meu coração machucado. Nunca costumei demonstrar fraqueza alguma, ainda mais para coisas sentimentais, mas alguma coisa dentro de mim havia mudado e eu não conseguia voltar ao normal. Eu precisava de mais, eu precisava de uma nova vida, eu precisava de amor, eu precisava dela mais que tudo nesse mundo.

Quando soltei o abraço, não precisei dizer nada antes de sair do apartamento, sendo seguido por Makena, que carregava o cachorro em seus braços. Em poucos minutos, estávamos dentro do carro em direção à casa de .

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-Identificação. –pediu o porteiro, quando paramos em frente ao portão da casa.

-Makena Lautner e irmão. E você sabe muito bem quem eu sou, Adrian! Estou aqui para fazer uma surpresa para , nem pense estragar perguntando se eu posso entrar, ou eu...

Adrian, o porteiro, riu da irritadinha antes de abrir o portão, liberando nossa entrada para a mansão .

Mansão ... Era estranho isso, eles terem uma mansão. Até onde haviam me contado, vinha de um lugar humilde e a principio não teria muito dinheiro para viver, mas pouco tempo depois de ganhar o papel principal na série Os Imortais, ela adquirira essa mansão cheia de empregados e instalações luxuosas, coisas difíceis e caras de se manter, ainda mais para um ator em início de carreira. Digo, ela até poderia receber bem com o direito de imagem e derivados, mas pela lógica ela ainda não havia adquirido tanto dinheiro assim para manter um lugar como esse. E o salário de seus pais poderia ser até um bom salário para manter uma família em boas condições, afinal, o pai era advogado e a mãe uma bancária, mas nem de longe esse salário manteria uma casa tão grande.

Infelizmente, esse era um charme que minha amada possuía, o mistério. A vida inteira dela era um mistério para mim. Nunca soube de onde veio, pelo que passou e o que a levou a ser atriz e isso me atraía muito. Certamente ela não tinha um passado obscuro a ponto de ser voltado para o crime, mas era um passado misterioso demais para uma pessoa pública. Algo ela escondia e algum dia eu descobriria.

Tomei a coragem que precisava, desci do carro e caminhei para a porta da frente, onde uma pessoa já nos esperava.

Abraçou Makena com carinho, antes de trocarem algumas palavras. Não sei se foi imaginação minha, mas eu senti que ele me fuzilou com os olhos antes de virar as costas e entrar na casa, seguido por minha irmã. Fui atrás, segurando a cachorrinha nos braços. Entramos na casa, enquanto minha irmã e o outro conversavam:

-Por que trouxe um cachorro? –perguntou nosso anfitrião, que eu presumia ser o irmão de , com olhos curiosos.

Antes que eu pudesse abrir a boca, a intrometida que eu chamo irmã respondeu por mim.

-O presente de aniversário da , Anthony. Trouxemos também alguns acessórios, como caminha, potinhos de comida e água e roupinhas. Será que ela vai gostar?

Para minha surpresa, ele riu.

-Claro que ela vai gostar. Só não digo o mesmo de meus pais. –aqueles olhos azuis, tão iguais aos de sua irmã, me encararam glaciais. –Latuner, se esconde em algum lugar e faz uma surpresa para ela. –assenti e me direcionei para uma porta que ficava em baixo da escada. Fiquei surpreso ao descobrir que ali ficava um pequeno lavabo, sempre pensei que era um armário de limpeza ou algo do gênero.

Minha querida irmã, como a verdadeira folgada que era, jogou-se no sofá, totalmente a vontade. Até parecia dona da casa, ao invés de visita.

Um barulho forte soou acima de minha cabeça. Presumi ser o gesso de batendo contra os degraus da escada. Inconvenientemente, a cachorrinha começou a latir, assustada com o barulho. Entrei rapidamente no lavabo, me escondendo.

-Quieta! –sussurrei. – Quer estragar a surpresa?

Como se compreendesse o que eu havia dito, a cachorra olhou para mim e diminuiu seu latido para um leve e baixo rosnar. Me assustei com aquilo. Nunca imaginei que um cachorro pudesse nos entender assim.

O barulho dos passos na escada foram diminuindo até se extinguirem. Presumi que ela já tivesse descido. Meu coração disparou ao imagina-la tão próxima a mim depois de tanto tempo.

-... –sussurrei, me colando a porta e largando a cachorrinha no chão. –Como você está? Senti tanto a sua falta!

-Estou bem na medida do possível, Mah! –ela respondeu alguma pergunta de minha irmã, a qual eu não prestara atenção. –É difícil, mas estou tentando lidar da melhor maneira que posso.

Mais uma vez, não ouvi as palavras proferidas por minha irmã, ela falava baixo demais, como se quisesse me esconder algo.

Ouvi risinhos, seguidos de passos pela sala. Colei-me ainda mais a porta, tentando ouvir alguma coisa. Agora, até a cachorrinha estava apontando o focinho para a porta, ansiosa para sair e ver o que acontecia ali fora.

-Aqui? –perguntou , abrindo a porta pelo lado de fora, fazendo com que eu caísse de cara no chão.

A cachorrinha, para ajudar, pulou por cima de mim e correu para a dona, que a esperava com um sorriso enorme no rosto. Fiquei apenas observando ela pegar o pequeno animal nos braços e deslizar a mão livre pela pelagem sedosa. Tinha um brilho diferente nos olhos azuis, um brilho mais intenso. Estava mais bonita e mais simples do que jamais eu a tinha visto, vestia jeans qualquer e uma camiseta de alças com a estampa do Mickey, um pé descalço e outro coberto pelo gesso, mais linda do que jamais esteve.

Abaixou-se e me agraciou com um sorriso. Não havia percebido que ainda estava no chão, até ela passar o peso da cachorrinha para um braço, antes de me oferecer o outro. Peguei sua mão, entrando em êxtase ao sentir sua pele contra a minha novamente, mesmo que por um curto período de tempo. Segurei sua mão apenas como um ato simbólico, pois sentia que ela estava frágil e precisava de cuidados e apoiar meu peso para que eu me levantasse, não lhe faria bem.

Virou-me as costas e voltou para a sala, assim que me coloquei de pé. Esperei um tempo antes de segui-la e quando o fiz, ela já estava acomodada no sofá, com seu novo animalzinho no colo. A cachorra, por sua vez, repousava calmamente sobre as pernas da dona, como se soubesse que ali era seu verdadeiro lugar.

-Como vocês sabiam que eu queria um cachorro? –perguntou , com um sorriso leve.

-Te conhecemos, amiga. –disse minha irmã, revirando os olhos. –Foi o Tay que a escolheu, disse que combinava com você.

-Na verdade, eu escolhi essa porque é da mesma raça do cachorro da foto que você fez para uma revista uma vez. Aquela foto era de uma propaganda, não era? –disse eu, passando a mão pelo cabelo. Não queria que ela interpretasse errado o que minha irmã disse.

colocou a cachorra de lado, levantou-se e correu para me abraçar. Quando ela o fez, senti a vida correr por minhas veias como um choque elétrico, algo nunca sentido antes. Senti-me renovado.

Desde daquele nosso infame encontro no hospital, pensei que quando se encontrasse comigo, minha garota de olhos azuis me trataria com desprezo, mas pelo contrário, ela estava leve e serena, como se algo de importância muito grande estivesse acontecendo com ela. Estava naturalmente mais bela e o melhor de tudo, estava feliz.

A cachorrinha, já acorda de sua pequena soneca, latiu chamando a atenção de sua dona para si e fazendo com que a mesma desfizesse o abraço.

-Não fique com ciúmes Aia, estava apenas agradecendo por ele ter me presenteado com você. É um amigo. –disse ela, se aproximando do animalzinho e acarinhando-o, quando estava próxima o suficiente.

-Aia? –Makena e eu indagamos ao mesmo tempo.

Não me leve a mal, Makena e eu nunca tivemos essa sincronia ao falar, mas esse nome era estranho, até mesmo para um cachorro. Não era de se admirar que o questionássemos. Ficamos encarando em busca de respostas, mas a mesma se limitava a acariciar Aia, segurando um sorriso zombeteiro nos lábios.

-É a palavra cherokee para “eu”. –a resposta veio do irmão dela, que até agora se limitara a nos observar. –Também era o nome da cachorra de nossa vizinha, Downey, ela e sua cachorra passaram muito tempo cuidando da , enquanto eu ia para a escola e meus pais iam trabalhar.

“Também era o nome da cachorra de nossa vizinha, Downey, ela e sua cachorra passaram muito tempo cuidando da , enquanto eu ia para a escola e meus pais iam trabalhar.” – essa frase ficou rondando minha cabeça, enquanto a resposta ficou no ar. Por que motivo não iria à escola também? Essa era mais uma pista para o passado misterioso dessa atriz.

A sala caiu num silencio reflexivo. Ninguém ousou interrompe-lo, exceto Aia, que latia e corria pela casa como uma criança em um parque de diversões. Ela estava fazendo a maior bagunça, pois até fazer xixi no tapete ela fez.

ralhou com o animal, fazendo com que ela se encolhesse momentaneamente, como se soubesse que aquilo era errado. A dona chamou a empregada que se assustou com o novo membro da família, mas tirou o tapete e o substituiu por outro assim que se recuperou do choque.

-Você está se sentindo melhor, ? –perguntou minha irmã, quebrando o silencio após um longo tempo.

A loira sorriu e assentiu, colocando em seguida a perna em cima do sofá.

-Só dói um pouco de vez em quando, por conta de eu não poder tomar todos os remédios, você sabe... Mas de resto, vou ficar bem. Até o pino já tirei! –disse sorridente.

-Como assim não pode tomar todos os remédios? –assustei-me com aquilo. Não era normal uma pessoa não poder tomar remédios para se recuperar, a não ser que tivesse uma alergia, ou... Será que estava tudo bem mesmo?

Todos na sala me olharam com caras estanhas, inclusive Aia. Nesse momento, soube que ME escondiam mais um segredo.

A porta bateu na parede com um baque surdo, desviando a atenção de todos para aquela direção e para uma vestida como um rapper, incluindo as calças largas, camiseta grande e boné, também usava uns óculos estranhos. Pouco eu conhecia dela, mas conhecia o suficientemente em para saber que aquilo era fora do normal.

-Vocês acreditam que tive de me ridicularizar a esse ponto para conseguir entrar aqui? –disse ela, andando até onde estávamos, antes de sentar no tapete, totalmente à vontade. –E ainda tive de entrar pelos portões dos fundos!

Aia, curiosa, foi até a recém-chegada cheirar-lhe, mas foi afastada com um olhar do qual até eu teria medo. Agora que havia tirado os óculos, podíamos ver a maquiagem escorrida da menina, seus olhos estavam totalmente pretos, como os de um panda.

-Minha santa maquiadora! O que aconteceu com você? –Makena perguntou, daquele seu jeitinho todo especial.

-Paparazzi. –disse a garota, tirando o boné e revelando o ninho de rato que se tornara seu cabelo. –Por todos os lados. Ao que parece, vazou a falsa informação de que a está sendo mantida sob forte medicação em casa, doente demais para conseguir ir ao hospital.

-COMO ASSIM? –explodiu o alvo dos paparazzi, tropeçando ao se levantar. Corri para ampará-la, antes que chegasse ao chão e estranhei ao ver que todos correram para fazer isso também. Agora, estávamos em um estranho abraço coletivo. –Gente, obrigada, mas acho que podem me soltar agora. –disse ela, com um sorriso amarelo no rosto.

Ajudei a colocá-la de pé novamente, apenas para que a mesma se acalmasse e se sentasse novamente. Sentei-me ao seu lado, a fim de ficar de olho caso ela quisesse levantar e tropeçasse novamente.

-De onde surgiu essa informação? –perguntou Anthony.

Mas apenas balançou a cabeça negativamente, indicando de que nada sabia.

-Foi isso que consegui arrancar daqueles que estavam ali na frente do portão principal, antes de me reconhecerem e fazerem isso em busca de informações. –disse, indicando a si própria. –Depois arranjei esse kit disfarce dentro do carro e consegui dar a volta pelo portão dos fundos, como uma pessoa qualquer. Sorte que o Bill me reconheceu e me deixou entrar.

-Falaram mais alguma coisa? –estava ansioso por saber tudo o que diziam. Quais mentiras inventariam... Esses paparazzi faziam de tudo por uma notícia bombástica, inclusive destruir a vida de alguém.

respirou profundamente, antes de soltar a bomba final.

-Só inventaram mais uma história digna de Nicholas Sparks. –disse, revirando os olhos. –Perguntaram se era verdade que a estava à beira da morte e se você veio passar seus últimos momentos com sua amada. Viram seu carro ali e... Provavelmente a matéria estará em todas as revistas de fofoca de amanhã.

Simplesmente raiva. A sala se tingiu em vermelho sangue, no momento em que aquelas palavras foram proferidas. Passei anos sendo e vendo meus amigos serem perseguidos pela imprensa, todos nós sendo ridicularizados nas absurdas histórias que inventavam, uma pior que a outra, mas isso era o fim! E eu iria acabar com isso de uma vez por todas.

Como se lesse meus pensamentos, levantou e andou firmemente para a porta da frente, sendo seguida de perto por mim e por todos os outros. Senti que estavam preocupados com nossa atitude inesperada, mas não tinha tempo para pensar nisso, pois eu tinha que agir. Nós tínhamos que agir.

Andamos até o portão da casa e ficamos encarando aquele monte de paparazzi, que estava a nos fazer perguntas, uma mais absurda que a outra.

-É verdade que estão juntos? –perguntava um.

-, que tipo de doença você tem? Ouvi dizer que é grave. –dizia outro.

-O que aconteceu para não sair de sua casa há dias?

-Taylor, me fale sobre seu relacionamento.

E por aí ia. Eram tantas perguntas que eu não conseguia assimilar todas. Mas isso não importava, eram todas absurdas e sem nexo.

Para minha surpresa, pegou minha mão e me puxou para mais perto, quase se encostando às grades, onde choviam microfones e gravadores, ansiosos por um pronunciamento.

-Não vou chamar os seguranças. –ela sussurrou ao meu ouvido. –Quero que me ajude a colocar Skeeter para dentro.

-COMO ASSIM A SKEETER?

deu um sorriso torto e encarou a multidão à sua frente. Não precisamos esperar muito para que Skeeter aparecesse, acompanhada de seu fiel cachorrinho, Matthew Klosh.

-, poderia nos dizer se os rumores são verdadeiros? Está mesmo muito doente? –a jornalista perguntou gentilmente.

A garota estava prestes a falar algo, quando eu me coloquei a sua frente e me colei ao portão, ficando o mais próximo que podia daquelas pessoas sem índole, que perguntavam tantas coisas e distorciam nossas palavras ao publicar suas matérias.

-No portão dos fundos, daqui 10 minutos. Não seja seguida.

Virei as costas e saí dali, junto com todos os outros. Era a hora do show.

P.O.V.

Pequenos tecidos e pequenos formatos para um amor e pensamentos tão grandes.

Depois da confusão em minha casa, resolvi dar as caras nas ruas de Los Angeles, a fim de mostrar que aquele estardalhaço que faziam era exagero e também para fazer algumas compras para a festa do meu aniversário, que seria dali a uma semana. Liguei para Gabi e fomos todos para o shopping mais próximo fazer as compras necessárias para a festa. Mas não resisti ao passar em frente a uma loja de artigos infantis, tive de entrar e ver algumas coisas para meu bebê.

-Olha esse aqui, . –disse Gabi, me entregando uma roupinha marrom com a touca em formato de urso.

Não pude deixar de rir ao imaginar eu vestindo meu bebê com aquela roupinha. Separei aquela roupinha juntos com as outras que iria comprar e fui ver alguns sapatinhos.

-Acha que eles voltam logo? –perguntei à minha amiga. –Estou com muita vontade de ver outras lojas de bebê.

Gabi olhou para mim e suspirou. Ela achava um absurdo eu esconder minha gravidez de seu primo, mas não contou nada para ele, desde que lhe contei a novidade e pedi segredo. Ela passou a mão em meus cabelos, antes de segurar minha mão e me puxar para dentro de um dos provadores da loja.

Não disse nada, me deixou no provador e foi atrás de uma vendedora que passava por ali. Mesmo sem entender coisa alguma, fiquei ali esperando minha amiga voltar com... Uma barriga de pano e um vestido?

-Aqui, veste isso e me diz o que vê. –disse ela, empurrando as coisas para mim.

-Mas...

-Nada de mas, , apenas vista-se. –e fechou a cortina do provador. –E quanto a sua pergunta, Taylor é um crianção, ele adora ficar horas e horas jogando naquelas máquinas estranhas do playcenter, ou seja lá o que for aquilo!

Sem ter muitas opções, revirei aquele amontoado de tecidos, até saber como vesti-los. Sabe, é extremamente difícil colocar uma barriga falsa, não sei como as atrizes lidam com isso com tanta naturalidade nos filmes, porque esquenta e é pesado, mas isso nem é o pior de tudo, pois colocar a roupa é pior ainda, a barriga lhe faz perder totalmente a noção do tamanho do seu corpo.

Calei meus pensamentos assim que vi minha imagem refletida no espelho. Uma série de imagens sobre meu futuro com meu filho passou em minha mente, pude sentir seu cheiro, seu delicado toque, enquanto eu o amamentava e admirava seus lindos olhos castanhos, iguais ao do pai. Meu coração finalmente se inflou e um sentimento novo nasceu. Até aquele momento, estava apenas conformada com minha gravidez precoce, amando meu filho de forma vaga, não entendia o verdadeiro significado de ser mãe. É provável que eu ainda não o soubesse por completo, porém aquilo me abriu os olhos.

Abri a cortina do provador com tudo, ansiando mostrar para Gabi como fiquei e segredar-lhe o que sentia, mas ela já não me esperava em frente ao provador, mas sim no meio da loja, conversando com . Não viram eu me aproximar, mas assim como eu, se calaram no momento em que me viram daquele jeito.

-Pela primeira vez desde que descobri a gravidez, me senti verdadeiramente mãe. –confessei para minhas melhores amigas. –Não é apenas estar grávida, é... Muito maior do que isso!

Me abraçaram com carinho e eu me senti em paz.

Provavelmente Gabi sabia o que estava fazendo e sabia como eu me sentiria ao ver meu futuro. Eu, com barriga de seis meses, verdadeiramente vi o que me aguardava: a felicidade, o amor e a imensa responsabilidade. Não podia fazer isso sozinha, tinha de contar ao Taylor, precisava do pai do meu filho por perto, mesmo que como amigo.

-Então, você não acha que já está na hora de contar? –Gabi sussurrou ao meu ouvido.

Me afastei das duas e assenti. Virei-me e fui para o provador trocar de roupa. Enquanto o fazia, enfiou a cabeça pela cortina, me assustando.

-Quase me esqueci, Anthony pediu para que eu viesse chamar vocês para ir à praça de alimentação, ele disse que você tem que tomar um remédio, mas tem que comer antes.

-Sério que você me assusta só para dizer isso? –perguntei, voltando a me vestir.

Ela se afastou rindo, deixando que eu terminasse o que tinha de fazer.

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É incrível como um simples gesto pode mudar completamente seu dia, seu modo de ver as coisas. Agora, tudo era colorido, vibrante e lindo. Não havia coisas tristes, apenas a felicidade e tudo o que eu via era o amor, coisa mais bela e preciosa no mundo, coisa que todos merecem, mas poucos o possuem.

Amor de amante, amor de irmão, amor de amigo, amor de mãe para filho, pai para filho, filho para pai, amor para desconhecidos, amor compaixão, amor perdão, simplesmente amor. Eu senti todo esse grande amor, pois a vida me concedeu e eu abraçaria isso intensamente.

Sua face confusa com o meu constante encarar só fazia meu coração bater com mais intensidade de tamanha a minha alegria. No fundo, no fundo, ele sabia que o que estava por vir e não era apenas uma nova chance, mas algo muito maior que isso. O plano já estava armado, iríamos ao parque dar uma pequena caminhada ao ar livre, era bom para minha plena recuperação, assim como era um bom lugar para uma grande revelação.

Estávamos agora a caminhar pelo shopping em direção ao estacionamento. Em meio a brincadeiras, éramos um bando de inconsequentes, amigos se divertindo. Quem via meu sorriso, não diria que poucas horas antes estava trancada dentro de casa me martirizando pelo fato da vida ter sido dura comigo.

-Acho que preciso de uma ajudinha. –disse eu, quando chegamos a uma escada rolante que estava parada.

Discretamente, Taylor foi empurrado até mim. Ele me olhou apreensivo, como se estivesse estranhando minha calmaria. Na verdade, ele havia me olhado assim o dia todo. Cuidadosamente, passou um braço pela minha cintura e fez com que eu passasse meu braço pelos seus ombros largos. Derreti-me no calor de seu toque, enquanto ele sustentava quase todo meu peso com o lado do corpo. Quando finalmente terminamos de descer a escada, ele me soltou o mais rápido que pode e aquilo magoou um bocado, porém ergui a cabeça e segui meu caminho, até esbarrar sem querer em alguém e ir ao chão. Minha perna latejou tanto com a queda, que não consegui ver em que eu tinha esbarrado.

-! –um coro de vozes veio ao meu encontro, me segurando delicadamente e me colocando em pé. Não senti as mãos de Taylor em meio as que me ajudaram.

-O que está fazendo aqui, Hannah? –ele perguntou rudemente para a pessoa em que eu havia esbarrado.

Minha visão foi clareando aos poucos, me permitindo ver a face da mãe do outro filho de Taylor e de sua amiga ruiva esnobe. Elas me olharam de cima a baixo, provavelmente avaliando meu frágil estado e minha simples vestimenta composta por jeans e uma blusa verde de uma alça só, pois vi quando seguraram o risinho.

-Apenas fazendo algumas compras para nosso filho, Tay. –disse Hannah, passando as mãos pela camiseta dele.

Sua barriga de cinco meses já era proeminente, bonita e harmônica com seu corpo. Ela era com toda a certeza uma grávida muito bonita por fora, mas não por dentro. Em meus cursos de atuação eu havia aprendido uma coisa: uma verdadeira grávida inconscientemente tinha brilho intenso nos olhos e mostrava uma beleza profunda, não apenas superficial, portanto, para representar uma grávida, deveria acima de tudo, sentir-se uma. Não era o que Hannah aparentava. Estava grávida apenas de corpo, não de amor, não de alma.

-Vem junto comigo? –perguntou ela à Taylor, fazendo voz falsamente manhosa.

Ele olhou para todos nós, fitando um a um. Sabia que ninguém ali gostava de Hannah, ficava apreensivo com isso, ainda mais com ela demonstrando tamanha e falsa intimidade publicamente. Implorei-lhe com os olhos para que viesse conosco.

-Vou dar uma palavrinha com Hannah e já alcanço vocês.

Meu coração murchou um pouco. Virei as costas e novamente segui meu caminho.

O amor é maravilhoso, mas muitas vezes machuca mais que vidro quebrado.

(Continua...)

Capítulo 18

P.O.V.

Avaliei-me no grande espelho de corpo inteiro de meu quarto e decidi que estava bonita. Meus cabelos caindo em cascatas cacheadas por meus ombros até a altura da cintura, o batom vermelho combinado com delineador preto e sombras em tons de pêssego, o vestido azul marcado apenas no busto e caindo em camadas de cetim e crepe voal abaixo disso, escondendo a leve protuberância em minha barriga, que começava a ficar evidente.

-O que acha, Aia? –perguntei para a cachorra, que se encontrava deitada em minha cama.

-Só acho o salto um exagero.

Virei-me e dei de cara com minha mãe na porta do quarto. Ela estava simplesmente linda em seu tubinho preto, que contrastava com a pele e os cabelos extremamente claros. Encarava meu pé com receio, achando que eu não seria capaz de andar suficientemente bem com salto.

-É pequeno. –disse eu, voltando meus olhos para os sapatos xadrez preto e branco, estilo boneca que calçavam meus pés.

Havia tirado o gesso dois dias antes, andava bem, mas teria de fazer fisioterapia para voltar completamente ao normal. Não sentia dor alguma e tinha perguntado ao médico se podia usar salto e ele disse que não tinha problema, desde que o salto não fosse muito alto. Não considerava cinco centímetros alto, mas mamãe era super protetora e implicou com o sapato desde que eu havia dito que ia usá-lo no dia da festa.

-Mesmo assim, filha. –disse ela se aproximando de mim. –Não acha que é melhor usar uma sapatilha agora e deixar o salto para quando estiver completamente recuperada?

Balancei a cabeça e a abracei com força. Minha mãe sabia que eu era teimosa e iria com o sapato que eu usava, não entendia porque insistia naquilo, por isso me calei a fim de evitar brigas. Ela retribuiu o abraço com força e caiu no choro, quando eu disse que a amava. Arrastei-a até a cama e logo Aia veio se acomodar entre nós e mamãe começou acarinhá-la, antes de deixar seu olhar se perder em algum lugar.

-Como o tempo passou tão rápido, querida? –perguntou, colocando uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha. –Lembro-me de ter você em meu peito há pouco tempo e agora... –virou seu olhar nostálgico para mim. –Agora é uma mulher, assim como eu fui com sua idade, com um filho no ventre e vida de adulto a enfrentar.

Arfei com aquelas palavras. O quarto começou a girar, enquanto as paredes pareciam estar se fechando sobre nós. Respirei fundo, tentando colocar os pensamentos em ordem. Como ela havia descoberto? Só se...

-O Anthony te contou? –perguntei perplexa. Não conseguia imaginar meu irmão me traindo daquele jeito, mas essa era a única explicação.

Minha mãe riu, passou a mão levemente por minha barriga de 11 semanas e suspirou resignada. Levantou-se de minha cama e foi até meu closet e saiu de lá com uma sacola de uma loja em que eu havia comprado roupas de bebê. Não demorei muito para perceber que era da loja onde eu decidira contar para Taylor sobre minha gravidez. Ela tirou de lá a roupinha em forma de urso, apertou nas mãos e a trouxe até mim.

-Sou mulher, , além de ser sua mãe, percebo tudo o que acontece com você. Já havia percebido o início das mudanças em seu corpo antes da viagem, depois vieram os enjoos e minha desconfiança aumentou. Esses dias encontrei isso em meio às suas roupas. –sentou-se novamente a meu lado e encarou-me com olhar de gelo. – Quando pretendia me contar?

Abri a boca para responder, mas , Gabi e Makena entraram em meu quarto num rompante, interrompendo completamente a conversa. Minha mãe nada disse, apenas olhou para mim como se dissesse: “Conversamos mais tarde”, cumprimentou as meninas e deixou o quarto, fazendo com que um clima extremamente pesado se instalasse ali.

Peguei a roupinha e a guardei na sacola novamente, antes de me jogar de costas no colchão e olhar para o teto perdida em pensamentos. Senti que minhas amigas sentaram-se no colchão a minha volta, deixando Aia incomodada e fazendo com que ela viesse se deitar em meu peito.

-Minha mãe já sabe. –disse-lhes o óbvio.

Makena se aproximou de mim e deixou que seus longos cabelos caíssem em minha face, ao olhar para mim. Aquilo fez cócegas, mas gostei de ter minha amiga se solidarizando comigo, fez com que eu não me sentisse só.

-Então não está na hora de deixar meu irmão saber também?

Assenti, tirando Aia delicadamente de meu colo e sentando novamente. Uma a uma, abracei minhas amigas, agradeci por estarem comigo em um momento tão importante de minha vida.

Hoje era meu aniversário, meu lindo e maravilhoso dia. Mais um passo, mais um ano de vida e, mesmo com a pouca idade, já tinha tudo o que eu podia querer, uma família amorosa, amigos perfeitos, meu grande sonho se realizando através da série Os Imortais e um animalzinho amoroso e que me fazia rir sem executar nada de extraordinário.

-Vocês estão lindas! –disse sem saber se olhava para o belo penteado grego de Gabi, a delicada pulseira de ou o glamoroso vestido de Makena. –Se fosse homem, eu pegava todas! –ri e elas me acompanharam.

Gabi, sofisticada como sempre, usava um vestido com busto creme e saia azul escuro, combinado com belíssimos saltos dourados, uma verdadeira mulher, a não ser pelo penteado, que lhe dava ar mais jovial. Usava pequenos pontos de luz no lugar de joias, fazendo com que ficasse mais linda e iluminada do que já era.

não havia abandonado o rosa habitual. Usava um vestido de tom bem clarinho, com o corpo colado e a cintura marcada por uma fita em tom prateado, que combinava com a que combinava com a que estava sendo usada em seus cabelos, como uma tiara. Fiquei feliz em ver que usava os quartzos verdes que havia lhe dado em seu último aniversário. Nos pés, sapatilhas prestas. Parecia uma bonequinha.

Por fim, passei à glamorosa Makena, com seu curto vestido preto rendado e poderosos saltos meia pata. Como sempre, estava arrasando e provavelmente abalaria corações esta noite. Não pude deixar de notar nas lindas pérolas que trazia no pescoço e orelhas.

Depois da rápida analise, fui para minha cômoda e coloquei a tiara de strass, com a qual minha mãe havia me presenteado nesta manhã de 08 de Agosto. Ajeitei-a para trás da franja e conclui que estava pronta para a festa.

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Mais perfeita que eu podia imaginar, essa era a minha festa. Os convidados começavam a chegar e me cumprimentar por meu dia, porém não era isso que prendia minha atenção e sim o lindo ambiente. Por todo o gramado, foram espalhados tablados para as pessoas pisarem sem estragar nada. Aqui e ali, flutuavam os balões prata em forma de estrela, as mesas espalhadas ao redor da pista de dança, que se encontrava no centro de tudo em forma de círculo, as luzes coloridas, a luz da lua, que brilhava cheia e intensa naquela noite, a brisa morna de verão... Aquele ambiente me tomou conta e em poucos minutos estava flutuando em meio a tanta beleza. Tudo mais simples do que imaginara, porém mais belo também.

Saí correndo e saltando pelo lugar, admirando cada pequeno detalhe daquilo. Entrei em êxtase ao perceber que as flores nas mesas se tratavam de lírios brancos, os meus favoritos. Aproximei meu rosto de uma flor e inspirei profundamente seu doce aroma, antes de voltar a correr pelo espaço, em completo êxtase.

Com tamanha a minha distração, esbarrei em uma pessoa que dava duas vezes meu tamanho. Recuei alguns passos, atropelando desculpas e alegando ser extremamente desastrada quando estava extremamente feliz, como naquele momento, até que ergui os olhos e vi a face conhecida. Dei um gritinho de felicidade totalmente atípico e pulei em seus braços para um abraço de urso.

-Desculpa interromper o momento dos dois, mas quem é o bonitão aí, ? –perguntou Makena na maior cara de pau. –Toma cuidado, que o Taylor vai ficar com ciúmes.

Desfiz o abraço e virei-me para fuzilar aquela louca com os olhos. O pior de tudo foi que a indivídua fez cara de inocente e ergueu as mãos na altura dos ombros, fazendo-se de desentendida. Ethan riu, mas minha vontade era de fazê-la comer os próprios punhos por me constranger.

Respirei fundo e olhei para meu amigo surfista, com o melhor sorriso que pude arranjar naquele momento.

-Ethan, conheça Makena Inconveniente Lautner. –falei apontando para aquela sem vergonha. –E essas são Gabi e . –completei apontando para cada uma, respectivamente. –Meninas, esse é Ethan, o cara que me tirou da água quando eu quebrei o pé.

-É um prazer conhece-las, madames. –disse ele, beijando a mão de cada uma, todo galante. Chegada a vez de Gabi, ela corou profundamente e com isso ele abriu um sorriso capaz de ofuscar qualquer coisa a sua volta.

Não pude deixar de sorrir ao vê-los daquela forma. Paixão à primeira vista. Eu realmente nunca acreditei que existisse, mas vendo aqueles dois era bem fácil mudar de ideia.

-Não sou especialista nisso, mas pintou um clima aqui...

-Makena! – e eu a repreendemos, mas era tarde demais, a bolha dos dois havia estourado e Gabi tingia-se cada vez mais de vermelho, enquanto Ethan passava a mão distraidamente pelos dreads.

Eu estava pronta para tentar iniciar uma conversa com todos ali, na tentativa de acabar com o clima constrangedor que havia se instalado ali, quando Anthony chegou para salvar o dia.

-Ethan! O que está fazendo aqui, cara?

Eles apertaram as mãos firmemente.

Logo depois que saí do hospital, meu salvador pediu nossos contatos para se manter informado sobre meu estado de saúde, estava realmente preocupado comigo. Foi dessa preocupação que nasceu essa amizade. A família inteira fazia gosto, pois o surfista era boa pessoa e se mostrara solidário quando precisamos. Papai até disse que adoraria tê-lo como genro, mas tirei completamente a ideia de sua cabeça, pois meu sentimento por ele era apenas fraternal e era claro que isso era recíproco. O clima que rolou entre nós aquele dia na praia fora apenas uma fatalidade derivada da carência de cada um, nada mais.

-A me convidou e eu vim. –respondeu, voltando os olhos verdes momentaneamente para mim. –Queria ver como extava essa baixinha.

Fiz uma careta para ele, expressando meu ‘desprezo’ pela sua escolha de palavras. Ele sabia que eu odiava ser chamada de baixinha. Meu irmão riu.

-Mas venha comigo, meu pai vai adorar saber que está aqui. –disse Anthony passando o braço por volta dos ombros de seu novo amigo e o conduzindo para longe dali.

-, Makena, , Gabi... –disse antes de se deixar ser levado para outro lugar. Pude ver como minha amiga, cujo nome fora o último mencionado estava visivelmente derretida pelo tom de voz e cordialidade de Ethan.

Makena riu da face sonhadora dela e e eu a acompanhamos, o que fez minha amiga que era o motivo da piada corar mais um tantinho. Recuperada do encantamento, ela começou a ralhar conosco sobre nossa grosseria ao constrangê-la daquela maneira. Foi para cima de Makena e soltou leves xingamentos em cima da prima.

Nesse momento, começou a tocar Eyes On Me da Celine Dion. Essa música realmente não tinha muito a ver com uma festa jovem como aquela, já que tinha um toque Marroquino, mas havia algo nela que fazia com que eu me sentisse mais mulher. Corri para a pista de dança e comecei a movimentar meu corpo naquele ritmo estranhamente libertador, improvisei passos que eu achava ser de dança do ventre e libertei a energia acumulada em meu corpo.

Passei as mãos pelos cabelos e as deixei ali, enquanto tremia o quadril no ritmo da música, tirei a mão direita de meu cabelo e a deixei a poucos centímetros do osso lateral de meu quadril, institivamente mexi apenas o lado direito do quadril para cima e para baixo, deixando que minha mão acompanhasse o movimento, sem nunca encostar nele. Ergui meu olhar e comecei a movimentar os ombros em pequenas chacoalhadas para frente e para trás e foi aí que finalmente avistei Taylor. Ele me encarava fixamente, com olhar penetrante e faminto, baixou os olhos por meros segundos e voltou a me encarar. Caminhei pela pista de dança, movimentando os quadris, enquanto o chamava para dançar apenas com movimento das mãos e dos braços. Vagarosamente, ele caminhou até a pista de dança, fui de encontro a ele, sem nunca parar de dançar. Quando chegou perto o suficiente, peguei a gola de seu terno e o puxei para o meio da pista, para dançar junto comigo. Sem nunca tirar os olhos de mim, Taylor começou a se movimentar timidamente no ritmo daquela música, que provavelmente era desconhecida para ele. Coloquei as mãos no quadril e o rodeei dançando, depois parei de frente para ele e fiz movimentos pouco mais lentos, destacando meus olhos, o que só fez com que o ator me encarasse de maneira ainda mais intensa.

-Better keep your eyes on me. –cantei junto com a música, dançando mais lentamente nos acordes finais. –Your eyes on me.

Respirei fundo depois da dança e voltei para o mundo real. Quando olhei a minha volta, fiquei surpresa com o número de pessoas que olhavam para nós com a boca escancarada. Corei ao perceber que mais uma vez havíamos dado um show de dança. Abaixei levemente a cabeça, rodeei os ombros de Taylor, que rodeou os braços em minha cintura e me conduziu no ritmo da música lenta que veio a seguir. Depois de algum tempo de dança, dei um jeito de espiar por cima de seu ombro, fiquei feliz ao constar que mais ninguém nos olhava.

-Você demorou, não veio com Makena... –disse eu, recostando a cabeça em seu peito. Inspirei seu perfume másculo e relaxei nos braços fortes. –Pensei que não vinha.

Sua risada rouca me arrepiou e me transportou para um mundo tranquilo, muito longe dali. Ele acariciou meus cabelos e depositou um leve beijo no topo de minha cabeça.

-Precisava passar em um lugar antes de vir para cá. –disse me afastando de si e segurando uma minhas mãos com uma das suas, enquanto a outra buscava algo no bolso da calça. Tirou de lá uma pequena caixinha de veludo, colocou na mão que ele segurava e fechou meus dedos a seu redor. –Feliz aniversário, .

Com um sorriso de criança no rosto, abri a caixinha e encontrei lá um fino aro de prata com uma delicada pedra azul em forma de gota no meio. Ergui meus olhos para ele, totalmente encantada com o presente, não havia palavras para agradecer.

Em um ato inesperado, Taylor tirou o anel da caixinha e colocou minha mão direita sobre a sua só para em seguida deslizar o pequeno objeto por meu anelar. Existiam grandes possibilidades do anel não caber, porém o encaixe era perfeito, ele havia acertado na mosca.

Estava prestes a agradecer, quando minha mãe apareceu e me encarou com olhos frios. De repente meu mundo encantado ruiu e a realidade me atingiu em cheio, lembrando-me da conversa que tivera com minha mãe mais cedo. Senti meus olhos se arregalarem e minha pressão descer minimamente, pois sabia que ela estava prestes a continuar a conversa ali, na frente de Taylor. Provavelmente ela achava que ele era o pai (e estava certa) e já sabia de tudo, contando que depois daquele dia no shopping, nos encontramos todos os dias.

‘Não!’, eu queria gritar para minha mãe. ‘Ele não sabe de nada!’, mas era tarde e ela já abria a boca para falar algo.
                            
-Oi, Taylor! –disse ela, toda simpática. –Que bom te ver por aqui, já estava com saudades.

Não pude evitar fazer uma careta de confusão. Aquela não era minha mãe! Calculei as possibilidades de um alienígena ter abduzido ela enquanto eu estava longe, mas como as possibilidades eram baixas, concluí que algo havia acontecido. Procurei a minha volta algo que pudesse me dar respostas mais concretas sobre o que havia acontecido, encontrei a mesa em que meu irmão e meus amigos se encontravam e todos nos encaravam com faces preocupadas. ‘Vocês conversaram?’, perguntei a eles apenas movendo os lábios e como resposta recebi um aceno da parte de Anthony.

Eu realmente queria fazer algo, mas estava totalmente sem ação ante a tagarelice de minha mãe. Meu medo era que ela falasse algo para ele, antes que eu pudesse contar, sabia como ela era bem capaz de fazer isso só para me punir por minha irresponsabilidade.

Fiquei lá, olhando-os de boca aberta, como se algo houvesse me petrificado. O bom era que eu tinha amigos de ouro, que vieram me ajudar.

-Hey, Tay! A Skeeter está no portão e quer falar contigo. –disse Makena, pegando o irmão pelo braço.

-Mais tarde nós conversamos Sr.ª . –disse ele, deixando-se arrastar pela irmã. –Mas comigo, não com a ? –perguntou para a irmã enquanto se afastavam.

Respirei aliviada. Fora graças a Deus e a Makena que Taylor não descobrira sobre minha gravidez por minha mãe. Por falar nela, assim que Taylor saiu de perto, ela voltou a me fuzilar com os olhos, indicou com a cabeça uma mesa vaga e se encaminhou para lá, sendo seguida de perto por mim.

-Por que não contou para ele? –perguntou indo direto ao ponto.

Mordi o lábio e pesei a maneira certa de contar. Era um assunto extremamente delicado, precisava ser tratado com extremo cuidado, ainda mais com minha mãe estando chateada daquela maneira. Doía vê-la assim comigo, mas não podia fazer nada até que ela se conformasse com a ideia.

-Porque... –comecei, ainda sem saber o que dizer. –Porque... Eu estava com medo! –minhas amigas se aproximaram e sentaram-se a mesa também. Se minha mãe não as queria por perto naquele momento, ela disfarçou bem. apertou minha mão com força e eu prossegui. –Quando eu tomei coragem para contar, veio a idiota da Hannah e estragou tudo! Ele nem me deu mais atenção naquele dia! Tentei lhe contar nos dias que se seguiram, mas sempre havia algo que me cortava na hora! –despejei tudo em uma avalanche. O ar me faltou ao terminar de falar, mas não me importei, pois me senti extremamente mais leve depois de contar isso a minha progenitora.

-Quando você pretendia contar a mim e ao seu pai, querida? –perguntou em tom mais leve. Ela sabia de minha rivalidade com Hannah e também sabia como a gravidez da ‘desgramenta’ me abalava.

-Depois que contasse ao Taylor, eu acho. –respondi balancei a cabeça negativamente e ergui os ombros para complementar a resposta.

Encarei todos ali naquela mesa, mas apenas um olhar me prendeu e esse era o da irmã do assunto. Ficamos nos encarando por um bom tempo, o que me fez reparar em como seus olhos eram extremamente parecidos, tanto na cor, quanto no formato. Ela deslizou a mão pela mesa até pagar na minha e olhou ainda mais profundamente em meus olhos. Senti-me invadida.

-Você tem que contar logo.

-No final da festa eu conto. –consegui responder em um fio de voz.

Minha mãe encarou-me compreensiva e aquilo me trouxe ainda mais paz. Era tão bom saber que a fúria dela não durou por muito tempo...

-Vocês deveriam ter se cuidado. –falou após um curto silencio. –Não que seja ruim, mas ainda é muito nova e eu sempre te ensinei a importância da camisinha... Não estava tomando seus remédios?

Fechei os olhos e aquele dia voltou à minha mente em um flash. Podia sentir seu cheiro, a maciez do tapete, seu corpo quente contra meu, sua voz rouca em meu ouvido e a sensação de me sentir completa. Suspirei e respondi:

-Provavelmente o remédio que o médico me deu por conta da asma era algum tipo de antibiótico, a camisinha estourou e bem, a explicação já está aí, eu acho. –dei de ombros. –Essa gravidez foi inesperada, mãe. Eu me cuidei, mas aconteceu.

Em um segundo, Makena e largaram minhas mãos e todas sentaram-se relaxadamente em suas cadeiras, começaram conversas paralelas. Não entendi o porquê disso, até sentir uma mão quente em meu ombro desnudo.

-Você está grávida? –aquela linda voz chegou até mim em tom furioso.

Lentamente, virei a cabeça para trás pronta para dizer algo, mas a raiva em seus olhos me emudeceu. Abri a boca, mas som algum saiu. Repeti isso várias vezes na esperança de encontrar minha voz, mas nada aconteceu. Meu coração batia freneticamente pelo susto, a respiração estava suspensa e meu corpo inteiro tremia.

-, você está grávida? –repetiu, apertando a ponte do nariz.

Num primeiro momento, não consegui expressar reação alguma, mas logo comecei a gesticular freneticamente, porém sem conseguir soltar uma palavra que fosse. Abruptamente, parei de gesticular, tomei coragem e fiz o que deveria fazer. Apontei primeiramente para mim, para ele e finalmente para a casa. Sem esperar respostas, levantei-me e saí andando, sendo seguida de perto. Parava quando necessário, cumprimentava os convidados, ria quando era preciso... Demorou um tanto até que conseguíssemos entrar em casa, mas quando conseguimos, ele já foi se exaltando.

-Esse filho é de quem? –perguntou um tanto rude.

Fiquei indignada com sua pergunta. Gritei de raiva e comecei a subir a escada, porém ele não me seguiu.

-Você não vem?

-Por quê?

Gritei mais uma vez e desci para busca-lo. Desta vez, o puxei pela manga do terno e ele veio sem resistir.  Transpusemos a grade que fora posta no alto da escada para segurar Aia lá em cima e logo fomos atacados por um pequeno furacão peludo, que pulava em nossas pernas e mordia levemente nossos tornozelos.

Abaixei-me para pega-la nos braços, antes de entrar no quarto. Lá dentro, sentei-me na cama e indiquei o divã aos pés da cama para Taylor, mas ele permaneceu de pé, ainda na soleira da porta. Esperei alguns momentos para ver se ele se sentava, mas como não o fez, respondi a pergunta que ele havia feito na sala:

-É claro que esse bebê é seu.

Ele me estudou atentamente, caminhou pelo quarto e parou a minha frente. Seu olhar duro fixo em mim me dava calafrios e raiva ao mesmo tempo. Não disse nada, apenas ficou me encarando sem descanso, até que eu me irritei e comecei a andar pelo quarto, completamente sem rumo. Coloquei Aia no chão. Seu olhar me seguia o tempo todo, não me dando descanso algum. Aquilo fez a raiva subir pela boca e deu-me impulso para correr em sua direção e bater em seu peito o mais forte que pude. Como estava desavisado, consegui derrubá-lo na cama.  Levantou-se rapidamente, os lábios brancos em uma linha extremamente fina.

-Como posso saber que é meu?

-PORQUE NÃO SOU COMO AS ‘MULHERES’ QUE VOCÊ ESTÁ ACOSTUMADO A ESQUENTAR SUA CAMA! NÃO TRAGO UM POR NOITE PARA MEU QUARTO! –gritei, totalmente estupefata com o tratamento que ele dirigia a mim. Nunca, nem quando tínhamos aquela velha rixa, ele havia me tratado tão rudemente. – Estou de 11 semanas, você sabe muito bem onde e com quem eu estava há onze semanas.

-Por que não me contou antes? –a raiva ainda era evidente em sua voz, mas o desprezo se fora, deixando a fala pouco mais suave. Ele acenou uma vez, como quem tivesse entendido meu raciocínio, porém em momento algum deu a entender que acreditava em mim. – Ia contar só quando a barriga aparecesse?

Avistei a sacola com as roupinhas de bebê, bem no momento em que Taylor proferiu a pergunta. Andei até a sacola e peguei a roupinha de urso de lá de dentro, me aproximei dele novamente e estiquei para ele, que a pegou confuso. Eu realmente não sabia no que aquilo faria diferença, mas eu tinha que fazê-lo.

-Eu ia contar no dia em que comprei essa roupinha. –falei olhando a pequena peça. –Ia contar quando chegássemos ao parque, só que você ficou distante de todos depois que encontrou aquela maldita Hannah na saída do shopping. Apesar de termos nos aproximado depois disso, ela estava sempre lá para atrapalhar. Sempre que ia abrir a boca para te contar, ela ligava ou mandava uma mensagem para você. Teve até aquela vez que ela apareceu na sua casa na hora do café. Lembra que Makena havia nos deixado a sós sem motivo aparente? Era para que eu contasse, mas ela apareceu bem nessa hora. –disse eu, colocando o desprezo em minha voz cada vez em que tinha de mencionar aquela víbora.

-Devia ter arrumado uma maneira de contar. –falou agressivamente. –Eu tinha o direito de saber. Hannah pode até não ser flor que se cheire, mas ela me contou quando descobriu sua gravidez.

Taylor estava totalmente fora de si e isso me apavorava. Nunca o havia visto assim, tinha medo do que ele pudesse fazer.

Ele jogou a roupinha na cama e partiu para cima de mim como um troglodita, segurou meus braços com força e me sacudiu várias vezes. Tentei lhe dar um chute entre as pernas, mas o que eu tivera antes foi apenas sorte dele estar distraído, por isso consegui derrubá-lo, porém agora ele estava totalmente atento e conseguiu desviar meu joelho com a própria perna. O bom da minha tentativa foi que ele me soltou.

Afastei-me totalmente amedrontada com sua reação. Instintivamente, coloquei as mãos em meu ventre de forma protetora, com medo de que ele fizesse algo. Ele olhou para onde minhas mãos estavam, finalmente descobrindo a pequena protuberância naquele local, se aproximou com a mão estendida e eu corri para a porta.

-Você é um monstro. –falei dando pequenos passos para trás. –Meu filho nunca terá seu nome! Nunca, nunca mesmo imaginei que fosse me agredir dessa maneira... –de uma hora para outra, sua expressão passou de raiva e frustração para surpresa. –Nem que você quisesse eu o deixaria assumir essa criança. –ele se aproximou alguns passos. –Fique longe de mim! 

Saí apressadamente do quarto, com Aia em meu encalço. Não liguei para seus latidos, quando transpus a grade e comecei a descer rapidamente a escada. Não era o medo que me invadia naquele momento, mas sim a raiva por conta de sua reação idiota e a raiva por saber que ele estivera prestes a fazer mal ao meu filho.

Chegando à porta que dava para os jardins da frente, respirei fundo, me recompus e voltei para a minha festa, já não tão perfeita como antes.

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Depois do choque pelo acontecido ter passado, eu havia me animado e até estava aproveitando bem a festa, que ainda estava apenas no começo.

Minha mãe e minhas amigas até haviam tentando saber no que tinha dado a conversa, após me verem saindo completamente arrasada de dentro de casa, mas tudo que fiz foi balbuciar algumas palavras tranquilizadoras, antes de sair andando sem rumo pela festa. E foi exatamente isso que me fez bem. Conversar com pessoas que já não via há algum tempo, ouvir felicitações por meu aniversário, dentre outras coisas. Isso fez minha cabeça se desligar daquele problema e focar na festa, no que realmente deveria ser aproveitado. Neste momento estava tão entretida em uma conversa com uma ex-colega de classe, que quase não ouvi me chamarem.

-? –chamou o rapaz loiro de olhos castanho mel.

A princípio não o reconheci, mas depois de analisar os traços tão estranhamente familiares, foi impossível não lembrar. Tive vontade de gritar de alegria ao vê-lo, porém me contive antes de fazê-lo e pedi licença à menina com que conversava, antes de correr para abraçar o tão mudado Dylan.

Soltei-me de nosso abraço e me coloquei a analisa-lo melhor. Estava um tanto mais encorpado, o rosto havia ganhado linhas pouco mais profundas e másculas, estava mais um tanto mais alto também, porém o cabelo extremamente liso ainda continuava a cair teimosamente em seus olhos.

-Wow! –disse eu estupidamente, após minha analise. –Você mudou, meu brownie.

Ele riu de minhas palavras e me abraçou mais uma vez, apenas para sussurrar em meu ouvido:

-Você também mudou muito, morango. Está mais bonita e aparentemente mais saborosa. –me afastei e bati em seu ombro. –Dá cada vez mais vontade de morder.

-Cuidado, cuidado, moço. –falei colocando as mãos na cintura e batendo um pé, igual a aqueles desenhos estranhos. –Sua vez acabou no momento em que saí de Downey. –ele riu, passou um braço pelo meu, antes de me conduzir pelo ambiente, exatamente como fazíamos no passado. –Falando em Downey, como estão as coisas por lá?

Ele deu de ombros. Avistou a mesa onde minha família se encontrava e se direcionou para lá, me levando junto consigo. Dylan engajou numa conversa animada com toda família, contando as aventuras que teve, após deixarmos a cidade. Nessa conversa, descobri que ele havia saído da cidade para ir morar com uma tia perdida em Nova York e que desde então nunca havia voltado para a casa dos pais. Disse que só soube da minha festa, pois os pais mantiveram o mesmo endereço e o avisaram quando o convite chegou.

Cansada de tanta conversa, levantei-me da mesa e corri para o canto onde minhas amigas estavam na pista de dança. Chegando lá, elas nem me deram tempo para respirar e já foram perguntando todas curiosas quem era o meu acompanhante da vez. Quando eu contei quem era, abriu a boca tão enormemente, que me imaginei colocando um bolinho inteiro ali dentro. E quando as primas pediram mais explicações sobre a pessoa, foi minha amiga de infância quem contou a maior parte da história. Quando contei a elas que ele foi o meu primeiro... Aí que o estardalhaço foi feito e elas começaram a gritar feito um bando de doidas, enquanto dançavam. Quiseram saber tudo sobre ele, desde qual a cor preferida, ao tamanho do calçado. Respondi-lhes tudo o que podia, mas não pareceram satisfeitas até que ele apareceu ali na pista e me convidou para dançar.

Estranhei aquilo, pois sempre odiara dançar. Aceitei seu convite, totalmente desconfiada, porém esqueci a desconfiança no momento em que o vi se movimentando como uma lombriga descontrolada, sua frustrada tentativa de dança. Para não fazê-lo pagar tanto mico assim, comecei movimentar meu corpo estranhamente também, fingindo estar sensualizando e logo nós dois pagávamos o maior mico na pista. Fiquei de frente para suas costas, coloquei minhas mãos em seus ombros, desci-as por toda extensão do tronco, até chegar aos glúteos e dar-lhe o maior tapa na bunda de todos os tempos. Rindo incontrolavelmente, voltei a ficar de frente para ele e me requebrar loucamente. Me senti flutuar durante isso, totalmente liberta e feliz. Era bom rir e me divertir com algo tão maluco assim.

Ao final da música, ambos estávamos exaustos de nos sacudirmos como bonecos de posto de gasolina. Saímos da pista de dança rindo feito idiotas, um segurando o peso do outro, para não cairmos. Parecíamos uma bela dupla de bêbados. Paramos encostados numa das paredes da casa, olhei para Dylan e ele retribuiu meu olhar, porém de forma mais intensa. Foi baixando a cabeça até deixa-la na altura da minha, se aproximou lentamente, podia sentir seu hálito em meu rosto, sabia o que ele queria fazer. Virei o rosto para o lado abruptamente, o que ocasionou um olhar confuso da parte de meu ex.

-Eu nunca te esqueci, . –disse, pegando meu queixo e me obrigando a olhá-lo. –Tentei várias vezes, mas foi impossível... Eu ainda te amo e quero começar de onde paramos.

Sacudi a cabeça e me livrei de sua mão. Como eu poderia explicar que não daria certo entre nós? Respirei profundamente, tomando coragem para falar.

-Não dá! Minha vida mudou, eu...

-Não me importo! –disse exasperado. –Não me importo com os boatos que soltarem sobre você estar com outro quanto estivermos juntos, não me importo com a imprensa nos perseguindo ou com o pouco tempo que terá para mim durante seus compromissos. Nós nem terminamos direito, ainda nos amávamos! Você só quis terminar porque...

-Porque eu iria embora para sempre. –completei sua frase. Ele abriu a boca para responder, mas o impedi. –Eu mudei, Dylan. Sabia que isso aconteceria, no momento em que a família decidiu se mudar para cá por... Você sabe qual motivo. Sei que você prometeu ser fiel em um namoro a distancia, sei que prometeu me visitar frequentemente, mas eu sabia que mudaria completamente no momento em que pisasse nessa terra em que vivo hoje. Sei que também mudou e quero conhecer esse novo você, mas apenas como amiga.

-Eu não me importo que tenhamos mudado. Amaria você de qualquer jeito. –balancei a cabeça negativamente e pousei uma mão sobre seu rosto, mão que ele pegou de prontidão e levou aos lábios, mas soltou assim que viu meu novo anel. –Você tem outro? –perguntou, com olhos aflitos.

-Eu não tenho outro. –eu disse, vendo uma pequena chama de esperança se acender em seus olhos. Doeu pensar em acabar com aquela esperança ao contar a triste realidade. –Na verdade, estou grávida de outro.

O choque trespassou seu rosto, deixando-o paralisado. Olhava para mim fixamente, de boca escancarada e olhos arregalados, como duas pequenas bolas de gude. Estava completamente travado e aquilo começou a me preocupar de uma maneira grandiosa, pois apesar de fazer um grande tempo que não via esse garoto, sabia que esse tipo de reação não era normal nele. Poucas coisas assustavam esse meu ex.

Aflita, abanei as mãos em frente a seu rosto, gritei em seu ouvido, belisquei suas bochechas, empurrei-o, tentei tudo que podia, porém nada parecia fazer efeito. Estava prestes a chamar por ajuda, quando ele começou a piscar rapidamente, voltando a seu estado normal.

Totalmente aliviada pelo homem em choque ter se recuperado, desci a mão em sua face com a maior força que consegui reunir, fazendo com que o tapa estalasse e seu rosto virasse com tamanha força da batida.

-E nunca mais faça isso comigo! –gritei raivosa, assim que o desespero passou.

Ele piscou os olhos repetidas vezes e deu vários passos para trás, procurando o apoio na parede a suas costas. Depois encarou-me incrédulo, colocou a mão na bochecha que ainda estava vermelha e falou:

-Sua mão está mais pesada do que eu lembrava.

Indignada, dei-lhe as costas para voltar para a festa, mas ele me puxou para um abraço, antes que eu desse um passo sequer. Senti-me segura naqueles braços que recordavam minha infância.

-Desculpa, . Eu só... Só fiquei surpreso com a notícia, principalmente sendo você, sempre tão cuidadosa... –fiquei em silêncio, enquanto ele me embalava em seus braços de forma reconfortante. –Você já contou a ele?

Respirei profundamente e me afastei de meu namorado de anos atrás.

-Já, mas...

-Ele não reagiu muito bem, não é?- ele deduziu antes que eu terminasse de falar e eu assenti, confirmando. –Escute, -disse ele colocando as mãos em meus ombros. De repente sua voz estava ansiosa e animada ao mesmo tempo. –se você aceitar namorar comigo, eu assumo a criança e cuido dela como se fosse minha. Podemos dizer que nasceu prematuro e...

-Dylan! –exclamei, tirando suas mãos de meus ombros. –Eu não vou ficar com você. Eu não posso ficar com você! Nem quero isso. –disse a última frase, quase sussurrando.

-Por quê? –perguntou, deixando transparecer em sua voz aquela criança que conheci anos atrás. –Eu te amo! O que mais é preciso?

-Seria injusto. Eu mudei, já não sou apaixonada por você e se começássemos a namorar, logo você perceberia que também não é mais apaixonado por mim, mas sim pela pessoa que eu era em Downey.

-Prove. –disse com voz forte. Seus olhos estavam em chamas e desafiadores. Aquilo me causou um frio intenso no estômago, que foi o impulso que me levou a empurrá-lo na parede e esmagar meus lábios contra os seus.

Não demorou muito para que correspondesse, movendo seus lábios junto aos meus de maneira suave. O beijo era familiar, mas parecia errado. Necessitava de lábios mais vorazes, braços mais quentes e fortes ao redor de meu corpo, eu precisava do Taylor!

Como se ouvisse meus pensamentos, aqueles braços envolveram meu corpo e me afastaram abruptamente de meu primeiro amor. Meio momento depois, vi Dylan gemendo com as mãos sobre a mandíbula e um Taylor tremendo de raiva, parado em sua frente.

-E lembre-se disso antes de beijar uma mulher que pertence a outro. –disse com voz ácida.

Não havia visto muito, mas tinha visto o suficiente para também ficar tremendo de raiva. Caminhei até Taylor e fiz a coisa que mais gostava de fazer quando estava com raiva de alguém, dei-lhe um tapa na cara. Com a mão na face em que eu havia batido, olhou-me atordoado.

-Você tem merda na cabeça? –perguntei, esticando o braço em direção ao que estava caído no chão.

-Ele estava te beijando!

Por um momento achei que, de alguma forma, estivesse brincando comigo, porém descartei essa hipótese assim que vi seus olhos sérios.

-Era exatamente isso que eu queria que fizesse! Do contrário, não o teria tomado a iniciativa! –vi a incredulidade trespassar seus olhos, mas não dei tempo para que expressasse uma reação, antes de prosseguir. –Só queria mostrar a ele que nossa história foi uma paixão de infância, que ele não me amava mais, ao contrário do que dizia. Queria mostrar que eu mudei e que amava outro. –gritei exasperada.

-E precisava beijar? –perguntou, fuzilando o pobre Dylan com os olhos.

-Palavras às vezes não adiantam, exatamente como aconteceu. Por vezes, é preciso do toque para entender os sentimentos. –revirei os olhos para mim mesma. –Como se você se importasse. –disse eu, dando de ombros e me virando para ajudar aquele que eu beijava anteriormente, mas Taylor me puxou para si.

-Você é a mãe do meu filho. –seu rosto cada vez mais próximo do meu.

-É mesmo? Você não pareceu se importar com isso quando fez menção de meu bater. E só para lembrar, Hannah também carrega um filho seu. –joguei. O nojo e a fascinação começavam a tomar conta de mim. Odiava Taylor por tudo que havia feito hoje, principalmente por me agredir, mas não conseguia deixar de amá-lo.

Ali, com os corpos quase fundidos através daquele abraço, queria confrontá-lo, queria perguntar o porquê de tanta hostilidade anteriormente e de tanta paixão e possessão agora. Mas tudo que conseguir pensar era em como desejava que ele me tomasse como sua. Com nossos lábios a milímetros de distancia, estávamos perdidos em um mundo totalmente nosso.

-A diferença é que eu te amo. E me arrependo muito do que quis fazer lá em cima. –rebateu, sem hesitar. –Sempre foi meu sonho ter um filho com a mulher que amo e você estava me privando disso, fiquei com raiva, não pensei direito. Peço mais do que desculpas, peço perdão, minha Ever, meu amor imortal.

Minha Ever... Amor imortal... Alyson certa vez havia nos contado que mesmo reencarnando diversas vezes, Damen e Ever sempre se encontrariam, pois estavam mais do que destinados a serem um do outro. Um amor que superava a morte, assim tinha dito a autora.

Ao ouvi-lo me chamar assim, derreti. Derreti como chocolate derrete em dia quente. Questionei tudo que ele havia dito em meu quarto. Como ele podia ter tanta certeza de que eu era sua Ever?

-Taylor?! –aquela voz chegou ao ouvidos, quebrando nosso momento.

Diferentemente de como acontece nos filmes e livros, não nos separamos como se tivéssemos levado um choque, mas sim lentamente, deixando nossas peles em contato pelo maior tempo possível. Era visível para qualquer um que não queríamos nos separar, eu podia ver isso refletido nos olhos dela.

-O que faz aqui, Hannah? –perguntei me aproximando dela. –Como conseguiu entrar sem convite?

-Vim aqui ver o pai do meu filho, vadia. –ela respondeu com desprezo. –Que você está tentando roubar de mim, por sinal.

-O que você está...? –Taylor começou a perguntar, mas o cortei:

-Não preciso tentar roubar ninguém. Taylor está aqui por livre e espontânea vontade. –respondi, já ficando irritada. –Ainda não me respondeu como entrou sem convite.

Me ignorando completamente, ela foi em direção à Taylor e se esticou ao máximo para sussurrar-lhe algo ao ouvido. Puxou a mão dele e a colocou em sua barriga. Aquilo me atingiu em cheio. Uma cena aparentemente tão linda e comum: uma mãe grávida e um pai admirando e amando um filho ainda por nascer. A verdade era que eu estava com inveja.

-Saia daqui. Agora. –falei por entredentes.

Ela simplesmente olhou para mim com desprazer e disse:

-Saia daqui você, querida. Deixe-me aqui com o pai do meu bebê e vá cuidar dessa porcaria de festa.

Por um milésimo de segundo, fiquei estarrecida com sua audácia. Era quase impossível acreditar que ela havia invadido minha festa apenas para me destratar. Vi tudo vermelho, pois não aguentava mais aqueles desaforos. Ela não falaria mais assim comigo, ao menos não hoje. Avancei lentamente para Hannah e, como um puxão, afastei-a daquele que a segurava com possessão. Minhas mãos voaram para a parte de trás de seu pescoço, os dedos posicionados sobre pontos de pressão que a fariam desmaiar ao mínimo aperto. Ela me encarou com os olhos arregalados, entendendo exatamente o que eu queria fazer. Senti-me poderosa com aquele controle que estabeleci sobre ela.

-, não pode se exaltar. Isso faz mal para o nosso filho. Lembre-se do nosso bebê! –apelou meu colega de elenco, ao meu ouvido.

Fiquei ali, tremendo de raiva e respirando superficialmente pelo que me pareceu um longo tempo. Assim que a raiva abrandou um pouco, larguei a mulher e afastei-me dos dois.

-Você é convidado, Taylor. –falei, sem conseguir encará-lo. –Se quiser ficar, é bem-vindo, mas se for ficar com ela terá que ir. –um gosto ruim me subiu a boca depois de ter pronunciado aquelas palavras.

-Os seguranças estarão aqui em 10 minutos. –disse Dylan, se pronunciando pela primeira vez desde que fomos separados brutalmente.

Olhei-o, curiosa pela forma estranha que sua voz saíra. Meu coração apertou fortemente com a imagem que vi: estava com o nariz sangrando. Sangue que escorria pelo rosto e pescoço, se acumulando no colarinho da camisa, anteriormente branco. Quando o vi no canto, segurando a parte inferior do rosto, imaginei que estivesse o fazendo pela dor na mandíbula, em momento algum imaginei que um lugar tão sensível como o nariz tivesse sido atingido.

Corri para ele e fiz o máximo que pude em analisar seu rosto. Apesar de ser em pequena quantidade, não parava de escorrer sangue de seu nariz. Segurei seu braço com força e comecei a arrastá-lo dali, precisávamos ver Anthony, só ele saberia o que fazer.

-Finalmente alguma sensatez de sua parte! –disse Hannah sarcástica. Pelo jeito ela já tinha se recuperado do susto de quase ter apanhado. –Vá cuidar de seu concubino e nos deixe em paz!

Não parei de andar, apenas impregnei todo o desprezo que sentia por ela em minha voz e disse: “10 minutos”, assim que passei por ela, enquanto levava Dylan à meu irmão.

Desconhecido P.O.V.

A bebida explodiu em minha boca com o gosto da vitória. Hannah já estava na festa há algum tempo. Taylor, e um garoto que a acompanhava estavam fora de vista. Conclui, portanto, que o trabalho de hoje estava feito, ou ao menos sendo concluído.

Vi o irmão da aniversariante passar correndo pela pista de dança em direção a casa. Extremamente preocupante... Disfarçadamente, pousei a taça numa mesa qualquer e o segui até a casa, escondendo-me atrás de uma porta de vidro, coberta por uma pesada cortina.

-O que aconteceu com ele? –perguntou o irmão, colocando toalhas no rosto daquele que sangrava.

A menina nada disse, apenas os encarou raivosa e saiu dali o mais rápido que podia, em direção a porta abaixo da escada. Sem a irmã para responder, o futuro médico olhou para o outro garoto, aguardando respostas.

-Foi aquele namorado famoso dela... –começou a falar com uma voz anasalada.

-Eles não são namorados. –cortou o irmão.
-Tanto faz. –retrucou o outro antes de prosseguir. –Ela me beijou e o outro apareceu lá do nada, arrancou-a de mim e me bateu.

-Só isso? –perguntou Anthony.

O ensanguentado abriu a boca para falar mais alguma coisa, porém se calou quando a garota voltou carregando uma caixa de primeiros socorros. Ela sentou-se ao lado dele, embebeu uma toalha em uma vasilha de água que eu não a havia visto carregando e a colocou delicadamente sobre o nariz do rapaz, limpando o sangue seco. Repetiu o processo várias vezes, até ele ficar de rosto limpo.

Não consegui ver muito que acontecia, já que o irmão tapou parcialmente minha visão. Alguns minutos depois, ele saiu da minha frente e declarou:

-Ele não quebrou o nariz. O que ocorreu foi uma dilatação dos vasos sanguíneos devido ao calor. –pigarreou. –E outras coisas. Voltando, alguns desses vasos sanguíneos se romperam devido a colisão.

olhou para ele com face extremamente confusa. Não sei se era burrice ou pelo estresse que provavelmente sentia, mas era óbvio que ela não havia entendido uma palavra sequer do que ele havia dito.

-Algumas veias do nariz dele estavam sensíveis e estouraram quando ele levou o soco. –explicou novamente, revirando os olhos. –Não é nada grave, tanto que o ar condicionado daqui da sala está ajudando as veias a se retraí... diminuírem.

-Eu sei o que é retrair! –exclamou a garota, parecendo ofendida.

O irmão apenas deu de ombros e riu.

-Ok! Tenho que voltar para a festa! –e saiu pisando duro.

O desespero me tomou conta por alguns segundos. Ela estava vindo em minha direção, eu seria descoberto!

Aprumei-me e alisei o terno, fiz pose e comecei a andar elegantemente para longe dali. Pouco tempo depois, vi uma raivosa passar por mim, sem me dispensar a mínima atenção.

Sorri para mim mesmo. Tudo ocorrera melhor do que planejado, a sorte estava a meu favor.

(Continua...)

N/a: Essa é uma note unusual, onde comentarei brevemente o capítulo e depois contarei o motivo do atraso que é um tanto pessoal.

Bem, vamos lá!
Como sempre pergunto: o que acharam? Preciso de sua opinião.
Esse capítulo conta apenas parte da festa de aniversário da nossa PP. Ainda tem muito mais por vir e muitas coisas vão mudar a partir do próximo capítulo.

Esse “Desconhecido” esteva aí o tempo todo, porém bem escondidinho. No final descobrirão quem é, porque agora nem imaginam! Kkkkkk’

E a reação o Tay, o que acharam? Ele estava estressado por alguns motivos, depois ouviu aquilo... Acabou descontando em quem não deveria. O que será do nosso casal principal agora? Façam suas apostas!

Quanto ao capítulo, os comentários acabam por aqui.

Motivos do atraso:

Sinto muito, muito mesmo pelo atraso. Sei que disse que ainda tinha 15 dias até minha vida ficar corrida, mas estava enganada. Passei por uma semana muito corrida de médicos e aulas de inglês, acabei não tendo muita cabeça para lidar com minhas fics.

Logo depois comecei um curso pela manhã, voltei às aulas a tarde e muitas vezes tive aula de inglês a noite, tirando as aulas dos sábados! Escrevi nos intervalos entre as aulas, mas o progresso era lento, havia muito a aprender. Aí veio a semana bombástica, fui pisada, chutada, perdi parte de mim para através da morte de... Bem, eu perdi. Foi muito difícil, foram semanas pesadas e que quase sucumbi a certa doença de novo.

Mesmo fazendo mais de um mês, ainda não superei. Nunca superarei, penso eu. A morte não é dura para quem vai, mas para quem fica, pois esses são os que mais sofrem.

Acabei me distanciando de tudo, mas agora voltei e voltei com tudo! Dedicarei meu tempo a estudar e escrever, escrever muito! Minhas fics, meu livro, poesias, a vida... Mas não pensem que os capítulos vão sair rapidinhos, não. Kkkkkkkkkkk’
Me dedicarei a uma história por vez, um capítulo por vez, então pode demorar um pouco. Mas não se preocupem, não abandonarei vocês.

Espero que compreendam.

Beiijos e até os próximos capítulos.

79 comentários:

  1. Uhuuuuu!!! C&B voltou com tudo... ebaaaaaa!!!
    Camy, que capítulo esplêndidooooo!!!
    Estava com tanta saudade de dar uns pegas nesse Tay... mas a saudade foi compensada com louvor... minha nossa "senhora das pervas" (liga não... ¬¬ estou meio empolgada aqui... hehehehe)
    Deixa eu me estabilizar e voltar ao que interessa. rsrsrs
    Pelo visto os pesadelos ainda perseguirão e muito a PP, não?! Hum, ainda acho que teremos sérios problema quanto a isso. ¬¬
    Eita, Taylor levou a PP para tomar café com a família?! Uhuuuuu!! Foi hilário demais e tenso também. srrsrs
    Meu sogrinho disse que eu sou para casar... ain, já conquistei o sogro, isso é bom, muito bom!! :)
    Makena é uma perva de primeira... rsrsrsrs não perdeu tempo e apreciou com vontade os massagistas. rsrsrs Essa garota sabe o que é bom. hehehehehehe
    E mesmo querendo manter distância daquela perdição do meu moreno, a PP não consegue e cai nas graças da perfeição... também quem consegue resistir? ¬¬ Missão impossível, completamente impossível. rsrsrs
    E eu sabia que essa camisinha estourada iria dar confusão... ai, ai, já estou vendo tudo...¬¬
    Camy, você mais uma vez arrasou no capítulo.
    Amandoooooooooooooooooo demais, demais, demais!!!!!
    Bjssss e até o próximo!! Estarei aguardando ansiosamente como sempre.

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  2. EITAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA NOSSSAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!! Ui, to quente, to quente, to quente... minha cabeça ta zonza. TTudo por causa deste final. E um pouco pelas reações explosivas da pp tbm, mas taaaa legaaaalll...
    O "tomolhada e istoébom" me aqueceu aqui mulhere!

    Ounnnn... eu amei o começo, foi tão fofo, foi tão meigo, eles fizeram um casal tãooo lindinho.... ai, e ele lá, nú?? me consolando?? Oh, céus! to tendo pesadelo aqui, cade um Tay nu e gostoso pra me acordar, cadê???

    kkkkk... E que coisa foi aquele coffe break familiar hã? Gente, a família me aprovou ou foi impressão minha? Simpatizei com o sogrão quando ele falou aquilo da Lilly, aquela taturana piriguete! É isto aí sogrão!

    E por ultimo esta cena maraaaa de pegação! Mas viu, a pp vai ficar grávida?
    E o que vai acontecer com a criança da Hanna? (é assim o nome da lambisgóia?)
    Bem que a lambisgóia e sua gravidez podia ser uma fraude né?
    E fico me perguntandoooo o que vai acontecer depois do prazer... a pp vai dar a loca e esnobar o gostosão novamente? Uiiii... pensa Tay, seja inteligente pra não me deixar escapar de jeito maneira!

    Ai, ai... como é bom conseguir comentar!

    Nos vemos na próxima, vc com mais um capítulo e eu com minhas pirações no comentário! hahahaha...
    Bjssss e posta mais!

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  3. Camyyyyy querida você quer que eu entre em combustão!!!!! Serio que Cap. ótimo!!! To ansiosa por mais!!
    Agora eu não vou dar a louca e esnobar o Tay não né! Pow ele esta todo fofo com ela se preocupando consolando dando provas de que me ama e eu não vou abaixar a bolinha e passar por cima desse orgulho idiota não? Deh to contigo nas suposições!!! Bjos esperando mais um Cap. ansiosamente!!!!!!!!

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  4. Adorei o capitulo. A ultima parte então, nossa! quero ver quais são as consequencias que Taylor e eu vamos enfrentar depois.
    bjss

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  5. Que saudade de CB que eu tava, hum posso dizer que valeu apena ter esperado o tempo que esperei, por que esse final, ha esse final...
    Hum, que consequencias serão essas, me deixa pensar, um serzinho moreno de olho castanho?
    Tava doida para ver o que ia acontecer nesse SPA, adorei oi café da manha com a familia dp Tay, e o conselho que o pai dela deu tomara que ele preste atenção nele e que no fim tudo de certo, esse casal é tão lindo...
    Vou esperar pela proxima atualização, e para ver o que vai acontecer.
    Beijjos

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  6. EEEEEEEEH. C&B voltou bombandoo .. Que retorno mais que legaal .. kkkkk . Essa SPA vaai dar o qe falar hein .. Em poucoos diias ja deu pra fzer tdo isso imagina só em mais alguns ... E u estou reclamando ?!?!?!? NAO. EU ESTOU É ADORAANDO. Tomara que o Taylor siga o conselho do pai hein. To curiosa pra saber se eles vao se reconciliar pra valeer . Uii ...Vamos ver nos proximos caps.
    Beijooos

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  7. Qndo eu li q a camisinha estourou eu sabia que ia dar merda! A sua nota só me confirmou isso hahahahaha
    Adorei esse capitulo! Desde o momento fofo do pós pesadelo até o final mega gostoso hahahaha
    Eu estive relendo os capitulos anteriores e percebi uma coisa, td o q aconteceu com os dois foi durante uma semana(ate a festa do trailer lá), levando-se em conta que o Taylor pegou a bitch da Hannah no meio disso, é IMPOSSIVEL que o filho seja dele... Ela pode até estar gravida, mas não é dele. A menos q eles ja tenham se envolvido alguma vez antes...
    Quero ver o q acontece! Estarei esperando ansiosamente! Bjos

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  8. Que saudades dessa Fic e eu ainda demoro pra vir comentar ne?! Háha
    Desculpa.. Não era pra demorar tanto!
    Taylor sempre tão lindo, carinhoso, amoroso!! Mesmo ele, as vezes, deixando a gente com raivo.. Adoro ele!!
    E que café da manha em.. A PP já conheceu ate os sogros!! Háhaha
    Muito fofo tudo isso...
    E espero que o Taylor escute o pai dele e que ele tambem pare de fazer burradas e magoar a PP!!
    Quando que a PP vai parar de negar e assumir que gosta do Taylor e que esta apaixonada por ele?!
    Se bem que suas ações não condizem com seus pensamentos!! Háha..
    É isso que a trai... Rs'
    Quente.. Foi quente esse momento deles!!! E como o Tay esquece a camisinha?! Se não fosse a PP...
    E ainda mais a camisinha estoura e vai ter confusão por causa disso?! *o*
    Já to curiosa pra saber...
    Espero que a Gabi e a Makena ajudem esses dois a verem que se amam e não vive sem o outro!!
    Por mim não tem problema em você postar uma vez por mês.. Já que tambem esta dificil de ler... Tambem por causa do vestibular e final de ano!!
    Aguardo ansiosa o proximo capitulo!!
    Kiss Kiss

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  9. Omg!!!
    Não acredito que o Tay foi capaz de mais um absurdo desses. Ahhhhhhh, que ódio monstruoso...
    E tudo começou tão maravilhosamente bem. Puxa! Aquilo que é massagem, eita nós!! Estou sem fôlego até agora... ¬¬
    E quando tudo parecia que iria ficar bem... pronto, aparece a vaca com sobrancelhas de taturana. Isso é carma viu?! Só pode!
    Ain, Camy, você me deixou com o core apertadinho, apertadinho. :(
    Mas pelo menos eu tenho o consolo da família Lautner, eles realmente gostam da PP. :)
    Amandoooooooo demais, bjssss!!!

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  10. é a terceira vez q tento postar....

    Camy, o q foi isso, passou um furacão por ai? aqui passou um chamado Taylor, e vou usar as palavras deles NO FINAL DA TRANSA: 'O MELHOR' kkkkkkkkkk

    essa Lily heim, vaca, magrela, fdp! pronto falei.

    essa ficada sem camisinha, hum... sei naum!

    Bjo

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  11. Não vai postar mais ?? To amando o fic quero mais Parabéns pelo trabalho

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  12. Nao consigo acreditar em como o universo parece conspirar pra atrapalhar o casal... PQP! Essa vaca taturana traidora e com mal gosto tinha que aparecer? O que foi? o Efron nao foi suficiente??? Sai pra lá, fuba!
    E o Taylor nao consegue ter uma reação decente...Ele é homem, ele é forte! Tirar uma garota magrinha de cima dele é super facil... Aff! Esse Taylor ta mto molenga pro meu gosto! Atitude, rapaz!!!!!
    Louca por mais Camy! Posta mais

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  13. Ai Meu Deus!Nem sei o que dizer... Putz essa Lily... Não gosto dela nunca gostei!!! Ela só trás problemas!!! Taylor cade você? Não, porque esse molenga ai que fica olhando o ouro escorrer pelos dedos não é o Taylor que eu conheço. Não mesmo!!! Bom espero que rudo se resolva logo né!!
    Posta mais logo Camy to esperando ansiosamente!!!!

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  14. Ow q me deeu uma pena do Tay agoora! Coitado, nada nunca dá ceerto com ele a PP. Por isso qe nunk gostei dessa Lily até aki na ficção a garota faz merda ! Essa meniina só tras problemas. Poxa viida . To esperando eles se acertarem. Posso dizer qe adorei a personalidade do pai do Tay. Demais. Essa última frase dle foi tudo.
    Posta mais Camy, fiqueei com saudade da fiic.
    Beijoos !
    =D

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  15. Vai ser quando os proximos capitulos, eu e minhas amigas estamos anciosas !!

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  16. Por que vc ñ posta agora no mês de Janeiro os outros capitulos ♥

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  17. Essa foi uma das melhores historias que eu ja li na minha vida !! Nossa o Taylor tá super apaixonado e a pp tbm ñ vejo ah hora de ler os proximos capitulos..Pra ver o q vai acontecer.Meu sexto sentido diz que ela vai engravidar, e que o filho q a Hanna ta esperando ñ é do Taylor...Ñ passa de uma farça...Omg!!Por favor poste logo ñ aguento mais de curiosidade:))Bjs

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  18. A sua criatividade e simplismente De mais ..Eu mostrei essa historia a minha amiga e ela amou ..Ela ainda leu as outra mais ela disse que essa foi linda de + kkkk Concordo com ela foi incrivel..Poste logo s outros capitulos Parabéns...

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  19. Eu to OLHANDO A HISTORIA TODO SANTO DIA DESDE O INICIO DO MES , EU QUERO SABER O RESTO MAS VC Ñ POSTA POR FAVOR POSTE LOGO ♥ e pAREBÉS

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  20. Eu to OLHANDO A HISTORIA TODO SANTO DIA DESDE O INICIO DO MES , EU QUERO SABER O RESTO MAS VC Ñ POSTA POR FAVOR POSTE LOGO ♥ e pAREBÉS

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  21. Posta Posta Posta LOGO OS OUTROS CAPITULOS

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  22. Vai postar quando os outros capitulos?

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  23. Posta Posta Posta ...kkkkkk Amei As mina pirando em 321 Parabéns !! Esse Taylor Muitoo gatoo kkkkk

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  24. Quando vc postar os proximos capitulos manda vc vai mandar o link pro tlm?? Que nem mandou da outra vez

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  25. Epero q a pp engravide dele ....

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  26. ñ vejo a hora de vc posta logo

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  27. Esperandoo o resto, tão louca de ansiedade, é esse mês né??

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  28. OMG A PP nao ta muito bem..... mais o Camy Quando vai sair a outra parte da fanfic eu to muitissimo ansiosa para ver o final dessa historia manda logo o link para a outra parte bjs Amy

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  29. Camy continua logo por favor, adoro a sua fanfic!!!

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  30. Minha nossa, essa fanfic é TUDOOOOO DE BOMMMM, flor continuaPOR FAVORRRRR, super anciosa .

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  31. Muler posta logo os proximos capitulos (diretamente de al ,tou louca pra ver o resto0 ,vc é muito talentosa parabéns

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  32. caramba esse capitulo foi emocionante cara espero que a proxima temporada seja melhor ainda parabens a autora!

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  33. Como foi fofo a cena com meu irmão e minha família, foi simples e perfeita, todo o cuidado que ele teve para comigo, só mostra o quanto somos unidos e nos amamos ao máximo.
    E de volta os pesadelos, omg, isso é problema a vista com certeza. ¬¬
    O capítulo também mostrou o quanto eu e minha amiga somos unidas, praticamente irmãs, é tão bom ter amigos que possamos contar, mas pelo visto já vi que elas terão problemas com uma certa Samanta. ¬¬
    Agora, ela tinha que ver o Tay com a biscate e sua gravidez?! Nuss, isso foi realmente o fim de um relacionamento que ainda nem bem começou, affs!! E pelo visto já temos um sinal de que algo está mudando no corpo da PP... hum, o que será, heim?!
    A PP jogou um senhor balde de água fria no meu moreno, mas agora depois de tanta canalhice ele terá mesmo que rebolar para conquistá-la de volta. Quem mandou não dar um chega para lá na lambisgóia da Hanna... agora aguente as consequencias. u.u
    Amandoooooooo demais, demais!!!
    Bjksssss!!!!

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  34. Adooooro !! Confesso qe estava com saudades de CB . Dessa richa do Taylor com a PP kkkkk ás vezes fica até engraçado . kkkkkk . Adoreei esse confronto da PP com ele lá no hospital. Ela bem qe podiia fzer a Hannah lamber o chao um dia desses HAHAHAHAHA, eu particularmente iria adora ! kkkkkkk . Será qe dpois dessa lição qe a PP deu ao Tay ele põe um pouco de juízo na cabeça ! Ainda tenho certeza qe esse bb nao eh dele, mas ... o qe se pode fzer !? =/
    Beijoos Camii e até prox Cap. !

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  35. A quanto tempo eu não apareço por aqui?! Acho que muito em!! Peço desculpas Camy!! A culpa não foi toda minha.. Parte dela é da falta de tempo!
    Antes tarde do que nunca, não é?! E eu vim aqui ler e comentar o capitulo 14!!
    Que digo que o final foi tenso!!
    Taylor não dá uma bola dentro!! Quando eu acho que tudo vai se resolver e ficar bem.. Acontece algo!!
    Um dia é a Hanna e no outro a Lilly!! Tay tem uma pessima escolha pra mulheres!! Menos a PP, é claro!!
    Essas mulheres que só sabem ficar no pé!! Ohh Odio!
    Tadinha da PP!! Tanto medo pra se entregar e quando se entrega, acontece isso!
    Vai chegar uma hora que ela não vai aguentar!! Seu coração foi partido em muitos pedações.. Vai ser dificl o Tay conseguir refaze-lo!
    E vai ser dificil o Tay conseguir a confiança nela novamente!!
    Ate seus pais veem isso!
    Mas mesmo assim eu fico com dó do Taylor!
    Em partes ele não tem culpa dessas mulheres ficarem em seu pé e de ser tão lindo!!
    Amei esse capitulo!
    Em breve volto para ler o capitulo 15!
    Beijos Camy'

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  36. Wow!! Um dia que era apenas para aproveitar o sol e o dia com o irmão, teve mais que apenas conforto e diversão. Nossa PP sentiu um dia e tanto de adrenalina pura.
    Encontrou nos olhos verdes, mais um bom protetor, diga-se de passagem. E deveria tê-lo escutado e ido ao médico antes, assim evitaria uma perna fraturada e toda aquela tensão com o tubarão. u.u
    Adoro vê-la com o irmão, são tão unidos e amor entre eles é irradiado a quilômetros. E agora a raiva que ele tem do Taylor acho que será aumentada em dobro. rsrsrsrs
    Omg, lá vem um baby a caminho. ^-^
    Como será que a família dela e o Tay reagirão ao saberem? Louquinha para descobrir.
    Amandooooooo demais, demais!!!
    Bjksssss!!!!

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  37. Com a reação dela a comida e o desmaio eu já sabia. Mas, realmente foi bem arriscado surfar com uma criança no ventre, hein... Olha a ideia de girico kkkkkkk
    E essa parada do tubarão, vei? A pessoa quase morre...
    E esse Ethan hein? Super interessante e ironico o fato dele ser o Jude em pessoa hahahahaha Damien e Jude na vida real... Eita q essa PP ta vivendo msm como a Ever hahahahahha

    Agora a coisa mais ironica de todo esse capitulo é o fato que ela e o Taylor se separaram pq a vaca da Hannah se diz grávida de uma filho dele, e agora é a PP quem ta gravida kkkkkkkkkk
    Ô vida miserável, viu kkkkkkkkkk
    Posta mais plis

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  38. Minha primeira reação ao terminar de ler o cap. foi: AHHHHH! é eu sei exagerada... mas foi fazer o que? *encolhendo os ombros* To adorando a Fic! no inicio do cap eu já sabia que a pp estava gravida! Cara como o Tay vai reagir? Eu acho que ele vai ficar em choque no primeiro momento mas vai amar a noticia!! os pais da pp? acho que vão ter a mesma reação do pai da criança mas, que podem ficar meio contra a situação! a mídia? vai cair em cima com certeza. agora o resto é só lendo pra saber então por isso eu te peço Camy... Posta logo!!! não me faça esperar!! bjos e até a próxima!

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  39. Perfect...Amandoo a fic, posta logo os próximos capítulos Gata

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  40. Ameii estou acompanhado a historia ..Posta logo os próximos capitulos

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  41. Amando a fic , posta logo a fic super ansiosa para os próximos capítulos ;

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  42. Amando a fic , posta logo a fic super ansiosa para os próximos capítulos ;

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  43. Amando a fic , posta logo a fic super ansiosa para os próximos capítulos ;

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  44. Amando a fic , posta logo a fic super ansiosa para os próximos capítulos ;

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  45. Amando a fic , posta logo a fic super ansiosa para os próximos capítulos ;

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  46. Amando a fic , posta logo a fic super ansiosa para os próximos capítulos ;

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  47. Amando a fic , posta logo a fic super ansiosa para os próximos capítulos ;

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  48. Amando a fic , posta logo a fic super ansiosa para os próximos capítulos ;

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  49. Amando a fic , posta logo a fic super ansiosa para os próximos capítulos ;

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  50. que dia vc vai postar o novo capitulo em ???????????????????????????????

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  51. Por favor atualizar logo *-*...

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  52. Nossa, estou amandoo essa Fic *_*
    Posta logo o proximo capitulo por favor! Estou muito curiosa !
    Bjos :*

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  53. Cade o proximo cap????

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  54. Ahhhhh que vontade de esganar a Hanna. Argh!!! Que ódio dessa vaca.
    Tinha que aparecer e estragar tudo. ¬¬ Espero que para desgosto dela a PP não volte atrás e que conte logo ao Tay que espera um baby. *o* Ain, tenho certeza de que ele vai amar essa notícia e a lambisgóia da Hanna vai surtar de raiva. u.u
    Omg, que cachorrinha mais linda, também quero uma. *o*
    Realmente, ás vezes uma pequena coisa, ou um pequeno detalhe em nossa vida pode mudá-la totamente. A falsa barriga fez a PP enxergar coisas que até aquele momento não passavam de meras circunstâncias da vida. ela sabia o que eram e o que significavam, mas era tudo superficial. Agora não, agora ela está vivendo a gravidez e tenho certeza de que sua vida vai se abrilhantar ainda mais depois disso. ^_^
    Amandooooo demais, demais!! E torcendo para que tenhamos mais um capítulo logo.
    Bjinhossss!!!

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  55. Amei, ai e aquela idiota da hannah
    está de parabéns bjão acompanhando

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  56. Surfista bonitão, gravidez, fuga de tubarão... E o que vem a seguir? Ela bem que podia ter dado uns pegas nos "olhos verdes". rsrs E aquele sentimento da onda vindo, Camy? Tá querendo pagar de filha de Poseidon, garota? hhueheuheueh
    O Anthony podia ter um romance com a Gabi, né? kkkk
    Você sabe quem comentou, Tuco. ;)

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  57. Ahhhhh! Que lindo!! Amei o Cap. Só não gostei de a pp não ter contado a verdade pro Tay!
    Ela tem que contar!! o Tay vai AMAR a noticia tenho certeza! e sim ela vai contar, tem que contar! A fic ta cada Vez melhor! Espero ansiosamente pelo próximo cap. Posta mais bjos!!

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  58. Affs! Essa Hannah sempre tem q atrapalhar... q odio! Justamente agora q a PP ia contar pro Tay do bebw...Acho q depois dessa, ela vai desistir =/
    Posta mais logo, bjs

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  59. Amei amei amei vc merece um oscar Taylor danadinho com ciúmes adoro, eu tenho uma vontade absurda de dar na cara da hannah atrapalhando a nossa pp vey

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    1. Gente... Quanta violência! Kkkk'
      Mas verá, Hannah terá o que merece.

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  60. Só acho q a Hannah merecia mesmo uma porrada! u.u Falo mermo! Que ousadia entrar na MINHA festa, e dar showzinho... Eu fiquei bem assustada com a reação do Taylor sobre o bebê...Mas, ainda bem que ele se redimiu... Alias, O QUE FOI AQUILO DELE CHAMANDO ELA DE EVER? *-------------* Derreti total! E aquela dança "do ventre" na pista? hahahaha Eu confesso que fiquei semi-dançando aqui na cadeira hahahahha me julgue! E esse Dylan hein? Interessante... E esse desconhecido? WTF? Alguém armando contra os dois, é isso? Que motivos alguém teria, além da Hannah pra querer impedir o casal? Estranho... Muito estranho. Posta mais logo, bjs

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    1. Quanta violência! Kkkkkk'
      É, ele chamando ela de Ever foi "how cute". E Taylor não é muito romântico, mas mais momento vem por aí!
      Quanto a dança, para mim é super normal dançar do nada, então... Kkkk' Enjoy it!
      O desconhecido é alguém próximo, só o que digo
      Beiijos

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  61. Aleluia! Aleluia!..... Ela contou!!!! É eu meio que acertei na reação do Tay!!! Só não previa o pequeno surto do nosso ator preferido!! A vaca da Hannah tinha que aparecer né? Fala serio! Cara como a pp conhece tanto cara bonito? É porque pelo que é descrito na fic todos os amigos, ficantes, ex- ficantes, namorados, ex- namorados dela são uns deuses gregos, americanos, britânicos etc...
    To amando a fic!! Posta mais Camy! E por favor...(eu entendi o porque da demora mas......) vê se não demora tanto de novo.... Ook? Estarei esperando ansiosamente por mais principalmente agora com esse pov. desconhecido... Bjos e até a próxima att!!

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    1. Ela não conhece tanto cara bonito assim. Até porque o Dylan é normalzinho :/
      O Tay mais do que amou a notícia, porém está preocupado e agora está mais ainda... O que será que ele sabe, hein?
      Vou tentar, começar a escrever a partir de sábado.
      Beiijinhs

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  62. Céus, capítulo bombástico e cheio de reviravoltas.
    Nossa, por pouco minha mamis não abre o bico, mas de um jeito ou de outro a verdade chegou aos ouvidos do Tay. :\
    Ain, e ele reagiu de uma maneira bem estúpida, realmente aquele não era o Tay que conhecemos, com certeza estava muito, muito estressado e ficar sabendo daquele jeito da gravidez foi o fim da picada. u.u
    E tudo estava indo tão bem, até o anel... *o* Que coisa mais linda! Minha mamis podia ter deixado para falar do bebê depois, né?! ¬¬
    E dois convidados para lá de especiais chegaram. Ethan e Gabi?! Own que fofos!! Adorei!!
    E o ex de volta?! Omg, espero que depois do beijo ele tenha mesmo entendido que não pode ter mais nada com a PP, se não, certamente será sofrimento na certa. u.u
    Gzuis! Nunca vi o Tay tão agressivo. o.O Já chegou com tudo no espancamento. rsrsrs
    Mas uma que merecia uma surra não levou. ¬¬ Affs, mais uma vez escapou de uns belos tabefes naquela fuça. u.u
    Vaca, e ainda por cima vaca penetra. ¬¬
    Hum, sabia que a vaca da Hannah tinha um cúmplice, só podia ser, já que sempre estava lá para atrapalhar. ¬¬ Que ódio!
    Agora quem será? Hum, louquinha para saber. :3
    Amandooooo demais, demais!!!
    Bjinhossss!!!

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    1. Mãe é mãe, né? Sempre fala mais do que deve ¬¬'
      Kkkkkkkk'
      (Que minha mãe não leia isso :p)
      Digamos que o Tay está sabendo mais do que revela, então está ficando muito estressado, preocupado...
      O Dylan chegou para marcar a história. Ele vai ser muito importante, apesar de aparecer pouco.
      Quanta violênciaa!!! Todo mundo querendo espancar a Hannah! Kkkkkk'
      Só lembrando que o bebê dela não tem culpa.
      Só rindo do "Vaca de Penetra"
      E... Hannah tem cúmplice, ou ela é cúmplice?
      Hmmmm, esse desconhecido é alguém próximo, muito próximo.
      Beiiijos, Binhaminha!

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  63. Amo essa fic, posta o proximo cap logo nao me castigue com a demora por favor... bjs

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    1. Olá! Que bom que gosta da fic ^_^
      Bom, como eu disse, posso demorar um pouco por motivos pessoais. Mas não se preocupe, o próximo capítulo vem.

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  64. Oi gostaria de saber aonde encontro a continuação??

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  66. Este comentário foi removido pelo autor.

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  67. Fic muito perfeita *--, eu gostaria de saber quando que vai sair a continuação..

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