24 de janeiro de 2013

My Place - Jessica Fernandes (Jess)

| |
Caps Anteriores





My Place
Prólogo

Mudar-me para Lapush não tinha sido uma tarefa fácil, mas com alguns pedidos aqui e ali e o fato da minha mãe ser um amiga antiga dos Quileutes, finalmente consegui vir para este lugar. E me dei conta, era desse frio que eu estava precisando. Adoro isso.

Parei meu carro em frente a uma casinha beije com janelas de madeira escura e sorri. Era pequena, mas já de longe parecia confortável e acolhedora. Eu não estava esperando nada caro ou espaçoso, só aconchegante o bastante para chamar de meu, pelo menos por enquanto.

Enquanto eu ainda sentia dor e a velha necessidade de curtir isso sozinha. Depois da morte de minha mãe, eu simplesmente não conseguia mais ficar no Brasil. Não quando ela reclamava cinco vezes ao dia pela falta de chuva, ou falava da saudade que sentia do povo avermelhado daqui. Lilian morou em Lapush por um tempo, antes de se mudar para onde eu nasci, então desde que eu era criança ela vivia me contando sobre as histórias de sua adolescência numa terra chuvosa. Ela amava este lugar, essas praias, esse céu. Até as pedras daqui tinham algum encanto, segundo Lily. Por isso eu estava tão longe de casa, para me sentir mais próxima dela de alguma forma.

Bobeira? Você pode achar que sim... Mas só de experimentar a neblina congelando meus ossos, posso dizer que estou feliz de ter vindo. Lilian estaria pulando aqui mesmo, se estivesse comigo. Senti uma lágrima escorrer livremente pelo meu rosto. Para me reconstruir, eu precisava de um tempo. E, além disso, queria realmente entender porque cada coisa daqui a atraía de forma absolutamente irreal. Só posso achar que algo ficou para trás quando ela jogou tudo para o alto e foi viver com meu pai do outro lado do oceano.

Capitulo Um

Entrei com duas malas, desfalecendo e arfando por causa do peso. Lamentei muito não ter um vizinho, ao menos para me ajudar com tantas tranqueiras. Pelo visto, minha casa era mais distante e isolada das outras. Mas foi o máximo que José, meu pai, conseguiu para mim... Então está de bom tamanho.

Escorei meu rosto na janela e mordi os lábios de pura apreensão. Eu estava aqui agora, e então... Qual era o próximo passo? Suspirei pesadamente e me joguei de qualquer jeito no sofá creme da sala. Eu tinha trancado minha faculdade de geologia no segundo semestre, me despedido de todos os meus amigos e família, pegado dois vôos e um inicio de gripe no caminho para cá. E depois disso tudo, ainda estava sem saber por onde começar.

Talvez tenha sido uma burrada vir justamente para o lugar que vai me fazer lembrar dela a cada dois minutos. Ela só tinha morrido há dois meses, era muito recente pra mim. Bati a mão na testa e peguei um casaco maior e mais grosso na primeira bolsa que vi. Agora já estava feito, ficar remoendo tudo não ia adiantar nada. Eu estava aqui para me curar e entender algumas coisas. Estava procurando uma resposta para uma pergunta. Era isso... Eu só precisava observar.

Tranquei a porta e resolvi seguir um caminho que poderia ou não me levar até o lugar que eu queria, então contei apenas com a sorte. Segui a trilha pequena da estradinha e sorri quando comecei a sentir cheiro de areia e sal. A boa noticia era que minha casa ficava a poucos metros da praia... E a ruim, que meu nariz estava começando a congestionar. Estava realmente congelando! Ri quando comecei a bater os dentes e mais ainda quando vi a bela paisagem a minha frente. Minha mãe tinha me falado tantas vezes de First Beach, que fui capaz de reconhecer sem nunca ter colocado os olhos antes. Era como nos meus sonhos. O sol sempre ficava escondido entre as nuvens, mas o lugar não parecia frio. Muito pelo contrario, era convidativo e familiar.

Sem pestanejar, deixei que meus pés me conduzissem até a beira do mar, mas ainda não era o bastante. Tirei o casaco e abri os braços, me arrepiando com a brisa gelada do sul. A praia estava tão deserta que não haveria problema se eu simplesmente tirasse a roupa e tomasse um banho.

Porque não?

Tirei o tênis, as duas blusas mais finas e a calça. Eu estava louca se queria entrar naquele mar revolto e gélido vestindo apenas roupas intimas, mas mesmo assim, queria uma lembrança memorável do meu primeiro dia em Lapush e eu jamais esqueceria isso! Andei cinco passos até a água alcançar meus joelhos, e meu Deus, eu estava morrendo. Entrei num estado critico onde não conseguia mais me mover. Nem entrar e nem sair, que ótimo. Meu queixo agora batia ainda mais e pensei seriamente em chorar. Não sei o que estava havendo com meu corpo, mas ele não me obedecia mais. Minha perna deu uma bambeada e me levou outro passo para frente. Encolhi-me nervosamente com a sensação da água no meio de minhas coxas. É, eu estava arrependida. E para frisar tal situação, uma chuva grossa começou a cair DO NADA.

Meu corpo ficou molhado em poucos segundos e eu não entendia porque não me jogava na maré de uma vez. Que diferença ia fazer?

- Moça!

Alguém gritou atrás de mim quando estava prestes a dar um mergulho. Olhei para o lado lentamente e não vi ninguém. Além de tudo, eu estava ficando louca. Dei de ombros e segui mais para frente com dificuldade.

- Hey...

A mesma voz grossa e firme falou, desta vez, muito mais perto. Junto com ela, senti uma sensação quente em minhas costas. A única, já que todo o resto envolta de mim se resumia a puro gelo.

A mão que se encontrava em meu ombro direito deslizou pelo meu braço e me obrigou a virar. Por isso eu não o tinha visto, ele veio por trás de mim, silenciosamente. Pisquei os olhos varias vezes e pensei que poderia estar tendo uma visão. Ele era lindo, alto, forte e avermelhado. Era um deles, eu tinha certeza. Um dos quileute que eu tanto ansiava conhecer. Tentei sorrir, mas a única coisa que consegui foi fazer uma careta. Meu corpo estava doendo tanto.

- Porque você está aqui, assim?

Sua voz era grave e seu semblante preocupado. Eu nunca tinha visto traços tão bonitos em toda a minha vida. Mas de repente, esqueci que ele parecia um semi deus e apenas senti vergonha... O homem devia estar achando que eu precisava urgentemente de um hospício. Uma mulher no auge da juventude, de sutiã e calcinha no meio da maré, num dia de chuva. Pelo menos eu estava com uma daquelas calcinhas que pareciam um mini short.

- Eu... – minha voz falhou e minha garganta pareceu fechar. – Eu...

Ao tentar pela segunda vez, senti uma tontura breve e uma pontada no centro da minha cabeça. Arregalei os olhos e levei uma de minhas mãos até lá, mas como eu já sabia, doía demais até a mais breve das ações. Minhas pernas amolecerem ainda mais e uma espécie de sono me alcançou. E mãos ágeis seguraram meu dorso. Foi a ultima coisa que senti.

Capitulo Dois

Jacob POV

A única coisa que me passava pela cabeça era imaginar os motivos pelos quais a estranha estava seminua dentro do mar, quando posso sentir que a temperatura não passa de seis graus. Seus lábios estavam roxos e seu corpo pequeno e cheio de curvas estava dando sinais de hipotermia. Mãos geladas, coração lento... Era isso. Ela precisava de um lugar aquecido.

Saí rapidamente do mar segurando-a em meus braços e torcendo para ser veloz o bastante a fim de salvar sua vida. Peguei o casaco dela no meio do caminho e a embrulhei, enquanto corria. Emily saberia exatamente o que fazer, e além do que, a casa dos Uley era mais perto.

Encontrei Sam cinco minutos depois, antes de sequer bater na porta. A testa dele se franziu e ele apontou para dentro. Vários dos caras estavam lá e a maioria deles arfou quando viu o que eu carregava. Coloquei a menina na cama e nenhum deles saiu de perto dela.

Bando de curiosos.

- O que aconteceu com ela? – Embry perguntou nervosamente, enquanto sentava na outra ponta do colchão.

- Eu a encontrei no mar, não sei exatamente o que estava tentando fazer.

O quarto estava insuportavelmente quente, com todos os garotos ali dentro. Sem sombra de duvida a recuperação dela ia ser mais do que muito rápida. Era como se o sol estivesse em volta dela. Estávamos irradiando 40 graus de cada canto do cômodo, cada um de nós.

Embry passou a mão pelo rosto dela e o contraste entre suas peles era gritante. Me fez lembrar o quanto eu e Bella éramos diferentes. Talvez não devêssemos mesmo ficar juntos, e o destino cuidava de jogar isso na minha cara. Agora ela e o vampiro iam se casar.

A garota gemeu o nome de alguém, me tirando de meus devaneios. Resolvi chegar mais perto e tentar entender as palavras emboladas que ela disse depois.

- Acha que ela conhece alguém por aqui? Essa não é a nossa língua.

Quil observou, mas para mim já era obvio desde quando coloquei meus olhos nela. Cintura fina, quadris largos, peitos fartos. Branca... Mas não pálida. Cabelos longos, olhos castanhos e a boca já com a cor natural, extremamente avermelhada e delineada. Ela não era daqui e não se parecia com ninguém que eu já tivesse visto antes. Ela era... Diferente.

- Ela deve ser de outro país. – Embry suspirou. – Mas eu não entendo. O que ela estava fazendo no mar, no inverno? Poderia ter morrido facilmente.

Alguns de nós estremeceram com a idéia e outros concordaram. Nenhuma pessoa em sã consciência se aventuraria num programa como aquele. Talvez ela estivesse pensando em se matar.

- Vai ver ela queria cometer suicídio e o Jake atrapalhou. – Paul sugeriu, parecendo ter lido a minha mente.

- Não pode ser. Porque uma garota linda assim faria isso?

- A questão não é essa Embry. Ser bonito ou feio simplesmente não importa quando você perde o que mais ama. Ela pode ter perdido alguém.

Todos prenderam a respiração.

Eu tinha falado sem pensar, totalmente. E aposto meus rins que eles fizeram a associação do que eu tinha dito a Isabella Swan. E de verdade, percebi que eu não tinha mais nada pelo que lutar agora que ela ia virar um monstro. Eu também gostaria de morrer.

Capitulo três

POV

Parecia mais uma das noites abafadas no Brasil.

Rolei na cama, sentindo o suor gotejar pela minha nuca. Nunca havia sentido tanto calor em minha vida e certamente isso não fazia nenhum sentido. Eu estava nos Estados Unidos agora, e a estação era a minha favorita: Inverno. Então por que...

Oh, meu deus.

Abri os olhos – desnorteada - e apalpei a cama ao meu lado. Eu não estava sozinha e o pânico em minha mente começou a crescer. Era bem provável que eu tivesse sido seqüestrada pelo mesmo homem forte que estava deitado ao meu lado. Finalmente descobri de onde vinha a fonte de calor. A pele dele era como brasa.

E então me lembrei.

Ele não era nenhum maníaco assassino, mas o cara que tinha me salvado. Me encontrado naquele mar e me levado para algum lugar, desmaiada em seus braços. Eu não podia culpá-lo, estava inerte demais para lhe dar meu endereço. Acho que ele fez o que estava em seu alcance para me ajudar. O que ainda não explica o fato de estarmos na mesma cama.

Mas quem era eu para reclamar? Devia muito mais do que uma gentileza a ele. Quem sabe... Eu poderia ter morrido.

Mas não morri. E não havia nenhum vestígio em meu corpo que me fizesse lembrar aqueles péssimos minutos gelados. A gripe que eu tinha – e que deveria ter se acentuado – estava oficialmente desaparecida e eu respirava melhor do que em todos os meus 19 anos.

Debrucei-me sobre meu cotovelo para ver melhor aquele que tinha bancado o herói. Na penumbra, não dava para distinguir corretamente seus traços. Mas o cabelo era preto e o corpo era forte e grande o bastante para ocupar muito do colchão.

Coloquei minhas mãos sobre as dele somente para medir o tamanho. Era o dobro que a minha. Sorri com aquilo. Todos os homens que conheci na vida tinham mãos maiores que a minha, mas aquilo era um exagero.

Dei um sorriso de canto e quando levantei o rosto de nossas mãos em direção a ele, olhos brilhantes estavam me encarando. Dei um pequeno sobressalto e me envergonhei totalmente por ter sido pega analisando-o.

Agora ele tem mais do que um motivo para achar que sou louca de pedra.

- Oi.

Sua voz animada e forte disse, em meio a escuridão. Arrepiei-me da cabeça aos pés, sem saber se pela intensidade do tom ou se por ter percebido que aquela NÃO era a voz do cara que me salvou. Era outra pessoa, outro homem. Pulei da cama rapidamente e notei que estava só com um blusão masculino. Mal tampava minhas pernas. O que tinham feito com minhas roupas?

- Quem é você? – minha voz vacilou.

O rapaz suspirou e levantou de vagar, fazendo com que eu achasse um canto naquele quarto e me encolhesse totalmente. Eu simplesmente não sabia o que fazer enquanto aquele cara enorme vinha na minha direção daquele jeito. Só dava para ver sua sombra. E ah, o tal brilho dos olhos.

- Meu nome é Embry, eu não vou te machucar. – ele deu dois passos para o lado. – Vou acender a luz, tudo bem?

Assenti, mas não sei como ele pode ter percebido. De qualquer forma, o tal Embry ligou o interruptor dois segundos depois e meus olhos arderam com a claridade.

Assim que consegui normalizar o foco dos meus olhos e o encarei, tive a surpresa de ter a mesma reação que tive com o rapaz que me salvara. Ele era lindo. Tinha o sorriso iluminado de um garoto no rosto e o corpo de um homem feito. Seus olhos eram quentes e convidativos. Arrastei-me dois passos para perto sem perceber, quando de repente caiu a ficha. 1,2,3... de volta a realidade.

Nós não nos conhecíamos e eu NÃO sabia onde estava. Ele podia ser uma pessoa ruim, embora meu coração já duvidasse disso.

Embry POV

Ela era perfeita. Assim que coloquei meus olhos nela, soube que ia amá-la. Agora que estava acordada, pude notar a cor avelã de seus olhos e o jeito como seus lábios tremiam de nervosismo. A garota era um anjo dormindo e uma mulher e tanto acordada.

- Onde está o rapaz que me trouxe aqui?

Engoli a seco quando ela perguntou. O jeito como falou dele exalava confiança. Ela não o conhecia e já o admirava, dava para perceber pelo modo como os olhos dela brilharam.

- Ele foi para casa, já é tarde. – ela fez uma careta. – Qual é o seu nome?

- .

Ela suspirou e chegou mais perto de mim. Tive que respirar fundo para não agarrá-la ali mesmo. Será que eu tinha sofrido um impriting?

- Como já tinha dito, Embry.

Apertamos as mãos e senti nossa energia se tocando, se conhecendo. Pequenos choques percorreram meu corpo e ela contorceu os cantos da boca, como se estivesse surpresa. E só assim eu soube que ela sentiu a nossa química.

- A calefação desse quarto é muito boa. Eu estou só de camiseta e você só de bermuda. Nós estamos mesmo no inverno?

- Ah, estamos. – passei a mão pelos meus cabelos. – A casa do Sam é bem quente mesmo, e nós, quileutes, também.

Ela olhou para meu abdômen e eu sorri quando ela corou. Meus hormônios estavam todos loucos, e meu ego inflou por vê-la fitando meu corpo.

- Posso saber por que você estava no mar? – resolvi focar em outro assunto e então perguntei calmamente.

Sentei na ponta da cama e senti um arrepio subir pela minha espinha. Jacob repetiu várias vezes que ela podia ter morrido, pois seu corpo já estava em pane quando ele chegou. Por segundos a mais ela poderia ter feito a maior besteira da vida dela. Jake disse que ela pretendia mergulhar.

- Eu só queria ver como era. – ela balançou os ombros e se sentou ao meu lado. – Não foi uma idéia muito inteligente.

- Você podia ter morrido. Não faça isso de novo...

Minha voz saiu arrastada e seus olhos grandes me encararam avidamente. Ela percebeu que havia tristeza em mim, só por imaginar o que podia ter acontecido.

- Pode deixar. – deu um sorriso breve. – Que horas são?

Desviei meus olhos dos seus por um momento e fitei o radio relógio na estante. Faltavam dez minutos para as duas da madrugada. Jake disse que viria cuidar dela as duas em ponto, e então revezaríamos de turno.

Eu não queria ir, ainda mais para deixar eles juntos. Estava com medo que pudesse gostar mais dele, e ainda assim... Não podia evitar que eles se conhecessem, afinal, ele a salvou e ela esperava poder agradecer.

De qualquer forma, Jacob ama Isabella obsessivamente. Não existe brecha para outra pessoa em sua vida. Triste dizer, mas acho que por um bom tempo.

- É hora de ir. – me levantei e sorri de canto quanto sua testa se franziu. – Preciso ir para casa.

- Não, não vá.

Ela se levantou depressa e segurou minha mão. Naquele momento, senti uma vontade enorme e latente de tê-la em meus braços. Mas era muito cedo, e muito incerto. Não é só porque ela pede por minha companhia que quer ser minha namorada. Além disso, nem sabia se aquilo era um impriting ou apenas uma atração descomunal.
- Eu vou voltar. – não consegui me refrear e dei um beijo em sua testa. – Vem outra pessoa em meu lugar. Meu irmão... O que te socorreu.

a não estava conformada, mas soltou meus dedos. Eu a vi se enfiar debaixo das cobertas de novo e me desejar boa noite.

- Vou voltar amanhã cedo para dar uma olhada em você. Não saia da casa de Emily sem me esperar, eu quero me despedir.

E saber onde você mora, acrescentei mentalmente.

- Tudo bem. – ela acenou e eu ouvi um ruído vindo da porta da frente.

Estava na hora de ir.

Capítulo quatro

Jacob POV

Embry me cumprimentou com uma careta estranha. Ele passou por mim com um sorriso falso e murmurou algo como ‘Ela acordou’. Não entendi o porquê do desanimo, mas desconsiderei tudo e fui vê-la. Abri a porta do quarto silencioso e a vi embrenhada entre as cobertas. Com o mínimo ranger do piso, ela se virou e me encarou. E depois sorriu. Algo como um sorriso doce e entorpecente.

- Olá. - Ela disse, e sua voz era doce como seu sorriso.

- Oi. Sou Jacob Black.

- Fernandes. – ela se sentou e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. – Então... Foi você que me viu naquela situação constrangedora?

Suas bochechas adquiriram um tom rosado rapidamente e eu percebi que se ela pudesse, se esconderia entre os lençóis. Torci os cantos da boca num sorriso curioso e tentei procurar seus olhos. Eu queria realmente saber o porquê de tanta vergonha.

- Está se referindo a cena em que você estava de roupas intimas ou a que estava prestes a mergulhar no mar com a temperatura perto dos seis graus?

- Bem, - ela ficou ainda mais desconcertada. – Eu não tinha a intenção de...

- Se matar? – interrompi. – Você chegou bem perto disso.

Agora simplesmente bufou num inicio de um lapso nervoso. Seus lábios se retorceram, seus punhos se cerraram perto do corpo e seu rosto ficou vermelho mais uma vez, só que de raiva.

- É claro que eu não ia me matar. – seu tom foi cortante.

- Você não pode me culpar por ter pensado isso. Foi o que achei que estava acontecendo quando te encontrei naquela praia.

- É. – ela relaxou um pouco. – Deve ter sido uma cena bem estranha, mas eu não ia me matar, de jeito nenhum. Não é do meu feitio entregar os pontos.

- Fico feliz. – me escorei numa escrivaninha antiga. – Mas então... Não consigo encontrar outra explicação plausível. Diversão? Duvido muito. Porque você estava lá?

Ela pareceu pensar no assunto. Algo me dizia que ponderava em me contar os motivos reais ou me deixar a imaginar o que quer que fossem suas razões. Fiquei ainda mais curioso.

- Minha mãe amava esse lugar, acho que foi só uma coisa idiota que tentei para me sentir mais perto dela. – a garota deu de ombros. – Ela faleceu há alguns meses.

Por mais insensível que pareça, quis rir. Não seria nada delicado da minha parte deixá-la ouvir, por isso me calei quando veio em minha mente o pensamento de que se queria se sentir mais próxima da mãe falecida banhando no mar em pleno inverno, estava no caminho certo. Elas se encontrariam no céu bem rapidinho.

Mas não fui tão idiota a ponto de comentar isso. O que fiz foi lamentar pela perda de sua mãe, eu sabia como era a dor de ficar sem uma.

- Eu sinto muito. Sei o quanto elas fazem falta.

- Você sabe? – seus olhos bonitos se arregalaram.

- Perdi minha mãe bem cedo. Posso compreender, é a pior dor do mundo... Não é?

- Até agora sim. – ela balançou a cabeça. – Não consigo imaginar algo pior. Passa algum dia?

Eu queria ser como era sempre desde que Bella me rejeitara: Um verdadeiro amargurado. Eu andava dizendo certas verdades na cara das pessoas, magoava amigos, me recusava a rir ou a conversar, como um anti-social... Mas dessa vez eu não poderia ser tão medíocre. Jamais contaria a ela que a dor nunca passaria. Por algum motivo estranho, eu não queria ver angústia em seus olhos.

- Passa. Se sentirá melhor com o tempo, você vai ver. Ninguém nunca substituirá o espaço vazio que ela deixou, mas com o passar dos anos, o preencherá com a saudade, boas e velhas lembranças. É tudo que te resta de melhor.

Acabei falando pelos cotovelos num surto de inspiração, e quando me virei para analisá-la, uma lagrima brilhante escorria pelo seu rosto. Só me fez lembrar um belo anjo, tristemente bela e indefesa. Provavelmente ingênua. Cheguei mais perto e limpei aquela gota com meus dedos ásperos, ainda que cuidadosamente, morrendo de medo de arranhar sua pele macia. Seus olhos se fecharam com o meu toque e de repente, minha mão começou a formigar. E eu não entendi, mas me senti impelido a continuar acariciando-a.

- O que você disse foi... Lindo. – sua voz estava embargada. – Obrigada.

Admirei seus olhos e encarei aquele castanho claro profundo. Era como se eu pudesse ver tudo e ao mesmo tempo nada. Era intenso, revelador e misterioso. Eu também diria místico. Seus olhos eram incríveis janelas, mas com um acesso não tão livre a sua alma.

Quando me senti impelido a chegar mais perto, talvez beijá-la, me afastei abruptamente. E ela levou um susto. Daqueles em que se soluça e depois cobre a boca com a mão. E sem compreender o que estava prestes a fazer ou como sair da situação embaraçosa que eu mesmo criei, murmurei um pedido de desculpas baixo que ela jamais ouviria e saí pela porta antes que fizesse qualquer outra besteira.

POV

Acordei com a claridade invadindo as frestas da janela e um cheiro de bolo. De chocolate.

Sorri involuntariamente e me espreguicei, enquanto rolava pela cama. Aos poucos fui abrindo os olhos e percebendo que aquela não era minha colcha, e aquele teto de madeira escura também não pertencia a mim.

Ah, eu estava na casa de... Quem mesmo? Embry ou Jacob?

Levantei devagar e procurei pelas minhas roupas. Eu não podia sair por aí com as pernas de fora. Encontrei-as perto da cômoda, bem secas. E quase não acreditei. Já disse o quanto o aquecedor daqui é potente?

Vesti a calça, a regata e procurei pelo casaco, apesar de saber que não agüentaria estar dentro dele quando a casa toda parece estar pegando fogo. Balancei a cabeça levemente e sai do quarto na ponta dos pés, esperando não acordar ninguém. No meio do corredor, encontrei um espelho emoldurado pendurado na parede. Quase gritei quando vi o quanto meus cabelos – quase sempre educados – estavam rebeldes. Cachos grandes pra tudo que é lado e uma aparência selvagem que definitivamente não combina comigo. Mas nem minhas mãos deram jeito naquilo. Respirei fundo e cheguei ao cômodo que eu chamaria de cozinha.

Era de lá que todos aqueles cheiros de comidas gostosas vinham.

Entrei passo por passo e me escorei num cantinho enquanto via uma garota bonita checar algo no forno. Seu cabelo liso ia até o meio de suas costas e sua pele era vermelha. Quileute. Dei outro passo e a madeira do piso rangeu o bastante para que ela me ouvisse. A moça virou ao menor ruído e sorriu amplamente quando me viu. Nem mesmo a cicatriz imensa em sua face pôde ofuscar tanta beleza. Senti-me impelida a retribuir a boa educação.

- Vejo que está melhor. Bom dia. – ela enxugou as mãos no avental azul – Sou Emily.

- . – apertamos as mãos. – E sim, estou bem melhor.

Ela era tão simpática, que fiquei desconcertada. Talvez por não saber o que dizer. Não sei bem o que ela fez por mim, mas acho que tem algo a ver com minha mudança de roupas. Tomara que sim. Se um dos rapazes tivesse me trocado, eu morreria aqui mesmo.

- Fico feliz. Os garotos também ficarão. Eles perguntam de você o tempo todo.

- Eles...?

Jacob e o irmão? O jeito como ela falou, parece que muitos outros índios estão envolvidos nisso. Quantas pessoas mais saberiam desse incidente feliz? Quantas acham que sou uma suicida em potencial? Ugh.

- Ah, somos muitos. – ela sorriu. Acho que entendeu o que eu quis perguntar. – Mas não se preocupe, não vou deixar que fiquem te fazendo perguntas indiscretas.

- Tudo bem. – minhas bochechas coraram. – Mas só pra esclarecer, eu não queria me matar.

- Tenho certeza que não.

Nós sorrimos afavelmente uma para outra, e então ela me ofereceu uma fatia imensa de uma torta decorada com morangos monstruosos. Longe de mim recusar algo que me encheu a boca de saliva só de observar.

Estava terminando o segundo pedaço quando ouvimos alguns barulhos vindo da área da frente. Várias vozes, risadas, urros. Parecia que uma multidão estava chegando até a casa de Emily, que ao invés de se preocupar, apenas sorriu e me chamou para sala, sussurrando algo como: ‘Os lobos chegaram’.

Capítulo cinco

Embry POV

Ouvi a voz dela antes mesmo de entrar na casa, e senti meu coração bater mais forte.

Na ronda, tive que falar sobre ela com Sam. Sobre como eu estava praticamente obcecado pela garota. Ele entrou em meus pensamentos, viu cada exclamação. E confirmou, não era impriting. Nada de cabos de aço, nada de centro do universo, era só... Amor a primeira vista. E talvez nem isso fosse. Porque além de tudo, precisava ser recíproco.

Mas então, o que era? Porque eu estava louco para por meus olhos nela? Minhas mãos, minha boca. Eu simplesmente não conseguia controlar a minha mente e tampouco o físico. Precisei respirar fundo três vezes quando ela finalmente apareceu na sala de estar.

- . – fui o primeiro a dizer. – É bom te ver... Acordada. – tentei concertar, mas sabia que os outros me zoariam por isso depois. – Como você está?

- Bem melhor, Embry.

Ela sorriu, eu também. E largamente. Só pelo fato dela ter lembrado meu nome.

- Você assustou a gente! O que você estava fazendo na praia hein forasteira? – Seth perguntou e Jared deu um tapa em seu pescoço. – Outch!

- Coitado. – ela fechou os olhos e gargalhou. – Eu queria nadar. Sei que é estranho, mas eu não sou muito certa das idéias mesmo.

Seth concordou com um sorriso enquanto massageava a própria nuca. Depois disso, os garotos se sentiram mais a vontade para conversar com ela, e inclusive perguntar mais algumas coisas sem sentido ou muito pessoais. O que eu queria mesmo? Tirá-la do meio de todos aqueles idiotas e levá-la para um lugar calmo onde pudéssemos conversar. Eu estava interessado em tudo sobre ela, qualquer detalhe, a mínima descrição. Quis saber de onde ela vinha, do que mais gostava ou o que evitava. Tudo. Eu gostaria de saber tudo a seu respeito.

- Bom, já que estou aqui... Será que podem me dizer quem é Billy Black?

Minha atenção se focou totalmente naquelas palavras. Porque ela ia querer saber quem ele era? Será que tinha alguma associação com Jake?

- O pai de Jacob, do cara que te salvou. Por quê?

Sam perguntou, tão curioso quanto nós. Afinal, ela era estrangeira e não conhecia ninguém aqui.

-Ah, o sobrenome! Bom, minha mãe disse uma vez que ela e o Sr. Black eram velhos amigos. Que mundo pequeno... Conheci o filho dele.

Eu desejava que não tivesse conhecido. Bufei. O tom de voz dela para falar aquele nome... Já dava pra saber que tinha algo errado. Será que eu perderia a garota? Não. Nem pensar. Ele era meu irmão, mas aquela ali... Era minha alma gêmea.

- Bom... Acho melhor eu ir agora. Já tomei muito do tempo de vocês.

Os garotos negaram, outros a seguraram pela mão quando ela se levantou. Até Jared parecia pegajoso demais, logo ele que se dizia lento para chegar nas meninas. Era obvio que a maioria dos caras gostaram dela. Porque era bem fácil. era linda, simpática e vinha de fora. Isso nos deixava automaticamente interessados. É assim quando conhecemos algo ‘novo’.

Mas antes que qualquer um tomasse a atitude antes de mim, puxei seu pulso cuidadosamente e a tirei do círculo que eles fizeram a sua volta. Não sei se ela sorriu de alivio, mas pareceu bem feliz em sair do centro das atenções.

- Posso te levar em casa? - eu perguntei e ela logo corou por alguns segundos.

- Seria ótimo. Mas... Eu não sei onde exatamente fica a direção da minha casa – ela saiu da varanda e olhou em volta. – De onde estamos.

- Tudo bem, eu conheço tudo em Lapush.

- Sério? Então você nasceu aqui? – os olhos dela brilharam quando eu concordei. – Acha que um dia pode me levar pra conhecer as outras praias?

- Está marcando um encontro comigo?

Ergui uma das sobrancelhas. Eu sabia que não era a intenção dela, mas fiquei exultante que ela tivesse pedido para conhecer a cidade COMIGO. Tem idéia de quantas cambalhotas meu estomago deu?

- Não Embry. – Ela gargalhou, e abanou o ar. – Só estou sendo prática. Você conhece tudo e eu nada. Estou é pedindo ajuda.

- Tudo bem. Seria um prazer te apresentar todos os cantos de Lapush. Mas quer me dizer o porquê dessa fixação por praias?

Nós continuamos a andar lado a lado e por alguns momentos, em silencio. Sem a mera intenção, percebi que acabei falando alguma coisa errada. Percebi pelo jeito que seu corpo ficou mais tenso e o modo como ela piscava rápido. Tentando digerir o que tinha ouvido.

- Me desculpe. Eu Acho que não devia ter...

- Não, nada disso. Você pode me perguntar o que quiser. – ela me deu um sorriso, mas parecia perdida. – O problema é que eu não sei como explicar. É difícil colocar em palavras, sabe?

- Eu entendo.

- Pois é. Está tudo na minha mente, mas na hora de falar, sinto que algo trava. É bem difícil.

Assenti, enquanto recomeçávamos a caminhar. parecia mais pensativa e eu, bem... Eu me chutava por dentro. Na primeira oportunidade que tínhamos de conversar sozinhos, eu dava um fora desses.

- Minha casa é aquela. – ela apontou para uma casinha beije afastada de todas as outras. Ainda estava longe, vendo de onde estávamos, e já tínhamos andado quase 30 minutos.

- Porque ela é tão excluída?

Soltei espontaneamente, talvez até irritado. Em volta da casa dela só tinha mato e arvores. Sem contato social, sem mercados, escolas, perto de animais selvagens... E pior, longe de mim. Eu morava praticamente do outro lado de Lapush.

- Eu não sou Quileute, lembra?

Eu gargalhei, e ela riu da minha risada alta. Tipo, automaticamente.

- Como esqueceria? – afirmei, depois de observá-la dos pés a cabeça.

- Quer dizer que não me passo por índia de jeito nenhum? Qual é, se eu me bronzear, fico igual aquela garota... Irmã de Seth.

- Leah? – Não consegui segurar e ri ainda mais. Eu poderia me debruçar no chão e chorar de tanto rir. – Bom, para ficar parecida com ela, precisaria de um bronzeamento potente, tinta preta, corte de cabelo, mais 20 centímetros e uma personalidade insuportável. Eu, pessoalmente, prefiro você assim.

Dei uma piscadela e cheguei mais perto quando ela corou. Incrível como qualquer palavrinha a toa a deixava sem graça. Já até sei a ordem de suas ações. Primeiro ela abaixa a cabeça, dá um meio sorriso, abana o ar com a mão e então... Cora. E fica perfeita. No meio de toda essa admiração, quase não percebi. Nós já estávamos em frente a casa dela. E alguém estava nos observando. Era o cheiro dele.

O que Jacob estaria fazendo aqui?

Capítulo seis

Jacob POV

Embry desviou os olhos brilhantes dela por um minuto e fitou a mata. Percebi que ele tinha notado minha presença e algo em sua expressão me disse que ele não estava feliz em saber que eu estava ali. Nem mesmo eu estava contente em estar em frente à casa da garota. Minhas pés me levaram até lá antes que eu pudesse perceber... O cheiro dela era viciante demais, único demais. Acho que eu seguiria aquele rastro doce aonde quer que fosse. E isso não era exatamente bom.

Assisti os dois se despedirem rapidamente e Jessica entrar em seguida. Eu ia embora, mas senti alguém correndo na minha direção. Virei devagar.

- Jacob, o que você está fazendo aqui?

Embry nunca me chamava tão formalmente, só por aí já percebi que algo estava errado.

- Vim ver onde ela mora. Curiosidade. – ao contrário dele, usei um tom que implicava certo descaso.

- Curiosidade? Não combina com você.

Ele torceu os lábios e eu franzi a testa. Desde quando Embry era tão mal humorado e sério? Não fazia parte da personalidade dele. Éramos amigos desde criança. Sei que ele não é assim.

- O que há com você?

- Comigo? – sua voz vacilou um pouco. – Nada. Só não entendo porque veio até aqui.

- Curiosidade, já disse. – Franzi a testa um pouco mais. – Posso saber por que se importa tanto com isso?

- Curiosidade.

Ele imitou o mesmo tom de descaso que eu havia usado minutos atrás, mas não funcionou. Eu já tinha percebido, Embry estava escondendo algo sério de mim, algo que inclusive parecia ter haver comigo. E tudo bem se ele não quisesse falar... Eu descobriria tudo quando estivéssemos transformados e conectados.

- E então, vamos juntos?

Juntos, pra onde? Acho que não havia ouvido suas ultimas palavras, pois estava totalmente perdido em pensamentos.

- Para a casa do Sam, Jake. – disse, com certo receio. – Você vem?

- Não, não. Ainda vou dar umas voltas pela redondeza e depois vou visitar Bella.

Estranhamente, Embry sorriu ao ouvir o nome dela. Em geral, ele ficava me dando conselhos sobre como eu deveria me afastar da garota e o quanto era errado ficar interferindo em sua vida. E agora, ele estava praticamente me incentivando a ir vê-la com expressões faciais.

- Beleza então, já estou indo. – ele começou a correr. – Tchau!

- Até logo.

Vi Embry desaparecer e então, entrei na estrada. Eu não menti quando disse que ia ver Bella, mas agora eu tinha mudado de idéia, depois de ouvir Jessica cantando como uma louca dentro de casa. Achei engraçado. O coração dela estava batendo rápido e de acordo com os baques ritmados de seus pés, ela devia estar dançando em algum cômodo da casa. Sorri ainda mais abertamente quando a vi na janela, pulando de um lado para o outro, segurando uma escova de cabelo como um microfone. Aquela mulher era louca.

Dei um passo a frente ao mesmo tempo em que ela olhou para baixo. Para onde eu estava. Seus olhos se arregalaram e sua primeira reação foi a de arrumar os cabelos. Depois ela ficou vermelha e se envergonhou a ponto de correr. Percebi que na verdade, ela estava vindo até mim, quando de repente, abriu a porta de sua casa.

E então ela gargalhou enquanto escondia o rosto com as mãos. Hilária era uma palavra que a definia bem.

- O que você estava fazendo aí? Não diga que viu todo o meu show!

- Estava incrível. Vi tudo de camarote. – dei uma piscadela. – E afinal, você canta bem.

- Ah, Jacob! Que constrangedor.

Sua risada saiu abafada por causa das mãos agora na boca. Atitude que só me impeliu a chegar mais perto.

- Por acaso achou que ia conseguir esconder esse seu talento por muito tempo?

- Que talento? – ela abanou o ar. – Eu só estava brincando, sabe?

- É sério? – arqueei as sobrancelhas. – Mas você canta tão bem que...

- Achou que eu fosse profissional? – ela colocou as mãos no joelho, se inclinou e riu como se eu tivesse contado a melhor piada do ano. – Você é a primeira pessoa que chama esses sons agudos que eu faço com a boca de cantar.

- Corta essa. Eu não estou ficando louco, sei o que ouvi... E era muito bom.

Fiquei um pouco surpreso quando ela deu de ombros e pegou em minha mão. Estava prestes a perguntar por que, quando Jessica me empurrou para dentro de sua casa e me jogou no sofá.

- Quer beber alguma coisa?

- Não, obrigada.

Encaramo-nos por alguns segundos antes que ela começasse a falar novamente.

- Então... O que você estava fazendo por aqui?

- Dando uma volta. – ela comprimiu os olhos, sem realmente acreditar em mim. – Nós gostamos de andar pela floresta.

- Verdade? Os Quileute? E não é perigoso?

- Ah, não. A maioria conhece o território melhor que qualquer outro lugar. É como se fosse nossa segunda casa.

- Uau. Isso é diferente. – Jessica balançou os ombros. – Mas também vou ter que me acostumar... Fará parte do meu trabalho.

- Como assim?

- Eu faço geologia. Tenho que mexer com terra, areia, rochas e afins. Tem muito disso por aqui, e a floresta é praticamente na porta de minha casa.

- Não, você não pode entrar lá sozinha.

A realidade tomou conta de mim bem depressa. Ela morava entre a fronteira de Lapush com Forks. Se por acaso se embrenhasse na mata pelo lado deles, se algum vampiro aparecesse e... Bem, não acho impossível. Ainda mais com o cheiro que ela tem.

- E porque não? Segundo você mesmo, os meninos não saem de lá um minuto sequer.

- É diferente. – me curvei para frente, tentando fazê-la entender. – Conhecemos o perímetro que você desconhece. Fomos treinados, lutamos contra animais. Estrangeiros não fazem nada disso, Jessica.

- Bem, se não posso ir sozinha... Você bem que poderia me acompanhar.

E a chance de encontrarmos um sanguessuga e eu me transformar na frente dela? Fora os perigos e todas as outras coisas com que teria que me preocupar. Se já não estava preocupado. Porque diabos ela tinha que morar numa casa tão distante?

- É melhor não.

- Por quê?

Deus, quantas perguntas.

- Você é muito curiosa.

- Não, não sou. Mas estou MUITO curiosa nesse exato momento. Estou sentindo que está me escondendo algo.

- O que? – fui pego de surpresa. – Escondendo? E o que eu esconderia?

- Sei lá. – ela olhou para os lados e depois me analisou com calma. – Você não é nenhum psicopata, né?

Levei a cabeça para trás e gargalhei ruidosamente assim que ouvi tais palavras. De todas as coisas sobrenaturais ou ruins que poderia ser, jamais ninguém havia pensado nessa possibilidade. Digo, de parecer – aos olhos de outras pessoas – um maníaco.

- Porque pensou isso? – Lhe perguntei, entre risos.

- Bem... Você ficou todo na defensiva quando falei sobre a floresta e ainda mais estranho quando te chamei pra ir comigo. - Se eu fosse mesmo um psicopata, ia adorar a idéia de ficar sozinho em um lugar com você, não é mesmo? – rolei os olhos, enquanto ela comprimia os dela.

- Faz sentido. – a garota se levantou do sofá e começou a andar de um lado para o outro impacientemente. – Mas ainda sei que tem algo aí. – enrijeci automaticamente. – Vocês vivem andando pela floresta, mas não querem que eu ande por lá. O problema é com estrangeiros ou... Comigo?

- O problema é o perigo, .

- Mas te pedi pra ir comigo! – ela contra argumentou. – Eu estaria em segurança, certo?

- Acontece que eu sou ocupado.

- Ocupado? E com o que? – ela riu. – Com as árvores da floresta?

Eu podia ter ficado bravo, mas encontrei um tom de fúria na voz dela que me fez rir. Rir bastante, pra falar a verdade. Engraçado como ela cruzou os braços e fez biquinho como uma criança.

- Eu tenho que ir. – suspirei, depois da crise de riso. – Nos vemos depois, .

- . – ela concertou. – Estou te esperando aqui às oito horas de amanhã.

Estanquei pouco antes de abrir a porta e me virei automaticamente para fita-la de sobrancelhas arqueadas. Achei – cedo demais – que ela tinha deixado esta história de floresta para trás.

- Eu disse que não vamos.

- E eu estou dizendo que vamos. – ela me empurrou porta afora. – Ou você pode ficar em casa. Embry também deve ser um ótimo guia.

Arregalei os olhos e ela sorriu.

- Até mais Jacob.

E bateu a porta na minha cara. Simples assim.

Com que tipo de garota eu estava me metendo?

Capítulo sete

POV.

Jacob era lindo. Com aquele jeito antipático, rude e certinho que me dava nos nervos, mas ainda assim, um galã da novela das nove. Que não me dava mole de jeito nenhum, afinal de contas. Ao contrário de Embry, cujo bom comportamento e docilidade excessiva só podia significar uma coisa: Interesse.

Eu bem que gostava do jeito dos dois. Tratavam-me de maneiras diferentes, me olhavam de forma diferente, eram totalmente distintos... Apesar de tão parecidos fisicamente. E então me peguei pensando em quem me atraia mais. O cara difícil ou o amável? O marrento ou o alegre? O misterioso ou o sincero? Ugh!

Decidi parar de pensar em tolices quando tinha tantos afazeres. Peguei uma toalha e fui para o banheiro, porque antes de tudo, tinha que dar uma geral na minha situação. Olhei-me no espelho e mal pude acreditar que tinha deixado DOIS garotos colocarem os olhos em mim naquela situação.

Fiquei vinte minutos no banho, pensando em todas as situações ocorridas desde o momento em que cheguei. Em como tinha realizado tantos sonhos em um espaço tão pequeno de tempo. Cheguei à cidade que sempre viveu em meus sonhos, vi uma praia de Lapush, conheci Quileutes. E não só isso. Dei-me conta – embora não tenha comentado – de algumas peculiaridades sobre eles. Eram quentes (no sentido literal) e tinham uma ligação direta com a floresta. Eu já esperava isso, mas Jacob dizer que era como se fosse sua segunda casa... Foi estranho e pareceu ter um significado muito mais amplo.

Desliguei o chuveiro, atônita com tantas observações. Será que eles celebravam algum rito na floresta ou algo parecido? Bem, se eu quisesse realmente saber, teria que perguntar. E algo me dizia que apenas um deles poderia responder.

Vesti uma roupa qualquer, decidida a resolver todas as perguntas em minha mente, mas apenas depois que resolvesse questões mais urgentes, como fazer compras, por exemplo. A geladeira estava vazia e não seria nada legal se continuasse assim. Coloquei uma saia jeans e um suéter, por baixo de um sobretudo mais grosso. Apesar do clima estar agradável, a cidade parecia ser chuvosa todo o tempo, então entrei no carro rapidamente e dirigi rumo a Port Angeles. Se eu fosse rápida, conseguiria voltar antes das 22:00. Nunca fui exatamente uma piloto de corrida, mas amava velocidade.

Cheguei ao centro cerca de uma hora e meia depois, contente com o fato de que poderia enrolar pela cidade mais um pouco, afinal, havia sido ainda mais rápida do que o previsto. Fui primeiro ao mercado e comprei todas as besteiras que esperava comer pelo resto do mês. As coisas saudáveis ficariam para depois. Guardei tudo rapidamente no porta-malas e virei o rosto rapidamente quando ouvi um barulho do outro lado da rua. Minha atenção acabou retida pelo letreiro de uma biblioteca que parecia antiga. Minha curiosidade se atiçou. Talvez houvesse algo sobre o povo Quileute lá.

Entrei no ambiente e uma velinha sorriu, assim que me viu passar. Devolvi o aceno de mão com outro sorriso, quando de repente, um vento forte passou pela porta e ergueu meus cabelos longos quase até a altura do meu queixo. Estranho foi a palavra que mais caiu bem naquele momento, em especial porque os olhos daquela senhora brilharam expressivamente quando aconteceu.

- O que procura, minha jovem?- a voz dela era doce e quase monótona, de tão paciente.

- Bom, não sei se vai ter algo do tipo aqui, mas não me custou atravessar a rua para verificar. Por acaso, teria algum livro sobre a população indígena Quileute?

- Muito provavelmente. – ela sorriu afavelmente. – Segunda estante à direita, quarto livro.

Meus olhos se arregalaram e me perguntei internamente como diabos ela saberia a ordem dos livros, ou se só conhecia o daquele, em particular. De qualquer forma, não sei se fiquei impressionada ou com medo. Talvez os dois. Comecei a caminhar e me vi no meio de estantes antigas recheadas de livros velhos e empoeirados. Meus olhos recaíram sobre um, com capa de couro. Era o livro que a senhora havia indicado, o livro sobre os Quileutes.

Assoprei a poeira sobre a capa e o abri. A primeira página não tinha o nome do autor e nem sequer agradecimentos. Bem... Parecia ser um livro realmente antigo.

- Vejo que conseguiu encontrar. – me sobressaltei com a voz pacata da senhora que cuida da biblioteca. – Consegue ler o que está escrito aí?

Na segunda página amarelada do livro, o titulo era grande e estava em negrito: QUILEUTES. Mas era só o que eu poderia entender, já que todo o resto estava numa espécie de língua nativa. Fiquei um pouco frustrada a principio, pois eu realmente gostaria de descobrir mais sobre a história daquele povo vermelho. Eles realmente me instigaram como fizeram com minha mãe. O que será que havia de tão misterioso, exótico e mágico neles? No modo como andavam e falavam?

Droga. Estou obcecada.

- Não é possível ler... Não está em inglês.

Ao invés de assentir com pena, ela sorriu largamente, mostrando pequenas rugas no canto dos olhos pretos.

- É claro que não... Este livro foi escrito a mão por um dos anciões mais antigos da tribo. Mas acho que posso te ajudar. – uma sobra de esperança cruzou meu rosto. – Venha trabalhar para mim duas vezes por semana e além de um pequeno salário, posso traduzir este livro pouco a pouco. Eu conheço a língua deles.

- Trabalhar para você? – repeti, em choque.

- É que eu estou muito velha querida, e essas prateleiras já estão empoeiradas a um bom tempo, precisando de uma mão mais jovem para limpá-las – ela deu de ombros e riu afetadamente. – Mas se não puder, eu entenderei.

Ah, como eu poderia dizer não? Ela parecia ter 120 anos!

- Na verdade, eu posso... Mas com uma condição.

- E qual é? – suas rugas voltaram a aparecer, depois de um sorriso esplendoroso.

- Quero também que a senhora me ensine o dialeto.

- Quileute?

- É! – senti meu corpo vibrar de expectativa.

- Bom... Seria um prazer minha cara jovem, um enorme prazer.

N/A: Olá meninas! Gostaram? Bem... Essa atualização ENORME é um pedido de desculpas pelos oito meses sem atualizar. Quem é vivo sempre aparece, não é? Kkkk Pois é, estou de volta com essa fic que eu adoro. Às vezes eu tenho esses surtos de inspiração que dão em três capítulos inteiros, então tomara que vocês me ajudem a continuar com essa criatividade toda... Basta que comentem! Beijones:**

5 comentários:

  1. post. por Lucynda

    não tnha visto essa fic aqui ainda, mas eu estava tão entediada em casa sofrendo de uma gripe orrivel e uando abri o tfi, descobri que a att desta semana não me favorecia pois não leio nenhuma das fics att. então fui na tag e vi o seu recado e resovi ler pois gosto de 2 outras fics sus e aacheique seria interessante e quer saber? vc não me decepcionou, eu adorei e li todos os caps.
    espero que não a abndone de novo e poste ela com mais frequencia.
    obs. Estou com saudades de metamorfose
    bjs. e até a proxima

    ResponderExcluir
  2. Post.por Lucynda
    Perdão pelos erros, meu teclado não está me favorecendo.

    ResponderExcluir
  3. Uhuuuuu!! Que saudade estava dessa fic, ainda bem que vc teve um surto de inspiração para ela.
    Omg, Jake e Embry estão mais que interessados na forasteira. rsrsrs
    Se bem que Jake ainda está obscessivo pela songa, affs. ¬¬
    E a PP é bastante curiosa, acho que logo, logo ela descobrirá mais sobre os quileutes, graças ao livro e a senhora misteriosa. Hum, não sei porque, mas essa senhora não ofereceu o emprego só por causa da idade. Não mesmo. u.u Tem coisa grande aí, se tem...
    Adorandoooooooo demais, Jess!!! E já estou louquinha pelo próximo!
    Bjksssss!!!!

    ResponderExcluir
  4. Eii amri sua fic mais entao vc abandonou ela? Pq tipo assim jafaz tempo q vc n atualiza e eu estou louca pra ler mais

    ResponderExcluir