17 de novembro de 2012

Deteriorate by Beecky

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Capitulo um


Solidão não era uma palavra estranha pra mim, minha situação era complicada desde sempre. Morava em uma simples casa numa cidade pequena e fria da Inglaterra, na verdade eu não morava totalmente na cidade, era numa rua fora dela perto de um bosque, onde um carro passava uma vez a cada quatro meses. Minha família estava longe, na verdade a era a única pessoa da família que eu mantia contato, ela não estava muito longe, Itália, acho que ela se mudou pra lá por causa do marido, não sei explicar, ele era estranho, até virar meu amigo, e tinha outro carinha muito mais estranho que ele, o Cullen, ele não morava na Itália, morava nos Estados Unidos, mas sempre que nos encontrávamos acidentalmente nos lugares mais impossíveis dele estar, ele sempre me evitava, sempre achei que ele me odiava, ou era retardado, porque eu parecia a maior inimiga do Cullen, sem nunca ter tocado num fio de cabelo dele. Segurei mais forte a garrafa vazia de vodka, a geladeira estava cheia... De garrafas vazias. A televisão estava ligada, mas não passava nada muito relevante, estava jogada no sofá, com preguiça de ir checar o dinheiro pra ter certeza de que eu não iria precisar pegar mais durante dois meses. Pode parecer estranho uma garota de dezenove anos não trabalhar, certo? Mas eu não preciso, e não quero, porque meus pais -pra compensar sua ausência- mandavam dinheiro o suficiente pra eu me ajustar aqui, e por que... Eu tinha perdido a vontade de tudo. Quis morar sozinha porque sempre gostei da solidão, por outros motivos também, mas esse principalmente. Meus pais me mandaram pra um reformatório quando descobriram que eu havera começado a usar drogas, quando saí eu já não era mais a mesma, tinha me tornado uma pessoa fria, sorrir se tornou uma coisa rara, e eu deixei as drogas, já a bebida... Com o tempo meus pais se divorciaram, os dois eram ricos e bem apresentáveis, logo encontraram substitutos sem esforço. Decidi não fazer faculdade, e tentei um curso de letras, eu gostava de escrever, depois que terminei tal curso eles decidiram minha vida por mim, queriam que eu me casasse com um cara riquinho e mimado, os pais dele eram ricos até a beira e talvez ajudasse nos negócios do meu pai, eu me revoltei, tivemos uma briga feia, em que eu disse tudo o que sentia, e decidi vir morar sozinha. Depois eles se arrependeram, mas já era tarde. Agora minha situação era instável. No mesmo segundo em que pensei em levantar a campainha tocou, eu estava tão distraída em meus devaneios que não ouvi o barulho do carro, mal pude acreditar quando abri a porta, era , Alec, e seus filhos, mas o que raios faziam ali? Minha prima estava feliz, ela tinha tido filhos, seu casamento estava em perfeitas condições, ela estava ótima. Os filhos dela eram lindos, a menina era um foguete e o menino meio quieto demais, sempre queria saber como era ter filhos, ser mãe, e pelo visto iria morrer sem saber. se jogou em cima de mim, quase pús os bofes pra fora de tão apertado que foi aquele abraço, quando me livrei dela foi a vez de Amillye, a guria era pequena, mas, era forte pra dédéu. Alec foi mais gentil, ele sabia que eu já tinha sido torturada o suficiente. Alexandre apenas sorriu e abraçou minha cintura, já que ele era baixinho e não estava muito disposto a pular.
–Da última vez que vi vocês, eram bebês... Não é atoa que dizem que crianças crescem rápido. –Comentei, e aquilo pareceu uma piada pra Alec, ele riu tanto que quase se engasgou, e sinceramente eu não entendi. Passamos o dia inteiro arrumando a casa, porque de acordo com ela não era apropriada para se viver, só não tocaram no meu quarto, porque, bem, era meu quarto, tinha coisas muito pessoais nele. À noite Alec decidiu por todo mundo que iríamos fazer compras, ok, compras? Eu não precisava de comida, nhá, até porque a que estava na despensa já bastava, acabei por vencida por causa das crianças. fez questão de pagar já que agora ela cagava dinheiro. Levei o meu também porque sabia que ela não iria comprar vodka pra mim, e também pra levar umas besteirinhas. Deixamos as crianças irem à frente pra escolherem suas besteiras gordurosas, era uma loja de conveniência comum, eu sempre ia lá quando precisava. O garoto que sempre ficava no caixa estava lá, que sorriu ao me ver, e eu dei um pequeno aceno. Em menos de três minutos já estava com uma daquelas cestinhas cheia de garrafas de vodka, o que realmente ocupava minha geladeira. Outra cestinha de besteiras, e outra de comida pronta, minha vida era drasticamente vazia. Chegando ao caixa, tinha umas caixas de cigarro Black, não suportei e acabei o adicionando à minha lista também, eu sentia falta do cigarro, queria fumar de novo, a sensação era boa mesmo que fizesse mal, e porque eu acho que precisava sentir algo, eu estava cansada de ser vazia, com o tempo, mesmo eu gostando da solidão, não sentir nada, mesmo estando acostumada, se torna exaustivo. O nome do garoto do caixa era Aidan, acho que ele tinha algum problema comigo, ou sentia algo inesperado por mim, porque sempre que eu chegava perto ele ficava estranho, não sabia explicar porque nunca tinha me sentido assim, enquanto me perdia novamente em meus malditos devaneios discutia com Alec sobre a comida que as crianças estavam tentando levar, deixei um sorriso escapar e coloquei as cestinhas em cima do caixa, colocando a caixinha de cigarro primeiro.
–Boa noite, . Começou a fumar? –Aidan tentava passar um ar feliz pra mim, mas era meio impossível porque qualquer pessoa perceberia que ele estava um pouco incomodado com isso, não queria que ele se sentisse mal por mim, eu não era nada. O garoto sorriu, passando a caixa e a embalando.
–Pra você ver como a situação está crítica. –Sorri de volta, ele ficou quieto e não disse mais nada, pude ver uma breve tristeza estampada em seu rosto, que logo sumiu quando Alec apareceu e puxou umas quatro garrafas da cesta.
–Pra quê tanta bebida? A vida é muito mais que isso, criatura! –Ele exclamou, num tom de brincadeira, e ia colocá-las no seu lugar de origem mas eu o puxei pegando todas de vota.
–Alec, quem se importa com a minha saúde? E eu sinceramente não sei o significado da palavra “vida”. –Quase esbocei um sorriso falso, tirando o dinheiro do bolso enquanto o Aidan contava as garrafas, nem sei quanto deu, mas que se dane. Peguei uma quantidade razoável de dinheiro e o entreguei. –Pode ficar com o troco. –Do nada, CRACK! Quem era? Alec, quem mais seria? Ele derrubou uma das garrafas no chão tentando colocar umas cinco de volta na prateleira sem eu perceber.
–Agora lambe o chão, alcoólatra. –Ele as colocou na sacola de volta, e ouvi quase gritar um alto “ALEC!” da parte de guloseimas da loja, e ele responder com um “Foi de propósito”. Claro que não foi.
–Erh, pode deixar que eu limpo. –O garoto do balcão sorriu pra nós. Quando chegamos em casa eu quase matei o Alec, ele tinha derrubado uma garrafa! Podia não fazer diferença pra ele, mas pra mim fazia. Estava arrumando a despensa quando me tirou de meus devaneios de novo.
? –Ela estava com uma expressão desconfiante demais pra ser algo bom pra mim.
–O que foi dessa vez? –Perguntei, sem nenhuma emoção no tom de voz.
–Você olha as crianças? Eu e o Alec vamos... Dar uma volta, e aparentemente não vamos voltar nem tão cedo. –Ela deu um sorriso amarelo, com aquela voz de criança quando quer um pedaço de bolo na própria festa.
–Claro. –Respondi, contragosto. Ela me abraçou tão, mas tão forte que, novamente, senti que iria por os órgãos internos pra fora, quase gritando um saltitante “OBRIGADA!”.
Eles saíram.
Devo admitir que senti um pouco de inveja deles, eu nunca tinha amado, e ver os dois ali, tão apaixonados era torturante, tinha medo de nunca amar, de sempre ser vazia, sem perspectiva, algo fixo pra ter esperanças, sentir o coração saltar pra fora com a presença de alguém... Dizem que o amor machuca, mas a ausência dele também. As crianças já estavam dormindo quando terminei de fazer a arrumação. Apaguei as luzes da sala deixando as outras acesas, deixei a porta do quarto em que eles estavam aberta, caso acordassem e precisassem de algo. Depois me joguei no sofá após tomar um longo banho, colocando uma blusa branca de mangas largas e um short de laicra, me senti relaxada, e finalmente pude saborear minha vodka. Fechei os olhos forte por causa da intensidade da bebida, cinco goles e eu ascendi um cigarro, queria ter sentimentos bons, não deu muito certo porque eu acabei ficando bêbada, mas não fiz absolutamente nada, continuei no sofá, em meus devaneios. Sentimentos me trouxe de volta “garotos”, eu já tinha transado, claro, mas... Paixão? Não, não tanto. Mas também, quem teria paciência pra se apaixonar por alguém como eu? Eu não tinha qualidades. Eu adormeci, bêbada, quase chorando e lamentando sobre a vida filha da puta que tinha, bebi uma garrafa inteira e acordei no meu quarto com uma ressaca maravilhosa. Passei alguns minutos na cama, tentando entrar em si, assim que consegui, levantei, ainda tonta com a cabeça quase explodindo. No meio do caminho ouvi vozes estranhas no andar de baixo, o chão estava frio, chovia e minha cabeça não colaborava nem um pouco. Quando enfim cheguei na cozinha quase tive um infarto, aquela criatura loira e branquela -que eu julgava meio retardada- estava ali, sentado na cadeira, rindo e com uma xícara na mão. MAS O QUE ELE FAZIA ALI?

Capitulo dois


–Bom dia senhorita Vodka, aqui, toma! – me deu um copo com água e dois comprimidos. Eu os mandei guela abaixo, sem tirar os olhos do Cullen. –Eu joguei sua caixa de cigarro fora. –Arregalei os olhos ao ouvir aquilo e quase me engasguei com a água, a afastei da boca pra evitar acidentes. Ok, recapitulando... Ressaca, vida de merda, Jasper Hale Cullen na minha cozinha, vindo de só deus sabe onde, convidado por só deus sabe quem, caixa de cigarro jogada fora... Respira, 123... Inspira, 123...
–O QUÊ?! –Sim, eu gritei, e todo mundo olhou pra mim, como se eu fosse um alienígena.
–Desculpe. – sussurrou, com cara de cachorro abandonado.
–O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?! –Gritei novamente, mais irritada que antes fitando Jasper e .
–O Jazz... Veio passar uns dias aqui. –Ela admitiu, na maior cara de pau.
–POR QUÊ? –Colapso nervoso em Um... Dois... Três... Fechei o punho.
–Ele estava passando na cidade e foi roubado, não tinha onde ficar. –Ela riu. Jasper tentou interrompê-la mas eu fiz isso por ele.
–E porque, RAIOS, a mala dele está ali? –Tentei me controlar desta vez. Ninguém disse nada. –Essa foi a pior desculpa que eu já ouvi na... –Banheiro! Era a única coisa que se passava na minha cabeça aquele momento. Vomitei o quanto consegui, e o quanto não consegui. Sim, vomitei no chão da cozinha, Jasper levantou o mais rápido que conseguiu e foi procurar algo pra limpar o vômito, minha cabeça doía tanto que eu não conseguia nem pensar, na verdade, meu corpo inteiro doía, a tontura ia e vinha, acabei vomitando de novo, de novo e de novo, perdia o fôlego, tentava recuperá-lo e assim continuava até terminar aquela nojeira ambulante. No fim, acabei limpando o vômito, tomando banho, comendo alguma coisa e voltando a dormir. Eu dormi o dia todo, e acordei de madrugada. Tinha dormido feito pedra, e acordei com o corpo pesado e os olhos inchados. Um frio fuderoso tomou conta de mim quando levantei, fui até o andar de baixo, a luz da cozinha iluminava levemente a sala de estar, quem estaria acordado às 3hrs da manhã? Jasper. Ele era bem mais estranho do que eu tinha imaginado.
–Oi. –Ele me cumprimentou, com um pequeno sorriso forçado.
–Erh...Oi. –Bocejei, coçando os olhos. –O que você está fazendo acordado essa hora?
–Pesadelos. –Ele respondeu, passando o dedo indicador pela borda da xícara de café que tinha em mãos. Fui em direção à geladeira e peguei outra garrafa de vodka. –Você acabou de sair de uma ressaca e vai beber de novo? –Ele ergueu uma sobrancelha, e eu ri, sentando na cadeira à sua frente, colocando a garrafa na mesa e a abrindo.
–Eu sou vazia, Cullen. Não crio mais expectativas, e eu bebo pra não precisar me drogar, por que um dia ser vazia se torna cansativo, e você precisa sair desse mundo de merda em que vivemos de alguma forma, essa foi a saída que eu encontrei. –Levei a vodka à boca e senti aquele gosto de álcool puro descer pela garganta. Oh god! Ela desceu rasgando como sempre, alguns goles e a coloquei de volta na mesa.
–Você é estranha. –Ele admitiu, ainda não sorrindo.
–Obrigada. –Sorri por ele, e ele finalmente sorriu de volta, bebendo café.
–Eu também sou vazio, mas não vejo razão para me autodestruir. –Ele disse baixo, me fazendo deixar uma gargalhada escapar.
–Eu tenho meus motivos. –Bebi a vodka novamente, dando goles maiores. –Enfim, porque você está aqui? Não estou te colocando pra fora nem nada, até gosto de ter alguém pra dividir minhas frustrações quando Alec e estiverem se comendo... Ooops... Se amando. –Admiti depois que coloquei a garrafa na mesa de novo.
–A Maddie achou que seria bom pra você ter um “homem” por perto. Ela praticamente me obrigou a vir, mas também vim porque quis, nada pra fazer lá em casa, já terminei a faculdade, enfim, eu também achei que seria bom vir, variar um pouco. –Ele sorriu pra mim de novo.
–Um homem? –Ri. –Eu não acredito no amor, Jasper. –Suspirei, um suspiro triste e vazio.
–Gosta da solidão? –Afirmei. –Eu também, mas não acreditar no amor? Não acha isso uma coisa muito radical? –Ele me fez rir de novo.
–Não, é perfeito pra definir o que tem aqui dentro. –Bebi a vodka e novo, meu estômago estava vazio, e isso incomodou muito, passei a mão pelo estômago.
–Está com fome? –Afirmei, ele sorriu e apontou pra o balcão. –Tem jantar pronto ali em cima, é só esquentar. Eu tive que ir no centro comprar comida descente, na sua despensa só tinha porcaria, vodka e comida pronta. Então eu fiz o jantar.
–Não... Não precisava. –Tenho que admitir que fiquei sem jeito.
–Mas eu fiz, pelas crianças e... Por você. Digo... Você estava mal, então... –Ele parecia bem mais sem jeito que eu. Ignorei aquela cena e fui até a comida descente que ele havera feito. Eu comi feito uma draga, eu estava tão concentrada comendo que nem vi quando ele saiu. O fato é que ele sumiu no meio da noite. Achei estranho, pesadelos e insônia tudo bem, mas o que sair no meio da noite tem a ver com isso? Fiquei um pouco preocupada com ele, mas, a vida era dele, certo? Eu dormi no sofá com a TV ligada, tinha sido um “dia” estranho.
Acordei de manhã com uma sensação mais estranha ainda. Ninguém estava acordado além de Jasper, que tomava banho no andar de cima, dava pra ouvir o barulho do chuveiro. Não sei porque mas eu passei cinco segundos imaginando ele tomando banho, mas parei, claro, porque eu estava fazendo aquilo? Talvez pelo sonho que tive, sonhei que ele era meu, me abraçava, eu sentia ele perto de mim, eu sentia aquela pele fria roçar contra a minha, aquela sensação perfeita de se sentir amada, me sentia completa, feliz e segura. Mas porque raios eu sonhei com ele? Porque eu o imaginei no banho? Porque eu estava ansiosa pra que ele descesse? E porque quando eu peguei a vodka da geladeira me senti completa o bastante pra não bebê-la? Que coisa, não? Quando ouvi aquela voz macia como veludo me chamar quase deixei a garrafa cair, mas a segurei forte e a coloquei guela abaixo -não literalmente- para disfarçar o quão estranha eu estava aquele dia. Meu estômago não reagiu bem, assim que a vodka chegou até lá ele começou a arder, quase deixei a vodka cair de novo quando me descontrolei com as náuseas, Jasper veio até mim correndo, tão rápido que quase não me dei conta disso, mas pouco me importei, ele me segurou antes que eu me chocasse com algo, deixei a garrafa sobre a mesa e ele me abraçou, quase como no sonho. Tudo estava doendo, a cabeça, da ponta dos pés ao último fio de cabelo, principalmente o coração, mas ali, com ele, parecia que tudo isso passava, parecia que as dores, a ressaca, as náuseas, as frustrações, tudo tinha um fim, por breves momentos, mas ele me deixava calma, era como se eu tivesse encontrado meu porto seguro. Deixei ele me abraçar, era tão bom, mas me deixou nervosa, minhas pernas ficaram bambas, deixei meu corpo leve sentindo sua respiração gelada. Deixei o ar escapar quando bufei, resmungando em seguida. Estava tudo perfeito, até que ele decidiu acabar com isso. –Não quer um médico? –Ele perguntou, se afastando devagar.
Me senti vazia de novo.
Eu queria mais, podia ficar o dia inteiro ali, até o fim dos tempos, e não iria cansar dele.
–Não, tudo bem. –Fingir estar bem, como se aquilo tudo não significasse nada pra mim, como ele. Então ele assentiu com a cabeça e foi até o armário.
–Vou fazer o café da manhã. –Jasper sorriu, pegando os ingredientes que nem eu lembrava que existiam na despensa. Meu estômago embrulhou, e os olhos arderam, aquela sensação vazia voltou, mas com uma convidada: a saudade dele. Jasper parou por alguns segundos, colocando o que acabara de pegar no balcão, depois me olhou, suspirou e voltou a pegar as comidas. –Você precisa parar de beber, , isso está acabando com você! –A voz dele saiu fria e seca, acredite, deu medo. Um arrepio subiu por meu corpo. –Existem pessoas que se importam com você, não jogue tudo fora por falta de esperança. –Tentando disfarçar ele sorriu de novo.
–Porque você está fazendo o café da manhã? –Sorri, mudando de assunto, ele balançou a cabeça como se estivesse falando “que menina teimosa”, ainda sorrindo.
–Quero fazer uma surpresa pra todos, inclusive pra você. Não vale olhar! –Gargalhamos, e eu sumi de sua vista, indo pro andar de cima. Alec já estava acordado vendo TV, e o resto estava dormindo. Bocejei umas três vezes até encontrar meu aconchegante quarto, peguei umas roupas simples de frio e fui tomar banho. Enquanto sentia a água quente descer por meu corpo lembrava dele, de seu sorriso, seus lábios, o fato de eu querê-los incondicionalmente nos meus não era uma coisa proposital, ele era minha única meta.
Idiotice! Amar era uma idiotice, mas eu ia ficar bem, eu sempre ficava. Lembrei então dos meus pais, nunca foram pais exemplares mas eram meus pais, sempre tive um pouco de inveja da vida de , ela teve a vida perfeita, sua família sempre foi sólida, baseada em um esquema
aparentemente perfeito. Tirou a virgindade com um garoto que ela gostava, mesmo não sendo o certo, ela se casou, teve filhos, mesmo sendo mais velha que eu, me senti mal, enquanto ela tinha tudo isso eu era vazia, nenhum significado de estar vivendo.
Minha infância obviamente não foi boa, desde que estava no útero de minha mãe fui destinada a ser infeliz, lembrei então da época em que eu ainda estudava, eu era desprezível, acho que isso só contribuiu mais pra “tudo”. Meu primeiro “garoto”, ele era amigo de Henry, minha primeira vez foi na casa de um garoto que eu só conhecia há duas semanas, ele nem sequer sentia algo por mim de verdade, lembro que eu me senti invadida, doeu, porque eu não estava totalmente pronta pra aquilo, não fomos pelos meus limites, fomos pelos dele, me senti exposta, errada, fui emocionalmente estuprada, e no fim, quando finalmente acabou, senti que tinha feito a pior bosta da minha vida, lembro que quando cheguei em casa eram duas da manhã, eu bebi pra esquecer tudo, e torci pra que fosse só um sonho. Tinha me entregado pra a pessoa errada, e foi assim que comecei a morrer. Dois dias depois Deus e o mundo já sabia o que tinha acontecido entre nós, foi a pior, e mais dolorosa época da minha vida.

Capitulo três


Abri a porta do quarto, com minha roupa de frio e o cabelo ainda molhado, meu estômago grunhia, ardia e doía, senti os olhos pesados e a mente leve, isso não era bom. , Alec e as crianças já estavam na cozinha, se deliciando com a comida super convidativa de Jasper. O cheiro era tão bom que eu quase senti o gosto sem nunca ter comido. Desci correndo tão rápido que quase tropecei nos próprios pés, mas me equilibrei, e torci pra que ninguém tenha visto. Todos estavam felizes, Amillye estava completamente lambuzada, Alexandre parecia aqueles homens “importantes”, ele era avançado demais pra sua idade, estava razoável e Alec num estado deplorável de dar dó, agora sabia porque a pequena Millye era daquele jeito. E Jasper, parecia feliz, não estava mais comendo, talvez já tivesse acabado, ele me fitou e sorriu, enquanto eu tentava disfarçar minha própria idiotice, retardice é o que há! Não sabia se Alec era normal, ou se tinha alguns sérios problemas mentais-psicológicos, ele parecia uma criança, o que era bem estranho, já que era pra ele ter a mesma mentalidade do filho, trocaram de papéis, só pode. Sentei na cadeira ao lado de Alexandre, que deu um simpático sorriso pra mim, Alec me olhou com uma expressão um tanto assustadora, ele estava tramando algo, eu sabia! Então ele levantou saindo rápido de nossas vistas, sorriu pra mim e depois pra o Cullen, ela já sabia o que era, eu tinha certeza disso, ela ficou uns quatro segundos com aquela expressão de “eu sei o que vocês fizeram no verão passado” antes de pegar Amillye e Alexandre. Eu e Jasper, sozinhos novamente.
Encarava isso normalmente, apesar das segundas intenções de minha amiga entre nós dois parecerem o contrário. Assim que eu fui me servir, percebi um prato branco à frente de Jasper, com alguns restos de comida e um garfo do lado. Seus olhos eram tão lindos, perfeitamente cor de topázio. Eu me servi, enquanto ele mexia no resto de comida que restava no prato com o garfo. Comecei a comer, e percebi ele me olhando e quando meus olhos o encontraram ele estava sorrindo, podia derreter com aquele sorriso, sim, eu podia, mas isso era logicamente impossível.
–O que foi...? –Quase cuspi toda a comida que tinha na boca na mesa, esqueci de engolir, pois é. Nós dois rimos da hilária situação em que eu me encontrava.
–Nada é só que... A estava planejando sair hoje à noite, pra variar um pouco, sabe. Vai ter uma festa na praia e... Você não quer ir? Não é todo dia que se aparece uma oportunidade dessas, quer dizer, nós vamos embora, e... Bem, você me entendeu. –Ele passou a mão na nuca e tentou disfarçar, mas eu havera percebido -infelizmente- que existia algo mais que isso, digo, eu não sou uma pessoa nascida pra ser amada, sou daquelas que nasce pra ser sozinha. Ah! Onde estava com a cabeça? Claro que não era isso.
–Vai ser legal, eu acho. –Sorri de volta. Meu estômago formou borboletas, e minha mente quase explodiu -no bom sentido, mesmo que isso seja meio impossível- ao lembrar do meu sonho, dos lábios dele nos meus... Espantei essas lembranças quando ele levantou e levou o prato até a pia, e num breve período de tempo, o garoto pareceu tenso, fechou o punho, se apoiando na pia, e abaixou a cabeça, com o rosto fora de meu alcance, permaneceu de costas até eu ter coragem pra me levantar, e quando o fiz parecia que ele já previa isso, e saiu, sem nenhuma explicação. Sentei de volta frustrada, porque ele tinha feito aquilo? , Alec e as crianças voltaram segundos depois que ele saiu. Alec estava limpo, Maddie parecia tensa e as crianças como sempre. Mesmo sem motivo eu me senti mal por ele. Bilhões de coisas passavam por minha cabeça, ele podia estar doente, com algum problema familiar, e, na pior das hipóteses, se sentir mal por minha inútil presença.
O tempo foi passando mais lento que de costume, fizemos tudo o que se pode imaginar, foi um dos melhores dias da minha vida. Mas, mesmo assim, de cinco em cinco minutos eu olhava pra a porta, com esperanças de que ele voltasse e me desse explicações. A praia era meio longe, muito longe, na verdade, mas íamos de carro, então, sem problemas. Chegou a noite, estavam todos prontos pra a festa, Amillye parecia uma boneca, Alexandre não estava muito confortável nas roupas que o obrigou a usar, ele se sentia melhor de executivo, é isso mesmo produção? E Alec estava formal, Maddie estava num lindo vestido azul claro, aqueles natureba de praia, sabe? Mas serviu perfeitamente no seu pequeno e escultural corpo de garota, ela podia ser mais velha que eu, só que sempre iria parecer mais nova por causa da aparência de criança, e isso era bom, porque Alec também tinha, então não ficava muito estranho. Jasper ainda não tinha dado as caras, confesso que não era muito fã de festas, mas não iria existir um dia como aquele. Maddie tentou me arrumar, mas eu não gostava nem um pouco das roupas que ela escolhia. Era só uma festa pública, pra quê se produzir tanto? Acabei colocando um vestido vermelho de seda, e um all star cano longo, também não era muito fã de salto.
Ficamos ali, esperando Jasper voltar, estávamos adiantadas, eu sei, mas tinha meus motivos. Assim que ele chegou quase tive um colapso nervoso respiratório, como ele havera conseguido mudar tanto num dia só? O garoto loiro e tenso que eu conhecia tinha cortado o cabelo, não muito curto e comprado umas roupas novas, seus olhos brilhavam como nunca, o topázio estava mais claro, ele estava tão lindo. Então o garoto sorriu, limpando a garganta.
–O que aconteceu com você? –Alec estava de olhos arregalados, talvez fosse a única pessoa que já tinha entendido tudo ali. Eu? Eu estava quase tendo um infarto, nada demais.
–Resolvi mudar um pouco, vida nova, novo Jasper. –Ele respondeu, tirando os olhos de Alec e os fixando em mim. Tá, ok. Respira, um, dois, três, inspira, um, dois, três... Tentei não parecer muito retardada, só que não deu muito certo. Não consegui disfarçar, e sorri pra ele, ele alargou o sorriso pra mim, e parecia que existíamos só nós dois ali, até que quebrou nossa “onda”.
–Estamos atrasados, vocês vem pombinhos? –Nós dois olhamos pra ela e Alec começou a rir descontroladamente.
–Hahaha, que engraçado, to até rindo, olha minha cara de alegria. –Levantei do sofá e bati no vestido pra ver se tinha algo errado nele, ou algo fora do lugar, nada. Jasper riu, e Alec mais ainda, qual era o problema dele? Entramos no carro depois de Alec e discutirem sobre quem ia no banco da frente, eu acabei ganhando sem nunca ter entrado na disputa. A viagem não foi tediosa, o caminho era longo sim, mas foi bom, foi bom porque estavam todos felizes, fazendo piadas e tirando sarro da cara do outro, nada estava fora do lugar aquela noite. E chegamos na praia, depois de uma hora e meia, eu já tinha dormido no carro e borrado a maquiagem inteira, estava parecendo um panda, e parecia que a Maddie tinha previsto isso, ela estava com sua linda bolsinha de maquiagem, só que as cores que estavam ali não me agradavam nem um pouco, era tudo muito colorido, e eu não gostava de coisas coloridas, não fazia o meu tipo. Tinha cinza escuro, que era quase preto, isso era bom. Quando terminamos de dar os últimos retoques os meninos já tinham pedido a comida, e as crianças pareciam dois dragões de tanto comer. Quanto mais eu me aproximava mais tinha medo da reação das pessoas, eu estava me sentindo uma palhaça. Mas assim que eu e a Maddie chegamos na mesa em que os outros estavam, Jasper fixou os olhos em mim e parecia que nunca mais iria tirar, ele não conseguiu dizer nada, mal se moveu, e eu tentei sorrir mas estava sem graça demais pra isso. sentou ao lado de Alec, e começaram com aquelas frases melosas que os casais apaixonados ficam dizendo um pro outro. Sentei ao lado de Amillye mas ela saiu com Alexandre pra brincar nos balanços que montaram ali perto. Eu estava com a breve sensação de que e Alec iriam tirar a roupa se continuassem daquele jeito, eu tinha certeza disso! Jasper limpou a garganta tentando chamar a atenção deles, e na terceira vez pararam.
–Vocês podem... Por favor, fazer isso em outro lugar? –Ele pediu, segurando o riso e tentando parecer sério.
–Está vendo alguma cama aqui, Jasper? –Alec perguntou, dando leves beijos pelo pescoço de Maddie.
–Vish! –Exclamei, fazendo Jasper rir junto comigo.
–Vão embora, vão se divertir, não precisam ficar aqui conosco. – disse, nem sequer tendo o trabalho de nos encarar. Eu estava distraída demais rindo deles quando uma mão gelada segurou a minha, fazendo meu estômago embrulhar, minha cabeça ficar à mil por hora e meu corpo inteiro entrar em colapso, era ele.
–Quer dançar? –Ele sorriu, já de pé ao meu lado.
–Eu não sei fazer isso. –Ri, pra descontrair o ar pesado que impus pra mim mesma.
–Não tem problema, eu sei. –Ele me puxou devagar até eu conseguir ficar de pé, estava nervosa, não por que ia pagar o maior mico da minha vida, mas por que... Era ele! Enquanto andávamos pude ver algumas garotas o encarando, com aquela cara de “ai, me come”, e eu quase fui lá e as soquei por isso. Chegamos na parte mais reservada do local, onde dava pra ouvir a música com clareza, ela não era rápida e nem lenta, era agradável pra uma festa na praia. Ele segurou minha cintura, me colocou exatamente de frente pra ele e sorriu, eu estava em completo transe olhando pra cada movimento seu que nem percebi quando ele falou. –? –Boiando legal, que ótimo! Ele ia achar que eu era uma retardada.
–Oi? –Pisquei duas vezes pra vê-lo melhor. Ele segurou minhas mãos e as colocou em seu ombro.
–Eu sei que esse não é o ritmo da música, mas eu prefiro assim. –Ele sorriu de novo, e sempre que ele sorria eu fazia o mesmo instantaneamente, sem querer.
–Tudo bem, eu não saberia dançar mesmo. –Sorri de volta.
–Eu vou embora semana que vêm, na quinta-feira. –Ele deixou escapar um suspiro triste, e isso foi como um soco no meu estômago.
–Você não pode ficar mais tempo? –Olhei no fundo de seus olhos, talvez isso adiantasse alguma coisa, mas nada.
–Não. –Ele respondeu, curto e frio. –Mas qualquer dia eu volto, pode ter certeza disso. A pediu pra eu dar umas passadas aqui de vez em quando, sabe, pra cuidarmos de você.
–Sei. –Não consegui mais sorrir. Depois que ele fosse, o vazio iria voltar, e eu odiava ter que sentir aquilo tudo de novo.
–O que foi? –Ele sorriu novamente, me fazendo sorrir também. Maldito sorriso!
–É que... Eu não sei... Acabei me acostumando com vocês aqui. –Abaixei a cabeça, e acidentalmente a encostei em seu peito, mas como isso não o incomodou, porque me incomodaria? Ele apoiou sua cabeça na minha e passou uma das mãos que estavam em minhas costas no meu cabelo.
–Até comigo? –Pude sentir ele sorrindo, e sorri também. Queria dizer “principalmente com você”, mas não sei, não parecia muito certo.
–Sim, até com você. –Gargalhei, e ele fez o mesmo.
–Eu gosto do som da sua risada, mesmo que pareça meio idiota por dizer isso, ela me faz rir. –Ele admitiu, beijando meus cabelos. Eu juro que se ele falasse daquele jeito de novo eu iria beijá-lo e nunca mais soltar. Enterrei mais minha cabeça em seu peito e soltei seu pescoço, entrelaçando os braços na sua cintura.
–Não estamos dançando. –Rimos por aquilo, e ele principalmente.
–Eu sei. Isso é estranho. –Ele riu de novo. Poderia passar toda a eternidade ali, como na cozinha, mas ali era bem melhor. Ele usava uma camisa de botões preta, uma calça jeans e um sapato de couro, mas mesmo assim, mesmo simples, ele estava lindo. –Porque você me odiava tanto?
–Porque você me evitava. –Respondi, sorrindo.
–Não te evitava... –Ele me olhou, voltei a posição de antes tirando minha cabeça de seu peito e vi que mesmo com seu tom de voz sério ele estava sorrindo, garoto estranho, mas eu gostava disso, ele não era previsível, nunca tinha sido mas eu aprendi a me acostumar com isso.
–Evitava sim. –Brinquei.
–Tá, eu evitava, mas era por que... Sei lá, eu sempre achei que você não ia com a minha cara. –Ele tirou uma mecha de cabelo do meu rosto e colocou atrás da minha orelha.
–E eu sempre achei que você não ia com a minha. –Sorri. Podia parecer estranho as coisas fluírem rápido demais, mas eu gostava. Ele olhou nos meus olhos e foi se aproximando, mais e mais, encostou nossos rostos e quando nossos lábios iam se encontrar ele parou, suspirou e afastou o rosto, engolindo em seco, seus olhos escureceram, talvez tivesse sido só impressão minha, mas eles escureceram sim, ficaram quase pretos, ele ficou pálido e não parecia mais o Jasper que estava comigo minutos atrás. Passei os dedos por seu rosto, e estava tão gelado que eu quase fiquei com frio. –O que... –Ele nem me deixou terminar, apenas se afastou e saiu correndo, do nada, pro meio do nada também. Não tinha entendido nada do que estava acontecendo, mas ele sumiu. Eu fiquei o esperando por longos vinte minutos até que a pequena Millye apareceu e me levou de volta até a mesa.


Capitulo quatro
{Esse capítulo tem uma trilha sonora, oh yeah –q
Aqui =3

Cinco, dez, vinte, mais vinte minutos tinham se passado e ele não havera voltado.
–Aonde você vai? –Pude ouvir Alec perguntar quando me levantei da cadeira e saí quase correndo de junto deles. Não dava pra ouvir muita coisa por causa das ondas, elas faziam barulhos imensos mas eu já sabia que a estava pedindo pra eu voltar. Era inevitável, nada mudava o fato de eu estar preocupada com ele, ele não podia me deixar ali e ir embora sem explicação nenhuma e esperar que eu agisse de forma normal. Chega! Eu não gritei, não queria pagar mais mico do que já estava pagando de estar numa praia de all star. Lembrei das hipóteses que tinha levantado aquele dia pra os seus comportamentos estranhos contínuos, talvez ele tivesse alguma doença, alguma dor, algum desconforto. Talvez seu problema fosse eu, talvez ele estivesse com medo de se apaixonar, talvez tudo isso junto, eu não sei, não estava com cabeça pra pensar aquela hora. Fui andando e quando cheguei não muito longe pude velo perto das pedras grandes que tinham ali, era frio, ele tinha levantado as mangas da camisa abotoada que usava, e estava tão lindo, seus olhos tinham voltado a cor normal de antes, e ele parecia triste. Queria poder ajudá-lo de alguma forma, eu me importava com ele, de verdade, mas como podia ajudar alguém que não queria ajuda?
–Jasper? –O chamei de longe, mas ele fingiu não ouvir. Fui me aproximando mais, e quando estava apenas à cinco passos dele resolvi chamar sua atenção de novo. –Jasper?! –O chamei novamente, um pouco mais alto desta vez. E ele, de novo, fingiu que eu não estava ali. Mas o que raios tinha acontecido? Tinha feito algo errado? Não, ele tinha, tinha me deixado ali, como se eu não existisse, como se nada daquilo tivesse importado e tenho que admitir, me senti mal por isso. Estava começando a finalmente sentir algo... Por ele, sei que era cedo demais pra dizer, mas era o que eu sentia, e tinha acontecido tão rápido quanto aquilo. –O que houve? – Perguntei quando finalmente criei coragem e consegui me aproximar dele. Enquanto estava ali, em alguns segundos, me senti tão bem, talvez fosse por ele estar lá, mas não... Não era só por isso, era porque eu não estava mais vazia, como passei a vida inteira sem sentir nada? Ele continuou fitando o nada, e quando segui seu olhar encontrei a lua, estava brilhando tanto, era uma noite tão linda... Ele era tão lindo. Percebi então que dava pra ouvir a música que tocava lá longe.
, por favor. Eu preciso ficar um pouco sozinho. –Ele admitiu, deixando seus olhos caírem sobre o fim do horizonte, próximo ao mar.
–Ah... Ok, então, eu... Eu vou voltar, erh... Desculpe. Mas... Jasper? –Ele me olhou, com os olhos vazios, tristes, perdidos, ele podia estar olhando pra mim, mas ele não estava ali, e eu sabia disso. – Não suma. –Pedi, e pra ele pareceu tão real, tão provável que fosse fazer isso. O loiro assentiu e encarei isso como um “chega, já entendi, vá embora!” e o fiz. Queria saber se ele estava mesmo bem, ou se isso era apenas uma forma de não me deixar preocupada. Voltei à festa, , Alec e as crianças estavam se divertindo mundo à fora, e eu não iria ficar sozinha numa mesa esperando um deles voltar pra me fazer companhia. Voltei pro carro e acabei dormindo, então sonhei novamente, era um sonho bom, e ele estava neste sonho, ele dizia que me amava, e sorria pra mim. Estávamos... Bem, não sei dizer onde, mas era um lugar limpo e agradável. Não imagina como queria que esse sonho fosse real, e era irônico, porque sempre tinha sonhado com o dia em que iria me apaixonar, mas quando ele chegou... Não foi bem como eu esperava. Acordava de vez em quando com o som da música, olhava ao meu redor, via a hora, e assim o tempo foi passando, entre breves e longos sonhos. Duas horas da manhã e ainda estava ali, sentia os pingos de chuva bater contra a janela, peguei o agasalho de e saí do carro, eles não estavam mais lá, , Alec, Amillye, Alexandre, Jasper... Ninguém? Prendi o cabelo num rolo mal feito e percebi que não tinha quase ninguém nem ali, nem na festa, claro, já estava tarde. Havia apenas alguns bêbados, algumas vadias e alguns casais nas mesas, dois casais dançando e uma garota quase se comendo com outro cara na ponta da pista de dança. Alguns bêbados ficaram me olhando passar, tentei arrumar um pouco a maquiagem... Que maquiagem mesmo? Ela tinha saído toda enquanto eu dormia, estava quase ao natural, e me sentindo uma mendiga. Precisava de vodka.
Fui andando e andando até chegar num bar que tinha ali perto, tinha apenas algumas pessoas nas mesas e um cara numa das cadeiras do balcão.
Tenho que admitir que ele me passou um pouco de desconforto, talvez fosse por causa do ar frio e horrendo que ele exalava, enquanto estava com a garrafa de whi em mãos. Hesitei um pouco em continuar andando, sabe aquela voz de dentro? Ela dizia pra eu voltar, mas o que eu fiz? Eu continuei andando, teimosa como sempre. Minha única opção foi sentar numa banca que estava perto dele, as outras estavam num estado degradável. O homem me fitou, e não pude deixar de olhá-lo. Ele tinha olhos verdes meio castanho avermelhado, era estranho, nunca tinha visto aquela cor antes na vida. No mesmo segundo em que percebi que ele me olhava com aquele sorriso sínico eu virei o rosto pro barman, ele estava me esperando há um século, era cheio de tatuagens e essas coisas do tipo, mas quem disse que eu me importava? Eu até gostava de tatuagens.
– O que vai querer, princesa? – Ele sorriu pra mim, se aproximando, como se estivesse esperando algo vindo de mim que o favorecesse, ou favorecesse seus desejos de “homem”.
–Vodka. – Respondi, me afastando um pouco enquanto ele se aproximava, ele sorriu pra mim e foi atender meu pedido. Eu sentia que o homem do meu lado não parava de me olhar, o que ele tanto queria comigo? Encolhi-me, e esperei o barman tarado voltar com a minha vodka. Tentava ignorar o cara do meu lado, ficava imaginando onde Jasper e o resto estavam e porque me deixaram sozinha no carro. O barman trouxe a vodka e a colocou na mesa à minha frente, tirei o dinheiro de dentro do agasalho e o entreguei, não sei de onde surgiu aquele dinheiro, mas eu sabia que não era meu, e sabia que eu iria ter que devolver à depois. Abri a garrafa e levei a vodka à boca, dando longos e dolorosos goles que desceram queimando, fechei os olhos e coloquei a garrafa no balcão em seguida. O homem do meu lado riu, mordendo o lábio, eu o olhei de novo, e ele olhou em meus olhos, ele era lindo, mas assustador, e eu não tinha gostado da visão que ele passava pra mim, era como se ele já tivesse algo mal em si. Então ele continuou sorrindo, e sussurrou um quase inaudível “Eu vou voltar”. Mas... O que? Quem era ele? E o que ele queria comigo? Que porra é essa de “eu vou voltar”? Antes que eu virasse ele já tinha ido embora, eu estava com medo, meu corpo inteiro arrepiou, gelou, quase tive um ataque ali, meus olhos esvaziaram, estavam quase sem brilho, mas o que ele queria? Fiquei tentando colocar os pensamentos no lugar por um tempo, vasculhando em minha mente e até mesmo em meu passado se eu já tinha visto aquele homem em algum lugar, e no que ele se baseava pra dizer aquilo. Talvez fosse apenas uma brincadeira de mal gosto, ou talvez fosse apenas minha imaginação, ela me pregava peças de vez em quando.
?! –Enquanto voltava a beber e viajava pra um mundo paralelo ouvi um grito masculino atrás de mim, e mãos geladas me puxarem, quase tropecei, mas consegui ficar de pé. – O que você acha que esta fazendo?! – Ele estava com uma expressão difícil de explicar, era triste, trágica, mas também era raivosa e cheia de ódio, eu sentia que dessa vez tinha feito merda, mas o que eu tinha feito de tão ruim? Só havera saído do carro, vindo pro bar e pronto, nada mais além disso. – Co-como você pode fazer isso comigo...?! – Se auto-decepando em 3, 2, 1... Me sentia tão mal por fazê-lo mal... Não conseguia nem piscar vendo sua expressão, e o pior, era que a culpa tinha sido minha.
–Ahn... Desculpa... Eu acordei e não tinha encontrado vocês, então eu... – Antes que eu conseguisse terminar ele me abraçou forte, soluçando, acho que ele queria chorar, mas não podia, fechei os olhos e por alguns segundos eu me senti calma, não sei porque mas ele me fazia sentir assim.
–A culpa foi minha, tudo bem. – Ele sussurrou, aconchegando mais nossos corpos. Eu me sentia tão próxima a ele, sentia tão dele, e ele tão meu, não me importava com o que estava acontecendo ao meu redor, o mundo podia explodir e eu não iria me importar. Os lábios dele passaram por meu ombro indo até meus ouvidos. –Você está bem? – Ele perguntou, ainda sussurrando. Eu assenti com a cabeça, não queria que aquele momento acabasse, não queria que ele se afastasse, estava tão bom, sempre estava tudo perfeito quando eu sentia ele perto de mim, quando eu o via, quando ele sorria pra mim, era como seu eu tivesse ganhado um significado pra tudo, minha vida estava resumida naquele garoto, mesmo que ele fosse um pouco diferente de mim, que se dane, eu não me importava com as inúmeras diferenças, só queria ele ali, pertinho de mim, queria seu corpo junto ao meu pra sempre, queria sentir sua respiração, ouvir sua voz, sentir seu cheiro... Queria ele pra mim incondicionalmente, e principalmente, queria que ele soubesse que eu era dele. Mas como tudo o que é bom dura pouco, ele se afastou de mim depois disso, tirou uma mecha de cabelo do meu rosto e sorriu, ainda restava dor e preocupação em seus olhos, eu via isso, mas não importava, estávamos bem, certo?
–Mamãe, eu quero ir pra casa. – Ouvi a pequena Amillye dizer baixinho pra , olhando em volta. Enquanto observava ela, Jasper me puxou pra perto de novo, passando as mãos por meu cabelo.
–Você pediu pra eu não sumir, e no fim quem sumiu foi você. – Ele riu, e eu deixei uma risada escapar. Pedi desculpas novamente, enquanto Alec levava seus filhos pra fora do bar, e o seguia. Ele me puxou, colocando o braço ao redor do meu ombro e dando passos longos pra fora do local. Fui praticamente arrastada pra fora dali, estava com tanto sono que quase dormi enquanto andava, minhas pernas doíam e era isso, me sentia um lixo. Chegamos no carro antes que eu percebesse, as crianças, eu e Jasper ficamos no banco de trás, enquanto e Alec conversavam suas pevertividades no banco da frente, sorte que as crianças já tinham dormido. Coloquei a cabeça no peito de Jasper, e percebi que ou o coração dele batia devagar demais pra eu ouvir, ou estava com sono demais pra isso, porque não ouvia nada vindo de seu peito, ele passava as mãos por meu cabelo enquanto meus olhos fechavam, e o carro deu partida, com o tempo eu dormi, e nessa noite tive certeza de que finalmente tinha encontrado uma razão pra continuar.

5 comentários:

  1. Ah, por favor, continue! Eu amei, a PP se parece muito sentimentalmente comigo, estou adorando!

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  2. Quando vai lançar o aproximo Capitulo? Vou aguarda ansiosa! ^^

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